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Libras- Unidade 2- UAM Pedagogia

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Questões resolvidas

A cultura e identidade surda são as características próprias do grupo de pessoas acometidas pela surdez. Em um mundo permeado por valores e referenciais ouvintes, é possível que, em dados momentos, a pessoa surda possa se sentir alheia a tudo aquilo que lhe cerca, como se fosse estrangeira em seu próprio país. Compreendendo, assim, a importância do reconhecimento de uma cultura e identidade própria para esse grupo de pessoas, assinale a alternativa que apresenta corretamente de que modo podemos classificar os artefatos culturais da comunidade surda.
Assinale a alternativa que apresenta corretamente de que modo podemos classificar os artefatos culturais da comunidade surda.
a) A identidade e cultura surda se fazem a partir dos movimentos históricos, ou seja, das lutas e das influências temporais. Desse modo, quando falamos em artefatos, estamos nos referindo a conquistas históricas, e não materiais. Essa distinção é importante, pois, na cultura surda, não é correto afirmarmos que há artefatos materiais.
b) Os artefatos culturais são aqueles que compõem a identidade e cultura de um grupo e/ou sociedade. No caso da pessoa surda, são artefatos de sua cultura e língua os sinais que utilizam, objetos de aperfeiçoamento de sua comunicação, bem como o teatro, a dança e a literatura surda.
c) Artefatos históricos indicam a presença de pesquisa e investigação. No caso da comunidade surda, poucas são as pessoas que se especializaram para encontrar novos objetos que os identifiquem. Desse modo, o mais correto é dizer que os artefatos da cultura surda foram legados pelos ouvintes.
d) O artefato cultural próprio da comunidade surda é somente um: a Língua de Sinais. Os demais instrumentos considerados com o mesmo grau de importância, na verdade, não o são, pois o desenvolvimento da cultura surda iniciou-se a partir da Libras e, portanto, todos os demais artefatos derivam dela.
e) O primeiro artefato a surgir na história da comunidade surda foram os objetos do tipo terapêutico, como o implante coclear e o aparelho auditivo. Inicialmente vista como uma deficiência que deveria ser curada, a surdez precisou de elementos que, após o seu diagnóstico, permitissem a recuperação da pessoa surda.

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Questões resolvidas

A cultura e identidade surda são as características próprias do grupo de pessoas acometidas pela surdez. Em um mundo permeado por valores e referenciais ouvintes, é possível que, em dados momentos, a pessoa surda possa se sentir alheia a tudo aquilo que lhe cerca, como se fosse estrangeira em seu próprio país. Compreendendo, assim, a importância do reconhecimento de uma cultura e identidade própria para esse grupo de pessoas, assinale a alternativa que apresenta corretamente de que modo podemos classificar os artefatos culturais da comunidade surda.
Assinale a alternativa que apresenta corretamente de que modo podemos classificar os artefatos culturais da comunidade surda.
a) A identidade e cultura surda se fazem a partir dos movimentos históricos, ou seja, das lutas e das influências temporais. Desse modo, quando falamos em artefatos, estamos nos referindo a conquistas históricas, e não materiais. Essa distinção é importante, pois, na cultura surda, não é correto afirmarmos que há artefatos materiais.
b) Os artefatos culturais são aqueles que compõem a identidade e cultura de um grupo e/ou sociedade. No caso da pessoa surda, são artefatos de sua cultura e língua os sinais que utilizam, objetos de aperfeiçoamento de sua comunicação, bem como o teatro, a dança e a literatura surda.
c) Artefatos históricos indicam a presença de pesquisa e investigação. No caso da comunidade surda, poucas são as pessoas que se especializaram para encontrar novos objetos que os identifiquem. Desse modo, o mais correto é dizer que os artefatos da cultura surda foram legados pelos ouvintes.
d) O artefato cultural próprio da comunidade surda é somente um: a Língua de Sinais. Os demais instrumentos considerados com o mesmo grau de importância, na verdade, não o são, pois o desenvolvimento da cultura surda iniciou-se a partir da Libras e, portanto, todos os demais artefatos derivam dela.
e) O primeiro artefato a surgir na história da comunidade surda foram os objetos do tipo terapêutico, como o implante coclear e o aparelho auditivo. Inicialmente vista como uma deficiência que deveria ser curada, a surdez precisou de elementos que, após o seu diagnóstico, permitissem a recuperação da pessoa surda.

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LIBRASLIBRAS
LIBRAS: CULTURA,LIBRAS: CULTURA,
LÍNGUA E PRÁTICALÍNGUA E PRÁTICA
Autor: Me. Jhonatan Diógenes de Oliveira Alves
Rev isor : Etna Pa loma Nobre
IN IC IAR
Introdução
Caro(a) estudante, seja bem-vindo(a) a esta nossa unidade. Aqui, estudaremos
a respeito da cultura surda a partir de seus artefatos e sinais que a
representam, bem como daremos ênfase à língua de sinais a partir do
aprendizado do alfabeto, de alguns sinais de cumprimento e relacionados à
família e outras questões do cotidiano. Ao abordarmos este conteúdo, damos
mais um passo na construção de um saber teórico, mas que leva a uma
prática.
Em outras palavras, nosso intuito será o de promover a língua de sinais,
língua pertencente à comunidade surda, como instrumento de
reconhecimento de sua cultura e identidade, bem como artefato próprio para
se comunicar em situações corriqueiras, de modo a promover a acessibilidade
e inclusão a partir do nosso conhecimento. Desde já, desejamos a você um
excelente estudo!
introdução
A palavra “artefato” comumente nos remete a uma ideia de objeto antigo,
raro, que foi encontrado em meio a uma investigação aprofundada. Muito
próximo dessa interpretação, porém não limitada a ela, os artefatos culturais
da comunidade surda se de�nem a partir da organização da vida da pessoa
surda como um todo. Ou seja, as áreas de desenvolvimento pelas quais ela
passa, as relações primárias que desenvolve ao longo de sua formação etc.
são de�nidas como parte de sua cultura, isso porque são elas que constituem
a sua identidade (CABRAL, 2016).
