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Síndromes coronarianas – Dr. Ulisses Calandrin 1 Síndromes coronarianas agudas O coração é irrigado pelas artérias coronárias esquerda e direita que se originam com dois óstios na aorta ascendente e estão situadas sobre a superfície cardíaca. De modo geral, a artéria coronária direita irriga o átrio direito, o ventrículo direito, a parede posterior o ventrículo esquerdo, a porção posterior do septo interventricular, o nó sinoatrial e o nó atrioventricular. Enquanto isso, a coronária esquerda irriga a parede anterolateral do ventrículo esquerdo, parte do ventrículo direito, o átrio esquerdo e a porção anterior do septo interventricular. Assim, artéria coronária direita origina ramos um ramo atrial (que origina a artéria do nó sinoatrial), artérias do cone arterial, do nó atrioventricular, ramo marginal direito, artérias atrioventriculares posteriores e anteriores e artéria interventricular posterior (de onde emergem os ramos interventriculares septais). A coronária esquerda origina o ramo interventricular anterior ou descendente anterior (de onde saem os ramos interventriculares septais e o ramo lateral/diagonal) e o ramo circunflexo (que origina o ramo marginal esquerdo, o ramo posterior do ventrículo esquerdo e os ramos atriais). Em algumas pessoas a ACE também pode originar a interventricular posterior (33%)e o ramo do nó sinoatrial (40%). As doenças cardiovasculares são as principais responsáveis pelas mortes no Brasil (32%), sendo a terceira causa de internação e a maior causa de morbimortalidade. De modo geral, surge entre o desbalanço entre a oferta e a demanda de oxigênio, tendo como principal causa a aterosclerose, que é uma doença arterial sistêmica e crônica caracterizada por deposição de colesterol e inflamação da parede vascular arterial. Fisiopatologia: a doença aterosclerótica apresenta evolução natural desde os primeiros anos de vida com a manifestação de estrias gordurosas, sendo que se perpetua insidiosamente pelas décadas como uma placa estável. A instabilidade e ruptura dessas placas promovem um hematoma e também uma exposição da matriz extracelular, possibilitando a formação de trombos no lúmen, esses que serão responsáveis por interrupção abrupta do fluxo sanguíneo, isquemia e necrose do território adjacente. Na doença coronariana, placas estáveis obstrutivas são responsáveis pela angina estável, enquanto que as instáveis e rotas estão associadas à síndrome coronariana aguda com infarto agudo do miocárdio. A rt é ri a c o ro n á ri a e s q u e rd a Ramo descendente anterior Ramo diagonal Ramos interventriculares septais Ramos ventriculares Ramo circunflexo Ramo marginal esquerdo Ramo posterior do ventrículo esquerdo Ramos atriais A rt é ri a c o ro n á ri a d ir e it a Ramo atrial Ramo do nó sinoatrial Ramo do cone arterial Ramos atrioventriculares Posteriores Anteriores Ramo marginal direito Ramo interventricular posterior Ramos interventriculares septais Ramo do nó atrioventricular Síndromes coronarianas – Dr. Ulisses Calandrin 2 A ruptura de placas ocorre naquelas predispostas à instabilização por apresentarem estrutura com comportamento vulnerável, como capa fibrosa delgada, inflamação ativa, centro lipídico extenso, hemorragia intraplaca, placas excêntricas, placas com fissura, agregação plaquetária e presença de células inflamatórias como macrófagos e monócitos. Na isquemia miocárdica instável tem-se um quadro agudo, em que a redução do fluxo é abrupta pelo hematoma, contribuindo para isquemia mesmo em situações de baixa demanda, como o repouso. Tem-se aumento da ativação e da agregação plaquetária, além de estimulação do sistema