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Esquistossomose Schistosoma mansoni • "Xistose", "barriga-d'água" ou "mal do caramujo". • Dióicos. • Parasitam de vasos sanguíneos de mamíferos e aves. • Ciclo heteroxênico. Principais Espécies • Schistosoma haematobium ◦ Esquistossomose vesical ou hematúria do Egito. ◦ Hábitat Natural = veias que permeiam a bexiga. ◦ Ovos elipsoides com esporão terminal. Eliminados pela urina. ▪ Vermes adultos permanecem nos ramos pélvicos do sistema porta. ◦ Os HIs são moluscos do gênero Bulinus. • Schistosoma intercalatum ◦ Esquistossomose intestinal. ◦ Vermes adultos localizam-se no sistema porta. ◦ Ovos elipsoides com esporão terminal. Eliminados nas fezes. ◦ Os HIs pertencem ao gênero Bulinus. • Schistosoma japonicum ◦ Esquistossomose japônica ou moléstia de Katayama. ◦ Vermes adultos não possuem papilas em seu tegumento. ◦ Vermes adultos vivem no sistema porta e os ovos são eliminados pelas fezes. ◦ Ovos subesféricos, com espinho lateral. ◦ Os HIs são moluscos do gênero Oncomelania. • Schistosoma mekongi ◦ Semelhante ao S. japonicum. ◦ Parasitam o sistema porta de humanos e de alguns animais (cães, roedores). ◦ Ovos subesféricos. ◦ Os HIs são os moluscos Neotrícula aperta. • Schistosoma mansoni ◦ Esquistossomose mansoni intestinal ou moléstia de Pirajá da Silva. ◦ Ovos grandes e elípticos com proeminente esporão subterminal. ◦ Os HIs são moluscos Biomphalaria. Morfologia • Macho ◦ Mede cerca de 1 cm. ◦ Corpo dividido em 2 porções: anterior (ventosa oral e ventral) e posterior (logo após a ventosa ventral). • Fêmea ◦ Mede cerca de 1,5 cm. ◦ Mais escura devido ao ceco com sangue semi-digerido, com tegumento liso. ◦ Também possui duas ventosas (oral e ventral). • Ovo ◦ Sem opérculo. ◦ Ovo maduro caracteriza-se pela presença de um miracídio formado, visível. • Miracídio ◦ Forma cilíndrica. ◦ Apresenta células epidérmicas, onde se implantam os cílios (movimento no meio aquático). ◦ Extremidade anterior com papila apical, ou terebratorium, que pode se amoldar em forma de uma ventosa. ▪ No terebratorium encontram-se terminações das glândulas adesivas e da glândula de penetração. ▪ Também se encontra um conjunto de cílios maiores e espículos anteriores (penetração nos moluscos) e terminações nervosas (funções tácteis e sensoriais). • Esporocisto ◦ Gerado dentro do molusco, formando a estrutura que contém as cercárias. ◦ Movimentos ameboides que diminuem até a completa imobilidade da larva. • Cercárias ◦ 2 ventosas: ▪ Ventosa Oral = apresenta terminações das glândulas de penetração. ▪ Ventosa Ventral = fixação na pele do hospedeiro no processo de penetração. Habitat • Vermes adultos vivem no sistema porta. • Esquistossômulos chegam ao fígado, atingem a maturação sexual, migram para os ramos terminais da veia mesentérica inferior e se acasalam. Ciclo Biológico • Ao atingir a fase adulta no sistema vascular, o S. mansoni alcança as veias mesentéricas, principalmente a inferior, migrando contra a corrente circulatória. • Fêmeas fazem a postura ao nível da submucosa. • A vida média do S. mansoni é de 5 anos, embora alguns casais possam viver por mais de 30 anos. • Ovos colocados levam 1 semana para tornarem-se maduros (miracídio formado). Da submucosa chegam à luz intestinal. Os prováveis fatores que promovem a passagem são: ◦ Reação inflamatória. ◦ Pressão dos ovos que são postos atrás ('bombeamento"). ◦ Enzimas proteolíticas produzidas pelo miracídio. ◦ Perfuração da parede venular já debilitada auxiliada pela descamação epitelial provocada pela passagem do bolo fecal. • Da postura até atingir a luz intestinal, há um período mínimo de 6 dias (período de maturação). • Se os ovos não conseguirem atingir a luz intestinal em 20 dias há morte dos miracídios. • Ovos que conseguirem chegar à luz intestinal vão para o exterior junto com as fezes. ▪ Expectativa de vida de 24h (fezes líquidas) a 5 dias (fezes sólidas). • Alcançando a água, os ovos liberam o miracídio, estimulados pelas temperaturas mais altas, luz e oxigenação. • A capacidade de penetração restringe-se a 8 horas após a eclosão e é influenciada pela temperatura. • O contato com o tegumento do molusco faz com que o terebratorium assuma a forma da ventosa, ocorrendo a descarga do conteúdo das glândulas de adesão. O conteúdo