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Classificação da capacidade de uso e aptidão agrícola das terras Considerações gerais. O uso adequado da terra é o primeiro passo em direção à agricultura correta. Para isso, deve-se empregar cada parcela de terra de acordo com a sua capacidade de sustentação e produtividade econômica de forma que os recursos naturais sejam colocados à disposição do homem para seu melhor uso e benefício procurando ao mesmo tempo preservar estes recursos para gerações futuras. Considera-se terra como um segmento da superfície do globo terrestre definido no espaço e reconhecido em função de características e propriedades compreendidas pelos atributos da biosfera, que sejam razoavelmente estáveis ou ciclicamente previsíveis, incluindo aquelas de atmosfera, solo, substrato geológico, hidrologia e resultado das atividades futuras e atuais humanas até o ponto que estes atributos exerçam influências significativas no uso presente ou futuro da terra pelo homem (FAO, 1976). Observa-se, pois, que terra inclui, entre suas características, não apenas o solo, mas também outros atributos físicos, como relevo, vegetação, tipos e grau de erosão, disponibilidade de água e impedimentos à moto-mecanização. Sua utilização agrícola além desses atributos depende também de condições de infra-estrutura (meios de transporte, instalações, máquinas, equipamentos) e, ainda, condições socioeconômicas (salubridade da região, disponibilidade de mão-de-obra, mercado, preços de insumos e de produtos agropecuários). Segundo Stallings (1967), o uso mais conveniente que se pode dar a um solo depende da localização e tamanho da propriedade agrícola, da quantidade de terra para outros fins, da disponibilidade e localização de água, da habilidade do proprietário e de seus recursos e vontades. A adaptação das terras às várias modalidades de utilização agrosilvipastoril diz respeito à sua capacidade de uso, idéia esta diretamente ligada às possibilidades e limitações que elas apresentam. Assim, capacidade de uso é a sua adaptabilidade para fins diversos, sem que sofra depauperamento pelos fatores de desgaste e empobrecimento. A expressão encerra efeitos de condições do meio físico (incluindo o clima) na aptidão da terra para ser utilizada sem sofrer danos consideráveis por desgaste e empobrecimento, através de cultivos anuais, perenes, pastagem, reflorestamento ou vida silvestre. Interpretação de levantamento de solos O sistema de classificação de terras em capacidade de uso foi elaborado primordialmente para atender a planejamentos de práticas de conservação do solo. Contudo, leva em conta outros fatores, além daqueles de exclusivo interesse às práticas de controle à erosão, tais como os impedimentos à moto-mecanização, produtividade dos solos, risco de inundação. Por isso, essa classificação tem sido adotada para outras finalidades, que não o planejamento das práticas de conservação do solo. Duas são as limitações principais ao emprego da classificação da capacidade de uso da terra, para os estudos de âmbito regional. A primeira é que as separações das classes do sistema (mesmo quando reunidas em associações) requerem detalhes (classes de declive, por exemplo) não encontrados nos mapas de reconhecimento de solos de escalas menores que 1:100.000, devido às inclusões e ás limitações decorrentes do nível de generalização deste levantamento. A segunda limitação refere-se às disparidades regionais de emprego de tecnologia agrícola e capital, tão comuns no Brasil, e que fazem com que a aptidão agrícola deva ser julgada em face de diferentes níveis de manejo, o que normalmente não é possível na classificação da capacidade de uso, porque pressupõe basicamente manejo moderadamente alto. Ranzani & França (1967) comentam que as interpretações de informações edafológicas destinadas sejam à irrigação, drenagem, conservação, seja ao manejo agrícola de terras, devem