Prévia do material em texto
Ciências Sociais Unidade I – Introdução ao Pensamento Científico sobre o Social 1. Introdução ao Pensamento Científico sobre o Social Antes do surgimento das Ciências Sociais, as explicações sobre a vida em sociedade eram baseadas em crenças religiosas, valores morais e interpretações filosóficas. A ordem social era vista como algo natural ou determinado por forças divinas. Com o avanço das ciências naturais e as transformações provocadas pela Revolução Industrial e pela Revolução Francesa, surgiu a necessidade de compreender a sociedade de forma racional, objetiva e científica. As Ciências Sociais nasceram, portanto, como resposta às grandes mudanças do século XIX: urbanização, industrialização, consolidação do capitalismo e novas formas de desigualdade social. A Sociologia, criada por Auguste Comte, tem como objetivo entender as leis que regem a sociedade, explicando como ela se organiza, se mantém e se transforma. Diferente das explicações religiosas ou filosóficas, a Sociologia busca observar, analisar e compreender os fenômenos sociais de maneira sistemática, utilizando métodos científicos e teóricos. 2. Principais Contribuições do Pensamento Sociológico Clássico O pensamento sociológico clássico se desenvolveu entre os séculos XIX e início do XX. Os fundadores da Sociologia – Auguste Comte, Émile Durkheim, Karl Marx e Max Weber – buscaram compreender as transformações sociais decorrentes da modernidade, cada um com um enfoque diferente. • Comte valorizou a ordem e o método científico, acreditando que a sociedade poderia ser estudada com base em leis universais. • Durkheim estudou a coesão e a moral coletiva, investigando como a sociedade se mantém unida apesar das diferenças individuais. • Marx analisou as relações econômicas e a luta de classes como motores das transformações históricas e da desigualdade. • Weber enfatizou o sentido subjetivo das ações humanas e o papel das ideias e valores na estrutura social. Esses autores constituem o núcleo do pensamento sociológico clássico e influenciam até hoje as Ciências Humanas, incluindo a Psicologia Social. 3. Comte e Durkheim 3.1 Auguste Comte – O Positivismo e o Nascimento da Sociologia Auguste Comte é considerado o “pai da Sociologia”. Foi o primeiro a propor o estudo da sociedade por meio do método científico, criando a filosofia do Positivismo. Seu objetivo era compreender as leis que regem os fenômenos sociais e utilizar esse conhecimento para promover a ordem e o progresso social. Principais ideias: 1. A Lei dos Três Estados: Comte acreditava que a humanidade evolui em três estágios do conhecimento: o Estado Teológico: explicações baseadas na religião e em forças sobrenaturais. o Estado Metafísico: explicações filosóficas e abstratas, baseadas em ideias e essências. o Estado Positivo (ou Científico): explicações baseadas na observação, na razão e na verificação empírica. 2. Ordem e Progresso: A sociedade deve buscar a harmonia entre a estabilidade (ordem) e o desenvolvimento (progresso). A ciência seria o instrumento capaz de guiar esse processo. 3. O Método Científico aplicado à sociedade: Comte via a sociedade como um organismo, no qual cada parte tem uma função. Assim como as ciências naturais estudam a natureza, a Sociologia deveria estudar os fenômenos sociais de maneira objetiva, visando prever e controlar o comportamento coletivo. O lema “Ordem e Progresso”, presente na bandeira do Brasil, é uma síntese da filosofia positivista de Comte. 3.2 Émile Durkheim – O Método Científico da Sociologia Émile Durkheim consolidou a Sociologia como uma ciência autônoma, com objeto e método próprios. Para ele, a sociedade possui uma realidade própria, distinta da soma dos indivíduos. Seu principal objetivo foi compreender o que mantém a coesão e a ordem social. Principais conceitos: 1. Fato Social: São modos de agir, pensar e sentir exteriores ao indivíduo, dotados de poder coercitivo (pressão social) e que se impõem a ele. Exemplo: leis, moral, religião, costumes e língua. Durkheim defendia que os fatos sociais devem ser tratados como “coisas”, isto é, observados de forma objetiva e científica. 2. Consciência Coletiva: Conjunto de crenças, valores e normas comuns a um grupo ou sociedade, que formam a base moral da vida social e moldam o comportamento dos indivíduos. 3. Solidariedade Social: Mecanismo que mantém a coesão entre os membros de uma sociedade. Durkheim distinguiu dois tipos: o Solidariedade Mecânica: típica de sociedades tradicionais, nas quais os indivíduos são semelhantes e a coesão é baseada na semelhança e na tradição. o Solidariedade Orgânica: típica de sociedades modernas, caracterizadas pela divisão do trabalho e pela interdependência entre as pessoas. 4. O Estudo do Suicídio: Durkheim demonstrou que o suicídio, embora pareça uma escolha individual, é influenciado por fatores sociais. Ele classificou quatro tipos de suicídio: egoísta, altruísta, anômico e fatalista, mostrando que a integração social e o controle social influenciam diretamente o comportamento humano. Durkheim defendeu que a sociedade é uma força moral que molda os indivíduos e que a coesão social é essencial para a estabilidade coletiva. 