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Este princípio possui natureza eminentemente econômica, pois um vínculo de trabalho duradouro permite progressos pessoais e familiares do trabalhador, já que a estabilidade no emprego oferece uma base mais sólida, trazendo ao trabalhador bem estar físico, mental e social. Assim, presume-se que o contrato de trabalho terá validade por tempo indeterminado, salvo estipulação expressa no contrato de trabalho. O término do contrato de trabalho ou a demissão do empregado tem que ser provado pelo empregador. Há dois institutos legais que bem expressam a qualidade exponencial deste princípio: o FGTS e a indenização compensatória pela despedida arbitrária. Pode-se destacar como exemplo legal deste princípio o “Art. 448 da CLT – A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados.” 25 Esse princípio foi relativizado pela Reforma Trabalhista introduzida pela Lei n. 13.467/2017, como se verifica, por exemplo, com a previsão da possibilidade de rescisão do contrato de trabalho por comum acordo entre as partes (art. 484-A, CLT) e a previsão de possibilidade mais facilitada de o empregador proceder a dispensas coletivas ou plúrimas, na medida em que o art. 477-A da CLT prevê que nesses casos não há necessidade de autorização prévia de entidade sindical ou de celebração de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho para sua efetivação 26 O princípio da primazia da realidade, derivado da ideia de proteção, tem por objetivo fazer com que a realidade verificada na relação entre o trabalhador e o empregador prevaleça sobre qualquer documento que disponha em sentido contrário. Assim, em caso de discordância entre a realidade emanada dos fatos e a formalidade dos documentos, deve-se dar preferência à primeira, ou seja, a realidade de fato da execução da relação mantida entre as partes prevalece sobre sua concepção jurídica. Com base no art. 9º da CLT, verifica- se que, se o documento foi formalmente elaborado com o intuito de, encobrindo a realidade dos fatos, fraudar as normas trabalhistas, será nulo de pleno direito a) Fontes Materiais, também chamadas de primárias ou reais: são os fatos sociais, políticos e econômicos que antecedem a criação das normas jurídicas, pois dos fatos nasce a lei, como as greves, manifestações etc b) Fontes Formais: São as leis, conferem à regra jurídica o caráter de direito positivo divididas em pública (autônomas) ou privadas (heterônomas). c) Fontes Formais Heterônomas: são compostas pela Constituição; leis (complementar, ordinária e medida provisória); Decretos, expedidos pelo Presidente da República; tratados e convenções internacionais e pelas sentenças normativas; Portarias, Avisos, Instruções e Circulares; Sentença Normativa. d) Fontes Formais Autônomas: costumes; convenções coletivas de trabalho e acordos coletivos de trabalho. Convenção Coletiva de Trabalho (CCT); Acordo Coletivo de Trabalho (ACT); Usos e Costumes (costume é uma regra que emerge do uso). Convenção e Acordo Coletivos: São pactos firmados entre sindicatos dos empregadores e empregados para definir direitos e deveres entre as partes durante um ano, diferença do acordo é que nele o empregador é quem firma o pacto com o sindicato estes direitos e deveres somente terão vigência dentro da empresa. Contrato de Trabalho: é um acordo de vontades, elaborado de acordo com a lei, onde se constituem os deveres e direitos, nas relações entre empregador e empregado. Estudaremos suas classificações em aula futura. Regulamento de Empresa: conjunto de regras impostas pelo empregador estabelecer o melhor procedimento dentro da empresa, não poderá contrariar a CLT ou a Constituição Federal. Uso e Costumes: São comportamentos habituais conhecidos por todos na sociedade, porém, não é necessário que todos os pratiquem. Por isso podem ser interpretadas como lei. Ex: uso de uniforme, uso de crachá, etc Jurisprudência: são decisões judiciais proferidas pelos juízes e da qual não cabem mais recurso, assim podemos entender que os juízes e tribunais já consolidaram uma interpretação sobre determinada lei. Doutrina: É o estudo acadêmico das leis realizada juristas (cientistas jurídicos). Analogia. É usar a raciocínio comparativo entre fatos sociais semelhantes, todavia apenas um deles tem regramento jurídico, assim utilizamos esta lei para o fato semelhante sem regra jurídica. A palavra trabalho no sentido jurídico é o gênero, do qual a relação de emprego é uma espécie. Podemos dizer que o gênero “relação de trabalho” abrange além da relação de emprego, outras formas de prestação ou de realização de trabalho como, por exemplo, o trabalho voluntário, o trabalho autônomo, o trabalho portuário avulso, o trabalho eventual, o trabalho institucional e o trabalho realizado pelo estagiário. Com isso, toda relação de emprego também é uma relação de trabalho, mas nem toda a relação de trabalho é uma relação de emprego. Para Alice Monteiro de Barros: “A relação de emprego tem natureza contratual exatamente porque é gerada pelo contrato de trabalho. 