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PSICOFARMACOLOGIA Livro - Stahl, Psicofarmacologia: bases neurocientíficas e aplicações práticas DMS-5 Os critérios diagnósticos dos transtornos mentais são baseados numa diretriz a chamada DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) da American Phychiatric Association. Esse resumo é baseado na quinta edição, DSM-5. TRANSTORNOS PSICÓTICOS – DSM-5 Segundo a DSM-5 para que um paciente seja diagnosticando com algum transtorno psicótico ele deve apresentar anormalidade em um ou mais domínios listados a baixo: Delírios Alucinações Desorganização do pensamento (discurso) Comportamento motor grosseiramente desorganizado ou anormal (incluindo catatonia) Sintomas negativos Esses domínios podem ser agrupados em outra classificação, na qual delírios, alucinações, desorganização do pensamento e comportamento motor formam o bloco dos sintomas positivos. Além disso, apesar de não ser um fator determinístico no diagnóstico os sintomas cognitivos podem ser observados na prática, como déficits na atenção, memória e atenção seletiva. DELÍRIOS Os delírios são definidos como crenças fixas, não passíveis de mudança à luz de evidências conflitantes. Os delírios podem ser persecutórios, de referencia, de grandeza, erotomaníacos, niilistas, somáticos, bizarros ou de controle. Delírios persecutórios – Crença de que o indivíduo irá ser prejudicado, assediado, e assim por diante, por outra pessoa, organização ou grupo. Delírios de referencia – Crença de que alguns gestos, comentários, estímulos ambientais, e assim por diante, são direcionados à própria pessoa. Delírios de grandeza – Quando uma pessoa crê que tem habilidades excepcionais, riqueza ou fama. Delírios erotomaníacos – Quando o indivíduo crê falsamente que outra pessoa está apaixonada por ele. Delírios niilistas – Envolvem a convicção de que ocorrerá uma grande catástrofe. Delírios somáticos – Concentram-se em preocupações referentes à saúde e à função dos órgãos. Delírios bizarros – Delírios são considerados bizarros se claramente implausíveis e incompreensíveis por outros indivíduos da mesma cultura, não se originando de experiências comuns da vida. Um exemplo de delírio bizarro é a crença de que uma força externa retirou os órgãos internos de uma pessoa, substituindo-os pelos de outra sem deixar feridas ou cicatrizes, além disso, podem ser incluídas nessa classificação as ideias de retirada e inserção de pensamentos e controle da mente. ALUCINAÇÕES Alucinações são experiências semelhantes à percepção que ocorrem sem um estímulo externo. São vívidas e claras, com toda a força e o impacto das percepções normais, não estando sob controle voluntário. Podem ocorrer em qualquer modalidade sensorial, embora as alucinações auditivas sejam as mais comuns na esquizofrenia e em transtornos relacionados. Matheus Damasceno - @damapay DESORGANIZAÇÃO DO PENSAMENTO A desorganização do pensamento (transtorno do pensamento formal) costuma ser inferida a partir do discurso do indivíduo. Este pode mudar de um tópico a outro (descarrilamento ou afrouxamento das associações). As respostas a perguntas podem ter uma relação oblíqua ou não ter relação alguma (tangencialidade). Raras vezes, o discurso pode estar tão gravemente desorganizado que é quase incompreensível, lembrando a afasia receptiva em sua desorganização linguística (incoerência ou “salada de palavras”). COMPORTAMENTO MOTOR GROSSEIRO Comportamento motor grosseiramente desorganizado ou anormal pode se manifestar de várias formas, desde o comportamento “tolo e pueril” até a agitação imprevisível. Os problemas podem ser observados em qualquer forma de comportamento dirigido a um objetivo, levando a dificuldades na realização das atividades cotidianas. Comportamento catatônico é uma redução acentuada na reatividade ao ambiente nela o paciente pode se apresentar com uma postura rígida ou parada sem apresentar resposta, pode apresentar uma atividade motora excessiva, a chamada excitação catatônica ou apresentar movimentos estereotipados repetitivos como olhar fixo, caretas, eco na fala etc. SITOMAS NEGATIVOS Sintomas negativos respondem por uma porção substancial da morbidade associada à esquizofrenia, embora sejam menos proeminentes em outros transtornos psicóticos. Dois sintomas negativos são especialmente proeminentes na esquizofrenia: expressão emocional diminuída e avolia. Expressão emocional diminuída inclui reduções na expressão de emoções pelo rosto, no contato visual, na entonação da fala (prosódia) e nos movimentos das mãos, da cabeça e da face, os quais normalmente conferem ênfase emocional ao discurso. A avolia é uma redução em atividades motivadas, autoiniciadas e com uma finalidade. A pessoa pode ficar sentada por períodos longos e mostrar pouco interesse em participar de atividades profissionais ou sociais. Outros sintomas negativos incluem alogia, anedonia e falta de sociabilidade. A alogia é manifestada por produção diminuída do discurso. A anedonia é a capacidade reduzida de ter prazer resultante de estímulos positivos, ou degradação na lembrança do prazer anteriormente vivido. A falta de sociabilidade refere-se à aparente ausência de interesse em interações sociais, podendo estar associada à avolia, embora possa ser uma manifestação de oportunidades limitadas de interações sociais. TIPOS DE TRANSTORNOS Transtorno (da Personalidade) Esquizotípica - O diagnóstico de transtorno da personalidade esquizotípica engloba um padrão global de déficits sociais e interpessoais, incluindo capacidade reduzida para relações próximas, distorções cognitivas e perceptivas e excentricidades comportamentais, frequentemente com início no começo da fase adulta, embora, em certos casos, o início ocorra na infância e na adolescência. Anormalidades de crenças, pensamento e percepção estão abaixo do limiar para o diagnóstico de um transtorno psicótico. Transtorno Delirante - O transtorno delirante caracteriza-se por pelo menos um mês de delírios, ainda que nenhum outro sintoma psicótico esteja presente. Transtorno Psicótico Breve – É aquele que dura mais de um dia e remite em um mês. Transtorno Esquizofreniforme - caracteriza-se por uma apresentação sintomática equivalente à da esquizofrenia, exceto pela duração (menos de seis meses) e pela ausência de exigência de declínio funcional. Esquizofrenia - A esquizofrenia dura pelo menos seis meses, incluindo ao menos um mês de sintomas da fase ativa. Transtorno Esquizoafetivo - No transtorno esquizoafetivo, um episódio de humor e sintomas da fase ativa da esquizofrenia ocorrem concomitantemente, tendo sido antecedidos ou seguidos de pelo menos duas semanas de delírios ou alucinações sem sintomas proeminentes de humor. Transtorno Psicótico Induzido por Substância/Medicamento. – Nesse caso os sintomas psicóticos são entendidos como consequência fisiológica de uma droga de abuso, um medicamento ou exposição a uma toxina, cessando após a remoção do agente. ESQUIZOFRENIA Parte da biografia de Louis Wain, artista britânico que sofria de algum transtorno mental, possivelmente esquizofrenia. O texto trás uma reflexão sobre o impacto desse transtorno sobre suas obras. A esquizofrenia é um dos principais, se não o principal, transtorno de cunho psiquiátrico e também um dos mais longamente estudadas já em 1893 o psiquiatra alemão Emil Kraepelin deu a primeira definição para esse transtorno definindo o como uma demência precoce, pois à época era atribuída a esquizofrenianas áreas da amigdala, CPFVM e as ideais suicidas tem os mesmos circuitos com a adição do córtex orbito frontal. MAPA DESSE CIRCUITO O esquema abaixo trás exemplos de fármacos usados na modulação desses circuitos e seus respectivos sintomas. IRND – Inibidor de receptação de NA e DA IRN – Inibidor de receptação de NA IRSN – Inibidor de receptação de 5HT e NA IMAO – Inibidor da MAO INIBIDORES DA EZIMA MONOAMINOXIDASE (IMAO) Os primeiros antidepressivos clinicamente efetivos a serem descobertos foram os inibidores da enzima monoamina oxidase (MAO). Foram descobertos acidentalmente, quando se observou que um fármaco antituberculose ajudava a aliviar a depressão concomitante em alguns dos pacientes portadores de tuberculose. Foi constatado, enfim, que esse fármaco antituberculose, a iproniazida, atuava na depressão ao inibir a enzima MAO. Todavia, a inibição da MAO não estava relacionada com suas ações antituberculose. As monoaminoxidases são enzimas responsáveis pela degradação das catecolaminas, existem duas isoformas dessa enzima a MAO-A e a MAO-B. A MAO-A tem maior preferencia pela metabolização de 5-HT e NA enquanto que a MAO-B por DA e Histamina. Os IMAO vão atuar inibindo a enzima MAO e assim aumentam a biodisponibilidade dos neurotransmissores. MECLOBEMIDA – AURORIX® Inibidor reversível seletivo da MAO-A Tem efeito pouco sedativo e não afeta atenção e a reação. TRANILCIPROMINA - PARNATE® Inibidor da MAO irreversível não seletivo Na interrupção da terapia a recuperação da atividade é em cerca 3 a 5 dias. SELEGILINA - JUMEXIL® Inibidor irreversível seletivo da MAO-B Mais utilizado no tratamento do mal de Parkinson Por aumentar a DA no NAC pode causar hipersexualização. FARMACOCINÉTICA IMAO Via Oral: boa absorção. Distribuição: concentração no fígado, cérebro e coração. Meia-Vida: algumas horas. Inibição Irreversível: dosagem plasmática de pouca utilidade. Recuperação: 10 a 20 dias. CARACTERISTICAS DOS IMAO Alto índice de resposta e remissão: 70 – 80% Resposta ou remissão em oito semanas. Início de ação tardio: duas semanas. Efeitos adversos após 60 minutos. Contraindicação em cardiopatas. Resposta boa em “depressão sintoma” EFEITOS COLATERAIS SNC Insônia, Irritabilidade, Agitação; Conversão da depressão inibida em ansiosa ou agitada (risco de suicídio) Conversão da depressão em hipomania ou mania SNA Xerostomia, Retenção Urinária, Constipação. Impotência Sexual, Ejaculação Precoce, Hipotensão Ortostática SCV Síndrome hipertensiva; Vasoespasmo coronariano. OUTROS Síndrome tipo lúpus (hidrazinas) Hepatotoxicidade Discrasias Sanguíneas Reações Patológicas da pele (Síndrome de Stevens Johnson). INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA Todas as substancias que aumentam o tônus simpático irão interagir com os IMAO. REAÇÃO DOS QUEJOS E VINHOS É a crise hipertensiva gerada quando um paciente que faz uso de IMAO consome alimentos que possuam tiramina. A tiramina pode servir de substrato para formação de NA. Com a inibição da MAO se tem mais tiramina disponível servindo de precursora da NA elevando a pressão arterial do paciente. Alimentos ricos em tiramina são: Alimentos ricos em proteinas maturadas ou em decomposição; Queijos e Coalhadas; Vinhos (chianti ou xerez) e Cervejas; Arenque defumado; Fígado; Chocolate; Molho de Soja; Feijão e Fava; Extrato de Lêvedo; Figos enlatados, Passas, Bananas e Abacates (sobretudo se muito maduros) CONTRA INDICAÇÕES Hipertensão Arterial História pregressa de AVC Antecedentes de Insuficiência Hepática e Icterícia. Prudência em TOXICOMANIA e em ETILISMO Crônico. ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS Os antidepressivos tricíclicos são inibidores alostéricos dos transportadores de receptação NAT e SERT, assim as catecolaminas e serotonina permanecem mais tempo na fenda sináptica. Além da inibição das bombas de receptação esses fármacos também competem reversivelmente por receptores H1, Muscarínico e -adrenérgico e causam H1 – sedação e ganho de peso M – constipação, retenção urinária, xeroftalmia xerostomia. 