Devemos considerar que as implicações externas na formação de uma
identidade devem ser levadas em consideração em todos os contextos, em
todos os âmbitos da vida de uma pessoa. Isso se aplica a qualquer um de nós:
todos temos e somos aquilo que nosso ambiente permitiu, não de maneira
determinante, mas as in�uências locais nos capacitam e nos dão uma
identidade própria. Por exemplo, o fato de reconhecermos alguém pelo
sotaque de sua fala, do estilo de roupa que usa, dos hábitos que demonstra
ter etc.
Artefatos CulturaisArtefatos Culturais
da Comunidadeda Comunidade
SurdaSurda
No caso da pessoa surda, tais implicações culturais se tornam bem mais
in�uentes em sua identidade, uma vez que ela se encontra, desde o seu
nascimento, em uma sociedade “estrangeira”. Conduzidas pelos valores e pela
lógica do mundo dos ouvintes, a pessoa surda e sua família, ao terem o
diagnóstico da surdez, podem incorrer em um processo de negação do fato
(CABRAL, 2016). Em um primeiro momento, além da família, é o surdo quem
geralmente sofre mais com essa constatação da surdez, pois, ao se deparar
com o mundo externo ao seu círculo familiar, ele se perceberá diferente dos
demais e, em alguns casos, mais comuns em pequenas cidades, poderá ser a
única pessoa com de�ciência em seu bairro.
Mesmo que a descoberta da surdez possa ocorrer nos primeiros anos de vida,
ainda assim há situações nas quais a negação permanece presente. O que se
veri�ca, na prática, é que, conforme a condução do diagnóstico, bem como a
visão médica a respeito do que é ser surdo, a aceitação da família tende a ser
diferente. Isso reforça a importância do atendimento humanizado e que não
reconheça a surdez como sinônimo de incapacidade pro�ssional, afetiva e
social.
De modo geral, no Brasil, o discurso médico sobre a surdez reforça
os aspectos negativos da de�ciência. Esta perspectiva negativa em
relação ao desenvolvimento do surdo negligencia a possibilidade
de seu desenvolvimento bilíngue e reforça a visão dos pais de que
seus �lhos terão muitos problemas de desenvolvimento acadêmico
e social (MONTEIRO; SILVA; RATNER, 2016, p. 2).
Perceba como fatores como o familiar, o social e o linguístico interferem
diretamente não apenas na compreensão da pessoa surda sobre sua cultura,
mas também sobre ela mesma. Seja a surdez congênita (que está presente
desde o nascimento) ou a adquirida (por doença, velhice, acidentes etc.),
todas exigem do indivíduo um período de adaptação no qual sua identidade
deve ser paulatinamente aceita por ele. Esse processo de aceitação pode até
ser lento, porém, se torna muito mais complexo quando a experiência do
sujeito é cercada por paradigmas preconceituosos, discursos não
fundamentados na realidade do ser surdo ou, então, ignorada pelas pessoas,
como se ela não existisse e, portanto, não devesse ser levada em
consideração. É como se a sua condição física e biológica não fosse
reconhecida por seus pares, que a todo instante buscam a “normalização” de
seu estado.
A construção da identidade surda nem sempre nasce da aceitação
dessa realidade diferenciada dos ouvintes. Ela pode nascer da
contradição de querer se aproximar da realidade dos ouvintes, que
são a maioria da população. [...] essa di�culdade que alguns
surdos têm em assumir sua identidade política e cultural como
membros da cultura surda tem fundamento nos parâmetros
sociais de acordo com os quais o ouvinte de fala oral é a maioria e
o surdo de fala sinalizada é uma minoria linguística (CABRAL, 2016,
p. 24-25).
Essa busca pela normalização se torna rotina na vida da pessoa surda,
inicialmente por sua família e grupo de pessoas próximas, até chegar nela
mesma, que encontra di�culdades em se aceitar. Não poderia ser diferente,
pois, em uma sociedade com estruturas e comportamentos padronizantes,
quem não se encaixa nos ditames impostos tende a se isolar ou a se adequar
àquilo que é imposto.
Podemos entender essa di�culdade estrutural por parte de nossa sociedade
de reconhecer o sujeito em sua individualidade como uma expressão do
preconceito estrutural e, muitas vezes, por falta de informação. Em relação às
pessoas com de�ciência (PcD), tal preconceito é camu�ado diariamente pelas
ideias do politicamente correto, porém, se revelam na particularidade, no
anonimato, demonstrando que, de fato, não houve, na formação do
indivíduo, uma educação que gerasse uma transformação política.
No entanto, na intimidade, quase sempre desmorona e pode dar
lugar mais claramente ao preconceito, que, nesse espaço, não
precisa ser escondido de ninguém. Não se faz necessário, portanto,
se policiar, isto é, manter a vigilância (excessiva) sobre o que se fala.
O politicamente correto pode mascarar e velar preconceitos
vívidos, o que é assaz perigoso, apesar de bastante comum. Em
relação aos sujeitos surdos, isso vem à tona com o uso de termos
legais como “portador de necessidades educativas especiais”, como
se a pessoa portasse (logo, pode deixar de portar) um impeditivo à
suposta normalidade ou como se todos nós não tivéssemos
necessidades educativas que (nos) são especiais (PEREGRINO, 2015,
p. 33638-33639).
Nesse contexto é que encontramos o papel crucial da família; sendo 90% dos
surdos �lhos de pais ouvintes, a aceitação por parte da família é que
proporcionará o reconhecimento da pessoa surda com a sua comunidade
(CABRAL, 2016). O cenário familiar será responsável pela formação da
identidade do sujeito, seja lhe proporcionando a ajuda necessária para
compreender-se melhor enquanto surdo(a), seja para rea�rmar a cultura
ouvinte na qual ele vive à qual poderá se adaptar. Certamente, conforme a
história evidencia, o aprendizado da cultura surda sempre será a escolha mais
assertiva por parte dos familiares e do próprio surdo(a), uma vez que esta lhe
é própria em razão da possibilidade se autoa�rmar sem grandes esforços e
adaptações àquilo que lhe é estranho (MORAIS et al., 2018).
Os artefatos da cultura surda são instrumentos que reforçam a presença
do(a) surdo(a) na sociedade sem maiores constrangimentos e adequações. Ou
seja, a aceitação da sua identidade e cultura segue o caminho da
acessibilidade de forma quase natural, uma vez que não será mais necessário
o esforço para ser reconhecido, compreendido e aceito na lógica da cultura
ouvinte, pois, gradualmente, se validam as tentativas de adaptação a partir
das necessidades da pessoa surda em ser quem ela é, e não quema
sociedade gostaria que fosse.
