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Citologia Inflamatória: Padrões e Lesões

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Jayne Moraes

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Questões resolvidas

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Citologia inflamatória
Citologia inflamatória: padrões citológicos durante a inflamação, principais infecções, reparações, lesões
pré-cancerosas e carcinoma.
Profa. Helena Horta Nasser
1. Itens iniciais
Propósito
Compreender que a Citologia cervicovaginal apresenta como objetivos análise de lesões pré-cancerosas e
reconhecimento e análise dos processos inflamatórios. Analisar os padrões citológicos durante a inflamação
possibilita, na maioria das vezes, estabelecer a natureza do agente causador.
Objetivos
Analisar os padrões citológicos durante a inflamação.
Distinguir as infecções.
Descrever as reparações, lesões pré-cancerosas e carcinoma.
Introdução
Vamos estudar agora a Citologia inflamatória, analisando os padrões celulares encontrados durante os
processos inflamatórios. Você sabe a importância da Citologia inflamatória?
 
A partir da Citologia inflamatória, é possível avaliar a intensidade de reação inflamatória, acompanhar a
evolução do processo e, na maioria das vezes, determinar a natureza do agente causador da inflamação.
 
Você imagina quais são as modificações nos padrões celulares encontradas na Citologia inflamatória? Como
diferenciar o padrão celular encontrado nos esfregaços para chegar a uma conclusão diagnóstica? Alguns
fenômenos fisiológicos (gravidez, menopausa, parto) alteram o perfil de células encontradas nos esfregaços,
mas será que outros também podem alterar, como a exposição sexual e a colocação do DIU?
 
Ao longo deste tema, vamos juntos estudar a Citologia inflamatória e construir os caminhos para interpretar as
lâminas provenientes dos esfregaços cervicovaginais durante os processos inflamatórios.
• 
• 
• 
1. Os padrões citológicos durante a inflamação
Exsudato leucocitário e presença de hemácia
O trato genital feminino apresenta uma grande suscetibilidade às inflamações e infecções. Isso está
relacionado aos seguintes fatores: atividade sexual, número de parceiros, fase do ciclo menstrual, imunidade,
fator socioeconômico, posição anatômica do trato genital feminino e idade. Em mulheres na fase reprodutiva,
o epitélio escamoso altamente proliferativo serve de barreira contra lesões. De forma diferente, em mulheres
na pós-menopausa e em crianças, o epitélio atrófico diminui essa proteção e aumenta a probabilidade do
desenvolvimento de inflamações.
 
Os processos inflamatórios no trato genital feminino são desencadeados por agentes físicos: calor, trauma e
irradiação; diminuição e interrupção do fluxo sanguíneo, presença de patógenos, e agentes tóxicos.
Inflamações 
A inflamação é uma resposta de tecidos vascularizados a uma infecção e a uma lesão tecidual. Essa
resposta é caracterizada pelo recrutamento de células e moléculas da circulação para o local da lesão
para eliminar os agentes. Divide-se em aguda (resolução mais rápida) e crônica (resolução mais lenta). 
A inflamação pode ser aguda ou crônica, específica (quando o agente agressor é identificado, nesse
caso, recebe o nome de “Vaginite”) ou inespecífica (quando a causa não é conhecida, mas as células
apresentam alterações inflamatórias, recebe o nome de “vaginose”).
Vamos agora conhecer algumas nomenclaturas de inflamações no trato genital feminino:
Cervicite
Processo inflamatório do colo uterino.
Colpite
Processo inflamatório localizado exclusivamente na mucosa vaginal.
Endocervicite
Processo inflamatório localizado na mucosa glandular.
Cervicocolpite
Processo inflamatório que se estende ao canal vaginal.
A inflamação pode ser detectada nos esfregaços cervicovaginais pela presença de leucócitos, modificação na
morfologia das células do epitélio (alterações nucleares e citoplasmáticas), como também pela identificação
do agente causador. As lesões inflamatórias na mucosa cervical e vaginal estão associadas ao corrimento
branco ou cinza; ou amarelo-esverdeado excessivo, fétido ou inodoro, com ou sem formação de espuma e
sintomas como dor abdominal baixa, dor lombar, prurido e dispareunia (dor genital após a atividade sexual).
 
Neste módulo, vamos iniciar abordando algumas características citológicas que podem ser encontradas nos
esfregaços cervicovaginais durante os processos inflamatórios.
 
Durante os processos inflamatórios, é comum encontrar nos esfregaços vaginais leucócitos
polimorfonucleares neutrófilos, piócitos histiócitos e bactérias, configurando o exsudato leucocitário. Nas
inflamações agudas, há o predomínio de exsudatos com numerosos piócitos e neutrófilos; e na crônica são
frequentes os linfócitos, plasmócitos e histiócitos. Em inflamações crônicas, em resposta à tuberculose e aos
corpos estranhos (como fios de sutura), pode aparecer histiócitos epitelioides e células gigantes
multinucleadas. Um exsudato linfocitário é característico da condição patológica conhecida como cervicite
crônica folicular.
Atenção
Às vezes, o exsudato é tão extenso que se sobrepõe às células epiteliais, impossibilitando ou
dificultando a análise das lâminas. Essas amostras são classificadas como insatisfatórias ou satisfatórias,
mas com limitações na análise. 
Você sabe o que é um exsudato e o que é um piócito?
A ausência de um exsudato leucocitário não elimina a existência de um processo inflamatório.
Ademais, a presença de piócitos e neutrófilos pode não ser indicativo de um processo inflamatório,
como acontece na fase secretória do ciclo menstrual (fase com alta produção de progesterona).
Situação em que são encontrados inúmeros neutrófilos nos esfregaços cervicovaginais, em
condições normais.
Atenção
Durante a leitura das lâminas, é essencial estar com pedido médico, o qual tem de completar dados
essenciais (como data da menstruação, indicação clínica e suspeita diagnóstica) para auxiliar na
interpretação dos achados e gerar resultados fidedignos e confiáveis. 
Nos processos inflamatórios severos, podem aparecer nos esfregaços cervicovaginais hemácias bem ou mal
conservadas. As hemácias também são encontradas nas infecções por Trichomonas vaginalis (vamos estudar
no próximo módulo). No entanto, mulheres na menopausa, podem apresentar hemácias em condições
normais, pois são mais suscetíveis a sangramentos.
 
Você imagina por qual motivo as mulheres na menopausa apresentam mais riscos de sangramento? Mulheres
na menopausa apresentam atrofia do epitélio de revestimento da ectocérvice, devido à queda nos níveis de
estrogénio. No início da menopausa, há o predomínio de células intermediárias, podendo aparecer células
parabasais. Quando as taxas de estrogênio estão baixíssimas, há predomínio de células parabasais. Diminui
também a capacidade de secreção desse epitélio, causando maior risco de sangramento.
 
Na figura a seguir, demonstra-se o padrão citológico das células que compõem os exusdatos leucocitários
(neutrófilos, piócitos, linfócitos e histiócitos) e as hemácias que são encontradas nos esfregaços
cervicovaginais durante o processo inflamatório.
Exsudato 
É o fluido extracelular com elevada
concentração de proteínas e restos celulares
(como leucócitos, hemácias e restos de
bactérias), formado durante o processo
inflamatório. No início do processo
inflamatório, há aumento da permeabilidade
vascular que permite a saída de plasma,
proteínas e células (leucócitos) da circulação,
dando origem ao exsudato ou transudato
(fluido extracelular com baixa concentração
de proteína).
Piócito 
É o neutrófilo que sofreu apoptose após
a fagocitose dos agentes agressores,
chamado também de neutrófilo
degenerado.
Exsudato leucocitário e hemácias presentes em esfregaços cervicovaginais durante
um processo inflamatório. Coloração de Papanicolau.
Alteração do padrão celular
Em um processo inflamatório, como nas inflamações genitais severas, ocorre modificação da estrutura dos
epitélios, com uma intensa descamação celular. Isso ocasiona uma mudança no padrão citológico encontrado
de acordo com a idade do paciente.
 
Vamos agora analisar uma situação: a análise do esfregaço cervicovaginal de uma mulher na fase reprodutiva
revelou o predomínio de células escamosaspodemos verificar as diferenças histológicas dessas duas condições
quando comparado ao tecido normal.
Padrão histológico no adenocarcinoma invasivo e in situ.
Verificando o aprendizado
Questão 1
Aprendemos que a reparação tecidual consiste na substituição do tecido lesado por células
viáveis e inicia quando há a destruição dos epitélios causados por processos inflamatórios
severos, biopsias cauterização ou radioterapia, desenvolvendo um processo de reparação.
Além disso, conhecemos que a radiação, a utilização do DIU e a deficiência de B12/ácido
fólico possibilitam alterações nucleares e citoplasmáticas características. Sobre o processo de
reparação tecidual e as alterações citológicas pela radiação, utilização do DIU e deficiência de
B12/ácido fólico assinale a alternativa correta.
A
A reparação tecidual da endocérvice acontece pelas células basais e da ectocérvice pelas células de
reserva.
B
Células de reparação tecidual epitelial apresentam boa coesão com arranjo celular monoestrerificado. As
células apresentam citoplasma com coloração que varia de pálida à basofílica, com núcleo volumoso,
nucléolos proeminentes e cromatina finalmente granular.
C Células com tamanho maior que o normal (citomegalia), vacuolização e núcleo picnótico e com cariorrexe
são características encontradas nas mulheres que usam DIU.
D Células com núcleo que apresentam pregas nucleares, anofilia citoplasmática e projeções
citoplasmáticas são encontrados nas mulheres em tratamento radioterápico.
A alternativa B está correta.
A reparação tecidual da endocérvice acontece pelas células de reserva e da ectocérvice pelas células
basais. Esse tópico foi abordado no início do módulo, no subitem “Mecanismos de reparação tecidual, para
rever o padrão citológico das células de reserva rever o quadro 01. Células com tamanho maior que o
normal (citomegalia), vacuolização e núcleo picnótico e com cariorrexe são características encontradas nas
mulheres na fase aguda da radioterapia. Células com núcleo que apresentam pregas nucleares, anofilia
citoplasmática e projeções citoplasmáticas são encontradas nas mulheres com deficiência de vitamina B12/
ácido fólico.
Questão 2
Conhecemos ao longo desse módulo que o câncer escamoso e o adenocarcinoma são os dois
maiores tipos de tumores malignos que acometem o colo uterino. Sobre as alterações
morfológicas encontradas nesses dois tipos de cânceres, assinale a alternativa correta:
A
Na infeção pelo HPV podem ser observadas algumas alterações citológicas como coilocitose,
disqueratose e macrócitos. As infecções pelo HPV podem evoluir para lesões epiteliais escamosas de alto
grau e para o carcinoma.
B O adenocarcinoma acomete as células epiteliais da ectocérvice. As alterações dessas células podem ser
dividias em 4 categorias de acordo com o padrão citológico.
C No carcinoma escamoso in situ, as células apresentam uma maior variação na forma e no tamanho
quando comparadas com as células do carcinoma invasor.
D O exame citopatológico é suficiente para o diagnóstico diferencial entre o adenocarcinoma in situ e o
invasivo.
A alternativa A está correta.
O adenocarcinoma acomete as células glandulares da endocérvice. As alterações dessas células podem
ser dividias em 4 categorias de acordo com o padrão citológico. Além disso, diferenciação entre o
adenocarcinoma in situ e o invasivo pelo exame citopatológico é difícil pelo perfil citológico semelhante
encontrado nas duas patologias e pela localização no interior do canal da endocérvice desse tumor, sendo
necessária a análise histopatológica.
4. Conclusão
Considerações finais
Ao longo dessa jornada, exploramos toda a Citologia inflamatória estudando as principais alterações
encontradas durante os processos inflamatórios causados por agentes físicos (como radiação e o trauma
causado pelo HPV), deficiências nutricionais (como deficiência de vitamina B12) e durante as infecções. Além
disso, verificamos como o organismo realiza a reparação tecidual após as lesões inflamatórias e retorna ao
funcionamento normal. Aprendemos que o padrão de células encontrado nos esfregaços pode alterar em
condições anormais. Antes de estudar as infecções, vimos que a região vaginal apresenta vários mecanismos
para evitar as infecções e inflamações, como a presença de pelos pubianos, o pH ácido da vagina, a produção
de secreções, a presença de células do sistema imune inato na região e a presença de uma microbiota.
 