1 – hipotensão postural, atraso da ejaculação. A2 - ↑ liberação de NA. A atuação no SNS trás outros problemas como os tricíclicos bloqueiam o NAT aumentam a bio disponibilidade de NA na fenda, entretanto fisiologicamente quando isso ocorre os receptores 2 no terminal pré-sináptico fazem a autoregulação da sinapse, a NA se liga ao 2 que por sua vez inibe a exocitose, porém os tricíclicos também inibem o 2, assim ocorre intensa liberação de NA pela falta de estímulos inibitórios só que esse mecanismo não para por ai, os tricíclicos também atuam em 1 e desse modo só sobram os receptores β1 que recebem grande estimulo desse modo o paciente pode desenvolver uma taquicardia em repouso. Os ADT também aumentam a dopamina no córtex pré-frontal com isso há o aumenta o afeto positivo. FARMACOCINÉTICA Via Oral: boa absorção, completa em 4 horas. Biodisponibilidade: 60 – 80% Ligação a proteinass (-1-glicoptn ácida): 75 - 97% Distribuição: fígado, cérebro e coração. Meia-Vida: 20 - 30 horas. Steady state: após 5 T1/2 (1 semana ou mais). BIOTRANSFORMAÇÃO N-desmetilação, Hidroxilação. EFEITOS COLATERAIS - SNC Apresentam risco de Vida se usados em excesso. Virada do humor nos pacientes bipolares; Psicose tóxicas (idosos); sedação (Amitriptilina, Doxepina); Agitação e insônia; remores finos; Crises convulsivas (1 - 4%) Mania ou Psicose Tóxica: Suspensão e Tratamento com Neurolépticos EFEITOS COLATERAIS - SNA Xerostomia, midríase, cicloplegia; exacerbação de glaucoma; poliaciúria, retenção urinária, constipação, íleo paralítico (Raro). Redução do desempenho sexual: Ejaculação retardada e retrógrada (block ) Disfunção erétil (5-HT) Efeitos Anti-ACh: Fisostigmina (1 - 3 mg) ou (anti-AChe) Betanecol (25 mg, 2 a 3 x dia) Suspensão em caso de Íleo Paralítico ou Retenção Urinária. EFEITOS COLATERAIS – SCV As superdosagem tem efeito cardiotóxicos Taquicardia Alterações no ECG: Arritmias Hipotensão ortostática – contraindicado em idoso Infarto agudo do miocárdio, morte súbida: É menos evidente em paciente que fazem uso da Nortriptilina OUTROS EFEITOS COLATERAIS Icterícia Colestática Discreta (Imipramina) Reações Alérgicas Cutâneas (Prurido, Urticária E Eritema) Sudorese Excessiva Agranulocitose Rara CONTRA INDICAÇÕES ABSOLUTAS Glaucoma de Ângulo Fechado Hiperplasia Prostática Insuficiência Cardíaca Descompensada Arritmias DROGAS QUE ALTERAM NÍVEIS PLASMÁTICOS DE ADT ANTIDEPRESSIVOS DE NOVA GERAÇÃO INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA – ISRS Fluoxetina, Sertralina, Paroxetina, Fluvoxamina, Citalopram, Escitalopram INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DE NOREPINEFRINA – ISRN Reboxetina INIBIDORES DA RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA E NOREPINEFRINA – IRSN Venlafaxina, Desvenlafaxina, Duloxetina, Milnaciprano INIBIDORES DA RECAPTAÇÃO DE DOPAMINA E NOREPINEFRINA – IRDN Bupropiona DESINIBIDORES DE SEROTONINA E NOREPINEFRINA – DSN Mirtazapina, Mianserina, Trazodona, Nefazodona INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA – ISRS Os ISRS atuam na inibição seletiva e potente da recaptação de serotonina, também conhecida como inibição do transportador de serotonina ou SERT. Fluoxetina (Prozac®) Paroxetina (Paxil®, Aropax®, Seroxat®) Sertralina (Zoloft®) Fluvoxamina (Luuvox®, Faverin®) Citalopram (Celexa®, Cipramil®) Escitalopram (Lexapro®, Cipralex®)Apesar da classificação esses fármacos possuem certa afinidade por receptores distintos. A Fluoxetina, por exemplo, possui afinidade por receptores 5-HT2C promovendo o seu antagonismo, além disso, a Fluoxetina também possui fraca ação bloqueadora sobre a receptação de NA através pelo NAT. A Sertralina tem ação inibitória sobre o transportador da dopamina DAT e afinidade ao receptor sigma-1 (σ1), a função dessa ligação ainda é bem elucidada, mas há hipóteses que sugerem que contribuam para os efeitos ansiolíticos e antipsicótico do fármaco. A Paroxetina possui ação anticolinérgica e fraca ação inibitória sobre o NAT, além de possuir ação inibitória sobre a enzima óxido nítrico sintetase. O Citalopram é uma mistura racêmica e tem leva ação anti-histamínica. Atualmente é uma das classes mais prescritas, pois é a que possui menos efeito adverso, o principal efeito adverso é a disfunção sexual. Essa disfunção ocorre porque no córtex existe uma região chamada de APOM – Área pré-optica medial, onde há projeções serotoninérgicas que modulam a libido. A serotonina atua em receptores 5-HT2A que é inibitório, quando a serotonina ativa esse receptor ele diminui a atividade dos neurônios dopaminérgicos. A DA é muito importante, principalmente no homem para a função sexual, assim a utilização de fármacos inibidores da receptação de serotonina aumentam a biodisponibilidade de serotonina, que vai diminuir atividade da DA nessa via causando disfunção erétil no homem e anorgasmia na mulher. FLUOXETINA Como introduzido anteriormente a fluoxetina possui certo grau de afinidade por outros receptores o que pode explicar muitas de suas propriedades. O bloqueio da ação da serotonina sobre os receptores 5- HT2C promove a intensificação da liberação de DA e NA, promovendo um efeito energizante. Por conta desse mecanismo esse fármaco se torna mais apropriado para pacientes deprimidos que apresentam redução do afeto positivo, hipersonia, retardo psicomotor, apatia e fadiga. Além disso, o antagonismo da Fluoxetina sobre o 5-HT2C contribui para o seu efeito antibulimia. A fluoxetina é o único ISRS aprovado para o tratamento desse transtorno alimentar. Inibição do SERT ○ Aumento dos níveis de 5-HT Melhora o humor; Reduz afeto negativo Reduz ansiedade Antagonismo Reversível 5-HT2c ○ + DA e NA Melhora do Humor; Aumenta o Afeto Positivo; Reduz a Fadiga; Melhora a Concentração e Atenção; Reduz a Hipersonia; Reduz a apatia e a anedonia; Estabiliza o Comportamento Alimentar; Pode aumentar a agitação, insônia e ansiedade. Leve Inibição do NAT ○ Aumento dos níveis de NA Melhora do Humor; Efeitos citados anteriormente. Indicações Todos os transtornos de humor; Bulimia Nervosa; Anorexia Nervosa; Profilaxia da Enxaqueca; Profilaxia da Depressão pós-AVC; Dor Neuropática. Contraindicações Hipersensibilidade conhecida ao fármaco; Em pcts usando iMAOs Em combinação com a Tioridazina Reações adversas: Náuseas e cefaleias; Diminuição do apetite; Dor abdominal; Insônia; Nervosismo; Disfunção sexual* Bruxismo** *Sintomas mais prevalentes Outro efeito adverso que pode ocorrer é a SEP associada a fluoxetina. No núcleo caldado e Putamen as projeções serotoninérgicas bloquem diminuem a liberação dopaminérgica pelos receptores 5-HT2A, com a utilização do fármaco a serotonina causa uma intensa estimulação desse receptor que deprime o drive de dopamina resulta em acatisia e tremor. Considerações no manejo Clínico Em pacientes com DM, pode-se ter hipoglicemia, já que a NA aumenta a secreção de insulina pelo figado. Risco de hiponatremia – diminuição de sódio Orientação familiar sobre ideação suicida. Risco de sangramentos. Interações com iMAOs PAROXETINA As propriedades inibitórias, mesmo que fracas, da paroxetina sobre o NAT contribuem para sua eficácia. A paroxetina inibe a enzima óxido nítrico sintetase, o que pode contribuir para a disfunção sexual, em especial nos homem. O seu efeito sedativo inicial é resultado da sua interação e bloqueio de receptores colinérgicos – M1, a interação com receptores colinérgicos pode gerar os efeitos adversos associados com esse sistema. Inibição do SERT Aumento dos níveis de Serotonina Melhora do Humor; Reduz o Afeto Negativo; Reduz a Ansiedade. Leve Antagonismo Reversível dos receptores M1 Bloqueio da ação da Acetilcolina Sedação Leve Efeitos anticolinérgicos globais leves Leve Inibição do NAT Aumento dos níveis de NA Melhora do Humor; Efeitos citados anteriormente. Inibição da NOS Diminui a síntese de NO Disfunção Sexual. Indicações Transtornos de humor Bulimia nervosa Contraindicações Hipersensibilidade ao fármaco Em pacientes em uso de IMAO Em pcts usando Tioridazina ou pimozida Reações adversas Anorgasmia, retardo ejaculatório e diminuição do desejo sexual; Boca seca, constipação e retenção urinária; Sonolência, cefaleia, tremor e tontura; Agitação, ansiedade e ganho de peso. Considerações no manejo Pacientes com insuficiência hepática Alerta em pacientes com historia de mania Interações com IMAO SERTRALINA Ainda que possua interação com os transportadores de dopamina as ações inibitórias sobre o DAT são controversas, pois são mais fracas do que as ações inibitórias sobre o SERT. Por isso, alguns especialistas sugerem que a ocupação do DAT pela sertralina não é suficiente para ser clinicamente relevante suficiente ou não a interação e seus possíveis efeitos são mostrados mais adiante. Da mesma maneira a ação sobre o receptor sigma – 1é discutida há hipóteses que sugerem que essa interação estabilize as sinapses através da modulação dos canais de cálcio. Inibição do SERT Aumento dos níveis de Serotonina Melhora do Humor; Reduz o Afeto Negativo; Reduz a Ansiedade Leve Inibição do DAT Aumento dos Níveis de DA Melhora a Motivação, a Energia e a Concentração Melhora a Hipersonia Ligação com os receptores sigma-1 Modulação da [Ca++], Estabilização Neuronal e Sináptica Melhora do Humor; Indicações Transtorno do Humor Transtornos alimentares; Contraindicações Hipersensibilidade conhecida ao fármaco; Em pcts usando iMAOs Em pcts usando Tioridazina ou pimozida Reações adversas Náuseas; Boca seca; Cefaleia e Tontura; Diarreia; ○Disfunção Sexual; Insônia ou sonolência Considerações no Manejo Clínico Pacientes com insuficiência hepática. Alerta de ideação suicida, Interações com iMAOs. ○ > 70 anos (SIADH) CITALOPRAM O citalopram é uma mistura racêmica composta pelos enantiômeros R e S. Esses compostos antagonizam as ações entre si. O composto ativo responsável por inibir o SERT é o S enquanto que sua imagem especular, R, trabalha antagonizando suas ações . É a porção R que apresenta os efeitos anti-histamínicos. Inibição do SERT (S) Aumento dos níveis de Serotonina Melhora do Humor; Reduz o Afeto Negativo; Reduz a Ansiedade. Competição pela ligação ao SERT (R) Atenuação do aumento dos níveis de Serotonina Redução da ação terapêutica final Leve antagonismo dos receptores H1 Inibição da ação da histamina Leve sedação Indicações Transtorno do Humor ○ Transtornos alimentares; Contraindicações Hipersensibilidade conhecida ao fármaco; Em pcts usando iMAOs, tioridazina ou pimozida Bradicardia, hipocalemia, hipomagnesemia, IAM recente ou IC descompensada. Reações adversas Náuseas; sudorese Boca seca; Cefaleia e Tontura; Retardo ejaculatório; Insônia ou sonolência Considerações no ManejoClínico Quanto maior a doses - + risco de Arritmias. Interações com iMAOs. > ansiedade (inicial) Desmame. Interações com AINES e cimetidina Considerações finais sobre os ISRS A remissão dos sintomas acontece por volta de três a quatro meses após o inicio do tratamento, como atualização desses fármacos pode reduzir a dopamina na via mesolimbica pode ocorrer apatia e redução de libido. No geral a serotonina atua reduzindo o afeto negativo, porém ela não possui efeito sobre o afeto positivo, que é de responsabilidade dopaminérgica, logo, a ação serotoninérgica na via mesolimbica pode deprimir o afeto positivo, por isso, pacientes com tendências suicidadas devem ser acompanhados de perto quando estão utilizando essa classe de fármaco já que a melhora do quadro negativo sem a melhora do afeto positivo nesse paciente pode servir como gatilho para que esse paciente tente o suicídio. INIBIDORES DA RECAPTAÇÃO DE 5-HT E NE - IRSN Venlafaxina XR (Effexor XR®) Desvenlafaxina (Pristiq®) Duloxetina (Cymbalta®) Milnaciprano (Ixel®) Os inibidores da recaptação de serotonina- noradrenalina (IRSN) combinam a inibição substancial do SERT produzida pelos ISRS com vários graus de inibição do transportador de noradrenalina. Os IRSN não apenas reforçam a serotonina e a noradrenalina em todo o cérebro, mas também reforçam a dopamina especificamente no córtex pré-frontal. Isso ocorre porque nessa região há abundancia de SERT e NAT, porém há escassez de DAT, o que possibilita que a DA se difunda para além de suas sinapses ampliando o raio de atuação, entretanto quando essa DA se aproxima dos terminais noradrenégicos é recaptada pelo NAT. Essa organização perminte, portanto, que ao se a utilizar um IRSN além de se aumentar a biodisponibilidade de NA, no córtex pré-frontal também ocorre o aumento de DA. VENLAFAXINA A venlafaxina está disponível como formulação de liberação prolongada (venlafaxina XR), que não apenas possibilita sua administração 1 vez/dia como também reduz significativamente os efeitos colaterais, em especial as náuseas. Indicações Transtorno do Humor TDAH em adultos; Contraindicações Hipersensibilidade conhecida ao fármaco; Em pacientes usando iMAOs, tioridazina ou