4. Marx e Weber 4.1 Karl Marx – Materialismo Histórico e Dialético, Classes, Ideologia e Alienação Karl Marx analisou a sociedade a partir das condições materiais de existência, especialmente das relações econômicas. Para ele, a história da humanidade é a história da luta entre classes sociais com interesses opostos. Principais conceitos: 1. Materialismo Histórico: A estrutura econômica (modo de produção) determina a organização política, jurídica e ideológica da sociedade. Essa estrutura, chamada de infraestrutura, sustenta a superestrutura (instituições, valores e ideologias). 2. Dialética: Inspirado em Hegel, Marx utilizou a dialética para explicar a transformação social. A história é movida pela contradição entre forças opostas – por exemplo, entre burguesia e proletariado – e o conflito entre essas forças gera mudança. 3. Classes Sociais e Luta de Classes: Na sociedade capitalista, há uma divisão entre: o Burguesia: proprietária dos meios de produção. o Proletariado: trabalhadores que vendem sua força de trabalho. A luta entre essas classes é o motor da história e explica as desigualdades sociais. 4. Ideologia: Conjunto de ideias que distorcem a realidade e legitimam o poder da classe dominante, fazendo parecer natural a exploração e a desigualdade. 5. Alienação: No capitalismo, o trabalhador é alienado porque perde o controle sobre o processo e o produto de seu trabalho. Ele se torna estranho ao que produz, à sua própria essência e aos outros indivíduos. Para Marx, a transformação social só seria possível por meio da superação do capitalismo e da construção de uma sociedade sem classes, baseada na propriedade coletiva dos meios de produção. 4.2 Max Weber – Ação Social, Ética Protestante e Burocracia Max Weber desenvolveu uma sociologia compreensiva, voltada para entender o sentido que os indivíduos atribuem às suas ações no contexto social. Diferente de Durkheim e Marx, Weber não buscava leis gerais, mas compreender o significado subjetivo das ações humanas. Principais conceitos: 1. Ação Social: Toda ação dotada de sentido, orientada em relação ao comportamento dos outros. Weber identificou quatro tipos ideais de ação: o Racional com relação a fins: baseada em cálculos e objetivos (agir para alcançar resultados). o Racional com relação a valores: guiada por convicções éticas, religiosas ou morais. o Afetiva: motivada por emoções e sentimentos. o Tradicional: determinada por hábitos e costumes. 2. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo: Weber investigou a relação entre religião e economia, demonstrando que certosvalores do protestantismo (como disciplina, trabalho árduo e racionalidade) contribuíram para o desenvolvimento do capitalismo moderno. Assim, mostrou que as ideias e valores culturais também influenciam a estrutura econômica. 3. Teoria da Burocracia: A burocracia é o tipo ideal de organização racional, caracterizada por regras formais, hierarquia, divisão de funções e impessoalidade. Para Weber, a burocratização é uma consequência do processo de racionalização da modernidade. Embora garanta eficiência e previsibilidade, também pode gerar desumanização e excesso de rigidez, o que ele chamou de “jaula de ferro”. Weber defendeu que compreender a sociedade exige interpretar os sentidos subjetivos das ações humanas, considerando os valores, crenças e contextos históricos que as orientam. Quadro Comparativo dos Autores Clássicos Autor Foco Principal Conceitos-Chave Visão da Sociedade Auguste Comte Ordem e progresso; método científico Positivismo, lei dos três estados, ordem e progresso A sociedade deve ser estudada cientificamente, como um organismo regido por leis naturais. Émile Durkheim Coesão e estabilidade social Fato social, consciência coletiva, solidariedade mecânica e orgânica A sociedade é uma realidade objetiva e coercitiva que molda os indivíduos. Karl Marx Conflito e desigualdade de classes Materialismo histórico, dialética, luta de classes, ideologia, alienação As relações econômicas determinam a estrutura social; a história é movida pela luta de classes. Max Weber Sentido da ação e racionalização Ação social, ética protestante, racionalização, burocracia As ações sociais são guiadas por significados e valores; a cultura e as ideias influenciam a economia e a política. UNIDADE II — A GLOBALIZAÇÃO E SUAS CONSEQUÊNCIAS 5. A Globalização e Suas Consequências A globalização é um processo histórico complexo de integração mundial que envolve dimensões econômicas, políticas, culturais e tecnológicas. Ela resulta da expansão capitalista iniciada nos séculos XV e XVI, com as grandes navegações e o colonialismo, mas se intensifica de modo inédito a partir do final do século XX, com o avanço da tecnologia, da comunicação e dos