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127 Capítulo 8 Os Testes psicológicos no Brasil Luiz Pasquali, Docteur, UnB João Carlos Alchieri, MS, UNISINOS/UFRGS 1 - introdução A história da Psicometria no Brasil, e pensamos ser o caso para toda a América Latina e quiçá da Ibero-América, aparece como uma versão em movimento lento do que aconteceu na Europa e Estados Unidos no início do século. Houve um entusiasmo inicial exagerado pela importância, pela pertinência e poder atribuído aos testes psicológicos, ocorridos desde o início do século, e alimentado principalmente pela herança funcionalista americana, até meados dos anos 40, no pós-guerra. Em seqüência a este entusiasmo, surgiu outra onda, não menos vigorosa, mas, por sua vez, caracterizada por uma postura de crítica contra os mesmos testes, crítica muitas vezes mais destrutiva que racional, visando, inclusive, o completo abandono de tais instrumentos. Esta tendência se alongou até o início dos anos 80. No Brasil um outro fator deve ser acrescentado neste cenário para entender o declínio do interesse pelos testes psicológicos que perdurou até quase o final da década de oitenta, o qual provavelmente pode ser verdadeiro também para o resto do mundo. Em meados deste século tornaram-se populares os enfoques humanista e dialético na compreensão do comportamento humano em todas as suas manifestações. A ênfase na liberdade humana como sendo a característica fundamental do ser humano e de seu comportamento, de um lado, e, do outro, no processo dialético tornou a medida em Psicologia algo impraticável e, de fato, uma maldição. Uma maldição sim, porque medir significaria destruir ou petrificar o próprio objeto psicológico, isto é, a liberdade ou qualquer outro processo sempre cambiante. Infelizmente (talvez se possa dizer assim), esta ênfase se instalou, sobretudo na academia onde a ciência é construída. Este período de crítica niilista e irracional perdurou no Brasil até os anos 80, firmado por reação ao behaviorismo americano e tudo o que a ele era relacionado. A renovação do interesse pelos testes psicológicos chegou mais cedo nos demais países do que propriamente ocorreu no Brasil devido, sobretudo, à existência nestes de recursos humanos especializados na área da Psicometria, recursos estes menos visíveis no nosso país. A falta destes especialistas tem sido um desastre para a credibilidade e o desenvolvimento e construção dos testes no Brasil. Um outro ponto a considerar neste panorama é relacionado à qualidade do material, que é comercializado pelas empresas editoriais de instrumentos psicológicos, as editoras de testes. Por muito tempo, o mercado foi saturado com testes sem a menor qualidade gráfica ou mesmo científica e os 128 responsáveis (psicólogos) pela qualidade desses instrumentos comercializados não davam a mínima ou não tinham a menor preocupação com esta área. Um terceiro ponto diz respeito ao ensino de avaliação psicológica, realizado no país desde a estruturação dos cursos de graduação. O que antes, com respeito ao ensino dos testes psicológicos, fora considerado uma especialização do trabalho psicológico, por vezes idealizada é bem verdade, passou quase que por mágica para o desprezo e o rechaço científico. Ainda hoje, num levantamento rápido pelo país, verifica-se que as disciplinas de Psicometria ensinadas nas universidades brasileiras são praticamente inexistentes; e quando existem, ensinam apenas os rudimentos de Psicometria, o que tornou e vem ainda tornando a grande maioria dos psicólogos incapazes sequer de avaliar, muito menos de criar, a qualidade dos instrumentos psicológicos que utilizam. Resultado: os testes foram jogados no lixo, onde de fato merece estar a maioria dos atualmente utilizados neste país. A Psicometria, assim, veio a ser considerada uma espécie de magia, que teve, e ainda tem, sua fonte no fato de que a maioria dos testes aqui utilizada é mera tradução de instrumentos estrangeiros colocados no mercado por empresas, cuja preocupação fundamental é comercial e para as quais a preocupação científica quanto à qualidade dos instrumentos psicológicos é algo secundário, senão irrelevante. Reverter esta situação está sendo uma tarefa gigantesca e, ainda por vezes, menosprezada. Felizmente, observam-se alguns sinais de mudança nas atitudes dos psicólogos do Brasil, como veremos a seguir. De fato, após estes dois períodos de manifestações contraditórias, um novo movimento pode ser identificado junto aos psicólogos deste país, o de uma atitude mais sóbria e ponderada com referência aos instrumentos psicológicos, particularmente os de abordagem quantitativa. Atualmente, em algumas universidades, se reconhecem melhor as dificuldades, os limites e a abrangência da Psicometria, mas, principalmente, também o alcance de sua utilidade real na prática e na pesquisa psicológicas. Hoje em dia, reconhece-se, nos testes, instrumentos valiosos e necessários para a prática e a investigação, dirigindo-se esforços maiores para garantir a esses instrumentos os aspectos técnicos, seus parâmetros psicométricos, bem como manter uma visão mais crítica do poder de alcance deles no diagnóstico, na predição e na tomada de decisão sobre seus resultados. Entretanto, o que poucos conhecem sobre a psicometria e os primórdios da avaliação psicológica no Brasil é que seu surgimento não é recente, muito menos localizado e restrito a um círculo de poucos pioneiros, mas sim, que estava intrinsecamente relacionada à chegada da Psicologia no país no final do século passado e aliada às suas conquistas e desafios. Este capítulo procura 129 resgatar alguns fatos e personagens desta histórica da psicologia brasileira, bem como possibilitar ao leitor sua contextualização e acompanhar sua evolução. 2 - Preâmbulo A história dos testes psicológicos no Brasil, como na sua evolução e constituição científica na Europa, se confunde na prática com a própria história da psicologia. É uma história relativamente recente, especialmente aqui no Brasil, como ciência e profissão, e cujo início geralmente é atribuído à fundação do laboratório de Wundt. Em meados do século passado, o zeitgeist científico psicológico era evidente e estava impregnando os círculos acadêmicos brasileiros antes mesmo da fundação do laboratório de Wundt em 1879. Como na Europa, o surgimento da psicologia brasileira passava pela vertente médica, conforme se pode verificar numa das primeiras referências à psicologia na tese defendida no Rio de Janeiro em 1843 por José Augusto César de Menezes denominada de Proposições a respeito da Inteligência, bem como em 1851 por Francisco Tavares da Cunha em Salvador com a tese Psicofisiologia acerca do Homem e também por Maurício de Campos (1907) com Métodos em Psicologia, no Rio de Janeiro. Pode-se visualizar essa história, particularmente no que tange ao desenvolvimento dos testes psicológicos, em cinco grandes períodos, decorrentes das manifestações científicas peculiares e cujas impressões foram registradas. Esses períodos são: 1. 