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Ética no Serviço Público + questões (comentado)

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1
 
 
 
 
Ou você tem ou você não 
tem ! 
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO 
PROFESSORA ANA MARIA 
anamelo.rh@hotmail.com 
 
2
 
Só de Sacanagem ou Poesia da ética. 
Ana Carolina 
Composição: Elisa Lucinda 
 
Meu coração está aos pulos! 
Quantas vezes minha esperança será posta à prova? 
Por quantas provas terá ela que passar? 
Tudo isso que está aí no ar: malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu 
dinheiro, do nosso dinheiro que reservamos duramente pra educar os meninos mais 
pobres que nós, pra cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais. 
Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais. 
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova? 
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais? 
É certo que tempos difíceis existem pra aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a 
mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz. 
Meu coração tá no escuro. 
A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os 
justos que os precederam: 
" - Não roubarás!" 
" - Devolva o lápis do coleguinha!" 
" - Esse apontador não é seu, minha filha!" 
Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar. Até habeas-corpus 
preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar, e sobre o qual minha pobre lógica 
ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará. 
Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora 
eu vou sacanear: mais honesta ainda eu vou ficar. Só de sacanagem! 
Dirão: 
“ - Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba.” 
E eu vou dizer: 
”- Não importa! Será esse o meu carnaval. Vou confiar mais e outra vez. Eu, meu 
irmão, meu filho e meus amigos. Vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber 
limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau.” 
Dirão: 
" - É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de 
Portugal”. 
E eu direi: 
” - Não admito! Minha esperança é imortal!” 
E eu repito, ouviram? 
IMORTAL!!! 
Sei que não dá pra mudar o começo, mas, se a gente quiser, vai dar pra mudar o final. 
 
 
 
 
 
 
3
 
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO 
“Nem mesmo a melhor das soluções pode ser imposta ao indivíduo, uma vez que 
ela só será boa se estiver conectada a ele mediante um processo natural de 
desenvolvimento. A melhoria de um mal generalizado começa pelo indivíduo e isto só 
quando este se responsabiliza por si mesmo, sem culpar o outro.” 
 Célia Brandão 
Os constituintes do campo ético 
 
 Para que haja conduta ética é preciso que exista o agente consciente, isto é, aquele que 
conhece a diferença entre bem e mal, certo e errado, permitido e proibido, virtude e 
vício. A consciência moral não só conhece tais diferenças, mas também se reconhece 
como capaz de julgar o valor dos atos e das condutas e de agir em conformidade com os 
valores morais, sendo por isso responsável por suas ações e seus sentimentos e pelas 
conseqüências do que faz e sente. 
 
 Consciência e responsabilidade são condições indispensáveis da vida ética. 
A consciência moral manifesta-se, antes de tudo, na capacidade para deliberar diante de 
alternativas possíveis, decidindo e escolhendo uma delas antes de lançar-se na ação. 
Tem a capacidade para avaliar e pesar as motivações pessoais, as exigências feitas pela 
situação, as conseqüências para si e para os outros, a conformidade entre meios e fins 
(empregar meios imorais para alcançar fins morais é impossível), a obrigação de 
respeitar o estabelecido ou de transgredi-lo (se o estabelecido for imoral ou injusto). 
 
 A vontade é esse poder deliberativo e decisório do agente moral. Para que exerça tal 
poder sobre o sujeito moral, a vontade deve ser livre, isto é, não pode estar submetida à 
vontade de um outro nem pode estar submetida aos instintos e às paixões, mas, ao 
contrário, deve ter poder sobre eles e elas. 
 
 O campo ético é, assim, constituído pelos valores e pelas obrigações que formam o 
conteúdo das condutas morais, isto é, as virtudes. Estas são realizadas pelo sujeito 
moral , principal constituinte da existência ética. 
O sujeito ético ou moral, isto é, a pessoa, só pode existir se preencher as 
seguintes condições: 
• ser consciente de si e dos outros, isto é, ser capaz de reflexão e de reconhecer a 
existência dos outros como sujeitos éticos iguais a ele; 
• ser dotado de vontade, isto é, de capacidade para controlar e orientar desejos, 
impulsos, tendências, sentimentos (para que estejam em conformidade com a 
consciência) e de capacidade para deliberar e decidir entre várias alternativas 
possíveis; 
• ser responsável, isto é, reconhecer-se como autor da ação, avaliar os efeitos e 
conseqüências dela sobre si e sobre os outros, assumi-la bem como às suas 
conseqüências, respondendo por elas; 
• ser livre, isto é, ser capaz de oferecer-se como causa interna de seus 
sentimentos, atitudes e ações, por não estar submetido a poderes externos que 
 
4
 
o forcem e o constranjam a sentir, a querer e a fazer alguma coisa. A liberdade 
não é tanto o poder para escolher entre vários possíveis, mas o poder para 
autodeterminar-se, dando a si mesmo as regras de conduta. 
 
 O campo ético é, portanto, constituído por dois pólos internamente relacionados: o 
agente ou sujeito moral e os valores morais ou virtudes éticas. 
Do ponto de vista do agente ou sujeito moral, a ética faz uma exigência essencial, qual 
seja, a diferença entre passividade e atividade. Passivo é aquele que se deixa governar e 
arrastar por seus impulsos, inclinações e paixões, pelas circunstâncias, pela boa ou má 
sorte, pela opinião alheia, pelo medo dos outros, pela vontade de um outro, não 
exercendo sua própria consciência, vontade, liberdade e responsabilidade. 
 
 Ao contrário, é ativo ou virtuoso aquele que controla interiormente seus impulsos, 
suas inclinações e suas paixões, discute consigo mesmo e com os outros o sentido dos 
valores e dos fins estabelecidos, indaga se devem e como 
devem ser respeitados ou transgredidos por outros valores e fins superiores aos 
existentes, avalia sua capacidade para dar a si mesmo as regras de conduta, consulta sua 
razão e sua vontade antes de agir, tem consideração pelos outros sem subordinar-se 
nem submeter-se cegamente a eles, responde pelo que faz, julga suas próprias 
intenções e recusa a violência contra si e contra os outros. Numa palavra, é autônomo. 
 
 Do ponto de vista dos valores, a ética exprime a maneira como a cultura e a 
sociedade definem para si mesmas o que julgam ser a violência e o crime, o mal e o vício 
e, como contrapartida, o que consideram ser o bem e a virtude. Por realizar-se como 
relação intersubjetiva e social, a ética não é alheia ou indiferente às condições históricas 
e políticas, econômicas e culturais da ação moral. 
 
 Conseqüentemente, embora toda ética seja universal do ponto de vista da sociedade 
que a institui (universal porque seus valores são obrigatórios para todos os seus 
membros), está em relação com o tempo e a História, transformando-se para responder 
a exigências novas da sociedade e da Cultura, pois somos seres históricos e culturais e 
nossa ação se desenrola no tempo. 
 
 Além do sujeito ou pessoa moral e dos valores ou fins morais, o campo ético é ainda 
constituído por um outro elemento: os meios para que o sujeito realize os fins. 
Costuma-se dizer que os fins justificam os meios, de modo que, para alcançar um fim 
legítimo, todos os meios disponíveis são válidos. No caso da ética, porém, essa 
afirmação deixa de ser óbvia. 
Suponhamos uma sociedade que considere um valor e um fim moral a lealdade entre 
seus membros, baseada na confiança recíproca. Isso significa que a mentira, a inveja, a 
adulação,a má-fé, a crueldade e o medo deverão estar excluídos da vida moral e ações 
que os empreguem como meios para alcançar o fim serão imorais. 
 No entanto, poderia acontecer que para forçar alguém à lealdade seria preciso fazê-
lo sentir medo da punição pela deslealdade, ou seria preciso mentir-lhe para que não 
perdesse a confiança em certas pessoas e continuasse leal a elas. Nesses casos, o fim – a 
lealdade – não justificaria os meios – medo e mentira? A resposta ética é: não. Por quê? 
 
5
 
Porque esses meios desrespeitam a consciência e a liberdade da pessoa moral, que 
agiria por coação externa e não por reconhecimento interior e verdadeiro do fim ético. 
No caso da ética, portanto, nem todos os meios são justificáveis, mas apenas aqueles 
que estão de acordo com os fins da própria ação. Em outras palavras, fins éticos exigem 
meios éticos. 
 