De todos esses fatores, a microbiota é o principal mecanismo de defesa contra os patógenos, mas sofre
alterações ao longo da vida da mulher que podem favorecer a proliferação de patógenos. Vimos que a
presença de lactobacilos, da flora mista e de algumas leveduras é normal, porém a presença de Trichomonas
vaginalis, Chlamydia Trachomatis, Herpes-vírus e Gardenella Vaginais provoca alterações estruturais nas
células do epitélio de revestimento da endocérvice e ectocérvice. As leveduras, como a Candida albicans,
também fazem parte da flor normal, embora elas possam se tornar patológicas ao encontrarem um ambiente
favorável. Além disso, foi estudada a infecção pelo HPV e verificada a sua importância e patogenicidade. O
HPV é capaz de originar lesões pré-cancerosas e o carcinoma escamoso do colo uterino. Abordou-se também
o adenocarcinoma, o segundo tumor maligno mais comum no colo uterino. Em todos os casos, apresentou-se
detalhadamente o padrão de células encontradas nos esfregaços cervicovaginais durante cada processo
inflamatório, ajudando a entender como chegar a uma conclusão diagnóstica pelos exames citopatológicos.
Podcast
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Para saber mais sobre os assuntos abordados neste tema:
 
Como vimos, nos esfregaços cervicovaginais normais, pode-se encontrar diferentes tipos celulares,
com diferentes características morfológicas. Para conhecer mais essas células e se familiarizar com
cada uma delas, é importante visitar o site Citopatologia do colo uterino-altas digital (International
Agency for Research on Cancer) e o Atlas de Citopatologia Diagnóstica.
No início do tema, o processo inflamatório foi definido como uma resposta do organismo a uma
agressão. Para conhecer mais sobre esse tópico, faça a pesquisa por vídeos a respeito dos processos
inflamatórios.
Falamos sobre as doenças sexualmente transmissíveis causadoras de vaginites cervicais, apontando
diferentes tipos de bactérias, fungos e vírus que causam essas doenças. Para saber mais sobre as ISTs
e seu diagnóstico, visite o Guia de Bolso do Ministério da Saúde sobre o controle de ISTs.
• 
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• 
Ainda sobre as ISTs, é interessante visitar o Boletim Técnico do Laboratório Hermes Padine, que fala
sobre o diagnóstico da Chlamydia trachomatis.
Falamos muito sobre o HPV e sua associação com o câncer do colo do útero. Para entender mais sobre
esse vírus e sua relação com o câncer do colo do útero, pesquise e leia o artigo de revisão A infecção
pelo papiloma vírus humano e sua associação com o câncer do colo uterino: uma breve revisão.
Ao longo do tema, foi abordado um pouco sobre o sistema Bethesda e a nomenclatura Brasileira para
laudos cervicovaginais. Para entender mais sobre o sistema Bethesda e a nomenclatura Brasileira para
laudos cervicovaginais, pesquise sobre laudos citopatológicos em endereços especializados, por
exemplo, no site do INCA.
Referências
BRASIL. Ministério da saúde, Instituto Nacional do Câncer (INCA). Nomenclatura Brasileira para laudos
cervicais e condutas preconizadas. 2006. 57p. Consultado em meio eletrônico em: 18 de maio de 2020.
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Técnico em citopatologia. Caderno 1: Citopatologia Ginecológica. 2012a. 194p.
Brasília: Ministério da Saúde; Rio de Janeiro: CEPESC, 2012. Consultado em meio eletrônico em: 04 de maio de
2020.
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Técnico em citopatologia. Caderno 2: Atlas de citopatologia diagnóstica. 2012b.
194p. Brasília: Ministério da Saúde; Rio de Janeiro: CEPESC,2012. Consultado em meio eletrônico em: 04 de
maio de 2020.
 
BRASIL. Ministério da saúde, Instituto Nacional do Câncer (INCA). Nomenclatura Brasileira para Laudos
Citopatológicos Cervicais. 2012c. 25p. Consultado em meio eletrônico em: 18 de maio de 2020.
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Caderno de Atenção básica: Controle dos canceres do colo do útero e de mama,
nº 13. 2013. 128p. Brasília. Consultado em meio eletrônico em: 14 de maio de 2020.
 
BRASIL. Ministério da saúde, Instituto Nacional do câncer (INCA). Controle do câncer do colo do útero:
Conceito e Magnitude. 2020. Consultado em meio eletrônico em: 07 de maio de 2020.
 
BRASIL. Ministério da saúde, Instituto Nacional do câncer (INCA). Programa do INCA - parte VI (câncer de
mama). s/d. Consultado em meio eletrônico em: 07 de maio de 2020.
 
CONSOLARO, M. E. L.; MARIA-ENGLER, S. S. Citologia Clínica Cérvico-vaginal. Texto e Atlas. São Paulo: GEN,
2012.
 
DIAZ, M., D., P., E.; MEDEIROS, R., B. Câncer do colo uterino: fatores de risco, prevenção, diagnóstico e
tratamento Revista de Medicina. v.88, n.1, p. 7-15, 2009.
 
FILHO, J. B. M.; RIBEIRO, M. A. R. Câncer do colo do útero. Saúde & Vida online. Consultado em meio eletrônico
em: 12 de maio de 2020.
 
GAMBONI, M.; MIZIARA, E. F. Manual de Citopatologia Diagnóstica. São Paulo: Ed. Manole Ltda, 2013.
 
• 
• 
• 
LINHARES, I., A; GIRALDO, P., C.; BARACAT, E., C. Novos conhecimentos sobre a flora bacteriana. Revista
Associação médica Brasileira. V.56, n.3, p.370-374, 2010.
 
SELLORS, J., W.; SANKARANARAYANAN, R. Colposcopia e tratamento da neoplasia intra-epitelial: Manual para
principiantes. França: IARCS. Consultado em meio eletrônico em: 12 de maio de 2020.
 
SOUZA, A., P. Cancro do colo do útero: tendências e estudos recentes. 2011. 84 f. Trabalho de conclusão de
curso [licenciatura em ciências farmacêuticas] – Universidade Fernando Pessoa. Portugal. 2001.
 
WEBER, A., V.; BACKES, L., T., H. Análise retrospectiva de inflamações cervicovaginais por agentes
microbiológicos no sul do Brasil. Revista saúde integrada. v.9, n. 17, p.28-40, 2016.
	Citologia inflamatória
	1. Itens iniciais
	Propósito
	Objetivos
	Introdução
	1. Os padrões citológicos durante a inflamação
	Exsudato leucocitário e presença de hemácia
	Cervicite
	Colpite
	Endocervicite
	Cervicocolpite
	Atenção
	Você sabe o que é um exsudato e o que é um piócito?
	Atenção
	Alteração do padrão celular
	Resposta celular às agressões: alterações degenerativas e alterações reativas
	Exame colposcópico
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	Analisamos o perfil citológico dos processos inflamatórios gerais e vimos que, durante um processo inflamatório, ocorrem alterações nos tipos celulares, na atividade das células e nos componentes encontrados nos esfregaços cervicovaginais. Em um laboratório, ao realizar a leitura dos esfregaços cervicovaginais, foram encontradas algumas alterações. Analise as alternativas a seguir e marque a opção que faz a correlação correta.
	Analisamos as alterações celulares degenerativas e reativas, e vimos o padrão morfológico em cada uma dessas respostas celulares. Sobre as alterações reativas, assinale a alternativa que apresenta um achado morfológico que indica a presença dessa alteração.
	2. Infecções
	Infecções bacterianas
	Comentário
	Atenção
	Gestação
	Parto
	Menstruação
	Menarca e menopausa
	Lactobacillus vaginalis (bacilos de Döderlein)
	Comentário
	Bacilos e cocos
	Atenção
	Chlamydia trachomatis
	Comentário
	Gardnerella vaginalis
	Comentário
	Infecções virais (Herpes-vírus)
	Infecções micóticas (Candida sp.)
	Saiba mais
	Resposta
	Recomendação
	Protozoários - Trichomonas vaginalis
	Recomendação
	Agentes infecciosos que são patógenos do trato genital feminino
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	Investigamos nesse módulo algumas alterações citológicas nos esfregaços cervicovaginais durante as infecções bacterianas. A presença das bactérias nem sempre é sinal de infecção, pois existem microrganismos que fazem parte da microbiota normal. Sobre os lactobacillus sp., assinale a alternativa correta:
	Verificamos também o padrão citológico encontrado nos esfregaços cervicovaginais das infecções por Herpes-vírus. Sobre o padrão citológico encontrado nos esfregaços cervicovaginais, assinale a alternativa correta:
	3. As reparações, lesões pré-cancerosas e carcinoma
	Identificação dos processos nas características citológicas
	Processos de proteção
	Processos destrutivos
	Processos de reparação tecidual
	Diferença entre células irradiadas malignas e benignas
	Células malignas
	Células benignas
	Saiba mais
	Lesões pré-cancerosas, lesões intraepiteliais escamosas e carcinoma escamoso do colo uterino “in situ” e invasor
	Saiba mais
	Conteúdo interativo
	Saiba mais
	Lesões intraepiteliais escamosas, especialmente as queratinizantes
	Processo de reparação
	Atrofia
	Alterações citopáticas pelo Herpes-vírus
	Efeito de radioterapia/quimioterapia
	Adenocarcinoma pouco diferenciado endocervical ou endometrial
	Adenocarcinoma metastático
	Lesões glandulares intraepiteliais (GIL)
	Verificando o aprendizado
	Aprendemos que a reparação tecidual consiste na substituição do tecido lesado por células viáveis e inicia quando há a destruição dos epitélios causados por processos inflamatórios severos, biopsias cauterização ou radioterapia, desenvolvendo um processo de reparação. Além disso, conhecemos que a radiação, a utilização do DIU e a deficiência de B12/ácido fólico possibilitam alterações nucleares e citoplasmáticas características. Sobre o processo de reparação tecidual e as alterações citológicas pela radiação, utilização do DIU e deficiência de B12/ácido fólico assinale a alternativa correta.
	Conhecemos ao longo desse módulo que o câncer escamoso e o adenocarcinoma são os dois maiores tipos de tumores malignos que acometem o colo uterino. Sobre as alterações morfológicas encontradas nesses dois tipos de cânceres, assinale a alternativa correta:
	4. Conclusão
	Considerações finais
	Podcast
	Conteúdo interativo
	Explore+
	Referênciasparabasais; como interpretar esse achado?
 