intrínseco da coagulação, contribuindo para formação de um trombo – oclusivo ou não oclusivo. O trombo plaquetário ‘branco’ é relacionado com células inflamatórias e cursa com síndrome coronariana sem supra de ST – angina instável ou IAM sem supra de ST – por ter crescimento lento e diminuição gradativa do fluxo, enquanto que o trombo vermelho se manifesta com IAM súbito com hematoma intraplaca, obstrução quase total do vaso e supra de ST – infarto transmural. Uma isquemia ocorre pelo desequilíbrio entre a oferta e o consumo de oxigênio. Assim, como seu principal mecanismo, ela pode ocorrer em decorrência da redução do fluxo sanguíneo e da luz arterial após trombose ou espasmo sobre uma placa – isquemia de oferta ou baixo fluxo. Além disso, pode ocorrer por elevação do consumo de oxigênio, em que o fluxo coronariano não consegue se elevar para suprir a demanda por redução dos mediadores vasodilatadores – isquemia de demanda ou alto fluxo. Conforme a demanda aumenta, a perfusão passa a ficar heterogênea e tem-se alterações metabólicas, quadro que evolui para uma disfunção diastólica e depois sistólica. Por fim, pode-se observar alteração no eletrocardiograma e angina como quadro clínico conforme o estresse aumenta. Quadro clínico: dor precordial ou retroesternal de forte intensidade – sinal de Levine, que pode ser desencadeada por exercício (18%) ou mesmo em repouso (50%), durando mais de 30 minutos, com irradiação para membros superiores, mandíbula, dorso e epigástrio ou sem irradiação, classificada como em aperto, constrição, peso ou queimação. Pode ter associação com náuseas, vômitos, sudorese fria e sensação de morte iminente. O exame físico pode ser normal, mas geralmente o paciente pode estar ansioso, extremidades frias, palidez cutânea, taquicárdico, pressão arterial normal ou elevada, temperatura normal, frequência respiratória ligeiramente elevada, ausculta cardíaca com B4 por redução da complacência do VE – sangue saindo do átrio em alta pressão e batendo em uma parede ventricular mais rígida, B3 dependente da depressão da função ventricular e sopros eventuais. / Formação da placa aterosclerótica Placa estável Angina estável Placa vulnerável Angina instável IAM sem supra de ST IAM com supra de ST Síndromes coronarianas – Dr. Ulisses Calandrin 3 Diagnóstico: é feito por análise do quadro clínico com presença de sintomas anginosos ou equivalentes e alterações eletrocardiográficas – ECG deve ser feito nos primeiros dez minutos da admissão (TEMPO É MÚSCULO), além de elevação e declínio de marcadores de necrose miocárdica – que podem diferenciar uma angina instável de um IAM sem supra de ST. Uma angina instável ou um IAM sem supra apresenta placas vulneráveis que ainda não se romperam, podendo ter alterações inespecíficas da repolarização ventricular, infradesnivelamento do segmento ST, bloqueio de ramo direito e inversão de onda T. Enquanto que o IAM com supra ocorre em decorrência de ruptura e hematoma de placa, com infarto transmural. A síndrome coronariana aguda com supra de ST apresenta supradesnivelamento de ST > 1mm em duas derivações contíguas, correlacionando com a topografia do IAM. Um IAM com supra de ST também pode ser definido por um bloqueio de ramo esquerdo agudo novo ou presumivelmente novo associado a dor precordial típica. Considerando alguns sinais eletrocardiográficos específicos para predizer o tempo desde o início do infarto tem-se isquemia com presença de ondas T negativas, lesão com supradesnivelamento de ST e necrose com onda Q patológica e profunda – 1/3 do QRS. Em uma isquemia subepicárdica (A) tem-se inversão da onda T em relação à polaridade do complexo QRS, enquanto que uma subendocárdica