 A relação entre meios e fins pressupõe que a pessoa moral não existe como um fato 
dado, mas é instaurada pela vida intersubjetiva e social, precisando ser educada para os 
valores morais e para as virtudes. 
Marilena Chauí. Convite a filosofia 
A Ética no Serviço Público: Tema Relevante em Concurso Público 
Tem sido cada vez mais freqüente a cobrança de conhecimentos de ética no serviço 
público nos mais variados processos seletivos. A relevância da disciplina, entre outras 
razões, está associada à insatisfação da sociedade brasileira com a conduta ética no 
serviço público, ou seja, de modo geral, o país enfrenta o descrédito da opinião pública a 
respeito do comportamento dos agentes públicos e da classe política em todas as suas 
esferas. 
A partir desse cenário, é natural que a expectativa da sociedade e os órgãos 
públicos em seus processos seletivos sejam mais exigentes com a conduta daqueles que 
desempenham atividades no serviço e na gestão de bens públicos. 
Provas aplicadas recentemente para Área Administrativa, a exemplo, dos 
Ministérios da Integração e da Previdência Social despertaram nos concursos uma 
atenção maior para a disciplina tendo em vista a quantidade de questões que abordam a 
assunto. Observa-se ainda, que os concursos públicos têm exigido além dos decretos 
(1.171 de 22 de junho de 1994 e 6.029 de 01 de fevereiro de 2007) a História da Ética, os 
conceitos de ética e moral e a relação da ética com o Direito. Não dá mais para fingir que 
sabemos Ética ,não dá mais para decorar .Isso tem que efetivamente ser compreendido 
,interpretado e por fim a idéia deve ser interiorizada ,ou seja, ainda que não haja a 
obrigatoriedade de seu cumprimento (por não se tratar de uma lei ,vocês, futuros 
servidores devem sentir-se obrigados a cumpri-lo). 
Só existe uma forma de efetivamente haver mudança no sistema público: 
resgatando a consciência ética de cada servidor visando o bem da coletividade 
Entenda...Vamos falar de mudanças baseadas nas provas ,na realidade do concurso. 
Quero deixar registrado meu anseio e esperança para que vocês sejam os agentes dessa 
transformação ao qual me refiro . Em outras palavras, espero estar diante da nova cara 
do serviço público,quero estar diante de pessoas que sentirão o desejo de levar as 
mudanças ,gente que acredita, que faz e que merecidamente terão o seu lugar ao sol. 
 Um grande abraço!! 
 Professora Ana Maria 
 
6
 
 
ÉTICA – LEI OU DECRETO QUE DIFERENÇA FAZ? 
(Crônica) 
Que diferença faz, lei ou decreto? 
Por mais que, pelo senso comum, as pessoas pensem o contrário, lei e decreto não 
são a mesma coisa. São atos normativos distintos, com força e funções diferentes. Existe 
mesmo – pode-se dizer sem exagero – uma diferença abissal entre este e aquela, 
porquanto há uma hierarquia bem nítida, notadamente no Brasil, entre as normas 
jurídicas: a constituição, a lei complementar, a lei ordinária, o decreto, a portaria, a 
resolução, a instrução. É impossível, entretanto, discorrer sobre as minúcias de cada 
espécie desses atos no pequeno espaço de uma crônica, sendo, pois, assunto de artigo 
acadêmico para publicação especializada. 
A despeito disso, importa saber que, na ordem hierárquica, a constituição é a base 
de toda a ordenação jurídica, superior a todas as leis, que não podem contrariá-la, sob 
pena de serem inconstitucionais (às vezes, às pessoas do povo dizem anticonstitucional, 
o que dá na mesma, embora não seja o nome técnico). Lei inconstitucional não se 
cumpre, pois não obriga nem desobriga ninguém, porque não tem validade. A lei, por 
sua vez, é superior ao decreto, que não pode contrariá-la, sob pena de ser ilegal e não 
ter validade. O decreto, por seu turno, é superior à portaria ou ato normativo similar. Há 
demais disso, obviamente, rígida hierarquia normativa entre a Constituição Federal, as 
Constituições Estaduais e as leis orgânicas municipais, respeitada a competência 
legislativa de cada ente federativo (União, Estados, Distrito Federal e Municípios). 
No que concerne à lei e ao decreto, deve ficar claro que lei tem mais força 
normativa porque, para sua formação, concorrem conjuntamente o Poder Legislativo e o 
Poder Executivo. Aquele, formado por parlamentares, discute e aprova o projeto de lei, 
e este, encarnado pelo Presidente da República, Governador ou Prefeito, mediante a 
sanção, transforma em lei o projeto de lei aprovado pelo Legislativo. O decreto tem 
menos força normativa (para garantia dos governados, assim deve ser visto) porque não 
passa pela discussão e aprovação legislativa, é simplesmente elaborado e assinado pelo 
presidente, governador ou prefeito, conforme o caso. O processo de formação da lei 
chama-se processo legislativo. O decreto não é submetido ao processo legislativo. 
A mais importante, contudo, de todas as distinções entre a lei e o decreto é que a 
lei obriga a fazer ou deixar de fazer, e o decreto, não. É o princípio genérico da 
legalidade, previsto expressamente no artigo 5.º, inciso II, da Constituição Federal, 
segundo o qual “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão 
em virtude de lei”. Somente a lei pode inovar o Direito, ou seja, criar, extinguir ou 
modificar direitos e obrigações. No atual regime constitucional brasileiro, não se obriga 
nem desobriga a ninguém por decreto, nem mesmo pelo doutrinariamente chamado 
decreto autônomo, cuja discussão não cabe aqui. 
 
7
 
Dentre as funções do decreto, a principal é a de regulamentar a lei, ou seja, descer 
às minúcias necessárias de pontos específicos, criando os meios necessários para fiel 
execução da lei, sem, contudo, contrariar qualquer das disposições dela ou inovar o 
Direito. 
O decreto 1171/94 normatizou o comportamento do servidor público na intenção 
que haja,moralmente falando ,um direcionamento comportamental,capaz de fazer com 
que cada servidor tenha uma noção clara de suas ações dentro e fora da esfera do 
serviço público . 
História da Ética 
Vamos partir do princípio que a história da ética teve sua origem, pelo menos sob o 
ponto de vista formal, na antigüidade grega, através de Aristóteles (384/322 a.C.) e suas 
idéias sobre a ética e as virtudes éticas. 
Cumpre advertir, antes de tudo, que a história da ética como disciplina filosófica é 
mais limitada no tempo e no material tratado do que a história das idéias morais da 
humanidade. Esta última história compreende o estudo de todas as normas que 
regularam a conduta humana desde os tempos pré-históricos até os nossos dias. 
Só há história da ética no âmbito da história da filosofia. Ainda assim, a história da 
ética adquire, por vezes, uma considerável amplitude, por quanto fica difícil, com 
freqüência, estabelecer uma separação rigorosa entre os sistemas morais; objeto 
próprio da ética; e o conjunto de normas e atitudes de caráter moral predominantes 
numa dada sociedade ou numa determinada fasehistórica. Com o fim de solucionar este 
problema, os historiadores da ética limitaram seu estudo àquelas idéias de caráter moral 
que possuem uma base filosófica, ou seja, que, em vez de se darem simplesmente como 
supostas, são examinadas em seus fundamentos; por outras palavras são 
filosoficamente justificadas. 
Existem as doutrinas éticas, ou teorias acerca da moral, que estão divididas nos 
seguintes segmentos, correlacionados historicamente: ética grega, ética cristã medieval, 
ética moderna e ética contemporânea. 
As doutrinas éticas fundamentais nascem e se desenvolvem em diferentes épocas e 
sociedades como respostas aos problemas básicos apresentados pelas relações entre os 
homens e em particular pelo seu comportamento moral efetivo. Por isto, existe uma 
estreita vinculação entre os conceitos morais e a realidade humana, social, sujeita 
historicamente à mudança. Por conseguinte, as doutrinas éticas não podem ser 
consideradas isoladamente, mas dentro de um processo de mudança e de sucessão que 
constitui propriamente a sua história. 
"Ethos ; ética, em grego ; designa a morada humana. O ser humano separa uma 
parte do mundo para, moldando-a ao seu jeito, construir um abrigo protetor e 
permanente. A ética, como morada humana, não é algo pronto e construído de uma só 
vez. O ser humano está sempre tornando habitável a casa que construiu para si. Ético 
 
8
 
significa, portanto, tudo aquilo que ajuda a tornar melhor o ambiente para que seja uma 
moradia saudável: materialmente sustentável, psicologicamente integrada e 
espiritualmente fecunda." - LEONARDO BOFF, A Águia e a galinha. 
A ética deve fundar-se no bem comum no respeito aos direitos do cidadão e na 
busca de uma vida digna para todos. - Ferreira Gullar 
A ética está para a democracia como a poesia está para a vida. - Marcio Souza 
Porque e para que sermos éticos? 
Desde a infância, estamos sujeitos à influência de nosso meio social, por intermédio 
da família, da escola, dos amigos, dos meios de comunicação de massa, etc. Vamos 
adquirindo, aos poucos, idéias morais. É o aspecto social da moral se manifestando e, 
mesmo ao nascer, o homem já se defronta com um conjunto de regras, normas e 
valores aceitos em seu grupo social. 
A moral, porém, não se reduz apenas a seu aspecto social, pois a medida que 
desenvolvemos nossa reflexão crítica passamos a questionar os valores herdados, para 
então decidir se aceitamos ou não as normas. A decisão de respeitar uma determinada 
norma é sempre fruto de uma reflexão pessoal consciente, que pode ser chamada de 
interiorização. É essa interiorização das normas que qualifica um ato como sendo moral. 
Por exemplo: existe uma norma no código de trânsito que nos proíbe de buzinar diante 
de um hospital. Podemos cumpri-la por razões íntimas, pela consciência de que os 
doentes sofrem com isso. Nesse caso houve a interiorização da norma e o ato é um ato 
moral. Mas, se apenas seguimos a norma por medo das punições previstas pelo código 
de trânsito, não houve o processo de interiorização e meu ato escapa do campo moral. 
Conforme afirmações anteriores, dizemos que a ética não se confunde com a moral. 
A moral é a regulação dos valores e comportamentos considerados legítimos por uma 
determinada sociedade, um povo, uma religião, uma certa tradição cultural etc. Há 
morais específicas, também, em grupos sociais mais restritos: uma instituição, um 
partido político... Há, portanto, muitas e diversas morais. Isto significa dizer que uma 
moral é um fenômeno social particular, que não tem compromisso com a 
universalidade, isto é, com o que é válido e de direito para todos os homens. Exceto 
quando atacada: justifica-se dizendo-se universal, supostamente válida para todos. Mas, 
então, todas e quaisquer normas morais são legítimas? Não deveria existir alguma forma 
de julgamento da validade das morais? Existe, e essa forma é o que chamamos de ética. 
A ética é uma reflexão crítica sobre a moralidade. Mas ela não é puramente teoria. A 
ética é um conjunto de princípios e disposições voltados para a ação, historicamente 
produzidos, cujo objetivo é balizar as ações humanas. A ética existe como uma 
referência para os seres humanos em sociedade, de modo tal que a sociedade possa se 
tornar cada vez mais humana. A ética pode e deve ser incorporada pelos indivíduos, sob 
a forma de uma atitude diante da vida cotidiana, capaz de julgar criticamente os apelos 
a-críticos da moral vigente. Mas a ética, tanto quanto a moral, não é um conjunto de 
verdades fixas, imutáveis. A ética se move, historicamente, se amplia e se adensa. Para 
entendermos como isso acontece na história da humanidade, basta lembrarmos que, 
 
