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Autores: Profa. Andréa Somolanji Vanzelli
 Prof. Erácliton Viana de Souza 
Colaboradores: Profa. Vanessa Santhiago
 Prof. Marcel da Rocha Chehuen
Atividade Motora Aplicada a 
Populações Especiais
Professores conteudistas: Andréa Somolanji Vanzelli / Erácliton Viana de Souza
 
Andréa Somolanji Vanzelli 
Formou-se em Educação Física pela Universidade 
Cidade de São Paulo (Unicid). Fez especialização em 
Treinamento Físico Personalizado pela UniFMU, mestrado 
em Educação Física pela Escola de Educação Física da 
Universidade de São Paulo (USP) e doutorado em Ciências 
pela Faculdade de Medicina da mesma instituição (USP). 
Durante seu mestrado e doutorado, focou os estudos 
nos efeitos do treinamento físico em parâmetros 
moleculares associados ao funcionamento do coração 
de camundongos com insuficiência cardíaca. Além disso, 
colaborou em diversos estudos de obesidade e câncer. 
Atua em cursos de pós-graduação nas disciplinas de 
populações especiais. Leciona as disciplinas de Fisiologia 
do Exercício, Atividade Motora Aplicada a Populações 
Especiais, Nutrição Aplicada ao Esporte e áreas afins na 
UNIP, onde está desde 2013. Também orienta alunos 
de iniciação científica com pesquisas nessas áreas. Foi 
convidada, portanto, por sua experiência na área, a 
escrever o conteúdo referente à disciplina de Atividade 
Motora Aplicada a Populações Especiais. 
Erácliton Viana de Souza 
Possui título de graduação em Educação Física pelas 
Faculdades Integradas de Guarulhos (FIG); especialização 
em Fisiologia do Exercício e Treinamento Resistido na 
Saúde, na Doença e no Envelhecimento pela Cecaf/FMUSP; 
especialização (aprimoramento) em Reabilitação 
Cardíaca pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia; 
especialização em Reabilitação de Lesões e Doenças 
Musculoesqueléticas pela Estácio; e mestrado em Saúde 
Coletiva, com ênfase em epidemiologia, pela Unifesp. 
Tem qualificação em Educador em Diabetes (IDF/SBD/ADJ), 
Tratamento Multiprofissional da Obesidade (Fefisa), Asma 
Brônquica e Exercício (FMUSP) e curso avançado em 
Prescrição de Exercícios para Diabéticos (Anad). É membro 
voluntário da Equipe de Educadores em Diabetes do 
Acampamento NR/ADJ/Unifesp desde 2007. É docente 
na UNIP nas disciplinas Atividade Motora Aplicada a 
Populações Especiais, Ergonomia e Ginástica Laboral e 
Primeiros Socorros desde 2012; coordena o curso de 
especialização em Prevenção, Reabilitação e Exercícios nas 
Lesões Traumáticas e nas Doenças Musculoesqueléticas e 
cursos de curta duração em Biomecânica e Reabilitação 
de Lesões de Joelho e Introdução à Massagem. 
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
V285a Vanzelli, Andréa Somolanji.
Atividade Motora Aplicada a Populações Especiais / Andréa 
Somolanji Vanzelli, Erácliton Viana de Souza. – São Paulo: Editora 
Sol, 2025.
188 p., il. 
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230. 
1. Diabetes. 2. Hipertensão. 3. Pessoas idosas e gestantes. 
I. Souza, Erácliton Viana de. II. Título.
CDU 615.8
U522.08 – 25
Prof. João Carlos Di Genio
Fundador
Profa. Sandra Rejane Gomes Miessa
Reitora
Profa. Dra. Marilia Ancona Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Profa. Dra. Marina Ancona Lopez Soligo
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Claudia Meucci Andreatini
Vice-Reitora de Administração e Finanças
Profa. M. Marisa Regina Paixão
Vice-Reitora de Extensão
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento
Prof. Marcus Vinícius Mathias
Vice-Reitor das Unidades Universitárias
Profa. Silvia Renata Gomes Miessa
Vice-Reitora de Recursos Humanos e de Pessoal
Profa. Laura Ancona Lee
Vice-Reitora de Relações Internacionais
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Assuntos da Comunidade Universitária
UNIP EaD
Profa. Elisabete Brihy
Profa. M. Isabel Cristina Satie Yoshida Tonetto
Material Didático
Comissão editorial: 
 Profa. Dra. Christiane Mazur Doi
 Profa. Dra. Ronilda Ribeiro
Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista
 Profa. M. Deise Alcantara Carreiro
 Profa. Ana Paula Tôrres de Novaes Menezes
Projeto gráfico: Revisão:
 Prof. Alexandre Ponzetto Bruna Baldez
 Ricardo Duarte
Atividade Motora Aplicada a Populações Especiais
APRESENTAÇÃO .....................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO ..........................................................................................................................................................9
Unidade I
1 OBESIDADE E ATIVIDADE MOTORA .......................................................................................................... 11
1.1 Epidemiologia ........................................................................................................................................ 11
1.2 Diagnóstico ............................................................................................................................................. 14
1.2.1 Índice de massa corporal (IMC) e medidas antropométricas ................................................ 15
1.3 Etiologia e fisiopatologia .................................................................................................................. 20
1.3.1 Estilo de vida ............................................................................................................................................. 22
1.4 Tratamento .............................................................................................................................................. 22
1.4.1 Exercícios físicos ...................................................................................................................................... 22
2 DIABETES E ATIVIDADE MOTORA .............................................................................................................. 27
2.1 Diabetes tipo 1 ...................................................................................................................................... 27
2.1.1 Epidemiologia ........................................................................................................................................... 27
2.1.2 Etiologia ...................................................................................................................................................... 28
2.1.3 Diagnóstico .............................................................................................................................................. 30
2.1.4 Tratamento ................................................................................................................................................ 31
2.1.5 Monitoramento ....................................................................................................................................... 37
2.1.6 Prescrição de exercícios físicos .......................................................................................................... 40
2.2 Diabetes tipo 2 e atividade motora .............................................................................................. 43
2.2.1 Diagnóstico DM2 .................................................................................................................................... 44
2.2.2 Etiologia ...................................................................................................................................................... 46
2.2.3 Tratamento ................................................................................................................................................ 47
2.3 Diabetes mellitus gestacional..........................................................................................................Diabetes (Anad). 
Educar em diabetes é um processo ativo e contínuo por meio do qual profissionais, pacientes e 
familiares aprendem sobre a diabetes para a sobrevivência e a melhoria da qualidade de vida (SBD, 2015). 
Nesse processo, a educação em diabetes é, de fato, uma tarefa para todos os profissionais da saúde, 
não apenas médicos. No entanto, o médico mantém seu importante papel e deve ter conhecimento 
de tudo o que for proposto para auxiliar no tratamento, uma vez que todas as decisões terapêuticas 
precisam ser tomadas em comum acordo entre os profissionais e, principalmente, o paciente, devendo 
ele ser assistido por equipe multiprofissional de forma isolada, individualizada ou interdisciplinar, na 
qual a equipe é integrada (SBD, 2015). 
35
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
Assim, deve-se compreender que o processo da educação em diabetes não pode ser de responsabilidade 
apenas de um dos profissionais do serviço, e sim incorporado e utilizado por toda a equipe profissional 
responsável pelo acompanhamento da pessoa desde o primeiro contato. 
Portanto, o profissional de Educação Física que atua com esse público tem enorme responsabilidade 
e, assim como os demais, precisa ter conhecimento. O profissional de Educação Física é considerado o 
profissional-chave, pois está, por mais vezes, ao longo de sua vida, assistindo a pessoa com diabetes. Em 
muitas situações, é esse profissional quem consegue detectar uma pessoa com pré-diabetes, controle 
inadequado ou mesmo dificuldades em realizar alguns ajustes em relação à alimentação, medicação ou 
resposta glicêmica associada às práticas de atividade física e exercício físico. Sua atuação tem muita 
importância desde o primeiro contato com o paciente/aluno com diabetes. 
 Observação 
A entrada do profissional de Educação Física no sistema de saúde 
pública – nesse caso, o Nasf – e em instituição particular tem sido cada vez 
mais frequente. Esses centros de saúde são os locais onde o profissional de 
Educação Física mais encontra esses pacientes, que estarão sob seus cuidados. 
Nesse contato inicial, são identificadas as condições gerais da pessoa, bem como a fase do diagnóstico 
em que estão as informações sobre a doença, seu perfil sociocultural, sua forma de enfrentar a situação 
apresentada e o seu atual momento de vida. 
O objetivo principal desse processo é que a pessoa com o diagnóstico e os familiares e/ou cuidadores 
assimilem conhecimentos e técnicas e desenvolvam habilidades, atitudes e comportamentos para 
o manejo da diabetes, melhorando a qualidade de vida e evitando e/ou adiando as complicações 
decorrentes da doença. 
Para garantir o alcance desse objetivo, as etapas a serem seguidas devem ser definidas em conjunto 
com a pessoa com diabetes e a equipe de saúde, de forma individualizada, considerando-se os diferentes 
fatores, e também com acompanhamento e revisão periódica. 
A seguir, são listados os principais objetivos que devem ser atingidos pelas pessoas em processo de 
educação em diabetes (SBD, 2015): 
•	 incorporar hábitos saudáveis de alimentação e atividade física; 
•	 compreender a ação dos medicamentos e da insulina; 
•	 monitorar a glicemia; 
•	 manusear e realizar a aplicação da insulina adequada; 
36
Unidade I
•	 tomar as medicações regularmente; 
•	 desenvolver comportamentos para evitar o risco de complicações agudas (hipo e hiperglicemia) e 
complicações crônicas (retinopatias, nefropatias e outras); 
•	 resolver problemas (corrigindo adequadamente as hipo e hiperglicemias); 
•	 manter o equilíbrio emocional para conviver bem com a diabetes. 
Para que tudo isso seja possível, profissionais e equipes qualificadas em educação em diabetes 
devem capacitar e motivar o indivíduo a fazer escolhas adequadas diante de diversas situações, a fim de 
que ele desenvolva comportamentos de autocuidado e solucione problemas comuns do dia a dia. Caso 
o indivíduo com diabetes não tenha condição de realizar o autocuidado, o educador em diabetes deve 
providenciar um cuidador e treiná-lo para essa finalidade. 
Todos os autores consideram que uma abordagem eficaz centrada no paciente é primordial para o 
seu engajamento no tratamento. Isso inclui entender os aspectos emocionais envolvidos, interpretar 
as percepções e os conhecimentos mediante o que foi exposto pelo paciente e, por meio de perguntas 
abertas, entender o desejo de mudança para o autocuidado. 
A IDF (2008) e a SBD (2015) sugerem algumas questões que proporcionam uma melhor avaliação da 
pessoa com diabetes, as quais podem ser usadas no diagnóstico e/ou em outros encontros para auxiliar 
no processo educativo contínuo: 
•	 De que modo a diabetes afeta a sua rotina diária e a de sua família? 
•	 Quais dúvidas você tem sobre a diabetes? 
•	 Qual a parte mais difícil em lidar com a diabetes? 
•	 O que lhe causa mais preocupação ou mais dificuldade? 
•	 O que você já faz, ou ainda pode aperfeiçoar, para o controle da diabetes? 
Equipe multidisciplinar
Psicologia
Nutrição
Educação física
Enfermagem
Medicina
Assistência social
Diabético
Isolada
Figura 7 – Modelo de equipe multidisciplinar (isolada) 
37
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
Equipe interdisciplinar
Psicologia
Nutrição
Educação física
Enfermagem
Medicina
Assistência social
Diabético
Integrada 
Figura 8 – Modelo de equipe interdisciplinar (integrada) 
A base da educação em diabetes foi abordada de forma a esclarecer os principais pontos. É fundamental 
a aplicação desses conhecimentos no dia a dia do profissional de Educação Física, que deve entender que, 
em uma abordagem individual, as respostas ao tratamento não devem ser iguais para todos, exigindo, por 
isso, a prática.
2.1.5 Monitoramento
Um ponto fundamental para atingir o controle glicêmico é o monitoramento. Sem ele, é impossível 
praticar qualquer ação. Conforme visto, a insulina exógena imita o organismo para que se tenha certeza 
de como estão os níveis de glicemia capilar e se saiba o quanto deve ser aplicado de insulina de acordo 
com o que a pessoa ingeriu de carboidrato. Isso só é possível com o monitorando dessa glicemia através 
dos glicosímetros.
O monitoramento, para quem não utiliza insulina, deve ser realizado, ao menos, seis vezes ao dia, 
sendo: jejum; pós-café; pré e pós-almoço; pré e pós-jantar. Se a pessoa utiliza insulina, é importante 
realizar mais uma medida durante a madrugada. A tabela a seguir apresenta um modelo de planilha 
para monitoramento.
Tabela 12 – Modelo de planilha para controle glicêmico 
  Glicemia Hora Glicemia Hora Glicemia Hora
Data 8/8/2009 9/8/2009 10/8/2009
Jejum 80 7:32 63 6:45 132 8:12
2h após o café 84 9:32 85 9:45 110 10:17
Pré-almoço 74 11:00 80 11:00 76 11:49
2h após o almoço 100 13:03 187 13:08 101 13:49
Pré-jantar 102 17:24 147 16:59 201 17:23
2h após o jantar 117 19:26 205 19:04 89 19:29
Madrugada (2h-5h) 83 2:36 85 2:20 89 3:03
38
Unidade I
Sabe-se que o nosso organismo, numa noite de sono, utiliza o período noturno para realizar a 
manutenção dos sistemas em geral. É importante saber como está a glicemia ao amanhecer, e, por isso, 
mede-se a glicemia de jejum. 
Conforme já comentado, após as principais refeições, nas quais se ingere grande quantidade de 
carboidratos, o organismo libera uma quantidade alta de insulina para conseguir capturar a glicose 
ingerida e circulante. Nesse caso, o pico de ação da insulina ocorrerá exatamente duas horas após o 
início da refeição. Por esse motivo, deve-se realizar as medidas pós-prandiais (pós-almoço/jantar) duas 
horas após o início da refeição. 
A medida durante a madrugada deve ser feita em razão das atividades noturnas que nosso organismo 
realiza. Tais atividades exigem uma grande utilização de energia, ou seja, glicose. Sabendo-se que fazem 
parte das atividades basais e que estas são responsáveis por um gasto energético próximo aos 80% das 
nossas atividades diárias, é importante entender o comportamento da glicemia caso a pessoa tenha 
realizadoatividades físicas durante a noite anterior. Nesse caso, a manutenção durante a madrugada 
será mais intensa e poderá provocar hipoglicemia. Essa medida noturna da glicemia é excepcional para 
o controle e a manutenção dos valores recomendados. 
O controle glicêmico sugerido na planilha, onde constam as medidas de três dias típicos, é 
conhecido como controle médio semanal ou glicemia média semanal (GMS). Sugere-se que esse 
controle seja aplicado no início do tratamento para que se tenha uma real ideia do quadro atual 
do paciente/aluno, além de ser utilizado eventualmente nos pacientes para identificar alguma 
irregularidade e obter a manutenção do controle. 
Esse processo é essencial como processo educacional, principalmente porque, juntamente com 
ele, deve-se aplicar o diário alimentar. Como demonstra a tabela a seguir, o paciente deve descrever, 
nesse diário, tudo o que consumir durante o dia, distribuído por refeições, observando a quantidade 
de cada alimento ingerido. Feito isso, fica mais fácil interpretar o comportamento da glicemia. 
Tabela 13 – Modelo de diário alimentar 
Diário alimentar: __________________________ Data: ____________ 
Nome: ____________________________________________________ 
Hora Alimentos Quantidades
6h Pão francês 1
6h Fatia de peito de peru 2
6h Copo de leite 1
9h Coxinha 1
9h Coca-cola 1 lata
9h Café 1 copo
13h Arroz 6 colheres de sopa
13h Feijão 1 concha
39
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
Se no café da manhã a pessoa ingeriu um alimento com menor quantidade de carboidrato, a glicemia 
pode não ter subido muito, e, dependendo do tipo de atividade que a pessoa irá desenvolver no período 
seguinte, sendo mais intensa, ela poderá entrar em quadro de hipoglicemia e ter a necessidade de se 
alimentar para compensar. Para ter certeza, ela deve monitorar o valor da glicemia capilar a fim de evitar 
a suplementação excessiva. 
Se, em outro caso, após o almoço, a glicemia ficou alta além do esperado por tempo prolongado, 
a pessoa pode olhar no diário e perceber que o que foi consumido fora da sua rotina foi um bife, 
que, apesar de pequeno, foi à parmegiana. Então, juntamente com o profissional, ela pode aprender 
e entender melhor o comportamento da glicemia em relação aos tipos de alimentos. No caso citado, 
a gordura do queijo dificulta a absorção do carboidrato. Nesse processo, se houver a necessidade de 
intervenção nutricional, o profissional deverá encaminhar para o nutricionista os dados e as sugestões 
com relação ao observado. 
São determinantes da hiperglicemia: 
•	 doses insuficientes de insulina; 
•	 falta de medicamento; 
•	 exercício abaixo do habitual; 
•	 alimentação excessiva; 
•	 transtorno emocional; 
•	 quadro de infecções. 
São determinantes da hipoglicemia: 
•	 doses elevadas de insulina; 
•	 exercício acima do habitual; 
•	 alimentação insuficiente. 
São sintomas de hipoglicemia: 
•	 adrenérgico abaixo de 70 mg/dL: 
— sensação de desmaio; 
— fraqueza; 
40
Unidade I
— palidez; 
— nervosismo; 
— suor frio; 
— irritabilidade; 
— fome; 
— palpitações; 
— ansiedade. 
•	 neuroglicopênicos abaixo de 50 mg/dL: 
— visão turva; 
— visão dupla; 
— sonolência; 
— dor de cabeça; 
— perda de concentração; 
— paralisias; 
— perda de memória; 
— confusão mental; 
— comportamento estranho; 
— incoordenação motora; 
— disfunção sensorial; 
— convulsões. 
2.1.6 Prescrição de exercícios físicos
Para a prescrição de exercício ser o mais eficiente possível, é importante que haja o monitoramento 
antes, durante e após as práticas, como pode ser visto na tabela 14. Com o monitoramento, fica mais 
fácil entender o que aconteceu durante e após o período de treino e, futuramente, entender ou evitar 
qualquer intercorrência. 
41
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
Tabela 14 – Modelo de planilha de coleta 
de dados glicêmicos em treinos 
Data Treino Glicemia 
inicial
Correção 
de insulina
Suplemento 
CHO
Glicemia 
durante 
o treino
Glicemia 
final
Tempo 
de treino
Suplemento 
CHO EPE Observação
Dia/mês/ano Bike 145 Não Não 135 107 1h15 Não Leve
Dia/mês/ano Corrida 
9 km 302 1 u 10 g Não 152 1h Não Intenso Hidratação
Dia/mês/ano
6 tiros 
de 
500m
210 Não 10 g Não 113 30 min 10 g Intenso Sensação de 
hipoglicemia
Dia/mês/ano
4 tiros 
de 
500 m
360 Não 15 g (café 
da manha) Não 350 40 min Não
Sensação de 
hipoglicemia. 
Descobriu 
que a cânula 
da bomba 
de insulina 
estava 
entupida
Também é preciso orientar o aluno que ainda não está acostumado quanto à importância de realizar 
um rodízio nos locais de aplicação de insulina, como mostra a figura a seguir. 
 
Figura 9 – Locais de rodízio para a aplicação de insulina 
Fonte: SBD (2017, p. 19).
Outras recomendações para a prática de atividade física sugeridas nas diretrizes são (ADA, 2003; IDF, 
2015; SBD, 2017a): 
•	 Não aplicar insulina no segmento corporal que será mais exigido durante a prática. O aluno que fará 
uma corrida, por exemplo, não deve aplicar insulina na coxa. Se isso ocorrer, a exigência metabólica 
local e a ação da insulina amplificada poderão conduzir o indivíduo à hipoglicemia. 
•	 Não realizar atividades no pico da ação da insulina. Isso pode levar o praticante a ter hipoglicemia. 
•	 Para iniciar as atividades, o valor de glicemia deve estar maior que 100 mg/dL (miligrama por decilitro). 
•	 Com o valor glicêmico próximo a 300 mg/dL, sem presença de cetona, pode-se realizar exercício 
normal, atentando-se para o monitoramento. 
42
Unidade I
•	 Para as práticas, é comum o paciente decidir, após as orientações dos profissionais da equipe 
que o assiste, diminuir a dose da insulina. Dependendo da intensidade e do valor da glicemia 
no momento, a redução de insulina pode ser a partir de 10%, e aqueles que utilizam bomba de 
infusão de insulina podem até desligá-la. No entanto, essa prática é mais segura se houver o 
monitoramento antes, durante e após o treino. 
São situações em que se deve evitar o exercício físico: 
•	 logo após um episódio de hipoglicemia; 
•	 quando houver a presença de cetonas, independentemente do valor glicêmico. 
 Observação 
São poucas as situações nas quais os exercícios não devem ser realizados. 
Em caso de dúvida, é importante que o aluno consulte o seu médico. 
São casos de contraindicação total ou parcial para a prática de exercícios: 
•	 Retinopatia grave: pressão aumentada; hemorragia; deslocamento de retina. 
•	 Neuropatia periférica: lesões de pele; infecção; fratura. 
 Lembrete 
Não se deve aplicar insulina na perna quando for realizada corrida ou 
ciclismo para evitar hipoglicemia. 
O aluno deve sempre carregar consigo algum tipo de alimento para suplementação caso haja a 
necessidade, considerando que a glicemia pode se alterar repentinamente. A tabela a seguir mostra 
a referência de suplementação: 
Tabela 15 – Tabela de suplementação de carboidrato 
Intensidade das 
atividades
Suplemento de 
carboidrato
Leve 15 g/h
Moderada 15 - 30 g/h
Intensa 30 - 45 g/h
Adaptada de: Souza et al. (2012, p. 24). 
