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Ebook - Ética, Redes Sociais e Direitos Humanos


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Prévia do material em texto

Ética, Redes Sociais e Direitos Humanos
Ética e Cidadania
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
ANA LUCIA GUIMARÃES
AUTORIA
Ana Lucia Guimarães
Olá! Sou doutora em Ciências Humanas e tenho mais de 20 anos 
de atuação como professora na Educação Superior. Além disso, tenho 12 
anos de militância como dirigente sindical da causa dos professores, o que 
me agrega conhecimentos e experiências para ser autora desta disciplina. 
Portanto, atuar e defender a causa da educação laica, democrática e de 
qualidade é mais do que um princípio em minha formação e trajetória 
profissional, é um compromisso de ofício. Por isso, fui convidada pela 
Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou 
muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. 
Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
OBJETIVO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Direitos Humanos ........................................................................................ 10
Conceituação e Princípios Dos Direitos Humanos ................................................. 10
Ação Comunitária e Participação Democrática ............................. 14
Ética, Direitos Humanos e Violência .................................................................................. 18
Cenário Atual e Tendências da Ética e da Cidadania ........................................... 21
Ética e Política ................................................................................................................23
Ética na Saúde ................................................................................................................24
Ética nas Redes Sociais ............................................................................26
Educação, Ética e Cidadania Hoje ........................................................ 31
7
UNIDADE
04
Ética e Cidadania
8
INTRODUÇÃO
Nesta unidade de ensino de nossa disciplina, aprenderemos sobre 
Direitos Humanos. Veremos o que são os direitos humanos, como o direito 
à vida, à educação, ao trabalho, à liberdade de opinião etc. Veremos que 
é possível construir nossa cidadania zelando pelos nossos direitos e de 
nossos vizinhos. Veremos, ainda, a responsabilidade de governos de 
garantirem esses direitos. 
Entenderemos que só é possível participar das decisões políticas 
de um país a partir do exercício da cidadania plena, ancorada na ética, se 
temos condições democráticas para essa participação. Enfim, faremos 
uma reflexão sobre ausência de direitos e perpetuação da violência para 
entendermos o que está acontecendo hoje com as práticas de ética e 
cidadania. Você também está curioso para debater esses temas? Vamos lá!
Ética e Cidadania
9
OBJETIVOS
Seja muito bem-vindo à Unidade 4. Nosso objetivo é dar suporte a 
você no desenvolvimento dos seguintes objetivos de aprendizagem até o 
término desta etapa de estudos:
1. Explicar o conceito e os princípios dos Direitos Humanos.
2. Relacionar ação comunitária com participação democrática.
3. Ponderar questões e situações ligadas a ética, direitos humanos 
e violência.
4. Identificar o cenário atual e as tendências da ética e cidadania. 
Então, preparado para conhecer os Direitos Humanos e sua relação 
com os conceitos de ética e cidadania? Seguimos juntos na aprendizagem 
desses importantes temas!
Ética e Cidadania
10
Direitos Humanos
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo, você deverá ter todo 
conhecimento sobre Direitos Humanos, princípios 
e relações com ações comunitárias de participação 
democrática. Deverá compreender que só é possível atuar 
de forma cidadã e ética se existem garantias de efetivação 
dos direitos que possuímos. Vamos lá! A aprendizagem e o 
debate nos esperam!
Conceituação e Princípios Dos Direitos 
Humanos
O conhecimento dos Direitos Humanos acende uma chama de 
luta social, coletiva e ao mesmo tempo individual. É importante destacar 
que os Direitos Humanos envolvem a proteção de nossa cidadania em 
nível mundial. Por isso, não podemos colaborar para que discriminações, 
intolerância e opressão aconteçam com qualquer indivíduo.
Mas o que são Direitos Humanos? Inicialmente, convém destacar 
que são a base de uma relação respeitosa entre iguais e diferentes no 
mundo social. Nossa Constituição de 1988, por exemplo, a Declaração 
Universal de Direitos Humanos de 1948, definida e divulgada pela ONU — 
Organização das Nações Unidas, já preconizava no art. 1º que: “[...] todos 
os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. 
Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros 
em espírito de fraternidade”.
DEFINIÇÃO:
Direitos Humanos: são aqueles constituídos pelos direitos 
naturais, garantidos a todos os cidadãos e que devem ser 
estendidos a todos os indivíduos, sem distinção de gênero, 
classe social, posição política, etnia, religião ou nacionalidade.
Ética e Cidadania
11
Figura 1 - Dia Internacional dos Direitos Humanos — 10 de dezembro
Fonte: Freepik. 