13/09/2025 30 A relação de trabalho é o vínculo jurídico genérico pelo qual uma pessoa presta serviços a outrem. A relação de emprego é uma espécie de relação de trabalho, que se baseia no nexo entre empregador e empregado, caracterizado pela prestação pessoal de serviços, de forma não eventual e subordinada, mediante o pagamento de salário. É a relação jurídica que tem como fato social original o trabalho subordinado, prestado com pessoalidade, mediante remuneração, e que tem como disciplina jurídica o conjunto humano não eventual e de normas que compõem o Direito do Trabalho. Na relação de emprego, o vínculo jurídico é estabelecido entre empregado e empregador e é regulado pelas normas jurídicas trabalhistas. Ao contrário da relação de trabalho, que é genérica e que se refere a todas as relações jurídicas fundadas em uma obrigação de fazer consubstanciada no trabalho humano, a relação de emprego, embora também tenha por fundamento o trabalho humano, é específica, possuindo características próprias que a distinguem das demais formas de prestação de serviço. 13/09/2025 Ricardo Resende 31 a) a pessoalidade: o empregado tem o dever jurídico de prestar os serviços em favor de outrem pessoalmente, constituindo obrigação personalíssima, ou seja, só aquele que faz parte da relação contratual como sujeito desta é que está obrigado a cumprir o dever jurídico; Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. b) a natureza não eventual do serviço, isto é, ele deverá ser necessário à atividade normal do empregador; OBS: não é necessário que os serviços sejam prestados diariamente. O importante é que haja a expectativa de retorno do empregado ao serviço, isto é, já se sabe que os serviços serão desenvolvidos em determinado dia, por determinada pessoa, e sua ausência acarretará prejuízos. O que caracteriza a habitualidade não é a prestação diária de trabalho, mas, sim, o sentido de permanência e de prolongamento no tempo que a prestação dos serviços tem. c) a remuneração: o trabalho a ser executado pelo empregado tem que ser remunerado pelo empregador; d) subordinação jurídica: na relação de emprego fica o empregado obrigado a prestação de serviços ao empregador. Sendo autorizado ao empregador dar ordens, determinar tarefas, mas sempre de acordo com o contrato de trabalho. OBS subordinação - Alice Monteiro de Barros, no sentido de que “Esse poder de comando do empregador não precisa ser exercido de forma constante, tampouco torna-se necessária a vigilância técnica contínua dos trabalhos efetuados, mesmo porque, em relação aos trabalhadores intelectuais, ela é difícil de ocorrer. O importante é que haja a possibilidade de o empregador dar ordens, comandar, dirigir e fiscalizar a atividade do empregado. Em linhas gerais, o que interessa é a possibilidade que assisteao empregador de intervir na atividade do empregado. Por isso, nem sempre a subordinação jurídica se manifesta pela submissão a horário ou pelo controle direto do cumprimento de ordens” Importante ressaltar que, além das quatro características acima apontadas, alguns autores afirmam ser a alteridade um outro traço distintivo que pode ser atribuído à relação de emprego. A alteridade decorre do fato de que, na relação de emprego, os serviços são prestados por conta alheia, ou seja, o empregador é quem assume os riscos da atividade econômica. 13/09/2025 35 A existência de relação de emprego somente se verifica quando todas estas características estiverem presentes ao mesmo tempo. A ausência de um ou de alguns destes elementos caracterizadores pode implicar na existência de uma relação de trabalho, mas, jamais, de uma relação de emprego. 36 Dentre as relações de trabalho, podemos destacar as seguintes modalidades: • relação de emprego; • relação de trabalho autônomo; • relação de trabalho eventual; • relação de trabalho avulso; • relação de trabalho voluntário; • relação de trabalho institucional; • relação de trabalho de estágio; • relação de trabalho cooperativado. Modalidades de Relação de Trabalho O trabalho autônomo é aquele que se desenvolve por conta própria, sem subordinação, ou seja, o trabalhador autônomo exerce suas atividades com independência, não se subordinando às ordens e ao controle do tomador dos serviços. O trabalho é executado de forma habitual, para destinatários (tomadores de serviço) distintos. A habitualidade na prestação de serviços diferencia o trabalhador autônomo do trabalhador eventual, que também exerce atividade sem subordinação, sendo o trabalho prestado, porém, de maneira esporádica ou fortuita. Falta o pressuposto da subordinação e portanto não está sob a égide do Direito do Trabalho. O autônomo é patrão de si mesmo, sem submissão, com completa liberdade para gerir sua atividade profissional. Tem por objeto a prestação de serviços por conta própria a uma ou mais pessoas ou empresas, sem vínculo empregatício, de forma não subordinada, assumindo os riscos de sua atividade econômica, por conta própria e não alheia, como, por exemplo, o médico e dentista em relação aos seus pacientes em seu consultório, o assessor, o consultor e o advogado. O contrato de trabalho do autônomo é denominado contrato de prestação de serviços que é regido pelo Código Civil (artigos 593 a 609). Trabalho eventual O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando: a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo; b) de atividades empresariais de caráter transitório (parágrafo 2º do artigo 443 da CLT). 