43
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
O exercício físico causa os seguintes efeitos na diabetes:
•	 aumenta a mobilização da glicose dos estoques hepáticos de glicogênio; 
•	 aumenta a mobilização dos ácidos graxos (AG) do tecido adiposo; 
•	 aumenta a gliconeogênese a partir dos aminoácidos, do ácido lático e do glicerol; 
•	 bloqueia a entrada da glicose nas células para forçar a substituição dos AGL como substrato; 
•	 produz resposta hipoglicêmica por até 48 horas após exercícios; 
•	 aumenta o gasto energético causado pela recuperação do organismo (Epoc); 
•	 estimula a reposição do glicogênio hepático e muscular; 
•	 incrementa as funções cardiorrespiratórias; 
•	 incrementa a força e a resistência muscular; 
•	 mantém o aumento da ação da insulina; 
•	 aumenta o débito cardíaco; 
•	 diminui os níveis de hemoglobina glicada A1c (HbA1c ou A1c); 
•	 aumenta a expressão de Glut4. 
2.2 Diabetes tipo2 e atividade motora
A diabetes mellitus tipo 2 também é um grande problema de saúde, e seus fatores desencadeantes 
são genéticos e ambientais. 
O quadro clínico clássico se caracteriza por: 
•	 indivíduo com sobrepeso ou obesidade e obesidade abdominal; 
•	 indivíduo, normalmente, hipertenso; 
•	 idade maior que 45 anos; 
•	 história familiar de diabetes; 
•	 assintomático; 
44
Unidade I
•	 poliúria (urina); 
•	 nictúria (vontade de urinar à noite); 
•	 polidipsia (sede excessiva); 
•	 polifagia (fome excessiva); 
•	 possível alteração de peso; 
•	 manifestações decorrentes das complicações: 
— déficit visual; 
— dor em MMII; 
— infarto do miocárdio. 
2.2.1 Diagnóstico DM2
É importante que todo profissional de Educação Física conheça o diagnóstico da DM2, uma vez 
que, em muitas situações, é ele que identifica o possível diagnóstico e/ou uma situação de controle 
inadequado, da qual deve saber detalhes para poder prescrever (SBD et al., 2017). Pode-se observar, no 
quadro a seguir, as diferenças entre DM 1 e 2. 
Quadro 1 – Indicadores que diferenciam os tipos de diabetes 
Variáveis DM 1 DM 2
Idade Crianças e jovens > 40 anos
Obesidade Rara Comum
Insulinemia Baixa Elevada
Viroses como desencadeantes Frequentes Raras
Anticorpo beta-pancreático Freq. presente Raro
Hereditariedade Incomum Frequente
Tendência à cetoacidose Frequente Rara
Insulinoterapia Necessária Próxima de 30%
Resistência à insulina Incomum Frequente
Aumento do glucagon Absoluto Relativo
Prevalência 10-20% 80-90%
45
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
Entenda o que é A1c
A hemoglobina glicada (HbA1c ou A1c) é um exame que mede o grau de exposição dessa hemoglobina 
à glicemia durante o seu tempo de vida, que, em média, é de três meses.
Observe o quadro a seguir:
Quadro 2 – Critério de diagnóstico para diabetes 
Critérios Comentários
A1c ≥ 6,5% 
= ou =
O teste deve ser realizado através de método rastreável ao método 
do DCCT e devidamente certificado pelo National Glycohemoglobin 
Standardization Program (NGSP) (http://www.ngsp.org/certified.asp)
Glicemia de jejum: ≥ 126 mg/dL 
= ou =
O período de jejum deve ser definido como a ausência de ingestão 
calórica por, pelo menos, 8 horas. Na ausência de hiperglicemia 
comprovada, os resultados devem ser confirmados com a repetição 
dos testes
Glicemia 2h após sobrecarga com 
75 g de glicose: ≥ 200 mg/dL 
= ou =
Em teste oral de tolerância à glicose. Esse teste deve ser conduzido 
com a ingestão de uma sobrecarga de 75 g de glicose anidra, 
dissolvida em água, em todos os indivíduos com glicemia de jejum 
entre 100 mg/dL e 125 mg/dL
Glicemia ao acaso: ≥ 200 mg/dL Em pacientes com sintomas clássicos de hiperglicemia ou em crise 
hiperglicêmica
Importante: a positividade de qualquer um dos parâmetros diagnósticos descritos confirma o diagnóstico 
de diabetes. Na ausência de hiperglicemia comprovada, os resultados devem ser confirmados com a 
repetição dos testes, exceto no TTG e na hiperglicemia comprovada
Adaptado de: SBD et al. (2017, p. 7). 
A primeira linha do quadro tem como diagnóstico os valores de A1c ≥ 6,5%. 
Na segunda linha, como diagnóstico, vê-se o resultado do hemograma (jejum de 8 horas), que tem 
valores de glicemia de jejum ≥ 126 mg/dL (miligrama por decilitro). 
Na terceira linha, é apresentado como diagnóstico o resultado do hemograma (jejum de 8 horas), 
que tem valores de glicemia após sobrecarga de 75 g de glicose, sendo positivo se for ≥ 200 mg/decilitro. 
A quarta e última linha representa a glicemia medida ao acaso, sendo positiva se o valor for ≥ 200 mg/decilitro. 
Essa última medida é um dos principais indicadores de diabetes, que pode ser detectada pelo 
profissional de Educação Física no momento da avaliação física. Logo, se isso ocorrer, o profissional deve 
orientar o aluno a procurar um médico e relatar o ocorrido (isso pode ser um controle inadequado ou 
um possível diagnóstico). 
Um dos principais fatores desencadeantes da DM2 é a obesidade, mais especificamente, a obesidade 
central, aquela em que o tecido adiposo está acumulado na cavidade abdominal, entre as vísceras (ADA, 
2003; IDF, 2015; SBD, 2017a). 
46
Unidade I
G G
G G
GG
Figura 10 – Representação da hemoglobina A1c 
Fonte: SBD (2017, p. 7).
2.2.2 Etiologia
Como visto, a obesidade é considerada doença inflamatória crônica – em específico, a adiposidade 
visceral. Esse processo inflamatório está associado à resistência à insulina, especialmente em sua função 
na oxidação de gorduras e carboidratos (Lerario, 2005; Lyra; Cavalcanti; Santos, 2014; Soares, [s.d.]).
Parte do que chamamos de cascata de eventos relaciona-se à função do tecido adiposo responsável 
por secretar e sintetizar fatores que liberam marcadores inflamatórios. O aumento desses marcadores 
inflamatórios circulantes estimula o desenvolvimento da massa adiposa, e, dessa forma, ocorre o 
aumento da resistência à insulina. Esse fato está diretamente relacionado à massa adiposa visceral 
(Lyra; Cavalcanti; Santos, 2014). 
É justamente devido à resistência à insulina, na falha do metabolismo em oxidar o carboidrato, que 
se desencadeia a DM2. O gráfico a seguir descreve muito bem esse quadro, que representa a história 
natural da DM2. 
Fase clínicaFase pré-clínica
Secreção da insulina
Resistência à insulina
Hb
A1
c 
(%
)
Idade (anos)
80757065503520 604530155 554025100
0
6
2
8
4
10
12
Figura 11 – Gráfico representativo da história natural da diabetes tipo 2 
Fonte: Lerario (2005, p. 67).
47
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
O gráfico representado na figura 11 indica o início da resistência à insulina, que pode ocorrer 
próximo aos vinte anos de idade e ao longo da vida. Conforme aumenta a resistência à insulina, a sua 
secreção é paralelamente diminuída, e a evolução desse quadro indica que, próximo aos 80 anos de 
idade, é de esperar a falência do pâncreas. Sabe-se, pela literatura e pela prática clínica, que tal situação 
apresenta muitas variações em decorrência das individualidades biológicas e, ainda, do estilo de vida 
que a pessoa possa ter. 
2.2.3 Tratamento
O tratamento da diabetes de qualquer tipo sempre terá como foco o controle glicêmico, tendo como 
base a mudança do estilo de vida centrada na melhoria da alimentação, na prática de exercícios físicos, 
na utilização correta dos medicamentos e na educação em diabetes. 
2.2.3.1 Alimentação para DM2
Na alimentação das pessoas com diabetes tipo 2, o principal foco é a diminuição da ingestão de 
carboidrato e um controle de porções para facilitar no dia a dia. Caso essa pessoa chegue a ter a 
necessidade de utilizar o tratamento com insulina, as orientações serão iguais às indicadas para DM1.
2.2.3.2 Quanto ao exercício físico
Para a prática de exercício físico, as recomendações são quase as mesmas. A exceção cai sobre 
o monitoramento, que passa a ser menor a partir do momento que o aluno tem uma rotina bem 
definida. No entanto, é sempre importante se manter atento e realizar, mensalmente, um controle mais 
rígido para ter certeza de que os resultados estão sendo alcançados. A meta do tratamento sempre é o 
controle glicêmico. 
2.2.3.3 Quanto à educação em diabetes tipo 2
A educação em diabetes também é a mesma em DM2. Conforme já comentado, o profissional 
de Educação Física é sempre o mais importante nesse processo, visto que passa mais tempo com o 
aluno/paciente. 
Um estudo brasileiro clínico randomizado – ganhador de prêmio nacional, tendo sua base de 
tratamento indicada clinicamente pela Sociedade de Brasileira de Diabetes e sendo reconhecido 
internacionalmente – foi conduzido por Pimazoni-Netto et al. (2011) com uma amostra de 63 pacientes e 
teve o objetivo de comparar a terapia convencional similar ao SUS do grupo controle (com 31 pacientes) 
com a do grupo de terapia intensiva de educação em diabetes. 
Os pacientes foram atendidos pela equipe de forma individualizada nas semanas 0 e 6 e reavaliados 
na semana 12. Na terapia intensivade educação em diabetes, foram 32 pacientes (atendimento 
com base na educação em diabetes, de forma individualizada, e com a terapêutica sempre finalizada 
em comum acordo entre os profissionais e o paciente). Todos os participantes tinham diabetes mal 
controlada. A equipe era composta por enfermeiros, nutricionistas, professores de Educação Física, 
psicólogos e médicos. 
48
Unidade I
No protocolo de seis semanas, para o grupo intensivo de educação em diabetes, os pacientes eram 
atendidos uma vez por semana e apresentavam os valores de glicemia média de três perfis glicêmicos, 
sendo reavaliados na semana 12 (perfil glicêmico: três dias de controle com sete medidas). 
Já o grupo controle era atendido somente nas semanas 0 e 6, sendo reavaliado na semana 12, e 
também apresentava o perfil glicêmico. Os resultados do perfil glicêmico foram analisados por meio do 
software Accu-Chek 360 (Roche Diagnostics, Indianapolis, IN). Ambos os grupos apresentavam, junto 
com os perfis glicêmicos, o diário alimentar. 
Os autores observaram que houve melhorias estatisticamente significativas no grupo de tratamento 
intensivo em relação ao grupo controle entre as semanas 0 e 6, com reduções na glicemia média 
semanal de 76,7% (dp 8,9) mg/dL para o grupo intensivo. O grupo controle reduziu 20,5 (dp 8,1) mg/dL; a 
variabilidade glicêmica apresentou redução de 16,3% (dp 3,1) mg/dL para o grupo intensivo, e o grupo 
controle reduziu 5,0% (dp 3,1) mg/dL.
Os autores também observaram a redução da hemoglobina glicada em 1,82% (dp 0,16) para o 
grupo intensivo e 0,66% (0,22) para o grupo controle. Os autores concluem que o programa intensivo 
de educação em diabetes é eficiente, considerando os resultados altíssimos alcançados em curto 
espaço de tempo e o fato de terem se sustentado até a 12ª semana, na qual os pacientes já realizavam 
o autocontrole. 
É importante saber que o perfil glicêmico que representa a glicemia média semanal deve estar 
dentro dos valores recomendados pela SBD (2017a). Como controle, quanto mais alta a glicemia média, 
maior é o risco cardiovascular e de complicações. Conforme a glicemia fica mais alta, os valores de A1c 
acompanham tal subida, e, por esse motivo, essa última também é utilizada como diagnóstico. 
Outro dado importante quanto à glicemia média alta, considerado como fator de risco, são os picos 
de glicemia, sendo eles altos ou baixos. Em termos de estatística, esses picos são representados pelos 
valores dispersos, que são interpretados como variabilidade glicêmica. Trata-se, portanto, da medida em 
que se verifica o quanto esses picos estão dispersos da média ou glicemia média semanal. 
Esse dado é apresentado no trabalho citado anteriormente, em que os autores observaram a 
diminuição da variabilidade glicêmica, além da diminuição da glicemia média semanal. O valor aceitável 
de variabilidade glicêmica (representado pelo desvio padrão – dp) da média é de 50. Na tabela 16, um 
valor A1c desejado é de 6%, que representa uma glicemia média desejada de 115 mg/dL, e a variabilidade 
glicêmica tem como limite o valor de 50. 
49
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
Tabela 16 – Representação dos valores de HbA1c 
comparados com a glicemia média 
Nível de A1c (%) Valores correspondentes de glicemia 
média estimada (mg/dL)
4 68
5 97
6 126
7 154
8 183
9 212
10 240
11 269
12 298
Adaptada de: SBD et al. (2017, p. 13). 
Pode-se conferir, na figura a seguir, a representação de um paciente cuja glicemia média estava 
em 342 mg/dL na primeira semana. Esse valor é muito alto ao considerar que deveria estar em até 
160 mg/dL (como mostra a faixa verde). Após a quarta semana de intervenção, foi optado pelo 
início da terapêutica com insulina; após três semanas, foi observada a média de 112 mg/dL com uma 
variabilidade (representada pelo desvio padrão – dp) de 25; e, por fim, foi observado um controle mais 
rígido dentro do esperado.
Semana 1 = GMS 342 mg/dL e dp = 60 mg/dL
3 semanas após início de insulina: GMS 112 mg/dL e dp = 25 mg/dL
71 anos, sexo feminino, com diabetes não controlado há 10 anos
Início do tratamendo 
insulínico
Normalização da 
glicemia e do dp 
em 3 semanas
Figura 12 – Exemplo de utilização da glicemia média semanal 
Disponível em: https://shre.ink/UjnE. Acesso em: 25 abr. 2019.
50
Unidade I
É possível montar um quebra-cabeça simples e fundamental para o profissional de Educação Física. 
Quando é realizado o perfil glicêmico, pode-se obter, nele: 
•	 a glicemia média semanal, que pode indicar um bom controle ou um fator de risco; 
•	 a variabilidade glicêmica (representada pelo desvio padrão – dp), que pode indicar um fator de 
risco ou um bom controle (isso é bom porque só é possível ser detectada com o perfil glicêmico). 
Pode-se conferir, na próxima figura, um exemplo de mal controle glicêmico, em que a variabilidade 
glicêmica se apresenta com vários picos e muito alta; 
•	 o valor estimado de A1c, uma vez que este é representado com a equivalência à glicemia média 
semanal (isso é bom porque é possível saber, em tempo real, o valor da A1c). 
O controle da variabilidade glicêmica é tão importante
quanto o controle dos níveis glicêmicos
Metas desejáveis
GMS52
Unidade I
211,78
193,5
34,56
48,39
TAF 0
0
50
100
150
200
250
TAF 6 TAF 12
70,97
78,87
GIE
GTP
Figura 14 – Gráfico de representação do tempo médio em minutos de atividade física entre grupos 
Adaptada de: Viana et al. (2011).
Na tabela e na figura anteriores, que apresentam os dados da atividade física média semanal em 
minutos, é possível observar que, entre os grupos, os valores basais não mostram diferença estatística 
significante. Já na 6ª semana, a diferença estatística é altamente significante (p = 0,009) e permanece 
na semana 12 (p = 0,018), assim como na tabela e na figura a seguir, em que a diferença é altamente 
significativa entre os grupos com relação à glicemia média ou ao perfil glicêmico na semana 6 (p = 0,000) 
e permanece na semana 12 (p = 0,004).
Tabela 19 – Comparação entre médias da GMS entre os grupos 
GMS Grupo GIE 
Média (dp) 
Grupo GTP 
Média (dp) Valor P
GMS 0 209,67 (48,92) 210,20 (51,62) 0,973*
GMS 6 135,44 (25,23) 189,73 (48,26) 0,000
GMS 12 150,63 (41,89) 176,09 (51,21) 0,004
* Não significante.
53
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
176,09
189,73
210,2
209,67
GMS 0
100
120
140
160
180
200
220
GMS 6 GMS 12
135,44
150,63
GIE
GTP
Figura 15 – Gráfico de representação da glicemia média semanal entre grupos 
Adaptada de: Viana et al. (2011). 
Os autores concluíram que os dois modelos de tratamento demonstraram resultados satisfatórios para 
controle glicêmico e, principalmente, quanto à adesão à prática de atividade física. Entretanto, o grupo GIE 
apresentou maior eficácia quanto ao aumento da atividade física e à diminuição da glicemia média semanal. 
Os autores também observaram que o motivo de o grupo GTP ter apresentado uma adesão 
estatisticamente significativa relaciona-se ao fato de os participantes serem atendidos individualmente 
por cada profissional em sua área de atuação. Isso facilita o entendimento do tratamento e demonstra 
a importância do exercício físico nesse processo. 
O modelo GIE de orientação em sala de espera com o profissional de Educação Física mostrou ser 
eficaz e de boa aceitação, visando à adesão à prática de atividade física. 
Os mesmos autores realizaram um terceiro estudo (Viana et al., 2011b), no qual acompanharam, por 
24 semanas, 55 pacientes dos estudos anteriores, sendo 33 do grupo intensivo de educação (GIE) e 22 do 
grupo de tratamento padrão (GTP). Como resultado, observaram que houve diferença estatisticamente 
significante entre as médias de tempo de atividade física (p = 0,0001), GMS (p = 0,0000) e variabilidade 
glicêmica – VG – (p = 0,0000) para o GIE entre as semanas 0 e 6. Essa diferença se manteve nas semanas 
12 e 24. No GTP, foi observado que, entre as médias de tempo de atividade física semanal – TAF – 
(p = 0,1825), não houve diferença estatisticamente significante em nenhum dos períodos. E, para GMS 
(p = 0,0276) e VG (p = 0,0000), houve diferença estatisticamente significante entre as semanas 0 e 6, 
permanecendo sem alterações nas semanas 12 e 24. 
Os autores concluíram que, com esses estudos, foi bem observado que o tratamento com 
intervenção educacional é eficaz, com significância a curto prazo e eficiente a médio prazo, uma vez 
que os participantes deram continuidade e demonstraram boa adesão à prática de atividade física 
e, consequentemente, ao controle da diabetes (Viana et al., 2011b). Esse método já é reconhecido e 
recomendado pela SBD (2017a) como opção de abordagem de tratamento e controle da doença. 
54
Unidade I
2.3 Diabetes mellitus gestacional
2.3.1 Epidemiologia
A diabetes mellitus gestacional (DMG) está diretamente relacionada à resistência à insulina. Esse é 
um problema metabólico que atinge as gestantes com prevalência próxima a 14%, dado que varia de 
acordo com o grupo étnico em que estão inseridas. 
2.3.2 Etiologia
Como fator de risco principal, o consenso apresenta a alteração metabólica de base, assim como 
ocorre na DM2 com resistência à insulina, que parte da obesidade central e que está relacionada com 
o estilo de vida. Também é possível, após a gestação, surgir o diagnóstico de DM2. Algumas vezes, tal 
diagnóstico pode ser evitado com a adoção de um estilo de vida associado a uma alimentação mais 
saudável e à prática de atividade física regular, assim como na DM2.
2.3.3 Diagnóstico 
O diagnóstico é rastreado desde o primeiro trimestre de gestação. Ao detectar alterações importantes 
na glicemia, o médico deve solicitar exames específicos. A tabela a seguir se refere aos critérios de 
diagnóstico adotados pelo Brasil, que seguem as normas da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da 
Associação Americana de Diabetes (ADA). 
Tabela 20 – Tabela representativa dos critérios de diagnóstico de DMG 
OMS (2013)* NIH (2012)** IADPSG (2010)*; ADA e SBD (2011); SBD, 
Opas, Febrasgo e MS (2017)
Jejum 92 a 125 mg/dL 95 mg/dL 92 mg/dL
1 hora 180 mg/dL 180 mg/dL 180 mg/dL
2 horas 153 a 199 mg/dL 155 mg/dL 153 mg/dL
* Um valor alterado já confirma o diagnóstico.
** Dois valores alterados confirmam o diagnóstico. 
NIH: National Institutes of Health; IADPSG: International Association of Diabetes and 
Pregnancy Study Groups; ADA: American Diabetes Association; Opas: Organização 
Pan-Americana da Saúde; Febrasgo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e 
Obstetrícia; MS: Ministério da Saúde. 
Fonte: SBD (2017a, p. 2019). 
2.3.4 Tratamento
O tratamento da DMG é o mesmo da DM2, mas requer mais atenção no controle glicêmico. Em 
resumo: os profissionais devem atuar com base nos pilares da educação em diabetes, da alimentação 
saudável e do exercício físico, conforme já abordado. 
55
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
2.3.4.1 Fatores que influenciam no controle glicêmico no DMG
Para os profissionais de Educação Física, é importante conhecer os fatores que influenciam 
diretamente no controle glicêmico da gestante. A SBD recomenda a prática de exercícios físicos 
regulares como parte do tratamento, com respeito às contraindicações do obstetra (SBD, 2017a). 
Quadro 3 – Principais fatores de risco para a DMG 
Idade materna avançada
Sobrepeso, obesidade ou ganho excessivo de peso na gravidez atual
Deposição central excessiva de gordura corporal
História familiar de diabetes em parentes de primeiro grau
Crescimento fetal excessivo, polidrâmnio (líquido amniótico excessivo), 
hipertensão ou pré-eclâmpsia na gravidez atual
Antecedentes obstétricos de abortamentos de repetição, má-formações, 
morte fetal ou neonatal, macrossomia ou DMG
Síndrome de ovário policístico
Baixa estatura (menos de 1,5 m)
Fonte: SBD (2017a, p. 2018). 
No primeiro trimestre de gestação, é observado: 
•	 aumento de estrógeno; 
•	 aumento de progesterona; 
•	 hiperplasia das células beta (β); 
•	 aumento da insulina. 
Consequentemente, essas alterações fazem com que ocorra a diminuição da glicemia. 
No segundo e no terceiro trimestre de gestação, são observados: 
•	 hormônios, que são liberados inclusive pela placenta; 
•	 prolactina; 
•	 progesterona; 
•	 cortisol. 