pimozida Reações adversas Náuseas Tremores Boca seca; Sudorese Cefaleia e Tontura; Anorgasmia; Retardo ejaculatório; Insônia ou sonolência Considerações no Manejo Clínico Monitorar PA. Interações com iMAOs. Ajuste de dose em insuficiência renal. Desmame INIBIDORES DA RECAPTAÇÃO DE DOPAMINA E NOREPINEFRINA – IRDN Bupropiona (Wellbutrin®, Zetron®, Zyban®) BUPROPIONA A bupropiona é metabolizada em vários metabólitos ativos, alguns dos quais não apenas são inibidores do NAT mais potentes do que a própria bupropiona e inibidores igualmente potentes do DAT, como também se concentram no cérebro. Indicações Transtorno do Humor ○ TDAH; Tabagismo, e tratamento de Adição (cocaína e MET) – aumento de DA no sistema de recompensa atenua os efeitos da abstinência; Obesidade (*) - é observado, mas sem comprovação cientifica ISRS (- efeitos adversos); TAGs Contraindicações Hipersensibilidade; Em pacientes usando IMAOs, Bulimia; Eplepsias; TCE e Lactação; Reações adversas Fadiga; Náuseas; Boca seca; Insônia; Cefaleia; Tremor; Taquicardia e Vertigem. Considerações no Manejo Clínico Histórico de convulsões; Tumor; Ajuste de dose em insuficiência renal. HAS; Interações IMAO e ADTs; Antiparkisonianos DESVENLAFAXINA A Desvenlafaxina é um metabolito ativo da Venlafaxina formado da reação desse substrato com a CYP 2D6. A desvenlafaxina inibe mais o NAT do que o SERT, em comparação com a venlafaxina. DULOXETIN A Duloxetin possui inibição mais potente do SERT do que do NAT, ela pode ser administrada 1 vez/dia, porém isso costuma ser uma boa ideia apenas depois de o paciente ter tido a chance de se tornar tolerante ao fármaco após iniciar sua administração 2 vezes/dia, particularmente durante a titulação para doses mais altas. MILNACIPRANO A milnaciprano difere um pouco dos outros IRSN por ser um inibidor relativamente mais potente do NAT do que do SERT. Não é vendido no Brasil. INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DE NE – ISRN Reboxetina (Prolift®, Norebox®) Atomoxetina (Strattera®) Edivoxetina Diferentemente dos triacíclicos que produzem inibição eficaz dos NAT, porém com pouca seletividade, os ISRN são altamente seletivos. Indicações Transtorno depressivo maior Distimia Transtorno de panico TDAH Contraindicações Glaucoma de ângulo fechado; Em pacientes usando iMAOs, tioridazina ou pimozida Alérgicos ao composto Reações adversas Ansiedade, náuseas boca seca, insônia, retenção urinária; taquicardia; disfunção sexual vertigem e constipação. Considerações no Manejo Clínico Histórico de convulsões; Interações CYP 3A4 e 2D6; Ajuste de dose em insuficiência renal. HAS; Interações iMAO e ADTs; HPB – hiperplasia prostática benigna; DESINIBIDORES DE SEROTONINA E NORADRENALINA (DISN) Mirtazapina – Mirtazapina®, Remeron Soltab® MIRTAZAPINA A Mirtazapina tem uma ação ampla em receptores, mas sua ação de destaque é sobre α2. Como já é sabido os receptores α2 nos terminais pré-sinápticos atuam como reguladores da liberação de NA, altas quantidades desse neurotransimissor ativam o α2 que bloqueia a liberação de mais NA na fenda. Os neurônios noradrenérgicos do locus coeruleus fazem sinapses com os neurônios serotoninérgicos do núcleo da Rafe e mesencéfalo, a interação NA com os receptores α1 pós-sináptico no corpo celular serotoninérgico promove a maior liberação de serotonina, logo a utilização da mirtazapina impede que os neurônios noradrenergicos sejam inibidos por α2 e, assim com a maior biodisponibilidade de NA há maior interação com os neurônios serotoninergicos e a maior liberação de serotonina. Além disso, os terminais desses neurônios serotoninérgicos presentes na região cortical possuem hereroreceptores α2 que quando ativados pela NA inibem a liberação de serotonina, logo, o bloqueio α2 impede que a liberação de serotonina e NA seja inibida na região cortical também. Outro ponto é que a mirtazapina não apenas bloqueia os receptores α2, como também exerce ações antagonistas sobre os receptores 5HT2A, 5HT2C, 5HT3 e de histamina H1. Indicações Transtornos de ansiedade: Pânico; TOC; TAG A ação sobre os receptores 5-HT2A, 5-HT2c no córtex pré-frontal o que gera os efeitos ansiolíticos, antidepressivos, restauradores do sono, ausência de disfunção sexual. A ação sobre 5-HT3 reduz náuseas e distúrbios TGI. Isso ocorrer porque os receptores 5-HT3 estão localizados na zona de gatilho quimiorreceptora do tronco encefálico, onde medeiam náuseas e vômitos, esses receptores também se encontram no trato gastrintestinal, onde medeiam náuseas, vômitos, diarreia e motilidade intestinal, quando estimulados. Assim, o bloqueio desses receptores pode proteger o paciente dos efeitos colaterais gastrintestinais induzidos pela serotonina. A ação sobre H1 alivia insônia, tem efeito ansiolítico, porem causa sonolência diurna. Efeitos adversos comuns Sedação Efeitos adversos raros Hipotensão ortostática, mania, convulsões, tremores, edema, exantema, aplasia medular (eosinofilia, granulocitopenia, agranulocitose, anemia aplástica e trombocitopenia). Efeitos adversos muito raros Ideação e comportamento suicida. Antagonistas 5-HT2A/2c e Inibidores da Recaptação de Serotonina (AIRS) Trazodona – Donaren® Nefazodona – Serzone® O protótipo de fármaco que bloqueiaos receptores serotoninérgicos 2A e 2C (5HT2A e 5HT2C), bem como a recaptação de serotonina, é a trazodona. A nefazodona é outro AIRS com ações antagonistas de 5HT2A e 5HT2C consistentes, bem como inibidora mais fraca do SERT. Ações de antagonismo sobre 5HT2A e 5HT2C neutralizam os efeitos adversos relacionados a disfunção sexual. TRAZODONA Além de suas ações antagonistas sobre os receptores de serotonina e receptação, a trazodona também pode atuar sobre receptores α1e H1. Em doses baixas exploram as ações da trazodona como antagonista se restringem aos receptores 5HT2A, H1 e α1-adrenérgicas, mas não exploram adequadamente a inibição do SERT ou dos receptores 5HT2C, com isso posologias baixas são uteis para o tratamento de insônia e que por consequência melhora a perda de energia e o humor deprimido. Somente as doses terapêuticas maiores possuem ação antidepressiva, pois nessa concentração conseguem ser efetivas sobre o SERT, além disso, para potencialização dos efeitos pode se fazer a associação com os ISRS. Efeitos adversos Sedação Priapismo – ereção prolongada (1/6.000); Hipotensão Ortostática; Arritmias NEFAZODONA A nefazodona apresenta as mesmas propriedades e características referente a ação dose dependente que a trazadona o ponto que difere os fármacos é que a nefazadona possui não possui ação sobre H1 e sim sobre NAT. Efeitos adversos Náuseas e Cefaleia Toxicidade hepática limita o uso FÁRMACOS NOVOS ESCETAMINA (Spravato®) Aprovado pela Anvisa em 2020 é um antidepressivo inalatório que possui o enantiômero S da Cetamina (Ketamina). O mecanismo de ação trata-se de um antagonista não competitivo de NMDA. A posologia é feita em etapas: Fase de indução: 56mg 1º dia / 56-84mg 2x semana (4 semanas). Fase de manutenção: 56-84mg 1x sem / 9ª sem 1x / 2 sem. Esse esquema é necessário, pois como esse medicamento faz o antagonismo de NMDA ele modula as sinapses cerebrais fazendo com que ocorrar um aumento global da atividade noradrenérgica, serotoninérgica e dopaminérgica. Os receptores NMDA na maioria das vezes tem ação excitatória. Indicações Somente para pacientes com depressão maior resistente com ideação suicida. Contraindicação Hipersensibilidade à substância ativa Aumento da PA ou pressão intracraniana Doentes com DV aneurismática. Doentes com história de hemorragia intracerebral. Acontecimento cardiovascular recente (nas últimas 6 semanas), incluindo IM. Efeitos adversos tonturas (31%) dissociação (27%) náuseas (27%) cefaleias (23%) sonolência (18%) disgeusia (18%) vertigens (16%) hipoestesia (11%) vómitos (11%) HAS(10%). INDICAÇÕES DOS ANTIDRPRESSIVOS TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR Deve ser feita a administração progressiva partindo sempre da dose mínima necessária e os ajustes devem ocorrer num espaço entre 4 a 6 semanas, a associação de fármacos pode ser bem-vinda como: ISRS + IRND, DINS, AIRS A potenciação das ações dos fármacos pode ser obtida através da utilização de Lítio, T3 ou uma anfetamina. DOR CRÔNICA O manejo da dor crônica pode ser feito com a utilização de ADT, IRNS e até de anticonvulsivantes como a carmazepina. TRANSTORNO ANSIOSO GENERALIZADO - TAG O tratamento consiste na associação de um benzodiazepínico mais um antidepressivo: Benzo + ISRS, IRSN ou Buspirona + TCC ADT Mirtazapina, Trazodona, Gabapentina, ASD, Hipnótico. PANICO E TRANSTORNO AFETIVO SOCIAL Benzo + ISRS ou IRSN + TCC ADT, IMAO Gabapentina, Mirtazapina, Trazodona. Topiramato, Lamotrigina, Hipnótico. TRANSTORNO OBCESSIVO COMPULSIVO - TOC Benzo + ADT + TCC IMAO, IRSN, ISRS, Buspirona, ASD, Lítio, Hipnótico. TRANSTORNO DE ESTRESSE POS TRAUMATICO ISRS, IRSN + TCC ADT, IMAO Gabapentina, Benzo*, Topiramato, Lamotrigina, ASD, MIrtazapina, -bloqueador, Naltrexona. PROGRESSÃO DA DOENÇA DEPRESSIVA E RESPOSTA CLINICA O gráfico evidencia que num período de 12 40% dos pacientes apresentam melhora do quadro depressivo sem nenhuma ação farmacológica, entretanto a mesma quantidade de pacientes permanece deprimida. Além disso, existe um componente que envolve a real crença do paciente que tratamento será eficaz isso por como mostra os gráficos a seguir 67% tem melhora após o inicio do tratamento, entretanto quando é feita a utilização de placebo esses numero se invertem. PREVALENCIA DE DESORDENS AFETIVAS DEPRESSÃO - FATORES DE RISCO FATOR ASSOCIAÇÃO Gênero sexual Mulheres 2x mais frequente. Idade 20 a 40 anos - casos iniciais História familiar Risco 1,5 a 3 vezes maior Estado civil Maior risco para Separados/divorciados em comparação a solteiros e mulheres divorciadas apresentam maior risco Puerpério Risco maior nos primeiros 6 meses Outro fator é a associação com eventos negativos como a morte de alguém próximo. ESTABILIZAÇÃO DE HUMOR Nos transtornos bipolares os fármacos devem tratar a mania e impedia a sua recidiva, “estabilizando” o polo maníaco do transtorno bipolar. Esse conceito abrange varias classes de fármacos. O lítio é o mais utilizado como estabilizante, mas podem ser utilizados anticonvulsivante, antipsicótico atípico e alguns antidepressivos, porém os antidepressivos podem ser desestabilizadores de humor, pois aumentam as monoaminas. O lítio é o fármaco de primeira linha e dentro dos anticonvulsivantes podem ser utilizados: CARBAMAZEPINA FENITOÍNA VALPROATO TOPIRAMATO Dos benzodiazepínicos a utilização pode ser feita a partir de CLORPROMAZINA e o antipsicotico mais usado é a OLANZAPINA. Pacientes que não toleram ou não podem utilizar o lítio: VALPROATO CARBAMAZEPINA CARBONATO DE LÍTIO – MECANISMO DE AÇÃO O lítio é um íon cátion monovalente e permeável aos neurônios cujo mecanismo de ação ainda não está estabelecido com certeza. Seus mecanismos de ação consistem em diversos locais de transdução de sinais, além dos receptores de neurotransmissores. Ele parece ter papel mimetizador do sódio nas células e não é bombeado pela bomba sódio/potássio. A hipótese mais aceita é que o lítio tem como ação a inibição da síntese de IP3 e AMPc e inibição da GSK-3 PKC. FARMACOCINÉTICA É extremamente importante o acompanhamento das concentrações plasmáticas por conta dos possíveis efeitos tóxicos. Efeitos tóxicos Náuseas, vômito e diarreia; Tremor Efeitos renais: poliúria, inibição da ação do ADH Pode ocorrer lesão tubular grave (uso prolongado) Aumento do volume da tireóide Ganho de peso, alopécia. Diabetes insípido nefrogênico Pacientes com Doença sinusal devem evitar o uso APLICAÇÃO CLÍNICA Tratamento da fase maníaca no TAB Fase aguda Prevenção e manutenção de episódios maníacos e depressivos Prevenção de suicídios (TH) Episódio depressivo bipolar Agente potencializador de antidepressivo na depressão unipolar, porém deve-se ao máximo evitar associação dada a quantidade de efeitos adversos já causados pelo lítio. OUTRAS DROGAS – APLICAÇÃO CLÍNICA Carbamazepina, Lamotrigna e Ácido Valproico Ácido Valproico – cada vez mais usado no tratamento da fase maníaca aguda em relação ao litio. Carbamazepina e Lamotrigna – Mania aguda e