Na idade reprodutiva, a presença de células parabasais nos esfregaços cervicovaginais é anormal. Esse
padrão celular alterado pode ser indicativo de erosão (inflamação restrita à mucosa epitelial) ou ulceração
(inflamação que ultrapassa os limites da lâmina basal atingindo o epitélio subepitelial) do epitélio de
revestimento com a destruição das camadas superficiais e intermediárias, veja a figura abaixo.
Ilustração da diferença entre erosão e ulceração.
Agora vamos analisar uma segunda situação: durante a leitura de uma lâmina, foram encontradas numerosas
células escamosas superficiais em uma mulher que está na pós-menopausa sem reposição hormonal. A
presença de células escamosas superficiais é normal?
 
Nas mulheres pós-menopausa, onde não existe reposição hormonal, os níveis de estrogênio estão muito
baixos, há atrofia do epitélio com predomínio das células parabasais. A presença de células superficiais pode
ocorrer devido a um aumento da vascularização, geralmente, nas infecções por Trichomonas vaginallis. Nesse
caso, há uma falsa impressão de uma reposição hormonal.
Resposta celular às agressões: alterações degenerativas e
alterações reativas
A retroplasia consiste em uma diminuição na atividade metabólica celular. Esse processo pode estar
relacionado ao próprio envelhecimento fisiológico da célula ou então surge em resposta a uma agressão
desencadeada por agentes físicos (calor, irradiação e trauma), microrganismos patógenos, diminuição ou
interrupção do fluxo sanguíneo, agentes químicos. A agressão tecidual por esses fatores gera uma inflamação
que pode levar a alterações degenerativas e necrose nas células do epitélio de revestimento.
 
Nas células degeneradas, o citoplasma apresenta acúmulo de água, vacuolização, menor concentração de
proteínas, que torna o citoplasma mais pálido e pode levar a um aumento da basófila, o citoplasma cora em
tons de cinza ou avermelhado ou um rosa intenso (pseudoeosinofilia) e pode apresentar duas cores diferentes
(anfofilia). Além disso, o citoplasma tem halo perinuclear e bordas citoplasmáticas mal definidas.
Acúmulo de água
Ocorre devido ao comprometimento nas trocas de água pela membrana plasmática. No núcleo, a perda
de água pode levar a uma diminuição do volume e a um enrugamento da membrana nuclear, que é visto
como um pregueamento dessa membrana. 
Em alguns casos, a membrana celular se rompe e há perda de conteúdo citoplasmático que resulta no
aparecimento de núcleos desnudos e no aumento da relação nucleocitoplasmática. No núcleo, pode ocorrer
tumefação ou retração, hipo ou hipercromasia, perda da demarcação das bordas nucleares e dos detalhes da
cromatina, conferindo uma aparência homogênea ao núcleo. Quando a cromatina se degenera, torna-se
viscosa, aderente e se agrupa em massas maiores, veja a imagem.
Hipo ou hipercromasia
Existe degeneração do DNA e desnaturação das proteínas ligadas ao DNA (histonas). A desnaturação
dessas proteínas pode gerar uma maior ou menor afinidade ao corante (hematoxilina), conferindo
núcleos mais (hipercromasia) ou menos corados (hipocromasia), respectivamente.
Esquema ilustrando as alterações celulares nas reações degenerativas.
Nas células que sofreram necrose, pode ser observado como sinal de morte celular a picnose (cromatina
condensada), cariorrexe (fragmentação do núcleo) e cariólise (dissolução nuclear).
Será que nas alterações degenerativas ocorrem as mesmas alterações que nas alterações reativas?
Vamos descobrir?
Durante os processos inflamatórios e em resposta à radioterapia, podem ocorrer algumas alterações celulares
reativas. Nessas células, de forma diferente das células que sofrem degeneração, há um aumento da atividade
celular em resposta ao dano.
Aumento da atividade celular
Esse aumento chama-se proplasia. 
As células com alterações reativas apresentam hipercromasia, espessamento uniforme da borda
nuclear, cromatina com granulação mais grossa, presença de mais de um núcleo (bi ou
multinucleadas) e nucléolos proeminentes. Normalmente, a presença de vários núcleos e do
nucléolo é observada em células endocervicais.
Vamos observar com atenção na figura a seguir as modificações celulares encontradas nas alterações
degenerativas, reativas e necrose. Essas alterações podem ser observadas durante os processos
inflamatórios.
Fotos obtidas de esfregaços cervicovaginais, corados pelo método de Papanicolau
(aumento de 40x), mostrando alterações degenerativas e reativas.
Exame colposcópico
Neste vídeo, conheça mais sobre citologia inflamatória.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Verificando o aprendizado
Questão 1
Analisamos o perfil citológico dos processos inflamatórios gerais e vimos que, durante um
processo inflamatório, ocorrem alterações nos tipos celulares, na atividade das células e nos
componentes encontrados nos esfregaços cervicovaginais. Em um laboratório, ao realizar a
leitura dos esfregaços cervicovaginais, foram encontradas algumas alterações. Analise as
alternativas a seguir e marque a opção que faz a correlação correta.
A A presença de exsudato rico em linfócitos, plasmócitos e histiócitos pode ser indicativo de uma
inflamação aguda.
B A presença de exsudato rico em neutrófilos e piócitos pode ser indicativo de inflamação crônica.
C Em respostas a corpos estranhos, como fios de suturas, podem aparecer histiócitos epitelioeides e
células gigantes.
D
A presença de neutrófilos no fundo do esfregaço cervicovaginal é sempre indicativo de processo
inflamatório.
A alternativa C está correta.
A presença de exsudato leucocitário pode ser observada em processos inflamatórios, mas essas células
podem aparecer em condições normais, como acontece durante a fase secretória (aumento de
progesterona) em mulheres na fase reprodutiva, sem ser indicativo de processo inflamatório. Na inflamação
aguda, o exsudato leucocitário predominante é composto de neutrófilos e piócitos; e na inflamação crônica,
de linfócitos, plasmócitos e histiócitos.
Questão 2
Analisamos as alterações celulares degenerativas e reativas, e vimos o padrão morfológico em
cada uma dessas respostas celulares. Sobre as alterações reativas, assinale a alternativa que
apresenta um achado morfológico que indica a presença dessa alteração.
A A presença de células com halo perinuclear.
B A presença de células com pseudoeosinofilia.
C A presença de células com pregueamento da membrana nuclear.
D A presença de células com hipercromasia.
A alternativa D está correta.
Nas alterações reativas, há um aumento da atividade celular em resposta a um dano. Ao examinarmos as
células dos esfregaços cervicovaginais nesses casos, verificamos células com hipercromasia,
espessamento uniforme da borda nuclear, cromatina com granulação mais grossa, com mais de um núcleo
(bi ou multinucleação) e nucléolos proeminentes. Normalmente, a presença de vários núcleos e do nucléolo
é observado em células endocervicais. A presença de halo perinuclear, pseudoeosinofilia e vacúolos
citoplasmáticos são característicos das alterações degenerativas.
2. Infecções
Infecções bacterianas
Até agora, verificamos alguns padrões citológicos encontrados nos processos inflamatórios de uma forma
geral. Vamos investigar essas alterações quando a inflamação é desencadeada por uma infecção, conhecendo
os principais patógenos.
 
Como abordamos anteriormente, o trato genital feminino apresenta grande suscetibilidade às inflamações e
infecções. As infecções consistem na entrada de um patógeno (fungo, bactéria, vírus e protozoário) no
organismo. Os principais sintomas das infecções são secreção vaginal anormal, prurido, dor e sangramento.
 
Mas será que todos os microrganismos encontrados nos esfregaços cervicovaginais são considerados
patógenos?
 
O trato genital feminino apresenta diferentes mecanismos de defesa para evitar a instalação das infecções,
como o pH ácido da vagina, presença de pelos pubianos, a barreira epitelial e a presença da microbiota
bacteriananormal.
 
Na vagina e no colo uterino, existe uma grande variabilidade de microrganismos que colonizam e formam
comunidade complexa, conhecida como microbiota. A maioria dessas espécies é saprófitas e sua presença no
esfregaço não significa uma infecção. Para que exista cercicovaginites, é necessário ter uma série de
alterações gerais e citológicas.
 
Vamos agora conhecer os microrganismos que compõem a microbiota do trato genital feminino.
Saprófitas 
Microrganismos saprófitos são espécies que se alimentam da matéria orgânica em decomposição. Essas
espécies apenas colonizam a região, não sendo capaz de causar doença. 
Comentário
As glândulas de Bartholin e Skene, a cavidade uterina, as tubas uterinas, os ovários e as estruturas
anexas são estéreis em condições de normalidade. 
Os órgãos genitais externos apresentam a microbiota semelhante à da pele, apresentando como principais
microrganismos o Staphylococcus aureus, S. epidermidis, Corynebacterium spp. Na vagina, nas mulheres na
idade fértil, o ecossistema é polimicrobiano, composto de uma grande variedade de microrganismos aeróbios,
anaeróbio obrigatórios e facultativos, dentre eles: Lactobacillus spp.; Corynebacterium spp.; Streptococcus
spp.; Fusobacterium spp.; Staphylococcus epidermidis; Clostridium spp.; Bacteroides spp.; Escherichia coli;
Gardnerella vaginalis (em 40-70% das mulheres normais); Candida spp. Além dessas bactérias, também estão
presentes algumas espécies de fungos, como a Candida Albicans.
Atenção
Alguns estudos de Biologia molecular mostram a presença de outros microrganismos constituintes da
microbiota como Atopobium vaginae, Megasphaera spp. E Bifidobacterium spp., dentre outros. 
A composição dessa microflora vaginal não é constante, pois sofre inúmeras variações em respostas a
fatores, como: fisiológicos (parto, gravidez, menopausa), patológicos (insuficiência hepática, distúrbios
hormonais, distúrbios metabólicos como diabete), medicações (antibióticos e anticoncepcionais) locais (DIU,
diafragma, exposição sexual).
Gestação
Elevação da progesterona, ocasiona intensa descamação do epitélio, principalmente das células
intermediárias com inúmeros grânulos de glicogênio (células naviculares) que favorecem o
crescimento de lactobacilos. Os lactobacilos são produtores de ácido láctico a partir do glicogênio,
que acidifica mais o pH vaginal, favorecendo o crescimento de leveduras (que crescem bem em pH
ácido).
Parto
A depressão hormonal seguida de atrofia do epitélio alcaliniza o pH vaginal e diminui a população de
lactobacilos, que pode favorecer as infecções.
Menstruação
Uma depressão hormonal leva à descamação endometrial, diminuindo a acidez da vagina.
Menarca e menopausa
A presença do epitélio escamoso vaginal atrófico, que é fino, diminui a população de lactobacilos e
outros microrganismos. Isso torna o pH vaginal mais alcalino.
Essa microbiota representa sem dúvida um dos mais importantes mecanismos de defesa, mantendo o meio
saudável e impedindo a proliferação de outros microrganismos estranhos. Além disso, a presença de
microrganismos que produzem ácido láctico parece ser essencial para manter o pH ácido da vagina e impedir
a proliferação de microrganismos.
 