56
Unidade I
 Observação 
Esses hormônios são contrarreguladores e fazem aumentar a resistência 
à insulina. 
Consequências do mal controle glicêmico na DMG 
Um mal controle glicêmico no histórico de DMG implica algumas complicações: 
•	 Quando há mal controle antes da gestação e no primeiro trimestre, espera-se até 10% de 
má-formação congênita. 
•	 Quando há mal controle antes da gestação e no primeiro trimestre, espera-se entre 15 e 20% de 
aborto espontâneo. 
•	 Se o mal controle persiste no segundo e no terceiro trimestre, o bebê nasce grande, representando 
um fator de risco isolado para o bebê e para a mãe. 
3 HIPERTENSÃO E ATIVIDADE MOTORA
3.1 Conceitos e definição
A hipertensão arterial (HA) é uma condição clínica caracterizada pelo aumento crônico da pressão 
arterial para níveis acima de 140 mmHg para pressão arterial sistólica (PAS) e/ou 90 mmHg para 
pressão arterial diastólica (PAD). Tem característica multifatoriale é frequentemente relacionada a 
distúrbios metabólicos, alterações funcionais e/ou estruturais de órgãos-alvo, além de apresentar 
piora do prognóstico quando o indivíduo manifesta outros fatores de risco, como dislipidemia, 
obesidade abdominal, intolerância à glicose e diabetes (Weber et al., 2014), e de estar associada à 
hipertrofia cardíaca e vascular. 
Atualmente, a hipertensão arterial é considerada um problema de saúde pública, atingindo mais de 
30% da população (Williams et al., 2018). 
 Lembrete 
A PAS é a pressão exercida na parede das artérias no momento 
da sístole (contração); já a PAD é a pressão exercida no momento da 
diástole (relaxamento). 
57
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
120
Fecha
Fecha
Abre
Abre
100
80
60Pressão
(mmHg)
40
0
50
120 120
100 100
80 80
60 60
40 40
20 20
0 0
50 50100 100150 150
150
Valva
da aorta
Débito
sistólico
Valva
atrioventricular
esquerda
Volume ventricular (mL)
Débito cardíaco
Débito 
sistólico
Débito 
sistólico
Débito cardíaco
Pré-carga
( pressão arterial)
Pré-carga
( retorno venoso)
 
Figura 16 – Curva pressão-volume. Nas condições normais, o débito cardíaco é o 
mesmo tanto no ventrículo direito quanto no esquerdo. O aumento na 
pressão arterial (pós-carga) diminui o débito sistólico e, assim, o débito cardíaco 
Fonte: Hansen e Koeppen (2009, p. 75).
3.2 Fisiopatologia da hipertensão arterial
O sistema cardiovascular funciona em conjunto com o sistema respiratório, transportando nutrientes, 
oxigênio e outras substâncias para todo o corpo, além de remover produtos do metabolismo e auxiliar 
na termorregulação corporal. 
A bomba cardíaca funciona de maneira intermitente, ejetando o sangue através dos vasos sanguíneos. As 
artérias funcionam como um sistema elástico de alta pressão; por isso, são chamadas de sistema de 
distribuição. A combinação entre o grande volume de sangue ejetado, a elasticidade das artérias e a 
resistência das arteríolas (sistema de resistência) promove a manutenção do fluxo de sangue, que é 
importante para garantir a perfusão dos tecidos corporais. 
58
Unidade I
As artérias, porém, sofrem aumentos de pressão permanentes: cerca de 120 milímetros de mercúrio de 
pressão no momento da ejeção ventricular, ou pressão sistólica, e cerca de 80 milímetros de mercúrio de pressão 
no momento do enchimento cardíaco, ou pressão diastólica. Se a resistência das arteríolas, que já é alta, sofrer um 
aumento maior, poderá haver uma elevação adicional de pressão nas artérias para garantir um fluxo adequado 
nos capilares. 
Corte transversal de uma artéria
Luz
arterial
Óxido nítrico
(ON)
Células 
endoteliais
Células 
musculares 
lisas
Tecido 
conjuntivo 
fibroso
Figura 17 – Papel do óxido nítrico. As células endoteliais dentro dos vasos sanguíneos 
liberam o gás óxido nítrico (ON), que atenua a vasoconstrição simpática e induz 
o relaxamento do músculo liso arterial 
Fonte: Mcardle, Katch e Katch (2008, p. 346).
Quando a pressão arterial diastólica aumenta, o coração precisa aumentar a pressão de ejeção 
(sistólica) para vencer a resistência oferecida pelo sistema de artérias. Esse aumento da resistência, em 
geral, associado à redução do diâmetro das arteríolas, pode ser motivado pelo aumento da contração da 
musculatura lisa, que regula o diâmetro do vaso (luz), pelo espessamento dessa musculatura, passando 
a ocupar parte da luz, ou pela combinação dos dois fatores. 
Aumento da resistência periférica
Estrutural x funcional Estrutural
Hipertrofia HipertrofiaVasoconstrição Remodelação
Figura 18 – A redução do calibre das arteríolas pode ocorrer por processo ativo (funcional) de 
vasoconstrição ou por hipertrofia da camada média muscular (estrutural). Mais recentemente, 
vem sendo demonstrado que o componente estrutural pode ser determinado não só por 
espessamento da parede, mas também por “remodelação”, quando há redução global 
dos diâmetros externo e interno, sem modificação da massa 
Fonte: Krieger, Franchini e Krieger (1996, p. 182).
59
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
A hipertensão, portanto, pode ser causada pelo desequilíbrio entre a produção aumentada de 
fatores que estimulam a vasoconstrição (os nervos simpáticos e as catecolaminas, a angiotensina, 
a endotelina etc.) e/ou a produção deficiente de substâncias que estimulam a vasodilatação (óxido 
nítrico, bradicinina etc.), com o consequente aumento do grau de contração da musculatura das 
arteríolas. Além disso, fatores anatômicos ou funcionais também podem levar a esse aumento, 
como o estímulo crônico de fatores vasoconstritores, que podem ocasionar a hipertrofia muscular 
(Krieger; Franchini; Krieger, 1996).
Quadro 4 – Ação das substâncias vasoconstritoras e 
vasodilatadoras na fisiopatologia da hipertensão 
Vasoconstritores O que são? Vasodilatadores Como agem?
Catecolaminas
Sintetizadas no cérebro, na 
medula adrenal e algumas fibras 
nervosas simpáticas
Óxido nítrico
Sintetizado pelas células 
endoteliais. Promove o 
relaxamento do músculo liso
Angiotensina
Peptídeo que faz 
parte do sistema 
renina-angiotensina-aldosterona 
(SRAA). É importante para o 
controle da pressão arterial
Bradicinina
Polipeptídeo plasmático de 
função vasodilatadora, que se 
forma em resposta à presença 
de toxinas ou ferimentos
Endotelina
Peptídeo produzido pelo 
endotélio que promove 
constrição dos vasos sanguíneos 
e aumenta a pressão arterial
A regulação da pressão arterial pode ser influenciada, em grande parte, por fatores genéticos, 
ou seja, cada indivíduo traz uma carga genética que é responsável pela produção dos complexos 
fatores que regulam a sua pressão arterial a cada momento. Porém, fatores ambientais (sal e álcool 
em excesso, fumo e excitação psicoemocional, por exemplo) poderão sobrecarregar os sistemas e 
induzir o desequilíbrio, que leva ao aumento da pressão arterial. 
Fatores pressores Fatores depressores
Hipertensão Normotensão
1. Simpático
2. Sistema renina-angiotensina
3. Vasopressina
4. Endotelina
1. Fatores endoteliais (NO)
2. Cininas - prostaciclina
3. Peptídeo natriurético atrial
Figura 19 – A pressão arterial é, continuamente, influenciada por complexos sistemas pressores 
e depressores, e a hipertensão é provocada pela ruptura no equilíbrio entre os dois fatores 
Fonte: Krieger, Franchini e Krieger (1996, p. 183).
60
Unidade I
3.3 Diagnóstico e classificação
Para fazer o diagnóstico da hipertensão, deve-se atentar para o método de medida da pressão 
arterial. Quando utilizamos medidas realizadas no consultório médico, o diagnóstico deverá ser sempre 
validado por medições repetidas, em condições ideais, em duas ou mais ocasiões, e confirmado por 
exames adicionais, tais como o Mapa, excetuando-se aqueles pacientes que já apresentem lesão de 
órgão-alvo detectada (Malaquias et al., 2016). 
 Observação 
Mapa: monitorização ambulatorial da pressão arterial. 
Medidas em crianças, pessoas idosas e gestantes apresentam características especiais. Em crianças, 
o primeiro passo é utilizar o manguito ideal, para que a medida não seja equivocada. De maneira geral, o uso 
do manguito de adulto em crianças subestima os valores da pressão arterial. 
Figura 20 – Técnica de medida da pressão arterial. A largura da bolsa de borracha do manguito 
deve corresponder a 40% do braço, e o seu comprimento, envolver 80% a 100% do braço 
Fonte: Salgado e Carvalhaes (2003, S117).
A interpretação dos valores de PA obtidos em crianças e adolescentes deve considerar idade, sexo 
e altura. Para a avaliação dos valores de PA de acordo com essas variáveis, deve-se consultar tabelas 
específicas, como a apresentada na tabela 21. 
61
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
Tabela 21 – Níveis pressóricos relacionados à 
altura de meninos e rapazes de 1 a 17 anos 
Idade 
(anos)
Percentil 
da pressão 
arterial
Pressão sistólica para o 
percentil da altura (mmHg)
Pressão diastólica para o 
percentil da altura (mmHg)
5% 10% 25% 50% 75%90% 95% 5% 10% 25% 50% 75% 90% 95%
1
90 94 95 97 98 100 102 102 50 51 52 53 54 54 55
95 98 99 101 102 104 106 106 55 55 56 57 58 59 59
2
90 98 99 100 102 104 105 106 55 55 56 57 58 59 59
95 101 102 104 106 108 109 110 59 59 60 61 62 63 63
3
90 100 101 103 105 107 108 109 59 59 60 61 62 63 63
95 104 105 107 109 111 112 113 63 63 64 65 66 67 67
4
90 102 103 105 107 109 110 111 62 62 63 64 65 66 66
95 106 107 109 111 113 114 115 66 67 67 68 69 70 71
5
90 104 105 106 108 110 112 112 65 65 66 67 68 69 69
95 108 109 110 112 114 115 116 69 70 70 71 72 73 74
6
90 105 106 108 110 111 113 114 67 68 69 70 70 71 72
95 109 110 112 114 115 117 117 72 72 73 74 75 76 76
7
90 106 107 109 111 113 114 115 69 70 71 72 72 73 74
95 110 111 113 115 116 118 119 74 74 75 76 77 78 78
8
90 107 108 110 112 114 115 116 71 71 72 73 74 75 75
95 111 112 114 116 118 119 120 75 76 76 77 78 79 80
9
90 109 110 112 113 115 117 117 72 73 73 74 75 76 77
95 113 114 116 117 119 121 121 76 77 78 79 80 80 81
10
90 110 112 113 115 117 118 119 73 74 74 75 76 77 78
95 114 115 117 119 121 122 123 77 78 79 80 80 81 82
11
90 112 113 115 117 119 120 121 74 74 75 76 77 78 78
95 116 117 119 121 123 124 125 78 79 79 80 81 82 83
12
90 115 116 117 119 121 123 123 75 75 76 77 78 78 79
95 119 120 121 123 125 126 127 79 79 80 81 82 83 83
13
90 117 118 120 122 124 125 126 75 76 76 77 78 79 80
95 121 122 124 126 128 129 130 79 80 81 82 83 83 84
14
90 120 121 123 125 126 128 128 76 76 77 78 79 80 80
95 124 125 127 128 130 132 132 80 81 81 82 83 84 85
15
90 123 124 125 127 129 131 131 77 77 78 79 80 81 81
95 127 128 129 131 133 134 135 81 82 83 83 84 85 86
16
90 125 126 128 130 132 133 134 79 79 80 81 82 82 83
95 129 130 132 134 136 137 138 83 83 84 85 86 87 87
17
90 128 129 131 133 134 136 136 81 81 82 83 84 85 85
95 132 133 135 136 138 140 140 85 85 86 87 88 89 89
Fonte: Genser et al. (1988 apud Santos et al., 2003, p. 180). 
62
Unidade I
Já na população idosa, deve-se atentar para as modificações associadas ao próprio processo de 
envelhecimento, como o aparecimento mais frequente do hiato auscultatório. Isso significaria o 
desaparecimento dos sons durante a desinsuflação do manguito, o que pode ocasionar medidas 
equivocadas, geralmente baixas para PAS ou altas para PAD. 
 Saiba mais
No artigo de revisão “Hipertensão arterial no idoso: peculiaridades 
na fisiopatologia, no diagnóstico e no tratamento”, Roberto D. Miranda 
e colaboradores apresentam as especificidades da hipertensão em uma 
pessoa idosa, desde a fisiopatologia da doença até como diagnosticá-la de 
maneira correta. 
MIRANDA, R. D. et al. Hipertensão arterial no idoso: peculiaridades 
na fisiopatologia, no diagnóstico e no tratamento. Revista Brasileira de 
Hipertensão, São Paulo, v. 9, n. 3, p. 293-300, 2002.
Outras alterações, como a maior ocorrência de hipotensão ortostática e pós-prandial, e, finalmente, 
a presença de arritmias, como a fibrilação atrial, podem dificultar a medição da pressão arterial. 
Quanto a indivíduos obesos ou que tenham a circunferência do braço muito elevada, é necessário o 
uso de manguitos específicos, que devem ser mais longos e mais largos para que não haja superestimação 
da PA (Pickering et al., 2005). 
Por fim, em gestantes, a PA deve ser obtida com a mesma metodologia recomendada para adultos, 
reforçando-se que ela também pode ser medida no braço esquerdo na posição de decúbito lateral 
esquerdo em repouso, não devendo diferir da obtida na posição sentada (Oliveira, 2000). 
Para que os valores de pressão arterial sejam considerados normais, um adulto deve apresentar 
valores menores ou iguais a 120 mmHg para pressão arterial sistólica e menores ou iguais a 80 mmHg 
para pressão arterial diastólica. Se os valores estiverem entre 121 e 139 mmHg para pressão sistólica 
ou entre 81 e 89 mmHg para pressão diastólica, o indivíduo já é considerado pré-hipertenso, com 
maiores chances de desenvolver a hipertensão em um futuro breve. Acima desses valores, o indivíduo 
é classificado como hipertenso, e os estágios são divididos de acordo com a gravidade da hipertensão, 
conforme se pode observar na tabela 22. 
63
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
Tabela 22 – Classificação da PA de acordo com a medição 
casual ou no consultório a partir de 18 anos de idade 
Classificação PAS (mmHg) PAD (mmHg)
Normal ≤ 120 ≤ 80
Pré-hipertensão 121-139 81-89
Hipertensão estágio 1 140-159 90-99
Hipertensão estágio 2 160-179 100-109
Hipertensão estágio 3 ≥ 180 ≥ 110
Considera-se hipertensão sistólica isolada se PAS ≥ 140 mmHg e 
PADproporciona uma elevação considerável da frequência cardíaca 
e do volume sistólico, o que representa um aumento do fluxo de sangue. No entanto, a magnitude 
da resposta cardiovascular depende das características do exercício executado, ou seja, intensidade, 
duração e massa muscular envolvida. 
 Observação 
DC = FC x VS, ou seja, o fluxo de sangue (débito cardíaco, expresso 
em litros de sangue ejetado por minuto pelo coração) é influenciado pelo 
número de contrações cardíacas por minuto (FC) e pelo volume de sangue 
ejetado a cada contração (VS).
O aumento do volume sistólico se deve, principalmente, a um aumento do retorno venoso facilitado 
pelas contrações musculares intermitentes e contínuas. Além disso, parte das alterações no coração e 
nos vasos sanguíneos é favorecida pelo aumento da atividade simpática, proporcionando, entre outras 
coisas, uma vasodilatação para a musculatura esquelética, que está relacionada, também, à liberação de 
substâncias vasodilatadoras. Como grande parte dos músculos esqueléticos é envolvida em um exercício 
aeróbio, há uma redução significante da resistência vascular periférica. 
65
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
A
C
B
D
Figura 21 – O retorno venoso é facilitado pela contração muscular. Válvulas das veias (A) impedem o 
fluxo de retorno do sangue, porém (B) não dificultam o fluxo de sangue normal em uma só direção. 
O sangue pode ser impulsionado por meio das veias pelo músculo ativo adjacente (C) ou pela 
contração das faixas de músculo dentro das próprias veias (D) 
Fonte: Mcardle, Katch e Katch (2001, p. 318).
O aumento do fluxo de sangue, associado à redução da resistência vascular periférica, explica, pelo 
menos em parte, por que a pressão arterial sistólica aumenta em paralelo ao aumento da intensidade, 
enquanto a pressão arterial diastólica se mantém ou diminui. Essas respostas são maiores quando o 
exercício realizado é de intensidade maior, mas não são alteradas com a duração do exercício, caso ele 
seja realizado em uma intensidade menor que a do limiar anaeróbio (Brum et al., 2004). 
3.4.1.2 Exercício isométrico e de força
O exercício isométrico ou estático é aquele em que não há movimento, e, portanto, a musculatura, 
apesar de sofrer maior tensão, não é encurtada. No exercício de força, há um grande componente 
estático. Nos exercícios estáticos, observa-se um aumento da frequência cardíaca acompanhado da 
manutenção ou mesmo diminuição do volume de ejeção e um pequeno acréscimo do débito cardíaco. 
Além disso, observa-se o aumento da resistência vascular periférica, que resulta em um grande 
aumento da pressão arterial. Essas respostas acontecem porque a contração muscular mantida resulta 
em um bloqueio mecânico do fluxo sanguíneo para a musculatura esquelética, o que faz com que os 
metabólitos produzidos durante a contração se acumulem e ativem receptores químicos nos músculos em 
atividade (quimiorreceptores), que promovem um aumento expressivo da atividade nervosa simpática. 
66
Unidade I
É importante ressaltar que o tamanho das respostas cardiovasculares durante o exercício estático 
depende da intensidade do exercício, de sua duração e da massa muscular exercitada, sendo maior 
quanto maiores forem esses fatores (Forjaz; Tinucci, 2000). O quadro a seguir mostra os principais efeitos 
do exercício agudo: 
Quadro 6 – Efeitos agudos do exercício físico na função cardiovascular
Exercício FC VS DC RVP PA Mecanismo
Dinâmico ↑ ↑ ↑ ↓ ↑ PAS 
→ / ↓ PAD
Mecanorreceptores musculares e 
comando central 
↑	atividade simpática
Estático ↑ → / ↓ ↑ ↑ / → ↑ Ativação dos quimiorreceptores 
↑	atividade simpática
Resistido ↑ ↓ ↓ → ↑ ?
3.4.1.3 Hipotensão pós-exercício 
A queda da pressão arterial após a sessão de exercício físico já foi mostrada por muitos pesquisadores 
nas décadas anteriores. Esse fenômeno acontece imediatamente após o exercício e pode durar alguns 
minutos ou até algumas horas. Porém, os mecanismos que explicam esse efeito ainda são muito 
estudados na atualidade (Kenny; Seals, 1993; Macdonald, 2002). 
A maioria dos estudos concorda, portanto, que durante o período de recuperação do exercício 
físico a redução da atividade simpática (mediada centralmente) e do reflexo simpático, assim como os 
mecanismos vasodilatadores locais, contribui para a queda da pressão arterial observada no período 
pós-exercício (Halliwill et al., 2013). 
Redução da atividade simpática e do reflexo simpático 
+ 
Mecanismos vasodilatadores locais 
↓ 
A queda é maior no hipertenso, pois a hipertensão reduz 
a sensibilidade barorreflexa, ou seja, quando a pressão cai, a regulação 
é menos pronunciada e demora mais a acontecer
Figura 22 - Queda da pressão arterial em indivíduos hipertensos 
Esse efeito tem uma importância clínica representativa para o indivíduo hipertenso, já que a redução 
da pressão arterial pode ser mantida por um período prolongado nesses indivíduos, proporcionando um 
efeito terapêutico e um melhor controle da pressão arterial.
67
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
A hipotensão pós-exercício é, portanto, mais duradoura e de maior magnitude em indivíduos 
hipertensos quando comparados com normotensos. Isso acontece, entre outros fatores, devido à menor 
sensibilidade barorreflexa, comumente vista em hipertensos. Com uma menor sensibilidade à resposta 
do sistema nervoso simpático, a queda da pressão arterial é mais lenta, e a redução é sustentada 
por mais tempo.
 Observação 
O barorreflexo, um dos mais importantes mecanismos para o controle 
batimento a batimento da pressão arterial, atua ajustando a frequência 
cardíaca e o tônus simpático vascular momento a momento. 
3.4.2 Efeitos crônicos do exercício físico na pressão arterial
Vários estudos mostram que o exercício físico, quando realizado de maneira crônica, é capaz de reduzir 
a pressão arterial de indivíduos hipertensos (Hagberg; Park; Brown, 2000; Halbert et al., 1997). 
Aparentemente, os principais efeitos estão relacionados ao exercício moderado e de volume 
maior (Lesniak; Dubbert, 2001), mas também há evidências de que o exercício de força pode reduzir 
modestamente a pressão arterial de hipertensos (Polito; Farinatti, 2006). 
A redução da pressão arterial ocorre principalmente devido à redução da resistência vascular 
periférica, que pode ser explicada por vários fatores. 
Pressão arterial
Débito cardíaco
Frequência cardíaca 
Volume sistólico
Resistência vascular 
periférica
Viscosidade do sangue 
Diâmetro do vaso 
Comprimento do vaso
Figura 23 – Fatores que influenciam o comportamento da pressão arterial 
68
Unidade I
A redução da resistência periférica ocorre cronicamente devido à melhora da função endotelial e à 
redução da hipertrofia vascular, entre outros fatores relacionados ao sistema circulatório (Ghisi et al., 2010).
Treinamento físico
Perfusão miocárdica ↑
Diâmetro vascular Microcirculação Microeologia
Regressão da estenose
Formação colateral
Melhora da função endotelial
Sensibilidade, resistência
Metabolismo do vaso
Vasodilatadores
Viscosidade do sangue
Ativação plaquetária
Geração de trombina
Figura 24 – Efeitos do treinamento físico na perfusão do miocárdio: 
fatores que influenciam o comportamento da pressão arterial 
Fonte: Ghisi et al. (2010, e133).