Podemos elencar alguns artefatos culturais e tecnológicos que pertencem à
comunidade surda. Aqui, nos detemos em atribuir o signi�cado de objetos
tecnológicos e experiências culturais, conforme nos apresentam Morais et al.
(2018), todavia, isso não impede que outras de�nições de artefatos sejam
reconhecidas como corretas, como é o caso da interpretação da família e da
língua como componentes desse grupo. Tudo aquilo que se relaciona ao
mundo e à experiência da pessoa surda pode ser compreendido como
componente de sua cultura e identidade, uma vez que é somado à
experiência de apropriação de sua individualidade (MORAIS et al., 2018).
Observe alguns exemplos:
TDD – é um aparelho telefônico próprio para a pessoa surda ou com
perda auditiva. Ele possui, além do telefone comum, uma tela digital
onde aparece o texto digitado. Funciona assim: a pessoa surda retira
o telefone do gancho e o coloca junto à tela de texto; em uma central
de serviços, um atendente captará a ligação e descreverá para a
pessoa ouvinte que está na outra linha o que a pessoa surda quer
dizer, a partir daquilo que ela digitar. Esse objeto é antigo, data de
1964, e, na atualidade se tornou obsoleto, tendo em vista o acesso
universal da internet e de aplicativos de comunicação, como o
WhatsApp.
Aparelho auditivo – muito utilizado, sobretudo nos casos de perda
de audição por idade avançada, essa opção não está disponível para
surdos severos e/ou profundos. O aparelho auditivo funciona a partir
do local da perda de audição (ouvido externo, médio ou interno) e
capta o som local complementando a capacidade do indivíduo de
ouvir.
Implante coclear – utilizado em casos de surdez severa e/ou
profunda, o implante coclear seria o estímulo por meio de corrente
elétrica dos nervos que estão presentes na cóclea, área própria do
ouvido interno. Esse procedimento pode ser arriscado, pois algumas
pessoas não se adaptam ao aparelho, assim como nem todos os
tipos de surdez severa e profunda são solucionados por ele. Há
casos, por exemplo, em que o nível de danos sofridos na cóclea ou
no nervo auditivo é profundo e, consequentemente, a surdez é
irremediável (TEFILI et al., 2013).
Teatro surdo – é a produção artística de cenas de teatro, porém,
adaptadas à pessoa surda. Utilizando da língua de sinais, os artistas
dão vida aos personagens e suas histórias a partir da expressão
corporal, facial e das mãos.
Piada surda – outro artefato da cultura surda, as piadas surdas são
contadas a partir da Libras, ou seja, com as mãos. Contadas em
pequenos grupos informais, elas trazem o signi�cado do humor para
a pessoa surda de acordo com as suas interpretações e visão de
mundo, além de consolidarem a cultura surda.
Literatura surda – utilizando de histórias clássicas ou modernas, a
literatura para surdos é a adaptação de livros que, ao invés de serem
escritos em língua portuguesa, contam com as imagens da história
acompanhadas de sinais, para que o surdo as possa ler. No caso da
presença de um intérprete, esses livros servem de apoio para que
suas expressões e sinais o tenham como aporte.
Língua de sinais brasileira – este é o principal instrumento de
comunicação da comunidade surda e que compõe a sua cultura.
Após passar por diversos contextos de exclusão e intolerância,
atualmente, a Libras é parte estruturante da cultura e identidade
surda.
Vale ressaltar que as identidades surdas estão, assim como qualquer outra
identidade, em constante processo de transformação e renovação de seus
valores. A presença da tecnologia favoreceu o acesso à informação e à
comunicação para este grupo, sem precisar da presença constante de um
intérprete para lhe transmitir histórias e informações básicas, e isso interferiu
diretamente na busca por autonomia da pessoa surda, isto é, na sua
compreensão sobre si e no modo de ser e estar no mundo.
Conhecimento
Teste seus Conhecimentos 
(Atividade não pontuada) 
A cultura e identidade surda são as características próprias do grupo de pessoas
acometidas pela surdez. Em um mundo permeado por valores e referenciais
ouvintes, é possível que, em dados momentos, a pessoa surda possa se sentir
alheia a tudo aquilo que lhe cerca, como se fosse estrangeira em seu próprio país.
Compreendendo, assim, a importância do reconhecimento de uma cultura e
identidade própria para esse grupo de pessoas, assinale a alternativa que apresenta
corretamente de que modo podemos classi�car os artefatos culturais da
comunidade surda.
a) A identidade e cultura surda se fazem a partir dos movimentos históricos,
ou seja, das lutas e das in�uências temporais. Desse modo, quando falamos
em artefatos, estamos nos referindo a conquistas históricas, e não materiais.
Essa distinção é importante, pois, na cultura surda, não é correto a�rmarmos
que há artefatos materiais.
b) Os artefatos culturais são aqueles que compõem a identidade e cultura de
um grupo e/ou sociedade. No caso da pessoa surda, são artefatos de sua
cultura e língua os sinais que utilizam, objetos de aperfeiçoamento de sua
comunicação, bem como o teatro, a dança e a literatura surda.
c) Artefatos históricos indicam a presença de pesquisa e investigação. No
caso da comunidade surda, poucas são as pessoas que se especializaram
para encontrar novos objetos que os identi�quem. Desse modo, o mais
correto é dizer que os artefatos da cultura surda foram legados pelos
ouvintes.
d) O artefato cultural próprio da comunidade surda é somente um: a Língua
de Sinais. Os demais instrumentos considerados com o mesmo grau de
importância, na verdade, não o são, pois o desenvolvimento da cultura surda
iniciou-se a partir da Libras e, portanto, todos os demais artefatos derivam
dela.
e) O primeiro artefato a surgir na história da comunidade surda foram os
objetos do tipo terapêutico, como o implante coclear e o aparelho auditivo.
Inicialmente vista como uma de�ciência que deveria ser curada, a surdez
precisou de elementos que, após o seu diagnóstico, permitissem a
recuperação da pessoa surda.