9
 
um dia, a escravidão foi considerada "natural". Entre a moral e a ética há uma tensão 
permanente: a ação moral busca uma compreensão e uma justificação crítica universal, 
e a ética, por sua vez, exerce uma permanente vigilância crítica sobre a moral, para 
reforçá-la ou transformá-la. 
A ética está relacionada à opção, ao desejo de realizar a vida, mantendo com os 
outros relações justas e aceitáveis. Via de regra está fundamentada nas idéias de bem e 
virtude, enquanto valores perseguidos por todo ser humano e cujo alcance se traduz 
numa existência plena e feliz. O estudo da ética talvez tenha se iniciado com filósofos 
gregos há 25 séculos. Hoje em dia, seu campo de atuação ultrapassa os limites da 
filosofia e inúmeros outros pesquisadores do conhecimento dedicam-se a seu estudo. 
Sociólogos, psicólogos, biólogos e muitos outros profissionais desenvolvem trabalhos no 
campo da ética. 
Quando na antigüidade grega Aristóteles apresentou o problema teórico de definir 
o conceito de Bem, seu trabalho era de investigar o conteúdo do Bem e não definir o 
que cada indivíduo deveria fazer numa ação concreta, para que seu ato seja considerado 
bom ou mau. Evidentemente, esta investigação teórica sempre deixa conseqüências 
práticas, pois quando definimos o Bem, estamos indicando um caminho por onde os 
homens poderão se conduzir nas suas diversas situações particulares. 
A ética também estuda a responsabilidade do ato moral, ou seja, a decisão de agir 
numa situação concreta é um problema prático-moral, mas investigar se a pessoa pôde 
escolher entre duas ou mais alternativas de ação e agir de acordo com sua decisão é um 
problema teórico-ético, pois verifica a liberdade ou o determinismo ao qual nossos atos 
estão sujeitos. Se o determinismo é total, então não há mais espaço para a ética, pois se 
ela se refere às ações humanas e se essas ações estão totalmente determinadas de fora 
para dentro, não há qualquer espaço a liberdade, para a autodeterminação e, 
consequentemente, para a ética. 
A ética pode também contribuir para fundamentar ou justificar certa forma de 
comportamentos moral. Assim, se a ética revela uma relação entre o comportamento 
moral e as necessidades e os interesses sociais, ela nos ajudará a situar no devido lugar a 
moral efetiva, real, do grupo social. Por outro lado, ela nos permite exercitar uma forma 
de questionamento, onde nos colocamos diante do dilema entre "o que é" e o "que 
deveria ser", imunizando-nos contra a simplória assimilação dos valores e normas 
vigentes na sociedade e abrindo em nossas almas a possibilidade de desconfiarmos de 
que os valores morais vigentes podem estar encobrindo interesses que não 
correspondem às próprias causas geradoras da moral. A reflexão ética também permite 
a identificação de valores petrificados que já não mais satisfazem os interesses da 
sociedade a que servem. Jung Mo SUNG e Josué Cândido da SILVA (1995:17) nos dão um 
bom exemplo do que estamos falando: "Na época da escravidão, por exemplo, as 
pessoas acreditam que os escravos eram seres inferiores por natureza (como dizia 
Aristóteles) ou pela vontade divina (como diziam muitos na América colonial). Elas não 
se sentiameticamente questionadas diante da injustiça cometida contra os escravos. 
Isso porque o termo "injustiça" já é fruto de juízo ético de alguém que percebe que a 
realidade não é o que deveria ser." 
 
1
0 
Sendo a ética uma ciência, devemos evitar a tentação de reduzi-la ao campo 
exclusivamente normativo. Seu valor está naquilo que explica e não no fato de 
prescrever ou recomendar com vistas à ação em situações concretas. A ética também 
não tem caráter exclusivamente descrito pois visa investigar e explicar o 
comportamento moral, traço inerente da experiência humana. Não é função da ética 
formular juízos de valor quanto à prática moral de outras sociedades, mas explicar a 
razão de ser destas diferenças e o porque de os homens terem recorrido, ao longo da 
história, a práticas morais diferentes e até opostas. 
Por que e como ensinar ética aos filhos? 
 Uma pessoa só é ética quando se orienta por princípios e convicções. É função 
inalienável dos pais transmitirem uma conduta ética a seus filhos. Ética é uma matéria 
que faz parte do aprendizado de vida, no qual os pais devem ser os melhores 
professores. Então, como se ensina ética? Ensina-se aquilo que se tem e aquilo que se é. 
O que vai ser transmitido para os filhos não é o que se origina de um discurso verbal, 
mas sim o que se é e como se age. Sabe-se que a criança é um perfeito sensor para 
captar o que se passa na mente dos pais. A colocação dos limites adequados às atuações 
da criança é uma das formas importantes para se ensinar conduta ética. O "não" é um 
organizador fundamental da vida psíquica e necessário para que a criança se desenvolva. 
Receber "não" significa ter que lidar com frustração, adiar satisfação de necessidade e 
entreter tensão interna. Além disso, esse mesmo "não", serve também para que a 
criança aprenda, por insistir no se intento, alternativas inteligentes e aceitáveis para 
obter o que ela deseja. Aprende, assim, a controlar impulso, a regular as emoções, a 
desenvolver inteligência e o respeito pelo outro. Como a psicologia vem demonstrando, 
em inúmeros artigos publicados, limites fazem bem e são fundamentais para que o ser 
humano cresça forte e feliz. Uma criança, que vive sem os limites adequados, não se 
transforma em um homem íntegro e livre como se acreditou, ingenuamente, décadas 
atrás. Ao contrário, se transforma em alguém inconsistente, desorientado e 
dependente. Por quê? Porque a criança que apenas recebe sim, não precisa fazer 
confrontos, não precisa exercitar sua inteligência para buscar alternativas para conseguir 
o que quer, não precisa lutar para convencer os pais de que ela está certa. Tudo é 
possível a priori e isso a faz fraca, muitas vezes uma tirana em casa e uma covarde fora 
de casa, pois não teve chance de verdadeiramente lutar pelo que queria e que foi 
impedido. O confronto com os pais prepara a criança para os confrontos da vida. A 
criança enfrenta os pais para conquistar autonomia. 
 Ceres Araujo 
Ética , Moral e Direito 
É extremamente importante saber diferenciar a Ética da Moral e do Direito. Estas 
três áreas de conhecimento se distinguem, porém têm grandes vínculos e até mesmo 
sobreposições. 
Tanto a Moral como o Direito baseiam-se em regras que visam estabelecer uma 
certa previsibilidade para as ações humanas. Ambas, porém, se diferenciam. 
 
1
1 
A Moral estabelece regras que são assumidas pela pessoa, como uma forma de 
garantir o seu bem-viver. A Moral independe das fronteiras geográficas e garante uma 
identidade entre pessoas que sequer se conhecem, mas utilizam este mesmo referencial 
moral comum. 
O Direito busca estabelecer o regramento de uma sociedade delimitada pelas 
fronteiras do Estado. As leis têm uma base territorial, elas valem apenas para aquela 
área geográfica onde uma determinada população ou seus delegados vivem. Alguns 
autores afirmam que o Direito é um sub-conjunto da Moral. Esta perspectiva pode gerar 
a conclusão de que toda a lei é moralmente aceitável. Inúmeras situações demonstram a 
existência de conflitos entre a Moral e o Direito. A desobediência civil ocorre quando 
argumentos morais impedem que uma pessoa acate uma determinada lei. Este é um 
exemplo de que a Moral e o Direito, apesar de referirem-se a uma mesma sociedade, 
podem ter perspectivas discordantes. 
A Ética é o estudo geral do que é bom ou mau, correto ou incorreto, justo ou 
injusto, adequado ou inadequado. Um dos objetivos da Ética é a busca de justificativas 
para as regras propostas pela Moral e pelo Direito. Ela é diferente de ambos - Moral e 
Direito - pois não estabelece regras. Esta reflexão sobre a ação humana é que 
caracteriza a Ética. 
Ética e serviço público 
A insatisfação com a conduta ética no serviço público é um fato que vem sendo 
constantemente criticado pela sociedade brasileira. De modo geral, o país enfrenta o 
descrédito da opinião pública a respeito do comportamento dos administradores 
públicos e da classe política em todas as suas esferas: municipal, estadual e federal. A 
partir desse cenário, é natural que a expectativa da sociedade seja mais exigente com a 
conduta daqueles que desempenham atividades no serviço e na gestão de bens 
públicos. 
Para discorrer sobre o tema, é importante conceituar moral, moralidade e ética. A 
moral pode ser entendida como o conjunto de regras consideradas válidas, de modo 
absoluto, para qualquer tempo ou lugar, grupo ou pessoa determinada, ou, ainda, como 
a ciência dos costumes, a qual difere de país para país, sendo que, em nenhum lugar, 
permanece a mesma por muito tempo. Portanto, observa-se que a moral é mutável, 
variando de acordo com o desenvolvimento de cada sociedade. Em conseqüência, deste 
conceito, surgiria outro: o da moralidade, como a qualidade do que é moral. A ética, no 
entanto, representaria uma abordagem sobre as constantes morais, aquele conjunto de 
valores e costumes mais ou menos permanente no tempo e uniforme no espaço. A ética 
é a ciência da moral ou aquela que estuda o comportamento dos homens na sociedade. 
 