Segundo Franzoi (2003), é no contexto pós-Segunda Guerra Mundial 
(1939-1945) que houve a publicação, em 10 de dezembro de 1948, da 
Declaração Universal dos Direitos Humanos pela ONU. O autor remonta 
que tal documento se fez necessário para que pudéssemos lembrar, 
combater e exterminar todo e qualquer ato de atrocidade, violência, 
semelhantes aos que aconteceram durante o conflito. Esse documento 
é o resultado das lutas por direitos historicamente constituídos e traz a 
perspectiva de igualdade e liberdade entre homens e mulheres. 
Mas é preciso compreender o significado desses direitos, no sentido 
de valorizar sua existência e aplicabilidade. Nesse sentido, para Piovesan 
(2005), a efetivação dos Direitos Humanos refere-se a uma aspiração e 
necessidade universal de reconhecermos a nós mesmos como seres 
humanos, únicos, que não são julgados pelas suas diferenças para 
acessar espaços e culturas. Tal movimento dá respeito à valorização da 
dignidade da pessoa humana.
Ética e Cidadania
12
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar neste tema? Vamos ler mais um pouco? 
Recomendamos a leitura do texto Ética e Direitos Humanos. 
Disponível aqui.
De maneira geral, devemos destacar que os três princípios 
fundamentais dos Direitos Humanos são: 
 • Inviolabilidade da pessoa - não sacrificar um indivíduo com o 
motivo de que será para o benefício de outro.
 • Autonomia da pessoa - assegura a liberdade de ação para 
qualquer indivíduo desde que este não prejudique outros.
 • Dignidade da pessoa - os indivíduos devem ser julgados e tratados 
conforme seus atos, unicamente.
Depreende-se que os Direitos Humanos são os direitos e a liberdade 
de todos os seres humanos. Assim, ressaltamos algumas característicasdesses direitos, sendo:
 • Universalidade – todo e qualquer ser humano é sujeito ativo desses 
direitos, independente de credo, raça, sexo, cor, nacionalidade e 
convicções.
 • Inviolabilidade – esses direitos não podem ser descumpridos por 
nenhuma pessoa ou autoridade.
 • Indisponibilidade – esses direitos não podem ser renunciados. 
Não cabe ao particular dispor dos direitos conforme a própria 
vontade, devem ser sempre seguidos.
 • Imprescritibilidade – eles não sofrem alterações com o decurso 
do tempo, pois têm caráter eterno.
 • Complementaridade – os direitos humanos devem ser 
interpretados em conjunto, não havendo hierarquia entre eles.
Ética e Cidadania
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32832003000100015
13
SAIBA MAIS:
Esses conhecimentos são importantes, pois trazem 
reflexões sobre os direitos humanos. Recomendamos 
assistir ao vídeo: Direitos Humanos - Teoria Geral: Conceito 
e Premissas Filosóficas. Disponível aqui.
Em seguida, indicamos a leitura da Declaração Universal 
dos Direitos Humanos. Disponível aqui.
RESUMINDO:
Neste capítulo vimos o conceito de Direitos Humanos, 
bem como seus princípios fundamentais. Conhecemos a 
Declaração Universal dos Direitos Humanos realizada pela 
ONU e vimos algumas características desses direitos.
Ética e Cidadania
https://www.youtube.com/watch?v=A7eTybbqFCc
https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2018/10/DUDH.pdf
14
Ação Comunitária e Participação 
Democrática
OBJETIVO:
Ao final deste capítulo, você será capaz saber o que é 
comun idade e quais são os canais de participação pelos 
quais ela pode atuar na sociedade. Veremos também sobre 
ética, direitos humanos e violência e qual é o cenário atual 
e as tendências da ética e da cidadania, tanto na política 
como na saúde.
O ser humano imagina-se incluído em dois grupos societais: 
um deles mostra-se como alguém que sente a necessidade de ser 
conduzido, aceita e espera confortavelmente aquilo que o Estado oferece, 
como políticas públicas, ou decisões políticas, sociais e econômicas. O 
outro grupo busca constantemente a chama acesa do questionamento, 
da participação, da vontade de transformar e de estar construindo as 
decisões acima referidas.
Dessa forma, consideramos significativo destacar o conceito de 
comunidade para pensarmos seu papel no âmbito democrático.
DEFINIÇÃO:
Comunidade: sociologicamente é um grupo de indivíduos 
que além de possuírem a residência em comum do ponto 
de vista geográfico, compartilham cultura e tomam parte 
de uma história compartilhada, têm objetivos e metas 
comuns, partem das demandas comuns..
Ética e Cidadania
15
Figura 2 - Comunidade
Fonte: Freepik. 
Paul (1987) aponta que uma comunidade, para alcançar um 
excelente grau de participação em um projeto comunitário, por exemplo, 
deve se voltar aos seguintes objetivos:
 • Empoderamento — alto nível de consciência coletiva e de força 
política. O autor mostra que precisa de uma forte iniciativa com 
ações e organização que possam influenciar processos de 
mudanças. 