Outro efeito importante do exercício físico é a redução da atividade simpática e da ação do sistema 
renina-angiotensina-aldosterona, que, em conjunto, também colaboram para a redução da resistência 
vascular e da hipertrofia cardíaca. 
 Lembrete 
Uma das principais funções do sistema renina-angiotensina-aldosterona 
é regular o volume de líquido extracelular e a pressão arterial. 
69
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
Angiotensinogênio
Angiotensina I
Angiotensina II
Renina
ECANão ECA
(Cininase II)(Quimase, catepsina G, Cage)
Subtipo do receptor AT1 Subtipo do receptor AT2
Respostas funcionais?Efeitos conhecidos da angiotensina II
(vasoconstrição, aldosterona)
Ingredientes inativosProteína não G ligada 
↓↑ Fosfatase de tirosina
Proteína G ligada
↓↑ AMPc
IP3/DG
Bradicinina
AT1A
AT1B
(AT1C)
(rato, camundongo)
Figura 25 – Vias clássica e alternativa envolvidas na produção de angiotensina II 
Fonte: Oigman e Fritsch (1998, p. 88).
3.4.3 Prescrição do exercício físico para o hipertenso
3.4.3.1 Cuidados
Depois de rever os efeitos da prática de atividade física ou exercício físico na pressão arterial, devemos 
nos atentar para os riscos dessa prática em indivíduos hipertensos. 
Um indivíduo hipertenso desenvolve, em suas artérias, uma pressão maior e, logo, uma maior tensão 
na parede dos vasos. Isso aumenta a suscetibilidade a pequenas lesões nos vasos, o que pode ser o fator 
desencadeante do desenvolvimento inicial das placas de ateroma nas artérias. Portanto, esses indivíduos 
podem ter mais chances de desenvolver doenças como a doença arterial coronariana e o acidente 
vascular encefálico (explicadas em detalhes mais adiante). 
Devido ao risco implícito à hipertensão, é mais perigoso que a pressão arterial aumente demais durante 
a prática de exercício físico, o que requer uma prescrição de exercícios físicos mais cuidadosa e efetiva. 
Qualquer tipo de exercício pode ser indicado para o hipertenso, contanto que este seja acompanhado e 
tenha monitorizações frequentes. Deve-se, no entanto, evitar picos pressóricos muito intensos durante a prática 
do exercício, o que pode implicar a redução da fadiga concêntrica, o aumento dos tempos de intervalos etc. 
3.4.3.2 Principais recomendações
As recomendações de exercício físico para indivíduos hipertensos incluem, portanto, a prática de 
exercícios aeróbios de intensidade moderada (50 a 70% da FCreserva) realizada, no mínimo, três vezes 
por semana e com duração mínima de 30 minutos em cada sessão. 
70
Unidade I
 Lembrete
Como visto, os exercícios de intensidade moderada e de maior volume 
têm reduzido os valores pressóricos logo após a sessão de exercício. Além 
disso, esse efeito parece repercutir a longo prazo. 
Recomenda-se a inclusão do exercício de força no programa de exercícios para a manutenção da 
massa muscular e da taxa metabólica, já que a hipertensão está relacionada ao estilo de vida dos 
indivíduos e, portanto, apresenta-se comumente associada ao sobrepeso e à obesidade. 
4 DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA, ANGINA E INFARTO
4.1 Conceitos e definição
A doença arterial coronariana (DAC) caracteriza-se pela falha no suprimento de sangue para 
a musculatura cardíaca por meio das artérias que irrigam o coração (coronárias). Essa insuficiência 
na irrigação se correlaciona com o tamanho da obstrução causada por placas ateroscleróticas que se 
instalam nas artérias coronárias, provocando, assim, uma redução do fluxo sanguíneo coronariano e, 
consequentemente, uma diminuição da oferta de oxigênio ao coração (Franco; Matos, 2005). 
Em situações de consumo de oxigênio aumentado, como quando se pratica algum tipo de atividade ou 
exercício físico, pode haver desproporção entre demanda e oferta de oxigênio, ocasionando uma dor torácica 
conhecida por angina pectoris. A angina, portanto, pode aparecer quando há uma obstrução parcial ou total 
do fluxo de sangue para uma determinada parte do coração, como acontece na doença arterial coronariana. 
No caso de obstrução total do fluxo de sangue, a área do coração irrigada por aquela artéria coronária 
deixa de receber oxigênio, o que se pode chamar de infarto do miocárdio. Quanto maior o calibre da 
artéria obstruída, maior será a área infartada e o comprometimento cardíaco. 
 Observação 
A dor no peito, secundária à isquemia miocárdica, tipicamente se 
manifesta com as seguintes características: dor em aperto, opressão, 
pressão, peso ou queimação, localizada na região subesternal, ou seja, 
abaixo do osso esternal (no meio do tórax, entre as costelas). 
Pode se manifestar também com dor em qualquer porção do tórax, 
mais frequentemente no meio ou do lado esquerdo, e ainda nos ombros, 
braços, pescoço, mandíbula, dentes, costas (entre as duas escápulas) e até, 
de forma menos frequente, na porção superior do abdômen. 
71
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
4.2 Etiologia
A doença arterial coronariana se manisfesta através de um processo inflamatório conhecido por 
aterosclerose. Esse é um processo inflamatório crônico que ocorre em resposta às lesões no endotélio 
das células, instalando-se, principalmente, na camada íntima de artérias de médio e grande calibres. 
A formação da placa de ateroma (placa aterosclerótica) começa com a agressão ao endotélio vascular 
devido a diversos fatores de risco, como a dislipidemia (excesso de lipídeos na corrente sanguínea), 
a hipertensão arterial ou o tabagismo. Em resposta a essa agressão, a disfunção endotelial facilita a 
entrada de lipoproteínas plasmáticas na camada íntima, favorecendo a retenção destas no espaço 
subendotelial. Retidas, as partículas de LDL sofrem oxidação, tornando-se imunogênicas. 
O depósito de lipoproteínas na parede arterial, processo-chave no início da aterogênese, ocorre de 
maneira proporcional à concentração dessas lipoproteínas no plasma. Além do aumento da permeabilidade 
às lipoproteínas, outra manifestação da disfunção endotelial é o surgimento de moléculas de adesão 
leucocitária na superfície endotelial, processo estimulado pela presença de LDL oxidada (LDL-ox). As 
moléculas de adesão são responsáveis pela atração de monócitos e linfócitos para a intimidade da 
parede arterial. 
Fatores de risco para doença arterial coronariana 
•	 Perfil lipídico: níveis aumentados de colesterol de baixo densidade (LDL) e níveis reduzidos de 
colesterol de alta densidade (HDL) são fatores de risco importantes para o desenvolvimento 
de doença arterial obstrutiva coronariana. 
•	 Tabagismo: é reconhecido como um fator de risco importante para doença coronariana, 
particularmente morte súbita. 
•	 Hipertensão arterial: a hipertensão arterial não controlada dobra ou triplica o risco de eventos 
cardiovasculares, e a pressão alta é um fator preditor independente de subsequente morbidade e 
mortalidade em sobrevivência de um infarto do miocárdio. 
•	 Intolerância à glicose e diabetes mellitus: são importantes fatores de risco para doenças 
cardiovasculares. 
•	 Obesidade: é um fator de risco independente para o desenvolvimento de doença coronariana. 
A atividade física pode auxiliar no controle da hiperglicemia, principalmente quando combinada 
com a redução ponderal. A atividade física é, portanto, benéfica para o controle da glicemia em 
pacientes coronariopatas. 
 Observação 
Imunogênico é a capacidade de desencadear uma reação imunológica. 
72
Unidade I
Adventícia
Média
Íntima
Adventícia
Média
Íntima
Normal
Aterosclerose
Lipídeos
Cicatrização
Trombo Trombo
Síndromes coronarianas agudas
Ruptura da placa Obstrução coronariana fixa 
grave (doença cardíaca 
isquêmica crônica)
Trombo oclusivo 
(infarto do miocárdio 
transmural agudo ou 
morte súbita)
Trombo mural com obstrução 
variável/êmbolos? 
(angina instável ou infarto do 
miocárdio subendocárdico agudo 
ou morte súbita)
Agregado 
plaquetário
Placa aterosclerótica
Obstrução 
coronariana fixa 
(angina típica)
Figura 26 - Representação esquemática da progressão sequencial das lesões 
na artéria coronária e sua associação a várias síndromes coronárias agudas 
Fonte: Kumar, Abbas e Fausto (2010, p. 554).
Os monócitos atraídos migram para abaixo do endotélio, onde se diferenciam em macrófagos, que, 
então, capturam as moléculas de LDL oxidadas, sem controle da quantidade recebida. Os macrófagos 
repletos de lipídeos são chamados de células espumosas e são o principal componente das estrias 
gordurosas, lesões macroscópicas iniciais da aterosclerose. 
Quando ativos, os macrófagos são responsáveis, em grande parte, pela progressão da placa 
aterosclerótica mediante a secreção de citocinas, que aumentam ainda mais a inflamação, e de enzimas 
proteolíticas, capazes de degradar o colágeno e outroscomponentes teciduais locais. Outras células 
inflamatórias também participam do processo aterosclerótico (Hansson, 2005). 
73
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
Figura 27 – Ruptura de placa aterosclerótica. (A) Ruptura da placa sem trombo superposto em um 
paciente que teve morte súbita. (B) Trombose coronária aguda superposta a uma placa aterosclerótica 
com ruptura focal da cápsula fibrosa, desencadeando infarto do miocárdio fatal. Em A e B, uma seta 
aponta para o local de ruptura da placa 
Fonte: Kumar, Abbas e Fausto (2010, p. 512).
Alguns mediadores da inflamação estimulam a migração e proliferação das células musculares lisas da 
camada média arterial. Estas, ao migrarem para a íntima, passam a produzir não só citocinas e fatores de 
crescimento, mas também matriz extracelular, que formará parte da capa fibrosa da placa aterosclerótica. 
Trombose mural
Embolização
Enfraquecimento da parede
Ruptura da placa
Erosão da placa
Hemorragia da placa
Trombose mural
Embolização
Em áreas com tendência a lesões, 
aceleradas por fatores de risco:
Disfunção endotelial
Adesão/emigração de monócitos
Migração de células musculares
lisas para a íntima
Proliferação de células musculares lisas
Elaboração da MEC
Acúmulo de lipídeos
Degeneração/morte celular
Inflamação
Crescimento da placa
Remodelação da placa
e MEC da parede
Organização do trombo
Calcificação
Crescimento 
progressivo da placa
Aneurisma 
e ruptura
Estria gordurosa
Artéria 
normal
Placa 
avançada/vulnerável
Placa 
fibrogordurosa
Oclusão 
por trombo
Estenose 
crítica
Fase clínica
Geralmente meia-idade a terceira idade
Fase pré-clínica
Geralmente idade jovem
Ho
riz
on
te
cl
ín
ic
o
Figura 28 – História natural, características morfológicas, principais 
eventos patogênicos e complicações clínicas da aterosclerose 
Fonte: Kumar, Abbas e Fausto (2010, p. 513).
A placa aterosclerótica plenamente desenvolvida é constituída por elementos celulares, componentes da 
matriz extracelular e núcleo lipídico e necrótico, formado, principalmente, por restos de células mortas. As 
placas estáveis caracterizam-se pelo predomínio de colágeno, organizado em capa fibrosa espessa, escassas 
células inflamatórias e núcleo lipídico e necrótico de proporções menores. As instáveis apresentam atividade 
inflamatória intensa, especialmente nas suas bordas laterais, com grande atividade proteolítica, núcleo 
lipídico e necrótico proeminente e capa fibrótica tênue (Libby; Theroux, 2005). A degradação dessa capa 
expõe o material lipídico altamente trombogênico, levando à formação de um trombo. Esse processo é um 
dos principais determinantes das manifestações clínicas da aterosclerose.
74
Unidade I
Figura 29 – Face posterior do coração de um paciente que morreu durante a 
evolução de um infarto do miocárdio agudo, demonstrando oclusão total da 
artéria coronária direita distal por um trombo agudo (seta) e uma grande 
zona de baixa perfusão do miocárdio, conforme indicado pelas cabeças 
de setas, e que apresenta um enchimento de capilares quase ausente 
Fonte: Kumar, Abbas e Fausto (2010, p. 556).
Artéria
pulmonar
Artéria 
coronária 
direita
Artéria coronária 
circunflexa esquerda
Artéria coronária 
descendente anterior 
esquerda
Oclusão arterial 
coronariana aguda
Zona de perfusão
(área de risco)
Término do infarto 
que envolveu quase 
toda a área em risco
Corte transversal 
do miocárdio Artéria 
coronária 
obstruída
0h 2h 24h
Zona de 
necrose
Zona de 
necrose
Zona de perfusão
(área de risco)
Endocárdio
Figura 30 – Progressão da necrose do miocárdio após oclusão da artéria coronária. 
A morte do tecido se inicia em uma pequena zona do miocárdio. A área que 
depende do vaso ocluído para perfusão é o miocárdio “em risco” (sombreada). 
Uma zona muito estreita do miocárdio imediatamente abaixo do endocárdio 
é poupada da necrose, pois pode ser oxigenada por difusão a partir do ventrículo
Fonte: Kumar, Abbas e Fausto (2010, p. 557).
75
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
 Saiba mais
Uma das fórmulas utilizadas para estimar, na população em geral, a 
probabilidade de doença coronariana está baseada nos resultados do 
Framingham Heart Study. De acordo com a faixa etária, o sexo, os valores 
de pressão arterial sistólica, os valores da razão entre o colesterol total e a 
fração HDL, a presença de tabagismo e o diagnóstico de diabetes, é possível 
estabelecer o risco de infarto do miocárdio e angina no período de dez 
anos. Leia mais sobre esse assunto em: 
MAHMOOD, S. S. et al. The Framingham Heart Study and the 
epidemiology of cardiovascular disease: a historical perspective. Lancet, 
London, v. 383, n. 9921, p. 999-1008, 2014.
4.3 Efeitos do exercício físico
Ao ingressarem em um programa de reabilitação cardíaca, os pacientes com doença arterial 
coronariana ou cardiopatia isquêmica apresentam melhora dos sintomas de angina, atenuação da 
gravidade da isquemia induzida pelo esforço, melhora da capacidade funcional e melhor controle de 
diversos fatores de risco para a doença cardiovascular (Moraes, 2005). 
4.3.1 Regulação do fluxo no exercício físico
O fluxo de sangue para o coração é influenciado diretamente pelo calibre do vaso sanguíneo. 
Portanto, quanto maior a resistência vascular, menor será o fluxo de sangue para determinado local. 
Quando se realiza atividade física ou exercício físico, ocorre um aumento do débito cardíaco e, 
assim, um aumento da pressão na parede do vaso (shear stress), o que estimula o endotélio a liberar 
diversas substâncias vasoativas, como a prostaciclina (PGI2), o fator hiperpolarizante derivado do 
endotélio (EDHF) e o fator relaxante derivado do endotélio (EDRF). 
A PGI2 promove a conversão de ATP em AMP cíclico nas células da camada lisa vascular, 
proporcionando a vasodilatação. O EDRF, ou óxido nítrico (como é mais conhecido), é um derivado 
do metabolismo da L-arginina em L-citrulina pela ação do óxido nítrico sintase encontrado nos 
vasos sanguíneos. O óxido nítrico, formado no endotélio, passa para as camadas laterais, como a 
camada muscular lisa vascular, proporcionando a conversão de guanilato ciclase solúvel (GTP) em 
GMP-cíclico. Essa molécula promove o vasorrelaxamento e, consequentemente, a vasodilatação 
(Franco; Matos, 2005).
76
Unidade I
Alto shear stress
Placa de ateroma
Fluxo
sanguíneo
Figura 31 – Shear stress: influência da placa de ateroma
4.3.2 Melhora da perfusão do miocárdio
O exercício físico crônico melhora a perfusão do miocárdio. Entre os mecanismos envolvidos 
nessa melhora, estão: a função endotelial; a microcirculação; a regressão das lesões ateroscleróticas 
coronarianas; o aumento da circulação colateral; a redução da viscosidade do sangue; e o aumento do 
tempo de perfusão diastólica (Franco; Matos, 2005).
O aumento do shear stress (pressão na parede dos vasos) pode gerar a liberação de óxido nítrico 
e, consequentemente, de fluxo sanguíneo vascular. Esse mecanismo de vasodilatação, mediado pela 
ação endotelial, tem sido apontado como uma das principais adaptações vasculares provocadas 
pelo treinamento físico. O aumento frequente do shear stress no vaso, em resposta ao exercício 
físico crônico, leva à melhora do funcionamento endotelial, facilitando a perfusão miocárdica.
Em um estudo de Hambrecht e colaboradores (2000), foi demonstrado que, de fato, o treinamento 
físico de quatro semanas foi capaz de restabelecer a função endotelial, possivelmente pelo aumento da 
produção de óxido nítrico. Além disso, o treinamento físico parece também aumentar a disponibilidade 
do óxido nítrico, alterando a velocidade de produção e degradação por meio do aumento de enzimas 
antioxidantes (Fukai et al., 2000).
Outro fator especialmente importante para melhorar a perfusão miocárdica são os vasos sanguíneos 
pequenos ou da microcirculação. Como o fluxo é inversamente proporcional à resistência, a função 
desses pequenos vasos (54
2.3.1 Epidemiologia ........................................................................................................................................... 54
2.3.2 Etiologia ...................................................................................................................................................... 54
2.3.3 Diagnóstico .............................................................................................................................................. 54
2.3.4 Tratamento ................................................................................................................................................ 54
3 HIPERTENSÃO E ATIVIDADE MOTORA ..................................................................................................... 56
3.1 Conceitos e definição ......................................................................................................................... 56
3.2 Fisiopatologia da hipertensão arterial ......................................................................................... 57
3.3 Diagnóstico e classificação ............................................................................................................... 60
3.4 Efeitos do exercício físico no controle da pressão arterial .................................................. 63
3.4.1 Efeitos agudos do exercício físico na pressão arterial ............................................................. 64
3.4.2 Efeitos crônicos do exercício físico na pressão arterial........................................................... 67
3.4.3 Prescrição do exercício físico para o hipertenso ........................................................................ 69
Sumário
4 DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA, ANGINA E INFARTO ............................................................... 70
4.1 Conceitos e definição ......................................................................................................................... 70
4.2 Etiologia ................................................................................................................................................... 71
4.3 Efeitos do exercício físico.................................................................................................................. 75
4.3.1 Regulação do fluxo no exercício físico .......................................................................................... 75
4.3.2 Melhora da perfusão do miocárdio ................................................................................................. 76
4.4 Prática de exercício físico e riscos ................................................................................................. 77
4.5 Prescrição de exercício físico ........................................................................................................... 78
4.5.1 O teste ergométrico ............................................................................................................................... 78
4.5.2 Determinação da intensidade do exercício físico ...................................................................... 81
4.5.3 Uso de medicamentos que alteram a frequência cardíaca ................................................... 83
Unidade II
5 DOENÇAS VALVULARES E INSUFICIÊNCIA CARDÍACA...................................................................... 92
5.1 Valvopatias .............................................................................................................................................. 92
5.1.1 Estenose mitral ........................................................................................................................................ 93
5.1.2 Insuficiência mitral ................................................................................................................................. 94
5.1.3 Estenose aórtica ...................................................................................................................................... 94
5.1.4 Insuficiência aórtica .............................................................................................................................. 95
5.1.5 Exercício físico para indivíduos valvopatas .................................................................................. 96
5.2 Insuficiência cardíaca ......................................................................................................................... 99
5.2.1 Definição e conceitos ............................................................................................................................ 99
5.2.2 Atividade física (benefícios, adaptações e prescrição) ...........................................................101
5.2.3 Prescrição de exercício para indivíduos com insuficiência cardíaca................................104
6 DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA E ATIVIDADE MOTORA .....................................106
6.1 Epidemiologia/etiologia ...................................................................................................................107
6.2 Diagnóstico ...........................................................................................................................................107
6.2.1 Quadro clínico ........................................................................................................................................109
6.3 Fisiopatologia .......................................................................................................................................110
6.4 Exercícios físico ...................................................................................................................................111
7 ATIVIDADE MOTORA PARA PESSOAS IDOSAS E GESTANTES .......................................................113
7.1 Pessoas idosas ......................................................................................................................................113
7.1.1 Envelhecimento e síndrome da fragilidade da pessoa idosa .............................................. 113
7.1.2 Epidemiologia .........................................................................................................................................114
7.1.3 Fisiologia e anatomia do envelhecimento ..................................................................................115
7.1.4 Principais alterações decorrentes do envelhecimento e efetividade 
das práticas de exercícios físicos como ferramenta de prevenção, manutenção 
e tratamento ......................................................................................................................................................116
7.1.5 Recomendações para prescrição de exercícios físicos para pessoas idosas ................. 123
7.1.6 Contraindicações ................................................................................................................................. 124
7.2 Gestantes ...............................................................................................................................................126
7.2.1 Modificações relacionadas à gravidez ......................................................................................... 126
7.2.2 Atividade física/exercício físico para gestantes ....................................................................... 134
8 HIV POSITIVO/AIDS, CÂNCER E ATIVIDADE MOTORA ......................................................................141
8.1 HIV positivo/aids .................................................................................................................................141
8.1.1 Definição e características gerais ...................................................................................................141
8.1.2 Infecção pelo vírus HIV ......................................................................................................................permanece a hipótese de que o treinamento físico também estimularia a produção de óxido nítrico na 
microcirculação e, assim, teria a ação vasodilatadora.
O impacto do exercício físico nas lesões ateroscleróticas tem sido motivo de muitas investigações. 
Nesse sentido, umas das contribuições mais importantes e clássicas foi o estudo de Niebauer e 
colaboradores (1995), em que os pesquisadores verificaram o efeito de uma dieta pobre em gordura 
associada ao treinamento fisico. Eles observaram que o grupo submetido ao treinamento físico teve 
uma progressão mais lenta nas lesões coronarianas. Além disso, demonstraram que o exercício físico 
por mais de 4 horas semanais foi capaz de promover uma regressão nas lesões coronarianas prévias. 