1836-1930: Produção médico-científica acadêmica 2. 1930-1962: Estabelecimento e difusão da psicologia no ensino nas universidades 3. 1962-1970: Criação dos cursos de graduação em psicologia 4. 1970-1987: A implantação dos cursos de pós-graduação 5. 1987-: A emergência dos laboratórios de pesquisa Período I: 1836 a 1930 Encontramos os primeiros estudos de psicologia no Brasil datando da metade do séc. XIX e levados a cabo predominantemente através de dois pólos culturais, na Bahia e na capital federal, então Rio de Janeiro. Nestes evidenciavam-se as idéias de cunho positivista vinculadas à psiquiatra e queacarretaram a ênfase no desenvolvimento de laboratórios da virada do séc. XX, na formação de professores com “...un vigoroso énfasis en la psicometría” como parte do espírito da época (Maluf, 1999, pg. 72). Neste período definimos três pontos principais para o desenvolvimento da utilização de instrumentos psicológicos, os quais estão relacionados a: (a) a ciência psicológica como um novo campo de estudo nas faculdades de 130 medicina, (b) a utilização dos métodos e recursos da psicologia nas escolas normais e, (c) o surgimento dos centros de pesquisa psicobiológica, junto aos laboratórios de pesquisa de instituições variadas relacionadas à área da saúde. Quanto às faculdades de medicina: elas atuavam no pólo cultural da época, estreitamente relacionado ao desenvolvimento do país, na Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo. Os temas abordados em teses acadêmicas relacionavam-se a problemas de neurologia, psiquiatria e saúde mental. Assim, no Rio de Janeiro a produção dirigia-se para a neuropsiquiatria, neurologia e psicologia propriamente dita, com interesse e ênfase acadêmica legítima, enquanto na Bahia a tônica estava voltada para “....pesquisa a aplicação social da psicologia, através da criminologia, da psiquiatria forense e da higiene mental”( Pessotti, 1988). As teses defendidas nos cursos de medicina testemunham a atenção que se voltava para uma nova fronteira, a ciência psicológica com suas promessas de compreensão do homem. Citam-se os trabalhos de Manoel I. de Figueiredo (1836) e de José A. C. de Menezes (1843) como representativos deste período, tendo no segundo, o reconhecimento do caráter que os estudos da inteligência poderiam imprimir em um futuro próximo. Paralelamente, nas instituições de saúde, especialmente nos asilos, tais como o Hospital Psiquiátrico São Pedro em Porto Alegre (1884) e o Hospital do Juquerí em São Paulo (1898), observam-se estudos dirigidos à psiquiatria com uma forte ênfase na avaliação psiquiátrica. As preciosas contribuições feitas por Franco da Rocha através da fundação de revistas como Memórias do Hospital Juquerí e Arquivos de Assistência a Psicopatas do Estado de São Paulo, permitem que ainda hoje se possa acessar os trabalhos pioneiros deste período, definido como período institucional da psicologia por Pessotti (1988). Como data da criação do primeiro laboratório de Psicologia no Brasil tem-se o ano de 1907 quando da implantação do Laboratório de Psicologia do Hospital Nacional de Alienados. No ano de 1913, o médico pediatra Fernandes Figueira trabalha pela primeira vez com um teste de inteligência na avaliação e aplicação nos internos do Hospício Nacional, utilizando o teste de Binet. A partir da I Guerra Mundial, os médicos formados nas faculdades de medicina iniciaram a criação de centros de pesquisa psicobiológicas e laboratórios em hospícios e organizações preocupadas com a saúde mental. Riedel funda o laboratório de psicologia no hospital de Engenho de Dentro no Rio de Janeiro (1923). Um ano depois, em 1924, é publicado o primeiro livro brasileiro sobre testes psicológicos, a saber, Os Tests, do educador Medeiros e Albuquerque. 131 Em 1925, Ulisses Pernambuco implanta em Recife o Instituto de Seleção e Orientação Profissional de Pernambuco, instituição responsável, por mais de uma década, de estudos precursores no país em avaliação psicológica; também são fundados o Instituto de Hygiene de São Paulo (1926), por Geraldo Paulo Souza e o Instituto de Psicologia do Ministério da Educação (1933). O terceiro fator deste período refere-se às escolas normais, oriundas de um novo compromisso com a educação e de problemas específicos da psicologia com a mesma, abrindo mais um leque na abrangência e disseminação do pensamento psicológico no Brasil. Estas orientações se guiaram pela reforma dos programas do Ginásio Nacional de 1890, adotadas pela escola normal do Rio e de São Paulo. Em 1890 ou 1906 Medeiros e Albuquerque organiza o laboratório de Psicologia Pedagógica no Pedagogium no Rio de Janeiro para divulgar estudos de problemas psicológicos; posteriormente promoveu a fundação de um laboratório de psicologia, chefiado por Manoel Bonfim. Em São Paulo, Ugo Pizzoli, em 1914, encabeçou o movimento de psicologia pedagógica na Escola Normal, criando o Laboratório de Pedagogia Experimental, onde se faziam pesquisas sobre memória, inteligência infantil e psicomotricidade. Isaias Alves na Bahia trabalha na adaptação brasileira da escala de Binet-Simon em 1924, um dos primeiros estudos de adaptação de instrumentos psicológicos para o Brasil. Vinculadas historicamente na tradição experimentalista como sucedâneas de pesquisas psicofisiológicas, na medida em que a utilização de aparelhagens e testes psicológicos era necessária, as técnicas psicológicas da época possuíam um caráter empírico e funcionalista, aliadas a um pragmatismo metodológico. Estas características possibilitaram o desenvolvimento de métodos e técnicas de investigação direcionadas ao atendimento de numerosos casos, em especial quando o tempo de avaliação era limitado, razão pela qual as seleções nos períodos de guerras foram impulsionadas sobremaneira, principalmente com os testes de aplicações coletivas. Período II: 1930 a 1962 Com a criação das universidades, a psicologia inicia um movimento mais organizado, tanto no seu ensino, quanto na pesquisa e na própria profissão. Inicialmente o ensino da psicologia, estava na verdade ainda restrito às escolas normais, nas quais foram criados novos programas. Entre essas escolas, podem ser salientadas as seguintes: em Belo Horizonte, através da Escola de Aperfeiçoamento Pedagógico, fundada em 1929. Nela estava situado um laboratório de psicologia que teve a