 • Capacity building — compartilhamento de tarefas relacionadas à 
administração do projeto de transformação. Também diz respeito 
a monitoramento e construção da sustentação do projeto.
 • Eficácia — quando o projeto caminha junto com as demandas da 
comunidade. Corresponde e atende essas demandas.
 • Eficiência — a procura de consenso com interação e cooperação 
para avanços e não atrasos. Cumprindo metas e prazos. Intensa 
participação comunitária.
 • Compartilhamento de custos — compartilhamento de gastos do 
projeto a ser desenvolvido, com a finalidade de baratear o projeto.
Quando falamos em ”democracia participativa”, estamos lidando 
com a situação de uma participação popular na tomada de decisões, 
sobretudo políticas. Esse conceito evoca a ideia de proporcionar a 
oportunidade de participação às pessoas, criando canais de debate que 
incentivem o pensar sobre questões políticas diretamente ligadas ao 
exercício de sua cidadania. 
Ética e Cidadania
16
Uma proposta de entendimento e clareza sobre a ideia de ação da 
comunidade em uma perspectiva democrática volta-se para a situação 
do conceito de gestão democrática presente nas escolas. 
Nascimento (2012) afirma que o trabalho em equipe voltado à 
qualidade de ensino é a grande base para uma gestão democrática e 
participativa nas escolas. Paro (2002) considera fundamental que a gestão 
escolar tenha a consciência de que precisa estar sujeita a mecanismos de 
controle e fiscalização pela própria comunidade na qual se insere. 
Fortalecendo essas ideias, Gadotti (1995) nos lembra que 
descentralização e autonomia devem andar lado a lado. A luta pela 
conquista da autonomia na escola é reflexo da luta na própria sociedade.
Assim, tal qual apresentamos aqui, é necessário que o entendimento 
da condução democrática esteja presente, favorecendo o estado de 
participação da comunidade. Na escola, bem como no Estado, uma gestão 
participativa e democrática deve envolver participação propriamente dita, 
descentralização e transparência. Sobre o cenário dessa concepção se 
realizar na escola, Freire (1995) mostra que a participação política das 
classes populares deve ocorrer por meio de seus representantes, seja na 
tomada de decisões, seja na definição de um projeto de ação.
Figura 3 - Gestão democrática
Fonte: Freepik.
Ética e Cidadania
17
É notável que tanto na escola quanto na sociedade são necessários 
canais democráticos que possibilitem a participação dos indivíduos no 
processo de tomada de decisões. 
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar neste tema? Vamos ler mais um pouco? 
Recomendamos a leitura do Texto: A gestão participativa na 
escola pública: tendências e perspectivas. Disponível aqui.
Para que a participação da comunidade aconteça de forma efetiva, 
é preciso também que ela conheça os canais que existem para sua 
atuação, que são:
 • Conselhos municipais – formulam, acompanham e avaliam as 
políticas públicas. Neles, qualquer cidadão pode participar, 
apresentar projetos e dar sua opinião.
 • Audiências públicas – são obrigatórias para a discussão da Lei de 
Diretrizes Orçamentárias (LDO) e podem ser requisitadas para o 
debate de problemas que afetem a cidade.
 • Ouvidoria Pública Municipal – Atende reclamações de problemas 
relacionados à Prefeitura.
 • Ação popular – permite que o cidadão proponha uma ação contra 
ato que lese o patrimônio público.
 • Iniciativa popular – com o aval de 5% dos eleitores do município, 
qualquer cidadão pode apresentar um projeto de lei na Câmara 
Municipal.
 • Representações – ao Ministério Público, possibilita a abertura 
de procedimentos de investigação de supostos atos irregulares 
praticados contra o interesse público. Caso seja ao Tribunal de 
Contas, o cidadão pode denunciar irregularidades ou ilegalidades 
na administração pública.
Ética e Cidadania
http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/SU3onzBiYiLUhza_2013-6-28-15-24-32.pdf
18
Dessa forma, vemos que cada grupo representado nos diálogos 
recebe a oportunidade de apresentar suas ideias e prováveis soluções 
para os entraves. Isso supera, com certeza, o fato de ter uma visão 
unilateral, em que somente uma classe, ou grupo, toma decisões e 
avaliam ações, pois todos os níveis envolvidos podem contribuir para a 
melhoria da qualidade de vida no coletivo.
Ética, Direitos Humanos e Violência
A temática dos direitos humanos apresenta relevância na 
constituição da lógica jurídica do século XXI. Nesse sentido, mostra-se 
com traços do passado e uma perspectiva de futuro. Sobre os direitos 
humanos, vemos a necessidade de uma ampla análise histórico-filosófica, 
além de um grande conhecimento jurídico. 