Deve-se considerar a microbiota vaginal muito dinâmica que, sob certas condições, pode se tornar patógena.
Vamos agora conhecer algumas dessas bactérias da microbiota normal e responsáveis pelas infecções
cervicais. Além delas, vamos estudar outros microrganismos (vírus, fungos e protozoários) que são capazes
de causar doença.
 
Vamos agora conhecer os microrganismos que compõem a microbiota do trato genital feminino.
Bactérias 
As bactérias são divididas em dois grandes grupos, as bactérias Gram-positivas e Gram-negativas. Essa
classificação está relacionada às diferenças encontradas na principal coloração utilizada em
microbiologia (a coloração de Gram). As bactérias Gram-positivas retêm o cristal violeta devido à
presença de uma espessa camada de peptidoglicano (polímero constituído por açúcares e aminoácidos
que originam uma espécie de malha na região exterior à membrana celular das bactérias) em suas
paredes celulares, apresentando-se na cor roxa. As bactérias Gram-negativas apresentam uma fina
camada de peptidioglicano e assim não retêm o cristal violeta e ficam coradas de púrpura (fucsina, o
corante de fundo). As bactérias, além de Gram-positivas e Gram-negativas, são classificadas de acordo
com a forma, podendo ser cocos, bastonetes, bacilos, diplococos, cocobacilos, espiroquetas.
Essa microbiota representa sem dúvida um dos mais importantes mecanismos de defesa, mantendo o meio
saudável e impedindo a proliferação de outros microrganismos estranhos. Além disso, a presença de
microrganismos que produzem ácido láctico parece ser essencial para manter o pH ácido da vagina e impedir
a proliferação de microrganismos.
Lactobacillus vaginalis (bacilos de Döderlein)
Os Lactobacillus spp. são bacilos Gram-positivos, aeróbios ou anaeróbios, considerados os principais
componentes da microbiota vaginal. São identificados na mucosa vaginal diferentes espécies de Lactobacillus
conhecidos como Bacilos de Döderlein, são elas: L. jensenii, L. gasseri, L. acidophilus, L. fermentum, L.
plantarum, L. casei, L. cellobiotus, L. oris, L. reuteri, L. ruminis, L. crispatus, L. iners, L. vaginalis e L. crispatus,
sendo L. acidophilus a espécie mais conhecida.
 
Essas espécies apresentam enzimas capazes de causar a destruição proteolítica (Citólise) das células
escamosas intermediárias rica em glicogênio (naviculares). Esses microrganismos convertem o glicogênio em
glicose e depois em ácido láctico. O ácido láctico é o responsável por manter o pH vaginal ácido (entre 3,8 a
4,5). O baixo pH evita proliferação de outros microrganismos. A presença de algumas espécies de 
lactobacillus são benéficas, pois produzem peróxido de hidrogênio e bacteriocinas que são tóxicos a algumas
espécies como Gardnerella vaginalis. É importante ressaltar que as células parabasais e superficiais são
resistentes à citólise por esses microrganismos.
 
Nos esfregaços cervicovaginais, o padrão de citólise provocado pelos lactobacilos é observado pela presença
de restos citoplasmáticos e núcleos desnudos, presença dos lactobacilos e poucos leucócitos.
Células parabasais e superficiais
Essas células apresentam no citoplasma baixo nível de glicogênio. 
Comentário
Não é certo que os lactobacilos, por si só, possam causar vaginite, embora sejam responsáveis por
corrimento vaginal quando a citólise é pronunciada. Esse achado chama-se Vaginose Citolítica. 
Quando teremos o predomínio desses microrganismos?
O predomínio ocorre nas fases em que há células com acúmulo de glicogênio, como na fase secretória do ciclo
menstrual, na gravidez e durante a administração de alguns hormônios, especialmente os que mimetizam a
ação da progesterona. Na figura abaixo, podemos observar o padrão citológico encontrado na citólise
provocadas pelos lactobacilos.
Fotos obtidas de esfregaços cervicovaginais, corados pelo método de Papanicolau
(aumento de 40x), mostrando as alterações da citólise e presença de lactobacilos.
Na imagem, a citólise é observada pela presença de núcleos desnudos (seta preta). Também podemos
observar numerosos lactobacilos que recobrem as células epiteliais, alguns estão sinalizados (seta azul).
Bacilos e cocos
Em mulheres que apresentem no epitélio predomínio de células parabasais, na pré-menarca, pós-menopausa
ou pós-parto, há a colonização por diferentes espécies bacterianas, configurando a microbiota mista. Nessas
mulheres, é comum o aparecimento de cocos Gram-positivos, tais quais Staphylococcusspp., Streptococcus
spp.; Bacilos Gram-negativos, como alguns representantes da família Enterobacteriaceae, especialmente 
Escherichia coli. Além de diversas espécies de cocos ou bacilos anaeróbios, Bacilos Gram-positivos, como: 
Corynebacterium spp; Cocos Gram-negativos, Neisseria spp., Acinetobacter, spp., Moraxella spp. e espécies
anaeróbias, como Veilonellaspp. e Megasphaera spp.
Atenção
Normalmente, esses achados não são considerados manifestações inflamatórias, mas elas podem ser
encontradas durante um processo inflamatório ou infeccioso relacionado a outras etiologias, com
exceção da Neisseria gonorrhoeae, agente etiológico de cervicite gonocócica. 
Nos esfregaços cervicovaginais, verifica-se uma mistura de cocos e bacilos. A identificação da espécie só é
realizada pela cultura microbiológica. Na figura a seguir (Figura 06), podemos ver o padrão citológico da
microbiota mista.
Fotos obtidas de esfregaços cervicovaginais, corados pelo método de Papanicolau
(aumento de 40x), mostrando a presença de cocos Gram-Positivos e Bacilos Gram-
Negativos.
Agora que conhecemos alguns microrganismos presentes na microbiota normal, vamos estudar alguns
responsáveis pelas principais vaginites cervicais.
Chlamydia trachomatis
A infecção urogenital por Chlamydia trachomatis é incluída como uma das principais infecções sexualmente
transmissíveis (IST), na qual a transmissão acontece pelo parceiro com uretrite, prostatite ou epididimite por 
C. trachomatis. A Chlamydia trachomatis é uma bactéria Gram-Negativa e intracelular obrigatória (Essa
bactéria necessita dos nutrientes da célula hospedeira para sobreviver). Na maioria dos casos, a infecção por
essa bactéria é assintomática, mas pode desencadear um processo inflamatório no colo do útero, endométrio,
vagina, na vulva e nas trompas. No entanto, o sítio primário da infecção é o epitélio colunar da endocérvice,
contaminando as células da JEC e metaplásicas, além de outras células epiteliais constituintes do trato
genital.
Parceiro 
Nos homens, o sítio primário de infecção é o epitélio urogenital. A infecção por essa bactéria causa
uretrite não gonocócica e epididimite. 
Comentário
Os sintomas da Chlamydia trachomatis são: dor ou ardor ao urinar; corrimento vaginal, semelhante a pus;
dor ou sangramento durante o contato íntimo; dor pélvica; sangramento fora do período menstrual. Pode
haver infertilidade tubária, gravidez. Além disso, em mulheres grávidas, há o aumento do risco de aborto
espontâneo e essa bactéria pode passar para o neonato no momento do parto, provocando conjuntivite
de inclusão e pneumonia. 
Essas bactérias são intracelulares obrigatórios. Como vamos observá-las nos esfregaços
cervicovaginais?
Essa bactéria se apresenta em inclusões citoplasmáticas de tamanho uniforme e distribuição perinuclear. As
inclusões clamídias podem ser divididas em corpos elementares, corpos reticulares e corpos agregados
(Figura 07), de acordo o estágio de desenvolvimento.
 
Os corpos elementares consistem em grânulos cocoides finos, esinofílios e basofílios que estão distribuídos
no citoplasma finamente poroso ou são localizados na região perinuclear. Os corpos reticulares são inclusões
maiores circundadas por vacúolos de paredes finas (inclusões em alvos) que tendem a ser cianofílicas.
 
Os corpos granulares são grandes vacúolos citoplasmáticos que aparecem com grandes conjuntos de
partículas finamente granulares eosinofílicas ou cianofílicas, e ocupam a maior parte do citoplasma. Esse
método é considerado pouco preciso e apresenta baixa sensibilidade. O padrão ouro para o diagnóstico dessa
bactéria é o isolamento em cultura celular. No entanto, 50% dos casos Cervicite crônica folicular (presença de
um exsudato linfocitário) está relacionado a Chlamydia trachomatis, na figura a seguir.
Fotos obtidas de esfregaços cervicovaginais, corados pelo método de Papanicolau
mostrando as inclusões citoplasmáticas da Chlamydia trachomatis e as
características citológicas dos esfregaços na cervicite crônica folicular.
Gardnerella vaginalis
A Gardnerella vaginalis são cocobacilos Gram-negativos ou Gram-variáveis que, normalmente, estão
associados a outras bactérias anaeróbicas e aeróbias, como Mobiluncus bacteroides e Mycoplasma hominis. A
infecção por essa bactéria também é considerada uma IST. Cerca de 40-50% das mulheres são
assintomáticas, mas quando sintomáticas são caracterizadas por um corrimento vaginal branco-acinzentado
ou amarelo, fluido e homogêneo, com o odor de peixe estragado e, às vezes, com aspecto bolhoso.
Bactérias anaeróbicas e aeróbias
Neste caso, recebe o nome de Vaginose bacteriana. A Gardnerella vaginalis é isolada em mais de 90%
dos casos de vaginoses bacterianas, confirmando a sua relação com a etiologia da doença. O pH vaginal
nessa condição é alcalino, maior que 4,8. 
Comentário
Na proliferação maciça de G. vaginalis associada a bactérias anaeróbias, há um aumento na produção de
aminas derivadas do metabolismo das bactérias. Quando o pH vaginal aumenta, as aminas volatilizam e
produzem o odor anormal, semelhante ao do peixe ou da amônia, principalmente depois das relações
sexuais e menstruação. As aminas têm características citotóxicas, ocasionando o corrimento genital. 
Essa bactéria tem a capacidade de aderir ao citoplasma de células escamosas intermediárias e
superficiais, chamadas de células-guia. Nos esfregaços cervicovaginais, os microrganismos são
facilmente verificados na superfície celular em suas bordas, sobrepondo a membrana celular.
As células raramente apresentam alterações degenerativas e apresentam um citoplasma com aparência
normal, cianofílico ou esinofílico, mas com aspecto granular. Nesses esfregaços, há ausência ou escassez de
lactobacilos e neutrófilos, porém o fundo pode apresentar um aspecto turvo ou nublado pela presença de
outras bactérias.
 