apresenta onda T simétrica e apiculada, acompanhando a polaridade do complexo QRS (B). Para confirmação diagnóstica e estimativa de prognóstico também se realiza coleta de marcadores de necrose miocárdica – apenas em pacientes sem supra de ST no diagnóstico. Na admissão deve-se medir CKMB e troponina, coletando novamente CKMB em 6 horas e repetindo ambos os exames após 12 horas da admissão.A mioglobina atualmente se encontra em desuso. A CKMB é a melhor opção de tratamento para reinfarto. Se tem presença de supradesnivelamento de ST não se necessita de exames laboratoriais para diagnóstico de infarto, apenas para prognóstico. Um resultado aumentado de CKMB ou troponina indica a presença de um infarto do miocárdio sem supra de ST, enquanto que o resultado normal é relacionado com um quadro de angina instável. Para fechar o diagnóstico deve-se ter 1) elevação de troponinas acima do percentil 99 de normalidade do ensaio em pelo menos uma amostra nas 24 horas, com padrão de queda gradual; 2) elevação de pelo menos duas amostras de CKMB com intervalo mínimo de quatro horas, com curva típica de elevação e queda – com uma das medidas acima do limite superior de referência; 3) elevação da CKMB de pelo menos 100% acima do limite superior de referência quando na presença de apenas uma medida sem outra causa definida. O diagnóstico também deve contar com protocolos de avaliação da dor torácica, avaliação clínica da dor, antecedentes pessoais e exame físico completo – podendo estimar a probabilidade de ocorrência de síndrome coronariana aguda. Uma baixa probabilidade não necessita de avaliação complementar, sendo Síndromes coronarianas – Dr. Ulisses Calandrin 4 que uma média probabilidade exige submissão a um protocolo específico com ECG, avaliação clínica e marcadores de necrose miocárdica. Além disso, sabe-se que uma avaliação com alta probabilidade exige o início rápido de um tratamento eficaz. A classificação de Braunwald pode ser usada para a avaliação clínica do paciente. O TIMI risk score é uma ferramenta importante para analisar as variáveis clínicas de risco, incluindo: 1) idade > ou igual a 65 anos, 2) mais de 3 fatores de risco (HAS, dislipidemia, diabetes mellitus, histórico familiar, tabagismo, DAC, estenose > 50%), 4) supra ou infra de ST maior ou igual a 0,5mm, 5) dor anginosa nas últimas 24 horas, 6) uso de AAS nos últimos 7 dias e 7) marcadores séricos elevados. Um resultado até 2 é de baixo risco, de 2 a 4 é de risco intermediário e de 5 a 7 é de alto risco. Conduta inicial: a conduta inicial do paciente com síndrome coronariana possível ou definida necessita-se de sinais vitais, saturação de O2, acesso intravenoso, ECG de 12 derivações nos 10 minutos iniciais, monitorização cardíaca contínua, radiografia de tórax em menos de 30 minutos, função hepática, função renal e hemograma , além de considerar troponina e/ou CKMB, eletrólitos e coagulação – se tiver supra o marcador só serve para prognóstico. Para facilitar deve-se seguir o protocolo Morfina, Oxigênio, Nitrato, AAS e Betabloqueador O paciente deve ser estratificado pelo TIMI risk, em que aqueles com risco alto e intermediário devem ser mantidos internados e monitorizados, encaminhando para cateterismo e estudo hemodinâmico em caráter de urgência. Se baixo risco deve-se internar em unidade coronariana, realizando nova estratificação em 48 horas. Os pacientes sem alterações no ECG e sem elevação de enzimas podem receber alta hospitalar e acompanhamento ambulatorial especializado após resolução da dor. Tratamento: oxigênio nas 6 primeiras horas para todos os pacientes com cateter, máscara, CPAP ou intubação orotraqueal associada a ventilação