1
2 
A falta de ética, tão criticada pela sociedade, na condução do serviço público por 
administradores e políticos, generaliza a todos, colocando-os no mesmo patamar, além 
de constituir-se em uma visão imediatista. 
É certo que a crítica que a sociedade tem feito ao serviço público, seja ela por causa 
das longas filas ou da morosidade no andamento de processos, muitas vezes tem 
fundamento. Também, com referência ao gerenciamento dos recursos financeiros, têm-
se notícia, em todas as esferas de governo, de denúncias sobre desvio de verbas 
públicas, envolvendo administradores públicos e políticos em geral. 
A questão deveria ser conduzida com muita seriedade, porque desfazer a imagem 
negativa do padrão ético do serviço público brasileiro é tarefa das mais difíceis. 
Refletindo sobre a questão, acredita-se que uma alternativa, para o governo, 
poderia ser a oferta à sociedade de ações educativas de boa qualidade, nas quais os 
indivíduos pudessem ter, desde o início da sua formação, valores arraigados e trilhados 
na moralidade. Dessa forma, seriam garantidos aos mesmos, comportamentos mais 
duradouros e interiorização de princípios éticos. 
Outros caminhos seriam a repreensão e a repressão, e nesse ponto há de se levar 
em consideração as leis punitivas e os diversos códigos de ética de categorias 
profissionais e de servidores públicos, os quais trazem severas penalidades aos maus 
administradores. 
As leis, além de normatizarem determinado assunto, trazem, em seu conteúdo, 
penalidades de advertência, suspensão e reclusão do servidor público que infringir 
dispositivos previstos na legislação vigente. Uma das mais comentadas naatualidade é a 
Lei de Responsabilidade Fiscal, que estabelece normas de finanças públicas voltadas 
para a responsabilidade na gestão fiscal. 
Já os códigos de ética trazem, em seu conteúdo, o conjunto de normas a serem 
seguidas e as penalidades aplicáveis no caso do não cumprimento das mesmas. 
Normalmente, os códigos lembram aos funcionários que estes devem agir com 
dignidade, decoro, zelo e eficácia, para preservar a honra do serviço público. Enfatizam 
que é dever do servidor ser cortês, atencioso, respeitoso com os usuários do serviço 
público. Também, é dever do servidor ser rápido, assíduo, leal, correto e justo, 
escolhendo sempre aquela opção que beneficie o maior número de pessoas. Os códigos 
discorrem, ainda, sobre as obrigações, regras, cuidados e cautelas que devem ser 
observadas para cumprimento do objetivo maior que é o bem comum, prestando 
serviço público de qualidade à população. Afinal, esta última é quem alimenta a 
 
1
3 
máquina governamental dos recursos financeiros necessários à prestação dos serviços 
públicos, através do pagamento dos tributos previstos na legislação brasileira – ressalta-
se, aqui, a grande carga tributária imposta aos contribuintes brasileiros. Também, 
destaca-se nos códigos que a função do servidor deve ser exercida com transparência, 
competência, seriedade e compromisso com o bem estar da coletividade. 
Os códigos não deixam dúvidas quanto às questões que envolvem interesses 
particulares, as quais, jamais, devem ser priorizadas em detrimento daquelas de 
interesses públicos, ainda mais se forem caracterizadas como situações ilícitas. Dentre 
as proibições elencadas, tem-se o uso do cargo para obter favores, receber presentes, 
prejudicar alguém através de perseguições por qualquer que seja o motivo, a utilização 
de informações sigilosas em proveito próprio e a rasura e alteração de documentos e 
processos. Todas elas evocam os princípios fundamentais da administração pública: 
legalidade, impessoalidade, publicidade e moralidade – este último princípio 
intimamente ligado à ética no serviço público. Além desses, também se podem destacar 
os princípios da igualdade e da probidade. 
Criada pelo Presidente da República em maio de 2000, a Comissão de Ética Pública 
entende que o aperfeiçoamento da conduta ética decorreria da explicitação de regras 
claras de comportamento e do desenvolvimento de uma estratégia específica para a sua 
implementação. Na formulação dessa estratégia, a Comissão considera que é 
imprescindível levar em conta, como pressuposto, que a base do funcionalismo é 
estruturalmente sólida, pois deriva de valores tradicionais da classe média, onde ele é 
recrutado. Portanto, qualquer iniciativa que parta do diagnóstico de que se está diante 
de um problema endêmico de corrupção generalizada será inevitavelmente equivocada, 
injusta e contraproducente, pois alienaria o funcionalismo do esforço de 
aperfeiçoamento que a sociedade está a exigir. Afinal, não se poderia responsabilizar 
nem cobrar algo de alguém que sequer teve a oportunidade de conhecê-lo. 
Do ponto de vista da Comissão de Ética Pública, a repressão, na prática, é quase 
sempre ineficaz. O ideal seria a prevenção, através de identificação e de tratamento 
específico, das áreas da administração pública em que ocorressem, com maior 
freqüência, condutas incompatíveis com o padrão ético almejado para o serviço público. 
Essa é uma tarefa complicada, que deveria ser iniciada pelo nível mais alto da 
administração, aqueles que detém poder decisório. 
A Comissão defende que o administrador público deva ter Código de Conduta de 
linguagem simples e acessível, evitando termos jurídicos excessivamente técnicos, que 
norteie o seu comportamento enquanto permanecer no cargo e o proteja de acusações 
 
1
4 
infundadas. E vai mais longe ao defender que, na ausência de regras claras e práticas de 
conduta, corre-se o risco de inibir o cidadão honesto de aceitar cargo público de relevo. 
Além disso, afirma ser necessária a criação de mecanismo ágil de formulação dessas 
regras, assim como de sua difusão e fiscalização. Deveria existir uma instância à qual os 
administradores públicos pudessem recorrer em caso de dúvida e de apuração de 
transgressões, que seria, no caso, a Comissão de Ética Pública, como órgão de consulta 
da Presidência da República. 
Diante dessas reflexões, a ética deveria ser considerada como um caminho no qual 
os indivíduos tivessem condições de escolha livre e, nesse particular, é de grande 
importância a formação e as informações recebidas por cada cidadão ao longo da vida. 
A moralidade administrativa constitui-se, atualmente, num pressuposto de validade 
de todo ato da administração pública. A moral administrativa é imposta ao agente 
público para sua conduta interna, segundo as exigências da instituição a que serve, e a 
finalidade de sua ação: o bem comum. O administrador público, ao atuar, não poderia 
desprezar o elemento ético de sua conduta. 
A ética tem sido um dos mais trabalhados temas da atualidade, porque se vem 
exigindo valores morais em todas as instâncias da sociedade, sejam elas políticas, 
científicas ou econômicas. 
É a preocupação da sociedade em delimitar legal e ilegal, moral e imoral, justo e 
injusto. Desse conflito é que se ergue a ética, tão discutida pelos filósofos de toda a 
história mundial. 
Ética Profissional no Serviço Público Brasileiro 
A ética é um dos assuntos mais lembrados ao se falar em negócios, política e 
relacionamentos humanos. Isto diz respeito ao posicionamento ético ou moral das 
pessoas. 
 
Em face das conquistas tecnológicas atuais, a ética está mais do que nunca presente aos 
debates a respeito do comportamento humano. 
O estudo da ética é sempre necessário em decorrência da necessidade das pessoas 
orientarem seu comportamento de acordo com a nova realidade que se vislumbra 
diariamente na vida social. 
 
A ética é um dos assuntos mais lembrados ao se falar em negócios, política e 
relacionamentos humanos. Isto diz respeito ao posicionamento ético ou moral das 
pessoas. 
 
Em face das conquistas tecnológicas atuais, a ética está mais do que nunca presente aos 
 
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debates a respeito do comportamento humano. 
O estudo da ética é sempre necessário em decorrência da necessidade das pessoas 
orientarem seu comportamento de acordo com a nova realidade que se vislumbra 
diariamente na vida social. 
 
- A ética, seus conceitos e fundamentos 
 
A ética é uma ciência, um ramo da Filosofia. 
 