É importante salientar que grande parte dos estudos que verificaram esses efeitos só conseguiu 
observar essa regressão após períodos longos de treinamento físico (4 a 6 anos).
77
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
A partir desses e outros estudos, pode-se afirmar que o exercício físico realizado de maneira crônica e 
associado ao controle dos níveis de colesterol previne a progressão das lesões coronarianas a longo prazo, 
sendo de fundamental importância para a prevenção e o tratamento de doenças da artéria coronária. 
Outro efeito relevante do treinamento físico é a formação de novos vasos sanguíneos. Quando há o 
estreitamento de um vaso sanguíneo, novos vasos colaterais aparecem, sendo esse efeito potencializado 
quando se pratica exercício físico. Tal efeito é importante porque pode reduzir as manifestações da 
dor anginosa durante o teste ergométrico (Reinhart et al., 1998). Uma explicação para isso é que o 
treinamento fisico reduz o tônus simpático no esforço e aumenta o parassimpático no repouso, fazendo 
com que os indivíduos apresentem uma redução da frequência cardíaca e da pressão arterial a uma 
mesma intensidade de esforço. Essa diminuição do duplo produto está diretamente relacionada a 
uma queda no consumo de oxigênio do miocárdio, o que pode justificar a redução das manifestações 
isquêmicas após o programa de treinamento físico (Dressendorfer et al., 1982 apud Franco; Matos, 2005). 
Apesar das evidências, a formação de novos vasos em indivíduos com doença arterial coronariana 
ainda é controversa. 
4.4 Prática de exercício físico e riscos
Conforme mencionado anteriormente, há dados importantes na literatura que mostram que a 
atividade física realizada de maneira regular reduz a mortalidade relacionada à cardiopatia coronariana, 
além de a doenças como a hipertensão, a diabetes e alguns tipos de câncer (Thompson, 1996). 
Apesar dos benefícios, sabe-se que também existem riscos. A incidência absoluta de complicações 
cardiovasculares é relativamente baixa, mas há casos relatados de morte súbita e infarto do miocárdio (IM) 
durante o esforço físico em indivíduos que não apresentavam sintomas anteriormente e que eram 
considerados “condicionados”. 
No caso da morte súbita, apesar de risco baixo, esse valor é maior durante o esforço do que no 
repouso. O mesmo ocorre com o infarto do miocárdio, já que a incidência do evento é duas a seis vezes 
maior durante o exercício quando em comparação ao repouso. 
Muitos indivíduos considerados saudáveis e que sofrem eventos cardíacos apresentaram, em algum 
momento, sintomas que foram ignorados, tais como náuseas, tonturas e até mesmo desconforto no tórax. 
Nos casos de eventos cardíacos, são determinantes importantes de como a aterosclerose coronariana 
afeta o fluxo coronariano: o grau de estenose da luz do vaso; o tamanho da placa aterosclerótica; o 
desenvolvimento de vasos colaterais coronarianos; a quantidade de massa muscular; o grau de função 
autorreguladora vascular; e a forma e estabilidade do ateroma (Fuster; Lewis, 1994). 
Embora haja a elevação da frequência cardíaca e, em paralelo, a demanda no consumo de oxigênio 
do miocárdio aumente quando se pratica exercício físico, é improvável que apenas esse aumento 
seja responsável por eventos cardíacos agudos durante a prática. A forma e a estabilidade da placa 
78
Unidade I
aterosclerótica são importantes na compreensão de como o esforço físico pode desencadear eventos 
coronarianos. Alguns dados da literatura, por exemplo, sugerem que a ruptura da placa e a trombose 
nos vasos coronários, e não as lesões coronarianas que estão obstruindo o vaso, produzem a maioria dos 
infartos (Burke et al., 1999). 
O exercício pode induzir a uma ruptura da placa por meio da vasoconstrição nos vasos coronarianos, 
diferentemente do que ocorre em indivíduos saudáveis. Além disso, pode aumentar a tensão aplicada na 
placa vulnerável através das respostas hemodinâmicas associadas ao exercício. 
Em programas de exercícios físicos, é importante considerar alguns cuidados para que os exercícios 
sejam realizados com efetividade e segurança. A sequência de cuidados inclui desde a avaliação 
pré-participação até a prescrição e o acompanhamento dos exercícios. Na avaliação pré-participação, 
em determinadas situações e indivíduos, é indicada a realização do teste ergométrico (TE), também 
chamado de teste de exercício, teste de esforço, entre outras nomenclaturas (Araújo, 2000). 
4.5 Prescrição de exercício físico
4.5.1 O teste ergométrico
O teste ergométrico é um procedimento em que uma pessoa é submetida a um esforço físico 
progressivo, individualizado e programado com a finalidade de analisar as respostas hemodinâmicas, 
clínicas, autonômicas, eletrocardiográficas, metabólicas e, em alguns casos, ventilatórias ao exercício. 
Nesse tipo de teste, pode-se detectar eventos de isquemia miocárdica; verificar arritmias cardíacas e 
anormalidades no fluxo sanguíneo causadas pelo esforço; avaliar a capacidade funcional e a condição 
aeróbia; diagnosticar e estabelecer prognósticos de determinadas doenças cardiovasculares; prescrever 
exercício; avaliar objetivamente os resultados de intervenções terapêuticas; verificar as reais condições 
físicas do indivíduo; e, por fim, obter dados para uma perícia médica. 
Durante o exame clínico realizado antes do teste ergométrico, deve-se avaliar os riscos para que se 
saiba se há ou não a necessidade do teste ou de supervisão médica durante o teste, além de estimar o 
risco da exposição do indivíduo a um esforço. São descritos, a seguir, alguns critérios estabelecidos pelo 
ACSM (2003). 
São contraindicações relativas: 
•	 Pressão arterial diastólica em repouso > 115 mmHg ou pressão arterial sistólica em repouso 
> 200 mmHg. 
•	 Doença cardíaca valvular moderada. 
•	 Marca-passo de ritmo fixo. 
•	 Aneurisma ventricular.
79
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
•	 Doença metabólica não controlada (diabetes mellitus). 
•	 Doença infecciosa crônica. 
•	 Desordens neuromusculares. 
•	 Anormalidades eletrolíticas conhecidas. 
•	 Gravidez avançada ou com complicações. 
São contraindicações absolutas: 
•	 Alterações significativas do ECG que sugerem um infarto do miocárdio. 
•	 Complicações recentes de infarto do miocárdio. 
•	 Angina instável. 
•	 Arritmia ventricular não controlada. 
•	 Arritmia atrial não controlada, comprometendo a função cardíaca. 
•	 Bloqueio AV de 3º grau sem marcapasso. 
•	 Insuficiência cardíaca congestiva aguda. 
•	 Estenose aórtica severa. 
•	 Aneurisma dissecante conhecido ou suspeitado. 
•	 Miocardite ou pericardite ativa ou suspeitada. 
•	 Tromboflebite ou trombos intracardíacos. 
•	 Embolia pulmonar ou sistêmica recente. 
•	 Infecção aguda. 
•	 Estresse emocional significativo. 
80
Unidade I
Quadro 7 – Recomendação para supervisão médica 
durante o teste de esforço do ACSM 
Aparentemente saudáveis Risco aumentado Doença conhecida
Teste Jovem Pessoa idosa Assintomático Sintomático
Submáximo Não Não Não Sim Sim
Máximo Não Sim Sim Sim Sim
Adaptado de: ACSM (2003). 
Depois de verificar o tipo de teste, o professor deve verificar os critérios de interrupção do teste, caso 
haja necessidade (ACSM, 2003). 
São critérios de interrupção:•	 O avaliado pede para interromper o teste. 
•	 FC alvo atingida (no caso de teste submáximo). 
•	 Limitações físicas (exaustão).
•	 Náusea e vômito. 
•	 Claudicação introduzida pelo exercício. 
•	 Palidez intensa. 
•	 PAS > 250 mmHg. 
•	 PAD > 120 mmHg em normotensos. 
•	 PAD > 140 mmHg em hipertensos. 
•	 Dispneia severa e desproporcional à intensidade do exercício físico praticado. 
•	 Dores musculares intensas. 
•	 Taquicardia ventricular. 
•	 Redução da FC e PA com o aumento do esforço físico. 
•	 Instabilidade emocional. 
81
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
•	 Perda da qualidade do exercício. 
•	 Falha nos equipamentos. 
•	 Aumento progressivo da duração QRS no eletrocardiograma. 
•	 Fibrilação ou taquicardia atrial. 
•	 Aumento do grau de bloqueio A-V de 2º e 3º graus. 
•	 Manifestações clínicas de desconforto torácico com aumento da carga, que se associam a 
alterações do ECG (eletrocardiograma) ou outros sintomas. 
Qualquer alteração significativa potencializada pelo esforço físico deve ser considerada para a 
prescrição da intensidade do exercício físico. Sinais eletrocardiográficos de isquemia são relatados nos 
laudos dos testes de esforço como “teste positivo” ou “teste com sinais de isquemia”. A frequência de 
positivação é demonstrada, tornando possível a prescrição segura e efetiva. 
4.5.2 Determinação da intensidade do exercício físico
Como se sabe, a frequência cardíaca aumenta junto com a intensidade do exercício físico. Esse 
comportamento consiste em uma importante ferramenta para o controle da intensidade da sessão do 
exercício físico, ressaltando-se sua fácil mensuração durante a prática, tanto pela palpação do pulso 
quanto pela utilização de frequencímetros, cujo custo é acessível à maioria das pessoas (Vanzelli, 2005). 
 Observação 
O aumento da frequência cardíaca com o esforço se deve a uma maior 
necessidade de oxigênio e nutrientes para o esforço, sendo preciso um 
aumento do fluxo sanguíneo. 
Para que se faça uma prescrição eficaz e mais precisa, deve-se utilizar valores de frequência cardíaca 
obtidos no teste ergométrico. A partir do teste de esforço máximo, obtêm-se os valores de frequência 
cardíaca máxima de cada indivíduo, que, muitas vezes, podem ser superiores ou inferiores à predita 
para  a idade (calculada por fórmulas). Além disso, em casos de testes positivos (como isquemia), a 
frequência a ser utilizada como máxima para a prescrição deve ser a de positivação do teste. 
A frequência de positivação diz respeito ao valor de frequência cardíaca a partir do qual o 
indivíduo começa a apresentar alterações no eletrocardiograma de esforço que são sugestivas de 
isquemia. Por isso, o teste de esforço é altamente recomendável e indispensável para pessoas com 
doenças cardiovasculares. 
82
Unidade I
De maneira geral, pode-se prescrever a intensidade do exercício físico pela frequência cardíaca de 
duas formas diferentes, segundo o ACSM (2003): 
•	 por meio do cálculo da porcentagem da frequência cardíaca máxima obtida no teste; 
•	 por meio do cálculo da porcentagem da frequência cardíaca de reserva. 
A prescrição pela porcentagem da frequência cardíaca máxima é realizada pelo valor obtido no 
teste ergométrico. A partir desse valor, após a obtenção da frequência cardíaca máxima, calcula-se a 
porcentagem recomendada para cada população: de 55% a 65% para cardiopatas; de 60% a 75% para 
sedentários; e de 70% a 85% para indivíduos fisicamente ativos (Vanzelli, 2005). 
A prescrição pela porcentagem da frequência cardíaca de reserva se dá, também, pela obtenção da 
frequência máxima durante o teste ergométrico. Porém, devem ser levados em consideração os valores 
da frequência cardíaca de repouso para o cálculo da intensidade do exercício físico. 
A fórmula para o cálculo é a que se segue: 
FC de reserva
Ex.: indivíduo sedentário de 40 anos realizou teste máximo. FC máxima 
atingida: 185 bpm; FC repouso: 65 bpm.
FC treino = [(185-65) x 0,6] + 65
FC treino: 137 bpm a uma intensidade de 60% usando a FC reserva
FC treino = [(FC máx - FC repouso) x porcentual desejado] + FC repouso
Intensidade
Figura 32 – Fórmula e exemplo para o cálculo da prescrição de intensidade do exercício 
A porcentagem da frequência cardíaca de reserva recomendada para sedentários é de 50% a 70% e, 
para ativos, de 60% a 80%. 
As faixas de frequência cardíaca de treino variam de acordo com a fórmula utilizada. Recomenda-se, 
no entanto, o uso da fórmula da frequência cardíaca de reserva, pois esta leva em consideração a 
frequência cardíaca de repouso, que sofre influência tanto do condicionamento físico do indivíduo 
quanto do uso de betabloqueadores. 
Pessoas com risco cardiovascular baixo, como é possível observar no próximo quadro, podem praticar 
atividades físicas de maneira similar aos indivíduos saudáveis: atividade moderada de gasto energético 
de, aproximadamente, 1.000 kcal/semana, com frequência e duração supervisionadas pelo profissional de 
Educação Física. 
Já indivíduos com risco cardiovascular moderado a alto devem ter um programa específico e 
seguir todas as recomendações e orientações de volume e intensidade estabelecidas anteriormente. 
É importante que esses indivíduos possam contar com uma equipe multidisciplinar composta por 
83
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
médico cardiologista, profissional de Educação Física, psicólogos e nutricionistas. Recomenda-se que 
o volume não exceda um gasto calórico semanal de 1.000 kcal, para não aumentar a carga metabólica 
que é recomendada para evitar intercorrências cardiovasculares. 
Mesmo em pessoas com limitações funcionais, quantidades reduzidas de exercício físico são benéficas 
para a manutenção de uma vida independente. Para indivíduos com doença cardiovascular, são indicadas 
sessões com duração de 30 a 60 minutos e com frequência de três a cinco vezes por semana para que se 
otimizem os benefícios cardiovasculares ao longo do período de prevenção ou reabilitação cardiovascular. 
Quadro 8 – Estratificação do risco cardiovascular global 
Normotensão Hipertensão
Outros 
fatores de 
risco ou 
doenças
Ótimo 
PAS 180 
PAD > 110
Nenhum 
fator de risco Risco basal Risco basal Risco basal Baixo risco 
adicional
Moderado 
risco adicional
Alto risco 
adicional
1-2 fatores 
de risco
Baixo risco 
adicional
Baixo risco 
adicional
Baixo risco 
adicional
Moderado risco 
adicional
Moderado 
risco adicional
Risco 
adicional 
muito alto
> 3 fatores 
de risco, LOA 
ou SM-DM
Moderado 
risco adicional
Moderado 
risco adicional
Alto risco 
adicional
Alto risco 
adicional
Alto risco 
adicional
Risco 
adicional 
muito alto
Condições 
clínicas 
associadas
Risco adicional 
muito alto
Risco adicional 
muito alto
Risco adicional 
muito alto
Risco adicional 
muito alto
Risco adicional 
muito alto
Risco 
adicional 
muito alto
LOA: lesão de órgãos-alvo; SM: síndrome metabólica; DM: diabetes mellitus.
Fonte: VI Diretrizes... (2010, p. 20). 
4.5.3 Uso de medicamentos que alteram a frequência cardíaca
Entre os medicamentos mais utilizados por indivíduos com doença cardiovascular, ressaltam-se 
os betabloqueadores. Estes são particularmente importantes porque alteram os valores basais e de 
exercício da frequência cardíaca, o que pode interferir no estabelecimento da carga de treino e, assim, 
na prescrição de exercício físico. 
Os betabloqueadores, por meio do bloqueio dos receptores beta-adrenérgicos, reduzem a frequência 
cardíaca e a força de contração do coração e são bastante utilizados no tratamento da hipertensão 
arterial, pois, ao diminuírem a frequência cardíaca, reduzem o débito cardíaco e controlam os níveis 
pressóricos, além de diminuir o trabalho cardíaco. 
Os betabloqueadores, como já mencionado, também são amplamente utilizados notratamento de 
diversas doenças do coração, na medida em que impedem os efeitos tóxicos diretos das catecolaminas 
no miocárdio e, assim, podem aumentar a sobrevida de indivíduos com essas doenças. Seu uso a longo 
prazo resulta em um melhor desempenho cardíaco, com significante melhora da função cardíaca 
(Ramahi et al., 2001). 
84
Unidade I
 Lembrete 
Catecolaminas são substâncias químicas (hormônios) secretadas pela 
glândula adrenal. 
A prescrição de exercício físico para indivíduos que fazem uso de betabloqueadores deve ser feita 
sempre com muito cuidado. Em geral, a prescrição do exercício físico em programas de reabilitação 
cardíaca utiliza a frequência cardíaca como instrumento para a avaliação da intensidade. Dessa 
forma, deve-se ter maior cuidado com usuários de betabloqueadores, pois estes atuam diretamente 
na frequência cardíaca, reduzindo-a, ou seja, a frequência cardíaca máxima em um teste ergométrico 
e a frequência cardíaca de repouso de usuários de betabloqueadores estão sempre diminuídas. 
Além disso, o aumento da frequência cardíaca durante o exercício físico também é limitado pelo 
bloqueio dos receptores beta-adrenérgicos. Portanto, para aumentar a efetividade da prescrição 
do exercício físico para esses indivíduos, é importante que seja realizado um teste de esforço 
sob o uso de betabloqueadores, para que o médico possa avaliar o comportamento das variáveis 
cardiovasculares durante o esforço e, posteriormente, o professor de Educação Física possa prescrever 
adequadamente a intensidade de exercício e a zona-alvo de treinamento a ser controlada nas sessões 
de condicionamento físico. 
Desse modo, a frequência cardíaca pode ser utilizada com segurança, pois é analisado o 
comportamento da frequência cardíaca durante o teste, que é muito similar à do treinamento físico. 
O efeito que o medicamento exerce sobre a frequência cardíaca durante o teste de esforço, modulando 
seu aumento, será reproduzido quando o indivíduo estiver se exercitando, fazendo com que a prescrição 
esteja adequada. Pelo teste, são obtidos os valores da frequência cardíaca em repouso e no exercício físico 
máximo dos usuários de betabloqueadores. Assim, a prescrição de treinamento físico pela frequência 
cardíaca se dá, como já visto, pela porcentagem da frequência cardíaca máxima ou de reserva. 
Vale a pena ressaltar que, em pessoas com doença cardiovascular, mesmo com um bom 
condicionamento físico, a prescrição de exercício físico deve ser equivalente à de um indivíduo de mesma 
idade sedentário saudável, ou seja, a intensidade não deve ultrapassar de 50% a 70% da frequência 
cardíaca de reserva (Vanzelli et al., 2005). 
85
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
 Resumo
A obesidade é uma doença multifatorial e inflamatória caracterizada 
pelos valores de gordura acima dos recomendados. Essa gordura pode ser 
medida e avaliada a partir de sua distribuição, como o perímetro de cintura, o 
acúmulo de gordura subcutânea e a porcentagem de gordura total. O tecido 
adiposo é um órgão endrócrino que produz diversas substâncias, como os 
hormônios reguladores do metabolismo. No Brasil, entre 2006 e 2016, houve 
um aumento de 60% na prevalência de obesidade.
O processo inflamatório da obesidade tem como principal fator 
desencadeante a obesidade visceral, e esta promove o início da resistência 
à insulina, que se apresenta como responsável por diversas outras doenças 
crônicas metabólicas, como DM2, DMG, HA e DAC.
Consequentemente, o aumento da obesidade visceral desencadeia uma 
série de eventos metabólicos importantes, como o aumento da resistência à 
insulina, que resulta no aumento de triglicérides, que, por sua vez, resulta no 
aumento de ácidos graxos. O aumento de ácidos graxos resulta no aumento 
da produção de glicose, que resulta na hiperinsulinemia, que promove mais 
aumento de ácidos graxos do LDL e diminuição do HDL, que dispara a retenção 
de sódio, aumentando a atividade nervosa simpática, que também resultará 
na diminuição da atividade anti-inflamatória da insulina, colaborando com o 
aumento da pressão arterial.
Os protocolos médicos para o tratamento se iniciam com a mudança do 
estilo de vida, sendo que a prática de exercícios físicos é o mais importante. 
A prática regular de exercícios físicos promove várias adaptações agudas e 
crônicas, que contribuem para o reequilíbrio do metabolismo e dos demais 
componentes relacionados na cascata de evento metabólico.
As adaptações provocadas pelo exercício regular são: diminuição dos 
triglicerídeos e do LDL, aumento do HDL, mobilização dos ácidos graxos do 
tecido adiposo, aumento da mobilização da glicose dos estoques hepáticos de 
glicogênio, melhora da sensibilidade à insulina e seu efeito anti-inflamatório, 
melhora da resistência cardiorrespiratória, que, consequentemente, reduz 
a atividade nervosa simpática e diminui a PA, entre outros benefícios, 
além de diminuir a secreção dos marcadores inflamatórios TNF-a e IL-6 
e aumentar a secreção de adiponectina e leptina, que são reguladores 
centrais do metabolismo.
86
Unidade I
A recomendação de exercícios é de 5 vezes por semana, distribuídos 
em exercícios de fortalecimento (2 vezes), com intensidade moderada ou 
intensa, e aeróbios, com intensidades variadas, entre moderadas e intensas, 
avaliadas, respectivamente, em resistência muscular e capacidade aeróbia. 
O mínimo de horas semanais recomendado é de 2h30min para ter algum 
efeito. No entanto, com atividades mais intensas e com maior duração (de até 
300 horas semanais), os benefícios são maiores. A prescrição individualizada 
é muito valorizada para evitar possíveis lesões e otimiza os resultados. 
A diabetes mellitus é mais uma doença metabólica que tem como fator 
principal a hiperglicemia. O Brasil é o quarto país com o maior número 
de adultos com diabetes: são 14,3 milhões de pessoas, e, para 2040, essa 
estimativa sobe para 23,3 milhões. 
Os mais comuns tipos de diabetes são: diabetes tipo 1, que se caracteriza 
pela falência pancreática de células beta, responsáveis pela produção de 
insulina, sendo mais comum o diagnóstico em crianças e jovens; diabetes 
tipo 2, que tem como fator desencadeante a resistência à insulina, que se 
caracteriza por esta não realizar suas funções, como a captação da glicose 
sanguínea para dentro das células, sendo mais comum em adultos. A diabetes 
gestacional também tem como fator desencadeante a resistência à insulina. 
Nesse caso, após a gestação, a mulher pode, a partir de um bom controle, não 
apresentar o diagnóstico de diabetes tipo 2. É mais comum em mulheres com 
histórico familiar de obesidade ou pré-diabética. 