profilaxia na fase depressiva VALE RESSALTAR Atenção maior c/ pacientes polifármacos. É indicado para todo insuficiente renal realizar desmame. Atenção aos sintomas e possíveis efeitos adversos. Apenas o medicamento não é capaz de ajudar o paciente. RENAME – 2022 A Rename contempla os medicamentos e insumos disponibilizados no SUS, além de determinados medicamentos de uso hospitalar e outros insumos para saúde.um caráter irreversível, porém foi observado que essa característica não enquadrava todos os pacientes e em 1908 o suíço Eugen Bleuler criou o termo esquizofrenia que tem origem do latim e significa divisão da mente (esquizo = divisão, phrenia = mente). A prevalência da esquizofrenia ao longo da vida parece ser de 0,3 a 0,7%, embora haja relato de variação por raça/etnia entre países e por origem geográfica para imigrantes e filhos de imigrantes. A proporção entre os sexos difere em amostras e populações. As características psicóticas da esquizofrenia costumam surgir entre o fim da adolescência e meados dos 30 anos; início antes da adolescência é raro. A idade de pico do início do primeiro episódio psicótico é entre o início e a metade da faixa dos 20 anos para o sexo masculino e fim dos 20 anos para o feminino. O início pode ser abrupto ou insidioso, mas a maioria dos indivíduos manifesta um desenvolvimento lento e gradativo de uma variedade de sinais e sintomas clinicamente importantes. FASES DO TRANSTORNO A fase pré-mórbida é uma fase inicial em que os sintomas não trazem prejuízos relevantes ao individuo não prejudicando sua sociabilidade ou ocupações. Com a evolução do quadro surge a fase prodrônica em que os sintomas ainda são inespecíficos, mas com há a progressividade da disfunção social que culmina na forma ativa onde se tem a caracterização dos sintomas e como mencionado anteriormente devem durar pelo menos 6 meses com um mês na fase ativa. Após essa fase ativa podem surgir diferentes perfis na chamada fase residual, esses perfis são apresentados pelas setas no gráfico e mostram que o individuo pode cronificar e permanecer acima do limiar de psicose e ficar permanentemente na fase ativa, ou pode haver a remissão parcial ou completa dos sintomas com o paciente apresentado formas subclínicas do transtorno. FATORES DE RISCO São relatados na literatura fatores de riscos associados a estação do ano no nascimento associando a maior incidência da esquizofrenia em grupos que nasceram no fim do inverno/início da primavera em alguns locais e verão para a forma da doença com déficits. A incidência de esquizofrenia e transtornos relacionados é mais alta em crianças que crescem em ambiente urbano e em alguns grupos étnicos minoritários. Fatores genéticos também são relatados sendo já descritos mais de 100 genes associados, embora a maioria dos indivíduos com diagnóstico do transtorno não tenha história familiar de psicose. Idade avançada dos pais e principalmente complicações pré-natais ou de nascimento como, por exemplo, hipóxia, estresse, infecções, desnutrição, diabetes materno completam os fatores. CONSEQUENCIAS DO TRANSTORNO As consequências vão desde avolia, déficits cognitivos até suicídio. Cerca de 5 a 6% dos pacientes morrem por suicídios e em torno de 20% tentam se suicidar, além disso, portadores de transtorno esquizofrênico vivem de 20 a 30 anos menos que a população geral esse aspecto, além do suicídio, tem fatores cardiovasculares associados. Existem hipóteses para se tentar explicar a fisiopatologia da esquizofrenia sendo mostradas a baixo. HIPOTESE DOPAMINÉRIGCA Drogas estimulantes como cocaína e anfetamina geram nos usuários sintomas similares ao da esquizofrenia. A anfetamina, por exemplo, aumenta a neurotransmissão nas sinapses catecolaminérgicas e promove a liberação de dopamina e quando usadas em doses excessivas o que pode levar a um episódio psicótico, com sintomas positivos indistinguíveis daqueles da esquizofrenia. A partir disso surgiram estratégias farmacológicas com o intuito de bloquear os efeitos da dopamina nos pacientes esquizofrênicos. Relembrando... O aminoácido tirosina entra no neurônio por um co- transportador de tirosina e sódio, dentro do neurônio a enzima tirosina hidroxilase transforma essa tirosina em dopa a seguir a dopa descarboxilase transforma a dopa em dopamina. A dopamina é transportada para vesículas por um contra transportador de hidrogênio, o transportador vesicular de monoaminas (VMAT), dentro das vesículas havendo a enzima dopamina-β-hidroxilase ocorre a conversão da dopamina em noradrenalina e caso a célula em questão pertença a medula adrenal pode se ter mais uma conversão formando a adrenalina mediada pela feniletanolamina-N-metiltransferase . Ao ser liberada na fenda a dopamina pode ser recaptada por um co-transportador de sódio o (TDA) seguir uma via de degradação pela monoamina oxidase (MAO) ou ser novamente levada para as vesículas. As drogas como a anfetamina estimulam a liberação e inibição da receptação dopaminérgica fazendo com que haja maior biodisponibilidade desse neurotransmissor na fenda potencializando a ativação dos receptores dopaminérgicos, principalmente os receptores D2. Existem varias via dopaminérgicas no encéfalo, porém para a esquizofrenia destacam-se os sistemas mesolímbico e mesocortical. Nesses sistemas os corpos neuronais estão localizados na área tegumentar ventral e substancia nigra. Uma outra via a ser discutida é a presente entre o hipotálamo e hipofise . VIA MESOLÍMBICA e MESOCORTICAL A via mesolímbica possui os corpos de seus neurônios na área tegumentar ventral no mesencéfalo e se projeta para o núcleo accumbens. Segundo a hipótese dopaminérgica os sintomas positivos associados à esquizofrenia seriam resultados da hiperatividade da via mesolímbia, ao passo que os sintomas negativos e cognitivos seriam por conta de uma hipoatividade mesocartical. Nessa via os corpos neuronais presentes do mesencéfalo projetam-se para o córtex pré-frontal em regiões associadas a cognição, emoções e sintomas afetivos. Dentro desse panorama o objetivo terapêutico seria reduzir a ação da dopamina na via mesolímbica e aumentar na mesocortical, o que não é tão simples já que o receptor D2 é o mesmo em ambas as vias impossibilitando que uma mesma molécula atue de maneiras distintas. ANTIPSICÓTICOS As indicações desses fármacos incluem: Esquizofrenia Transtorno esquizoafetivo Transtorno bipolar (em conjunto com estabilizante de humor) Depressão (sintomas psicóticos/resistência a antidepressivos) 1° GERAÇÃO / TÍPICOS / CONVENCIONAIS A primeira geração de fármacos tinha como objetivo atenuar os efeitos agressivos dos sintomas positivos fazendo um antagonismos aos receptores dopaminérgicos do tipo 2 (D2). Os fármacos representantes dessa classe são: Clorpromazina Haloperidol Flufenazina A via mesolímbica está relacionada com o sistema de recompensa e o centro do prazer e por esse motivo o tratamento pode gerar exacerbação dos sintomas negativos fazendo com que o paciente perca o prazer nas atividades, anedonia. Outros efeitos colaterais também podem ser observados, dada a incapacidade do fármaco de atuar seletivamente na via mesolímbica e eles incluem: Via Mesocortical - Aumento dos sintomas negativos com nenhuma alteração ou redução da capacidade cognitiva. Via Nigroestriatal - Sintomas extrapiramidais e Discinesia tardia (upregulation). Via Tuberoinfundibular - Aumento dos níveis de prolactina que por consequência pode causar galactorreia e amenorreia. SINTOMAS EXTRAPIRAMIDAIS - SEP Os sintomas extrapiramidais são associados ao controle motor fino. Um dos principais sintomas é a síndroma extrapiramidal aguda, porém ela é reversível. Essa síndrome é caracterizada por: Parkinsonismo – Tríade clássica: tremor, rigidez e bradicinesia. Acatisia – Inquietação, s (p. ex., movimentos inquieto das pernas, apoiando-se alternadamente em um pé ou no outro, passadas de um lado a outro, incapacidade de sentar ou permanecer parado). Pode aparecer em 20%a 75% dos pacientes nos 3 primeiros meses. Distonia aguda – contrações musculares involuntárias. Síndrome do coelho – Contrações involuntárias da musculatura da boca e face. Existem estratégias para controlar esses efeitos colaterais uma delas é ajustar a dose, entretanto muitos pacientes iniciam o tratamento já com a dose mínima e, além disso, com uma diminuição da dose também haverá concomitantemente uma diminuição da eficácia do fármaco. O ajuste de dose é pensado nos casos de pacientes que fazem uso prolongado e no decorrer do tratamento é percebida a necessidade do aumento da dose e por conta disso acabam desenvolvendo SEP, nesse cenário é possível se pensar num ajuste de dose. Outra estratégia é a associação de fármacos como biperideno e propranolol que ajudam no controle dessa ativação muscular excessiva. O biperideno é um anticolinégico e o propranolol é betabloqueador. Caso nenhuma das alternativas surta efeito é de se pensar na troca da classe do antipsicótico. Os pacientes que já no inicio do tratamento apresentem sintomas extrapiramidais caso não sejam prontamente tratados podem desenvolver uma forma crônica da SEP que é a discinesia tardia que é irreversível. Cerca de 25% dos pacientes vão apresentar a dicinesia tardia durante os 5 primeiros anos de tratamento. Nessa síndrome o paciente apresenta movimentos atetoides ou coreiformes involuntários (com duração de, no mínimo, de algumas semanas), geralmente da língua, porção inferior da face e mandíbula, extremidades (embora, algumas vezes, haja envolvimento dos músculos da faringe, do diafragma ou do tronco). Para melhorar os efeitos da discinesia tardia deve-se administrar um agente de depleção de monoaminas para se tentar reduzir a sinalização dopaminérgica na via nigroestriatal através da inibição da VMAT. O esquema terapêutico deve conter a associação do antipsicotico junto com depletor de monoaminas com a redução progressiva do antipsicotico. Com o desmame pode se introduzir um fármaco da classe dos antipsicóticos atípicos que possuem menos efeitos adversos extrapiramidais. A interrupção abrupta sem o desmame não é recomenda já que podem piorar os efeitos da esquizofrenia, basta lembrar que os antipsicóticos típicos são antagonistas dopaminérgicos, logo, o seu uso induzira uma maior expressão de receptores de dopamina. OUTROS EFEITOS Além dos efeitos citados adicionalmente pode ocorrer efeitos decorrentes da interação do fármaco com receptores não dopaminérgicos, já que os antipsicóticos tipos também possuem afinidade por receptores Muscarínicos (M1), Histamínicos (H1) e Adrenérgicos (α1) causando antagonismos em todos o que resulta em: Antagonismo M1 – Xerostomia, visão turva, constipação. Antagonismo H1 – Sedação e ganho de peso Antagonismo α1 – Hipotensão ortostática, disfunção sexual. Apesar dos fármacos típicos serem eficazes no controle dos sintomas positivos, porém dada a sua grande quantidade de efeitos colaterais surgiu a necessidade de criar fármacos que ainda fosse eficazes, mas que tivessem menos efeitos adversos com isso surgiram a segunda geração de antipsicóticos também chamados de antipsicóticos atípicos. 