A questão da violência está na ordem do dia. Como podemos nos 
posicionar do ponto de vista ético em relação às diferentes situações que 
saltam aos nossos olhos diariamente. Temos assistido a muitas cenas 
de desrespeito aosdireitos humanos. Muitas atitudes de violência e 
precarização da ordem social. 
Figura 4 - A questão da violência
Fonte: Freepik. 
Ética e Cidadania
19
Schilling (2007) destaca que a violência em nossa sociedade está 
presente desde a fala das pessoas no dia a dia, até mesmo na mídia e 
nos discursos políticos. Para a autora, existem diversos tipos de violência, 
desde a que acontece na família até a que configura a criminalidade. 
Violência física, psicológica, social e emocional. 
Nesse sentido, viver em um estado democrático de direito como 
o nosso é experimentar práticas de respeito às diferenças e direitos 
humanos. Tudo isso é muito significativo e completo na letra fria do papel, 
pois, na prática, assistimos a violência contra a mulher, violência contra 
o idoso, violência contra a orientação sexual, crimes de ódio, corrupção, 
violência policial, entre outras. 
DEFINIÇÃO:
Estado democrático de direito  é aquele em que os 
governantes seguem o que está previsto nas leis, isto é, 
deve ser respeitado e cumprido o que é definido pela lei.
Figura 5 - Estado democrático de direito
Fonte: Pixabay. 
Ética e Cidadania
20
Como entendemos a violência em relação aos Direitos Humanos? 
Vemos, por exemplo, que a educação é direito de todos e dever do 
Estado, tendo por princípios a igualdade de condições para o acesso e 
permanência na escola; a liberdade de aprender, de ensinar, pesquisar 
e ampliar o pensamento, a arte e o saber; o pluralismo de ideias e de 
vertentes pedagógicas; a coexistência de instituições públicas e privadas 
de ensino; a gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; a 
valorização dos profissionais do ensino; a gestão democrática do ensino 
público e a garantia do padrão de qualidade.
Nesse caso, a infração ao respeito dos direitos humanos está 
diretamente vinculada à impunidade. No Brasil, existe a Emenda 
Constitucional 45 de 2004, que federaliza crimes contra os Direitos 
Humanos. Assim, quando ocorre a violação a um direito humano, esta é 
logo transferida para o sistema de justiça nacional. Mas o ideal seria criar 
políticas públicas que se voltassem ao combate direto à violência. Como 
o Estado apresenta dificuldades nesse projeto, assistimos, na maioria das 
vezes, aos pobres sendo mais vitimados pela violência, pois, no fundo, 
há uma inércia para estabelecer punições, bem como a conivência com 
ações de violência física e simbólica.
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar neste tema? Vamos ler mais um pouco? 
Recomendamos a leitura do texto: Cidadania e violência: 
um desafio para os direitos humanos. Disponível aqui.
No que tange ao campo da ética, vemos que ela e a violência 
caminham para lados diferentes. Já que violência remete a tudo o que 
age usando a força para ir contra a natureza de algum ser, esmagando-o, 
torturando-o, desorganizando-o. Nesse sentido, podemos afirmar que a 
sociedade aponta que uma atitude violenta em nada colabora para uma 
vida justa e solidária. Dessa forma, afirmamos que violência se opõe à 
ética porque não considera o respeito e o compromisso de manter a 
integridade física e moral dos indivíduos. 
Ética e Cidadania
http://www.esedh.pr.gov.br/arquivos/File/Cidadania.pdf
21
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar neste tema? Vamos ler mais um pouco? 
Recomendamos a leitura da reportagem: Pelo menos três 
mulheres são assassinadas, vítimas de feminicídio, todos os 
dias no Brasil. Disponível aqui.
Cenário Atual e Tendências da Ética e da 
Cidadania
A realidade social não está pré-concebida, e os indivíduos podem 
atuar sobre os processos coletivos. Assim, é possível que os homens 
criem e recriem novas propostas de convivência que esbarram em 
amplas discussões acerca dos conceitos de ética e cidadania. Sobretudo, 
as questões que envolvem os estudos de robótica, as investigações 
científicas sobre células-tronco, a própria possibilidade de instituição do 
poder de certos grupos e pessoas poderem deter o porte de arma. 
Assim, para Singer (2002), uma pessoa vive dentro de uma esfera 
do ético quando se preocupa com a justificativa de sua ação, já que só o 
fato da pessoa querer justificar, podendo estar certa ou errada, demonstra 
que há uma pauta ética.
Valls (2000) mostra que a moral está diretamente ligada às ações 
práticas dos seres humanos. Ele chama a atenção para o fenômeno 
da massificação e do autoritarismo dos meios de comunicação e das 
políticas, pois, segundo ele, os homens, mesmo cientes de seu papel 
fundamental como executores da moral, conseguem agir eticamente. 
Ele traz o questionamento de que até que ponto é possível o homem 
escolher entre o bem e o mal.