transportes. Esse fenômeno gerou a interdependência entre as sociedades — o que ocorre em um país pode impactar diretamente outro. Entretanto, essa interdependência é assimétrica: os países desenvolvidos mantêm uma posição dominante, enquanto os periféricos continuam dependentes, reproduzindo desigualdades globais. Do ponto de vista econômico, a globalização é marcada pela expansão das empresas multinacionais e pela consolidação de um mercado mundial financeirizado, em que o capital circula com enorme rapidez. A lógica do neoliberalismo — com foco na livre iniciativa, privatizações e redução do papel do Estado — orienta esse modelo, mas produz concentração de renda e precarização social. Na esfera cultural, ocorre um processo ambíguo: há o fortalecimento da interconexão cultural, mas também o risco da homogeneização, ou seja, a imposição de padrões culturais dominantes (geralmente ocidentais e consumistas). A cultura global se espalha por meio da mídia, do cinema, das redes sociais e da publicidade, criando o que alguns autores chamam de “aldeia global” (termo de Marshall McLuhan). Politicamente, a globalização modifica a soberania dos Estados, que passam a depender de organismos internacionais como ONU, FMI e Banco Mundial. Isso reduz a autonomia política das nações, sobretudo das mais pobres, e cria uma nova forma de colonialismo econômico e político. 5.1 Modelos Contemporâneos de Explicação Sociológica sobre a Globalização As teorias sociológicas oferecem diferentes interpretações sobre os efeitos e as origens da globalização. 1. Perspectiva Liberal Defende que a globalização é um processo inevitável e benéfico, resultado do progresso tecnológico e da integração econômica. Para os liberais, a abertura dos mercados promove desenvolvimento, inovação e crescimento global. Essa visão, porém, ignora as desigualdades estruturais e a concentração de poder nas mãos de poucos países e corporações. 2. Perspectiva Marxista (Crítica) Baseada no pensamento de Karl Marx, essa corrente vê a globalização como uma fase avançada do capitalismo. O sistema global seria uma forma de expansão da exploração, em que o capital busca novos mercados e mão de obra barata. Autores como Immanuel Wallerstein (teoria do sistema-mundo) e David Harvey (acumulação por espoliação) argumentam que a globalização amplia as diferenças entre centro e periferia, reforçando o domínio econômico e cultural dos países centrais. 3. Perspectiva Culturalista Analisa os impactos simbólicos e identitários da globalização. Autores como Roland Robertson introduzem o conceito de glocalização — a combinação entre o global e o local. Assim, as culturas locais reinterpretam elementos globais, criando novas formas culturais híbridas. Por outro lado, pensadores como Zygmunt Bauman alertam para o caráter “líquido” da globalização, em que os vínculos humanos se tornam frágeis, o consumo se torna central e as identidades tornam-se voláteis. 5.2 Teorias da Globalização • Anthony Giddens: define a globalização como a intensificação das relações sociais em escala mundial. Ele destaca que vivemos um mundo onde o “distante” e o “próximo” se misturam, criando o que chama de “desencaixe” — situações que rompem com os contextos locais, como o trabalho remoto ou o consumo digital. • Ulrich Beck: desenvolve a noção de “sociedade de risco”, em que os perigos (ambientais, tecnológicos, econômicos) se tornam globais. As catástrofes, antes locais, hoje atingem toda a humanidade, exigindo respostas coletivas. • Immanuel Wallerstein: propõe a teoria do sistema-mundo, que divide os países em centrais, semiperiféricos e periféricos. Essa estrutura mantém uma hierarquia global em que o centro explora a periferia, através do controle tecnológico e financeiro. • Zygmunt Bauman: descreve a globalização como uma “modernidade líquida”, na qual as relações sociais, os empregos e as identidades tornaram-se instáveis e descartáveis. • Roland Robertson: fala em glocalização, destacando que o global não destrói o local, mas o transforma — e vice-versa. 6. O Mundo Global A globalização reconfigurou o mapa do poder mundial. Se por um lado promoveu integração e circulação de informações, por outro acentuou desigualdades entre países e dentro deles. O acesso desigual a recursos, tecnologias e direitos cria uma nova divisão global: de um lado, os incluídos — com acesso à economia digital e educação —, e de outro, os excluídos, que vivem na marginalidade social. 6.1 Pobreza e Exclusão A pobreza deixou de ser vista apenas como falta de renda e passou a ser entendida como um fenômeno multidimensional, que envolve ausência de oportunidades, discriminação, baixa escolaridade e exclusão política. A exclusão social ocorre quando determinados grupos são impedidos de participar plenamente da sociedade. Ela pode se manifestar pela discriminação de classe, raça, gênero ou território. A sociologia entende que essa exclusão é resultado de estruturas históricas de desigualdade, reforçadas pela globalização neoliberal. A globalização intensifica essa exclusão ao gerar uma economia que concentra riqueza e precariza o trabalho. Segundo Pierre Bourdieu, essa lógica produz o “precariado”: um grupo social caracterizado pela insegurança e pela instabilidade econômica. 