2° GERAÇÃO / ATÍPICOS Os antipsicóticos atípicos vão, assim como os típicos, antagonizar os receptores D2, porém esses fármacos também antagonizam os receptores serotoninérgicos 5HT2A. Essa classe é representada pelos fármacos: Clozapina Risperidona Olanzapina Quetiapina No contexto fisiológico a serotonina tem uma ligação inibitória da dopamina. No estriado os neurônios pré-sinápticos dopaminérgicos possuem receptores 5HT2A que ao serem ativados pela serotonina inibem a liberação de dopamina na fenda sináptica. Nesse contexto, aparentemente, a utilização de um fármaco que iniba os receptores 5HT2A pode parecer um método não muito viável visto que o resultado será uma maior biodisponibilidade de dopamina surge então o questionamento: A ação de antagonistas 5HT2A pode reverter os efeitos dos antipsicóticos sobre os receptores D2? A resposta é NÃO e por dois motivos. Primeiramente devemos nos atentar ao fato de que a hiperatividade dopaminérgica mesolímbica é a que causa os sintomas positivos e que a utilização desses fármacos visa o tratamento do transtorno e a diminuição dos efeitos adversos. A ação dos antipsicoticos atípicos é de nível estriatal e apesar de os efeitos da serotonina sobre a regulação da dopamina serem importantes na via nigroestriatal e também na tuberoinfundibular, a influência da serotonina parece ser insuficiente na via mesolímbica. Com o bloqueio dos receptores 5HT2A ocorre a chamada desinibição que aumenta a biodisponibilidade da dopamina. Com esse aumento dopaminérgico essa dopamina agora passará a competir com o fármaco pelos receptores D2, que também fazem bloqueio do mesmo receptor, com a maior disponibilidade desse neurotransmissor invariavelmente alguma dopamina conseguirá ativar os receptores D2. Dessa maneira os efeitos colaterais não serão tão expressivos já que diferentemente dos fármacos típicos os de segunda geração não fazem o antagonismo puro dos receptores D2, como mostrado anteriormente a inibição forte dos receptores nas regiões estriatal e tuberinfundibular causam vários efeitos adversos (SEP, galactorreia, amenorreia, etc.), além disso, a característica das vias também auxilia na dinâmica uma vez que a via mesolimbica por ser menos responsiva a serotonina impede que o fármaco tenha sua eficácia comprometida. O gráfico abaixo trás a relação do antagonismo dos receptores D2 com os efeitos antipsicoticos e adversos. O limiar para a ação antipsicótica é entorno de 60% de bloqueio dos receptores e os efeitos colaterais começam a surgir acima de 80% de bloqueio. FARMACOCINÉTICA De maneira geral são medicamentos que atuam pela via oral a exceção é o haloperidol que pode ser administrado pela via intramuscular e Independentemente da classe são fármacos de boa absorção. O haloperidol em formulação IM possui liberação lenta o que é interessante para pacientes com esquizofrenia que tenham dificuldade de adesão ao tratamento. Possuem alta taxa de ligação às proteínas plasmáticas, cerca de 98% . São fármacos altamente lipofílicos e com meia vida de 12 a 24h. Metabolização hepática fase I e II e eliminação renal. ESCOLHA DA MEDICAÇÃO Não existe uma ordem de preferencia na utilização dos fármacos. E os fármacos de primeira geração mesmo com a possibilidade de seus efeitos adversos são fármacos eficazes no controle da esquizofrenia, logo, a chegada dos fármacos atípicos não aposentou os típicos. O esquema de escolha é baseado na introdução do fármaco e sua observação, pois alguns pacientes se mostram refratários à medicação alguns fármacos não conseguem ter efeito nesses pacientes. O esquema de escolha é feito da seguinte forma, primeiramente se escolhe um medicamento independente da classe e caso esse não apresente o efeito desejado após 6 semanas é implementado um segundo tratamento e caso também não surta efeito é utilizado a Clozapina. Com a introdução desse esquema terapêutico surge outro questionamento se a clozapina é o fármaco de escolha em pacientes refratários por que ela não é a primeira escolha de tratamento? A resposta esta nos efeitos colaterais. A tabela abaixo trás a relação dos fármacos típicos e atípicos com seus respectivos efeitos. A clozapina por ser um fármaco atípico apresenta poucos ou nenhum efeito extrapiramidal, porém apresenta efeitos complicados como agranulocitose e convulsões. RISCOS E OUTROS EFEITOS ADVERSOS Os antipsicóticos atípicos estão associados a síndrome metabólica. A prevalência da síndrome metabólicados pacientes tratados com esses fármacos varia de 29 a 63%. O ganho de peso associado, a resistência insulínica e dislipidemia aumentam o risco cardiovascular. O gráfico abaixo contém a relação entre o ganho de peso e os respectivos medicamentos. Nesses casos o tratamento deve estar atrelado a um acompanhamento nutricional, exercícios físicos, utilização de hipoglicemiantes e até na substituição do fármaco. Além disso, estudos mostram que pacientes tratados com antipsicóticos atípicos apresentam o triplo de probabilidade de apresentar hipotireoidismo e os fármacos mais associados a esse senário são a olanzepina e quetiapina. Outro efeito indesejável, porém raro é a miocardite associada à antipsicóticos, alguns pacientes apresentam uma reação de hipersensibilidade a metabólitos dos fármacos. Dos pacientes que utilizam clozapina 0,9% podem apresentar miocardite, dos que usam flufenazina 0,4% os demais fármacos esse números giram em torno de 0,1%. Os pacientes que apresentem esse quadro de miocardite cerca de 50% vão apresentar o desfecho fatal da doença. Os sintomas da miocardite são inespecíficos. O paciente pode apresentar: febre (48%), dispneia (35%), mal-estar semelhante ao da gripe (30%), dor no peito (22%) e fadiga (17%). O tratamento é feito com o uso de altas doses de glicocorticoides (prednisona). Outro efeito é a síndrome maligna que é um distúrbio agudo da termorregulação e controle neuromotor, causado por depleção de dopamina na via nigroestriatal e vias hipotalâmicas implicadas na termorregulação, assim além dos SEP alguns pacientes vão apresentar: rigidez muscular, aumento da temperatura, confusão mental, morte por falência renal ou cardiovascular. Portanto uma vez identificada a síndrome maligna deve-se intervir imediatamente com Dantroleno (relaxante muscular) e Bromocriptina (agonista dopaminérgico). Na gestação deve-se avaliar risco beneficio, pois nenhum fármaco apresenta menos efeitos adversos durante a gestação e a retirada do tratamento resulta em altos índices de recaídas. Os efeitos observados no neonato são tremor, irritabilidade, sonolência, alterações no desenvolvimento motor e cognitivo já que pela alta lipossolubilidade esses fármacos conseguem atravessar a barreira placentária. ANSIOLÍTICOS E HIPNÓTICOS Os fármacos ansiolíticos e hipnóticos assim como antipscicoticos e todos os psicofármacos não tem caráter curativo e sim de adjuvantes em tratamentos que muitas vezes contem outros fármacos e ações não farmacológicas como a terapia de toda maneira são medicações muito importantes no processo de recuperação do paciente. Resumidamente os ansiolíticos são fármacos usados no tratamento de transtornos de ansiedade ao passo que os hipnóticos são indutores do sono. ANSIEDADE A ansiedade é uma emoção humana normal, que serve a uma função adaptativa a partir de uma perspectiva psicobiológica. A ansiedade basicamente serve para preparar o individuo para uma situação de estresse (luta ou fuga). Quando nos deparamos como uma situação adversa como um perigo eminente imediatamente é ativado o sistema nervoso simpático que a partir de uma descarga adrenérgica prepara o corpo do individuo para essa situação aumentando o estado de vigília, causando vasoconstrição periférica, diminuição do peristaltismo, retenção urinária, aumento do desempenho cardíaco, glicólise, broncodilatação para aumentar a hematose etc, além disso, situações “internas” também podem gerar um disparo ansioso como num paciente que sente uma dor no peito e se preocupa, ou um individuo que está se preparando para uma prova e acaba ficando ansioso, ou até mesmo no caso de uma hipoglicemia pode se disparar um estimulo ansioso. Todas essas situações no cenário de luta ou fuga são benéficas, entretanto quando não a estímulos verdadeiros para se disparar esse sistema é instaurado um quadro patológico. SINTOMAS COMPORTAMENTAIS Um individuo ansioso pode apresentar os ditos comportamentos estereotipados como, por exemplo: roer as unhas, levar objetos a boca, balançar as pernas, entretanto isso não significa dizer que os indivíduos que apresentem comportamentos estereotipados possuam uma ansiedade patológica. Os indivíduos ansiosos geralmente apresentam sinais patentes de tensão muscular e também podem apresentar hiperfagia. A intervenção médica na ansiedade deve ocorrer quando o paciente apresenta os sintomas centrais. SINTOMAS CENTRAIS Os sintomas centrais são mediados pelo medo e preocupação excessivos que desencadeiam: Fadiga Cefaleia Náuseas Hipervigilância Dificuldade de concentração Insônia Apreensão e “antecipação de infortúnios” Além desses outros sintomas podem ser associados devido ao excesso de estimulo simpático como: elevação do tônus muscular, palpitação devido a taquicardia, aumento da pressão arterial, hiperventillação, sudorese, tremores, piloereção, exoftalmia, para compensar essa atividade simpática pode ocorrer uma hiperatividade vagal que desencadeia micção, defecação e hipersecreção gástrica. Segundo a DSM-5 um individuo para ter o diagnostico de transtorno de ansiedade generalizado precisa de no mínimo 6 meses de ansiedade e apreensão persistentes e de maneira excessiva. Todos os sintomas listados até aqui servem para os mais diversos transtornos. O medo, assim como a ansiedade é uma resposta natural do organismo e é atrelado a uma ameaça iminente real ou percebida, entretanto os indivíduos com transtorno de ansiedade esse medo é expresso em situações não reais e associado a ansiedade preocupação excessiva são a base de vários transtornos. OUTROS TRANSTORNOS DE ANSIEDADE Transtorno de pânico – Nesse transtorno o individuo tem medo e sentimento de morte eminente por conta disso acaba tento ataques de pânicos inesperados e alteração de comportamento. Transtorno de estresse pós-traumático – Nesse quadro o individuo tem a revivescia de um evento traumático. Os portadores desse transtorno apresentam preocupação excessiva, ansiedade da reviviência que pode disparar uma crise de pânico e, além disso, o individuo pode apresentar distúrbios do sono. Transtorno obsessivo compulsivo – O TOC está associado a uma obsessão, perturbação e/ou compulsão que neutraliza a ansiedade. No TOC os indivíduos apresentam um comportamento ritualístico, existe a necessidade de realizar determinada tarefa caso contrario é gerado uma intensa crise de ansiedade. Transtorno de ansiedade social – Seus portadores têm uma preocupação excessiva com o desempenho e exposição social. FATORES COMÓRBIDOS Existem fatores que podem desencadear transtornos de ansiedade e alguns deles são: Abuso de drogas – anfetaminas, cocaína, ansiolíticos, antidepressivos, etc. Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade - TDAH Transtorno afetivo bipolar – TAB Transtornos do sono Depressão maior No transtorno depressivo maior os sintomas centrais são humor deprimido e ausência de prazer, porém os sintomas associados fadiga, dificuldade de concentração, transtorno do sono, psicomotores, etc. são os mesmo associados ao transtorno ansioso generalizado o que pode confundir o diagnostico e é devido a isso também que cerca de 65% dos pacientes com ansiedade tem sintomas depressivos. É muito importante a compreensão dos sintomas, pois a prescrição dos psicofármacos é totalmente baseada neles. REGIÕES CEREBRAIS ENVOLVIDAS NO MEDO E ANSIEDADE A amígdala é uma região envolvida no controle do medo a hiperativação da amígdala causa distúrbios de ansiedade. Além da amígdala existe outra via muito importante nos transtornos de ansiedade que é a via ligada a preocupação essa via é a CSTC (cortiço estriado talâmica cortical). Essa alça tem origem nocórtex pré- frontal dorsolateral que se comunica com o núcleo estriado de lá se comunica com o tálamo e do tálamo novamente com o córtex dessa via. Quando essa via está hiperativa ajuda o individuo a manter o estado de alerta e tônus muscular visto que o núcleo estriado é associado ao movimento. A região do córtex pré-frontal dorsolateral é uma região de processamento de informações e associada à logica. Voltando à amigdala, ela é um centro regulatório importantíssimo ela tem atividade relacionada ao hipocampo que tem papel aliado à memoria e isso se mostra especialmente relevante nos indivíduos com transtorno de estresse pós-traumáticos já que a revivência de memórias especificas são capazes de desencadear uma crise de ansiedade. O hipotálamo desempenhará papel na indução do cortisol e adrenal por conta da estimulação da amigdala que também vai atuar na Substancia cinzenta periaquedutal (PAG) responsável pela resposta motor ao medo, núcleos da rafe que atuam no sistema cardiovascular e o córtex cingulado anterior (CCA) e córtex orbital pré-frontal (COPFA) são associados ao controle do medo. A longo prazo essa hiperestimulação simpática causada pelo