mecânica, além de utilizar na vigência da dor independente da saturação e independente da dor se SaO2 < 92%. Se após as seis horas a saturação estiver adequada deve-se retirar a suplementação de oxigênio para evitar a oxidação e consequente piora da inflamação e do quadro de aterosclerose. O sulfato de morfina deve ser usado se persistência da dor com nitrato, promovendo analgesia potente além de vasodilatação para reduzir a pressão arterial e a congestão por redução da pré-carga e da pós-carga, tendo cuidado, já que pode causar sedação, hipotensão e/ou bradicardia – diluir uma ampola de 20mg para 20mL, fazer de 2 a 3 mL até chegar a uma analgesia adequada. O AAS reduz o risco combinado de IAM e AVC, além de diminuir o risco de morte (41 a 64%) por ação antiagregantes. A utilização é feita na dose de 180 a 300 mg VO pedindo para o paciente mastigar para aumentar a superfície de contato e a absorção, devendo ser evitado em quadros de alergia, úlcera hemorrágica ou sangramento ativo. O clopidogrel é um outro antiagregante que promove inibição do receptor do ADP envolvido na ativação plaquetária, tendo benefícios em pacientes de baixo, médio e alto risco, em que o uso é estendido por cerca de 1 a 12 meses. Deve ser associado ao AAS na dose de 300mg VO se menos que 75 anos, 75mg se mais de 75 anos. Outra opção é o plasugrel com dose de ataque de 60mg mantendo 10mg/dia depois que conhecida a anatomia coronariana, já que pode evoluir para um sangramento, ou Ticagrelor com 180mg de ataque e 90mg de 12/12h para manutenção. Síndromes coronarianas – Dr. Ulisses Calandrin 5 A terapia antitrombótica também deve contar com enoxaparina 30mg IV bolus no ataque 1mg/kg subcutânea e de 12/12h na manutenção ou heparina não fracionada com 60UI/Kg no ataque em bomba de infusão e 12UI/kg/h na manutenção, coletando o TTPa do paciente para ajuste da dose a cada quatro horas – são semelhantes, mas com comodidade posológica diferente. Se o paciente tiver supra de ST e menos de 75 anos faz-se 30mg de enoxaparina EV bolus no ataque, mantendo a mesma dose de manutenção. Se o paciente tiver mais que 75 anos faz-se 0,75mg/kg de enoxaparina subcutânea de 12/12h maior que 75 anos, fazendo 1mg/kg 24/24h se clearence < 30 e 0,75mg/kg 24/24h se clearence < 30 e paciente com mais de 75 anos. Em pacientes com elevada carga trombótica pode-se utilizar os inibidores da glicoproteína IIb/IIIa, esses que inibem a agregação plaquetária pelo bloqueio dessa molécula. Sempre são associados a AAS e heparina para potencialização de efeitos, tendo cuidado com sangramentos. Os nitratos serão medicação de primeira escolha com administração sublingual seguido de intravenosa – se evolução favorável pode continuar por via oral. Como contraindicação tem-se choque com pulmão limpo, hipotensão e uso de inibidores da fosfodiesterase para tratamento de disfunção erétil, em que os pacientes não podem usar nitrato por cerca de 24 a 48 horas após ingestão do fármaco por risco de hipotensão prolongada. Em pacientes com eletrocardiograma de parede inferior (D2, D3, aVF) afetada com supra de ST deve-se pedir V3R e V4R, tendo cuidado com o uso de nitrato em caso de acometimento de ventrículo direito. Geralmente utiliza-se o Isordil 5mg sublingual a cada cinco minutos com uma dose máxima de 15mg, repetindo o eletro após cada dose para ver se o fluxo melhorou, notando alteração dinâmica no traçado eletrocardiográfico – lembrar que não reduz mortalidade. Os betabloqueadores reduzem a mortalidade e devem ser usados em pacientes nas primeiras 24 horas, mas devem ser evitados em casos de asma, DPOC, bradicardia, BAV 2º e 3º grau, PAS < 90mmHg ou redução de 30mmHg do nível de base e infarto