Como vimos ao tratar da obesidade, na cascata de eventos metabólicos 
que ocorre em decorrência da resistência à insulina, na diabetes tipo 2, 
pelo fato de a insulina não auxiliar na captação de glicose sanguínea para 
dentro da celúla, essa glicose aumenta em decorrência da alimentação. 
Consequentemente, o organismo identifica a falta de glicose para produzir 
energia e faz com que o pâncreas produza mais insulina (insulinemia), e, 
assim, segue-se aquela cascata descrita. 
O tratamento se inicia com a mudança do estilo de vida. O indivíduo 
é encorajado a realizar exercícios de forma regular e se alimentar mais 
saudavelmente. A estratégia é incrementada com medicamento, caso a 
mudança do estilo de vida não ocorra de forma adequada e suficiente para 
controlar o quadro.
Na diabetes gestacional, as recomendaçõpes são as mesmas que 
aquelas para tipo 2, tendo um controle mais rígido para evitar riscos para 
o feto. O desencadeamento da doença também está atrelado à resistência 
à insulina, que se refere à obesidade antes da gestação, ou mesmo um 
diagnóstico de pré-diabético. 
87
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
Na diabetes tipo 1, a estratégia inicial é o controle com insulina exógena, 
considerando que ocorre a falência do pâncreas. 
Em todos os tipos de diabetes, o exercício físico regular é parte 
fundamentaldo tratamento. Os efeitos do exercício regular são essenciais 
no controle da glicemia. É imprescindível que haja o monitoramento da 
glicemia antes, durante e após os exercícios. Não se deve realizar exercícios 
em cetoacidose, retinopatia grave e/ou pressão ocular aumentada. 
Os efeitos do exercício físico regular são: aumento da mobilização da 
glicose dos estoques hepáticos de glicogênio; aumento da mobilização dos 
ácidos graxos do tecido adiposo; aumento da gliconeogênese a partir 
dos aminoácidos, do ácido lático e do glicerol; bloqueio da entrada da glicose 
nas células para forçar a substituição dos AGL como substrato; produção 
de resposta hipoglicêmica por até 48 horas após exercícios; aumento do 
gasto energético causado pela recuperação do organismo (Epoc); estímulo 
da reposição do glicogênio hepático e muscular; incremento das funções 
cardiorrespiratórias; incremento da força e da resistência muscular; 
manutenção do aumento da ação da insulina; aumento do débito cardíaco; 
diminuição dos níveis de hemoglobina glicada A1c (HbA1c ou A1c); aumento 
da expressão de Glut4; entre outros. 
A recomendação é de uma prática regular de 5 dias por semana 
distribuída em exercícios de força e aeróbios. A intensidade pode variar entre 
moderada e intensa, tanto para resistência de força quanto para resistência 
aeróbia. Resumidamente, o exercício aeróbio está relacionado às adaptações 
funcionais dentro da célula e à captação e utilização de oxigênio; já o exercício 
de força está relacionado ao aumento do gasto energético durante e após os 
exercícios, ao ganho de massa muscular com o aumento da secção transversa 
do músculo e à adaptação nervosa, que facilita o maior gasto energético. 
A hipertensão arterial (HA) é uma condição clínica multifatorial 
caracterizada pelo aumento crônico da pressão arterial para níveis acima 
de 140 mmHg para pressão arterial sistólica (PAS) e/ou 90 mmHg para 
pressão arterial diastólica (PAD), o que, cronicamente, aumenta o risco de 
diversas comorbidades. 
A prática de exercícios físicos tem se mostrado eficaz em reduzir e 
controlar a pressão arterial da maioria dos indivíduos hipertensos. Porém, 
deve-se atentar para os riscos da prática para essa população. É importante, 
portanto, conhecer as respostas agudas e crônicas do sistema cardiovascular 
ao exercício físico. 
88
Unidade I
Quanto aos efeitos agudos, a queda da pressão arterial após a sessão 
de exercício apresenta grande relevância clínica, já que os indivíduos 
hipertensos podem permanecer com a pressão reduzida por períodos 
prolongados. Esse efeito parece ser maior após uma sessão de exercícios 
aeróbios do que de força. 
Em relação aos efeitos crônicos, vários estudos mostram que o 
treinamento físico é capaz de reduzir a pressão arterial de indivíduos 
hipertensos. Aparentemente, os principais efeitos estão relacionados ao 
exercício moderado e de volume maior, mas também há evidências de 
que o exercício de força pode reduzir modestamente a pressão arterial 
de hipertensos. 
A diminuição da pressão arterial ocorre principalmente devido à redução 
da resistência vascular periférica, que pode ser explicada por vários fatores, 
incluindo a melhora da função endotelial, e à redução da hipertrofia 
vascular, entre outros fatores relacionados ao sistema circulatório. 
Quanto à prescrição de exercício físico, devido ao risco implícito à 
hipertensão, é mais perigoso que a pressão arterial aumente demais durante 
a prática de exercício físico, o que requer uma prescrição de exercícios 
físicos mais cuidadosa e efetiva. 
Dessa forma, as recomendações de exercício físico para indivíduos 
hipertensos incluem a prática de exercícios aeróbios de intensidade 
moderada (50 a 70% da FCreserva), realizada, no mínimo, três vezes por 
semana e com duração mínima de 30 minutos em cada sessão. 
A doença arterial coronariana (DAC) caracteriza-se pela falha no 
suprimento de sangue para a musculatura cardíaca por meio das artérias 
que irrigam o coração (coronárias). Em situações de consumo de oxigênio 
aumentado, como no exercício físico, pode haver desproporção entre 
demanda e oferta de oxigênio. No caso de obstrução total do fluxo de 
sangue, a área do coração anteriormente irrigada deixa de receber oxigênio, 
o que se pode chamar de infarto do miocárdio. 
A DAC se manifesta através de um processo inflamatório conhecido 
por aterosclerose. Esse é um processo inflamatório crônico que ocorre em 
resposta às lesões no endotélio das células, instalando-se, principalmente, 
na camada íntima de artérias de médio e grande calibres. Os indivíduos 
acometidos pela DAC, ao ingressarem em um programa de reabilitação 
cardíaca, apresentam melhora dos sintomas de angina, atenuação da 
gravidade da isquemia induzida pelo esforço, melhora da capacidade funcional e 
melhor controle de diversos fatores de risco para a doença cardiovascular.
89
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
Apesar disso, sabe-se que também existem riscos na prática de 
exercícios físicos. A incidência absoluta de complicações cardiovasculares 
é relativamente baixa, mas há casos relatados de morte súbita e infarto do 
miocárdio (IM) durante o esforço físico em indivíduos que não apresentavam 
sintomas anteriormente e que eram considerados “condicionados”. 
Para que a prescrição do exercício físico seja efetiva e segura, é 
necessário um teste ergométrico prévio nesses indivíduos. Nesse tipo 
de teste, pode-se: detectar eventos de isquemia miocárdica; verificar 
arritmias cardíacas e anormalidades no fluxo sanguíneo causadas pelo 
esforço; avaliar a capacidade funcional e a condição aeróbia; diagnosticar 
e estabelecer prognósticos de determinadas doenças cardiovasculares; 
prescrever exercício; avaliar objetivamente os resultados de intervenções 
terapêuticas; verificar as reais condições físicas do indivíduo; e, por fim, 
obter dados para uma perícia médica. 
A partir do teste, portanto, obtêm-se os valores de frequência cardíaca 
máxima de cada indivíduo, que, muitas vezes, podem ser superiores ou 
inferiores à predita para a idade (calculada por fórmulas). Além disso, em 
casos de testes positivos (como isquemia), a frequência a ser utilizada como 
máxima para a prescrição deve ser a de positivação do teste. As faixas de 
frequência cardíaca de treino variam de acordo com a fórmula utilizada. 
Recomenda-se, no entanto, o uso da fórmula da frequência cardíaca de 
reserva, pois esta leva em consideração a frequência cardíaca de repouso, 
que sofre influência tanto do condicionamento físico do indivíduo quanto 
do uso de betabloqueadores. 
Pessoas com risco cardiovascular baixo podem praticar atividades físicas 
de maneira similar aos indivíduos saudáveis: atividade moderada de gasto 
energético de, aproximadamente, 1.000 kcal/semana. Já indivíduos com 
risco cardiovascular moderado a alto devem ter um programa específico 
e seguir todas as recomendações e orientações de volume e intensidade 
estabelecidas anteriormente. 
É importante que esses indivíduos possam contar com uma equipe 
multidisciplinar. Recomenda-se que o volume não exceda um gasto 
calórico semanal de 1.000 kcal, para não aumentar a carga metabólica que 
é recomendada para evitar intercorrências cardiovasculares, e deve-se ter 
cuidado adicional com o uso de medicação que altera a FC. 
90
Unidade I
 Exercícios
Questão 1. Sobre as informações e as características da diabetes mellitus (DM), é correto afirmar que: 
I – A insulina é produzida pelas células beta do fígado. 
II – As possíveis causas da DM tipo 1 são genéticas e imunológicas, e da DM tipo 2 são obesidade e 
hereditariedade. 
III – A DM tipo 1 não produz insulina. 
IV – A DM tipo 2 tem ação deficiente da insulina e, ao longo do tempo, pode não produzi-la. 
É correto apenas o que se destaca em: 
A) I, II e IV. 
B) I, II e III. 
C) II e IV. 
D) II, III e IV. 
E) I, II, III e IV. 
Resposta correta: alternativa D. 
Análise das afirmativas 
I – Afirmativa incorreta. 
Justificativa:a insulina é produzida pelas células beta do pâncreas. 
II – Afirmativa correta. 
Justificativa: as possíveis causas da DM tipo 1 são genéticas e imunológicas, e da DM tipo 2 são 
obesidade e hereditariedade. 
III – Afirmativa correta. 
Justificativa: a DM tipo 1 não produz insulina. Há sempre a necessidade de insulina exógena. 
91
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
IV – Afirmativa correta. 
Justificativa: a DM tipo 2 tem ação deficiente da insulina ou resistência à ação da insulina, sendo 
que, ao longo do tempo (anos), pode não produzi-la, necessitando, assim, de insulina exógena. 
Questão 2. Sobre as informações e as características da obesidade, é correto afirmar que: 
I – A obesidade, em adultos, é caracterizada pelo IMC entre ≥ 25 e 29,9 Kg/m2. 
II – A obesidade é caracterizada pela circunferência abdominal > 102 cm nos homens e > 88 cm 
nas mulheres. 
III – O exercício físico é um tratamento auxiliar à dieta para a redução do peso. 
É correto apenas o que se destaca em: 
A) I, II e III. 
B) II e III. 
C) I e II. 
D) II. 
E) III. 
Resposta correta: alternativa B.
Análise das afirmativas
I – Afirmativa incorreta. 
Justificativa: a obesidade, em adultos, é caracterizada pelo IMC ≥ 30 Kg/m2. O IMC entre ≥ 25 e 29,9 kg/m2 
caracteriza o sobrepeso.
II – Afirmativa correta. 
Justificativa: a obesidade é caracterizada pela circunferência abdominal > 102 cm nos homens e > 88 cm 
nas mulheres.
III – Afirmativa correta. 
Justificativa: a dieta ou a restrição calórica é o principal tratamento para a obesidade, enquanto o 
exercício físico é um tratamento auxiliar à dieta para a redução do peso.142
8.1.3 Classificação e estágios ..................................................................................................................... 143
8.1.4 Tratamento ............................................................................................................................................. 144
8.1.5 Efeitos do exercício físico ................................................................................................................. 146
8.1.6 Programa de exercícios físicos........................................................................................................ 146
8.2 Câncer .....................................................................................................................................................150
8.2.1 Características gerais e definição .................................................................................................. 150
8.2.2 Efeitos do exercício físico ................................................................................................................. 154
8.2.3 Prescrição do exercício físico .......................................................................................................... 156
9
APRESENTAÇÃO 
Esta disciplina visa discutir as condições fisiológicas e/ou funcionais diferenciadas de cada população 
especial abordada. Além disso, objetiva relacionar essas condições com os princípios do treinamento 
físico, propiciando as ferramentas essenciais para a prescrição do exercício físico de maneira eficiente 
e segura. Discute a etiologia, a epidemiologia, a fisiopatologia e os conceitos das doenças, tais como 
a obesidade, a diabetes, a hipertensão e as cardiopatias mais comuns, como arritmia, doença arterial 
coronariana, infarto do miocárdio e insuficiência cardíaca. Também discute os mecanismos fisiológicos 
do envelhecimento e do período gestacional, abordando elementos científicos para a prescrição do 
exercício físico para pessoas idosas e gestantes. Adicionalmente, aborda as pneumopatias, o câncer e a 
aids (assim como a população que vive com o vírus HIV), e as recomendações para a prática de exercício 
físico nesses contextos. 
Apresentaremos, portanto, alguns conceitos básicos relacionados às doenças ou condições especiais, 
bem como sua aplicação à área de Educação Física e Esporte, discutindo, com isso, a prescrição do exercício 
físico e os cuidados em um programa de exercícios físicos para as populações especiais. Essa área tem 
ganhado cada vez mais espaço e é fundamental para o profissional de Educação Física na atualidade. 
INTRODUÇÃO 
A importância da prática de exercícios físicos para a manutenção da saúde tem sido frequentemente 
abordada em inúmeros estudos científicos. Na maior parte da população, a atividade física pode ser 
feita sem grandes preocupações, mas, em algumas situações especiais, o exercício físico requer precisão 
e efetividade em sua prescrição. Dessa maneira, os benefícios da prática superam os riscos associados 
ao esforço físico. 
O conhecimento da fisiopatologia e das características da população ou da condição especial 
estudada é parte fundamental do processo para a prescrição do exercício físico. Alguns conceitos de 
fisiologia, metodologia do treinamento físico e outras disciplinas irão colaborar para o entendimento 
das doenças ou condições especiais. 
Nesta disciplina, vamos observar o funcionamento de alguns sistemas corporais para, assim, fazer a 
associação com a população especial estudada. A maioria dos temas contará, portanto, com o estudo 
da condição ou doença, o entendimento dos benefícios da prática de exercício e seus possíveis riscos e 
a prescrição do treinamento para esses indivíduos. 
11
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
Unidade I
1 OBESIDADE E ATIVIDADE MOTORA
1.1 Epidemiologia
Há décadas, a obesidade é considerada um problema de saúde em diversos países em 
desenvolvimento, como o Chile e o Brasil, e em países desenvolvidos, como os Estados Unidos e o 
Japão (Bray et al., 2016). 
Em março de 2017, o Brasil assumiu o compromisso de deter o crescimento da obesidade na 
população adulta até 2019. Tal pronunciamento ocorreu no evento internacional Década de Ação 
das Nações Unidas para a Nutrição (2016-2025), realizado na sede da Organização Pan-Americana da 
Saúde/Organização Mundial de Saúde (Brasil […], 2017) em Brasília.
Entre 1980 e 2013, a proporção de adultos obesos no mundo subiu de 28,8% para 36,9% entre 
os homens e de 29,8% para 38% entre as mulheres (Marie et al., 2014). Em concordância com o 
aumento da obesidade no mundo, as Diretrizes Brasileiras de Obesidade (Abeso, 2016) apresentam 
os fatores conhecidos que contribuem para a epidemia global de obesidade, como o aumento da 
urbanização, a dependência de carros e trabalhos sedentários, o estilo de vida sedentário e o excesso 
de alimentos calóricos. Um grande responsável pelo aumento das calorias nas últimas décadas são os 
alimentos ultraprocessados, que são muito saborosos, baratos e amplamente divulgados em propagandas. 
Tudo isso facilita o seu consumo exagerado. 
No Brasil, o Ministério da Saúde apresenta dados da obesidade através do estudo Vigilância de 
Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel). Esse estudo 
indica que a obesidade teve uma expansão tão preocupante quanto em outros países. Observou-se 
um aumento de 60%, passando de 11,8% da população, em 2006, para 18,9%, em 2016 (Brasil, 
2017, 2018). 
A preocupação das autoridades e das instituições de classes se refere às complicações em decorrência 
do ganho de peso. A obesidade está diretamente relacionada ao desenvolvimento de doenças crônicas 
metabólicas, como diabetes, hipertensão, doenças cardíacas, entre outras. As doenças crônicas não 
transmissíveis (DCNT) são as principais causas de mortalidade na maioria dos países, incluindo o Brasil. 
Nos dados de um estudo da Secretaria de Saúde sobre causas das mortes mal definidas, foi observado 
que 72,6% do total de óbitos registrados no País foram por DCNT, e, entre esses, 79,4% foram devido às 
quatro principais DCNT: doenças cardiovasculares, neoplasias, doenças respiratórias crônicas e diabetes 
mellitus. A figura 1 demonstra com mais clareza esses dados (Brasil, 2017, 2018). 
12
Unidade I
40,9
20,6
7,0
8,2
23,3
Neoplasias
Diabetes mellitus
Doenças cardiovasculares
Doenças respiratórias
Outras doenças crônicas
Figura 1 – Distribuição dos óbitos corrigidos por grupo de causas 
dentro do total de óbitos por DCNT no Brasil, em 2013 
Disponível em: https://shre.ink/UjX0. Acesso em: 27 mar. 2019.
A tabela a seguir mostra os resultados do estudo do governo que acontece anualmente sobre 
obesidade no Brasil do ano de 2016. Ao compararmos com o primeiro estudo da série, de 2006, 
representado na tabela 2, podemos observar que o percentual de adultos obesos com IMC ≥ 30 kg/ m2, 
em João Pessoa, aumentou mais de 56%; em São Paulo, mais de 64%; e no Rio de Janeiro, mais de 
67% em dez anos de acompanhamento. É esse o cenário com o qual as autoridades se preocupam. 
Tabela 1 – Percentual de adultos (≥ 18 anos) com obesidade 
(IMC ≥ 30 kg/m2) por sexo, segundo as capitais 
dos estados brasileiros e o Distrito Federal, em 2016 
Capitais
Total
Sexo
Masculino Feminino
% IC 95% % IC 95% % IC 95%
Aracaju 20,2 17,8 - 22,6 20,5 16,4 - 24,5 20 17,2 - 22,8
Belém 19,3 16,9 - 21,7 21,6 17,4 - 25,7 17,4 14,8 - 20,1
Belo Horizonte 16,6 14,7 - 18,5 14,9 12,0 - 17,8 18 15,5 - 20,5
Boa Vista 18,7 15,5 - 21,8 22,1 16,7 - 27,6 15,4 12,3 - 18,5
Campo Grande 19,9 17,4 - 22,4 20,8 16,8 - 24,8 19,1 16,1 - 22,2
Cuiabá 21,9 19,6 - 24,2 23 19,3 - 26,8 20,9 18,0 - 23,7
Curitiba 18,9 16,3 - 21,5 21,6 17,3 - 25,9 16,5 13,4 - 19,6
Florianópolis 14,5 12,2 - 16,8 14,1 10,4 - 17,9 14,7 12,0 - 17,5
Fortaleza 20 17,6 - 22,4 20,3 16,6 - 24,0 19,8 16,6 - 23,0
Goiânia 16,3 14,1 - 18,5 18,4 14,7 - 22,0 14,5 11,9 - 17,1
13
ATIVIDADE MOTORA APLICADA APOPULAÇÕES ESPECIAIS
Capitais
Total
Sexo
Masculino Feminino
% IC 95% % IC 95% % IC 95%
João Pessoa 21,7 18,8 - 24,6 23,8 18,9 - 28,6 20 16,4 - 23,6
Macapá 17,7 15,3 - 20,1 19,4 15,4 - 23,4 16,1 13,4 - 18,8
Maceió 21,1 18,4 - 23,7 19,3 15,2 - 23,3 22,5 19,1 - 26,0
Manaus 20,3 17,7 - 22,8 19,6 15,8 - 23,3 20,9 17,5 - 24,3
Natal 19,8 17,4 - 22,2 19,4 15,7 - 23,2 20,1 16,9 - 23,3
Palmas 14,7 12,7 - 16,8 14,6 11,6 - 17,5 14,8 12,0 - 17,7
Porto Alegre 19,9 17,6 - 22,2 19,4 15,7 - 23,1 20,3 17,3 - 23,2
Porto Velho 21,3 18,1 - 24,4 21,6 16,6 - 26,6 20,9 17,3 - 24,6
Recife 20 17,7 - 22,2 19,7 16,2 - 23,2 20,2 17,4 - 23,1
Rio Branco 23,8 21,3 - 26,2 24,8 21,0 - 28,6 22,8 19,7 - 25,9
Rio de Janeiro 20,9 18,4 - 23,5 20,6 16,7 - 24,6 21,2 17,9 - 24,5
Salvador 19,9 17,5 - 22,2 17,6 14,0 - 21,2 21,7 18,7 - 24,8
São Luís 15,6 13,2 - 18,1 12,5 9,7 - 15,3 18,2 14,5 - 21,9
São Paulo 18,1 16,2 - 20,0 15,2 12,3 - 18,0 20,6 18,0 - 23,2
Teresina 17,2 14,8 - 19,7 17,4 13,5 - 21,2 17,1 13,9 - 20,3
Vitória 15,2 13,2 - 17,2 12,6 9,5 - 15,6 17,5 14,8 - 20,1
Distrito Federal 16,7 13,6 - 19,7 16,6 11,8 - 21,4 16,7 12,9 - 20,5
Percentual ponderado para ajustar a distribuição sociodemográfica da amostra Vigitel 
à distribuição da população adulta de cada cidade projetada para o ano de 2016. 
IC 95%: intervalo de confiança de 95%. 
Adaptada de: Brasil (2017, p. 51). 