Ética e Cidadania
https://g1.globo.com/profissao-reporter/noticia/2019/05/16/pelo-menos-tres-mulheres-sao-assassinadasvitimas-de-feminicidio-todos-os-dias-no-brasil.ghtml
22
Figura 6 - Ética na atualidade
Fonte: Pixabay. 
Em tempos atuais, a educação ocupa um lugar importante para a 
formação do cidadão participativo e solidário, consciente de seus deveres 
e direitos e sem falar em propostas de educação com direitos humanos. 
Dessa forma, pode-se construir a base para uma amplitude maior do 
que vem a ser uma educação democrática, apontando o caminho para a 
democracia como o regime da soberania popular, com pleno respeito aos 
direitos humanos.
No que se refere ao mundo do trabalho, por exemplo, Solomon 
(2006) destaca que o estudo da ética se faz primordial pelas infrações 
que aparecem em jornais no mundo dos negócios. Tal proposta deveria 
ocorrer a partir da compreensão profunda das experiências práticas.
Bauman (2011) também colabora com as reflexões entre a “Era 
da Ética”, típica da modernidade, e a “Era da Moral”, peculiar da pós-
modernidade. Ele apresenta a ideia de “ser junto com o outro”. A 
ética e a moral da pós-modernidade, para ele, relacionam-se com a 
responsabilidade moral incondicional que cada pessoa pode desenvolver 
por meio de suas atitudes ao “estar junto com o outro” na vida pregressa.
Ética e Cidadania
23
Segundo o autor, diferentes sujeitos devem ser capazes de decisões 
próprias sem serem coagidos por um sistema normativo. Eles constroem 
o senso de responsabilidade que os auxilia para lidar com situações que 
exigem consenso, instituindo a questão ética.
A moral, no olhar de Bauman (2011), consiste em categoria 
contingente e incontível. Para ele, a relação com o desconhecido traz a 
possibilidade de reconhecimento de uma humanidade. Vejamos algumas 
situações em que a ética e a cidadania aparecem, e os sujeitos devem 
usar esse senso de racionalidade.
Ética e Política
Um problema que tem incomodado muito a realidade social 
brasileira está relacionado com a questão da corrupção na política. Será 
que aqueles que são eleitos democraticamente, com o voto direto, com 
a perspectiva de representar a vontade geral e que governam voltados 
para seus interesses pessoais estão agindo de forma ética?  Há uma falta 
de ética no exercício da política no meio social? Como fica a questão da 
cidadania relacionada à questão ética em tempos atuais?
“O Analfabeto Político. O pior analfabeto é o analfabeto 
político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos 
acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, 
o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do 
sapato e do remédio, depende das decisões políticas. O 
analfabeto...” (Bertolt Brecht)
Para Bittar (2010), a questão ética presente no mundo das atividades 
políticas pode ser traduzida como a saúde político-institucional se 
traduz na saúde social, deve-se aceitar que a estrutura da éthos de 
uma sociedade fica, em grande parte, na dependência de ocorrências e 
atitudes políticas. 
Farah (2000) adverte que um agente público (o eleitor, mas sobretudo 
os eleitos) recebe esse impacto de corrupção do corruptor, torna-se um 
forte elo de captação de recursos pessoais para suas vaidades e fantasias 
próprias e de sua família, deixando de lado sua funçãopública.
Ética e Cidadania
24
Morin (2001) destaca que o ensino da ética é um dos saberes 
necessários à educação. Para ele, a reflexão no campo da ação do 
homem, em nível das decisões da ação moral dos indivíduos, deve ganhar 
espaço em diferentes níveis da educação.
A corrupção pode ser compreendida como um fenômeno social, 
ela consiste em um reflexo da cultura formada sem princípios éticos e 
valores morais. Trata-se de um fenômeno ético cultural. No Brasil, vemos 
que a raiz da corrupção é histórica e cultural. 
Ética na Saúde
O comportamento ético em atividades de saúde deve considerar 
um enfoque de responsabilidade social e também a expansão dos direitos 
da cidadania, pois sem cidadania, não há saúde.
A ética da responsabilidade e a bioética envolvem o cuidado do 
outro, portanto, compete ter consciência em desenvolver essa postura. 
Dessa forma, vemos que a ética deve reconhecer o valor de todos os 
seres vivos e encarar os humanos como um dos pontos que formam a 
base da vida. 
Clotet (2003) aponta que a bioética é uma ética aplicada que está 
preocupada com o uso adequado das novas tecnologias na área das 
ciências médicas e das soluções pertinentes aos dilemas morais que 
sejam apresentados.
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar neste tema? Vamos ler mais um pouco? 
Recomendamos a leitura do texto: Princípios da bioética e o 
cuidado na enfermagem. Disponível aqui.