de parede inferior – pode induzir o coração a ficar mais lento e piorar FC e fazer BAVT. Como exemplos tem-se metoprolol (50-100mg 12/12h), atenolol (25-50mg 12/12h), propranolol (20-80 mg 8/8h), entre outros. O paciente com um quadro de isquemia pode-se usar fármacos para inibição do sistema renina angiotensina aldosterona, preferencialmente IECA (captopril 25- 50mg 8/8h ou enalapril 5-20mg 12/12h) em todos os pacientes nas primeiras 24h – desde que a pressão arterial tolere. Se edema de pulmão e frequência cardíaca relativamente normal deve-se adiar o uso de betabloqueadores pelo efeito inotrópico negativo inicial. Como alternativa tem-se bloqueadores do receptor de angiotensina, como losartana potássica 25-100mg 1 ou 2x por dia. As estatinas de alta intensidade SCA sem supra de ST Monitorização + ECG MONABC Estratificaçãode risco (TIMI risk) Baixo AAS, Clopidogrel, estatina, ambulatorial Estratificação não invasiva Médio AAS, Clopidogrel, Heparina e UCO Estratificação não invasiva Prova isquêmica - ECO FE > 40% Tratamento clínico Prova isquêmica + ECO FE < 40% Cateterismo Alto AAS, Clopidogrel, GPIIb/IIIa, Heparina e UCO Estratificação invasiva Síndromes coronarianas – Dr. Ulisses Calandrin 6 devem ser usadas para estabilização da placa, como atorvastatina 80mg/dia ou rosuvastatina 40/mg dia, depois ajustado conforme perfil lipídico – deve ser tomada a noite para ação conforme o ciclo do cortisol, mas na emergência dá independente do horário. Os bloqueadores de canais de cálcio não são recomendados rotineiramente, sendo usados apenas em pacientes que não tolerem betabloqueadores e sem ICC. O uso deve ser de Diltiazém ou Verapamil, sendo proibido utilizar nifedipino de liberação lenta pelo risco de taquicardia reflexa. A estratégia invasiva precoce consiste em fazer um cateterismo cardíaco nas primeiras 24 a 48 horas após o aparecimento dos sintomas, tendo benefício em pacientes de risco intermediário e alto. Enquanto isso, a estratégia conservadora consiste em uma avaliação inicial não invasiva, que compreende um ecocardiograma para determinação da função do ventrículo esquerdo, seguido de prova isquêmica miocárdica (teste ergométrico ou cintilografia de miocárdio). É uma alternativa para pacientes de baixo risco e sem sintomas após 12 a 24h ou de risco intermediário após 48h a 72h com tratamento farmacológico e evolução estável, de modo que, caso a prova de isquemia seja positiva, o paciente é submetido a cineangiocoronariografia – sendo feita também se recorrência de isquemia ou teste ergométrico positivo. O paciente que apresenta infarto com supradesnivelamento do segmento ST SEMPRE deve ser encaminhado para a reperfusão, já que representa um infarto transmural e exige rápida intervenção para reduzir o dano miocárdico. No tratamento desse paciente objetiva-se alívio da dor isquêmica e reperfusão coronariana, além de associar a terapia antitrombótica e antiplaquetária, prevenir isquemia recorrentes e arritmias ventriculares malignas e promover uma avaliação hemodinâmica. Para classificação do infarto com supra de ST utiliza-se o escore de Killip, com Killip I sem choque e sem congestão (3-5% de mortalidade), Killip II com presença de B3 – disfunção ventricular – e estertores crepitantes nas bases pulmonares (6-10% de mortalidade), Killip III com edema agudo de pulmão (20-30% de mortalidade) e Killip IV com choque cardiogênico (>80% de mortalidade). No IAM com supra de segmento ST faz-se angioplastia ou fibrinólise até duas horas de início dos sintomas, sem superioridade de estratégia até esse período. Todavia, se angioplastia disponível os prognósticos melhores são atingidos por menores riscos de sangramento. A