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Dispneia, Dor Torácica e Edema Problema 5 - “Será que a pílula azulzinha vai me matar?” 1. Caracterizar as SCA sem supra (angina instável, IAM sem supra) e com supra ST (IAM com supra) e diferenciar da Angina estável. 📌 Síndromes Coronarianas Agudas sem supra de ST (SCA sem supra) 🔹 1. Conceito As Síndromes Coronarianas Agudas sem supra de ST incluem: • Angina instável (AI) → isquemia sem necrose. • IAM sem supra (IAMSSST) → isquemia com necrose subendocárdica. 👉 Em ambos, a artéria coronária sofre obstrução parcial por trombo, mantendo fluxo residual. 👉 Diferem do IAM com supra de ST, no qual a obstrução é total e a necrose transmural. 👉 Angina instável = dor em repouso ou mais intensa/prolongada, com isquemia sem necrose (troponina normal). É uma SCA sem supra de ST e precisa de tratamento imediato com antiagregante + anticoagulação + estratificação de risco. 👉 IAM sem supra = obstrução coronária parcial que gera necrose subendocárdica. ECG sem supra de ST, mas troponina elevada. Tratamento = antiagregante, anticoagulação e cateterismo precoce. 🔹 2. Fisiopatologia 1. Placa aterosclerótica instável → ruptura/erosão. 2. Formação de trombo plaquetário (não totalmente oclusivo). 3. Redução do fluxo sanguíneo coronariano. 4. → Isquemia miocárdica: • Sem necrose → Angina instável. • Com necrose subendocárdica → IAM sem supra. 🔹 3. Epidemiologia e Fatores de Risco • Muito prevalente em pacientes > 60 anos. • Mais frequente que o IAM com supra. • Fatores de risco: o Hipertensão arterial. o Diabetes mellitus. o Dislipidemia. o Tabagismo. 📌 Angina Instável (AI) 🔹 Definição Caracterizada por isquemia miocárdica sem necrose. 👉 Ou seja: há ruptura de placa aterosclerótica + formação de trombo parcial, mas sem elevação de troponina. 🔹 Fisiopatologia • Placa aterosclerótica instável → ruptura/erosão. • Formação de trombo não oclusivo. • Redução do fluxo coronariano → isquemia reversível. • Não ocorre necrose significativa do miocárdio. 📌 Infarto Agudo do Miocárdio sem Supra de ST (IAMSSST) 🔹 Definição Ocorre isquemia + necrose miocárdica subendocárdica. 👉 Difere da angina instável, pois aqui a troponina está elevada (há necrose). 🔹 Fisiopatologia • Ruptura ou erosão de placa aterosclerótica. • Formação de trombo não oclusivo (parcial) ou embolização distal. • Obstrução não total → necrose limitada à região subendocárdica. • Não há supra de ST no ECG porque a necrose não é transmural. o História familiar de DAC precoce. o Sedentarismo, obesidade. 🔹 4. Quadro Clínico • Dor torácica típica (anginosa): o Aperto/pressão retroesternal. o Irradiação para braço, mandíbula ou dorso. o Associada a dispneia, náusea, sudorese. • Na Angina Instável: dor em repouso, mais prolongada ou mais intensa, mas sem necrose. • No IAM sem supra: dor semelhante, mas com necrose. 🔹 5. Diagnóstico a) ECG • Alterações isquêmicas, mas sem supra persistente de ST. • Pode mostrar: o Infra de ST. o Inversão de onda T. o Ou até ser normal. b) Biomarcadores cardíacos (troponina, CK- MB) • Angina instável: normais. • IAM sem supra: elevados. c) Exames complementares • Ecocardiograma: pode mostrar alterações segmentares discretas. • Coronariografia: identifica local e grau da obstrução. 