medo e ansiedade gera uma sobrecarga do sistema cardiovascular. CIRCUITO DO MEDO Numa situação de perigo eminente, um assalto, por exemplo, a região do tálamo anterior começa a ser ativada que imediatamente ativa o núcleo lateral da amígdala que ativa o núcleo central que ativa diversas regiões e por consequência gera um serie de respostas associadas como é mostrado abaixo: Locus Coeruleus (LC) → aumenta o estado de alerta pela estimulação simpática. PAG → leva a paralisia por conta do controle motor Núcleos Paraventriculares Hipotalâmicos → Atividade neuroendócrina gerando uma descarga de cortisol Hipotálamo Lateral → Aumento da atividades do sistema nervoso autônomo. Núcleo Parabraquial → aumento da frequência respiratória, por isso é muito comum em situações de medo o individuo apresentar a sensação de dispneia. Situações que não há perigo eminente também podem ativar esse circuito como naquelas que o individuo nunca havia se deparado ou ainda não está previamente acostumado como numa apresentação para uma plateia ou a primeira entrevista de emprego etc. Nesse recorte ocorre a ativação do hipocampo. Quando o hipocampo é ativado duas vias paralelas são disparadas. Uma ativa o núcleo basal da amigdala que ativa o núcleo central e gera as respostas associadas ao medo, porém o hipocampo também ativa vias associadas a memoria que geram um estimulo para que o córtex pré-frontal dorsolateral, que como dito anteriormente é associado à razão, interprete a essa situação como inofensiva, assim do córtex pré-frontal são enviados estímulos para o núcleo basal da amigdala fazendo a inibição do núcleo central, entretanto quando o individuo não consegue interpretar a esse estimulo como inofensivo a ativação excitatória que o hipocampo envia para a amigdala se sobrepões às inibitórias do córtex pré-frontal fazendo com que ocorra a ativação do núcleo central desencadeando todas as respostas características do medo, só para uma ameaça irreal. CIRCUITO INTRA-AMÍGADALA DO MEDO A amígdala é dividida em três regiões a amígdala lateral, massa central intercalada e amígdala central. À direita da imagem estão as vias do córtex pré- frontal ventro medial (CPFVM), hipocampo, córtex sensorial e tálamo que são vias estimulatórias da amígdala mediadas pelo glutamato e geram as respostas de medo, ao passo que à esquerda vindas também do hipocampo e CPFVM estão a vias inibitórias que estimulam interneurônios GABAérgicos na amígdala. Nos indivíduos com transtornos de ansiedade a amígdala é hiperesponsiva, porque esses indivíduos estão sempre expostos a estímulos ambientais que são interpretados como possivelmente nocivos. Mas esses transtornos são adquiridos, por mais que existam alguns fatores genéticos os fatores ambientais tem muito mais peso no processo. Os transtornos de ansiedade no geral não são processos de desfechos agudos e sim insidiosos são necessários gatilhos recorrentes para estimulação da amigdala que culminam no condicionamento do medo, portanto esse medo é aprendido, em outras palavras a ansiedade é um processo de condicionamento expositórios do medo, desse modo a cura vem da reorganização desse circuito da amígdala podendo fazer uso de recursos farmacológicos, mas principalmente com uso de terapia com o objetivo de reeducar o sistema do medo. HIPERATIVIDADE ADRENÉRGICA A hiperatividade adrenérgica é explicada pelo fato de que excesso de ativação da amigdala além de ativar o LC pode fazer com que o próprio LC gere uma resposta crônica de reforço de ativação da amígdala. Essa ativação é mediada por noradrenalina que ativa receptores α e β deixando o tônus dessa amígdala sempre aumentado. Como visto anteriormente a alça CSTC é ligada a preocupação, porém a hiperativação noradrenérgica além de aumentar o tônus da amigdala também se comunica com o tálamo e CPFDL que reforça a alça da preocupação a CSTC. Nesse circuito uma estratégia farmacológica de redução da ansiedade é o bloqueio dessas vias noradrenérgicas do LC. O medicamento empregado é o propranolol que por ser o único beta bloqueador a atravessar a BHE é capaz de antagonizar os efeitos da NA nessas vias diminuindo a ansiedade. CONTROLE DA ATIVIDADE ANSIOGÊNICA Como foi visto até aqui a amigdala é o centro do medo e ansiedade e a alça CSTC da preocupação e obsessão. No controle do medo existem basicamente duas vias uma via serotoninérgica de origem dos núcleos da Rafe (NR) e outra noradrenérgica oriunda do locus coeruleus. Essas vias enviam estímulos para a amigdala que por sua vez estimula o córtex orbital pré- frontal anterior e córtex cingulado anterior gerando um medo excessivo. Esses circuitos sempre vão ser ativados em situações de risco e quando essas vias, LC e NR, estão muito excitadas invariavelmente por conta da estimulação da amidala há uma hiperestimulação simpática que produz efeitos tanto sistêmicos como na própria amigdala como foi mostrado. Assim para se regular essas vias existem interneurônios GABAérgicos que numa situação de ansiedade normal vão inibir a amigdala que por sua vez vai diminuir a atividade do CCA e do COPFA, mas nos transtornos de ansiedade esses interneurônios não funcionam de maneira eficaz. Algumas substâncias como benzodiazepínicos, barbitúricos, hipnóticos, sedativos, anestésicos e até mesmo o álcool agem justamente na estimulação desses interneurônios. Existem estratégias não farmacológicas para o controle da ansiedade como a yoga. Na yoga algumas posturas remetam a dor e a dor é ansiogênica, entretanto o individuo consegue controlar o ritmo respiratório e consegue manter esse estado apesar da situação adversa o que se reflete num feedback negativo para a amigdala fazendo com que os interneuronios inibitórios comecem a trabalhar. SISTEMA GABAÉGICO O GABA ou ácido gama-aminobutírico é principal neurotransmissor inibitório do SNC e atua em cerca de 65% de todas as sinapses cerebrais é responsável pela regulação da amígdala e nas alças CSTC. O glutamato é o precursor do GABA, a enzima glutamato descarboxilase (GAD) é a responsável por catalisar a reação formadora do GABA. RECEPTORES GABAÉRGICO Existem pelo menos três receptores para o GABA: GABAA – São receptores ionotrópicos associados a canais de Cloreto. GABAC – Também é ionotrópicos associados a canais de Cloreto, porém tem papel fisiológico desconhecido. GABAB – São receptores metabotrópicos que culmina na corrente de potássio. Seja pela entrada de íons com carga negativa como ocorrer com os receptoresGABAA e GABAC ou pelo efluxo de potássio como ocorre com o GABAB o resultado final é a hiperpolarização neuronal e por consequência sua inibição. As estratégias focadas na ativação GABAérgicas irão se concentrar na ativação do receptor GABAA. Esse receptor possui 5 subunidades com um canal de cloreto no interior, cada subunidade possui quatro regiões transmembranas. Os receptores GABAA possuem muitos subtipos devido as diversas combinações das isoformas das subunidades. As isoformas são denominadas por letras gregas e cada subunidade pode apresentar um numero distinto de isofromas. α – 1 a 6 isofromas; β, σ e γ – 1a 3 isofromas; δ, π, ε e θ – 1 isoforma. O receptor GABAA possui duas subunidades α e β e uma subunidade γ. Entres as subunidades α e β está o sitio de ligação do GABA, o benzodiazepínico se liga entre a subunidade α e γ. A partir desse esquema é possível perceber que os benzodiazepínicos são uma espécie de agonistas alotéricos não competitivos porque ativam o receptor, mas não competem pelo mesmo sitio com o GABA que é o agonista endógeno, entretanto os benzodiazepínicos para gerar efeito precisam que o GABA esteja interagindo com o receptor, caso não haja o neurotransmissor os benzodiazepínicos não produzirão efeito terapêutico, sendo assim, os fármacos benzodiazepínicos atuam potencializando a ação do GABA, pois eles atuam aumentando a frequência de abertura do canal. Dada essa característica peculiar os Benzodiazepínicos (BZD) são classificados como moduladores alostéricos postivos dos receptores GABAA. Como mencionado antes existem receptores com diferentes isoformas e quando o GABA se liga entres as subunidades β e α1 e o BZD entre as subunidades γ e α2 é produzida uma ação mais sedativa concomitante a uma inibição fásica do neurônio, mais uma vez é importante salientar que para se produzir efeito é necessário a ligação de duas moléculas de GABA, na ausência do agonista endógeno o receptor fica inativo e o BZD não produz efeito farmacológico. Quando o BZD se liga à receptores que possuam sítios α2 e γ2 ocorre uma ação mais ansiolítica, inibição fásica e sináptica, então, partindo desse pressuposto fica claro que dependendo de como esse receptor é constituído a ação produzida é distinta. Os barbitúricos podem se ligar no mesmo sitio que o GABA – β e α4 , mas também podem se ligar, principalmente, entre as subunidades α4 e δ gerando uma inibição tônica, diferentemente da fásica em que existe uma frequência de abertura na tônica o canal abre fibrila e não fecha causando um sedação importante e indução do individuo ao coma. O álcool em grandes quantidades tem o mesmo efeito, pois se liga nos mesmos receptores e por isso pode induzir o como alcoólico é importante salientar que álcool em pequenas quantidades não é ansiolítico e sim euforizante. Esses subtipos de receptores GABA estão distribuídos pelo encéfalo, mas mais importante que saber a localização precisa desses receptores é entender que a respostas de suas ativações serão distintas. Por exemplo, um paciente com TOC precisa reverter o quadro ansioso sem necessariamente haver sedação, portanto é necessário um fármaco que atue em receptores com sítios γ2 (α2, α3). TRATAMENTO FARMACOLÓGICO O tratamento farmacológico é sintomático e não tem poder curativo, mais é especialmente importante na reabilitação do paciente. Os fármacos utilizados podem ser sedativos, hipnóticos e ansiolíticos. SEDATIVOS – São fármacos com a capacidade de reduzir levemente a atividade cerebral, sobretudo nas áreas hiperexcitadas, promovendo assim a sensação de relaxamento e calma. Sinônimo de calmante. HIPNÓTICOS – São fármacos com a capacidade de reduzir a atividade cerebral num nível que leve a redução da vigília, ou seja, são substâncias indutoras do sono. Sinônimo de soníferos. ANSIOLÍTICOS – São fármacos com a capacidade de reduzir a atividade de certas áreas cerebrais envolvidas com os sentimentos e comportamentos ansiosos, ou seja, são substâncias que diminuem a ansiedade. Logo também possuem ação “calmante”. Todo sedativo e hipnótico tem a capacidade de reduzir a ansiedade. Mas nem todo ansiolítico necessariamente vai ter atividade hipnótica (indução do sono). BENZODIAZEPÍNICOS Como já discutido anteriormente os benzodiazepínicos são fármacos moduladores alostéricos positivos do receptor GABAa. O termo benzodiazepínico refere-se à parte da estrutura composta de um anel benzeno (A) fusionado a um anel diazepínico de sete membros (B). Como todos os benzodiazepínicos importantes contêm um substituinte 5-arila (anel C) e um anel 1,4-diazepina, o termo acabou significando as 5-arilas-1,4- benzodiazepinas. Os BZD tem amplo espectro de ação e podem ser usados como: Ansiolíticos Sedativos e hipnóticos Anticonvulsivantes Redução do tônus da musculatura Os BZD podem causar redução da coordenação motora e em doses altas podem causar amnésia anterógrada. Os BZD fazem ligações especificas no córtex, sistema límbico, cerebelo e mesencéfalo. Esses fármacos não atuam sobre receptores GABAb ou GABAc, além disso, são substancias que possuem efeito teto. O efeito teto confere certa segurança terapêutica aos BZD o gráfico a seguir mostra a curva de dose x resposta dos BZD e outros fármacos. A reta (vermelho) mostra a dose x resposta do etanol, anestésicos gerais e solventes note que essas substancias com o aumento da dose os efeitos aumentam proporcionalmente e podem deprimir os centros respiratório e vasomotor no bulbo, levando ao coma e à morte, já os BZD, curva (verde) possuem um platô e mesmo com o aumento progressivo da dose ao atingir esse limiar dificilmente é possível chegar ao efeito anestésico geral ou bloquear sistema respiratório, porém a associação de álcool com o BZD