Na figura a seguir, podemos analisar as alterações citológicas encontradas nos esfregaços cervicovaginais de
mulheres infectadas por Gardnerella vaginalis.
Fotos obtidas de esfregaços cervicovaginais, corados pelo método de Papanicolau
mostrando as alterações citológicas na infecção por Gardnerella vaginalis.
Infecções virais (Herpes-vírus)
Você já teve Herpes labial? Sabia que existe Herpes genital e que essa doença está incluída nas IST? Será que
ambas as doenças são causadas pelo mesmo tipo de vírus?
 
Os vírus são organismos intracelulares obrigatórios. O vírus Herpes são vírus de DNA, com capsídeo
icosaédrico e com um envoltório lipídico. Essa família engloba vários tipos de vírus, mas apenas 6 tipos
patogênicos ao homem. Os Herpes-simplex do tipo 01 (HSV-1) acometem, principalmente, faces e lábios e
raramente o trato genital; de forma diferente, o HSV-2 acomete, predominantemente, a região genital. A
infecção ocorre, normalmente, no início da idade reprodutiva, mostra vesículas na pele e mucosa da região
genital que rompem com aparecimento de úlceras rasa. Essas lesões curam de forma espontânea entre 2-4
semanas. Pode haver também febre, mialgia e indisposição. É comum a recorrência de infecções, pois o vírus
fica em latência nas raízes dos nervos dorsais da medula espinhal, normalmente relacionado à baixa
imunidade e ao estresse.
 
Na região genital, o vírus acomete as células escamosas parabasais e superficiais, metaplásica imaturas e
endocervicais, e ocorrem diferentes alterações morfológicas. Inicialmente, é observado citomegalia e
cariomegalia. Em seguida, devido à degeneração, a cromatina se torna rarefeita, os núcleos com uma
coloração fosca, há acúmulo da cromatina no folheto interno da membrana nuclear, revelando uma membrana
nuclear espessa. É muito comum multinucleação com núcleos sobrepostos e, em alguns casos, pode haver
inclusões intranucelares grandes.
 
O citoplasma apresenta-se opaco e denso, devido à necrose por coagulação das proteínas e alterações no
citoesqueleto da célula.
 
Na figura a seguir, podemos analisar as alterações citológicas causadas pelas infecções pelo Herpes-simples,
a demonstração da estrutura do vírus e as principais alterações citológicas causadas.
As alterações citológicas causadas pelo vírus Herpes-simples e fotos dos
esfregaços cervicovaginais mostrando o padrão citológico encontrado nessas
infecções.
Infecções micóticas (Candida sp.)
Algumas leveduras, como a Candida sp., são microrganismos que fazem parte da microbiota vaginal. No
entanto,as infecções micóticas pela Candida sp. são muito comuns, principalmente pela Candida albicans.
Outras espécies também podem causar vaginite, como: C. tropicalis, C. glabrata, C. krusei, C. parapsilosis e C.
pseudotropicalis. Essa infecção acomete mulheres com baixa imunidade (como aquelas em tratamento com
corticoides, HIV quimioterapia ou diabetes) e na gravidez.
C. glabrata
Única espécie que não forma pseudo-hifas e se apresenta sob a forma de macroconídias
(microesporos). 
Saiba mais
As leveduras presentes na microbiota vaginal são, na maioria das vezes, provenientes do trato
gastrointestinal. Elas passam da região anal para a vaginal por autoinoculação. Na região vaginal, elas se
adaptam e desenvolvem. Além disso, as leveduras produzem enzimas hidrolases que possibilitam a
penetração no epitélio escamoso, onde participam da microbiota ou podem causar inferiores, imediatos
ou posteriores. A transmissão sexual também é aceita. Outras espécies além da Candida sp. podem
causar infecções mitóticas, mas, para identificação, é necessária a cultura. 
Você imagina por que na gravidez pode acontecer uma infecção por leveduras?
Resposta
Na gestação, o aumento da produção de
progesterona ocasiona uma intensa
descamação do epitélio, principalmente das
células intermediárias, com inúmeros grânulos
de glicogênio (células naviculares) que
favorecem o crescimento de lactobacilos. A
citólise pelos lactobacilos libera o glicogênio
que é metabolizado ao ácido láctico e, assim,
diminui o pH vaginal. As leveduras, como a 
Candida sp., apresentam a capacidade de
crescer em pH ácido (inferior a 3,8).
A infecção por Candida sp. pode ser assintomática ou sintomática com a presença de uma secreção
vaginal espessa, branca (semelhante à nata de leite) associada a prurido e à dor. Com frequência, a
vulva e vagina estão edemaciadas e hiperemiadas, algumas vezes associadas à dor e à queimação
ao urinar. As lesões acometem a vulva, a vagina e algumas vezes o colo do útero. Na parede vaginal
e no colo do útero, podem aparecer pequenos pontos branco-amarelados.
Na análise dos esfregaços cervicovaginais, a infecção demostra células com algumas alterações
degenerativas, apresentando vacúolos citoplasmáticos, pseudoeosinofilia, halos perinucleares e núcleo com
retração da borda nuclear. No entanto, algumas vezes, são observadas alterações reativas com a tumefação
nuclear. No fundo da lâmina, encontram-se neutrófilos, piócitos e podem identificar hifas, pseudo-hifas e
esporos redondos ou ovais com 3 a 7 micrômetros de diâmetro. Essas estruturas coram normalmente em
vermelho ou marrom. Na figura a seguir, podemos observar a presença dessas estruturas nos esfregaços
cervicovaginais.
Recomendação
Durante a leitura das lâminas, para identificar as infecções mitóticas, faz-se necessário que ocorra uma
busca minuciosa na lâmina, uma vez que as hifas, os esporos e as pseudo-hifas são dispostos embaixo
das células escamosas, sendo difícil visualizá-los. Assim, é importante analisar as extremidades dos
esfregaços, pois essa área tem agrupamentos mais frouxos de células e a leve dessecação comum
nessas áreas facilita o reconhecimento, especialmente dos esporos que se mostram maiores que
aqueles presentes nos setores bem fixados da amostra. 
Fotos dos esfregaços cervicovaginais corados por Papanicolau (aumento de 40x),
mostrando a presença de pseudo-hifas e esporos de fungos.
Protozoários - Trichomonas vaginalis
Trichomonas vaginalis é um protozoário exclusivamente humano, anaeróbio facultativo, flagelado, unicelular e
provido de mobilidade. Esse protozoário causa infecção do sistema geniturinário no homem e na mulher, a
tricomoníase. A transmissão desse patógeno é sexual. Em metade das mulheres, a infecção é assintomática;
quando sintomática, causa corrimento vaginal abundante, purulento, de cor verde-amarelada, bolhoso e odor
desagradável. O exame ginecológico evidencia sinais de irritação vulvar, hiperemia e edemas nas paredes
vaginais, que apresentam aspecto característico de “morango.”
Recomendação
No momento da coleta, é importante realizar a análise de todo o trato genital para observar possíveis
alterações macroscópicas. Essas alterações devem estar contempladas no pedido médico. 
Nas mulheres, o local de alojamento é na vagina, mas pode permanecer na uretra, bexiga, glândulas
acessórias, no canal cervical e na cavidade uterina. Esse protozoário apresenta a capacidade de destruir de
forma direta as células escamosas. Como você imagina que essa destruição das células será observada nos
esfregaços cervicovaginais?
 
Nos esfregaços cervicovaginais de mulheres infectadas por T. vaginalis, a análise citológica apresenta
alterações degenerativas, com pseudoeosinofilia, halos perinucleares e tumefação nuclear. Além disso, pode
ocorrer necrose celular observado por cariólise e cariorrexe.
 
O fundo do esfregaço é caracterizado pela presença de muco, exsudato purulento, com acúmulo de
neutrófilos se sobrepondo às células epiteliais degenerativas, conhecidos como “balas de canhão”. Os
protozoários também são observados como estruturas ovais ou redondas, com tamanho entre 5 a 20
micrômetros, com o citoplasma corado de cinza-azulado e apresenta grânulos castanho avermelhados.
 
O núcleo é excêntrico, redondo ou oval, semitransparente, levemente basofílico e mal definido. Raramente,
são observados os flagelos do parasita, apenas o núcleo. Importante ressaltar que, para a diferenciação dos
restos citoplasmáticos, é essencial a visualização do núcleo do parasita.
 
Vamos agora conhecer a estrutura dos parasitas e como são observados nos esfregaços cervicovaginais veja
na figura a seguir.
O protozoário Trichomonas vaginalis e as alterações citológicas causadas nos
esfregaços cervicovaginais.
Observe com atenção: no fundo dos esfregaços de mulheres infectadas com T. vaginalis, é comum a
associação (em quase 85% dos casos) com uma bactéria anaeróbia de Leptothrix vaginalis. Essa bactéria é
comum na mucosa intestinal, oral e, ocasionalmente, na vagina. Aparece como uma estrutura filamentosa, em
forma de “S”, “U”.
 
