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DIREITO DO CONSUMIDOR - AULA 9 Professora: PRISCILLA PAULA DE OLIVEIRA PRADO @priscillapradoadv Priscilla Prado priscilla.prado@grupointegrado.br (44) 99995-8970 PRÁTICAS COMERCIAIS ABUSIVAS Art. 39 CDC PRÁTICAS COMERCIAIS ABUSIVAS: – toda aquela que afeta o bem estar do consumidor. – O art. 39 traz um rol meramente exemplificativo. – As sanções serão as do art. 6º (obrigação de reparar o dano). PRÁTICAS COMERCIAIS ABUSIVAS Art. 39 CDC I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos; PRÁTICAS COMERCIAIS ABUSIVAS Art. 39 CDC Após levar uma multa de R$ 10 milhões pelo Procon-SP, a Apple perdeu um processo no Brasil por vender seus iPhones sem a presença de um carregador na caixa. A brasileira Mariana Morales Oliveira, de Santos (SP) conseguiu na Justiça o direito de receber o acessório para seu iPhone 12. A sentença de 23 de maio de 2021 julga procedente a ação para a consumidora, após alegação de prática de “venda casada”. PRÁTICAS COMERCIAIS ABUSIVAS Art. 39 CDC 4º Juizado Especial Cível de Goiânia Processo: 5011100-13.2022.8.09.0051 PRÁTICAS COMERCIAIS ABUSIVAS Art. 39 CDC II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes; PRÁTICAS COMERCIAIS ABUSIVAS Art. 39 CDC III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço; PRÁTICAS COMERCIAIS ABUSIVAS Art. 39 CDC IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços; PRÁTICAS COMERCIAIS ABUSIVAS Art. 39 CDC V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva; PRÁTICAS COMERCIAIS ABUSIVAS Art. 39 CDC VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes; (artigo 40) PRÁTICAS COMERCIAIS ABUSIVAS Art. 39 CDC X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços. XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério. (Incluído pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995) XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido. (Incluído pela Lei nº 9.870, de 23.11.1999) PRÁTICAS COMERCIAIS ABUSIVAS Art. 39 CDC XIV - permitir o ingresso em estabelecimentos comerciais ou de serviços de um número maior de consumidores que o fixado pela autoridade administrativa como máximo. (Incluído pela Lei nº 13.425, de 2017) PRÁTICAS COMERCIAIS ABUSIVAS PRÁTICAS COMERCIAIS ABUSIVAS - É prática abusiva a recusa da distribuidora de energia elétrica em efetuar ligação ou alteração da titularidade do serviço alegando que o antigo morador do imóvel deixou débitos em aberto. - Renovação automática de assinatura também constitui prática abusiva. ( Consumidores não são obrigados a solicitar cancelamento de serviço oferecido gratuitamente – ex: teste grátis por 7 dias. PRÁTICAS COMERCIAIS ABUSIVAS - É prática comercial abusiva a pré-venda de ingressos de eventos, exclusivamente a clientes de determinadas empresas de cartões de crédito. (ainda que exista previsão contratual é discriminatória). - Na compra de passagens aéreas do tipo ida e volta, é considerada prática abusiva o cancelamento unilateral do trecho de volta, quando o consumidor, por qualquer motivo não utiliza o trecho de ida. (no show) PRÁTICAS COMERCIAIS ABUSIVAS Perda da comanda em bares, restaurantes, casas noturnas e etc , é abusiva a cobrança de multa por que os estabelecimentos não podem transferir ao consumidor a responsabilidade pelo controle de suas vendas. ORÇAMENTO – ART. 40 CDC Art. 40. O fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor orçamento prévio discriminando o valor da mão-de-obra, dos materiais e equipamentos a serem empregados, as condições de pagamento, bem como as datas de início e término dos serviços. § 1º Salvo estipulação em contrário, o valor orçado terá validade pelo prazo de dez dias, contado de seu recebimento pelo consumidor. § 2° Uma vez aprovado pelo consumidor, o orçamento obriga os contraentes e somente pode ser alterado mediante livre negociação das partes. § 3° O consumidor não responde por quaisquer ônus ou acréscimos decorrentes da contratação de serviços de terceiros não previstos no orçamento prévio. ORÇAMENTO - Art. 40 CDC Vocábulo “prévio”. É um direito do