pode potencializar os efeitos e levar o individuo a um estagio de coma. Esse efeito teto se deve ao fato de os BZD, diferentemente das substancias anestésicas, pelos receptores GABAa produzem uma inibição fásica dos neurônios. BZD COMO HIPNÓTICOS Muitas pessoas, erroneamente, utilizam BZD para tratar a insônia, quando na verdade estão tratando o sintoma e não a causa e acabam se tornando dependentes da medicação. O sono é dividido em 5 estágios que vão se graduando até se chegar no sono REM onde a atividade cerebral é igual a atividade elétrico do individuo acordado. Durante o sono são feitos ciclos do sono REM e ele é importante, pois é nesse período que o individuo sonha, consolida a memoria, organiza sinapses, etc. Os BZD aumentam a duração do sono fazendo com que ao dormir o sono do individuo fique entre o estagio dois e quatro e diminui os ciclos de sono REM, logo, os benefícios produzidos nesse período são diminuídos. O uso crônico de BZD com esse intuito leva a tolerância, porque o excesso de estimulação do receptor GABA gera um downregulation como menos receptores para serem ativados é necessário aumentar a dose para se produzir o mesmo efeito farmacológico. ALGUNS FÁRMACOS UTILIZADOS COMO HIPNÓTICOS Ação curta: ZOLPIDEM ZOPICLONA ANTIHISTAMINICOS BARBITURICOS O Zolpidem e Zopiclona também são chamados de composto Z e não são BZD, mas atuam no mesmo sitio de ligação e parece não interferir muito no ciclo de sono e aparentemente não possuem efeitos na cognição, porém caso o paciente faça uso e não durma pode apresentar quadros de alucinação, delírio e paranóia. Os antihistaminicos de primeira geração, como o Polaramine® podem atuar como indutores do sono. Os barbitúricos não são mais utilizados por conta de seu efeito tóxico. INSÔNIA Na insônia o paciente queixa-se de dormir pouco o que tem dificuldade para dormir. É importante investigar a etiologiauma vez que a insônia pode se tratar de um sintoma e caso seja tratada sem definitivamente tratar a causa o paciente não irá conseguir melhorar desse sintoma podendo até ficar dependente de medicação. Algumas possíveis causas são ruído, ansiedade, dor, doença, fadiga, etc. A insônia é classificada de três formas: Insônia transitória 3 dias de duração Causada por agente estressor ou situacional Uso de hipnóticos por 3 noites no máximo Insônia de curto prazo 3 dias a 3 semanas Estressor, doença ou sofrimento Uso de hipnótico 7 a 10 noites (interclado) Insônia de longo prazo + de 3 semanas (s/ fator causal) nesse caso pode se tratar não apenas de um sintoma, mas sim de um distúrbio do sono. BZD E TEMPO DE AÇÃO Pacientes em transtorno de ansiedade utilizam os fármacos de ação intermediária, os de curta são utilizados para sedação em procedimentos como endoscopia, por exemplo. FÁRMACOS BENZODIAZEPÍNICOS DIAZEPAM Farmacocinética Rápido e completamente absorvido pelo TGI; Pode ser administrado por IV, IM e oral; Altamente Lipossolúvel; Liga-se às proteínas plasmáticas (99%), atenção com pacientes cirróticos ou com disfunção hepatica; Início de Ação após 30 min a 90 min; Metabolização Hepática (Nordiazepam, Hidrodiazepam e Oxadiazepam) atenção com pacientes cirróticos ou com disfunção hepatica; Meia-Vida (30 a 80 horas); Excreção Renal (Livre ou predominantemente conjugada). Indicações Ansiedade Aguda Situacional (crises exacerbadas); Insônia; Transtorno do Pânico; Transtorno de Ansiedade Generalizada; Tratamento das Complicações da Abstinência de Álcool Outras aplicações Relaxante Muscular Tétano Espasticidade Decorrente de Doenças Neuromusculares Tratamento e Prevenção de Mal Epilético e Convulsões Pré-Anestésico e em procedimentos de endoscopia Contra indicações Hipersensibilidade aos BZDs; Doença Hepática ou Renal Insuficiência Respiratória ou DPOC; Miastenia Gravis; Pacientes Adictos Reações adversas – vale para todos os BZD Síndrome de Abstinência; Ataxia; Fadiga; Sonolência CLONAZEPAM – Rivotril® Farmacocinética Bem absorvido por VO (>80% de BD); Altamente Lipossolúvel; Liga-se às proteínas plasmáticas (86%); Início de Ação após 60 min a 150 min; Metabolização Hepática (Por nitrorredução e acetilação); Meia-Vida (20 a 40 horas) Excreção Urinária (50 a 70%) e Fecal (20 a 40%). Indicações Transtorno do Pânico com ou sem agorafobia; Transtorno de Ansiedade Social; Mania Aguda; Transtorno de Ansiedade Generalizada Outras aplicações Acatisia Induzida por Antipsicóticos Típicos; Redução transitória dos sintomas de Discinesia Tardia; Agitação em Psicoses Agudas; TOC; Convulsões Tônico-Clônicas Generalizadas Primárias ou Secundarias; Crises Mioclônicas e Crises Parciais; Neuralgia do Trigêmio Contra indicações Hipersensibilidade aos BZDs; Doença Hepática Grave e Insuficiência Respiratória; Doença de Alzheimer; Miastenia Gravis; Pacientes Adictos. Considerações sobre o manejo clinico A suspensão abrupta do clonazepam, assim como todos os BZD, sobretudo depois do uso prolongado em doses elevadas, pode promover síndrome e retirada. Em pacientes com epilepsia, a interrupção abrupta pode produzir aumento na intensidade e na frequência das crises convulsivas, assim como o desencadeamento de um estado de mal epiléptico. ALPRAZOLAM Farmacocinética Bem absorvido por VO (92% de BD); Concentração plasmática atingida entre 0,7 e 2,1 horas após a ingestão; Liga-se às proteínas plasmáticas (80%); Início de Ação Rápido; Metabolização Hepática (CYP3A4 - Oxidação); Meia-Vida (6 a 20 horas) Excreção Urinária Indicações Transtorno do Pânico com ou sem agorafobia; Transtorno de Ansiedade Generalizada; Transtorno Depressivo Maior; Disforia Pré-Menstrual; Outras aplicações Fobia Específica Transtorno de Ansiedade Social Tremor Essencial Contra indicações - Pacientes tomando cetoconazol ou itraconazol + as indicações do diazepam. FLUNITRAZEPAM Farmacocinética Completamente absorvido por VO; Concentração plasmática entre 1 à 4 horas; Liga-se às proteínas plasmáticas (8%); Início de Ação após 20 min à 30 min; Totalmente Metabolizado (CYP3A4, CYP2C9 e CYP2C19); Meia-Vida (25 horas) e Duração de Efeito (10 horas); Excreção Urinária Indicações Insônia Sedação Pré-Cirúrgica Controle do Comportamento Agressivo em Psicóticos Contra indicações – As mesmas dos demais BZD + pacientes com síndrome da apneia do sono, miastenia Gravis, ou doença hepática grave. Considerações sobre o manejo clinico Alertar o paciente para que tenha cuidado ao dirigir veículos ou operar máquinas perigosas, pois o fármaco compromete tanto a atenção como a velocidade dos reflexos. Por se tratar de um BZD eve-se evitar o uso associado de álcool. BROMAZEPAM Farmacocinética Bem absorvido por VO (BD 84%); Concentração plasmática atingida entre 1 a 2 horas (até 12horas); Liga-se às proteínas plasmáticas (70%); Início de Ação Rápido (20 minutos); Metabolização Hepática (Oxidação); Meia-Vida (8 a 20 horas) Excreção Urinária (70% em 120 horas). Indicações Transtorno de Ansiedade Generalizada; Transtorno do Pânico; Transtorno de Ansiedade Social; Insônia; Agitação Outras aplicações Outras aplicações Doenças Neuromusculares com espasticidade (Tétano); Medicamento pré-anestésico; Terror noturno; Convulsões Parciais. Contra indicações e manejo – As mesmas do Flunitrazepam. BIOTRANSFORMAÇÃO DOS BZD Os benzodiazepínicos são fármacos que possuem vários metabolitos intermediários e alguns deles são metabolitos ativos que prologam a ação do fármaco, no esquema abaixo esses metabolitos estão marcados com asterisco (*). FLUMAZENIL O flumazenil é um antagonista competitivo dos receptores GABAa, portanto serve para bloquear os efeitos dos BZD, esse fármaco também bloqueia os efeitos dos Compostos Z. Esse fármaco pode ser utilizado para reversão da sedação ou no quadro de intoxicação por BZD. Deve se ter atenção no caso de intoxicação mista e o uso de flumazenil não é recomendado em pacientes epilépticos que venham recebendo BZD por período prolongado, pois o uso dessa medicação pode disparar uma crise convulsiva, assim como pacientes no geral que fazem uso de BZD já que a utilização de um antagonista pode gerar uma crise de abstinência. Também deve-se ter cautela em pacientes com traumatismo craniano sob uso de BZD, já que o usos de flumazenil pode aumentar a pressão intracraniana. BARBITÚRICOS São fármacos não muito utilizados na pratica clinica devido a sua curta margem terapêutica. Ele se liga a um sítio alostérico diferente dos BZD e promove uma estimulação tônica dos receptores GABAérgicos gerando quadro geral de sedação intensa. Com cerca de 3x pode se sair da dose sedativa e chagar a hipnótica e a dose letal é 10x dose hipnótica. Por ser um potente sedativo os barbitúricos em dose elevadas pode causar depressão do sistema respiratório e morte. Para reverter quadro de intoxicação o manejo se da com é com medidas de suporte, hidratação, diurese forçada com o auxilio de diuréticos e como os barbitúricos são ácidos deve-se fazer a alcalinização da urina com a utilização de bicarbonato. INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA BZD E BARBITÚRICOS CONTRA INDICAÇÕES DE BZD E BARBITÚRICOS BUSPIRONA A buspirona é um agente ansiolítico de início lento e não é um benzodiazepínico. Esse fármaco tem um mecanismo diferente, pois não interage diretamente com os sistemasGABAérgicos, a buspirona se trata de um agonista parcial dos receptores 5-HT1A. A buspirona atua em dois locais um deles é nos receptores 5-HT1A do neurônio pré-sináptico na região dendrítica e o outro é no receptor pós-sináptico. Os receptores 5-HT1A receptores inibitórios de serotonina, logo quando ela se liga a um receptor pré-sináptico diminui a atividade neuronal diminuindo a liberação de aminas ativas do neurônio quando ela se liga no receptor pós ela diminui a resposta. O efeito pode durar dias ou semanas, porque esse tipo de ação leva a adaptação dos receptores (downregulation). A buspirona é um fármaco com pouco efeito sedativo e os efeitos colaterais incluem cefaleia, o mais comum, náuseas, nervosismo, delírios, excitação, disforia, sudorese e nasocongestão. MELATONINA Aprovado em 2005 (USA) Brasil (Rozerem®) Ação agonista em receptores MT1 e MT2 Rapidamente absorvida por VO (pico em 1h) Biodisponibilidade menor que 2% 80% ligada a proteínas plasmática Meia vida de 2 h 4 metabólitos ativos – M-II – ação em MT1 e 2 É eficaz no tratamento da insônia crônica e bem tolerado sem prejuízo nas funções cognitivas e na formação de memória, pois não atrapalha o sono REM e não ocorre tolerância. Por ser igual a molécula endógena fisiologicamente é de se pensar em um feedback negativo, entretanto não a estudos comprovatórios de prejuízo de seu uso a longo prazo. ANTIDEPRESSIVOS E ESTABILIZANTES DE HUMOR Vídeo – “Eu tenho um cachorro preto e seu nome é depressão” O termo “cachorro preto” ou “black dog” é uma metáfora usada desde o século XVII para descrever a lenda de um fantasma com olhos brilhantes, relacionado aos maus presságios e à morte em várias culturas. Essa expressão foi popularizada por Winston Churchill no século XX e começou a ser usada como sinônimo de depressão, transtorno que o ex-primeiro-ministro do Reino Unido enfrentou ao longo da vida. Filme - Mr. Jones. 1993. Mostra um pouco de como é o comportamento de um individuo com mania TRANSTORNOS DE HUMOR Os transtornos do humor costumam ser denominados transtornos afetivos. Isso porque o afeto é a expressão externa do humor, uma emoção vivenciada “por dentro”. Depressão e mania são as pontas no espectro de humor Distúrbios afetivos – depressão e mania CLASSIFICAÇÃO DOS DISTURBIOS AFETIVOS A depressão tem espectro do humor mais negativo ao passo que na mania o individuo tem o afeto, expressão do humor, mais elevado. O termo mania é usado popularmente para definir hábitos ou comportamentos estereotipados (“eu tenho a mania de roer as unhas.”) e outras vezes o termo maníaco que deveria ser usados para os indivíduos com o comportamento de mania é empregado sobre os indivíduos que tem psicopatia. As desordens depressivas podem ser unipolares ou bipolares. Unipolar - indivíduos maníacos ou depressivos Bipolar – indivíduos com ambas desordens. DEPRESSÃO A depressão é definida como humor deprimido na maior parte do tempo e/ou perda de prazer na maioria das atividades. 