considerar toda a extensão do perfil do solo, e não apenas uma de suas partes. Quanto mais precisos os dados, melhores serão as previsões; quanto mais detalhados e abundantes os dados para as interpretações sob todas as alternativas razoáveis de uso, mais promissores serão os resultados nos anos futuros. As informações raramente são suficientes, e no agrupamento interpretativo de solos é freqüente recorrer-se a aproximações, às vezes grosseiras, da realidade. Sempre, porém, que possível, devem ser requeridas interpretações quantitativas, ao invés das qualitativas, do tipo “boas”, “pouco”, “pobres”. Em 1941 houve a preocupação da fixação do nível de generalização mais conveniente, levando em conta o nível do levantamento existente e o nível desejado para a finalidade em vista. Este aspecto é considerado como princípio básico para interpretação de levantamentos de solos. Assim não se pode, por exemplo, a partir de um levantamento exploratório ou de reconhecimento, descer aos detalhes necessários para a elaboração de projetos agrícolas ao nível de empresa agrícola. Para empresas agrícolas, pois a situação ideal é dispor de um levantamento pedológico detalhado como ponto de partida para as interpretações. Raras são, contudo as áreas do Brasil que as possuem, e sua execução demanda uma soma muito grande de recursos e pedólogos especializados, nem sempre disponíveis para todas as necessidades. Por isso, deve-se efetuar um levantamento do meio físico mais simplificado, denominado levantamento utilitário, voltado principalmente ao estabelecimento da capacidade de uso das terras, e que possa ser executado dentro das possibilidades e recursos de engenheiros agrônomos (ou agrícolas) conservacionistas, depois de treinamento especial. Classificação das terras no sistema de capacidade de uso Classificações taxonômicas e técnicas A classificação de qualquer objeto tem por finalidade ordenar os conhecimentos a seu respeito de maneira simples e precisa. Objetos iguais ou semelhantes em termos de determinadas características e propriedades previamente definidas são agrupados em mesmas classes. No âmbito da ciência do solo, as inúmeras classificações existentes podem ser reunidas em duas categorias distintas: classificação taxonômica e classificação técnica-interpretativa. Na primeira, os solos são agrupados a partir de uma quantidade muito grande de propriedades e características em comum, na maior parte dos casos tendo por base àquelas que refletem processos genéticos similares. Na classificação técnica-interpretativa, os indivíduos são agrupados em função de determinadas características de interesse prático e específico. Há, assim, grupamentos de terras em função de sua arabilidade com irrigação e subseqüente drenagem; grupamento de acordo com a aptidão agrícola para determinadas culturas; grupamento por risco de erosão; por necessidade de calagem; em função da capacidade máxima de uso etc. Conceituação do sistema O sistema de capacidade de uso é uma classificação técnico-interpretativa, originalmente desenvolvida nos EUA, representando um grupamento qualitativo de tipos de solos sem considerar a localização ou as características econômicas da terra: diversas características e propriedades são sintetizadas, visando à obtenção de classes homogêneas de terras, em termos do propósito de definir sua máxima capacidade de uso sem risco de degradação do solo, especialmente no que diz respeito à erosão acelerada. Considera-se característica da terra o atributo que pode ser medido ou estimado e, propriedade da terra, o atributo relativo ao seu comportamento, resultante da interação entre o solo e o ambiente. Como exemplos de característica, citam-se a textura e a cor do solo, e, de propriedade, a produtividade agrícola e o risco de erosão (varia com a intensidade de uso: culturas anuais – alta; vegetação natural – baixa). Devem existir várias classificações de capacidade