Uma das temáticas que se associa à identidade surda é o processo ao qual
este indivíduo está sujeito durante a sua alfabetização escolar. Guiados
historicamente por experiências e tentativas diversas de como educar
crianças e jovens surdos, ao falarmos de educação inclusiva, deparamo-nos
com a insegurança e medo, dos pro�ssionais da educação, de que se repitam
os erros do passado (LACERDA; SANTOS; MARTINS, 2019). Ou seja, os riscos
da promoção de uma educação fragmentada em pleno século XXI não são
improváveis, bem como a possibilidade de os sistemas de ensino serem
norteados por uma educação que não atenda às necessidades e à cultura da
pessoa surda é uma questão moderna e pertinente. Essa problemática vem
ao encontro da interpretação de que a língua de sinais também é um artefato
cultural e, por isso, deve ser ensinada já nos primeiros estágios da formação
da pessoa surda.
Isso signi�ca que, ao falarmos sobre a educação da pessoa surda, deve-se
compreender como metodologia a ser empregada em seu processo de ensino
o bilinguismo. Esse método de alfabetização na educação de surdos signi�ca
Bilinguismo e aBilinguismo e a
Tendência àTendência à
OralidadeOralidade
que a criança surda será alfabetizada na escola em duas línguas: a primeira
será a língua de sinais, que é a sua língua natural, e, em segundo lugar, lhe
será ensinada a língua o�cial de seu país (LACERDA; SANTOS; MARTINS, 2019).
No caso do Brasil, a primeira língua a ser ensinada será a Libras e, na
sequência, a Língua Portuguesa.
Essa associação dos saberes linguísticos garante que o indivíduo tenha as
suas necessidades de comunicação atendidas, ao mesmo tempo em que não
se isente dos saberes próprios de seu país e das questões que permeiam o
seu dia a dia. Entretanto, não são todas as escolas que ofertam uma educação
bilíngue, sendo destinada apenas uma pequena parcela das instituições
públicas para essa �nalidade.Desse modo, aos alunos das séries iniciais e
�nais do Ensino Fundamental, bem como do Ensino Médio, restam as
adaptações que cada escola realiza em sua organização curricular e
pedagógica.
Quando o aluno surdo ingressa em uma escola comum (regular),
ele está adentrando num ambiente cuja língua de instrução é a
portuguesa e cujo espaço não foi pensado para recebê-lo e formá-
lo enquanto cidadão. É fundamental, nesse sentido, que as
práticas, os métodos, as avaliações e os currículos sejam pensados
e organizados de modo a contemplar os estudantes surdos em sua
totalidade (MORAIS et al., 2018, p. 57).
Pensar uma educação acessível à pessoa surda é uma tarefa que legalmente
já foi realizada. Nesse sentido, temos a Lei nº 10.436/2002 e o Decreto nº
5.626/2005, que regularizam o ensino e uso da Libras, bem como a o�cializam
como primeira língua para a pessoa surda e a segunda língua o�cial do país
(BRASIL, 2005). Apesar disso, o processo de adaptação permanece extenso e
demorado, o que afeta diretamente na educação de jovens surdos, que, para
completarem suas formações escolares ou se manterem em seus trabalhos,
abrem mão do cumprimento das leis e, mais uma vez, repetem a sequência
histórica de serem silenciados em necessidades básicas para se
desenvolverem com qualidade e equidade.
Falando diretamente da educação, não é raro encontrarmos sistemas de
avaliação escolar que priorizam em seus exames de aprendizado e
demonstração de conhecimento da pessoa surda as mesmas exigências que
um ouvinte deve seguir. O fundamento de tais métodos foge à realidade do
surdo, uma vez que sua condição e cultura estruturam a sua interpretação de
mundo em uma lógica particular, a qual não pode e não deve ser comparada
àquelas da pessoa ouvinte.
Apesar da regulamentação formal no que se refere ao direito à
comunicação dos surdos no país através da Libras, ainda constata-
se que estes encontram entraves para exercerem tal direito nos
diversos segmentos da vida social, sendo privados no acesso à
educação, cultura, lazer, informação etc. Por exemplo, quanto à
política de educação, frequentemente as escolas regulares colocam
como requisito de escolarização dos alunos surdos o
enquadramento aos padrões ditos “normais”, desrespeitando o
desenvolvimento das singularidades destes. Ou seja, valorizam-se,
exclusivamente, a oralização e a leitura labial, em detrimento da
comunicação, não apenas em sala de aula, pela Libras (NUNES et
al., 2015, p. 539).
O mais comum nas realidades escolares é encontrarmos instituições que
atendam às exigências legais de inclusão por meio de um pro�ssional
especí�co. Isso ocorre com a contratação de intérpretes de Libras para
acompanharem os alunos surdos durante todas as aulas, estágios e
atividades extraclasses, como palestras, debates e pesquisas escolares
(BAGGIO; CASA NOVA, 2017). Contudo, a pedagogia moderna questiona se
esse atendimento seria su�ciente, uma vez que estamos falando da
construção de uma identidade. A criança, geralmente, tem seu primeiro
contato com a cultura surda na fase da escolarização, pois, como, mais de
90% das famílias são de ouvintes, a língua à qual elas têm acesso em sua casa
é a dos ouvintes, e não a de sinais (MORAIS et al., 2018).
Con�gura-se, assim, uma educação inclusiva que, em certos casos, erra na
aplicação de seus métodos, seja por ignorância ou descuido na formação de
seus professores em relação à acessibilidade e inclusão. Esses fatos reforçam
a defesa das escolas bilíngues, local apropriado para o progresso humano e
intelectual da pessoa surda, uma vez que o método que ali se emprega
compreende todos os aspectos formativos necessários ao estudante na
modernidade. Saberes psicológicos, sociais, acadêmicos e afetivos são
abordados nesses ambientes, todos relacionados aos saberes e cultura
surdos.
Apesar de moderna e, ao mesmo tempo, ser re�exo de uma educação
inclusiva que demonstra a preocupação social com a educação de pessoas
com de�ciência auditiva, a proposta bilíngue comporta em si o entendimento
de acessibilidade integral, priorizando sujeitos, currículos e aprendizagem.