Ética e Cidadania
http://cifmp.ufpel.edu.br/anais/1/cdrom/mesas/mesa4/02.pdf
25
Figura 7 - Bioética
Fonte: Pixabay. 
RESUMINDO:
Neste capítulo, vimos como os direitos humanos são 
importantes, bem como seus princípios para a sua 
participação democrática na sociedade e que essas 
ações estão presentes em todos os âmbitos. Vimos que a 
questão da violência ocorre nas relações e em diferentes 
situações de desrespeito ao ser humano, por isso, é 
necessário ter amparo legal às vítimas. Assim, destacamos 
o quanto é possível que os homens se apropriem da ética 
e da cidadania para ter uma boa convivência na sociedade, 
pois, neste universo, a moral está relacionada com a 
racionalidade. Você percebeu o quanto a legislação dos 
direitos humanos é importante?
Ética e Cidadania
26
Ética nas Redes Sociais
OBJETIVO:
As redes sociais também têm se mostrado como um 
importante canal de informação e trocas comunicacionais. 
Ao mesmo tempo que informam, também desinformam. 
Relacionando com a questão ética, temos a grande 
dor de cabeça do momento, as chamadas fake news. 
Estas provocam desequilíbrio, afetações emocionais e 
transtornos, principalmente naqueles que são os alvos 
dessas notícias falsas. 
As fake news reforçam preconceitos, ódio contra indivíduos ou 
grupos sociais. Imaginem o impacto que a sociedade teve sobre a falsa 
notícia da existência de um “Kit Gay” imposto nas escolas. Essa ideia partiu 
de um projeto verdadeiro que fazia parte de um dos programas do Governo 
Federal, mas foi manipulada e disseminada totalmente desvirtuada, com 
a perspectiva de dizer que haveria uma suposta ideologia de gênero e 
sexualidade firmada para as escolas. A questão ética aparece fortemente 
no fato de que antes de compartilhar essas notícias que causam impacto, 
bem como todas as outras que compartilhamos ou postamos, é sempre 
preciso checar a veracidade da informação. 
Schudson (2017) afirma que a notícia falsa pode interferir no cotidiano 
do cidadão e das redações jornalísticas. Segundo ele, no jornalismo, por 
exemplo, é preciso ter responsabilidade com a questão da reprodução 
de notícias falsas, exageradas ou até mesmo corrompidas. Kunczik (2001) 
aplica o termo disfunção quando ocorre as notícias servirem de ameaça 
à estabilidade social. Pois, conforme Wolf (1987), a circulação de notícias 
falsas destrói a cidadania de forma severa. Ainda, em seu olhar, os meios 
de comunicação têm a função de trazer a possibilidade de alertar o 
cidadão e apresentar instrumentos para definição de ações diárias.
Ética e Cidadania
27
Como detectar notícias falsas, segundo Kieky e Robertson (2017):
 • Considere a fonte — veja se tem credibilidade.
 • Considere o autor — faça uma breve pesquisa sobre ele.
 • Confirme a data.
 • Fontes de apoio — encontre bases de informações; as fontes que 
se relacionam ou tratam do assunto — é preciso identificá-las.
 • Considere todos os lados — ser contra uma ideologia não quer 
dizer que a notícia é falsa.
 • Verifique se é piada — há sites que fazem piadinhas com 
determinados temas.
 • Leia mais — é preciso ler sobre o assunto. Quando você pesquisa 
e lê mais sobre um assunto, percebe se a informação a ser 
compartilhada tem ou não veracidade.
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar neste tema? Vamos ler mais um pouco? 
Recomendamos a leitura do texto: O impacto das fake news 
e o fomento dos discursos de ódio na sociedade em rede: 
a contribuição da liberdade de expressão na consolidação 
democrática. Disponível aqui. 
Ética e Cidadania
http://coral.ufsm.br/congressodireito/anais/2017/1-12.pdf
28
Figura 8 - Fake news
Fonte: Freepik.
Enfim, a discussão sobre ética e cidadania, levando em consideração 
o que estamos vivendo em uma sociedade que precisa da convivência 
harmônica, é preciso haver compatibilidade entre o ideal da sociedade 
almejada e o estilo de vida construída, sem isso, não é possível pensar em 
uma sociedade ética como realidade.
Na atualidade, o sujeito que possui a cidadania é aquele detentor 
de direitos, mas também de deveres. Deve ter ciência de sua participação 
na sociedade e que precisa contribuir coletivamente. A cidadania deve 
perpassar interesse e participação, precisa haver interesse pelo bem 
comum. 
Ética e Cidadania
29
Uma outra perspectiva tem a ver com a sociedade de risco que 
estamos vivendo. Isso significa que, pensando sobre o crescimento da 
civilização tecnológica, vemos um número muito grande de difusão e 
proliferação dos riscos, que afetam as sociedades em conjunto, revelando 
a crise da sociedade industrial.