sua primeira direção conduzida por Theodore Simon, companheiro de Alfred Binet e sucedido depois por Leon Walther e Helena Antipoff. As pesquisas aí realizadas referiam-se às áreas de inteligência, aprendizagem, memória e psicomotricidade. Paralelamente no Rio de Janeiro, Fernando Azevedo e Anísio Teixeira transformaram a Escola 132 Normal em Instituto de Educação (1932), onde eram ministrados os cursos de aperfeiçoamento e especialização voltada à psicologia. Lourenço Filho assumiu o ensino de psicologia educacional, Isaías Alves o de Serviço de Testes e Medidas Escolares e J.P. Fontenelle o de estatística aplicada à educação. Neste período em São Paulo, junto à Faculdade de Educação, foi criado o Serviço de Psicologia Aplicada, sob direção de Noemi Silveira Rudolfer, no qual instalou-se o Laboratório de Psicologia Educacional. Faziam-se ali pesquisas direcionadas aos problemas de psicologia educacional, bem como oferta de aprendizagem prática para os alunos. Com a chegada, em 1927, de Henri Pierón a São Paulo, começa-se a lecionar Psicologia Experimental e Psicometria. Com a fundação das universidades, sendo a Universidade de São Paulo (USP) a primeira, começaram a ser ensinadas cadeiras de psicologia. Na Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, a psicologia começou a ser ministrada com uma duração de três anos letivos para licenciados, candidatos ao magistério secundário e ao curso normal. Várias disciplinas da psicologia eram então ensinadas em diferentes cursos universitários da época, tais como: a psicologia social nos cursos de Administração e Jornalismo, psicologia aplicada nos cursos de Educação Física, psicologia social e aplicada para Sociologia e Política, e psiquiatria forense e psicologia judiciária no Direito e na Medicina. O advento do ensino de psicologia nas universidades fez emergir as primeiras investigaçõesda pesquisa psicológica, entre cujos pioneiros destacam-se os pesquisadores Eliezer Schneider, interessado na área da psicologia social e relações humanas, o qual conduziu seus estudos junto à Universidade do Brasil; Noemi Rudolfer, da USP, que pesquisava a psicologia aplicada à educação e problemas de aprendizagem; Otto Klineberg e Anita Cabral com estudos desenvolvidos na área da psicologia social; Enzo Azzi, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP) voltado aos problemas de psicologia normal e patológica. Longe do ambiente acadêmico das universidades, a pesquisa psicológica era conduzida também com o mesmo esmero e impecáveis cuidados metodológicos nos centros orientados para questões do trabalho como no Instituto de Seleção e Orientação Profissional (ISOP) através da Comissão de Estudos de Testes e Pesquisas Psicológicas (CETEPP), da Fundação Getúlio Vargas; nos Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), dentre outros. Em instituições relacionadas à educação, como nos centros pedagógicos de educação no Rio de Janeiro e São Paulo e nos centros de pesquisas educacionais no Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, se fomentava a investigação psicológica, inclusive com o desenvolvimento de instrumentais dirigidos à área. Cabe destacar também a 133 importância atribuída à avaliação psicológica que algumas empresas estatais tinham, inclusive no desenvolvimento de métodos e técnicas de avaliação, tais como a Empresa ferroviária Sorocabana. No que tange aos instrumentos e testes utilizados pelos pesquisadores desta época, é interessante notar que a instrumentação utilizada em praticamente todas essas pesquisas estava amparada em testes psicológicos, sobretudo os testes de inteligência (Binet, Alpha, Decroly, Ballard, dentre outros), testes de aptidão (Walther, Coordenação Bimanual, Teste de Atenção Difusa de Lahy, Berg, etc...), inventários de personalidade (como Thurstorne,) e testes projetivos (PMK, Rorschach, TAT, etc.). Observa-se um progressivo aumento no número de publicações referentes à avaliação da inteligência, de habilidades e de personalidade, especialmente no período de 1930 a 1949 (Alchieri & Scheffer, 2000 Conferência Internacional). Cabe destacar a observância de um número de trabalhos relativos às décadas de 30 e 40, que apresentavam, nos seus resultados, avaliações preliminares de pesquisas em andamento, enfatizando instrumentos que apresentavam uma quantidade de dados muito maior quanto à amostra, se comparados às décadas posteriores. A freqüência de instrumentos em avaliação, demonstrados nos estudos da época quanto às suas propriedades diagnósticas, revela a cautela, o zelo e o cuidado com eram dados às adaptações e utilizações dos instrumentos psicológicos. Neste período, o desenvolvimento de critérios do que era mais importante avaliar em uma seleção de pessoal fazia- se evidente nos trabalhos publicados pelo ISOP. A avaliação intelectual e de personalidade foram responsáveis pelo maior incremento de produção e publicação de artigos em periódicos científicos neste período no Brasil, especialmente nas décadas de 30 e 40. Quanto aos instrumentos utilizados pelos autores, observamos o teste de Binet-Simon, Alfa, Teste Jota e o Teste Kent como os mais freqüentemente citados para a avaliação intelectual ao longo destes anos; em relação aos instrumentos para avaliação da personalidade, o Rorschach e o Psicodiagnóstico Miocinético de Mira e Lopez (PMK) eram muito citados em estudos para a avaliação tanto de grupos como de indivíduos. A análise das palavras-chaves, presente nos artigos publicados em periódicos nacionais neste período, permite (Alchieri, 2000 APA HP) uma avaliação dos temas e preocupações que conduziram as pesquisas e se representavam nos conteúdos dos artigos. Observou-se que, nas primeiras duas décadas, a utilização de instrumentos psicológicos predominava para a investigação da inteligência, especialmente a infantil; estudos de personalidade, especialmente os comparativos e à seleção e avaliação das aptidões para o trabalho. Em um segundo momento, nos anos de 1930 a 1940, além do estudo da personalidade e da inteligência e aptidões, o desenvolvimento psicológico era ponto de interesse; observava-se também uma crescente preocupação com relação aos cuidados na aplicação dos instrumentos. 