Uma proposta pedagógica bilíngue oferece às crianças surdas as
mesmas garantias de possibilidades de aprendizagem linguísticas e
desenvolvimento psicológico de uma criança ouvinte. Para que isso
aconteça, o ensino é ministrado em língua de sinais, que é uma
língua natural para essa criança e sobre a qual ela tem maior
domínio e �uência (MORAIS et al., 2018, p. 59-60).
Cabe ressaltar que as escolas bilíngues não levam à exclusão ou ao
afastamento social da pessoa surda, pelo contrário; na escola bilíngue, as
possibilidades de se reconhecer como parte de uma cultura se tornam
maiores e mais efetivas, elevando a autoestima e gerando sentimento de
pertencimento e de naturalidade em relação à sua diferença. O que se veri�ca
em tais locais é o suporte identitário que nas escolas de ensino regular que
aderem à inclusão, geralmente, é baixo ou inexistente.
Não se deve, com isso, desmerecer o trabalho das escolas regulares, que, a
partir das conquistas legais em nosso país, começaram a ofertar aos alunos
surdos a presença do intérprete de Libras. Entretanto, a preocupação a qual
nos referimos adentra o campo da cultura e da identidade desse sujeito de
aprendizagem que necessita se reconhecer no espaço escolar. É na escola
que o indivíduo se descobre enquanto parte de um grupo, de uma
comunidade constituída, da qual ele é herdeiro e, ao mesmo tempo, partícipe
das mudanças que ocorrerão (STROBEL, 2008). No caso da pessoa surda, o
que se pretende na construção de seu percurso pedagógico é que ela tenha
acesso às mais variadas culturas e saberes, porém, tendo como norte de sua
trajetória a identidade que lhe foi transmitida por seu grupo de origem, a �m
de situar-se em meio às diferenças e às variadas expressões artísticas, sociais
e intelectuais como alguém que também possui referenciais seguros para que
possa voltar sempre que necessário.
O espaço educacional do surdo tem sido, na maioria das vezes, a
escola de surdos. Como ocorreu em todas as escolas especiais, as
propostas educativas estavam centradas na procura da
normalização. Porém, com a evolução e o aperfeiçoamento de tais
propostas para a educação de surdos, boa parte dessas escolas
vem procurando implantar um projeto de educação que possibilite
ao aluno adquirir os saberes universalmente acumulados por meio
da língua de sinais, bem como que lhe permita levar em
consideração a experiência visual de ser surdo. Além disso, a
presença do professor surdo fornece às crianças surdas um
elemento identi�catório positivo (BAGGIO; CASA NOVA, 2017, p. 78).
Novamente, devemos diferenciar o processo de especialização da ideia de
exclusão. Privilegiar que a educação de surdos possa acontecer em escolas
próprias para eles, isto é, escolas bilíngues que valorizem e reconheçam a sua
identidade e, a partir disso, iniciar o processo de alfabetização não signi�ca
excluir o sujeito da socialização e convivência com as demais realidades não
surdas.
Contrariamente à possibilidade da de�nição de distanciamento social, a
defesa que se faz das escolas bilíngues se dá por seu caráter identitário da
cultura surda, bem como do olhar inédito que se constrói a respeito dela.
Fugindo da leitura de�citária a respeito da surdez, a interpretação desta como
condição própria da pessoa surda consolida uma leitura histórica do per�l
dessas pessoas e dos artefatos que compõem as suas expressões culturais
(NUNES et al., 2015). Em outras palavras, a surdez deixa de ser vista como
de�ciência e passa a ser a diferença que cada surdo traz consigo em relação
às pessoas ouvintes, o que não lhes diminui em nada tampouco os tornam
incapacitados para uma vida plena e feliz.
Concluímos que a dissociação da surdez com a de�ciência revela a
condição bilíngue da surdez, isto é, da possibilidade e importância
de o surdo ter acesso a Libras como língua primeira e estruturante
de sua identidade e, apartir dela, ter acesso a todas as
informações do mundo como qualquer pessoa. Não é necessário o
olhar penalizado tampouco a crença na incapacidade do surdo
(NUNES et al., 2015, p. 539).
A problemática da de�ciência não signi�ca que as políticas voltadas às
pessoas com de�ciências não devam incluir as pessoas surdas. Ao contrário,
por nos referirmos a um grupo minoritário, faz-se imprescindível que cada
política seja reconhecida e lembrada a cada momento oportuno, tanto pela
comunidade surda como pela sociedade em geral. Fugir do estigma social e
clinicamente estabelecido da surdez como de�ciência é a�rmar que a
de�nição de pessoa deve partir do simples fato de todos nós sermos, antes
de tudo, humanos, e não de nossas condições físicas, de raça, crença,
orientação sexual ou de�ciências.
Trata-se do reconhecimento da diversidade presente em nossa sociedade,
que não deve ser encarada como um risco à ordem, mas como a possibilidade
de evolução da consciência coletiva que aprende, gradualmente, a aceitar as
pessoas a partir de quem elas são ou querem ser, e não de de�nições
padronizadas de corpo e mente.
Ou seja, a concepção de surdez que ultrapassa a conceituação de
de�ciência não visa negar o dé�cit orgânico, mas lançar luz para a
experiência subjetiva marcada pela surdez: para as possibilidades
que essa condição traz; para as trocas intersubjetivas facilitadas
pelo convívio em grupos ou comunidades entre surdos; para além
da comparação constante com os ouvintes e para a denúncia
presente nas propostas pedagógicas “ouvintistas” (NUNES et al.,
2015, p. 539-540).
Pode parecer contraditória a defesa de uma sociedade que priorize o homem
em si, enquanto lutamos pela elaboração de leis e tratamentos especí�cos
para grupos de minoria em nosso país. Contudo, frente aos interesses
econômicos que conduzem as decisões políticas não apenas de nosso país,
mas da sociedade moderna como um todo, devemos fracionar para unir,
dividir para somar, garantindo, assim, que, paulatinamente, todos tenham
voz; são garantias sociais adquiridas em situações particulares, mas que nos
consolidam integralmente.
É a assimetria nas relações de poder que justi�ca e legitima as
comunidades surdas como possibilidades de reorganização de
novos encontros discursivos que não sejam marcados apenas pela
comparação constante com a “normalidade” e com o desvio. O
convívio dos surdos entre si pode trazer trocas que in�uenciam na
concepção sobre si mesmo e no acesso às produções culturais
desse encontro: arte, teatro, re�exões, reivindicações etc. (NUNES et
al., 2015, p. 540).