Para Giddens (1991), a sociedade moderna organiza-se levando 
em conta o distanciamento tempo–espaço, diferentemente das 
sociedades pré-modernas, nas quais as relações entre os indivíduos 
estavam construídas nas referências locais. Nesse caso, a explicação para 
situações e fenômenos que ali se processavam, eram situadas na lógica 
do conhecimento e interação cotidianos que, por sua vez, promoviam 
a organização social com base nas redes de confiança, depositada nos 
laços de parentesco e alianças. 
Caso qualquer coisa perturbasse o equilíbrio daquela ordem 
social, o grupo encontraria resolução para aquele problema, valorizando 
a confiança localizada. Já nas sociedades atuais, conforme deriva do 
pensamento de Giddens, estas constroem seu esquema de funcionamento 
e racionalização social fundamentadas em uma relação de confiança 
dos indivíduos em sistemas abstratos, fichas simbólicas, que podem 
ser entendidos como o progresso do conhecimento técnico e científico. 
Portanto, vivemos riscos de acreditar nos sistemas simbólicos, no virtual 
e, a partir dessas crenças, também construímos nossas posições éticas e 
cidadãs. 
Ética e Cidadania
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Figura 9 - Sociedade e crenças nos sistemas simbólicos
Fonte: Freepik.
RESUMINDO:
Neste tópico, vimos como os direitos humanos são 
importantes e estão relacionados, também, com as redes 
sociais. Com o avanço da tecnologia, surgiram informações 
que não são verdadeiras e podem atingir as pessoas. Vimos 
que a sociedade moderna, apesar do distanciamento 
tempo–espaço, o crescimento da tecnologia pode 
trazer riscos. Assim, destacamos o quanto é importante 
desenvolver uma convivência harmônica, para viver em 
uma sociedade ética como realidade. Você percebeu o 
quanto é importante o sujeito ser o detentor de direitos?
Ética e Cidadania
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Educação, Ética e Cidadania Hoje
OBJETIVO:
Compreender a criação de novos desenhos de sujeito 
pensante e participativo, em uma sociedade em que as 
tecnologiasda informação e das comunicações são cada 
vez mais reais e oferecem um mapa cognitivo das relações 
e saberes sociais que indicam o progresso da humanidade 
é fundamental para se estabelecer um diálogo entre 
indivíduo, cultura e educação.
No texto que segue, temos algumas reflexões importantes sobre 
ensinar a pensar para a vida. Tal reflexão traz em si a própria valorização 
da educação para o bem coletivo.
Para refletir:
Ensinar a pensar
Immanuel Kant
Espera-se que o professor desenvolva no seu aluno, em 
primeiro lugar, o homem de entendimento, depois, o 
homem de razão, e, finalmente, o homem de instrução. 
Este procedimento tem esta vantagem: mesmo que, como 
acontece habitualmente, o aluno nunca alcance a fase 
final, terá mesmo assim beneficiado da sua aprendizagem. 
Terá adquirido experiência e ter-se-á tornado mais 
inteligente, se não para a escola, pelo menos para a vida. 
Se invertermos este método, o aluno imita uma espécie 
de razão, ainda antes de o seu entendimento se ter 
desenvolvido. Terá uma ciência emprestada que usa não 
como algo que, por assim dizer, cresceu nele, mas como 
algo que lhe foi dependurado. A aptidão intelectual é tão 
infrutífera como sempre foi. Mas ao mesmo tempo foi 
corrompida num grau muitíssimo maior pela ilusão de 
sabedoria. É por esta razão que não é infrequente deparar-
se-nos homens de instrução (estritamente falando, pessoas 
que têm estudos) que mostram pouco entendimento. É 
por esta razão, também, que as academias enviam para 
Ética e Cidadania
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o mundo mais pessoas com as suas cabeças cheias de 
inanidades do que qualquer outra instituição pública. 
[...]Em suma, o entendimento não deve aprender 
pensamentos, mas a pensar. Deve ser conduzido, se assim 
nós quisermos exprimir, mas não levado em ombros, de 
maneira a que no futuro seja capaz de caminhar por si, e 
sem tropeçar. 