de uso, pois em cada paísou região fisiográfica há diferentes fatores que devem ser levados em conta. Os solos e o clima variam como também os costumes sociais, a posse das terras e a economia, e esses fatores podem afetar a escolhas do melhor uso da terra. Segundo Resende et al. (1995), a grande característica do sistema de capacidade de uso seja: influenciar os outros sistemas subseqüentes para o aspecto da produção sustentada, isto é, controle da erosão que hoje se estende, também, a idéia do controle da poluição; ou melhor, do uso sem degradação socioecológica. Na IV Aproximação, porém, admitiu-se que os fatores sócio-econômicos extravasariam do seu conteúdo, tanto por apresentarem aspectos muito complexos e variáveis entre as diversas regiões do país, como por serem muito sujeitos a modificações com o correr do tempo. Categoria do sistema As categorias do sistema de classificação em capacidade de uso estão assim hierarquizadas: - Grupos de capacidade de uso (A, B e C): estabelecidos com base na intensidade de uso das terras; esse conceito está relacionado com a maior ou menor mobilização dos solos, com práticas de preparo e cultivo; admite-se, em geral, a seguinte seqüência decrescente de intensidade de uso: culturas anuais > culturas permanentes > pastagens > reflorestamento > vegetação natural; Grupo A: terras passíveis de utilização com culturas anuais, perenes, pastagens e/ou reflorestamento e vida silvestre (comporta as classes I, II, III e IV). Grupo B: terras impróprias para cultivos intensivos, mas ainda adaptadas para pastagens e/ou reflorestamento e/ou vida silvestre (compreende as classes V, VI e VII). Grupo C: terras não adequadas para cultivos anuais, perenes, pastagens ou reflorestamento, porém apropriadas para proteção da flora e fauna silvestre, recreação ou armazenamento de água (comporta a classe VIII). - Classes de capacidade de uso (I a VIII): baseadas nos graus de limitação de uso; sua caracterização leva em conta, principalmente, a maior ou menor complexidade das práticas conservacionistas, em especial, das de controle da erosão e das complementares de melhoramento; GRUPO A Classe I: terras cultiváveis, aparentemente sem problemas especiais de conservação (cor convencional: verde claro); Classe II: terras cultiváveis com problemas simples de conservação e/ou de manutenção de melhoramentos (cor convencional: amarelo); Classe III: terras cultiváveis com problemas complexos de conservação e/ou de manutenção de melhoramentos (cor convencional: vermelho); Classe IV: terras cultiváveis apenas ocasionalmente ou em extensão limitada, com sérios problemas de conservação (cor convencional: azul). GRUPO B Classe V: terras adaptadas em geral para pastagens e, em alguns casos, para reflorestamento, sem necessidade de práticas especiais de conservação, são cultiváveis apenas em casos muito especiais (cor convencional: verde escuro); Classe VI: terras adaptadas em geral para pastagens e/ou reflorestamento, com problemas simples de conservação. São cultiváveis apenas em casos especiais de algumas culturas permanentes protetoras do solo (cor convencional: alaranjado); Classe VII: terras adaptadas em geral somente para pastagens ou reflorestamento, com problemas complexos de conservação (cor convencional: marrom). GRUPO C Classe VIII: terras impróprias para cultura, pastagem ou reflorestamento, podendo servir apenas como abrigo e proteção da fauna e flora silvestre, como ambiente para recreação, ou para fins de armazenamento de água (cor convencional: roxo). - Subclasses de capacidade de uso (Ie, IIe, IIIa etc): representam as classes qualificadas em função da natureza da limitação (e, s, a, c), tornando mais explícitas as práticas ou grupos de práticas conservacionistas a serem adotadas; Nesse sistema devem ser inventariadas as limitações ao uso do solo, tanto quanto à natureza destas (e=erosão presente e/ou risco de erosão; s=relativas