Vamos conhecer um pouco mais do padrão citológico dessa bactéria na figura abaixo.
Esfregaços cervicovaginais corados pelo Papanicolau, aumento de 40x. Na imagem,
podemos observar a presença de bactérias em forma de filamentos em “U”,
característico de Leptothrix vaginalis (seta preta). Essas bactérias estão associadas
a T. vaginalis (seta azul).
Agentes infecciosos que são patógenos do trato genital feminino
Neste vídeo, conheça mais sobre citologia inflamatória.
Conteúdo interativo
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Verificando o aprendizado
Questão 1
Investigamos nesse módulo algumas alterações citológicas nos esfregaços cervicovaginais
durante as infecções bacterianas. A presença das bactérias nem sempre é sinal de infecção,
pois existem microrganismos que fazem parte da microbiota normal. Sobre os lactobacillus
sp., assinale a alternativa correta:
AOs lactobacillus sp. apresentam enzimas capazes de causar a destruição proteolítica das células
escamosas intermediárias ricas em glicogênio. A citólise por essa bactéria é comum nas crianças.
B Os lactobacillus sp. quebram o glicogênio das células naviculares que são capazes de manter o pH
vaginal alcalino.
C O padrão de citólise provocado pelos lactobacilos é observado pela presença de restos citoplasmáticos
e núcleos desnudos, presença dos lactobacilos e poucos leucócitos.
D Os lactobacillus sp. são constituintes da flora normal apenas de crianças.
A alternativa C está correta.
Os lactobacillus sp. são normalmente encontrados nas fases do ciclo, onde há maior acúmulo de
glicogênio, sendo assim presente na fase secretória do ciclo e em mulheres grávidas. A quebra desse
glicogênio possibilita a sua conversão em ácido láctico, que é capaz de diminuir o pH vaginal, que fica
ácido, ou seja, em torno de 3,8-4,5. Essas bactérias são os constituintes da flora normal, conhecidos como
bacilos de Döderlein.
Questão 2
Verificamostambém o padrão citológico encontrado nos esfregaços cervicovaginais das
infecções por Herpes-vírus. Sobre o padrão citológico encontrado nos esfregaços
cervicovaginais, assinale a alternativa correta:
A
Nos esfregaços cervicovaginais de mulheres com infecção por Herpes-vírus, as células escamosas
apresentam a membrana nuclear espessa, multinucleação com os núcleos sobrepostos.
B As células que predominam nos esfregaços cervicovaginais de mulheres contaminadas pelo Herpes-
vírus são as células basais.
C Nos esfregaços cervicovaginais de mulheres com infecção por Herpes-vírus, é característica a
presença de células-bala.
D Nos esfregaços cervicovaginais de mulheres com infecção por Herpes-vírus, as células apresentam
uma diminuição de tamanho.
A alternativa A está correta.
As células balas de canhão, que são amontoados de neutrófilos e piócitos recobrindo os restos celulares,
pela enorme destruição que acontece no epitélio escamoso, não são características das infeções virais.
Nas Herpes-vírus, ocorre citomegalia, multinucleação com núcleos sobrepostos, são acometidas as células
escamosas parabasais e superficiais, metaplásica imaturas e endocervicais e ocorrem diferentes alterações
morfológicas.
3. As reparações, lesões pré-cancerosas e carcinoma
Identificação dos processos nas características citológicas
Vimos que, independente da origem dos processos inflamatórios, há alterações estruturais nas células. Essas
alterações podem colocar em risco a estrutura e o funcionamento normal do epitélio escamoso e da
endocérvice. As células podem proliferar ou diferenciar em uma tentativa de minimizar os estragos, garantindo
assim a sobrevida e manutenção do funcionamento normal das células nesses tecidos.
 
Esses processos são chamados de reações proliferativas benignas. Eles podem ser didaticamente divididos
em: processos de proteção, destrutivos e reparação.
Processos de proteção
Quando o epitélio estratificado escamoso cervicovaginal está sofrendo a influência de estimulação crônica,
ele sofre um processo de hiperdiferenciação. Esse processo pode ser:
 
Acantose consiste no aumento de células e da espessura do epitélio para aumentar seu poder de
proteção.
Hiperqueratose consiste no espessamento do estrato córneo associado à produção anormal da
queratina nas células da camada superficial do epitélio escamoso. Nesse caso, as células superficiais
são maduras e anucleadas.
Paraqueratose é outro tipo de queratinização com produção anormal da queratina pelo epitélio
estratificado escamoso superficial, mas as células nesse caso não perdem os núcleos.
Metaplasia: metaplasia consiste em fenômeno adaptativo que resulta em um novo tipo celular mais
bem preparado para suportar um ambiente adverso.
Processos destrutivos
Inflamação. Como visto anteriormente, os mecanismos iniciais de defesa compreendem: barreira epitelial,
síntese de muco protetor, pH vulvar e vaginal, microbiota vaginal e componentes inespecíficos inerentes à
imunidade inata (células fagocitárias e reação inflamatória).
Processos de reparação tecidual
Você imagina como acontece a reconstrução do tecido lesado? Quais as alterações celulares podem ser
observadas nos esfregaços cervicovaginais que identificam um processo de reparação? Quando devemos
identificar uma lesão para evitar o desenvolvimento do câncer?
 
O processo de reparação tecidual consiste na substituição do tecido lesado por células viáveis. Inicia-se
quando há a destruição dos epitélios causados por processos inflamatórios severos, biópsias cauterização ou
radioterapia, desenvolvendo um processo de reparação. A reparação tecidual pode ocorrer através da
regeneração (nesse caso, ocorre a substituição da célula lesada por outra do mesmo tipo, restabelecendo a
integridade do tecido) ou por fibrose (a lesão é grande e não é possível a regeneração das células. Assim, as
células lesadas são substituídas por tecido conjuntivo, ou seja, fibroblastos e colágeno).
 
A reparação tecidual na endocérvice acontece a partir das células de reserva (células do epitélio colunar
endocervical. São células basais, pequenas, triangulares e intercaladas)e na ectocérvice pelas células
basocelulares localizadas na camada basal do epitélio escamoso. Quando ocorre a reparação por
regeneração, essas células proliferam e migram para cobrir a lesão. Em um primeiro momento, verifica-se uma
única camada de células com aumento na atividade biológica, depois, essas células se diferenciam. A maioria
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das células epiteliais de reparação é derivada das células glandulares ou metaplásicas imaturas, sendo menos
comuns as células escamosas.
A maioria das células epiteliais de reparação é derivada das células glandulares ou
metaplásicas imaturas, sendo menos comuns as células escamosas.
Por isso, na análise citopatológica, é muito difícil verificar a origem das células.
Quando a lesão se estende também para o tecido fibroconjuntivo, a reparação tecidual acontece por fibrose.
O mecanismo pelo qual o tecido lesionado é substituído por tecido conjuntivo, sintetizado pelos fibroblastos,
pode ser observado na figura a seguir.
Esquema mostrando as principais fases do processo de reparação na fibrose.
É possível observar que, (A) após a destruição do tecido epitelial e do tecido fibroconjuntivo por diferentes
fatores (processos inflamatórios severos, biopsias cauterização ou radioterapia), há o recrutamento de células
inflamatórias para o local da lesão (primeiro neutrófilo e depois macrófago) a fim de eliminar o agente agressor
e os restos celulares. (B) Em seguida, no local da lesão, há uma neoformação de capilares, repondo aqueles
que se perderam durante a agressão. (C) As células epiteliais da borda da lesão se proliferam (células de
reparação epitelial) e migram para cobrir a lesão. Em um primeiro momento, verifica-se uma única camada de
células com aumento na atividade biológica. Junto às células epiteliais, os fibroblastos se proliferam (célula de
reparação mesenquimal) e migram para a área da lesão. (D) As células epiteliais se proliferam e diferenciam-
se formando as células idênticas ao tecido; os fibroblastos também se proliferam e sintetizam as fibras
colágenas. Finalmente, há a formação da cicatriz (fibrose), reconstituindo as condições normais do tecido
fibroso adulto.
 
Podemos observar no quadro 01 o padrão citológico encontrado nos esfregaços cervicovaginais das células
de reparação epitelial e mesenquimal. Ressalta-se que, no início do processo de reparação, pode ocorrer um
exsudato inflamatório, com hemácias integras, diferentemente do que acontece no câncer invasivo, em que se
apresentam hemácias lisadas (assunto que será abordado nos próximos tópicos deste tema).
 
Em alguns casos, as células de reparação apresentam alterações nucleares difíceis de diferenciar das
encontradas nas neoplasias malignas (como carcinoma escamoso não queratinizante e adenocarcinoma
endocervical). Nessa situação, o processo de reparação é chamado de atípico e está incluído na categoria de
atipias de células escamosas de significado indeterminado (ASC).
 
No quadro a seguir, também vemos as características das células de reparação atípicas.
Como podemos diferenciar as neoplasias de uma reparação celular atípica?
Durante o exame citopatológico, podemos verificar alguns fatores que ajudam no diagnóstico diferencial da
reparação celular atípica, como: a idade e a história do paciente (incluindo a verificação de traumatismo
recente, cauterização ou infecção), ausência de material necrótico (restos celulares e fibras), maior coesão
celular e orientação unidirecional do núcleo quando as células estão agrupadas. Nas neoplasias, as células
isoladas são numerosas e há a sobreposição nuclear e presença de material necrótico.
Células Citoplasma Núcleo Arranjo Celular
Células de
reparação
epitelial
(típica)
Abundante, de
coloração pálida a
bosofílico
(produção de RNA
e proteínas); as
bordas
citoplasmáticas
são geralmente
indistintas.
Volumosos, redondos
ou ovais, únicos ou
múltiplos,com bodas
regulares. Cromatina
finamente granular.
Nucléolo típico às
vezes. Macronucléolo
eosinofílico
(relacionado ao
aumento de síntese
proteica).
Células com boa coesão,
aparecendo em
agrupamentos
monoestratificados. Pode
apresentar
prolongamentos, com
limites geralmente mal
definidos. Células isoladas
são raras. Orientação
nuclear na mesma direção
(polaridade nuclear
conservada).
Células de
reparação
mesenquimais
(origina
fibroblastos)
Citoplasma
alongados e
cianofílico. Essas
células podem
apresentar-se
reativas
(apresentam uma
maior coloração)
Núcleos com bordas
regulares, cromatina
finamente granular e
nucléolos. O núcleo
acompanha a forma da
célula.
Isolados e agrupados.
Células de
reparação
epitelial
atípica
Citoplasma
abundante
Anisocariose (variação
no tamanho dos
núcleos das células
que constituem o
agrupamento) mais
significativa,
hipercromasia e
cromatina com
granulação mais
grosseira, às vezes
irregularmente
distribuída. Nucléolo
pode ser atípico
(múltiplo ou com
alteração da forma).
Grupos celulares mais
desorganizados, às vezes
pseudosincícios
(polaridade nuclear
alterada) e eventuais
células isoladas.
Tabela: Características citológicas das células de reparação. 
Helena Horta Nasser.
Analisaremos agora como esse padrão citológico é observado nos esfregaços cervicovaginais, a partir da
abaixo.
Fotos dos esfregaços cervicovaginais corados por Papanicolau mostrando Citologia
das células de reparação.
Durante algumas exposições, como a radioterapia, colocação do DIU e deficiências do organismo, por
exemplo, vitamina B12/ácido fólico, as células encontradas nos esfregaços cervicovaginais apresentam
modificações nucleares e citoplasmáticas características e que podem permanecer durante longos anos.
 
Essas alterações são importantes, pois podem ajudar a avaliar se o tratamento radioterápico funcionou na
eliminação das células malignas ou no diagnóstico precoce de algumas doenças, como acontece na
deficiência de vitamina B12/ácido fólico.
 
A radioterapia é utilizada para o tratamento do câncer e, em especial, do carcinoma escamoso do colo do
útero. O exame cervicovaginal é de suma importância, pois o encontro de células malignas que persistem ou o
reaparecem após o tratamento indica a necessidade imediata de intervenção cirúrgica e clínica. A análise para
verificar a persistência de células malignas deve ser realizado após 4-8 semanas do início do tratamento.
 