A natureza peculiar da própria filosofia exige um método 
de ensino assim. Mas visto que a filosofia é, estritamente 
falando, uma ocupação apenas para aqueles que já 
atingiram a maturidade, não é de espantar que se levantem 
dificuldades quando se tenta adaptá-la às capacidades 
menos exercitadas dos jovens. O jovem que completou a 
sua instrução escolar habituou-se a aprender. Agora pensa 
que vai aprender filosofia. Mas isso é impossível, pois agora 
deve aprender a filosofar. [...] Para que pudesse aprender 
filosofia teria de começar por já haver uma filosofia. Teria 
de ser possível apresentar um livro e dizer: «Veja-se, aqui 
há sabedoria, aqui há conhecimento em que podemos 
confiar. Se aprenderem a entendê-lo e a compreendê-
lo, se fizerem dele as vossas fundações e se construírem 
com base nele daqui para a frente, serão filósofos». Até 
me mostrarem tal livro de filosofia, um livro a que eu 
possa apelar, [...] permito-me fazer o seguinte comentário: 
estaríamos a trair a confiança que o público nos dispensa 
se, em vez de alargar a capacidade de entendimento 
dos jovens entregues ao nosso cuidado e em vez de os 
educar de modo a que no futuro consigam adquirir uma 
perspectiva própria mais amadurecida, se em vez disso 
os enganássemos com uma filosofia alegadamente já 
acabada e cogitada por outras pessoas em seu benefício. 
Tal pretensão criaria a ilusão de ciência. Essa ilusão só 
em certos lugares e entre certas pessoas é aceite como 
moeda legítima. Contudo, em todos os outros lugares é 
rejeitada como moeda falsa. O método de instrução próprio 
da filosofia é zetético, como o disseram alguns filósofos da 
antiguidade (de zhtein). Por outras palavras, o método da 
filosofia é o método da investigação. Só quando a razão 
já adquiriu mais prática, e apenas em algumas áreas, é 
que este método se torna dogmático, isto é, decisivo. Por 
exemplo, o autor sobre o qual baseamos a nossa instrução 
não deve ser considerado o paradigma do juízo. Ao invés, 
deve ser encarado como uma ocasião para cada um de 
nós formar um juízo sobre ele, e até mesmo, na verdade, 
Ética e Cidadania
33
contra ele. O que o aluno realmente procura é proficiência 
no método de refletir e fazer inferências por si. E só essa 
proficiência lhe pode ser útil. Quanto ao conhecimento 
positivo que ele poderá talvez vir a adquirir ao mesmo 
tempo — isso terá de ser considerado uma consequência 
acidental. Para que a colheita de tal conhecimento seja 
abundante, basta que o aluno semeie em si as fecundas 
raízes deste método.
Immanuel Kant (Tradução de Desidério Murcho). 
Figura 10 - Educação, ética e sociedade
Fonte: Pixabay.
SAIBA MAIS:
Estes conhecimentos são importantes, pois trazem 
reflexões sobre educação, ética e cidadania na atualidade. 
Para aprofundamento, recomendamos assistir aos vídeos a 
seguir: 
A Fraude – o caso Bahrings (com Ewan Mc Gregor)
Ameaça virtual (Com Tim Robbins e Ryan Philiphe)
Com o dinheiro dos outros (Com Danny de Vito e Gregory 
Peck)
Erin Brockovich (Julia Roberts e Albert Finney)
Minority Report: a nova lei (Com Tom Cruise)
O Náufrago (Com Tom Hanks e Helen Hunt)
Ética e Cidadania
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RESUMINDO:
Neste capítulo, vimos que existem situações e questões 
na atualidade que precisam estar pautadas pelo olhar da 
ética e da cidadania, afinal, ser cidadão é colaborar para a 
garantia de que o respeito e a preservação das relações 
sejam fundamentais. Vimos, ainda, que tanto na política 
quanto na saúde e nas trocas via redes sociais, é preciso 
ter compromisso com a moralidade das participações e 
atuações. Por fim, destacamos o papel que a educação tem 
na formação de indivíduos pensantes e responsáveis por 
suas ações no seio da sociedade. 
Ética e Cidadania
35
REFERÊNCIAS
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Tradução de Alexandre Werneck. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2011.
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2003
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da OAB/SP. São Paulo: LTR, 2000.
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conceito, sua história, e sua proteção segundo a constituição brasileira de 
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PARO, V. H. Administração Escolar: Introdução Crítica. São Paulo: 
Cortez, 2002.
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World Bank Experience. World Bank Discussion Paper, Washington, n. 6, 
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Ética e Cidadania
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PIOVESAN, F. Ações afirmativas na perspectiva dos Direitos 
Humanos. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 35, n. 124, p. 43-55, jan./
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SCHILLING, F. Indisciplina, violência e o desfio dos direitos humanos 
nas escolas. In: MEC. Programa Ética e Cidadania. Brasília-DF: MEC, 2007.
SINGER, P. Ética prática. Trad. Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: 
Martins Fontes, 2002.
SOLOMON, R. C. Ética e excelência: cooperação e integridade nos 
negócios. Trad. Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Civilização 
Brasileira, 2006.
VALLS, A. L. M. O que é ética. 9. ed. São Paulo: Brasiliense, 2000.
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WOLF, M.; FIGUEIREDO, M. J. V. Teorias da comunicação. Presença, 
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Ética e Cidadania

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