🔹 6. Diferença entre Angina Instável e IAM sem Supra Característica Angina Instável IAM sem Supra Obstrução Trombo parcial, sem necrose Trombo parcial, com necrose Troponina Normal Elevada Necrose ❌ Não ✅ Sim ECG Normal/infra ST/T invertida Infra ST/T invertida Clínica Dor em repouso ou mais intensa/ prolongada Dor semelhante à AI, mais grave e persistente 🔹 7. Tratamento a) Medidas iniciais (ABCDE da SCA): • Monitorização, oxigênio se SatO₂ 100 mmHg). c) Estratégia invasiva: • Avaliação de risco (escores TIMI/GRACE). • Alto risco ou refratários → cateterismo precoce com angioplastia/stent. • Baixo risco → manejo clínico inicial + estratificação não invasiva. 🔹 8. Prognóstico • Angina instável: risco de progressão para IAM. • IAM sem supra: mortalidade menor que IAM com supra, mas ainda significativa. • Prognóstico depende do grau de obstrução e fatores de risco associados. 🎯 Resumindo em 1 frase: 👉 SCA sem supra de ST = obstrução parcial por trombo. • Se não há necrose (troponina normal) → Angina Instável. • Se há necrose subendocárdica (troponina ↑) → IAM sem supra. • Ambos exigem antiagregante + anticoagulação e estratificação de risco, mas não reperfusão imediata como no IAM com supra. 📌 Síndromes Coronarianas Agudas com supra de ST (IAM com supra) 🔹 1. Definição • É uma Síndrome Coronariana Aguda causada por oclusão coronariana total e sustentada, levando a necrose miocárdica transmural. • ECG: supradesnivelamento persistente do segmento ST em derivações correspondentes ao território da artéria obstruída. 🔹 2. Fisiopatologia • Ruptura ou erosão de placa aterosclerótica → trombo oclusivo. • Interrupção abrupta do fluxo sanguíneo → isquemia → necrose transmural se não houver reperfusão rápida. • Quanto mais tempo sem reperfusão, maior o dano miocárdico (“tempo é músculo”). 🔹 3. Epidemiologia • IAM é uma das principais causas de morte no mundo. • IAMCSST tem maior mortalidade precoce do que IAM sem supra. • Mais comum em homens > 50 anos, mas cresce em mulheres pós- menopausa. 🔹 4. Fatores de risco • Hipertensão arterial. • Diabetes mellitus. • Dislipidemia. • Tabagismo. • Obesidade, sedentarismo. • História familiar de DAC precoce. 🔹 5. Manifestações Clínicas • Dor torácica típica: o Em aperto, retroesternal, intensa, > 20 min. o Irradiação: braço esquerdo, mandíbula, dorso, epigástrio. o Não melhora com repouso/nitrato. • Associada a: dispneia, náusea, vômitos, palidez, sudorese fria, ansiedade, sensação de morte iminente. • Pode haver sinais de choque cardiogênico ou insuficiência cardíaca. 🔹 6. Diagnóstico • Clínico: dor típica + fatores de risco. • ECG: supra de ST ≥ 1 mm em ≥ 2 derivações contíguas (ou BRE novo). • Marcadores cardíacos (troponina, CK- MB): elevados (mas não esperar o resultado para iniciar reperfusão). • Eco: pode mostrar hipocinesia segmentar. 🔹 7. Tratamento 🚨 Emergência – reperfusão imediata • Angioplastia primária (PCI): até 90 min do contato médico (preferida). • Trombólise: se PCI não disponível ≤ 120 min. • Após reperfusão → coronariografia para definir conduta definitiva. Medicações iniciais: • AAS + inibidor de P2Y12 (clopidogrel/ticagrelor/prasugrel). • Anticoagulação (heparina). • Betabloqueador (se estável). • Estatina de alta potência. • Nitratos (se PA > 100 mmHg, sem uso de sildenafil prévio, sem infarto de VD). • O₂ se SatO₂normal. • Tratamento: clínico (AAS, estatina, betabloqueador, nitrato, controle de fatores de risco); revascularização se refratária. 