consumidor e dever do fornecedor; deve ser descritivo e pormenorizado, ou seja, deve descrever o serviço e especificar as peças do serviço. No silêncio, o orçamento vincula o fornecedor pelo prazo de 10 dias. Com a aceitação pelo consumidor, o orçamento passa a ter poder vinculativo às partes, se transformando em contrato de consumo. – Itens obrigatórios do orçamento: a) valor da mão-de-obra; b) preço dos materiais e equipamentos empregados; c) condições de pagamento; d) datas de início e término do serviço; e) prazo de validade: 10 dias; f) deve ser gratuito?. Se não houver aprovação expressa aplica-se por analogia o disposto no artigo 39, parágrafo único do CDC. “o desvio produtivo caracteriza-se quando o consumidor, diante de uma situação de mau atendimento, precisa desperdiçar o seu tempo e desviar as suas competências — de uma atividade necessária ou por ele preferida — para tentar resolver um problema criado pelo fornecedor, a um custo de oportunidade indesejado, de natureza irrecuperável”. TEORIA DO DESVIO PRODUTIVO DO CONSUMIDOR O precedente do STJ publicado em 25/04/18 em decisão monocrática do ministro Marco Aurélio Bellizze, relator do AREsp 1.260.458/SP na 3ª Turma, que reconheceu, no caso concreto, a ocorrência de danos morais com base na Teoria do Desvio Produtivo do Consumidor. Primeira menção: Em 12/9/2017, no julgamento colegiado do REsp 1.634.851/RJ interposto pela Via Varejo, a 3ª Turma do STJ, sob a relatoria da ministra Nancy Andrighi, já havia mencionado o Desvio Produtivo do Consumidor para negar provimento ao recurso especial daquele fornecedor: "À frustração do consumidor de adquirir o bem com vício, não é razoável que se acrescente o desgaste para tentar resolver o problema ao qual ele não deu causa, o que, por certo, pode ser evitado – ou, ao menos, atenuado – se o próprio comerciante participar ativamente do processo de reparo, intermediando a relação entre consumidor e fabricante, inclusive porque, juntamente com este, tem o dever legal de garantir a adequação do produto oferecido ao consumo”, disse a ministra. COBRANÇA DE DÍVIDAS Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça. Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável. Art. 42-A. Em todos os documentos de cobrança de débitos apresentados ao consumidor, deverão constar o nome, o endereço e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas – CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ do fornecedor do produto ou serviço correspondente. (Incluído pela Lei nº 12.039, de 2009) EXEMPLOS: COBRANÇA DE DÍVIDAS Art. 42 CDC 5) COBRANÇA DE DÍVIDAS (art. 42): – não pode ser vexatória, nem causar qualquer tipo de dano ao consumidor (Abuso de Direito (Art. 187 CC) = origem lícita, e uma consequência ilícita); – é crime utilizar na cobrança: ameaça, coação, constrangimento físico ou moral, ou qualquer outro comportamento que constranja o consumidor, sob pena de detenção de 3 meses a 1 ano e multa (art. 71); – INSCRIÇÃO INDEVIDA no SERASA e SPC geraindenização. NECESSÁRIA A NOTIFICAÇÃO CONSUMIDOR. – se não houver a notificação e ocorrer a negativação a inscrição será indevida e o fornecedor responderá por abuso de direito (Resp. Objetiva). COBRANÇA DE DÍVIDAS Art. 42 CDC – REPETIÇÃO DO INDÉBITO (Parágrafo Único do art. 42): o consumidor tem direito de receber aquilo que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo engano justificável; COBRANÇA INDEVIDA (JUDICIAIS OU EXTRAJUDICIAIS) + PAGAMENTO EM EXCESSO (SALVO ENGANO JUSTIFICÁVEL) CADASTROS DE CONSUMIDORES E FORNECEDORES - Arts. 43 e 44 a) CADASTRO DE CONSUMIDORES: – exercem função de interesse público; – regidos por instituições privadas; – espécies: de bons consumidores (CADASTRO POSITIVO) ou de maus consumidores (restrição de crédito – CADASTRO NEGATIVO). Ex: Serasa CADASTRO POSITIVO - O cadastro positivo é um sistema de pontuação que reúne informações sobre uma pessoa para avaliar o risco de oferecer crédito a ela. Dessa forma, ela mede se o consumidor é “mais confiável” para receber um empréstimo, um financiamento, ou uma compra no cartão de