134 Com o incremento da produção científica, amparada em investigações conduzidas tanto no meio acadêmico como por instituições não universitárias, surgem periódicos especializados na divulgação de trabalhos e de pesquisas, cuja importância para a psicologia consolidar-se como profissão ficaria evidenciada mais tarde, na criação de sociedades e associações científicas. Inicialmente os artigos de pesquisas na área de avaliação psicológica foram divulgados em periódicos como Neurobiologia (Recife, 1948), Boletim de Psicologia Educacional (USP – 1946), Boletim de Psicologia (USP – 1946), Psyké (Rio – 1947), Arquivos Brasileiros de Psicotécnica (ISOP – 1949), posteriormente denominada de Arquivos Brasileiros de Psicologia Aplicada e atualmente de Arquivos Brasileiros de Psicologia; Boletim do Instituto de Psicologia da Universidade do Brasil (1951) e Revista de Psicologia Normal e Patológica (1955), dentre outras. Quanto à organização profissional da psicologia: os psicólogos começaram a se organizar em associações, realizar reuniões nacionais e criar centros de caráter profissional. Podemos destacar as seguintes instituições como mais representativas para a avaliação psicológica: a fundação do Instituto de Seleção e Orientação Profissional (ISOP – Rio, 1947) e a Associação Brasileira de Psicotécnica (ISOP – 1949). Observam-se, ainda, eventos e entidades que catalisaram o desenvolvimento da ciência psicológica no Brasil e cuja importância pode ainda ser percebida, a saber: Associações: Associação Brasileira de Psicologia (Rio), associada à Sociedade Internacional de Psicologia; Sociedade de Psicologia de São Paulo, Associação Brasileira de Psicólogos (São Paulo); Divisão Nacional do Brasil da Sociedade Internacional de Hipnose Clínica e Experimental (São Paulo – 1959); Reuniões e Congressos: I Congresso Brasileiro de Psicologia (Curitiba –1953); I Seminário Latino-Americano de Psicotécnica (1955); Entidades e Centros profissionais: Comissão de Estudos de Testes e Pesquisas Psicológicas do ISOP; Instituto de Organização Racional do Trabalho (IDORT – São Paulo); Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI – Rio e São Paulo); Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC – Rio e São Paulo); Serviços Psicotécnicos nas estradas de ferro como Gabinete de Psicotécnica da Sorocabana; Seleção e Orientação Profissional no serviço federal, estadual, etc. Especificamente, com respeito aos testes psicológicos, este período e o próximo foram dos mais produtivos no Brasil, havendo, inclusive um entusiasmo e crença desmedida e quiçá até exagerada, no poder desses instrumentos. De qualquer forma, foi o período que podemos chamar de áureo dos testes psicológicos no país. Pode-se representar através dos estudos sobre 135 testes psicológicos publicados, o perfil de interesse em quais eram os testes mais empregados e pesquisados, consulte a tabela 8-1 para ter uma visão geral da produção nacional nessa área (veja Período III). Período III: 1962 a 1970 Este período se caracteriza pela regulamentação dos cursos de psicologia e a conseqüente expansão do ensino da graduação da psicologia no Brasil. A regulamentação da psicologia como disciplina e profissão foi realizada através da lei no. 4119 de 1962,culminando com a criação do Conselho Federal de Psicologia e dos Conselhos Regionais de Psicologia em 1974 pela lei 5.766, formalizando assim o registro dos psicólogos formados anteriormente a lei entre 1962 e 1965. O surgimento da nova profissão levou a psicologia a ser muito procurada desde os primeiros anos de sua oficialização como profissão, de tal sorte que em 1968 já haviam 2.000 alunos matriculados nos cursos de psicologia do país. Dos sete cursos existentes na década de 60, este número passou para 21 em 1970, havendo uma pletora após essa data, tanto que em 1974 8.000 alunos estavam nos cursos de psicologia. De um total de 1.500 psicólogos devidamente registrados no país em 1970, rapidamente este número passou para 2.000 em apenas seis anos, com sua concentração predominantemente restrita às regiões sudoeste, sul e centro-oeste. Essa rápida expansão da psicologia acarretou também a perda de qualidade dos cursos, principalmente quanto à falta de docentes qualificados. Poucas foram as instituições, dentre as dezenas de cursos no país, que conseguiram manter, nessa explosão de procura, um nível de qualidade no ensino da avaliação psicológica, inclusive com o desenvolvimento de pesquisas; cabe destacar os trabalhos desenvolvidos na PUC-RJ, USP, UnB, PUC-RS, UFMG, USP-Ribeirão Preto e que foram responsáveis pela implantação dos primeiros Programas de Pós-graduação Stricto Senso posteriormente. Ao final da década de 60, com o crescimento do número de cursos de psicologia e a conseqüente necessidade de professores para o ensino, aliada à escassa oferta de cursos de pós-graduação, houve um comprometimento na qualificação dos psicólogos, especialmente na área de avaliação psicológica no país, observável nas décadas seguintes. Na avaliação psicológica não seria diferente do verificado em outras disciplinas, o crescente desinteresse pela medida psicológica, o descrédito aos instrumentos psicométricos, a ênfase da avaliação psicológica voltada para a visão dinâmica da clínica, permitiram o engessamento na construção de instrumentos nacionais e atualização dos testes psicológicos em uso. 136 A este respeito cabe destacar que a contribuição quanto à produção de artigos, estudos e criação de instrumentos brasileiros, como no resto do mundo, apresentou neste período um forte declínio, representando uma reação à quantificação, ao positivismo, suas manifestações, juntamente com o advento do humanismo e da dialética, conforme já descrito acima. Especificamente, com respeito aos testes psicológicos produzidos na Brasil, você pode observar, na tabela 8-1, um número substancial de instrumentos nas primeiras cinco décadas deste século, voltados aos estudos da inteligência, personalidade e habilidades diversas. Na tabela são elencados os instrumentos, seus autores, datas de publicação e principais estudos quanto aos aspectos psicométricos desses produtos nacionais na área durante este período. Tabela 8-1. Testes psicológicos produzidos no Brasil entre 1930-1970 e os respectivos estudos quanto aos aspectos psicométricos de validade e fidedignidade. Teste Autor(es) Ano Validade (Coeficientes) Precisão (coeficientes) ABC M.B. Lourenço Filho 1931 nada nada PMK E.Mira y Lopez 1940 concorrente com juízes: 0,37 - 0 ,79 teste-reteste: 0,52 – 0,71 Teste Jota O.A.L. Martins 1944 0,77 notas escolares metades: 0,98 Minhas Mãos H. Antipoff 1947 nada Nada Teste Maia Jacyr Maia 1950 com INV: 0,48 e notas escores 0,40 a 0, 80 Nada Classificação de Objetos do ISOP E. Schneider 1950 com testes de inteligência: 0,83 - 0,84 Nada Dadahie E.M.Andrade, R.Moraes, Z.S.Wend 1950 nada metades: 0,69 – 0,84 Coordenação Manual D. Antipoff 1951 nada Nada DEP O.B.Barros et al. 1952 com desempenho acadêmico: 0,49 metades: 0,88 INV Pierre Weil 1955 com Standord-Binet: 0,73 e Raven: 0,84 metades: 0,93 Teste do Sinal J. Carvalhaes 1955 com testes motores: 0,45, 0,66 Nada