estratégia invasiva para evitar perda muscular é eficaz se realizada em até 90 minutos, realizando fibrinólise imediata na impossibilidade de angioplastia primária, encaminhando para angioplastia de resgate. A decisão quanto à revascularização coronária deve ser discriminada segundo três aspectos: 1) estratégia invasiva ou conservadora, 2) caso seja invasiva, se precoce ou seletiva/tardia após estabilização do quadro e 3) tratamento exclusivo da ‘lesão culpada’ ou revascularização multivascular completa. Síndromes coronarianas – Dr. Ulisses Calandrin 7 A terapia fibrinolítica é uma terapia de reperfusão de disponibilidade universal, elegibilidade de 60%, 70% de sucesso na reperfusão e 25% de chance de reoclusão em 3 meses. O risco de sangramento existe e é maior em > 75 anos, sexo feminino, negros, pequena superfície corpórea, PAS > 160mmHg e AVC prévio. Como contraindicações absolutas tem-se: hemorragia intracraniana prévia, lesão estrutural do cérebro vascular, neoplasia intracraniana, AVC isquêmico em menos de 3 meses, suspeita de dissecção de aorta, sangramento ativo e coagulopatias (exceto menstruação) e TCE fechado ou trauma facial em menos de 3 meses. Como contraindicações relativas tem-se HAS grave, AVC isquêmico > 3 meses, sangramento interno recente com < 1 mês, punção vascular em sítio não compressivo, gravidez, úlcera péptica ativa, uso contínuo de anticoagulante e PCR prolongada > 10 minutos. A angioplastia primária tem indicações quando presença de hospitais com laboratório de hemodinâmica, intervencionistas experientes, riscos de sangramento e/ou contraindicação a fibrinolíticos, choque cardiogênico e falência ao uso de fibrinolítico. Como critérios de reperfusão com fibrinólise tem-se diminuição da dor, redução do supra de ST mais de 50% e arritmias de reperfusão. A intervenção coronariana percutânea promove reperfusão de área infartada por angioplastia no local da lesão obstrutiva, podendo ser primária quando não há uso de fibrinolítico, facilitada se esquema antitrombótico prévio, de resgate quando houver insucesso no tratamento trombolítico e eletiva quando se opta por uma avaliação angiográfica tardia em paciente já estabilizado, abordando as lesões residuais. A angioplastia primária, quando disponível, é considerada a melhor opção para se obter a reperfusão do vaso ocluído, devendo ser realizada até 90 minutos após o diagnóstico do IAMCEST. É a opção de escolha para pacientes com contraindicação para tratamento trombolítico e em pacientes com sinais de disfunção ventricular aguda, sendo capaz de restabelecer o fluxo coronariano epicárdico normal em mais de 90% dos pacientes. Está associada a reduzidas taxas de isquemia recorrente, reinfarto e complicações hemorrágicas graves como AVC. Tem-se complicações vasculares relacionadas ao procedimento (2-3%), sangramento (7%), AVC hemorrágico (<0,1%), nefropatia por contraste (2%), arritmias malignas FV e TV (4,3%). Como complicações do IAM tem-se TV, FV, flutter atrial, fibrilação atrial, BAVT, complicações tromboembólicas, pericardite, entre outros. Também pode-se ter complicações mecânicas como ruptura do septo interventricular e insuficiência mitral aguda por ruptura das cordoalhas tendíneas, essas que são responsáveis por 15% dos óbitos e 20% dos casos de choque cardiogênico. O tempo porta-balão é o intervalo entre a entrada do paciente com sintomas de IAM até o início do cateterismo. O tempo porta-agulha é o tempo entre a entrada do paciente no pronto atendimento até a fibrinólise. SCA com supra de ST MONABC Fibrinólise se tempo porta balão > 90 min Cateterismo se tempo porta balão < 90 min Angioplastia primária Revascularização do miocárdio