crédito. O sistema existe desde 2011, mas precisava da autorização prévia do usuário para que suas informações pudessem ser avaliadas pelos birôs de crédito, como Serasa Experian, Quod e Boa Vista SPC. Aprovado pelo Congresso Nacional em 8 de abril de 2019, o novo cadastro positivo modifica essa regra: agora, a abertura do cadastro será feita de forma automática, não mais voluntária, abrangendo todos os consumidores brasileiros. CADASTRO POSITIVO O cadastro positivo é um sistema de pontuação que reúne informações sobre uma pessoa para avaliar o risco de oferecer crédito a ela. Dessa forma, ela mede se o consumidor é “mais confiável” para receber um empréstimo, um financiamento, ou uma compra no cartão de crédito. O sistema existe desde 2011, mas precisava da autorização prévia do usuário para que suas informações pudessem ser avaliadas pelos birôs de crédito, como Serasa Experian, Quod e Boa Vista SPC. Aprovado pelo Congresso Nacional em 8 de abril de 2019, o novo cadastro positivo modifica essa regra: agora, a abertura do cadastro será feita de forma automática, não mais voluntária, abrangendo todos os consumidores brasileiros. CADASTROS DE CONSUMIDORES E FORNECEDORES - Arts. 43 e 44 CADASTRO NEGATIVO: – o consumidor tem direito a todas as informações referentes à restrição do crédito, inclusive de ser previamente notificado acerca da inclusão do seu nome no cadastro de restrição; – O prazo máximo de 5 anos que o nome do consumidor pode permanecer negativado inicia-se após a data de vencimento da dívida. SÚMULA 323 – STJ “a inscrição do nome do devedor pode ser mantida nos serviços de proteção ao crédito até o prazo máximo de cinco anos, independentemente da prescrição da execução”. CADASTROS DE CONSUMIDORES E FORNECEDORES - Arts. 43 e 44 Responsabilidade dos órgãos de proteção ao crédito nos casos em que não houver prévia notificação (STJ AgRg nos Edcl no RESP 907.608/RS). Responsabilidade incumbe a quem mantém e não ao credor que apenas informa a existência da dívida. Se o consumidor for negativado por conta de dívida inexistente, neste caso a responsabilidade é do fornecedor e não do órgão de proteção ao crédito. CADASTROS DE CONSUMIDORES E FORNECEDORES - Arts. 43 e 44 Mesmo no caso que provado o débito, mas não houve notificação prévia, ainda assim permanece o dever de indenizar. Comprovação do prejuízo ao consumidor pela negativação indevida – 2 entendimentos ( que deve ser provado o prejuízo e outro que trata-se de dano moral in re ipsa, no qual o prejuízo é presumido) CADASTROS DE CONSUMIDORES E FORNECEDORES - Arts. 43 e 44 Súmula 385 STJ - Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento. Entendimento STJ - Cumpre ao credor providenciar o cancelamento da anotação negativa no prazo máximo de 05 dias úteis, após o integral pagamento da dívida. CADASTROS DE CONSUMIDORES E FORNECEDORES - Arts. 43 e 44 EXCEÇÕES: Existem duas exceções em que não haverá indenização por danos morais mesmo não tendo havido prévia comunicação do devedor: 1 – se o devedor já possuía inscrição negativa no banco de dados e foi realizada uma nova inscrição em a sua notificação. Sumula 385 2 – Se o órgão de restrição ao crédito estiver apenas reproduzindo informação negativa que conste de registro público. Diante da presunção legal de veracidade e publicidade inerente aos registros do cartório de protesto ou do cartório de distribuição judicial, a reprodução objetiva, fiel, atualizada e clara desses dados na base de órgão de proteção ao crédito - ainda que sem a ciência do consumidor - não tem o condão de ensejar obrigação de reparação de danos.” (STJ. 2ª Seção. REsp 1.444.469-DF e REsp 1.344.352-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgados em 12/11/2014. Info 554) CADASTROS DE CONSUMIDORES E FORNECEDORES - Arts. 43 e 44 b) CADASTRO DE FORNECEDORES: – regido por órgãos públicos de defesa do consumidor (Procon); – as reclamações contra fornecedores devem ser fundamentadas; – deve ser publicado pelo menos 1 vez por ano; – o prazo máximo de permanência será de 5 anos, desde que não haja novas reclamações.