No caso da pessoa surda, o fortalecimento de sua cultura se faz pelo encontro
de seus iguais, na busca por direitos e acesso a eles, na divulgação de suas
qualidades e da riqueza linguística que a Libras possui. Esses instrumentos,
guiados por bons projetos e por uma educação que deveras os alcance,
oportunizam autoconhecimento para seu grupo e exemplo de encorajamento
para todos os demais.
Conhecimento
Teste seus Conhecimentos 
(Atividade não pontuada) 
Desde a promulgação das leis de acessibilidade, bem como daquelas que tornavam
a Libras a língua o�cial da comunidade surda, o que se viu foi o fortalecimento do
método bilíngue para alfabetizar crianças e jovens surdos. Contudo,
majoritariamente, temos em nosso país as experiências das escolas inclusivas, nas
quais há a presença do intérprete de Libras para acompanhar os alunos surdos ao
longo do período letivo.
Sobre a educação das escolas bilíngues e a sua contribuição para a formação da
cultura e identidade surda, assinale a alternativa correta.
a) As escolas bilíngues são consideradas a melhor estratégia para a educação
das pessoas surdas, tendo em vista que, nesses ambientes, não é somente a
língua de sinais que lhes é ensinada, mas todo o conteúdo curricular, isto é,
os saberes teóricos e práticos são transmitidos a partir de uma perspectiva
identitária e cultural, própria da pessoa surda.
b) A promoção de escolas bilíngues em nosso país tem sofrido diversas
críticas por parte das instituições de apoio à pessoa surda. Isso ocorre, pois,
nessas instituições de ensino, o aluno surdo se vê isolado das experiências
comuns aos demais sujeitos de aprendizagem que não são surdos. Por esse
motivo, a educação inclusiva se torna a melhor alternativa.
c) As escolas bilíngues oferecem uma educação direcionada especi�camente
ao aluno surdo. Contudo, há uma questão que, conforme vimos em nossas
aulas, tem interferido na qualidade do ensino bilíngue, que é a promoção de
uma matriz curricular que priorize somente assuntos voltados à cultura
surda. Esse fato tem di�cultado o aprendizado efetivo da pessoa surda sobre
o mundo e demais culturas.
d) A partir do momento em que a criança completa a idade necessária para
iniciar sua formação escolar, ela deve ser encaminhada para uma instituição
de ensino. Com a pessoa surda, segue-se a mesma lógica, dando-lhe como
suporte pedagógico a presença de um intérprete de Libras durante as aulas
presenciais. As escolas bilíngues servem como complemento a sua educação
formal.
e) A presença de escolas bilíngues tem aumentado substancialmente ao
longo dos anos. Isso se dá pelo fato de as políticas de inclusão serem mais
abrangentes na modernidade, alcançando áreas rurais e de, até então, difícil
acesso. Isso demonstra a importância que essas escolas representam para a
comunidade surda, que continuamente luta para ter suas necessidades
atendidas pelo poder público.
A língua de sinais é considerada natural à pessoa surda, isso porque ela surge
como uma necessidade imediata, que é a da comunicação. Assim, ao
estudarmos sobre a sua história, mas também sobre sua prática, devemos ter
consciência de que estamos falando de uma língua, própria de uma cultura e
que, por esse motivo deve ser respeitada em sua essência e expressão.
Alfabeto eAlfabeto e
CumprimentosCumprimentos
Há relatos de surdos que, no convívio com pessoas ouvintes, perceberam, em
algum momento, que algumas brincadeiras e comentários fugiam à ética e
respeito pelas diferenças. Estando cercado por pessoas que falam um idioma
diferente do seu, o surdo se atém a outras expressões do corpo, aos olhares,
às risadas que lhes são direcionadas e, por esses instrumentos, interpreta
e/ou cria condições para compreender o que se passa no momento.
O aluno surdo percebe e avalia o preconceito que sofre, apesar dos
desa�os linguísticos que lhe são lançados ante situações nas quais
a língua hegemônica, o português, é a língua por meio da qual
circula e se manifesta o preconceito. Porém, a pessoa surda pode
detectá-lo tendo por base olhares, gestos, expressões faciais e
corporais, dentre outras, que lhe permitem formações imaginárias
a respeito do que pode estar em cena (PEREGRINO, 2015, p.
33648).
Conscientes disso, devemos iniciar o aprendizado das primeiras expressões
em Libras compreendendo que a articulação correta dos sinais deve ser
realizada observando os seguintes elementos: con�guração das mãos (CM),
movimento (M), ponto de articulação (PA), orientação (O) e orientação
corporal e/ou facial (LACERDA; SANTOS; MARTINS, 2019).
Con�guração das mãos (CM)
Figura 2.2 - As variedades de con�guração de mãos são instrumentos
fundamentais na produção de sinais em Libras
Fonte: macrovector / 123RF.
#PraCegoVer: imagem de �guras de mãos simbolizando as con�gurações das
mãos. Ao todo, são dezesseis �guras. Na primeira, a palma da mão está para cima
e os dedos unidos em formato de concha; na segunda imagem, a palma da mão
está para a direita e com as pontas dos dedos unidas; na terceira, a palma da mão
está para frente e com os dedos curvados, como se segurassem um objeto
cilíndrico; na quarta, a mão está em formato de concha, porém, o polegar está na
parte superior e não encostado nos demais dedos; na quinta, a palma da mão
está para baixo, com os dedos juntos; na sexta imagem, a palma da mão está
para baixo, com os dedos levemente curvados e juntos;na sétima, os dedos
indicadores e polegar estão em formato de pinça e os demais dedos estendidos;
na oitava, a mão está em formato de punho; na nona, a mão está com a palma de
costas e com os dedos estendidos para baixo; na décima, a mão está para a
esquerda, com a palma para baixo e dedos levemente curvados; na décima
primeira, a mão está para a direita, com os dedos indicadores e polegar
estendidos; na décima segunda, a palma da mão está para a esquerda e com os
dedos levemente estendidos para frente; na décima terceira, a mão está para a
direita, como se cumprimentasse outra mão; na décima quarta, a mão está para a
direita, com a palma para frente e os dedos indicador, médio, anelar e polegar
retraídos, enquanto o polegar está sobre eles; na décima quinta, a mão está para
A con�guração das mãos signi�ca os diversos movimentos e formatos que ela
pode adquirir na produção de sinais em Libras. Sinais bem expressivos e
claros são fundamentais para a compreensão de quem está acompanhando a
interpretação. Para um ouvinte, seria o mesmo que pronunciar alguma frase
em um tom baixo, sem qualquer organização lógica, ou com diversos erros
gramaticais, o que interfere na comunicação e compreensão do assunto
abordado. Segundo Felipe e Monteiro (2006), ao todo, há, na Libras, 64
con�gurações de mãos distintas.