Teste de Percepção C.C. de Souza 1955 nada nada MPAM - motivação A.L. Angelini 1955 com notas escolares: ? teste-reteste: 0,96 SENAI AG-3 O.B. Barros et al. 1959 concorrente: 0,31- 0,82 Cubos Kohs, DEP, notas escolares metades: 0,97 Becasse B.K.Schoenfeldt 1961 nada nada Bateria CEPA CEPA 1963 com Meili: 0,42 e Sinônimos: 0,92 - 0,96 metades: 0,81 Inventário Interesses A.L. Angelini 1963 nada nada Bateria Fatorial SENAC SDEP 1964 nada metades: 0,86 – 0,96 137 Bateria Interm. SENAC E.Nick, M.A.Pinheiro, M.L.E.Silva 1964 nada metades: 0,75 - 0,89 teste-reteste: 0,54 - 0,77 G-36 E.R.Boccalandro 1966 com Dominós: 0,84 metades: 0,90 Relógios F.de V.Souza, S.V.Cambraia 1967 com Raven: 0,57 e com INV: 0,77 metades: 0,81 EMPA M.A.Pinheiro, C.N.Cohen 1968 nada nada Definição de Palavras L.C. Bonilha 1968 nada metades: 0,93 Avaliação Intelectual J.A.Cunha, N.S. da Rocha 1969 com INV: ,? metades: 0,87 - 0,91 Fonte: Van Kolck, 1981. Um comentário geral sobre esta tabela parece pertinente e importante para buscar a atenção do leitor aos meandros da questão; observe que no período entre 1930 a 1970 houve uma grande preocupação dirigida através de estudos e pesquisas voltados mais para a criação de testes e menos para a análise e elaboração dos seus parâmetros psicométricos. Infelizmente, esta última tendência tem sido a tônica também após os anos 70. Período IV: 1970 a 1990 Este período se caracteriza por alguns eventos que tornaram a psicologia uma área em franca expansão e também marcada por uma crise. De um lado, a introdução de cursos de pós-graduação na PUC-RJ, PUC-RS, USP, PUC-SP, UnB possibilitava o incremento do ensino e da pesquisa em psicologia, especificamente com respeito à avaliação psicológica. O corpo docente era ou de estrangeiros ou de formados no exterior, mas a maioria ainda não tinha formação suficiente para ensino em nível pós-graduado. A ação moderadora do Ministério da Educação e Cultura – MEC, com respeito à criação de novos cursos de graduação em psicologia, restringiu assim o número demasiado grande de cursos diante da falta de docentes mais qualificados e da pouca abertura do mercado de trabalho para o psicólogo, o qual se direcionara praticamente à clínica particular e a atividades de seleção. A criação do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais de Psicologia foi um fator disciplinador e também impulsionador do exercício profissional da psicologia no país, além de possibilitar a integração do exercício e normas quanto ao trabalho dos profissionais. Por outro lado, a desvinculação do ensino e da pesquisa psicológica acabou cindindo de forma irremediável a prática profissional da atualização, desenvolvimento e criação de instrumentos e técnicas dirigidos à avaliação psicológica. O ensino de graduação ou estava vinculado na tradição da psicologia profunda (especialmente psicanálise), quase totalmente carente de pesquisa empírica ou, ao oposto, fundamentado no modelo behaviorista 138 skinneriano, calcado em pesquisa experimental de laboratório com modelo animal. Criava-se assim, uma dissociação que ainda pode ser contemplada no cotidiano profissional, os instrumentos e técnicas disponíveis acabam sendo frutos da investigação conduzida por pesquisadores, oriundos de seus interesses particulares, sem que estes sejam provenientes das vicissitudes da comunidade profissional. O psicólogo formado em tais centros centrava sua prática em clínicas particulares ou em seleção de pessoal, sem um preparoadequado quanto aos métodos e técnicas disponíveis, nem respaldado por instrumentais cuja aplicabilidade lhe era assegura pelas exigências do mercado; a profissão de psicólogo tornou-se assim severamente criticada pela sociedade. No que toca aos testes psicológicos, este período foi extremamente pobre. Nas universidades se ensinavam exclusivamente testes projetivos, abusivamente utilizados na vida profissional para qualquer finalidade, da avaliação em psicodiagnóstico à seleção para aquisição de carteiras de motoristas. Os testes psicométricos, que tiveram um período de criação e pesquisa no estabelecimento das universidades nos anos de 1940 a 1970 – em especial em instituições universitárias ou não, como na USP, ISOP, SENAI e SENAC – foram praticamente abandonados ou usados sem atualização de suas normas caducadas há dezenas de anos. A pesquisa em testes psicológicos neste período foi nula, da mesma forma que o número de artigos produzidos no país; de um momento para outro ninguém mais trabalhava com testes psicológicos, muito menos, os psicométricos. Nas universidades instalou-se uma ausência de pesquisas voltadas à aplicabilidade, à construção e à divulgação de estudos, o que ainda se faz sentir no despreparo dos profissionais e docentes da área de avaliação psicológica hoje em dia. De fato, no que concerne aos testes, este período pode ser caracterizado como a era negra dos testes psicológicos no Brasil. Na verdade, não há muito a se dizer além de que ele representa o colapso total destas técnicas no país, tanto para os psicólogos quanto para os usuários em geral. Este período se caracteriza pela ausência praticamente total de preocupação com o estudo destes instrumentos. Não somente os pesquisadores e psicólogos não investiram esforços neste campo como também suas instituições, o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Psicologia, que igualmente não mostraram grande preocupação; então, a disseminação dos testes ficou entregue às empresas comerciais, cuja preocupação, como sabemos, não é primariamente científica. Conseqüentemente, estes instrumentos em números sempre crescentes, mas cujas pesquisas precursoras quase inexistem documentadas nos manuais, foram postos à disposição dos profissionais pelo mercado, representando, na maioria das vezes, simples traduções de testes estrangeiros, com dados amostrais insuficientes. Sob a égide da psicologia como uma ciência, o mercado editorial brasileiro traduziu, adaptou e comercializou instrumentos para os mais diferentes propósitos sem que houvesse o menor cuidado com esta prática. Se de um lado um furor havia se instalado quanto à importação de instrumentos, por outro lado os instrumentos autóctones, os velhos testes brasileiros dos anos 1930 – 1970, nunca mereceram 139 atenção neste período ou nunca foram atualizados e continuaram (ainda continuam!) sendo usados como nasceram. Os psicólogos que faziam uso de tais testes não tinham maiores críticas ou escrúpulos em utilizá-los, vez que eles próprios não foram instruídos o suficiente para perceber a carência técnica e metodológica em que as universidades estavam mergulhadas. As questões relacionadas à quantificação, às áreas