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CENTRO UNIVERSITÁRIO FACULDADES 
METROPOLITANAS UNIDAS- FMU 
 
 
 
ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA- APS 
DIREITO TRIBUTÁRIO APLICADO 
 
 
CÍNTIA CORREIA VENÂNCIO- RA: 1437158- TURMA:132330M08A990202 
 
 
 
 
 
São Paulo 
 2025 
 
 
 
O art. 4º da Lei n. 14.148/2021, de 18 de março de 2022, reduziu a zero as 
alíquotas dos seguintes tributos: PIS/Cofins, CSLL e IPRJ, por um prazo de 60 
meses contados da data da sua publicação, a todas as empresas do ramo de 
eventos e turismo. Todavia, a Lei n. 14.859/2024, de 22 de maio de 2024, incluiu 
o art. 4º-B estabelecendo que o benefício fiscal concedido estaria restrito ao 
valor máximo de R$ 15 bilhões de reais, a ser demonstrado pela Receita Federal 
Brasil. Já em março de 2025, por meio do Ato Declaratório Executivo n. 02, a 
Receita Federal do Brasil determinou o fim do benefício por ter atingido a meta 
dos R$ 15 bilhões de reais. Considerando que o mencionado dispositivo legal 
foi devidamente instituído, respeitando todos os tramites legais, responda: 
(i) Está correta a revogação do benefício fiscal para as empresas do setor de 
turismo? 
Resposta: A revogação do benefício fiscal instituído pelo art. 4º da Lei nº 14.148/2021 
encontra respaldo no ordenamento jurídico, especialmente após a promulgação da 
Lei nº 14.859/2024, que introduziu os arts. 4º-A e 4º-B à referida norma. O art. 4º-A 
estabeleceu um limite de R$ 15 bilhões como teto orçamentário para a fruição do 
incentivo, vinculando a continuidade do benefício à demonstração periódica de seu 
custo fiscal pela Receita Federal do Brasil. Ademais, o art. 4º-B condicionou a fruição 
do benefício à habilitação prévia por meio de plataforma digital, vinculando sua 
eficácia ao controle e à transparência administrativa. Assim, a extinção do benefício 
em razão da superação do limite previsto não configura violação ao princípio da 
legalidade (art. 150, I, da CF), pois decorre da própria previsão normativa estabelecida 
por lei formal, regularmente aprovada pelo Congresso Nacional. Também não se 
verifica ofensa ao princípio da segurança jurídica, visto que os contribuintes foram 
previamente advertidos pela legislação quanto à existência do teto fiscal e das 
condições de habilitação. A previsibilidade e a objetividade do critério de extinção do 
benefício preservam a estabilidade das relações jurídico-tributárias, e a aplicação 
uniforme da regra a todas as empresas do setor afasta qualquer alegação de violação 
ao princípio da isonomia tributária. 
 
 
 
(ii) Havendo a revogação, os tributos já poderiam ser cobrados no dia seguinte? 
Quanto à possibilidade de exigência imediata dos tributos que, até então, estavam 
com alíquota zero, a saber, PIS, Cofins, CSLL e IRPJ, é necessário considerar o 
regime jurídico-constitucional aplicável a cada um deles. As contribuições sociais (PIS, 
Cofins e CSLL), por força do artigo 195, §6º, da Constituição Federal, estão 
submetidas ao princípio da anterioridade nonagesimal. Dessa forma, o 
restabelecimento da tributação, ao representar um aumento indireto da carga 
tributária, somente poderá produzir efeitos noventa dias após a publicação da norma 
que revogou o benefício fiscal. Tal interpretação encontra amparo na jurisprudência 
do Supremo Tribunal Federal. Por sua vez, o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica 
(IRPJ) está sujeito exclusivamente ao princípio da anterioridade anual (art. 150, III, 
“b”, e §1º, da CF), de modo que sua cobrança somente pode ser retomada no exercício 
financeiro seguinte ao da revogação do benefício. Portanto, a cobrança imediata das 
contribuições sociais configuraria violação ao princípio da anterioridade nonagesimal, 
comprometendo os pilares da segurança jurídica, da legalidade tributária e do devido 
processo legal material no contexto fiscal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bibliografia 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível 
em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm 
 
BRASIL. Lei nº 14.148, de 3 de maio de 2021. Institui o Programa 
Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse). Disponível em: 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14148.htm 
 
BRASIL. Lei nº 14.859, de 22 de maio de 2024. Altera a Lei nº 14.148/2021. 
Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-n-14.859-de-22-de-
maio-de-2024-554025370 
 
BRASIL. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Código Tributário Nacional. 
Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172.htm 
 
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. RE-AgR 1.053.254/MG. Rel. Min. Dias 
Toffoli. DJe 22/09/2017. 
 
 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14148.htm
https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-n-14.859-de-22-de-maio-de-2024-554025370
https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-n-14.859-de-22-de-maio-de-2024-554025370
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172.htm

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