Tabela 2 – Percentual de adultos (≥ 18 anos) com obesidade 
(IMC ≥ 30 kg/m2) por sexo, segundo as capitais dos 
estados brasileiros e o Distrito Federal, em 2006 
Capitais
Total
Sexo
Masculino Feminino
% IC 95% % IC 95% % IC 95%
Aracaju 13,6 12,0-15,2 15,4 12,7-18,1 11,9 10,0-13,8
Belém 13,1 11,5-14,6 17,1 14,4-19,8 8,9 7,2-10,6
Belo Horizonte 8,7 7,5-10,0 9,6 7,5-11,5 7,9 6,3-9,5
Boa Vista 12,6 11,1-14,1 13,8 11,4-16,3 11,1 9,2-13,0
Campo Grande 11,6 10,2-13,1 11,6 9,3-13,9 11,7 9,8-13,6
Cuiabá 13,6 12,0-15,2 14,5 12,0-16,9 12,7 10,7-14,7
Curitiba 12,3 10,9-13,8 12,4 10,0-14,7 12,3 10,4-14,2
Florianópolis 9,9 8,6-11,3 9,1 7,1-11,1 10,7 8,9-12,6
Fortaleza 11,9 10,4-13,4 14,5 12,0-17,1 9,3 7,6-11,1
Goiânia 9,2 7,9-10,6 9 7,0-11,1 9,5 7,7-11,2
João Pessoa 13,9 12,3-15,5 15,7 13,1-18,3 12,2 10,2-14,2
14
Unidade I
Capitais
Total
Sexo
Masculino Feminino
% IC 95% % IC 95% % IC 95%
Macapá 13,2 11,7-14,8 15,4 13,0-18,0 10,6 8,7-12,5
Maceió 13,3 11,7-14,9 12,6 10,2-14,9 14 11,9-16,1
Manaus 13,5 11,9-15,1 13,2 10,9-15,5 13,9 11,7-16,1
Natal 13,1 11,6-14,7 15,1 12,5-17,6 11,2 9,3-13,1
Palmas 8,8 7,6-10,1 10 8,0-12,0 7,5 5,9-9,1
Porto Alegre 12,6 11,1-14,1 11,3 8,9-13,6 13,8 11,8-15,7
Porto Velho 12,8 11,3-14,3 12,9 10,6-15,1 12,7 10,7-14,8
Recife 11,9 10,4-13,3 10,9 8,7-13,2 12,7 10,8-14,7
Rio Branco 11,4 9,9-10,9 11,6 9,4-13,9 11,1 9,1-13,0
Rio de Janeiro 12,5 11,0-14,0 11,9 9,5-14,2 13,1 11,1-15,1
Salvador 9,7 8,3-11,0 9,7 7,6-11,8 9,6 7,8-11,5
São Luís 8,7 7,4-10,1 8,2 6,2-10,2 9,3 7,5-11,1
São Paulo 11 9,6-12,4 9,7 7,6-11,8 12,1 10,2-14,1
Teresina 10,5 9,1-11,9 11,3 9,0-13,6 9,6 7,8-11,5
Vitória 10,4 9,0-11,8 11,1 8,9-13,4 9,8 8,0-11,6
Distrito Federal 10 8,7-11,4 10,5 8,3-12,6 9,6 7,9-11,3
Percentual ponderado para ajustar a distribuição sociodemográfica da 
amostra Vigitel à distribuição da população adulta da cidade no Censo 
Demográfico de 2000. 
IC 95%: intervalo de confiança de 95%. 
Adaptada de: Brasil (2007, p. 39). 
1.2 Diagnóstico
As Diretrizes Brasileiras de Obesidade (Abeso, 2016) esclarecem a importância de profissionais da 
área da saúde, quando em consulta com seus pacientes, identificarem o peso na avaliação inicial, pois, 
ao constatar a presença de sobrepeso e obesidade, o paciente deve ser encaminhado ao especialista 
e/ou à equipe multiprofissional para seguir em avaliação mais específica, a fim de determinar e planejar 
o tratamento adequado, ou mesmo, antes disso, para que se previna um quadro de obesidade. 
Alerta-se que não há uma avaliação perfeita para determinar sobrepeso ou obesidade, uma vez que 
esta pode variar de acordo com fatores étnicos e genéticos. A medida de massa corporal mais utilizada 
é o peso de forma isolada e a opção de seu ajuste com a altura. 
Também é sugerido combinar outras medidas para melhor identificar a distribuição de gordura, 
isso porque, além de identificar a obesidade na pessoa, também é importante identificar como essa 
obesidade é distribuída. 
Na prática clínica, a combinação é uma excelente forma de definir avaliações mais profundas e 
opções de tratamento. Essas combinações podem ser consideradas métodos duplamente indiretos, 
como as medidas de dobras cutâneas, os perímetros corporais e a bioimpedância. 
15
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
A tabela a seguir apresenta uma distribuição de peso e estatura: 
Tabela 3 – Tabela com índice de massa corporal (IMC) 
distribuído por altura e peso 
Peso (kg)
Altura (m) 60 65 70 75 80 85 90 95 100 105 110 115 120 125 130
1,5 27 29 31 33 36 38 40 42 44 47 49 51 53 56 58
1,55 25 27 29 31 33 35 37 40 42 44 46 48 50 52 54
1,6 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51
1,65 22 24 26 28 29 31 33 35 37 39 40 42 44 46 48
1,7 21 22 24 26 28 29 31 33 35 36 38 40 42 43 45
1,75 20 21 23 24 26 28 29 31 33 34 36 38 39 41 42
1,8 19 20 22 23 25 26 28 29 31 32 34 35 37 39 40
1,85 18 19 20 22 23 25 26 28 29 31 32 34 35 37 38
1,9 17 18 19 21 22 24 25 26 28 29 30 32 33 35 36
Peso não recomendado: IMC abaixo de 20
Peso normal: IMC entre 20 e 24
Sobrepeso: IMC entre 25 e 29
Obesidade I: IMC entre 30 e 35
Obesidade II: IMC entre 35 e 40
Obesidade mórbida: IMC acima de 40
Se uma pessoa tem 1,80 m de altura, seu peso ideal será de 75 kg. Ao converter os dados, conforme 
a figura anterior mostra no cruzamento dos valores, será possível ver o valor de seu IMC (23). 
1.2.1 Índice de massa corporal (IMC) e medidas antropométricas
O IMC é calculado através da divisão do peso em kg pela altura em metros elevada ao quadrado (kg/m²). 
É o cálculo primário mais utilizado para a avaliação da adiposidade corporal, apresenta facilidade de 
aplicação e praticamente não possui custos. Apesar de ser considerado um bom indicador, ele não 
reflete a total relação com a gordura corporal (Bray et al., 2016; IDF, 2006; SBC, 2005). 
A composição corporal pode apresentar diferença em função de etnia, sexo e idade, entre pessoas 
sedentárias e pessoas bem treinadas, como os atletas, assim como em pessoas idosas, em decorrência da 
perda de estatura em razão de desvios posturais com cifose (Abeso, 2016). 
Para países da Ásia, os pontos de corte adotados são: menos que 18,5 kg/m2 para baixo peso; 18,5-22,9 
para peso normal com risco aceitável, embora crescente; 23-27,5 para maior risco (correspondente 
a sobrepeso); e > 27,5 para alto risco (Abeso, 2016). Na conferência de diabetes na Ásia em 2004 
16
Unidade I
(Mccurry, 2007), foi esclarecido que a doença se propaga mais em imigrantes oriundos dos países 
asiáticos justamente pela influência de novos padrões alimentares (IDF, 2004), assim como a influência 
do estresse, que é um fator de risco muito importante.
Na vida intrauterina, o estresse provocado por sub e supernutrição do feto aumenta a liberação 
de mediadores que produzem um estado de insensibilidade à insulina e à oxidação de gorduras, além de 
promover alterações vasculares (Taniguchi et al., 2004). Na prática clínica, esses fatores são bem 
aplicados principalmente quando se atende a pessoas que são migrantes de primeira geração (aqueles 
que nasceram em países asiáticos e vivem no Brasil) (IDF, 2004). 
Tabela 4 – Classificação de IMC para asiáticos 
IMC Classificação
 27,6 Alto risco
Adaptada de: Abeso (2016).
O IMC não distingue massa gordurosa de massa magra e pode apresentar menor precisão em pessoas 
mais idosas, devido à já conhecida perda de massa magra com o avanço da idade, à diminuição do peso 
e ao risco de sarcopenia (diminuição de massa, forçae desempenho muscular e de capacidade física). 
O Ministério da Saúde entende que, na pessoa idosa (definido, no Brasil, como pessoas com 60 anos ou 
mais), o IMC normal varia de > 22 a 27 Sobrepeso / obesidade
Adaptada de: Abeso (2016). 
Sabe-se que indivíduos que apresentam IMC igual podem ter diferentes graus de massa gordurosa 
visceral. Portanto, como já falado, medir a distribuição de gordura é muito importante, a exemplo da 
gordura visceral. 
A WHO (1998) apresenta como referência as medidas do perímetro de cintura sobre o maior 
perímetro abdominal ou do ponto médio entre o último arco costal e a crista ilíaca, segundo a SBC 
(2005) e a IDF (2006), localizada na região intra-abdominal. Essa região é reconhecida como o principal 
17
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
fator responsável pelas desordens metabólicas, elevando o risco para doenças como diabetes tipo 2, 
hipertensão e cardiovasculares, independentemente da gordura corporal total. Uma combinação 
sugerida pode ser conferida nas tabelas seguintes. 
As medidas de perímetros do abdômen são indicadores de obesidade visceral (gordura localizada 
entre as vísceras). É importante esclarecer que, conforme o ponto de corte – 102 para homens e 88 para 
mulheres – sugerido pela I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica da 
SBC (2005), assim como a referência do ACSM (2006), esse valor é adotado como fator de risco isolado, 
ou seja, sem nenhum outro fator de risco associado. 
Na tabela a seguir, pode-se observar que esse ponto de corte está acrescentando um intervalo para 
cada sexo. Esse fato está associado à medida de perímetro junto ao diagnóstico de obesidade por IMC. 
Tabela 6 – Ponto de corte para perímetro de abdômen (maior perímetro) 
associado ao IMC sugerido para risco cardiovascular em caucasianos
Risco de complicações 
metabólicas Homem Mulher
Aumentado > 94 cm > 80 cm
Aumentado substancialmente > 102 cm > 88 cm
Adaptada de: SBC (2005, p. 8). 
Na tabela a seguir, é possível observar a combinação sugerida pelo Colégio Americano de Medicina 
do Esporte (ACSM), que tem como fonte a OMS e a Federação Internacional de Diabetes, dos indicativos 
de risco cardiovascular, que associa IMC e perímetro de abdômen. 
Tabela 7 – Combinação de pontos de corte para perímetro 
de abdômen (maior perímetro) associado ao IMC para avaliar 
obesidade e risco para diabetes e doença cardiovascular
Risco de complicações 
metabólicas IMC (kg/m2) 
Homem: 94-102 > 102 
Mulher: 80-88 > 88
Baixo peso 102 cm
— Mulheres > 88 cm
Triglicerídeos ≥ 150 mg/dL
HDL Colesterol:
— Homensque envolve a leptina e outros sinais de saciedade e de apetite de curto prazo; 
•	 a unidade de processamento do sistema nervoso central; 
•	 o sistema eferente, um complexo de apetite, saciedade, efetores autonômicos e termogênicos, 
que leva ao estoque energético. 
O balanço energético pode ser alterado pelo aumento do consumo calórico, pela diminuição do 
gasto energético ou por ambos. O consumo calórico pode ser avaliado por meio do hábito alimentar, 
utilizando-se diários alimentares ou listas de checagem de alimentos. 
O gasto energético total diário pode ser didaticamente dividido em taxa metabólica basal (que 
representa de 60% a 70%), efeito térmico dos alimentos (que representa entre 5% e 10%) e gasto de 
energia com atividade física. A atividade física é o mais importante componente variável, representando 
de 20% a 30% do gasto energético total em adultos (Abeso, 2016). 
A obesidade é definida como uma doença que está relacionada com o acúmulo de gordura ou 
tecido adiposo acima das referências citadas, conforme sexo e idade (Abeso, 2016; IDF, 2006). O tecido 
adiposo, nos últimos trinta anos, vem sendo exaustivamente estudado. Ele é encontrado em diversos 
compartimentos do corpo; os dois lugares mais relevantes são as camadas subcutâneas e a intravisceral 
(Jomori; Proença; Calvo, 2008). 
O tecido adiposo é distribuído em dois tipos. Um tipo é conhecido como células marrons, que são 
encontradas somente em seres humanos recém-nascidos, na região da cintura escapular e da cintura 
pélvica, e também em torno da laringe e da traqueia. As células marrons têm como função aquecer o 
sangue por meio da liberação da energia térmica que passa pelos numerosos capilares existentes nestes 
tecidos. O segundo tipo são as células brancas ou amarelas, ricas em lípides. Além das diversas funções 
que têm como órgão secretor de hormônios, também são responsáveis por produzir energia para a 
atividade física. O tecido adiposo é considerado um órgão endócrino por suas atividades na secreção 
de hormônios denominados adiponectina, sendo também um órgão dinâmico e central da regulação 
metabólica (Fonseca-Alaniz, 2007). 
21
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
A obesidade é considerada uma doença inflamatória crônica. Foi observado que muitas citocinas e 
proteínas da fase aguda da inflamação estão presentes em pacientes obesos. Esse processo inflamatório 
está associado à resistência à insulina, mais especificamente em sua função na oxidação das gorduras e 
dos carboidratos (Farinatti, 2003). 
O tecido adiposo branco é responsável por secretar e sintetizar fatores que liberam marcadores 
inflamatórios. Assim, o aumento dos marcadores inflamatórios circulantes estimula o aumento da massa 
adiposa, e, dessa forma, ocorre o aumento da resistência à insulina. Esse fato está diretamente associado 
à massa adiposa localizada na região abdominal, entre as vísceras, denominada gordura visceral (Lyra; 
Cavalcanti; Santos, 2014). 
 Lembrete 
O tecido adiposo é considerado um órgão endócrino. 
As citocinas são hormônios proteicos tipicamente conhecidos como mediadores e reguladores de 
respostas imunes e inflamatórias. Algumas das citocinas relacionadas a processos inflamatórios são: 
interleucina-6 (IL-6), fator de necrose tumoral (TNF-a), leptina e adiponectina. A leptina atua como 
sinalização entre o tecido adiposo e o sistema nervoso central, regulando a ingestão alimentar, o gasto 
energético e, consequentemente, a massa corporal (Lyra; Cavalcanti; Santos, 2014). 
O TNF-a apresenta grande diversidade de atividades biológicas, como as respostas imunológicas 
e as reações inflamatórias. É uma citocina pró-inflamatória, que pode inibir a proliferação de 
células tumorais e promover apoptose celular. O TNF-a é considerado um dos responsáveis pela 
resistência à insulina. 
A adiponectina é encontrada em menor quantidade em pessoas obesas, e sua ação aumenta a 
captação de glicose pelo fígado e pelas células musculares. No tecido muscular, a adiponectina aumenta 
a captação de ácidos graxos, acelera a oxidação de lipídeos e, assim, inibe o acúmulo de gordura no 
sangue, evitando o processo de aterosclerose. 
É muito importante atentar-se à situação de resistência à insulina. Essa expressão é utilizada para 
definir uma circunstância na qual a insulina que circula não exerce sua função adequadamente, que é 
captar a glicose para dentro dos diversos tecidos. A insulina é fundamental, principalmente, no processo 
de oxidação dos carboidratos. 
Quando o indivíduo é resistente à insulina, seu pâncreas produz o hormônio por estímulo gerado 
pela glicose circulante, mas a captação da glicose para dentro da célula não ocorre devidamente e 
se acumula, passando a ser conhecida como hiperglicemia. Logo, a insulina produzida em grande 
quantidade é conhecida como hiperinsulinemia. 
O acúmulo de insulina resulta no aumento de ácidos graxos e LDL, além da diminuição do HDL, 
o que gera a retenção de sódio, que estimula a elevação da atividade nervosa simpática, diminuindo 
22
Unidade I
a atividade anti-inflamatória, a qual auxilia no aumento da pressão arterial. Esses acontecimentos 
descritos são apenas uma parte da cascata de eventos que ocorre em nível metabólico responsável por 
diversas doenças crônicas (Lyra; Cavalcanti; Santos, 2014). 
 Lembrete 
A obesidade é um processo inflamatório que está diretamente 
relacionado à resistência à insulina. 
1.3.1 Estilo de vida
A maior taxa de aumento da obesidade ocorre em populações com maior grau de pobreza e menor 
nível educacional. Pode-se explicar essa associação pela maior palatabilidade e pelo baixo custo de 
alimentos de grande densidade energética, além de pela insegurança alimentar (Abeso, 2016; Prado 
et al., 2009). O consumo de alimentos com alta densidade calórica e alta palatabilidade e de fácil 
absorção e digestão tem crescido entre a população de forma expressiva, e esse fato contribui com o 
aumento da ingestão alimentar e do desequilíbrio energético. 
A Abeso cita que o estilo de vida moderno favorece o ganho de peso. Fatores como a necessidade 
de realizar refeições em curto espaço de tempo atrapalham os mecanismos de saciação (Abeso, 2016). 
Várias fases da vida podem influenciar o ganho de peso, como a fase intrauterina, o peso de nascimento, 
a amamentação, a fase de rebote do peso no período de aumento do peso, que ocorre entre os 5 e 7 anos 
de idade, e a fase puberal. Existem indícios de que, a cada parto sucessivo, há aumento de cerca de um 
quilo no peso que normalmente se ganha com o incremento da idade. O ganho de peso excessivo durante 
a gestação e a falta de perda de peso após o parto são importantes preditores de obesidade em longo 
prazo. Um maior ganho de peso após a menopausa está relacionado à idade e ao estilo de vida. 
Em um estudo citado nas Diretrizes Brasileiras de Obesidade (Abeso, 2016), os autores observaram 
que indivíduos aumentaram entre cinco e seis quilos após abandonarem o tabagismo, e, nesses casos, o 
aumento no peso pode ser evitado por meio da terapia com bupropiona. 
1.4 Tratamento
A prescrição de exercício é a parte mais importante do tratamento, que também envolve utilização de 
fármacos, reeducação alimentar e terapias cognitivas comportamentais. Em casos extremos, utilizam-se 
cirurgias em suas diversas modalidades. 
1.4.1 Exercícios físicos
Considerando que o aumento de peso está associado ao aumento da ingestão calórica, a prática do 
exercício físico está diretamente relacionada ao gasto calórico e ao refinamento do sistema metabólico. 
Por esse motivo, aceita-se a utilização do exercício físico como tratamento da obesidade. 
23
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
Com relação à prática de atividade física, não há indícios de qual seria a prescrição mais adequada. 
Tanto para adultos quanto para crianças e adolescentes, há um extensivo debate na literatura de qual 
seria a duração, intensidade e frequência ideal para o exercício (Abeso, 2016). 
A baseda prescrição de exercícios está relacionada ao equilíbrio e à manutenção de um consumo 
energético maior em relação à ingesta. Uma sugestão desse controle são os parâmetros para cálculo 
do dispêndio de energia. Nesse caso, pode ser sugerido o controle da unidade metabólica (MET) (Yudkin 
et al., 1999). 
Uma atividade leve requer um gasto menor que 3 METs; para uma atividade moderada, o gasto varia 
entre 3 e 6 METs; e, para atividades intensas, o gasto é acima de 6 METs. O MET representa o consumo 
de O2 em repouso. Quando se exprime o gasto de energia em MET, este indica o número de vezes pelo 
qual o metabolismo de repouso foi multiplicado durante uma atividade. 
Exemplo de aplicação 
Uma atividade de 2 METs requer o dobro do dispêndio energético exigido em repouso. 
Sendo assim, para um indivíduo de 70 kg, 1 MET corresponde a: VO2 de 3,5 ml x kg-1 x min-1
Quilocaloria (kcal) representa a quantidade de energia gasta em uma atividade. O cálculo de dispêndio 
de energia é expresso em: kcal x kg-1 x h-1. 
Se um indivíduo pedala a 4 METs, por exemplo, o gasto calórico é de 4 kcal x kg-1 x h-1
Veja um exemplo completo: um indivíduo de 60 kg pedala a 4 METs por 40 min. 
4 METs x 60 kg x (40 / 60 min) = (0,666) 
4 x 60 x 0,66666 = 160 kcal ou 4 kcal x min-1 
Se fosse uma pessoa de 90 kg, o resultado seria: 80 kg = 213 kcal ou 5,3 kcal x min-1
Assim como é possível medir o gasto energético com os exercícios, também se pode utilizar uma 
fórmula simples para ter uma noção do gasto energético basal de uma pessoa, na qual se multiplica seu 
peso (massa corporal) por 24 horas de um dia. 
24
Unidade I
Exemplo de aplicação 
Veja o exemplo do gasto calórico basal de uma pessoa de 60 kg: 
60 kg 
60 x 24h = 1.440
Partindo dessas medidas, calcula-se o gasto calórico com os exercícios e as atividades físicas, 
além do gasto calórico basal. Isso facilita a compreensão de como está o equilíbrio entre gasto e 
ingestão calórica. 
Veja o exemplo de uma pessoa de 80 kg que iniciou uma dieta para perda de peso de 1.500 kcal e 
tem como gasto calórico calculado uma pedalada de 40 minutos como deslocamento de ida e volta do 
trabalho, somando 213 kcal. 
Pense na pessoa com 80 kg de massa corporal que iniciou uma dieta de 1.500 kcal: 
•	 Subtraia o gasto energético basal = 80 x 24 = 1.920 kcal. 
• Subtraia o gasto com pedalada de 40 min = 213 kcal. 
O resultado será: dieta de 1.500 kcal menos o gasto calórico total (2.133 kcal) 
= 1500 - 2133 = - 633 kcal. 
Essa pessoa apresenta um balanço entre consumo e gasto energético negativo, ou seja, ela gasta 
mais calorias em relação ao que consome. 
Um excelente trabalho produzido por Farinatti (2003) foi o Compêndio de Atividades Físicas. 
A publicação facilita a vida dos prescritores de exercícios físicos, e, nela, é possível encontrar uma 
enorme relação previamente calculada em METs, o dispêndio de energia de várias atividades físicas. 
 Observação 
O que antecede a prescrição é a avaliação da pessoa como um todo. 
Ao considerar as possibilidades de avaliação por parte do profissional 
de educação física, é fundamental a identificação e avaliação de 
complicações ortopédicas. 
Um exemplo de disfunção ortopédica comum encontrada em obesos sedentários é a síndrome da 
amnésia glútea. Essa síndrome se refere à inibição da ativação dos músculos glúteos em consequência 
da sua inatividade, que gera a diminuição do tônus muscular. A fraqueza do glúteo dificulta a ação 
25
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
automática de rotação externa do joelho, podendo gerar dor lombar e dor na articulação do joelho. Essa 
dor pode ser o início de problemas como as lesões patelares ou a artrose, no sentido caudal, assim como 
pode desencadear uma escoliose no sentido cefálico (Nordin; Frankel, 2014). 