ao solos; a=por excesso de água; c=limitações climáticas), como seus graus de ocorrência (forte, moderado, fraco,ocasional, etc.). Observa-se que, por intermédio das classes de capacidade de uso, podem-se estabelecer as alternativas de uso e a intensidade das práticas conservacionistas (exemplo: classe III subentende culturas com práticas complexas de conservação). Entretanto, para definir a natureza da limitação dominante, ou seja, a subclasse. Assim, uma subclasse IIIe pode representar uma gleba que, sob culturas, requer práticas complexas de controle de erosão. Quando ocorrem duas espécies de limitações em grau semelhante, ou que podem ser igualmente corrigidas, ambas podem ser indicadas, separadas por vírgula. Como só pode apresentar limitações ligeiras, a classe I não admite subclasse. À classe de aptidão (I até VIII) adiciona(m)-se índice(s), indicando os principais problemas, além daqueles possíveis de ser evidenciados pelas características de textura, profundidade, permeabilidade, declive e erosão: pd = pedregosidade ct = baixa retenção de cátions i = inundação so = sodificação ab = abrupto si = salinização se = seca prolongada ca = carbonatos gd = geada ou vento frio hi = hidromorfismo - Unidades de capacidade de uso (Ie-1, IIe-2, IIIe-1,etc): identificam o grau de ocorrência das limitações, facilitando o processo de definição das práticas de manejo; a intensidade de cada um dos fatores limitantes é em geral específica para cada área estudada e é indicada por meio de algarismos arábicos colocados à direita do símbolo da subclasse e separado por um hífen. - declive acentuado - erosão em voçorocas - declive longo - erosão eólica - mudança textural abrupta - depósitos de erosão - erosão laminar - permeabilidade baixa - erosão em sulcos - horizonte A arenoso - pouca profundidade - baixa capacidade de troca - textura arenosa em todo o perfil - ácidos sulfatados ou sulfetos - pedregosidade - alta saturação com sódio - argilas expansivas - excesso de sais solúveis - baixa saturação por bases - excesso de carbonatos - toxicidade de alumínio - lençol freático elevado - risco de inundação - subsidência em solos orgânicos - deficiência de oxigênio no solo - seca prolongada - geada - ventos frios - granizo - neve A I II III IV B V VI VII C VIII Grupos Classes Subclasses Unidades de uso Esquema dos grupos, classes, subclasses e unidades de capacidade de uso. Recomendações de práticas de manejo Após a caracterização das classes e subclasses, podem-se prever as práticas de manejo mais adequadas a uma utilização mais intensiva e racional dos solos. Algumas recomendações gerais e práticas são apresentadas a seguir: 1 – Classe I: cultura intensiva, sem problemas de conservação do solo. Pela própria definição, não admite subclasses, o que significa não necessitar práticas especiais para controle à erosão. Apenas como recomendações gerais, para a manutenção ou melhoria de suas boas características, podem ser citadas: a) rotação de culturas; b) plantio em nível; c) aplicação de fertilizantes e corretivos; d) tratos culturas normais (capinas, controle de pragas e moléstias etc.). 2 – Classe II: culturas, com práticas simples de conservação. 2.1 – Subclasse IIe: problemas de erosão. Recomendações: a) plantio e cultivo em nível; b) culturas em faixas (rotação, retenção ou essas duas conjugadas); c) manutenção ou melhoramento das condições físicas do solo (exemplo; rotação com culturas de raízes profundas ou com grande quantidade de material residual); d) terraços de base larga, de preferência em nível (principalmente o caso de declives longos); e) canais de divergência(desvio de água de áreas situadas imediatamente a montante); f) manutenção dos canais de divergência e terraços; g) aplicação de fertilizantes e corretivos; h) plantio direto (sem aração). 