15 a 20% da população mundial, em algum momento da vida, sofrerá de depressão. 6-8% dos pacientes em atenção primária preenche critérios Alta morbidade e mortalidade Causa comum de incapacidade Associada a diversas condições clínicas – dor crônica e hipertensão. Como anteriormente os sintomas centrais da depressão são o humor deprimido e ausência de interesse e prazer, mas existem sintomas associados como fadiga, distúrbios do sono e concentração, psicomotores e etc como mostra o algoritimo abaixo. Como abordado no tópico dos ansiolíticos, depressão e ansiedade compartilham diversos sintomas e cerca de 65% dos pacientes com ansiedade apresentam sintomas depressivos. SINTOMAS DE DEPRESSÃO MAIOR – DSM-5 Tristeza intensa e prolongada (humor deprimido); Anedonia Sentimento de culpa, menos valia, impotência, abandono e inquietação Insônia/hiperinsônia Hipofagia/hiperfagia – alteração de peso >5% em um mês Redução da libido Fadiga Retardo psicomotor ou agitação Redução da capacidade de pensar ou concentrar. Pensamentos de morte ou suicidio. Para critérios de diagnóstico cinco (ou mais) desses sintomas devem estar presentes durante o período de duas semanas; pelo menos um dos sintomas é humor deprimido ou perda de interesse ou prazer. SIG E CAPS Mudança no sono (S) Interesses (I) Culpa (G) Energia (E) Concentração (C) Apetite/peso (A) Alterações psicomotoras (P) Suicídios (S) LUTO X MELANCOLIA Freud foi um dos primeiros a traçar um paralelo entre o luto como um sintoma da depressão da melancolia, estado da depressão maior. CLASSIFICAÇÃO DA DEPRESSÃO Nos dias atuais a depressão é classificada em depressão primaria e secundaria. Primária – Sem causa orgânica ou sem ligação direta com fator estressante. A depressão primaria pode ser subdividida em: Depressão unipolar Transtorno afetivo bipolar Secundaria – Diretamente ligada a fator estressante ou uma doença física. OUTROS FATORES ASSOCIADOS À DEPRESSÃO A utilização de fármacos como hipolipemiantes e antiarritimicos está associada a uma maior propensão de desenvolvimento de depressão, além disso, há os casos de depressão iatrogênica como no caso de paciente que fazem uso de glicocorticoides a longo prazo, uso de antibióticos, analgésicos sistêmicos e antiparkinsonianos e anti-convulsivantes. Quase todas as classes de medicamentos podem potencialmente induzir ou agravar a depressão. DEPRESSÃO COMO DOENÇA CLINICA 20 – 30% de pacientes cardíacos manifestam a doença. Prevalência de 25% em pacientes com câncer (40-50% em pacientes com câncer de pâncreas e orofaringe) o mecanismo ainda não é bem elucidado. Diabetes Melitus – correlação com estado glicêmico. Também pode ocorrer: hipo e hipertirioidísmo, distúrbios neurológicos, HIV+, hepatite C crônica (interferon*) e síndrome da fadiga crônica e fibromialgia. DEPRESSÃO SINTOMAS E TRATAMENTO Na depressão os sintomas associado são afeto negativo são maiores que o afeto positivo, logo, as estratégias farmacológicas e não farmacológicas de tratamento visão a inversão desse cenário. TERAPIA ANTIDEPRESSIVA Basicamente toda a terapia farmacológica foi desenvolvida em apenas uma das teorias que sustentam o transtorno depressivo que é a redução das monoaminas (serotonina, dopamina e noradrenalina), assim os fármacos vão atuar no aumento desses sinalizadores. ↑5-HT ↑DA ↑NA Entretanto apesar das estratégias farmacológicas serem baseadas nas monoaminas centrais sabe-se que o mecanismo fisiopatológico da depressão é mais complexo visto que mesmo após a administração desses fármacos os pacientes só apresentam quadro de melhora depois de algumas semanas sedo que praticamente após algumas horas depois da administração dos medicamentos os níveis centrais dessas substâncias já se encontram em quantidades satisfatórias o que evidencia que se o quadro depressivo fosse apenas um desbalanço de monoaminas este seria revertido quase que imediatamente após a administração dos fármacos. TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR (TAB) Nos TAB os indivíduos transitam entre a mania e a depressão. A mania é o extremo oposto da depressão, o individuo com mania tem humor elevado, expansível e irritável. Segundo a DSM-5 os indivíduos maníacos possuem a auto estima elevada, ideia de grandiosidade, sensação de ser mais e melhor que os outros e, algumas vezes quando tem delírio, reconhecendo ser predestinado a alguma coisa muito importante, e são sintomas centrais , além desses para fechar o diagnostico são necessários mais três sintomas associados que podem ser: Redução da necessidade desono Mais loquaz que o habitual ou pressão para continuar falando. Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão acelerados Distratibilidade Aumento da atividade dirigida a objetivos Agitação psicomotora Envolvimento excessivo em atividades com elevado potencial para consequências dolorosas(p. ex., envolvimento em surtos desenfreados de compras, indiscrições sexuais ou investimentos financeiros insensatos) HIPOMANIA É um estado semelhante à mania, porem em grau mais leve. Aparece em pacientes com TAB , no início dos episódios de mania, no Transtorno Ciclotímico da Personalidade. SINTOMAS: Mudança no humor habitual para euforia ou irritabilidade, reconhecida pelas pessoas mais íntimas do paciente. Hiperatividade, verborréia, diminuição da necessidade de sono, ↑ sociabilidade, atividade física, iniciativa, atividades prazerosas, impaciência. Ausência de sintomas psicóticos, não precisa de internação e o prejuízo ao paciente não é tão intenso quanto no episódio de mania. A imagem abaixo mostra uma comparação da atividade encefálica de um individuo norma, maníaco e depressivo respectivamente, fica claro a hiperexcitabilidade no individuo maníaco e a hipoexcitabilidade no depressivo. GRAFICO DE HUMOR O gráfico trás a gradação dos estágios do humor com a mania e depressão nos extremos. A distimia seria equivalente à hipomania em ralação a mania, é um grau de depressão mais leve. A hipertimia e hipotimia tem relação com o temperamento. A seguir serão mostrados de humor de alguns transtornos. DEPRESSÃO MAIOR A depressão maior é o transtorno do humor mais comum. Os indivíduos com esse transtorno podem, num período de 6 a 24 meses, fazer de dois ciclos que podem durar o mesmo período de tempo. Esses pacientes caso não tratados possuem o risco de recaída aumentado. O quadro de recaída ocorre quando individuo tem um ciclo de depressão depois sem nenhuma intervenção farmacológica tem uma melhora, porém apresenta um novo ciclo depressivo num período menor que 12 meses. A recorrência é quando após a crise o humor normal dura mais que 12 meses. Remissão – paciente assintomático. Resposta – Melhora de pelo menos 50% dos sintomas. TAB – 1 Define-se transtorno bipolar I como aquele com, pelo menos, um episódio maníaco ou misto (mania e depressão plenas simultaneamente). Os pacientes com transtorno bipolar I costumam apresentar também episódios depressivos maiores, embora isso não seja necessário para o diagnóstico de transtorno bipolar I. A imagem a baixo correlaciona as regiões do encéfalo possivelmente disfuncionais na depressão e seus respectivos sintomas. CPF – Córtex pré-frontal NAC – Núcle accubens E – Estriado Hi – Hipotálo ME – Medula espinhal HIPOTESES FISIOPATOLOGICAS A primeira hipótese referente aos mecanismos fisiopatológicos da depressão é a monoaminégica. Essa hipótese foi uma descoberta casual e curiosamente tem inicio na década de 50 com a criação do primeiro fármaco a atuar especificamente no sistema nervoso autônomo simpático, a Reserpina. Com o intuído de ser um anti-hipertensivo, esse fármaco possuía como mecanismo de ação a inibição do transportador vesicular de monoaminas (VMAT). Quando foi criada a expectativa era de que a reserpina atuasse na diminuição de NA nas vesículas sinápticas reduzindo, assim o tônus simpático e controlando a pressão arterial. Entretanto a reserpina se mostrou pouco especifico e atua no VMAT de todas as monoaminas, com isso a maioria dos usuários desse medicamento melhoravam do quadro hipertensivo, mas desenvolviam como feito colateral a depressão. A partir da hipótese monoaminérgica clássica surgiu uma segunda, a hipótese dos receptores monoaminérgicos. Nela há a ampliação da primeira hipótese, e postula que a atividade deficiente dos neurotransmissores monoamínicos provoca suprarregulação dos receptores pós-sinápticos de neurotransmissores monoamínicos, levando à depressão. A última hipótese e uma das mais aceitas é a associada ao estresse e ao Fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF). Normalmente, o BDNF mantém a viabilidade dos neurônios cerebrais, estimulando a diferenciação celular, produzindo proteínas e monoaminas entre outras ações. No entanto, sob estresse, pode ocorrer repressão do gene do BDNF. O estresse pode reduzir os níveis de 5HT e aumentar agudamente e, em seguida, causar depleção crônica de NA e DA. Essas alterações nos neurotransmissores monoamínicos, com quantidades deficientes de BDNF, podem levar a atrofia e possível apoptose dos neurônios vulneráveis no hipocampo e em outras áreas cerebrais, como o córtex pré-frontal. Relembrando... A resposta normal ao estresse envolve a ativação do hipotálamo e consequente aumento do fator de liberação da corticotrofina (CRF), que, por sua vez, estimula a liberação do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) pela hipófise. O ACTH induz a liberação de glicocorticoides pela glândula suprarrenal, que retroalimenta o hipotálamo e inibe a liberação de CRF, interrompendo a resposta ao estresse. Em situações de estresse crônico, a liberação excessiva de glicocorticoides pode causar, em última análise, atrofia do hipocampo. Como o hipocampo inibe o eixo hipotálamo-hipófise-suprarrena (HHSR), a atrofia dessa região pode levar à ativação crônica do eixo HHSR, o que aumenta o risco de se desenvolver doença psiquiátrica. Felizmente, parte dessa perda neuronal pode ser reversível. Isto é, a restauração das cascatas de transdução de sinais relacionadas com monoaminas com o uso de antidepressivos pode aumentar BDNF e outros fatores tróficos, restaurando as sinapses perdidas. Em algumas áreas do cérebro, como o hipocampo, não apenas as sinapses podem ser recuperadas, mas também é possível que alguns neurônios perdidos sejam até substituídos via neurogênese. CIRCUITOS ENVOLVIDOS NOS TRANSTORNOS DE HUMOR Existem projeções oriundas do núcleo da Rafe que são serotoninérgicas que estimulam a amigdala e CPRVM, existe também outra via com projeções oriundas do mesencéfalo e área tegumentar ventral que são dopaminérgicas e se comunicam com o NAC e CPRDL. Nos indivíduos depressivos existe uma diminuição desses neurotransmissores, mas não são as únicas, há também uma redução da noradrenalina que está presente nos interneurônios que potencializam a neurotransmissão da dopamina e serotonina. A serotonina é associada com o afeto negativo e a dopamina com o afeto positivo. Com isso, o individuo com depressão pelo déficit dopaminérgico e noradrenérgico apresenta a diminuição do afeto positivo e pelo déficit serotoninérgico e noradrenérico há o aumento do afeto negativo. Assim as estratégias farmacológicas devem visar o aumento domaminérgico para aumentar o afeto positivo e serotoninérgico para diminuir o afeto negativo, a noradrenalina é o modulador de ambas as ações. PAPEL DAS CATECOLAMINAS POR CIRCUITO Nos sintomas de humor deprimido há uma diminuição das monoaminas no circuito mesencéfalo-amigdala e CPFVM. Na apatia há uma redução de NA do mesencéfalo para o hipotálamo e CPF, também há disfunção dopaminérgica nesse circuito, além do NAC. Nos distúrbios do sono há alteração de todas as catecolaminas no tálamo, hipotálamo, prosencéfalo lateral e CPF. O sintoma de fadiga esta associado aos circuitos da medula espinhal e CPF ao passo que a DA esta associada ao CPF, NAC e estriado. A disfunção executiva tem relação com NA e DA na região do CPFDL. A serotinina tem relação importante com os sintomas relacionados a alteração de peso/apetite por conta de alterações dessa substancia no hipotálamo, culpa e menos valia também está associado a esse neurotransmissor especificamente