Movimento (M) – alguns sinais possuem movimento e outros não. A
seguir, temos exemplos de sinais que seguem essas duas
modalidades.
baixo, com os dedos levemente inclinados, o que con�gura um formato oval; por
último, a décima sexta mão está para a direita, com os dedos curvados, como se
segurassem um guidão.
Ponto de articulação (PA) – os sinais são produzidos a partir dos
variados pontos de centralização do corpo. Pode ser em frente ao
rosto, ao peito, nas laterais, estando o intérprete de frente para o
aluno etc. Há sinais que se localizam em espaços neutros, enquanto
outros necessariamente são executados em áreas �xas, conforme
demonstra o exemplo a seguir:
Orientação (O) – a orientação se refere ao “caminho” que as mãos
irão percorrer na produção do sinal. Há sinais que possuem a mesma
con�guração de mãos, porém, o que os diferencia é o local para o
qual ele se direciona, conforme o exemplo a seguir:
Orientação corporal e/ou facial – outra diferença entre a língua de
sinais para as línguas orais está na expressão facial. As expressões
facilitam a compreensão das frases e valorizam o signi�cado dos
diálogos.
Sabendo desses cincos parâmetros para se utilizar da língua de sinais,
vejamos, a seguir, o alfabeto manual atual:
O alfabeto manual é utilizado na língua de sinais, geralmente, para a escrita
de nomes próprios ou que não possuam sinal. É também um ótimo
instrumento para que iniciantes na língua de sinais possam se comunicar com
os surdos em situações do cotidiano. Uma excelente maneira de se
familiarizar com o alfabeto é exercitar a sua realização sequencialmente.
Cumprimentos Básicos em Libras
Na sequência, vejamos alguns cumprimentos básicos em língua de sinais, os
quais podem ser aplicados em situações do cotidiano para o aluno que está
iniciando sua formação em Libras.
Cumprimentos: “Tudo bem?”, “Eu
sou ouvinte” e “Eu uso Libras”
A con�guração das mãos, no primeiro quadro, se faz em dois momentos:
primeiramente, com a mão em formato de “concha”, sai da parte baixa do
rosto e, na sequência, é levada para frente, enquanto se abre. Já no segundo
quadro, a frase “eu sou ouvinte” se faz direcionando as mãos em formato de
“cone” até o ouvido (pode ser qualquer um dos ouvidos), enquanto levemente
abre e fecha a mão.
Cumprimentos: “Bom dia”, “Boa
tarde” e “Boa noite”
Como sinais básicos da língua de sinais brasileira, os cumprimentos “bom
dia”, “boa tarde” e “boa noite” são fundamentais para o início de um diálogo
com a pessoa surda. Por mais que o aluno inicialmente não tenha segurança
no uso dos sinais, buscar aplicá-los no diálogo demonstra interesse e respeito
por parte do ouvinte pela pessoa surda.
Figura 2.9 - Sinalizando “bom dia”, “boa tarde” e “boa noite”
Fonte: Adaptada de Silva et al. (2008).
#PraCegoVer: quatro imagens de um personagem sinalizando as palavras bom
dia, boa tarde e boa noite. Num formato triangular, temos, no topo, um
personagem levemente inclinado para a esquerda, com a mão fechada e a palma
de frente para seu corpo. Na sequência, há uma seta indicando movimento de
cima para baixo, em que sua mão se abre com os dedos estendidos. Na parte de
baixo da pirâmide, há um personagem levemente inclinado para a esquerda, com
as duas mãos saindo debaixo de seu queixo. Há duas setas indicando o
movimento linear das mãos para fora e, ao longo do percurso, elas se abrem
estendendo os dedos indicadores e unindo a ponta dos demais dedos. Na terceira
imagem, o personagem está levemente inclinado para a esquerda, com o braço
direito estendido e a mão direita com a palma para baixo e o dedo polegar
encostado na palma debaixo do queixo. Há uma seta que indica o movimento
linear de cima para baixo, no qual a mão permanece com a mesma con�guração.
Na quarta imagem, o personagem está levemente inclinado para a esquerda, com
o braço esquerdo estendido na horizontal e mão esquerda fechada. A mão
direita, por sua vez, está aberta com a palma para baixo e os dedos encostados.
Há uma seta indicando o movimento circular da mão direita sobre o braço
esquerdo, que se inicia sobre ele e vai até o seu �nal.
Perceba que todos esses sinais possuem a con�guração de mãos iniciais
semelhantes na palavra “bom/boa”. A alteração ocorrerá a partir das palavras
“dia”, “tarde” e “noite”.
praticar
Vamos Praticar
Assim como qualquer outro idioma, a Libras se torna mais fácil e acessível a partir
da prática, da realização de exercício frequente de seus sinais, bem como da
convivência com a comunidade surda de sua região. Essas metodologias são as mais
indicadas para quem está iniciando seus estudos sobre a língua.
Vamos praticar a língua de sinais? Escolha dez letras do alfabeto manual para que
você possa treinar e desenvolver sua habilidade em Libras. Por �m, tire uma foto
sua realizando a con�guração de mãos de cada uma das letras escolhidas.
Daremos continuidade ao nosso conteúdo, aprendendo, a partir de agora, os
sinais básicos que compõem os temas família, dias da semana, meses e
números. Lembramos que os cinco parâmetros da língua de sinais continuam
sendo imprescindíveis também nesses sinais, devendo ser observados pelo
intérprete no momento da comunicação com a pessoa surda.
Sinais Relacionados à Família
Vejamos os principais sinais relacionados à família, próprios da língua de
sinais. Iniciamos pelas palavras “casado” e “solteiro”.