2.2 – Subclasse IIa: a) drenagem artificial; b) controle do excesso de água em áreas irrigadas; c) escolha de culturas adaptadas a tais condições; d) controle da salinidade 2.3 – Subclasse IIs: problemas de solo Recomendações: a) rompimento (com escarificação) da camada compacta superficial (crosta) ou próxima da superfície ocasionada pela compactação na soleira do arado (com subsolagem); b) remoção das pedras esparsas; c) adubação e calagem (em função do solo e da cultura); d) conservação da umidade (quando há problema de seca edafológica para as culturas) através de cobertura morta (evitando evaporação) e/ou controle de ervas daninhas (evitando transpiração); e) plantio e cultivos em nível. 2.4 – Subclasse IIc: problemas de clima Recomendações: a) escolha de culturas adaptadas; b) irrigação suplementar; c) práticas para diminuir a evaporação. 3 – Classe III: culturas com práticas intensivas ou complexas. 3.1 – Subclasse IIIe: problemas de erosão Recomendações: a) plantio em cultivo de nível aliado a b) e ou d); b) culturas em faixas; c) aumento da proporção de culturas densas nos planos de rotação; d) terraceamento (se for em desnível, prever os canais escoadouros); e) canais de divergência; f) manutenção dos terraços e canais de divergências; g) plantio direto, sem aração. 3.2 – Subclasse IIIa: problemas de excesso de água Recomendações: a) retificação e/ou aprofundamento do leito de cursos de água responsáveis por inundações; b) barragens para regularização de vazão; c) instalação de sistemas de drenagem artificial; d) manutenção intensiva dos drenos e demais obras de engenharia; e) controle de salinidade; f) escolha de culturas adaptadas; g) diques contra inundação (para várzeas extensas); h) controle de subsidência ocasionada pela oxidação de solos orgânicos. 3.3 – Subclasse IIIs: problemas de solo Recomendações: a) rompimento de camadas compactas no solo superficial e no subsolo (escarificação e subsolagem); b) remoção de pedras esparsas; c) melhoramento das condições físicas do solo (incorporação de matéria orgânica, rotação com culturas de raízes profundas e com grande quantidade de resíduos vegetais); d) adubação e calagem; e) cultivo mínimo do solo (arações, gradeações etc.); f) conservação da umidade quando há problemas de seca edafológica. 3.4 – Subclasse IIIc: problemas de clima Recomendações: a) escolha de culturas adaptadas; b) irrigação (caráter obrigatório em regiões áridas e semi-áridas); c) controle de águas de irrigação; d) controle da erosão eólica. 4 – Classe IV: culturas anuais ocasionalmente, alguns cultivos perenes, culturas em rotação com pastagens e florestas. 4.1 – Culturas perenes 4.1.1 – Subclasse IVe: problemas de erosão Recomendações: a) controle de sulcos de erosão ou de pequenas voçorocas; b) preparo do terreno de acordo com a cultura a ser instalada (covas e sulcos); c) plantio e cultivo em nível; d) terraceamento (base média, estreita ou patamares); e) cordões em contorno; f) banquetas individuais; g) manutenção dos terraços, cordões e banquetas; h) alternância de capinas; i) ceifa e seleção do mato; j) cobertura morta. 4.1.2 – Subclasse IVs: problemas de solo Recomendações: a) rompimento de camadas compactas para aumentar a profundidade efetiva do solo (escarificação e subsolagem); b) remoção de pedras; c) melhoramento das condições físicas do solo (rotação de culturas e incorporação de matéria orgânica) ; d) correção da alcalinidade e/ou salinidade ; e) adubação e calagem; f) conservação da umidade. 4.1.3 – Subclasse IVc: problemas de clima Recomendações: práticas semelhantes às indicadas à subclasse IIIc, com maiores restrições. 4.2 – Pastagens 4.2.1 – Subclasse IVe: problemas de erosão Recomendações: a) controle de sulcos de erosão ou de pequenas voçorocas; b) preparo adequado do solo; c) terraceamento (base estreita); d) sulcos em nível; e) controle do pisoteio (número de cabeças por hectare) e do pastoreiro (número de dias no pasto-rodízio); f) rotação de pastagens com culturas anuais (um ou dois anos com cultura e três ou cinco anos com pastagem). 