A reflexão sobre a postura ética dos indivíduos transcende o campo individual e alcança 
o plano profissional dos seres humanos. A ética está no nosso cotidiano. Em jornais, 
revistas, diálogos e outros aspectos de nossa realidade social, a ética é utilizada, 
lembrada, esquecida, mencionada ou até mesmo exigida. 
 
O fundamento da ética é ser do homem. A fonte de seu comportamento seria 
justamente a sua natureza. A única obrigação do ser humano é ser e agir como ser 
humano. O único mal do homem é não agir como homem. 
 
 A ética brota de dentro do ser humano, daqueles elementos que o caracterizam como 
ser humano. Entretanto, qualquer situação específica da pessoa deve brotar da 
realização do fundamental. Um dentista só vai se realizar como dentista, por exemplo, 
se ele se realizar como ser humano. 
 
Ética vem do grego "ethos" e significa morada. Heidegger da ao "ethos" o significado de 
"morada do ser". A construção da ética parte das exigências ou necessidades 
fundamentais da natureza humana. 
 
A ética indica direções, descortina horizontes para a própria realização do ser humano. 
Ela é "a construção constante de um "sim" a favor do enriquecimento do ser pessoal. 
Deve ser eminentemente positiva e não proibitiva. Por exemplo,é mais importante 
respeitar a vida do que não matar. 
 
A ética antecede a qualquer lei ou código de conduta. Pode-se dizer que "...a ética é a 
ciência que tem por objeto a finalidade da vida humana e os meios para que isto seja 
alcançado". 
 
Ética é parte da filosofia responsável pela investigação dos princípios que motivam, 
distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano, refletindo 
especialmente a respeito da essência das normas, valores, prescrições e exortações 
presentes em qualquer realidade social. 
 
Por extensão, ética é o conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa e moral de 
um indivíduo, de um grupo social ou de uma sociedade (ética profissional, ética 
psicanalítica, ética na universidade). 
 
Segundo Antônio Lopes de Sá, em um sentido mais amplo: "a Ética tem sido entendida 
como a ciência da conduta humana perante o ser e seus semelhantes. Envolve, pois, os 
 
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6 
estudos de aprovação ou desaprovação da ação dos homens e a consideração de valor 
como equivalente de uma medição do que é real e voluntarioso no campo das ações 
virtuosas. Encara a virtude como prática do bem e esta como promotora da felicidade 
dos seres, quer individualmente, quer coletivamente, mas também avalia os 
desempenhos humanos em relação às normas comportamentais pertinentes. 
 
A ética é ciência que estuda o agir dos seres humanos, a sua conduta, analisando as 
formas de conduta de forma que a mesma se reverta em benefício dos primeiros. 
 
Ela cuida das formas ideais da ação humana na procura da essência do Ser, visando ao 
estabelecimento de conexões entre o material e o espiritual. É uma ciência que busca as 
formas ideais de conduta e os modelos de conduta conveniente, objetiva, dos seres 
humanos. 
 
Um dos significados do termo grego "ethos" é "costumes". A palavra "moral" também 
vem do latim e significa "costumes". 
 
Para o autor mexicano Sanchez: "A ética é a teoria ou ciência do comportamento moral 
dos homens em sociedade" 
Francisco de Salles Almeida Mafra Filho 
Doutor em direito administrativo pela UFMG 
 
CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO SERVIDOR PÚBLICO CIVIL DO PODER 
EXECUTIVO FEDERAL 
DECRETO N° 1.171, DE 22 DE JUNHO DE 1994 
Aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo 
Federal. 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, 
incisos IV e VI, e ainda tendo em vista o disposto no art. 37 da Constituição, bem como 
nos arts. 116 e 117 da Lei n° 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e nos arts. 10, 11 e 12 
da Lei n° 8.429, de 2 de junho de 1992, 
DECRETA: 
 
Art. 1° Fica aprovado o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder 
Executivo Federal, que com este baixa. 
Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta e indireta 
implementarão, em sessenta dias, as providências necessárias à plena vigência do 
Código de Ética, inclusive mediante a constituição da respectiva Comissão de Ética, 
 
1
7 
integrada por três servidores ou empregados titulares de cargo efetivo ou emprego 
permanente. 
 
Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética será comunicada à Secretaria da 
Administração Federal da Presidência da República, com a indicação dos respectivos 
membros titulares e suplentes. 
Art. 3° Este decreto entra em vigor na data de sua publicação. 
Brasília, 22 de junho de 1994, 173° da Independência e 106° da República. 
ITAMAR FRANCO 
Romildo Canhim 
Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal 
 
 
 
 
CAPÍTULO I 
Seção I 
Das Regras Deontológicas 
I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios morais são 
primados maiores que devem nortear o servidor público, seja no exercício do cargo ou 
função, ou fora dele, já que refletirá o exercício da vocação do próprio poder estatal. 
Seus atos, comportamentos e atitudes serão direcionados para a preservação da honra e 
da tradição dos serviços públicos. 
 
II - O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua conduta. 
Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o 
conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o 
honesto e o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da 
Constituição Federal. 
III - A moralidade da Administração Pública não se limita à distinção entre o bem e o 
mal, devendo ser acrescida da idéia de que o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio 
entre a legalidade e a finalidade, na conduta do servidor público, é que poderá 
consolidar a moralidade do ato administrativo. 
IV- A remuneração do servidor público é custeada pelos tributos pagos direta ou 
indiretamente por todos, até por ele próprio, e por isso se exige, como contrapartida, 
 
1
8 
que a moralidade administrativa se integre no Direito, como elemento indissociável de 
sua aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, como conseqüência em fator de 
legalidade. 
V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a comunidade deve ser 
entendido como acréscimo ao seu próprio bem-estar, já que, como cidadão, integrante 
da sociedade, o êxito desse trabalho pode ser considerado como seu maior patrimônio. 
VI - A função pública deve ser tida como exercício profissional e, portanto, se 
integra na vida particular de cada servidor público. Assim, os fatos e atos verificados na 
conduta do dia-a-dia em sua vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom 
conceito na vida funcional. 
VII - Salvo os casos de segurança nacional, investigações policiais ou interesse 
superior do Estado e da Administração Pública, a serem preservados em processo 
previamente declarado sigiloso, nos termos da lei, a publicidade de qualquer ato 
administrativo constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando sua omissão 
comprometimento ético contra o bem comum, imputável a quem a negar. 
VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não pode omiti-la ou falseá-la, 
ainda que contrária aos interesses da própria pessoa interessada ou da Administração 
Pública. Nenhum Estado pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo do 
hábito do erro, da opressão, ou da mentira, que sempre aniquilam até mesmo a 
dignidade humana quanto mais a de uma Nação. 
IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedicados ao serviço público 
caracterizam o esforço pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos 
direta ou indiretamente significa causar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano 
a qualquer bem pertencente ao patrimônio público, deteriorando-o, por descuido ou má 
vontade, não constitui apenas uma ofensa ao equipamento e às instalações ou ao 
Estado, mas a todos os homens de boa vontade que dedicaram sua inteligência, seu 
tempo, suas esperanças e seus esforços para construí-los. 
X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de solução que compete ao 
setor em que exerça suas funções, permitindo a formação de longas filas, ou qualquer 
outra espécie de atraso na prestação do serviço, não caracteriza apenas atitude contra a 
ética ou ato de desumanidade, mas principalmente grave dano moral aos usuários dos 
serviços públicos. 
XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legais de seus superiores, 
velando atentamente por seu cumprimento, e, assim, evitando a conduta negligente Os 
repetidos erros, o descaso e o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis de 
corrigir e caracterizam até mesmo imprudência no desempenho da função pública. 
XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu local de trabalho é fator de 
desmoralização do serviço público, o que quase sempre conduz à desordem nas relações 
humanas. 
 
1
9 
XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a estruturaorganizacional, 
respeitando seus colegas e cada concidadão, colabora e de todos pode receber 
colaboração, pois sua atividade pública é a grande oportunidade para o crescimento e o 
engrandecimento da Nação. 
Seção II 
Dos Principais Deveres do Servidor Público 
XIV - São deveres fundamentais do servidor público: 
a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função ou emprego público de 
que seja titular; 
b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimento, pondo fim ou 
procurando prioritariamente resolver situações procrastinatórias, principalmente diante 
de filas ou de qualquer outra espécie de atraso na prestação dos serviços pelo setor em 
que exerça suas atribuições, com o fim de evitar dano moral ao usuário; 
c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integridade do seu caráter, 
escolhendo sempre, quando estiver diante de duas opções, a melhor e a mais vantajosa 
para o bem comum; 
d) jamais retardar qualquer prestação de contas, condição essencial da gestão dos 
bens, direitos e serviços da coletividade a seu cargo; 
e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços, aperfeiçoando o processo de 
comunicação e contato com o público; 
f) ter consciência de que seu trabalho é regido por princípios éticos que se 
materializam na adequada prestação dos serviços públicos; 
g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, respeitando a capacidade e 
as limitações individuais de todos os usuários do serviço público, sem qualquer espécie 
de preconceito ou distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, cunho 
político e posição social, abstendo-se, dessa forma, de causar-lhes dano moral; 
h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de representar contra 
qualquer comprometimento indevido da estrutura em que se funda o Poder Estatal; 
i) resistir a todas as pressões de superiores hierárquicos, de contratantes, 
interessados e outros que visem obter quaisquer favores, benesses ou vantagens 
indevidas em decorrência de ações morais, ilegais ou aéticas e denunciá-las; 
j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências específicas da defesa da 
vida e da segurança coletiva; 
l) ser assíduo e freqüente ao serviço, na certeza de que sua ausência provoca danos 
ao trabalho ordenado, refletindo negativamente em todo o sistema; 
 