📊 Comparação Rápida Característica Angina Estável IAM com Supra (SCA com supra) Mecanismo Placa fixa → estenose previsível Ruptura de placa → trombo total Dor Aos esforços, melhora repouso/nitrato Súbita, intensa, prolongada, repouso Duração Minutos > 20 min ECG Normal/alterações esforço Supra de ST territorial Troponina Normal Elevada Tratamento Controle clínico, revascularização se refratária 🚨 Reperfusão imediata (PCI/trombólise) Prognóstico Crônica, controlável Aguda, risco alto de morte 🎯 Resumindo em 1 frase 👉 Angina Estável = dor previsível ao esforço, sem necrose. • IAM com Supra = dor súbita, prolongada, em repouso, com supra de ST + necrose transmural → precisa de reperfusão imediata. 2. Estudar a abordagem inicial de dor torácica na emergência e no ambulatório. PS (emergência) — passo a passo 1. Triagem imediata (≤10 min) • Sinais Vitais, oximetria, monitor cardíaco, acesso venoso, glicemia capilar. • ECG 12 derivações já (repita se dor persiste ou mudar a clínica). • Analgesia breve (evite AINE até afastar pericardite/IAM; morfina só se dor refratária). 2. Anamnese rápida + exame focado • Início, caráter (aperto x pontada), duração (>20 min?), irradiação, fatores de alívio (repouso/nitrato), relação com respiração/posição, uso de sildenafila nas últimas 24–48 h. • Red flags: instabilidade hemodinâmica, dor súbita lancinante, síncope, dispneia acentuada. • Examinar: sopros/atrito, estertores, assimetria de pulsos/PA entre braços, MV abolido unilateral, sinais de IC. 3. Exames básicos • ECG (posterior V7–V9 se depressão V1–V3; direito V3R–V4R se inferior + hipotensão). • Troponina de alta sensibilidade (0h e 1–3h), hemograma, eletrólitos, função renal. • RX tórax (pneumotórax, mediastino alargado, congestão). 4. Classifique pelo ECG + troponina • Supra de ST territorial / equivalentes (ou BRE novo com clínica): IAM com supra. • Sem supra: o Troponina ↑ → IAM sem supra. o Troponina normal + clínica instável → Angina instável. • ECG/troponina normais, mas dor pleurítica que melhora ao inclinar → pensar em pericardite; dor reprodutível à palpação → costocondrite; dor súbita + MV abolido → pneumotórax; dor “em facada” + PA assimétrica → dissecção. 5. Conduta inicial por cenário • IAM com supra (IAMCSST) o Reperfusão imediata: ATC primária (preferida). Se indisponível em tempo adequado, trombólise (checar contraindicações e NÃO trombolisar se suspeita de dissecção). o Medicações: AAS 160–325 mg mastigável + P2Y12 (ticagrelor 180 mg ou clopidogrel 300–600 mg); heparina (HNF bolus 60– 70 U/kg ou enoxaparina 1 mg/kg SC). o Nitrato SL só se PAS > 100, sem uso de PDE5 (sildenafila/tadalafila) e sem suspeita de infarto de VD. o O₂ apenas se SatO₂ 20 min, instabilidade hemodinâmica, síncope, dispneia importante, dor súbita “em facada” com irradiação para dorso, nova alteração de ECG. Mini-checklist (colar no jaleco) • ECG ≤10 min em todo paciente com dor torácica no PS. • Troponina 0 e 1–3 h (usar algoritmo de alta sensibilidade). • Supra = sala de hemodinâmica/trombólise. • Sem supra + troponina ↑ = IAMSSST (AAS+P2Y12+heparina + estratégia invasiva). • Sem supra + troponina normal = AI (mesma linha, estratificar risco). • Pergunte PDE5 nas últimas 24–48 h antes de nitrato. • Suspeitou dissecção → NÃO trombolise/anticoagule até excluir. 