6.2 O Brasil na Nova Ordem Internacional O Brasil ocupa uma posição semiperiférica na hierarquia global. Apesar de ter um grande território e um mercado interno expressivo, o país enfrenta dependência tecnológica, desigualdade social e fragilidade institucional.Nas últimas décadas, o Brasil se integrou fortemente ao mercado global, exportando commodities (como soja, minério e carne), mas sem desenvolver plenamente sua indústria tecnológica. Isso o torna vulnerável às oscilações do mercado internacional e aos interesses das potências centrais. Politicamente, o Brasil participa de blocos como o Mercosul e de alianças estratégicas como os BRICS, buscando maior autonomia internacional. No entanto, internamente, ainda enfrenta desafios sociais profundos, como pobreza, racismo estrutural e desigualdade educacional — heranças diretas do processo de colonização e da dependência econômica. 7. Sociedade e Trabalho O trabalho é central para a vida social. Ele define identidades, estrutura classes e é base das relações econômicas. No entanto, com a globalização, o mundo do trabalho mudou radicalmente. A Revolução Tecnológica e Digital substituiu a mão de obra humana por máquinas e softwares, gerando o que chamamos de desemprego estrutural — aquele que não decorre de crises passageiras, mas de transformações permanentes nos modos de produção. 7.1 Transformações no Mundo do Trabalho: a Precarização A partir da década de 1980, com a ascensão do neoliberalismo, as políticas de flexibilização e terceirização foram apresentadas como formas de aumentar a eficiência. Porém, na prática, isso levou à precarização do trabalho — diminuição dos direitos trabalhistas, aumento da informalidade e da instabilidade. O sociólogo Ricardo Antunes (em “Adeus ao Trabalho?”) analisa que essa transformação criou o “trabalhador descartável”, marcado pela perda de vínculos e pela constante ameaça de desemprego. O trabalho deixou de ser fonte de segurança e passou a ser uma forma de sobrevivência sob risco constante. Isso gera efeitos psicológicos significativos: ansiedade, esgotamento e sentimento de desvalorização — aspectos muito estudados também pela Psicologia do Trabalho. 7.2 Desemprego Estrutural, Trabalho Infantil, Trabalho Forçado e Informalidade • Desemprego estrutural: resulta do avanço tecnológico e da automação. Mesmo em períodos de crescimento econômico, há trabalhadores substituídos por máquinas. • Trabalho infantil: ainda é recorrente em contextos de pobreza extrema. Além de violar direitos, impede o desenvolvimento cognitivo e emocional da criança. • Trabalho forçado: é uma forma moderna de escravidão, comum em atividades rurais ou na exploração sexual. Viola frontalmente os direitos humanos. • Informalidade: caracteriza trabalhadores sem registro, direitos ou garantias. A economia informal é grande em países como o Brasil, mas reforça a insegurança e a exclusão social. 8. Sociologia e Política A Sociologia Política analisa como o poder é distribuído na sociedade e como as instituições moldam a vida coletiva. O estudo das relações entre Estado, mercado e sociedade civil é fundamental para compreender as tensões do mundo contemporâneo. 8.1 Democracia e Direitos Humanos A democracia é um sistema de governo baseado na participação popular, na liberdade e na igualdade jurídica. Entretanto, as democracias modernas enfrentam crises de representatividade, manipulação midiática e desigualdade social — o que compromete a verdadeira participação cidadã. Os direitos humanos, consolidados após a Segunda Guerra Mundial (Declaração Universal de 1948), garantem princípios universais de dignidade, liberdade e justiça. Contudo, na prática, sua efetivação é desigual, especialmente em países periféricos. A globalização ampliou a visibilidade das lutas por direitos (como o feminismo e o movimento negro), mas também trouxe novos desafios, como o autoritarismo digital, a desinformação e o ódio político nas redes. 8.2 Cidadania e Direitos Humanos A cidadania é a condição que permite ao indivíduo participar plenamente da vida política, social e econômica de seu país. Segundo T. H. Marshall, ela se compõe de três dimensões: 1. Direitos civis: liberdade individual e segurança; 2. Direitos políticos: participação no poder político; 3. Direitos sociais: acesso à educação, saúde, trabalho e bem-estar. No contexto global, fala-se hoje em “cidadania global” — a ideia de que todos os seres humanos devem ter direitos garantidos independentemente de fronteiras. Porém, as desigualdades estruturais e a xenofobia limitam essa universalidade. A luta por direitos humanos continua sendo essencial para a construção de uma sociedade mais justa e democrática.