2
0 
m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e qualquer ato ou fato 
contrário ao interesse público, exigindo as providências cabíveis; 
n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho, seguindo os métodos 
mais adequados à sua organização e distribuição; 
o) participar dos movimentos e estudos que se relacionem com a melhoria do 
exercício de suas funções, tendo por escopo a realização do bem comum; 
p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas ao exercício da função; 
q) manter-se atualizado com as instruções, as normas de serviço e a legislação 
pertinentes ao órgão onde exerce suas funções; 
r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as instruções superiores, as 
tarefas de seu cargo ou função, tanto quanto possível, com critério, segurança e rapidez, 
mantendo tudo sempre em boa ordem. 
s) facilitar a fiscalização de todos os atos ou serviços por quem de direito; 
t) exercer, com estrita moderação, as prerrogativas funcionais que lhe sejam 
atribuídas, abstendo-se de fazê-lo contrariamente aos legítimos interesses dos usuários 
do serviço público e dos jurisdicionados administrativos; 
u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, poder ou autoridade com 
finalidade estranha ao interesse público, mesmo que observando as formalidades legais 
e não cometendo qualquer violação expressa à lei; 
v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe sobre a existência deste 
Código de Ética, estimulando o seu integral cumprimento. 
Seção III 
Das Vedações ao Servidor Público 
XV - E vedado ao servidor público; 
a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, posição e influências, 
para obter qualquer favorecimento, para si ou para outrem; 
b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros servidores ou de cidadãos que 
deles dependam; 
c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente com erro ou infração a 
este Código de Ética ou ao Código de Ética de sua profissão; 
d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício regular de direito por 
qualquer pessoa, causando-lhe dano moral ou material; 
 
2
1 
e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu alcance ou do seu 
conhecimento para atendimento do seu mister; 
f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos, paixões ou interesses 
de ordem pessoal interfiram no trato com o público, com os jurisdicionados 
administrativos ou com colegas hierarquicamente superiores ou inferiores; 
g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo de ajuda financeira, 
gratificação, prêmio, comissão, doação ou vantagem de qualquer espécie, para si, 
familiares ou qualquer pessoa, para o cumprimento da sua missão ou para influenciar 
outro servidor para o mesmo fim; 
h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva encaminhar para 
providências; 
i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do atendimento em serviços 
públicos; 
j) desviar servidor público para atendimento a interesse particular; 
l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente autorizado, qualquer 
documento, livro ou bem pertencente ao patrimônio público; 
m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito interno de seu serviço, 
em benefício próprio, de parentes, de amigos ou de terceiros; 
n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele habitualmente; 
o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra a moral, a 
honestidade ou a dignidade da pessoa humana; 
p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome a empreendimentos de 
cunho duvidoso 
DECRETO Nº 6.029, DE 1º DE FEVEREIRO DE 2007. 
 
Institui Sistema de Gestão da Ética do 
Poder Executivo Federal, e dá outras 
providências. 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso 
VI, alínea “a”, da Constituição, 
DECRETA: 
 
2
2 
Art. 1o Fica instituído o Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal com 
a finalidade de promover atividades que dispõem sobre a conduta ética no âmbito do 
Executivo Federal, competindo-lhe: 
I - integrar os órgãos, programas e ações relacionadas com a ética pública; 
II - contribuir para a implementação de políticas públicas tendo a transparência e o 
acesso à informação como instrumentos fundamentais para o exercício de gestão da 
ética pública; 
III - promover, com apoio dos segmentos pertinentes, a compatibilização e 
interação de normas, procedimentos técnicos e de gestão relativos à ética pública; 
IV - articular ações com vistas a estabelecer e efetivar procedimentos de incentivo e 
incremento ao desempenho institucional na gestão da ética pública do Estado 
brasileiro. 
Art. 2o Integram o Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal: 
I - a Comissão de Ética Pública - CEP, instituída pelo Decreto de 26 de maio de 1999; 
II - as Comissões de Ética de que trata o Decreto no 1.171, de 22 de junho de 1994; e 
III - as demais Comissões de Ética e equivalentes nas entidades e órgãos do Poder 
Executivo Federal. 
Art. 3o A CEP será integrada por sete brasileiros que preencham os requisitos de 
idoneidade moral, reputação ilibada e notória experiência em administração pública, 
designados pelo Presidente da República, para mandatos de três anos, não coincidentes, 
permitida uma única recondução. 
§ 1o A atuação no âmbito da CEP não enseja qualquer remuneração para seus 
membros e os trabalhos nela desenvolvidossão considerados prestação de relevante 
serviço público. 
§ 2o O Presidente terá o voto de qualidade nas deliberações da Comissão. 
§ 3o Os mandatos dos primeiros membros serão de um, dois e três anos, 
estabelecidos no decreto de designação. 
Art. 4o À CEP compete: 
I - atuar como instância consultiva do Presidente da República e Ministros de Estado 
em matéria de ética pública; 
II - administrar a aplicação do Código de Conduta da Alta Administração Federal, 
devendo: 
 
2
3 
a) submeter ao Presidente da República medidas para seu aprimoramento; 
b) dirimir dúvidas a respeito de interpretação de suas normas, deliberando sobre 
casos omissos; 
c) apurar, mediante denúncia, ou de ofício, condutas em desacordo com as normas 
nele previstas, quando praticadas pelas autoridades a ele submetidas; 
III - dirimir dúvidas de interpretação sobre as normas do Código de Ética Profissional 
do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal de que trata o Decreto no 1.171, de 
1994; 
IV - coordenar, avaliar e supervisionar o Sistema de Gestão da Ética Pública do 
Poder Executivo Federal; 
V - aprovar o seu regimento interno; e 
VI - escolher o seu Presidente. 
Parágrafo único. A CEP contará com uma Secretaria-Executiva, vinculada à Casa 
Civil da Presidência da República, à qual competirá prestar o apoio técnico e 
administrativo aos trabalhos da Comissão. 
Art. 5o Cada Comissão de Ética de que trata o Decreto no 1171, de 1994, será 
integrada por três membros titulares e três suplentes, escolhidos entre servidores e 
empregados do seu quadro permanente, e designados pelo dirigente máximo da 
respectiva entidade ou órgão, para mandatos não coincidentes de três anos. 
Art. 6o É dever do titular de entidade ou órgão da Administração Pública Federal, 
direta e indireta: 
I - assegurar as condições de trabalho para que as Comissões de Ética cumpram 
suas funções, inclusive para que do exercício das atribuições de seus integrantes não 
lhes resulte qualquer prejuízo ou dano; 
II - conduzir em seu âmbito a avaliação da gestão da ética conforme processo 
coordenado pela Comissão de Ética Pública. 
Art. 7o Compete às Comissões de Ética de que tratam os incisos II e III do art. 2o: 
I - atuar como instância consultiva de dirigentes e servidores no âmbito de seu 
respectivo órgão ou entidade; 
II - aplicar o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo 
Federal, aprovado pelo Decreto 1.171, de 1994, devendo: 
a) submeter à Comissão de Ética Pública propostas para seu aperfeiçoamento; 
 
2
4 
b) dirimir dúvidas a respeito da interpretação de suas normas e deliberar sobre 
casos omissos; 
c) apurar, mediante denúncia ou de ofício, conduta em desacordo com as normas 
éticas pertinentes; e 
d) recomendar, acompanhar e avaliar, no âmbito do órgão ou entidade a que 
estiver vinculada, o desenvolvimento de ações objetivando a disseminação, capacitação 
e treinamento sobre as normas de ética e disciplina; 
III - representar a respectiva entidade ou órgão na Rede de Ética do Poder Executivo 
Federal a que se refere o art. 9o; e 
IV - supervisionar a observância do Código de Conduta da Alta Administração 
Federal e comunicar à CEP situações que possam configurar descumprimento de suas 
normas. 
§ 1o Cada Comissão de Ética contará com uma Secretaria-Executiva, vinculada 
administrativamente à instância máxima da entidade ou órgão, para cumprir plano de 
trabalho por ela aprovado e prover o apoio técnico e material necessário ao 
cumprimento das suas atribuições. 
§ 2o As Secretarias-Executivas das Comissões de Ética serão chefiadas por servidor 
ou empregado do quadro permanente da entidade ou órgão, ocupante de cargo de 
direção compatível com sua estrutura, alocado sem aumento de despesas. 
Art. 8o Compete às instâncias superiores dos órgãos e entidades do Poder 
Executivo Federal, abrangendo a administração direta e indireta: 
I - observar e fazer observar as normas de ética e disciplina; 
II - constituir Comissão de Ética; 
III - garantir os recursos humanos, materiais e financeiros para que a Comissão 
cumpra com suas atribuições; e 
IV - atender com prioridade às solicitações da CEP. 
Art. 9o Fica constituída a Rede de Ética do Poder Executivo Federal, integrada pelos 
representantes das Comissões de Ética de que tratam os incisos I, II e III do art. 2o, com o 
objetivo de promover a cooperação técnica e a avaliação em gestão da ética. 
Parágrafo único. Os integrantes da Rede de Ética se reunirão sob a coordenação da 
Comissão de Ética Pública, pelo menos uma vez por ano, em fórum específico, para 
avaliar o programa e as ações para a promoção da ética na administração pública. 
Art. 10. Os trabalhos da CEP e das demais Comissões de Ética devem ser 
desenvolvidos com celeridade e observância dos seguintes princípios: 
 