4.2.2 – Subclasse IVa: problemas de excesso de água. Recomendações: a) drenagem artificial; b) manutenção dos drenos; c) escolha de espécies adaptadas a solos úmidos e/ou resistentes a inundações (capim-fino, angola etc.). 4.2.3 – Subclasse IVs: problemas de solo. Recomendações: a) subsolagem; b) remoção ou amontoa de pedras; c) calagem e adubação; d) melhoramento das aguadas; e) conservação da umidade. 4.2.4 – Subclasse IVc: problemas de clima Recomendações; a) escolha de espécies adaptadas; b) suplementação das pastagens na alimentação (fenação, silagem, capineiras etc.); c) irrigação ou aproveitamento de várzeas úmidas para capineiras de corte. 5 – Classe V: pastagens e culturas anuais adaptadas, sem riscos severos de erosão. 5.1 – Subclasse Va: problemas de excesso de água Recomendações: a) escolha de espécies adaptadas a terrenos encharcados; b) desobstrução de drenos naturais. 5.2 – Subclasse Vs: problemas de solo Recomendações: a) subsolagem; b) remoção ou amontoa de pedras; c) calagem e adubação; d) controle do fogo; e) melhoramento das aguadas; f) árvores de sombreamento. 5.3 – Subclasse Vc: problemas de clima Recomendações: a) escolha de espécies adaptadas; b) suplementação de pastagens (capineira, silagem, fenação); c) irrigação. 6 – Classe VI: pastagem com uso moderado ou floresta. 6.1 – Pastagem 6.1.1 – Subclasse VIe: problemas de erosão Recomendações: a) cuidados especiais no preparo do solo (solos rasos, com pedras); b) plantio de forrageiras de vegetação densa; c) controle dos sulcos e de pequenas e médias voçorocas; d) sulcos em nível; e) controle do pisoteio e do pastoreio. 6.1.2 – Subclasse VIa: problemas de excesso de água As práticas indicadas são as mesmas que para Va, com maiores restrições. 6.1.3 – Subclasse VIs: problemas de solo Mesmas recomendações que para a subclasse IVs, com maiores cuidados e restrições. 6.1.4 – Subclasse VIc: problemas de clima Mesmas recomendações que para Vc, com maior intensidade. 6.2 – Florestas Mesmas recomendações que para a classe VII 7 – Classe VII: pastagem limitada e floresta 7.1 – Pastagem As práticas recomendadas de acordo com as subclasses são as mesmas que para a classe VI, com maiores cuidados. Na subclasse VIe, e reforma de pastagens é exeqüível e, na subclasse VIIe, apenas a ressemeadura trará bons resultados. 7.2 – Floresta natural (mata) Recomendações: a) interdição do gado; b) proteção contra o fogo; c) desbastes dos indivíduos de qualidade inferior ; d) introdução de novas espécies; e) corte seletivo para aproveitamento de algumas árvores de madeira útil, sem destruição completa da floresta; f) conservação das florestas protetoras. 7.3 – Reflorestamento Recomendações: a) cuidados especiais no preparo do solo; b) escolha das essências florestais de acordo com as condições de solo, clima e da finalidade visada; c) plantio em contorno; d) replantio das falhas; e) interdição do gado no desenvolvimento inicial; f) proteção contra insetos, principalmente formigas; g) proteção contra o fogo; h) tratos culturais; i) abertura de carreadores e estradas de acesso; j) corte sistemático; k) métodos de regeneração 8 – Classe VIII: terras não agricultáveis Recomendações: a) florestas protetoras de mananciais; b) refúgio da fauna silvestre (caça e pesca); c) recreação; d) açudagem (subclasse VIIIa); e) criação de peixes, rãs etc. (subclasse VIIIa). Além das oito classesde capacidade de uso, existem as terras que não possibilitam o desenvolvimento de vegetação: e são áreas denominadas tipos de terreno. Entre elas, enquadram-se os afloramentos contínuos de rochas, areias de praias, áreas escavadas pelo homem etc. Na determinação da capacidade de uso, os fatores limitantes deverão ser devidamente interpretados e analisados em conjunto. As interpretações para fins agrícolas, do levantamento do meio físico, devem ser feitas segundo critérios que reflitam a maior