Sinais RelacionadosSinais Relacionados
à Família, Dias daà Família, Dias da
Semana, Meses eSemana, Meses e
NúmerosNúmeros
Observe que, na palavra “casado”, as mãos caminham na direção uma da
outra, e se unem no peito como ponto de convergência. Em compensação,
“solteiro” é a mão em con�guração de “s” e, na sequência, realizando
movimentos circulares.
Na sequência, vejamos como podemos sinalizar as palavras “pai”, “mãe”,
“�lho”, “�lha”, “avô” e “avó”. No caso das palavras “mãe”, “pai”, “avó” e “avô”,
temos a conjunção de duas palavras na execução dos sinais, a saber:
primeiramente, faz-se o sinal do gênero, ou seja, masculino ou feminino; na
sequência, o sinal correspondente ao grau de parentesco, conforme os
exemplos a seguir:
Usando como exemplo a palavra “pai”, o que temos de início é o sinal de
“homem”, no qual a mão do intérprete perpassa o maxilar em direção ao
queixo e �naliza o sinal com o punho fechado, aproximando as costas da mão
sob o queixo. Em Libras, ao nos referirmos a graus de parentesco, sempre se
distinguirá o gênero do personagem, ou seja, referindo-se ao masculino ou ao
feminino. No caso de �lho e �lha, o sinal é o mesmo; porém, durante o
diálogo, deve-se fazer a distinção se “�lho” se referea homem ou mulher.
Dias da Semana e Números
Vejamos, agora, sobre os dias da semana e o modo como eles são sinalizados
em Libras. Em todos os casos, devemos nos lembrar de que, assim como a
língua portuguesa pode sofrer alterações em expressões e palavras de acordo
com cada região do país, o mesmo ocorre com a Libras. Por vezes, de uma
Figura 2.16 - Sinal de “�lho”, em Libras
Fonte: Elaborada pelo autor.
#PraCegoVer: imagem de uma intérprete sinalizando a palavra �lho. Ela está de
frente, com a mão direita aberta e os dedos levemente encostados ao peito.
cidade para outra, alguns sinais sofrem alterações em função da
regionalização daquela comunidade; assim, cabe ao pesquisador e/ou
intérprete de Libras compreender a realidade local a partir das relações que
os surdos criam para a produção de sua língua.
No caso dos dias da semana, iniciemos com a sinalização da palavra
“semana”.
A palavra “semana” possui, basicamente, duas con�gurações. Na primeira,
demonstrada na imagem acima, a mão se move de um lado para o outro
(apenas uma vez) em con�guração de número sete em Libras. Na segunda
possibilidade, as duas mãos são utilizadas, com sete dedos erguidos que se
movimentam de um lado para o outro (apenas uma vez). A partir daí,
passamos aos dias da semana.
Nos dias da semana, identi�camos que todos os sinais se centralizam na
região da cabeça, aproximando-se sempre da testa ou da boca. Todos esses
sinais possuem movimento; por exemplo, a palavra “terça-feira” é sinalizada
com três dedos estendidos que repetidamente encostam na testa e, logo
após, se afastam. Outro ponto de atenção é com relação à palavra “sábado”: o
sinal é o mesmo utilizado para “suco” e “laranja” (fruta e cor). Nesse aspecto,
para que não haja con�itos na comunicação, o que permitirá a compreensão
do diálogo será sempre o contexto da conversa em questão.
Ao falarmos sobre os dias da semana, nos aproximamos dos sinais dos
números. Porém, antes de iniciá-los, devemos compreender que existem
quatro formas de sinalizá-los em Libras; tudo dependerá do contexto da
conversa e do signi�cado do número.
Números Cardinais: Códigos
Representativos e Quantidades
Quando utilizados para a sinalização de códigos representativos, os números
são expressos da seguinte forma:
Nesse caso, os números sinalizados não possuem movimento. Alguns
exemplos de códigos representativos são: número da senha do banco, da
caixa postal, número de telefone etc.
A segunda modalidade também se refere aos cardinais, porém, quando estes
se referem a quantidades:
Os números que se alteram aqui são um, dois, três e quatro; tanto em sua
con�guração como na posição que se encontram. Alguns exemplos nos quais
se utilizam os números nessa con�guração são: quantidade de pessoas, de
vagas, de objetos, de dias.
Números Ordinais e Monetários
Em terceiro lugar, temos a sinalização dos números ordinais, nos quais a
con�guração de mãos permanecerá semelhante aos cardinais para códigos
representativos, com a diferença de que serão sinalizados com movimentos.
Por �m, os números também são sinalizados para indicar valores monetários.
No caso do Real, sempre no �nal do número, se con�gura uma das mãos em
“R”, acrescida de movimento trêmulo, de um lado para o outro, ou, então,
utilizando da con�guração de mãos semelhante aos números cardinais para
quantidades, realiza-se o movimento trêmulo na própria con�guração de
mãos do número sinalizado.
Sinalizando os Meses do Ano
Os meses do ano possuem sinais próprios para serem identi�cados ao longo
de uma conversa. A palavra “mês” se sinaliza da seguinte forma: com uma das
mãos fechadas e a outra com o dedo indicador erguido, ambas se aproximam
e a que está fechada se movimenta uma única vez de cima para baixo,
enquanto a fechada permanece imóvel, conforme a imagem a seguir:
Agora, vejamos cada um dos meses, a partir das imagens a seguir:
Figura 2.29 - Palavra maio
Fonte: Elaborada pelo autor.
#PraCegoVer: quatro imagens de uma intérprete de Libras sinalizando a palavra
maio. Em todas elas está de frente e com a mão em frente ao peito. Na primeira,
está sinalizando a letra M; na segunda, a letra a; na terceira, a letra i; e, na quarta,
a letra o.
Figura 2.30 - Palavra “junho”
Fonte: Elaborada pelo autor.
#PraCegoVer: três imagens de uma intérprete sinalizando a palavra junho. Em
todas elas, ela está de frente e com as mãos diante do corpo com os dedos
indicadores e médios estendidos. Na primeira, o braço direito está na parte
superior, próximo ao rosto, e o braço esquerdo está na parte inferior, próximo à
barriga. Na segunda imagem, os dedos se encontram no meio corpo e, na terceira
imagem, a posição dos braços se inverte.

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