Nesse período, ainda existe uma grande quantidade de material necrótico, de células inflamatórias e ainda
podem ser vistas células malignas. Depois, há atrofia do epitélio, essas alterações podem ser agudas
(persistem até 6 meses do final do tratamento) ou crônicas (persistindo durante anos).
Vistas células malignas
Após a radiação, as células malignas que persistem apresentam alterações morfológicas provocadas
pela radiação e pela malignidade da doença. A viabilidade das células malignas deve ser avaliada através
da visualização de mitoses nessas células.
Diferença entre células irradiadas malignas e benignas
Células malignas
Alteração da relação núcleo-citoplasma; membrana nucelar espessada; cromatina preservada,
grosseira, distribuída irregularmente.
Células benignas
Relação núcleo-citoplasma preservada; cromatina granular ou de aspecto “borrado”; hipercromosia
quando ocorre picnose.
Podemos ver as alterações morfológicas (núcleo e citoplasma) do efeito da radiação nas células da
radioterapia observando o quadro e imagem a seguir.
 Alterações citoplasmáticas Alterações nucleares Outras alterações
Alterações
associadas à
radioterapia
(fase aguda)
Vacuolização; citomegalia;
coloração bifásica (anfofilia/
policromasia); Formas
bizarras com
prolongamento; fagocitose
(pseidocaninalismo); bordas
citoplasmáticas mal
definidas; células gigantes
multinuceladas.
Aumento nuclear e na
relação núcleo/
citoplasma; cromatina
finamente regular;
hipercromasia/
normocromasia; bi/
multinucleação;
vacúolos
instranucelares;
cariorrexe e picnose.
Numerosos
histiócitos,
podendo estar
multinucleados;
presença de
células reparação.
Alterações
associadas à
radioterapia
(fase
crônica)
Células de diferentes
tamanhos com o citoplasma
anfofílico ou policromático.
Multinucleação e a
vacuolização
citoplasmática são
menos persistentes.
Presença de
macrócitos.
Padrão atrófico,
sem inflamação e
células de
reparação.
Tabela: Alterações associadas à radioterapia. 
Adaptado de BRASIL, 2012a.
Fotos dos esfregaços cervicovaginais corados por Papanicolau (aumento de 40x)
mostrando alterações relacionadas à radioterapia.
Algumas deficiências nutricionais, como de vitamina B12/ácido fólico, podem causar alterações morfológicas
nas células do trato genital que são observadas muito antes das alterações megaloblásticas da medula óssea.
Essas alterações são semelhantes àquelas encontradas durante a radioterapia. A deficiencia é comum nas
mulheres grávidas, usuárias de contraceptivos orais e na lactação.
Saiba mais
A vitamina B12 e o ácido fólico são coenzimas importantes para a síntese de DNA e a divisão dessa
molécula. A deficiência dessa vitamina e do ácido fólico causa anemia, com as hemácias em um tamanho
maior do que o normal. Essa anemia é conhecida como Anemia Megaloblástica. 
Além disso, o uso do DIU por longos períodos causa irritação mecânica crônica e alterações reativas nas
células glandulares endometriais, endocervicais e metaplásicas escamosas. As alterações envolvendo os
núcleos podem ser significativas e confundidas com o adenocarcinoma. Devemos estar atentos aos dados
clínicos dos pacientes no pedido médico.
 
Vamos agora conhecer as alterações celulares nessas duas condições. O quadro 03 mostra as principais
alterações associadas ao uso do DIU e à deficiência de vitamina B12. Na Figura 16, podemos analisar as
alterações nas células durante a deficiência de B12 e provocadas pelo uso do DIU.
 Alterações
citoplasmáticas Alterações nucleares Outras alterações
Alterações
associadas à
deficiência de
vitamina B12/
ácido fólico
Citoplasma pálido, às
vezes com anfolia;
vacuolização; formas
bizarras, às vezes com
projeções
citoplasmáticas.
Cariomegalia.
Aumento do núcleo
(mantem a relação
núcleo/citoplasma).
Podem aparecer bi
ou multinucelação.
Prega longitudinal e
projeções
citoplasmáticas.
Presença de
neutrófilos
hipersegmentados
(com seis ou mais
lobos).
Alterações
associadas ao
uso do DIU
(contraceptivo
intrauterino)
Células endocervicais:
podem aparecer como
células colunares
grandes,
hipervacuolizadas, às
vezes com neutrófilos e
intracitoplasmáticos.
Células endometrias:
revela grandes vacúolos
citoplasmáticos, às vezes
infiltrados por neutrófilos
(leucofagocitose)
Células
endocervicais:
núcleos aumentados
de volume com
variação do
tamanho e
hipercromasia.
Células
endometriais:
aumento nuclear
com leve
hipercromasia,
cromatina
condensada e
nucléolo.
Células
endometriais: são
observadas em
qualquer época do
ciclo menstrual.
As células
gandulares: podem
estar isoladas ou
agrupadas
(normalmente de
5-15 células) em um
fundo limpo.
Tabela: Alterações citológicas associadas à deficiência da vitamina B12/ácido fólico e ao uso do DIU. 
Helena Horta Nasser.
Alterações relacionadas à deficiência de vitamina B12/ácido fólico e ao uso do DIU.
Lesões pré-cancerosas, lesões intraepiteliais escamosas e
carcinoma escamoso do colo uterino “in situ” e invasor
O câncer do colo do útero é o segundo tumor mais frequente nas mulheres. Vamos iniciar estudando a
infecção pelo papilomavírus humano (HPV). Estudos demonstram uma intensa relação entre a infecção pelo
HPV e o câncer na região anogenital, que corresponde ao carcinoma cervical, vulvar, vaginal, do pênis e ânus,
sendo que, no câncer do colo do útero, a prevalência da infecção pelo HPV é de 75-100%.
O HPV é um vírus de DNA com dupla hélice circular, com capsídeo icosaédrico, não envelopado e que possui
tropismo para o epitélio estratificado da pele, cavidade oral e anatogenital. Até a presentedata, são descritas
mais de 150 espécies de HPV, sendo: 
Vírus 
Os vírus são organismos intracelulares obrigatórios. 
15 espécies com alto poder carcinogênico (como HPV do tipo 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58,
59 e 61); e
outras de baixo risco (como HPV do tipo 6 e 11).
 
O contágio pelo HPV ocorre após o contato sexual em 99% dos casos, podendo ocorrer também de forma
vertical (0,5%), ou seja, no momento do parto, e a partir de fomentos (0,5%) como: toalhas, brinquedos, motel
e sabonetes. A infecção ocorre após a entrada do vírus por pequenas lesões na mucosa.
HPV do tipo 6 e 11
As mulheres infectadas por esse sorotipo raramente desenvolvem lesões progressivas. 
Saiba mais
O HPV tipo 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, são responsáveis por 80% dos canceres genitais. Atualmente, está
disponível pelo SUS a vacinação contra o HPV dos tipos 16 e 18 para pessoas entre 9-26 anos. O
esquema vacinal é realizado em 3 doses nos intervalos de 0,3 e 6 meses. 
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Vamos agora entender como essas células penetram o epitélio escamoso do trato genital assistindo ao vídeo
a seguir.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
As manifestações da infecção pelo HPV podem ser clínicas com o aparecimento de verrugas (condilomas) na
região vulvar ou perianal. Essas verrugas são chamadas popularmente de “crista de galo”, “figueira” ou “cavalo
de cristais” e são infecções documentadas em 30% dos casos. Tais infecções podem ser subclínicas (que
correspondem a 70% dos casos), ou seja, não vistas a olho nu, e são apenas diagnosticadas pelas alterações
na morfologia celular, verificadas no exame citopatológico, histopatológico e pelo exame colposcópico.
 
As características citológicas das infecções pelo HPV de baixo grau incluem algumas alterações que podem
ser observadas no quadro e na figura a seguir. Importante ressaltar que a infecção latente pelo HPV não é
detectada pelos métodos tradicionais, apenas por testes histopatológicos e de Biologia molecular.
Tipo de
alteração
Alterações
citoplasmáticas Alteração nucleares Observações
Coilocitose
Células escamosas
intermediárias e
superiores com
cavitação perinuclear
bem demarcada com
condensação
periférica do
citoplasma.
Aumento do tamanho
e hipercromasia
nuclear, às vezes bi e
multinucleação, além
de cromatina de
aspecto “borrado” ou
granular.
Importante distinguir o
coilócito de células
naviculares, células com
halos inflamatórios e
células metaplásicas
com citoplasma
diferenciado em endo e
ectoplasma. No
coilócito, o halo
perinuclear é mais claro.
Disqueratose
Disqueratócitos
podem ocorrer na
superfície do epitélio.
São células
escamosas em
miniatura ou do
tamanho padrão com
queratinização
anormal.
Aumento nuclear,
hipercromasia,
cromatina
condensada e leves
irregularidades da
borda nuclear.
Não são específicas da
infecção pelo HPV.
Macrócitos
Células muito grandes,
com citoplasma
eosinofílico, cianofílico
ou policromático,
contendo às vezes
neutrófilos ou outras
células escamosas.
Células muito
grandes, com
citoplasma
eosinofílico, cianofílico
ou policromático,
contendo às vezes
neutrófilos ou outras
células escamosas.
Essas células podem ser
observadas também na
deficiência de B12/ácido
fólico, como efeito de
radioterapia e
quimioterapia.
Tabela: Alterações citológicas associadas à infecção pelo HPV.
Helena Horta Nasser
Alterações citológicas associadas à infecção pelo HPV.
Como mencionado, a infecção pelo HPV é a primeira causa das lesões pré-cancerosas que podem evoluir para
o câncer. A infeção pelo HPV é incluída no sistema Bethesda como lesão intraepitelial escamosa de baixo grau
(NIC-1). As lesões intraepiteliais são divididas em 3 tipos (NIC 1, NIC 2 e NIC 3) e, histologicamente, são
classificadas de acordo com o grau de diferenciação, maturação e estratificação das células e anormalidades
nucleares. A proporção da espessura do epitélio representada por células indiferenciadas é utilizada para a
graduação das lesões, veja a figura abaixo.
Esquema mostrando a evolução das lesões pré-cancerosas.
O diagnóstico histológico pelo NIC é observado pela proliferação, perda de diferenciação, perda da polaridade
celular e atipias nucleares (núcleos aumentados, maior relação núcleo/citoplasma, maior intensidade de
coloração, variação do tamanho e forma do núcleo). À medida que se aumenta a gravidade da lesão, há um
aumento do aparecimento de mitoses e de células indiferenciadas. O grau de displasia é medido pela
espessura do epitélio, que é composto por tais células. Na figura, observa-se que, conforme é aumentado o
grau de displasia, o epitélio normal é substituído por células indiferenciadas e, no NIC 3, ele é totalmente
substituído, só estando presente células desse teor.
Como é feito o diagnóstico citológico nas lesões pré-cancerosas?
Devemos observar as alterações nucleares das células descamadas da superfície epitelial. Nas lesões
intraepiteliais escamosas de baixo grau (LSIL), existem alterações nucleares, mas essas células ainda
apresentam grande volume citoplasmático. De forma diferente, nas lesões de alto grau (HSIL), o citoplasma
encontra-se escasso. No carcinoma in situ, só são observadas células indiferenciadas. Para a classificação
citológica dessas lesões, devemos observar a maturidade citoplasmática (verificar a relação da quantidade de
núcleo em relação ao citoplasma – relação núcleo/citoplasma -, em que quanto maior a relação em células
normais, maior é a displasia) e a intensidade de alterações nucleares (aumento de tamanho, alterações na
forma, e na borda nuclear e modificação da coloração e da cromatina).
Saiba mais
Como no sistema Bethesda, as lesões conhecidas como displasia moderada/NIC 2 e carcinoma in situ
(NIC 3) são incluídas na mesma classificação de lesão intraepitelial escamosa de alto grau, pela
dificuldade de diferenciação no diagnóstico citológico dos dois tipos, elas são apresentadas nesse
quadro juntas. No entanto, podemos observar algumas alterações citopatológicas, como: NIC 2:células
similares àquelas da displasia leve, acompanhadas por células anormais mais imaturas. Essas células têm
relação nucleocitoplasmática aumentada e citoplasma menos abundante, que, geralmente, é denso e
lembra em textura e configuração aquele das células metaplásicas. Os núcleos são hipercromáticos,
podendo exibir maior número de cromocentros e maiores irregularidades da membrana nuclear do que
nas células da displasia leve. NIC 3 (carcinoma in situ): os esfregaços contêm habitualmente grande
número de células primitivas, imaturas, que podem variar de tamanho de caso a caso, porém sempre
exibindo elevada relação nucleocitoplasmática. As células podem se mostrar isoladas ou em
agrupamentos sinciciais com bordas celulares indistintas e núcleos desordenados, com sobreposição. As
bordas nucleares são irregulares e podem ter uma aparência interrompida. Podem ocorrer raras figuras
de mitose anormais. Quando as células alteradas são muito pequenas e se mostram isoladas, são mais
difíceis de identificar na rotina, principalmente nos esfregaços contendo abundante exsudato purulento
ou sangue. Os sinais de gravidade da lesão são: aumento do número de células anormais, diminuição da
maturação citoplasmática, irregularidade das bordas nucleares, aumento do tamanho dos grânulos da
cromatina e sem o aparecimento dos coloides. 
Conheceremos agora um pouco mais das diferenças entre as lesões escamosas de baixo e alto grau que
estão descritas na figura e quadro a seguir.
Padrão citológico das lesões intraepiteliais escamosas de baixo e alto grau.
Alterações histológicas e citológicas associadas às lesões intraepitelial escamosas
de baixo e alto grau.
Em infecções persistentes pelo HPV, as lesões de baixo grau podem evoluir para lesões de alto grau, que
rompem a membrana basal e invadem o estroma adjacente, evoluindo assim para o carcinoma escamoso
invasivo. Esse tipo de neoplasia corresponde a 75% dos tumores malignos do colo do útero.
 