É necessária, portanto, uma avaliação física global para identificar as necessidades da pessoa, uma 
vez que, antes de realizar atividades aeróbias contínuas, talvez ela precise de ajustes no equilíbrio 
muscular (Matos, 2014).
Quanto à intensidade e ao volume de treino 
É importante lembrar que sedentários apresentam menor tolerância ao exercício, o que aumenta o 
risco de lesões musculoesqueléticas, e menor tolerância ao esforço de alta intensidade, que também é 
um motivo da não adesão aos programas. 
De maneira geral, encontra-se, na literatura, a sugestão da prática regular de exercícios com 
três dias da semana de treinamento aeróbio e dois dias de treinamento de força, com o acréscimo, 
nessas sessões, de exercícios de alongamento. Outra possibilidade é realizar sessões próximas de 
trinta minutos de treinamento aeróbio e acrescentar o treinamento de força de duas a três sessões 
semanais, além do alongamento. 
Em um estudo de Talanian et al. (2007) com oito mulheres com idade média de 22,1 (dp 0,2) anos, 
em um protocolo de duas semanas, os autores observaram que o treinamento físico aeróbio de alta 
intensidade aumenta a capacidade de oxidação de gordura em mulheres. Foram sessões de 4 minutos 
a 90% do VO2 pico, com descanso de 2 minutos, e duas semanas com sete sessões de cicloergômetro, 
sendo 60 minutos a 60% VO2 pico. 
Pré-treinamento
Pós-treinamento
* * *
15
0
5
10
15
20
30 45 65
Tempo (min)
Ox
id
aç
ão
 d
e 
go
rd
ur
a 
(k
J. m
in
-1
)
Figura 2 – Representação gráfica da oxidação de gordura em estudo de duas semanas 
Fonte: Talanian (et al., 2007).
26
Unidade I
Os diversos benefícios crônicos do exercício aeróbio estão associados às adaptações funcionais 
no transporte e na utilização do oxigênio. Entre eles, estão: o aumento do tamanho das mitocôndrias; 
a utilização dos ácidos graxos como fonte energética, o que, consequentemente, diminui a produção 
de LDL e proporciona melhor equilíbrio na diminuição do processo inflamatório da fisiopatologia; a 
melhora da capacidade de gerar ATP; o aumento da atividade enzimática por unidade de proteína; o 
aumento da capacidade de oxidação de carboidratos e gorduras; o aumento da capacidade oxidativa 
das mitocôndrias; e o aumento do armazenamento de glicogênio (Mcardle; Katch; Katch, 2001).
É importante ressaltar que, mesmo quando as concentrações plasmáticas de LDL-c não se alteram 
em quantidade com o exercício físico, pode-se observar uma predominância de partículas com maior 
diâmetro e peso molecular, que caracterizam a LDL-c menos aterogênica, sendo esse um benefício do 
exercício físico. Uma pessoa sedentária, por exemplo, pode ter o colesterol alto ao ir à primeira consulta 
médica. Por orientação, ela inicia caminhadas regulares, e, ao retornar à consulta após três meses, os 
valores de colesterol continuaram os mesmos, mas a capacidade de transporte do LDL diminuiu, e a do 
HDL aumentou. 
Na revisão sistemática realizada por Strong (2005), com estudos que envolviam indivíduos entre 
6 e 18 anos de idade, verificou-se que o exercício físico, na forma aguda e na adaptação crônica, 
pode contribuir, principalmente, para o aumento do HDL e a redução do triacilglicerol. Uma excelente 
estratégia de prevenção de doenças crônicas metabólicas é o incremento de atividades físicas de 
intensidade moderada e vigorosa para jovens. As recomendações para adultos seguem normatizadas 
nas diretrizes de órgãos governamentais no mundo. 
Os exercícios resistidos também apresentam vários benefícios para o tratamento da obesidade. 
Pode-se citar o aumento do gasto energético tanto durante quanto após o exercício físico; a 
hipertrofia, que se refere ao aumento da secção transversa do músculo; o aumento da massa muscular; 
a adaptação nervosa (padrão de recrutamento de fibras); a melhora da postura; a diminuição de 
risco de problemas articulares e dores; a prevenção de lesões; e a melhoria no desempenho das 
atividades diárias e esportivas em geral. São benefícios importantíssimos para o bom desempenho 
de indivíduos obesos em programas de emagrecimento, descritos pelo Physical Activity Guidelines 
Advisory Committee Report (2008). 
Em um estudo conduzido por Ormsbeeet al. (2007), com o objetivo de investigar o efeito do 
exercício resistido na oxidação de gordura em oito jovens com idade média de 24 (dp 0,7) anos, foram 
realizadas três sessões e mais um dia de controle sem exercícios, e as medidas foram feitas antes e após 
os exercícios em um intervalo de cinco horas. Os autores observaram que a oxidação de gordura após 
exercícios foi estatisticamente significante se comparada ao dia de controle (figura 3). 
Para a saúde dos adolescentes, as Diretrizes para Atividade Física para Americanos (2018) 
recomendam que pratiquem de forma agradável atividades aeróbias, exercícios de fortalecimento, 
jogos esportivos e exercícios de flexibilidade (Ormsbee et al., 2007). 
27
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
Dia de controle
Ox
id
aç
ão
 d
e 
go
rd
ur
a 
(g
/h
r)
11
10
9
8
7
6
5
4
3
Antes do exercício
Depois do exercício
Dia de exercício
Figura 3 – Demonstração gráfica da oxidação de gordura antes e após exercícios 
Adaptada de: Ormsbee (2007).
 Lembrete 
Exercícios intensos para sedentários podem causar lesões, dores excessivas 
e desconforto, e esse fato conduz a uma não adesão ao programa de exercícios. 
2 DIABETES E ATIVIDADE MOTORA
2.1 Diabetes tipo 1
A diabetes faz parte do grupo de doenças metabólicas e tem como característica a hiperglicemia 
decorrente da produção diminuída de insulina pelo pâncreas, ou a ineficácia da ação da insulina nos 
tecidos-alvo, ou, ainda, a falência do pâncreas na produção de insulina pelas células beta. Isso ocasiona 
modificações no metabolismo de proteínas, gorduras e, principalmente, carboidratos. 
A hiperglicemia crônica no indivíduo com diabetes está associada, em longo prazo, com danos, 
disfunção e falência de vários órgãos, especialmente olhos, rins, nervos, coração e vasos sanguíneos 
(ADA, 2003; SBD, 2017a). 
2.1.1 Epidemiologia
A diabetes é um importante e crescente problema de saúde pública no mundo, tanto em países 
desenvolvidos quanto em desenvolvimento. 
28
Unidade I
A Federação Internacional de Diabetes (2015) estimou que 8,8% da população mundial (415 milhões 
de pessoas) entre 20 e 79 anos de idade viviam com diabetes. A perspectiva para 2040 é de haver mais 
de 642 milhões de pessoas com diabetes. Os países em desenvolvimento têm a carga de 75% e deverão 
refletir o maior aumento dos casos nas próximas décadas. O Brasil é o quarto país com o maior número de 
adultos com diabetes: são 14,3 milhões de pessoas, e, para 2040, essa estimativa sobe para 23,3 milhões. 
Pode-se conferir, na figura a seguir, a carga global do número estimado de pessoas com diabetes no mundo. 
América do Norte e Caribe
2015 44,3 milhões
2040 60,5 milhões
Sudeste Asiático
2015 78,3 milhões
2040 140,2 milhões
Pacífico Ocidental
2015 153,2 milhões
2040 214,8 milhões
Mundo
2015 415 milhões
2040 642 milhões
Europa
2015 59,8 milhões
2040 71,1 milhões
África
2015 14,2 milhões
2040 34,2 milhões
América Central e do Sul
2015 29,6 milhões
2040 48,8 milhões
Oriente Médio e Oriente Médio e 
Norte da ÁfricaNorte da África
2015 35,4 milhõesões
2040 72,1 milhõesões
Figura 4 – Número estimado de pessoas com diabetes no mundo em 2015 e 2040 (entre 20 e 79 anos) 
Disponível em: https://shre.ink/UjXL. Acesso em: 31 mar. 2019.
2.1.2 Etiologia
A diabetes apresenta subdivisões conhecidas como tipos, que estão de acordo com as 
características etiológicas, o quadro clínico e o histórico do paciente e da família. Os principais são: 
diabetes tipo 1 (DM1), tipo 2 (DM2) e gestacional (DMG). Também há a diabetes Lada, à qual, na última 
década, passou-se a dar mais atenção. 
A diabetes tipo 1 tem como característica a falência do pâncreas. Nesse caso, é vista como uma 
doença autoimune pela destruição das células beta pancreáticas, que são responsáveis pela produção 
do hormônio insulina. Não se sabe qual é a causa, mas acredita-se que se desenvolva a partir da 
combinação de fatores genéticos e ambientais. Do início do processo até a falência total do pâncreas, 
29
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
há um tempo médio de seis meses, período popularmente conhecido entre os médicos como período 
de lua de mel. 
A incidência da diabetes tipo 1 tem curiosa variação geográfica, apresentando taxas de 100 mil 
indivíduos com menos de 15 anos de idade, distribuídas entre 38,4 na Finlândia, 7,6 no Brasil e 0,5 na 
Coreia (SBD, 2017a). A incidência da diabetes tipo 1 tem aumentado nas últimas décadas, principalmente 
em crianças com menos de 5 anos. 
Também se sabe que, nas últimas décadas, cresceu o número de pessoas adultas com diabetes tipo 1. 
Um estudo com 120 mil adultos britânicos, com idade entre 40 e 70 anos, no qual foi aplicado um score 
de risco genético para diabetes, os autores observaram que 47% dos casos de diabetes tipo 1 ocorreram 
nos adultos com idade entre 31 e 60 anos (Metade […], 2016). 
Há um importante fator nos dados citados: 80% dos casos de diabetes tipo 1 ocorrem antes dos 
30 anos, e, desses, 50% podem ser Lada, que ocorre após os 30 anos (Metade […], 2016). 
 A diabetes tipo 1 desenvolvida na fase adulta pode ser um exemplo clássico de doença autoimune, 
que, em torno de seis meses, pode causar a falência do pâncreas por completo, ou pode ser um fenômeno 
de início mais lento, conhecido como diabetes autoimune latente do adulto (Lada). 
A recomendação é que profissionais da área de saúde fiquem atentos ao diagnóstico, pois os sintomas 
e o quadro clínico da diabetes Lada apresentam características que combinam com as observadas na 
diabetes tipo 1 (como a produção diminuída de insulina) e tipo 2 (como a resistência à insulina), e a não 
observação pode levar a um diagnóstico equivocado (Metade […], 2016). 
Quadro clínico da diabetes tipo 1 
É de suma importância que profissionais de saúde, pais e cuidadores conheçam o quadro clínico da 
diabetes tipo 1. Considerando que muitos diagnósticos são em crianças e adolescentes, é necessário que 
um adulto observe os sintomas presentes, assim como o profissional de Educação Física, que atua com 
esse público em diversos ambientes. Alguns sintomas são apresentados a seguir: 
•	 emagrecimento; 
•	 fraqueza; 
•	 polifagia (excesso de apetite); 
•	 polidipsia (excesso de sede); 
•	 poliúria (urina excessiva); 
•	 desidratação; 
•	 dor abdominal; 
•	 infecção associada. 
Uma parte fundamental do tratamento é a necessidade absoluta de insulinoterapia. 
30
Unidade I
 Lembrete 
Na diabetes tipo 1, ocorre a falência do pâncreas na produção de 
insulina pelas células beta. 
2.1.3 Diagnóstico 
Pode ser gerado um diagnóstico a partir de exames de rotina. Muitas vezes, no entanto, o diagnóstico 
surge através da queixa de alguns dos sintomas que caracterizam a doença. Inicialmente, a hiperglicemia 
pode ser detectada no exame de sangue, e o incremento, através do exame de peptídeo C. Em situação 
normal, no pâncreas, a proteína pró-insulina tem efeito de uma reação química para produzir a insulina. 
Como resultado desta, é liberado o peptídeo C. Então, com o exame de sangue, busca-se saber como 
está a produção de insulina a partir dos valores de peptídeo C encontrados. Assim, se não ocorre a 
produção de insulina, não há o peptídeo C. Pode-se observar, na figura a seguir, a produção de insulina, 
tendo como resíduo o peptídeo C. 
Pré-pró-insulina Pró-insulina Insulina 
madura
Sequência de 
sinalização
+NH3
+NH3
H3
+N +N H3
C
COO- COO- COO
-COO
Sequência de sinalização Peptídeo C
A B
S-S S-S
S-S S-S
Cadeia A Cadeia B
S
S
S
S
Figura 5 – Síntese e processamento da insulina 
Disponível em: https://shre.ink/UjXf. Acesso em: 30 out. 2023.
 Lembrete 
A diabetes Lada pode ocorrer a partir dos 30 anos e apresenta 
características combinadas da diabetes tipo 1 (como a diminuição da 
produção de insulina) e tipo 2 (como a resistência à insulina). 
31
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
2.1.4 Tratamento
O tratamento da diabetes, independentemente do tipo, tem um único objetivo,que é o controle 
glicêmico. Para que se tenha o controle glicêmico adequado, as condutas médicas seguem as diretrizes 
da Federação Internacional de Diabetes, que são adotadas pela Sociedade Brasileira de Diabetes (2017) e 
pela Associação Americana de Diabetes e são a base de orientação para todas as demais áreas da saúde 
que atuam com diabetes. 
Os pilares do tratamento da diabetes são quatro: 1) educação em diabetes; 2) atividade física; 
3) alimentação saudável; 4) terapêutica medicamentosa (IDF, 2008). 
Para a diabetes tipo 1 (DM1), na prática, após o diagnóstico médico, o tratamento se inicia com a 
utilização de insulina endógena. A aplicação da insulina exógena tem como objetivo fazer o papel da 
insulina produzida pelo organismo. A figura a seguir mostra os efeitos dos diferentes tipos de insulina. 
Lispro, Asparte
Glulisina
Regular
Detemir
Glargina Degludeca
Toujeo
Horas
Ef
ei
to
 g
lic
êm
ic
o 
re
la
tiv
o
0 12 24 36 48
NPH
Figura 6 – Efeitos dos diferentes tipos de insulina 
Disponível em: https://shre.ink/Ujf4. Acesso em: 25 abr. 2019.
 Observação 
Pessoas com diabetes tipo 2, em algum momento de sua vida, podem 
ter a necessidade de utilizar a insulina exógena. Considerando tal fato, 
o termo insulino-dependente não deve ser utilizado para mencionar a 
pessoa com DM1. 
Em resumo, nosso organismo produz, durante o dia, uma quantidade que fica circulando à disposição 
dos tecidos. Assim, de forma parecida, a pessoa com DM1 ou que utiliza a insulina como tratamento 
deve aplicar uma insulina de ação prolongada, que pode variar de acordo com o tipo de insulina. 
Quando realizamos nossas refeições básicas, como café, almoço e jantar, a ingestão de carboidrato é 
alta. O organismo produz uma quantidade maior de insulina de acordo com a quantidade de carboidrato 
ingerida. Por isso, a pessoa com diabetes que utiliza insulina deve aplicar insulina de ação rápida a cada 
uma dessas refeições. Na tabela 10, pode-se observar o tempo de ação das insulinas que existem no 
mercado (Souza et al., 2008, 2012). 
32
Unidade I
Tabela 10 – Tempo de ação das insulinas
Tipo Início da ação Pico Duração Horário para injeção
Bolus
Ultrarrápida 
(análogos ultrarrápidos)
— Apidra (Glulisina)
— Humalog (Lispro)
— NovoRapid (Asparte)
10-15 minutos 1-2 horas 3-5 horas
Utilizada junto às 
refeições. Deve ser injetada 
imediatamente antes das 
refeições
Rápida (insulina humana 
regular)
— Humulin
— Novolin 
30 minutos 2-3 horas 6 horas e 30 minutos
Utilizada junto às refeições ao 
dia. Deve ser injetada entre 
30 e 45 minutos antes do 
início das refeições
Basal
Ação intermediária 
(NPH – humana)
— Humulin N
— Novolin N
1-3 horas 5-8 horas Até 18 horas
Frequentemente, a aplicação 
começa uma vez ao dia, antes 
de dormir. Pode ser indicada 
uma ou duas vezes ao dia. Não 
é específica para refeições
Longa duração (análogos 
lentos)
— Lantus (Glargina)
— Levemir (Detemir)
— Tresiba (Degludeca)
90 minutos Sem pico
Lantus: até 24 horas 
Levemir: de 
16 a 24 horas 
Degludeca: > 24 horas
Frequentemente, a aplicação 
começa uma vez ao dia, antes 
de dormir. Levemir pode ser 
indicada uma ou duas vezes ao 
dia. Tresiba é utilizada sempre 
uma vez ao dia, podendo 
variar o horário de aplicação. 
Não é específica para refeições
Pré-misturada
Insulina pré-misturada 
regular
— Humulin 70/30
— Novolin 70/30
10 a 15 minutos 
(componente R) 
e 1 a 3 horas 
(componente N)
30% da dose 
como insulina R e 
70% da dose com 
insulina N
30% da dose como 
insulina R e 70% da 
dose com insulina N
Aplicada junto a uma ou mais 
refeições ao dia. Deve ser 
injetada de 30 a 45 minutos 
antes do início das refeições
Insulina pré-misturada 
análoga
— NovoMix 30
— Humalog Mix 25
— Humalog Mix 50
O número indica o 
percentual de 
ultrarrápida na 
mistura, o restante 
tem perfil de ação 
compatível com 
insulina N
Insulina 
ultrarrápida e 
insulina N (de 
acordo com a 
proporção do 
produto: 25, 30 ou 
50% da dose de 
ultrarrápida)
Insulina ultrarrápida 
e insulina N 
(de acordo com 
a proporção do 
produto: 25, 30 ou 
50% da dose de 
ultrarrápida)
Aplicada junto a uma ou mais 
refeições ao dia. Deve ser 
injetada de 0 a 15 minutos 
antes do início das refeições
Adaptada de: Souza et al. (2008). 
Se a pessoa ignorar o tratamento e não utilizar a insulina conforme indicação médica, utilizando 
menos que o necessário ou não utilizando, ela poderá ter um quadro de complicação conhecido como 
cetoacidose diabética. Esse quadro clínico é uma emergência médica, pois o nível de glicose sanguínea 
está muito elevado (SBD, 2017a). 
33
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
A cetoacidose diabética acontece quando o nível de glicose no sangue encontra-se muito alto e é 
acompanhado do aumento da quantidade de cetonas. 
As cetonas são substâncias ácidas que desequilibram o pH do sangue. A insulina é responsável por 
transferir a glicose sanguínea para dentro da célula para produzir energia. Com a falta da insulina, 
também há falta de energia, e, para suprir essa falta de energia, as células entram em apoptose (morte 
celular), e o organismo passa a usar os estoques de gordura e de fibra muscular para gerar energia. Nesse 
processo, formam-se as cetonas (Barone et al., 2007; Olmos et al., 2014; Soares, [s.d.]).
Alguns cuidados são importantes para prevenir a cetoacidose diabética: 
•	 aplicação correta das injeções de insulina com relação ao local, à técnica e à dose; 
•	 monitoramento constante da glicemia com o glicosímetro; 
•	 acompanhamento médico regular e com demais profissionais da equipe de saúde; 
•	 controle alimentar para evitar alto teor de açúcar. 
Fique atento aos sinais da cetoacidose diabética: 
•	 boca seca; 
•	 aumento do volume de urina; 
•	 aumento dos níveis de glicose no sangue; 
•	 mal-estar; 
•	 vômitos; 
•	 dor abdominal; 
•	 hálito com cheiro de acetona (comumente, os pacientes se referem ao cheiro de maçã estragada). 
2.1.4.1 Alimentação saudável
A base do tratamento alimentar para quem tem diabetes é a contagem de carboidrato. Para a diabetes 
tipo 1, em que a margem de erro deve ser mínima, é fundamental que a pessoa saiba identificar a 
quantidade de carboidrato que cada alimento possui. Pode-se conferir, na tabela 11, como se apresenta 
o manual de contagem de carboidrato com as informações sobre os alimentos distribuídos em porções. 
34
Unidade I
Tabela 11 – Manual de contagem de carboidratos 
Alimento Medida usual g ou ml CHO (g) Calorias (kcal)
Abacate (picado) Colher de sopa cheia 45 3 79
Abacaxi Fatia média 75 10 44
Abacaxi em calda Fatia média 64 19 78
Abacaxi, polpa, congelada Unidade 100 8 31
Abadejo assado Filé médio 100 0 112
Abaráv Unidade média 170 24 414
Abiu cru Unidade 100 15 62
Abóbora cabotiá, cozida Colher de sopa 36 3 14
Abóbora cabotiá, crua Colher de sopa 36 4 17
Abóbora-d’água (picada) Colher de sopa cheia 36 0 10
Adaptada de: SBD (2016, p. 51). 
2.1.4.2 Educação em diabetes
Alcançar o controle glicêmico no tratamento da diabetes, independentemente do tipo, não é uma 
tarefa fácil. É necessário que haja o engajamento do paciente, assim como de toda a equipe que o 
assiste, seja multidisciplinar ou interdisciplinar. Há fatores que influenciam nesse processo, como a 
aceitação e a adesão ao tratamento. Por isso, a participação da família é muito importante para que se 
possa enfrentar as dificuldades. Com tantas variáveis que envolvem o tratamento, é preciso dar ênfase 
à educação em diabetes. 
A educação em diabetes é a melhor estratégia para promover a adaptação a essa condição. De 
acordo com as diretrizes nacionais e internacionais, é o pilar de maior importância no tratamento. 
A educação em diabetes é sugerida nas diretrizes da Federação Internacional de Diabetes (IDF, 2008) 
e foi adotada pelas instituições brasileiras que representam esse público: a Sociedade Brasileira 
de Diabetes (SBD), a Associação de Diabetes Juvenil (ADJ-Diabetes Brasil) e a Associação Nacional de 
Atenção ao

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