psicométricas e seus campos afins, tais como a estatística, eram meramente mencionadas nas disciplinas universitárias, dando-se ênfase ao ensino e treino no uso dos testes com a famosa disciplina de Técnicas de Exame Psicológico (TEP) e similares. E esta situação em parte ainda perdura ou perdurou até o final dos anos 80, onde centenas de processos judiciais surgiram contra decisões tomadas com apoio no psicotécnico na área da seleção. Reportagens tremendamente negativas sobre os testes psicológicos, como a publicada na Folha de São Paulo (22 de março de 1992), cobrindo em uma página deste prestigioso jornal, com o título "Firmas aposentam os testes psicológicos". O título, na verdade, apenas sugere as afirmações devastadoras ali feitas contra os testes psicológicos. Embora nem tudo o que ali se afirmou fosse verdadeiro, havia tanto de verdade que o Conselho Federal de Psicologia e os regionais não tiveram coragem ou argumento para reagir publicamente, antes pelo contrário, todos entraram numa espécie de pânico. Situações como esta trouxeram à baila uma reação violenta por parte da sociedade, dos usuários e das vítimas do uso abusivo e indiscriminado desta prática por parte de psicólogos despreparados quanto à avaliação psicológica. A sociedade, na verdade, reagiu com processos judiciais e reportagens denegridoras dos testes e dos erros de seus profissionais em jornais a nível nacional. Contudo, em meio a esta descrença generalizada no país formavam-se alguns poucos grupos, principalmente vinculados aos cursos de pós-graduação, como na UnB, PUCRS, USP, UFRGS e UFRJ, e Conselhos Regionais de Psicologia (CRP-07 e 06), onde a trajetória da pesquisa e da formação de docentes qualificados fazia-se evidente. Nestes esparsos grupos o trabalho quanto à melhoria da avaliação psicológica era uma reação à situação, mas impulsionavam outras atitudes tímidas como a do Conselho Federal de Psicologia em criar em 1980 a Comissão Nacional de Avaliação Psicológica cujos objetivos eram, dentre outros, a análise da situação e o estudo quanto às principais dificuldades em avaliação psicológica com que o psicólogo se deparava. Neste contexto cabe resgatar o trabalho inédito da Comissão de Métodos e Técnicas do CRP-07 RS formada na década de 80 e que desde então diferenciou a condução de políticas e práticas nesta área, idealizando os Encontros sobre Testes Psicológicos no RS. Estes eventos que inicialmente contavam com a presença tímida de alguns poucos profissionais e buscavam o aperfeiçoamento da categoria no que tange ao uso e investigação dos testes psicológicos, consolidou-se no cenário nacional a ponto de ser um dos maiores eventos científicos em avaliação psicológica brasileira ao final dos anos 90. 140 Período V: 1990 ao presente Felizmente, esta situação calamitosa dos testes psicológicos no Brasil provocou uma onda de preocupações por parte dos Conselhos Regionais de Psicologia, de alguns profissionais, em particular do Conselho Federal de Psicologia (CFP) e também de pesquisadores preocupados por reportagens depreciativas e pelos numerosos processos judiciais contrários aos resultados de avaliações psicológicas. Embora os conselhos de Psicologia tivessem preocupação mais com respeito à repercussão negativa dos testes na sociedade e, conseqüentemente, com a classe profissional dos psicólogos na sociedade em geral, o CFP procurou investir em comissões para estudar a questão e alguns conselhos regionais organizaram encontros com o mesmo objetivo. Contudo, se deve a alguns pesquisadores, preocupados mais com os problemas epistemológicos e os fundamentos da medida, bem como a produção de instrumentais honestamente confiáveis, a retomada da pesquisa e da seriedade neste campo da instrumentação psicológica no Brasil. Como todos estes últimos esforços na área dos testes psicológicos não estão muito concatenados e estruturados, procuraremos a seguir apenas fazer uma listagem dos mais significativos, sabendo de antemão de algumas injustiças cometidas ao não mencionar alguns esforços que vêm sendo empreendidos em partes diversas deste imenso país. As desculpas para estas omissões são do tamanho do país e a precariedade dos meios de comunicação entre pesquisadores e instituições universitárias brasileiras. Primeiramente, deve-se ainda afirmar que a preocupação maior dos psicólogos em geral na área da avaliação psicológica no Brasil se situa no que poderia se chamar de psicotécnica, isto é, preocupaçãocom o uso adequado dos testes psicológicos em termos de normas e ultimamente, da ética profissional. Num levantamento bastante recente, Santos (1991) afirma que a preocupação maior dos pesquisadores em Psicologia na área da Psicometria se concentra em "questões referentes ao ensino das técnicas psicológicas de avaliação, seu uso e aplicações e a imagem social dos testes em nosso país". Esta mesma preocupação é visível em praticamente todos os encontros no país sobre testes psicológicos. Apesar disso, alguns eventos recentes na área permitem se ter alguma esperança de preocupação legitimamente orientada para as questões mais fundamentais da problemática e da qualidade psicométrica dos instrumentos psicológicos. Mencionam-se alguns deles sob os tópicos a seguir: 1 - Laboratórios de pesquisa dos testes psicológicos 141 Vários centros voltados ao ensino, a pesquisa e ao desenvolvimento de instrumentos de avaliação psicológica foram criados no Brasil desde o final da década de 80. A grande maioria, senão sua totalidade, encontra-se vinculada aos programas de pós-graduação de mestrado e doutorado nas principais universidades brasileiras; dentre eles, salientam-se os seguintes laboratórios e suas temáticas principais: Centro Criação Local Temática Laboratório de Pesquisa em Avaliação e Medida LabPAM 1987 UnB, DF - teoria psicométrica - validação de testes - avaliação de programas - avaliação educacional Laboratório de Avaliação e Medidas Psicológicas Lamp 1994 PUCCAMP, SP - ensino das TEP - validação de testes - banco de dados sobre avaliação Laboratório Interdepartamental de Técnicas de Exame Psicológicas Litep 1988 IPUSP, SP -planejar e executar pesquisas de instrumentos - promover a informatização da coleta e análise de dados - - desenvolver programas para aplicação, avaliação e elaboração de relatório computadorizado. Laboratório Mensuração 1995 UFRGS, RS - validação de testes em personalidade Centro de Pesquisa em Psicodiagnóstico – CPP 1978 USP-R.P., SP - testes projetivos Laboratório de Instrumentos de Avaliação Psicológica Liap 1999 UNISINOS RS - elaboração de programas de ensino e base de dados sobre avaliação psicológica no país - estudos de revisão de normas dos principais testes utilizados Laboratório de Estudos e Pesquisas de Avaliação Psicológica Lepap 1997 PUCMG - gerar e receber dados que possibilitem a atualização e reciclagem em avaliação psicológica do corpo docente e discente. Sob a influência desses laboratórios de testes, uma série de outros vêm surgindo nas instituições de ensino superior no país, mostrando o sadio interesse e a preocupação científicos dos psicólogos brasileiros (sobretudo, pesquisadores e docentes) para com a área da avaliação psicológica. 