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I - proteção à honra e à imagem da pessoa investigada; 
II - proteção à identidade do denunciante, que deverá ser mantida sob reserva, se 
este assim o desejar; e 
III - independência e imparcialidade dos seus membros na apuração dos fatos, com 
as garantias asseguradas neste Decreto. 
Art. 11. Qualquer cidadão, agente público, pessoa jurídica de direito privado, 
associação ou entidade de classe poderá provocar a atuação da CEP ou de Comissão de 
Ética, visando à apuração de infração ética imputada a agente público, órgão ou setor 
específico de ente estatal. 
Parágrafo único. Entende-se por agente público, para os fins deste Decreto, todo 
aquele que, por força de lei, contrato ou qualquer ato jurídico, preste serviços de 
natureza permanente, temporária, excepcional ou eventual, ainda que sem retribuição 
financeira, a órgão ou entidade da administração pública federal, direta e indireta. 
Art. 12. O processo de apuração de prática de ato em desrespeito ao preceituado 
no Código de Conduta da Alta Administração Federal e no Código de Ética Profissional 
do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal será instaurado, de ofício ou em 
razão de denúncia fundamentada, respeitando-se, sempre, as garantias do contraditório 
e da ampla defesa, pela Comissão de Ética Pública ou Comissões de Ética de que tratam 
o incisos II e III do art. 2º, conforme o caso, que notificará o investigado para manifestar-
se, por escrito, no prazo de dez dias. 
§ 1o O investigado poderá produzir prova documental necessária à sua defesa. 
§ 2o As Comissões de Ética poderão requisitar os documentos que entenderem 
necessários à instrução probatória e, também, promover diligências e solicitar parecer 
de especialista. 
§ 3o Na hipótese de serem juntados aos autos da investigação, após a manifestação 
referida no caput deste artigo, novos elementos de prova, o investigado será notificado 
para nova manifestação, no prazo de dez dias. 
§ 4o Concluída a instrução processual, as Comissões de Ética proferirão decisão 
conclusiva e fundamentada. 
§ 5o Se a conclusão for pela existência de falta ética, além das providências 
previstas no Código de Conduta da Alta Administração Federal e no Código de Ética 
Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, as Comissões de Ética 
tomarão as seguintes providências, no que couber: 
I - encaminhamento de sugestão de exoneração de cargo ou função de confiança à 
autoridade hierarquicamente superior ou devolução ao órgão de origem, conforme o 
caso; 
 
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II -- encaminhamento, conforme o caso, para a Controladoria-Geral da União ou 
unidade específica do Sistema de Correição do Poder Executivo Federal de que trata o 
Decreto n o 5.480, de 30 de junho de 2005, para exame de eventuais transgressões 
disciplinares; e 
III - recomendação de abertura de procedimento administrativo, se a gravidade da 
conduta assim o exigir. 
Art. 13. Serámantido com a chancela de “reservado”, até que esteja concluído, 
qualquer procedimento instaurado para apuração de prática em desrespeito às normas 
éticas. 
§ 1o Concluída a investigação e após a deliberação da CEP ou da Comissão de Ética 
do órgão ou entidade, os autos do procedimento deixarão de ser reservados. 
§ 2o Na hipótese de os autos estarem instruídos com documento acobertado por 
sigilo legal, o acesso a esse tipo de documento somente será permitido a quem detiver 
igual direito perante o órgão ou entidade originariamente encarregado da sua guarda. 
§ 3o Para resguardar o sigilo de documentos que assim devam ser mantidos, as 
Comissões de Ética, depois de concluído o processo de investigação, providenciarão para 
que tais documentos sejam desentranhados dos autos, lacrados e acautelados. 
Art. 14. A qualquer pessoa que esteja sendo investigada é assegurado o direito de 
saber o que lhe está sendo imputado, de conhecer o teor da acusação e de ter vista dos 
autos, no recinto das Comissões de Ética, mesmo que ainda não tenha sido notificada da 
existência do procedimento investigatório. 
Parágrafo único. O direito assegurado neste artigo inclui o de obter cópia dos autos 
e de certidão do seu teor. 
Art. 15. Todo ato de posse, investidura em função pública ou celebração de 
contrato de trabalho, dos agentes públicos referidos no parágrafo único do art. 11, 
deverá ser acompanhado da prestação de compromisso solene de acatamento e 
observância das regras estabelecidas pelo Código de Conduta da Alta Administração 
Federal, pelo Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo 
Federal e pelo Código de Ética do órgão ou entidade, conforme o caso. 
Parágrafo único . A posse em cargo ou função pública que submeta a autoridade às 
normas do Código de Conduta da Alta Administração Federal deve ser precedida de 
consulta da autoridade à Comissão de Ética Pública, acerca de situação que possa 
suscitar conflito de interesses. 
Art. 16. As Comissões de Ética não poderão escusar-se de proferir decisão sobre 
matéria de sua competência alegando omissão do Código de Conduta da Alta 
Administração Federal, do Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder 
Executivo Federal ou do Código de Ética do órgão ou entidade, que, se existente, será 
 
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suprida pela analogia e invocação aos princípios da legalidade, impessoalidade, 
moralidade, publicidade e eficiência. 
§ 1o Havendo dúvida quanto à legalidade, a Comissão de Ética competente deverá 
ouvir previamente a área jurídica do órgão ou entidade. 
§ 2o Cumpre à CEP responder a consultas sobre aspectos éticos que lhe forem 
dirigidas pelas demais Comissões de Ética e pelos órgãos e entidades que integram o 
Executivo Federal, bem como pelos cidadãos e servidores que venham a ser indicados 
para ocupar cargo ou função abrangida pelo Código de Conduta da Alta Administração 
Federal. 
Art. 17. As Comissões de Ética, sempre que constatarem a possível ocorrência de 
ilícitos penais, civis, de improbidade administrativa ou de infração disciplinar, 
encaminharão cópia dos autos às autoridades competentes para apuração de tais fatos, 
sem prejuízo das medidas de sua competência. 
Art. 18. As decisões das Comissões de Ética, na análise de qualquer fato ou ato 
submetido à sua apreciação ou por ela levantado, serão resumidas em ementa e, com a 
omissão dos nomes dos investigados, divulgadas no sítio do próprio órgão, bem como 
remetidas à Comissão de Ética Pública. 
Art. 19. Os trabalhos nas Comissões de Ética de que tratam os incisos II e III do art. 
2o são considerados relevantes e têm prioridade sobre as atribuições próprias dos cargos 
dos seus membros, quando estes não atuarem com exclusividade na Comissão. 
Art. 20. Os órgãos e entidades da Administração Pública Federal darão tratamento 
prioritário às solicitações de documentos necessários à instrução dos procedimentos de 
investigação instaurados pelas Comissões de Ética . 
§ 1o Na hipótese de haver inobservância do dever funcional previsto no caput, a 
Comissão de Ética adotará as providências previstas no inciso III do § 5o do art. 12. 
§ 2o As autoridades competentes não poderão alegar sigilo para deixar de prestar 
informação solicitada pelas Comissões de Ética. 
Art. 21. A infração de natureza ética cometida por membro de Comissão de Ética 
de que tratam os incisos II e III do art. 2o será apurada pela Comissão de Ética Pública. 
Art. 22. A Comissão de Ética Pública manterá banco de dados de sanções aplicadas 
pelas Comissões de Ética de que tratam os incisos II e III do art. 2o e de suas próprias 
sanções, para fins de consulta pelos órgãos ou entidades da administração pública 
federal, em casos de nomeação para cargo em comissão ou de alta relevância pública. 
Parágrafo único. O banco de dados referido neste artigo engloba as sanções 
aplicadas a qualquer dos agentes públicos mencionados no parágrafo único do art. 11 
deste Decreto. 
 
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Art. 23. Os representantes das Comissões de Ética de que tratam os incisos II e III 
do art. 2o atuarão como elementos de ligação com a CEP, que disporá em Resolução 
própria sobre as atividades que deverão desenvolver para o cumprimento desse mister. 
Art. 24. As normas do Código de Conduta da Alta Administração Federal, do Código 
de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal e do Código de 
Ética do órgão ou entidade aplicam-se, no que couber, às autoridades e agentes públicos 
neles referidos, mesmo quando em gozo de licença. 
Art. 25. Ficam revogados os incisos XVII, XIX, XX, XXI, XXIII e XXVdo Código de Ética 
Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, aprovado pelo Decreto no 
1.171, de 22 de junho de 1994, os arts. 2o e 3odo Decreto de 26 de maio de 1999, que cria a 
Comissão de Ética Pública, e os Decretos de 30 de agosto de 2000 e de 18 de maio de 2001, 
que dispõem sobre a Comissão de Ética Pública. 
Art. 26. Este Decreto entra em vigor na data da sua publicação. 
Brasília, 1º de fevereiro de 2007; 186o da Independência e 119o da República. 
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA 
Dilma Rousseff 
CAPÍTULO II 
Das Comissões de Ética 
Revogações do Decreto 1171/94 feitas pelo Decreto 6029 
XVI - Em todos os órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta, 
indireta autárquica e fundacional, ou em qualquer órgão ou entidade que exerça 
atribuições delegadas pelo poder público, deverá ser criada uma Comissão de Ética, 
encarregada de orientar e aconselhar sobre a ética profissional do servidor, no 
tratamento com as pessoas e com o patrimônio público, competindo-lhe conhecer 
concretamente de imputação ou de procedimento susceptível de censura. 
(Revogado pelo DECRETO Nº 6.029 / 1º.02.2007) - XIX - Os procedimentos a serem 
adotados pela Comissão de Ética, para a apuração de fato ou ato que, em princípio, se 
apresente contrário à ética, em conformidade com este Código, terão o rito sumário, 
ouvidos apenas o queixoso e o servidor, ou apenas este, se a apuração decorrer de 
conhecimento de ofício, cabendo sempre recurso ao respectivo Ministro de Estado. 
Comentário: A Comissão de Ética será formada por TRÊS MEMBROS TITULARES E 
TRÊS SUPLENTES, ESCOLHIDOS ENTRE OS SERVIDORES E EMPREGADOS DO SEU QUADRO 
PERMANENTE. 
(Revogado pelo DECRETO Nº 6.029 / 1º.02.2007) - XVII -- Cada Comissão de Ética, 
integrada por três servidores públicos e respectivos suplentes, poderá instaurar, de 
ofício, processo sobre ato, fato ou conduta que considerar passível de infringência a 
princípio ou norma ético-profissional, podendo ainda conhecer de consultas, denúncias 
 