13/09/2025 39 O trabalho temporário é disciplinado pela Lei n. 6.019, de 03.01.1974, 114 e corresponde a uma relação composta por três pessoas (relação triangular), que gera, entre elas, vínculos jurídicos distintos e independentes, inconfundíveis entre si. Desta forma, a relação de trabalho temporário é desenvolvida entre uma empresa tomadora de serviços, uma empresa de trabalho temporário e o trabalhador temporário. A partir da triangulação criada e definida pela Lei n. 6.019/74 surgem, em uma mesma relação: ■um vínculo de natureza civil — entre a empresa tomadora de serviços e a empresa de trabalho temporário; ■ um vínculo de natureza trabalhista — entre a empresa de trabalho temporário e o trabalhador temporário. 13/09/2025 40 ■ substituição transitória de empregado permanente da tomadora, sempre que houver algum motivo justificador, como, por exemplo, situações de afastamento por férias, auxílio-doença, licença-maternidade etc. Destaca-se que é proibida a contratação de trabalhador temporário para a substituição de trabalhadores em greve, salvo nos casos previstos em lei (art. 2º, § 1º); ■ demanda complementar de serviços, ou seja, aquela oriunda de fatores imprevisíveis ou, quando decorrente de fatores previsíveis, tenha natureza intermitente, periódica, sazonal (art. 2º, § 2º). A contratação de trabalhadores temporários fora das hipóteses acima indicadas não é revestida de validade jurídica. A Lei n. 6.019/74 restringe a possibilidade de contratação de trabalho temporário a duas hipóteses excepcionais: ■ o trabalho é realizado em favor de terceiros (empresa tomadora ou cliente); ■a direção da prestação pessoal de serviços fica a cargo da tomadora dos serviços; ■ o vínculo de subordinação é mantido não com o empregador (empresa de trabalho temporário), mas, sim, com aquele que aproveita economicamente do trabalho realizado de forma temporária (tomadora dos serviços); ■ a responsabilidade pelo pagamento dos salários e pelos direitos assegurados em lei permanece com a empresa de trabalho temporário. O vínculo trabalhista mantido entre a empresa de trabalho temporário e o trabalhador temporário possui as seguintes peculiaridades: 13/09/2025 42 O legislador estabelece um limite temporal de duração para a relação de trabalho temporário, fixando como prazo máximo de cento e oitenta dias, consecutivos ou não, para a duração do contrato de trabalho temporário celebrado entre a empresa de trabalho temporário e a tomadora dos serviços, em relação ao mesmo trabalhador, admitindo-se a prorrogação do referido prazo por até noventa dias, consecutivos ou não, quando comprovada a manutenção das condições que o ensejaram (art. 10, §§ 1º e 2º). Após o prazo máximo, ou sua prorrogação, se for o caso, o trabalhador temporário somente poderá ser colocado à disposição da mesma tomadora de serviços em novo contrato de trabalho temporário, após noventa dias do término do contrato anterior, sendo que a contratação anterior a esse prazo caracteriza vínculo de emprego com a tomadora (art. 10, §§ 5º e 6º). 13/09/2025 São assegurados aos trabalhadores temporários os seguintes direitos (art. 12): ■ remuneração equivalente à percebida pelos empregados da mesma categoria da empresa tomadora, garantido em qualquer caso o pagamento de salário mínimo (salário equitativo); ■ jornada de 8 horas diárias e 44 horas semanais, remuneradas as horas extraordinárias não excedentes de duas, com adicional de 50% sobre a hora normal; ■férias proporcionais, acrescidas de 1/3; ■repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; ■adicional noturno de 20% sobre a hora diurna; ■indenização por dispensa sem justa causa (40% dos depósitos do FGTS); ■seguro contra acidente do trabalho; ■proteção previdenciária; ■ anotação da condição de temporário na Carteira de Trabalho e Previdência Social do trabalhador. 13/09/2025 44 Também são assegurados ao trabalhador temporário: ■ Fundo de Garantia do Tempo de Serviço — FGTS (art. 7º, III, CF, e art. 15, Lei n. 8.036/90); ■Vale-transporte (art. 1º, Decreto n. 95.247/87); ■ Seguro-desemprego (Lei n. 7.998/90). 13/09/2025 45 Trabalhador avulso é aquele que presta serviços esporádicos, de curta duração e a diversos tomadores, sem se fixar a qualquer um deles, realizando, por tal razão, uma espécie de trabalho eventual. No entanto, o trabalho avulso é prestado por intermediação de entidade específica, o que faz com que a relação seja necessariamente triangular, envolvendo o fornecedor de mão de obra (entidade intermediária), o trabalhador avulso e o tomador do serviço. Nesta modalidade de trabalho, não há a contratação direta do trabalhador pelo tomador dos serviços. Inexiste vínculo de emprego entre o trabalhador avulso e o fornecedor de mão de obra, e também entre o trabalhador avulso e o tomador dos serviços. As empresas tomadoras do trabalho avulso são responsáveis pelo fornecimento dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), bem como por zelar pelo cumprimento das normas de segurança no trabalho (art. 9º), e respondem solidariamente pela efetiva remuneração do trabalho contratado e são responsáveis pelo recolhimento dos encargos fiscais e sociais