Como vamos diferenciar duranteum exame citopatológico um carcinoma in situ de um carcinoma invasor?
Existem algumas condições que podem simular carcinoma escamoso invasivo.
Baixo grau podem evoluir para lesões de alto grau
Nem sempre ocorre dessa forma, há casos que no início há o aparecimento de uma lesão de alto grau.
Característica Carcinoma in situ Carcinoma invasor
Forma
Aspecto
relativamente
monótono das
células.
Variação do tamanho
e a forma das
células.
Núcleo
Aumentado
(graduação +/++++)
Aumentado
(graduação ++/+++
+)
Citoplasma Mais escasso. Mais abundante.
Cromatina Regular Irregular.
Nucléolo Ausente. Proeminente.
Diátese tumoral (Sangue, fibrina. Células
inflamatórias, restos celulares presentes no
fundo da lâmina) Ausente. Presente.
Ausente. Presente.
Tabela: Diferença do padrão citológico entre o carcinoma in situ e o carcinoma escamoso invasor. 
Adaptado de Brasil, 2012a.
Existem algumas condições que podem simular carcinoma escamoso invasivo. Vamos agora ver como
podemos diferenciá-las:
Lesões intraepiteliais escamosas, especialmente as
queratinizantes
Ausência de diátese tumoral;
Ausência de “espaços claros” nos núcleos caracterizando a distribuição irregular da cromatina;
Ausência de nucléolo em outras células anormais não queratinizadas.
Processo de reparação
Células isoladas raras;
Menor relação nucleocitoplasmática;
Anormalidades menos significativas na distribuição da cromatina;
Ausência de diátese tumoral.
Atrofia
Ausência de irregularidade das bordas nucleares;
Ausência de irregularidades na distribuição da cromatina.
Alterações citopáticas pelo Herpes-vírus
Multinucleação;
Amoldamento nuclear e rarefação da cromatina em outras células.
Efeito de radioterapia/quimioterapia
Macrocitose;
Policromasia;
Vacuolização citoplasmática;
Cromatina de aspecto “borrado”.
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Adenocarcinoma pouco diferenciado endocervical ou endometrial
Arranjos glandulares, arranjos esféricos;
Células colunares no adenocarcinoma endocervical;
Vacuolização frequente e infiltração neutrofílica comum no adenocarcinoma endometrial;
Núcleos às vezes excêntricos, com menor hipercromasia e nucléolos mais frequentes e
proeminentes;
Ausência de células queratinizadas.
Adenocarcinoma metastático
Características similares às descritas no item acima.
As principais manifestações clínicas dos carcinomas invasores são sangramento anormal, hematúria, dor que
irradia para a região sacral, fraqueza, perda de peso. Os carcinomas invasores podem ser classificados em 3
tipos diferentes de acordo com o padrão histopatológicos: carcinoma escamoso de células não
queratinizantes de grandes células (mais comum), carcinoma escamoso de células queratinizantes e
carcinoma escamoso de células não queratinizantes pequenas (mais raros). Podemos observar essas
diferenças no quadro e figura a seguir.
Alterações histológicas e citológicas associadas às lesões intraepitelial escamosas
de baixo e alto grau.
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Padrão citológico dos carcinomas escamosos invasores.
Lesões glandulares intraepiteliais (GIL)
A segunda maior neoplasia do colo uterino é o adenocarcinoma endocervical. A infecção pelo HPV também é
capaz de desenvolver o adenocarcinoma. As lesões glandulares são de difícil diagnóstico, pois não existem
sinais clínicos e a maioria das lesões encontra-se dentro do canal endocervical, o que dificulta a coleta das
amostras.
 
Histologicamente, o adenocarcinoma é um tumor maligno com células com a aparência das células
glandulares endocervicais. A neoplasia infiltra o estroma do colo, sob a forma de glândulas que apresenta
diferentes tamanhos e exibem forma irregular. Essas estruturas são revestidas por uma ou mais camadas de
células tumorais cuboides ou colunares.
 
Segundo o Sistema Bethesda 2001 e a nomenclatura brasileira para laudos cervicais (2006), as anormalidades
citológicas das glândulas endocervicais podem ser dividias em 4 grupos, conforme podemos observar na
tabela e figura a seguir.
Classificação
Observação
Característica Citopatológica
Citoplasma Núcleo Arranho
Células epiteliais
glandulares
endocervicais
atípicas de
significado
indeterminado,
provavelmente
não neoplásicas
Atipia de células
glandulares
endocervicais
diagnosticada no
exame citológico
correspondem no
exame
histopatológico,
mais
frequentemente,
às lesões pré-
cancerosas de
origem escamosa
do que
adenocarconoma
endocervical.
Pode ser
abundante, mas a
relação
nucleocitoplasmática
se mostra
aumentada.
Leve
hipercromasia,
raras mitoses.
Aumento
nuclear entre
três a cinco
vezes a área
dos núcleos
das células
endocervicais
normais.
Células em
agrupamentos e “tiras”
com algum
amontoamenteo e
sobreposição nuclear.
Células epiteliais
glandulares
endocervicais
atípicas de
significado
indeterminado
possivelmente
neoplásicas
O risco de doença
pré-maligna
nesse grupo
corresponde a
96%, para o
desenvolvimento
e diagnóstico
histopatológico
do
adenocarcinoma 
in situ e invasico.
Aumento da
relação
nucleocitoplasmática.
Menor quantidade
de citoplasma com
bordas celulares
mal definidas.
Núcleos
aumentados de
volume com
leve a
moderada
hipercromasia.
Mitoses
ocasionais.
Células em placas ou
“tiras” com
amontoamento e
sobreposição. Raras
rosetas ou aspecto de
“plumagem” (feathering)
Adenocarcinoma
cervical in situ
Histologicamente
é caracterizado
pela preservação
da arquitetura
glandular normal;
envolvimento de
parte ou de todo
o epitélio
revestindo as
glândulas ou a
superfície;
aumento nuclear,
cromatina
grosseira,
nucléolo pequeno
único ou múltiplo;
aumento da
atividade
mitótica; variável
estratificação dos
núcleos. O fundo
dos esfregaços é
límpido, com
aumento da
celularidade.
Algumas das
células anormais
mostrando
aparência
colunas.
Citoplasma
delicado e mal
definido.
Apoptose. A
apoptose, ou
corpos
apoptóticos,
representam
núcleos
homogêneos,
condensados, com
ou sem
fragmentação
nuclear e
citoplasma
densamente
eosionofílico.
Alongamento
dos núcleos;
núcleos
aumentados de
volume com
variação do
tamanho;
hipercromasia
nuclear;
cromatina
grosseiramente
granular;
núceolo
pequeno ou
não evidente;
mitoses.
Perda do padrão em
“favo de mel”, com
sobreposição dos
núcleos. Tiras ou
arranjos em “paliçada”
com
pseudoestratificação
nuclear. Aspecto de
“plumagem”(feathering)
com relação às bordas
do agrupamento
(protusão nuclear).
Arranjos glandulares ou
em “roseta” que
correspondem a
conjuntos circulares de
células com núcleos
periféricos e
citoplasma voltado em
direção ao centro.
Classificação
Observação
Característica Citopatológica
Citoplasma Núcleo Arranho
Adenocarcinoma
cervical invasivo
Histologicamente
eles apresentam
células individuais
ou glândulas
incompletas
revestidas por
células parecendo
morfologicamente
malignas na
interface do
estroma;
glândulas
parecendo
malignas
circundadas por
resposta
desmoplásica.
Pode ser que
essas alterações
não apareçam e
deve ser
verificado
glândulas com
arquiterura
complexas
ramificadas, ou
glândulas
pequenas,
presença de
glândulas abaixo
do limite profundo
das glândulas
normais. Diátese
tumoral (em
metade dos casos
ou menos). Maior
número de células
anormais, com
frequente
configuração
colunar.
Citoplasma
delicado, mal
delimitado.
Maior perda da
coesão celular.
Núcleos
maiores, mais
pleomórficos.
Bordas
nucleares
espessas e
irregulares.
Nucléolos mais
frequentes e
mais
proeminentes.
Mitoses mais
frequentes.
Cromatina
irregularmente
distribuída
(espaços
claros).
Sincícios, papilas, mas
podem ver alterações
arquiteturais idênticas
àquelas do
adenocarcinoma in situ.
Tabela: Anormalidades citológicas das glândulas endocervicais.
Helena Horta Nasser.
Anormalidades citológicas nas células endocervicais dos esfregaços cervicovaginais
corados pelo exame de Papanicolau (aumento de 40x).
Percebam que é muito difícil distinguir o adenocarcinoma in situ do invasor, sendo assim necessário o exame
histopatológico. Na figura a seguir,

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