142 2 - Criação e atuação da Câmara Interinstitucional de Avaliação Psicológica do CFP O Conselho Federal de Psicologia, na verdade, vem se preocupando com o problema dos testes no Brasil desde o início da década de 80, promovendo a primeira reunião de uma Comissão Nacional de Técnicas Psicológicas no Rio de Janeiro em 1981. Várias outras reuniões se seguiram, sendo a mais relevante a de 1989 por ter produzido um elaborado relatório sobre a área dos testes e enfatizando a necessidade de pesquisa em psicometria no Brasil. Essas comissões e seus relatórios não produziram maiores resultados nem foram percebidas como práticas em suas conseqüências para a categoria profissional, até que as ameaças de ordem judicial, decorrentes do veto presidencial quase acarretaram a extinção do Psicotécnico no Trânsito em 1997. Este fato acabou provocando uma tomada desesperada de atitude por parte da classe dos psicólogos e seus conselhos, no sentido de verificar toda a problemática das técnicas psicológicas no país, em particular o seu uso em situação de seleção. Assim, o CFP convocou uma dúzia de especialistas na área dos testes psicológicos do país para decidirem uma estratégia técnico-científica e política para resolver a problemática das técnicas psicológicas no Brasil. Dessa reunião surgiu a criação da uma comissão permanente de especialistas sob o nome de Câmara Interinstitucional de Avaliação Psicológica, composta de pesquisadores, docentes e usuários dos instrumentos psicológicos e apoiada pelo CFP. Essa Câmara se propôs inicialmente trazer soluções definitivas à problemática da avaliação psicológica no país, objetivando: propor melhoria da qualidade da formação universitária dos profissionais na área da avaliação psicológica, no nível de graduação propor formação de recursos humanos especializados em avaliação psicológica, em nível de pós-graduação produzir pesquisas para criação e validação de instrumentos psicológicos para o país estabelecer normas para a qualidade e uso dos instrumentos psicológicos atuar junto às editoras de testes e usuários para divulgação e uso de instrumentos validados para o país resolver questões levantadas por usuários e outros referentes à instrumentação psicológica e legitimidade do seu uso para diferentes finalidades. Reunida duas vezes ao ano desde 1998, a Câmara com a participação de seus diferentes membros e com o intuito de propor medidas resolutivas quanto aos problemas na área dos instrumentos psicológicos no país, foi extinta ao final de 1999 em função da necessidade de reconfiguração de seus objetivos e composição. Assim mais uma tentativa de parceria e composição de estratégias técnico-científicas e políticas envolvendo a categoria e pesquisadores, como as 143 suas predecessoras, resultou em fracasso, o que certamente leva a conjecturar as novas e possíveis formas de abordar esta questão de parceria e atuação profissional, sendo presentemente novamente tentada pelo Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica (deste falaremos já em seguida). 144 3 - Criação de Sociedades Dedicadas à Problemática dos Testes Psicológicos Pode se verificar paralelamente aos tópicos assinalados acima, que demonstram a importância e a retomada institucional da avaliação psicológica nas universidades e em órgãos de classe, a implantação de associações, entidades e sociedades científicas que se faz sentir como um ponto marcante no curso do ensino e divulgação científica da psicologia. Cabe destacar aqui a criação da Sociedade Brasileira de Rorschach e Outras Técnicas Projetivas (1997), da Associação Íbero-Americana de Psicometria, com pesquisadores de Argentina, Brasil, Portugal, Espanha, Chile, Venezuela e México, inclusive com a publicação de uma revista especializada e do Instituto Brasileiro de Avaliação e Pesquisa em Psicologia – IBAP (1998) composto por pesquisadores na área da avaliação psicológica, objetivando a pesquisa científica em Psicologia e, particularmente, a pesquisa sobre a instrumentação psicológica e criação e validação de técnicas de exame psicológico. O IBAP está lançando uma revista especializada em avaliação psicológica (Avaliação Psicológica) para fomentar e unificar as pesquisas nesta área no Brasil. Está, também, viabilizando uma parceria com o Conselho Federal de Psicologia para apoiar a classe dos psicólogos com instrumentos adequados à sua profissão, bem como o controle da qualidade no seu uso. 4 – Realização de Congressos e Encontros sobre Testes Psicológicos Cabe citar e historiar aqui os esforços realizados por instituições e pesquisadores de todo o país quanto à promoção de eventos disseminadores de idéias e de atualização científica na áreade avaliação psicológica. Um dos primeiros eventos, e que ainda se mantém, foi o Encontro Sobre Testes Psicológicos, CRP-07 do RS que, desde sua primeira edição em 1983 com a presença de 150 participantes, em 1999 contou com mais de 600 profissionais, data em que foi transformado em Congresso Nacional de Avaliação Psicológica. A temática, amparada inicialmente sobre questões de utilização e ensino de testes, vem assumindo progressivamente um caráter voltado a preocupação com a qualidade científica desses instrumentos e sua constante atualização em investigações científicas. Similarmente em São Paulo, o Encontro sobre Testes Psicológicos, promovido pela Universidade de São Paulo - USP, agora em sua segunda edição, tornou-se um pólo aglutinador e dinamizador dos trabalhos científicos realizados na região. Sua manutenção em muito contribui para a divulgação científica da avaliação psicológica na região sudeste e também ao país. O Encontro Mineiro de Avaliação Psicológica apresenta-se como um evento em sua quinta edição, ao mesmo tempo em que amplia as fronteiras com a realização conjunta, em seu V Encontro da VIII Conferência Internacional de Avaliação Psicológica. 