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ou representações formuladas contra o servidor público, a repartição ou o setor em que 
haja ocorrido a falta, cuja análise e deliberação forem recomendáveispara atender ou 
resguardar o exercício do cargo ou função pública, desde que formuladas por 
autoridade, servidor, jurisdicionados administrativos, qualquer cidadão que se 
identifique ou quaisquer entidades associativas regularmente consituídas. 
Comentário:Nos dias atuais ,a denúncia pode ser anônima. 
XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos organismos encarregados da 
execução do quadro de carreira dos servidores, os registros sobre sua conduta Ética, 
para o efeito de instruir e fundamentar promoções e para todos os demais 
procedimentos próprios da carreira do servidor público. 
Comentário: As decisões das Comissões de Ética ,se forem consideradas injustas 
,imorais,atc pelo servidor ,não cabem recurso. 
(Revogado pelo DECRETO Nº 6.029 / 1º.02.2007) - XX - Dada à eventual gravidade 
da conduta do servidor ou sua reincidência, poderá a Comissão de Ética encaminhar a 
sua decisão e respectivo expediente para a Comissão Permanente de Processo 
Disciplinar do respectivo órgão, se houver, e, cumulativamente, se for o caso, à entidade 
em que, por exercício profissional, o servidor público esteja inscrito, para as 
providências disciplinares cabíveis. O retardamento dos procedimentos aqui prescritos 
implicará comprometimento ético da própria Comissão, cabendo à Comissão de Ética do 
órgão hierarquicamente superior o seu conhecimento e providências. 
 (Revogado pelo DECRETO Nº 6.029 / 1º.02.2007) - XXI - As decisões da Comissão de 
Ética, na análise de qualquer fato ou ato submetido à sua apreciação ou por ela 
levantado, serão resumidas em ementa e, com a omissão dos nomes dos interessados, 
divulgadas no próprio órgão, bem como remetidas às demais Comissões de Ética, criadas 
com o fito de formação da consciência ética na prestação de serviços públicos. Uma 
cópia completa de todo o expediente deverá ser remetida à Secretaria da Administração 
Federal da Presidência da República. 
Comentário:As decisõess das Comissões de Ética serãoserão remetidas a 
CEP(Comissão de Ética Pública) 
XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Comissão de Ética é a de censura e 
sua fundamentação constará do respectivo parecer, assinado por todos os seus 
integrantes, com ciência do faltoso. 
(Revogado pelo DECRETO Nº 6.029 / 1º.02.2007) - XXIII - A Comissão de Ética não 
poderá se eximir de fundamentar o julgamento da falta de ética do servidor público ou 
do prestador de serviços contratado, alegando a falta de previsão neste Código, 
cabendo-lhe recorrer à analogia, aos costumes e aos princípios éticos e morais 
conhecidos em outras profissões; 
Comentário:A Comissão de Ética não poderá jamais deixar de apurar falta ética do 
servidor ,deverá para tanto ,no caso de não haver previsão no Código de Ética,invocar os 
 
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princípios da Administração Pública(legalidade,Impessoalidade,moralidade,publicidade e 
eficiência) 
XXIV - Para fins de apuração do comprometimento ético, entende-se por servidor 
público todo aquele que, por força de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico, preste 
serviços de natureza permanente, temporária ou excepcional, ainda que sem retribuição 
financeira, desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer órgão do poder estatal, 
como as autarquias, as fundações públicas, as entidades paraestatais, as empresas 
públicas e as sociedades de economia mista, ou em qualquer setor onde prevaleça o 
interesse do Estado. 
(Revogado pelo DECRETO Nº 6.029 / 1º.02.2007) - XXV - Em cada órgão do Poder 
Executivo Federal em que qualquer cidadão houver de tomar posse ou ser investido em 
função pública, deverá ser prestado, perante a respectiva Comissão de Ética, um 
compromisso solene de acatamento e observância das regras estabelecidas por este 
Código de Ética e de todos os princípios éticos e morais estabelecidos pela tradição e 
pelos bons costumes. 
Prova do MPS comentada: 
A história da ética é tema de concurso público uma vez que as discussões acerca da 
ética nas atividades públicas iniciaram-se na Grécia antiga e continuam até os dias 
atuais, gerando legislações que procuram traduzir a moral e os princípios desejados 
socialmente. 
As assertivas abaixo da prova do Concurso Público para Agente MPS/2009 
apresentam importantes considerações sobre a história da Ética, a saber: 
(CESPE/UnB Agente Administrativo – MPS/2009) Os conceitos de ética e política 
estão diretamente associados, desde a Grécia antiga. Para os gregos, a política deveria 
visar ao bem-estar da sociedade. 
Comentário: 
A assertiva está correta. A ética grega, aflorada nos gênios de Platão, Sócrates e 
Aristóteles, conseguiu elevar a ética como disciplina filosófica, fazendo o mundo 
despertar para a ética. Os conceitos de ética e política estão diretamente associados, 
desde a Grécia Antiga, que considerava que a política visaria ao bem-estar da sociedade. 
Na filosofia aristotélica a política é um desdobramento natural da ética. Ambas, na 
verdade, compõem a unidade do que Aristóteles chamava de filosofia prática. Se a ética 
está preocupada com a felicidade individual do homem, a política se preocupa com a 
felicidade coletiva da pólis. Desse modo, é tarefa da política investigar e descobrir quais 
são as formas de governo e as instituições capazes de assegurar a felicidade coletiva. 
 (CESPE/UnB Agente Administrativo – MPS/2009) É a ética da convicção que prega 
a necessidade de o indivíduo ter consciência de que suas ações terão efeitos nas 
gerações seguintes. 
 
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Comentário: 
A assertiva está errada. Max Weber (1864-1920) apresenta um pensamento que 
integra diversas correntes no seu discurso sobre os aspectos éticos. Weber constata que 
qualquer ação eticamente orientada pode ajustar-se a duas máximas que diferem entre 
si: pode orientar-se de acordo com a ética da convicção ou de acordo com a ética da 
responsabilidade. 
A ética da convicção, de caráter deontológico, apresenta a virtude como estando 
submetida ao respeito pelo imperativo categórico da lei moral. Regula-se por normas e 
valores já estabelecidos que pretenda aplicar na prática, independentemente das 
circunstâncias ou das conseqüências daí resultantes. 
A ética da responsabilidade, de caráter teleológico, apresenta uma tendência mais 
utilitarista que orienta a sua ação a partir da análise das conseqüências daí resultantes. 
Esta análise levará em linha de conta o bem que pode ser feito a um número maior de 
pessoas assim como evitar o maior mal possível. 
(CESPE/UnB Agente Administrativo – MPS/2009) Com a separação entre o religioso 
e o político, resultante das discussões acerca da ética, ao longo do tempo novas 
perspectivas filosóficas surgiram. Segundo elas, o indivíduo está livre para agir conforme 
sua consciência determina, o que revela uma concepção utilitarista centrada no homem. 
 
Comentário: 
 A assertiva está certa. A ética moderna, por sua vez, contrapôs a vinculação da 
ética às divindades, aproximando-a mais à figura do homem e a sua organização social, 
daí a necessidade do Estado. Na filosofia contemporânea, os princípios do liberalismo 
influenciaram bastante o conceito de ética, que ganha fortes traços de moral utilitarista. 
O Utilitarismo ou Universalismo Ético - a maior felicidade para o maior número de 
pessoas. Esta ética é chamada “moral do bem estar”, o bem é útil para o individuo e o 
coletivo. 
 
 
 
 
Ética e Moral 
Ética tem origem no grego “ethos”, que significa modo de ser. A palavra moral vem 
do latim mos ou mores, ou seja, costume ou costumes. A primeira é uma ciência sobre o 
comportamento moral dos homens em sociedade e está relacionada à Filosofia. Sua 
 
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função é a mesma de qualquer teoria: explicar, esclarecer ou investigar determinada 
realidade, elaborando os conceitos correspondentes. A segunda, como define o filósofo 
Vázquez, expressa “um conjunto de normas,

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