3. Discutir fisiopatologia, epidemiologia, fatores de risco, diagnóstico, manifestações clínicas da DAC e SCAs. 📌 Doença Arterial Coronariana (DAC) e SCAs 🔹 1. Fisiopatologia • A DAC é causada pela aterosclerose das artérias coronárias → formação de placa aterosclerótica (lipídios, células inflamatórias, fibrose). • A evolução depende da estabilidade da placa: o Estável: placa com capa fibrosa espessa → causa estenose fixa → angina estável (isquemia previsível ao esforço). o Instável: ruptura/erosão da placa com formação de trombo → pode causar obstrução parcial ou total: § Obstrução parcial → SCA sem supra (Angina Instável / IAM sem supra). § Obstrução total → SCA com supra (IAM com supra). • Isquemia miocárdica: desequilíbrio entre oferta e consumo de O₂. • Necrose miocárdica: quando a isquemia é prolongada → liberação de troponina. 🔹 2. Epidemiologia • DAC é a principal causa de morte no mundo. • SCAs representam uma das emergências cardiovasculares mais comuns. • IAM com supra tem maior letalidade imediata. • IAM sem supra e Angina Instável são mais frequentes em idosos, diabéticos e mulheres. 🔹 3. Fatores de Risco (clássicos da aterosclerose) • Não modificáveis: idade, sexo masculino, história familiar de DAC precoce. • Modificáveis: o Hipertensão arterial. o Diabetes mellitus. o Dislipidemia (LDL alto, HDL baixo). o Tabagismo. o Obesidade, sedentarismo. o Estresse crônico. • Quanto mais fatores associados, maior o risco de SCA. 🔹 4. Diagnóstico a) Angina Estável • História típica: dor em aperto, previsível aos esforços, melhora com repouso/nitrato. • ECG em repouso normal; teste ergométrico ou exames de imagem mostram isquemia. b) Síndromes Coronarianas Agudas • ECG 12 derivações (até 10 min): o IAM com supra: supra de ST territorial. o IAM sem supra: infra de ST ou inversão de T. o Angina instável: pode ser normal ou inespecífico. • Biomarcadores (troponina): o Angina instável: normal. o IAM (sem supra ou com supra): elevados. • Exames complementares:RX de tórax, eco, coronariografia. 🔹 5. Manifestações Clínicas • Dor torácica típica (anginosa): aperto/pressão retroesternal, pode irradiar para braço, mandíbula, dorso. • IAM com supra: dor prolongada > 20 min, intensa, associada a sudorese, palidez, náusea. • IAM sem supra / Angina instável: dor em repouso, menos intensa, mas recorrente ou prolongada. • Angina estável: dor previsível, aos esforços, melhora em repouso. • Sinais associados: dispneia, palpitações, síncope, ansiedade. • Exame físico: pode ser normal ou mostrar sinais de IC (estertores, B3, crepitações). 🎯 Resumindo em 1 frase 👉 DAC = aterosclerose coronária. • Se placa é fixa → Angina estável. • Se placa rompe → SCA: Angina Instável (isquemia sem necrose), IAM sem supra (isquemia + necrose subendocárdica) ou IAM com supra (necrose transmural). • Diagnóstico: ECG + troponina + clínica. • Fatores de risco: HAS, DM, dislipidemia, tabagismo. 4. Compreender o tratamento não farmacológico, farmacológico, percutâneo e cirúrgico da DAC e SCAs. 📌 Tratamento da DAC e das SCAs 🔹 1. Tratamento não farmacológico ✅ Base da prevenção e do controle da aterosclerose: • Cessar tabagismo (maior impacto). • Controle da dieta: reduzir gordura saturada e trans, preferir dieta mediterrânea, reduzir sal e açúcar. • Exercício físico regular (150 min/semana, se paciente estável). • Controle de peso (IMC 18,5–24,9; circunferência abdominal