145 O Congresso Nacional de Rorschach e Outros Métodos Projetivos, realizado sob os auspícios da Sociedade Brasileira de Rorschach, desenvolve desde 1995 encontros com expressiva presença nacional na área de avaliação psicológica, enriquecida especialmente pela abordagem projetiva, ao mesmo tempo em que se consolida cada vez mais como um importante referencial nesta área de avaliação. Cabe destacar também a importância da Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP), particularmente a partir de 1991 onde ocorrem vários encontros de pesquisadores em testes e avaliação psicológica, em um constante crescimento no número de apresentações de estudos e pesquisas sobre os testes, bem como de integrantes interessados na área. A Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação (ANPEPP), onde temas sobre testes psicológicos têm aparecido de forma esporádica nas últimas edições, mas que apresentou, em seu último encontro realizado em maio de 2000, na cidade de Serra Negra, a consolidação de um grupo específico para estudos sobre avaliação e testes psicológicos. 5 – Publicação de Obras sobre Avaliação Psicológica Até pouco tempo atrás, a literatura técnica sobre Psicometria e avaliação psicológica em geral de origem nacional era praticamente nula, composta principalmente por traduções de livros clássicos. Presentemente, se pode verificar que vários livros já foram publicados tratando da problemática e dos fundamentos da avaliação psicológica, tornando acessível à comunidade acadêmica e científica a atualização de estudos nacionais e internacionais na área. Entre eles, podemos citar os seguintes: Cunha, J.A. (1996). Psicodiagnóstico. Porto Alegre, RS: Artes Médicas (Reeditado e ampliado em 2000); Pasquali, L. (Org. - 1996). Teoria e métodos de medida em ciências do comportamento. Brasília, DF: INEP (será editado pela Casa do Psicólogo, SP, em 2000); Pasquali, L. et al. (1997). Questionário de saúde geral - QSG. São Paulo, SP: Casa do Psicólogo; Pasquali, L. (1997). Inventário Fatorial de Personalidade - IFP. São Paulo, SP: Casa do Psicólogo; Pasquali, L. (1997). Planejamento e avaliação de ações de IEC em saúde: Manual prático de planejamento estratégico. Brasília, DF: Ministério da Saúde. Pasquali, L. (1998). Psicometria: Teoria e aplicações. Brasília, DF: Editora da UnB (uma edição aumentada será lançada em 2001); 146 Pasquali, L (Org. – 1999). Instrumentos psicológicos: Manual prático de elaboração. Brasília, DF: LabPAM/IBAP; Wechsler, S. (Org. – 2000). Avaliação psicológica numa perspectiva internacional. São Paulo, SP: Casa do Psicólogo; Pasquali, L. (no prelo). Análise fatorial para pesquisadores. Brasília, DF: LabPAM/IBAP; Pasquali, L. (Org. – no prelo). Técnicas de exame psicológico – TEP. Vol. I: Fundamentos dos testes psicológicos. Brasília, DF: LabPAM/IBAP; Pasquali, L. (Org. – no prelo). Delineamento de pesquisa em ciência. Brasília, DF: LabPAM/IBAP; Pasquali, L. (Org. – no prelo). Teoria de Resposta ao Item – TRI. Brasília, DF: LabPAM/IBAP. Com a ação decisiva do IBAP em parceria com o Conselho Federal de Psicologia, espera-se que uma avalanche há muito devida, de obras científicas seja viabilizada neste país sobre a avaliação psicológica. Com certeza este incremento da produção e divulgação científica irá ter seu impacto sentido principalmente junto à formação, tanto no âmbito da graduação quanto na pós- graduação, com uma melhor qualificação de docentes e alunos da psicologia em um período muito curto de tempo. 6 – Legislação Sobre Psicotécnicos Um outro aspecto a ser ponderado neste incremento da avaliação psicológica trata do exercício da avaliação em situações de concurso e seleção profissionais. A demanda no país da realização de exames psicológicos para categorias profissionais, para avaliação de motoristas, porte de armas, ingresso na polícia civil e militar, academias marciais, vem aumentando nos últimos anos e conseqüentemente, os questionamentos associados à sua realização. A legislação não vem resolver os problemas decorrentes do uso ou do abuso das avaliações psicológicas e ou do uso ou mau uso dos testes psicológicos, mas vem impondo mais e mais responsabilidades sobre os psicólogos com respeito à qualidade científica dos instrumentos que utilizam, promovendo, assim, a pesquisa nesta área. A legislação forçou o psicólogo a assumir com maior responsabilidade seu papel de profissional na avaliação psicológica, sujeito às leis da qualidade e de prestação de serviços à sociedade, inclusive, qualidade esta que pode ser judicialmente exigida pela sociedade. Conclusão: Ao resgatar-se a história da Psicologia e especificamente da Avaliação Psicológica, observa-se o quanto sua relação é vinculada de forma estreita com o desenvolvimento científico da psicologia no país. Desde os primeiros 147 trabalhos antes mesmo da instituição do trabalho de Wundt na Europa, os temas palpitantes haviam seguido além mar para desembarcar nas primeiras teses. Das primeiras avaliações realizadas com instrumentos e testes estrangeiros em rudimentares adaptações e improvisadas pela falta de estruturas técnicas, verifica-se hoje um salto quantitativo e qualitativo da produção nacional na implantação de laboratórios vinculados aos programas de pós-graduação. A avaliação psicológica sobreviveu no Brasil, como também nos demais países, aos tempos difíceis das décadas de sessenta e setenta revigorando e retificando suas abordagens teóricas e técnicas. Esta mudança possibilitou o incremento de novas e promissoras técnicas, ao mesmo passo que amplia sobremaneira sua ação no desenvolvimento tecnológico da informatização. Assim, podemos concluir esta breve revisão, notando que há elementos suficientes para afirmar que a área dos testes psicológicos no Brasil finalmente está sendo abordada de uma maneira mais científica. Por outro lado, nem tudo está pronto e mesmo algumas dificuldades históricas teimosamente persistem para desafiar os pesquisadores e psicólogos ainda na virada de mais um século, salientado-se, sobretudo: (a) a formação em um número ainda insuficiente de especialistas e pesquisadores nacionais qualificados, (b) a presença de um currículo universitário deficiente e pobre, onde as disciplinas como Psicometria, quando existe, não é dada como tal e sim como uma testologia (aplicação de testes) sendo, ademais, uma disciplina optativa, (c) a evasão (fuga)dos psicólogos desta disciplina, devido ao despreparo dos mesmos na área da Estatística e da medida em geral, (d) apoio ainda tímido do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais de Psicologia na área, conseqüência da formação deficiente recebida por seus dirigentes nesta área na sua formação universitária e (e) a falta de uma maior integração efetiva entre os profissionais e pesquisadores nacionais na área, embora já apareçam movimentos vigorosos e promissores nesse sentido (salientado-se o IBAP). 148 Bibliografia Alchieri, J. 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