ou menor adaptabilidade dos solos e do ambiente em que ocorrem, para determinado cultivo ou para um grupo de cultivos. Na classificação da capacidade de uso, normalmente há que considerar a maioria das culturas climaticamente adaptáveis da região, porque o tipo de cultivo recomendado só poderá ser determinado depois de feita a classificação. Por isso, diz-se também ser este sistema de propósito múltiplo. O sistema de Avaliação da Aptidão Agrícola das terras foi criado no Brasil no início da década de 60 e apresenta características bastante inovadoras, introduzindo, na sua estrutura, a avaliação da terra conforme o nível de manejo. Esse sistema considera a possibilidade de reduzir a limitação ou as limitações do solo a partir da adoção de técnicas e de capital, segundo graus de viabilidade compatíveis com o nível de manejo; e apresenta uma estrutura aberta, permitindo seu ajuste conforme os novos conhecimentos e mesmo as condições regionais de agricultura. A atual metodologia permite a estimativa das qualidades do ecossistema a partir de cinco parâmetros: nutrientes (N), água (A), oxigênio (O), mecanização (M) e erosão (E). As terras são classificadas em quatro classes de aptidão (boa, regular, restrita e inapta), segundo três níveis de manejo (baixo nível tecnológico, nível tecnológico médio e alto nível tecnológico) e quatro tipos de utilização (lavoura, pastagem plantada, silvicultura e pastagem natural). A aplicação desse sistema baseia-se nos seguintes passos metodológicos: a) listagem dos atributos do solo e do meio ambiente; b) avaliação das potencialidades ao uso agrícola do solo e do meio ambiente em termos de fertilidade, deficiência de água, deficiência de oxigênio, suscetibilidade à erosão e impedimento à mecanização; c) estimativa da melhoria dessas limitações conforme o nível de manejo considerado; e d) definição da classe de aptidão, a partir do confronto das informações obtidas nos itens (b) e (c) com um quadro guia ou tabela de conversão climática. Após a análise de todos os dados da propriedade, a mensagem final chega geralmente na forma de um mapa colorido com símbolos, assim: 1aBC, 2ab, 2abc, 3(abc) etc. Há aqui muita informação. Exemplo: 1Ab(c) A presença das letras a, b ou c, maiúsculas, minúsculas fora ou dentro dos parênteses, indica que o solo tem aptidão para culturas. A letra maiúscula A indica que o solo tem aptidão boa no sistema de manejo A, a letra minúscula b indica aptidão regular no sistema de manejo B e a letra c minúscula, entre parênteses, indica aptidão restrita no sistema de manejo C. A linha interrompida, sob o símbolo, significa que na unidade de mapeamento (a mancha representada no mapa) existem áreas de solos de pior aptidão agrícola (e, melhor, se a linha fosse cheia). A ausência de qualquer das letras significa inaptidão; por exemplo: 2ab significa que o solo tem aptidão regular (letra minúscula, sem parênteses) para culturas nos manejos A e B, mas é inapto no manejo C. Outros exemplos pág 170, livro Pedologia: base para distinção de ambientes. Simbologia correspondente às classes de aptidão agrícola do Sistema FAO/Brasileiro. Classe de Aptidão Agrícola Tipos de Utilização Lavoura Pastagem plantada Silvicultura Pastagem natural Manejo A Manejo B Manejo C Manejo B Manejo B Manejo A Boa 1A 1B 1C 4P 5S 5N Regular 2a 2b 2c 4p 5s 5n Restrita 3(a) 3(b) 3(c) 4(p) 5(s) 5(n) Inapta - 6 - - - - - - Fonte: Ramalho Filho & Beek (1995). Bibliografia consultada: Lepsch, Igo Fernando – Manual para levantamento utilitário do meio físico e classificação de terras no sistema de capacidade de uso. 4ª aproximação, 2ª imp. rev., Campinas, SBCS, 1991. Rezende, Mauro – Pedologia: base para distinção de ambientes. 2ª ed.- Viçosa:NEPUT, 1997. 367p.:il. Assad, Eduardo Delgado – Sistema de informações geográficas. Aplicações na agricultura. 2ª ed., rev. e ampl. – Brasília: Embrapa – SPI / Embrapa – CPAC, 1998. xxviii, 434p.:il .