da glândula de penetração é descarregado e as enzimas proteolíticas iniciam a ação digestiva. • Os movimentos do miracídio + a ação enzimática constituem os elementos que permitem a introdução do miracídio nos tecidos do molusco. A larva se estabelece no tecido subcutâneo. • A larva, após a penetração, perde as glândulas de adesão, o epitélio ciliado, o terebratorium, a musculatura subepitelial e o sistema nervoso. ◦ Miracídio vira um saco contendo a geração das células germinativas ou reprodutivas (esporocisto). Transmissão • As cercárias penetram nos pés e pernas (maior contato com águas contaminadas). • O horário em que são vistas em maior quantidade na água é entre 10 e 16h. ▪ Luz solar e o calor mais intensos. • Focos peridomiciliares (valas de irrigação de horta, açudes, pequenos córregos). Patogenia • Cercária ◦ Dermatite cercariana ou dermatite do nadador. Pode ocorrer quando as cercárias penetram na pele. ◦ "Sensação de comichão, erupção urticariforme, seguida por eritema, edema, pequenas pápulas e dor". ◦ Há grande destruição de cercárias e esquistossômulos na pele e nos pulmões. • Esquistossômulos ◦ 3 dias após a penetração das cercárias na pele, os esquistossômulos são levados aos pulmões. ◦ Na 2ª semana de infecção, podem ser encontrados nos vasos do fígado e sistema porta intra-hepático. ◦ Pode haver linfadenia generalizada, febre, aumento volumétrico do baço e sintomas pulmonares. • Vermes Adultos ◦ Após a maturação nos ramos intra-hepáticos do sistema porta, há migração para a veia mesentérica inf. ◦ Vermes vivos permanecem nessa veia por longos anos e não produzem lesões. ◦ Vermes mortos, podem provocar lesões extensas. Essas lesões ocorrem principalmente no fígado. • Ovos ◦ Em pequeno nº de ovos viáveis conseguem atingir a luz intestinal. As lesões produzidas são mínimas. ◦ Em grande nº, podem provocar hemorragias, edemas da submucosa e fenômenos degenerativos, com formações ulcerativas. ◦ Ovos que atingem o fígado, estabilizam-se e causam as alterações mais importantes. Esquistossomose Aguda • Fase Pré-postural ◦ Sintomatologia variada, 10-35 dias após a infecção. ◦ Neste período há pacientes assintomáticos e outros com mal-estar, com ou sem febre, problemas pulmonares (tosse), dores musculares, desconforto abdominal e quadro de hepatite aguda (produtos da destruição dos esquistossômulos). • Fase Aguda ◦ Sintomas mais exuberantes, dentro de 50 dias e pode durar até 120 dias após a infecção. ◦ Caracterizada pela disseminação de ovos, principalmente na parede do intestino com áreas de necrose, levando a enterocolite aguda.. ◦ No fígado provocam a formação de granulomas (forma toxêmica). Podem apresentar-se como doença aguda com sudorese, calafrios, emagrecimento, febre alta, alergias, diarréia, disenteria, cólicas e tenesmo. ▪ A fase toxêmica pode ser letal. ◦ A fase aguda, na maioria dos casos, apresenta manifestações clínicas pouco intensas e evolui, num período de 4 a 6 meses, para a fase crônica. Esquistossomose Crônica • Pode apresentar grandes variações clínicas. • As principais alterações são: ◦ Intestino ▪ Mais comum. ▪ Diarreia mucossanguinolenta alternada com constipação intestinal, cólicas, tonturas e adinamia. ◦ Fígado ▪ No início apresenta-se aumentado e doloroso a palpação. ▪ Os ovos prendem-se nos espaços porta, com a formação de granulomas. ▪ Numa fase mais adiantada pode estar menor e fibrosado. ▪ Nesta fase, aparece o quadro de "fibrose de Symmers", uma peripileflebitegranulomatosa, com neoformação conjuntiva. ▪ Não se nota cirrose hepática, mais a fibrose do órgão. ▪ Granulomas hepáticos irão causar endoflebite aguda e fibrose periportal, a qual provocará obstrução dos ramos intra-hepáticos da veia porta com formação de pequenos trombos. A obstrução causará hipertensão portal. Essa hipertensão pode intensificar-se causandouma série de alterações: • Esplenomegalia ◦ Hiperplasia do tecido reticular e dos elementos do sistema monocítico fagocitário, provocada por fenômeno imunoalérgico. • Varizes ◦ Desenvolvimento da circulação colateral anormal intra-hepática e de anastomoses do plexo hemorroidário, umbigo, região inguinal e esôfago numa tentativa de compensar a circulação portal obstruída e diminuir a hipertensão portal. ◦ "Varizes esofagianas" podem romper, provocando hemorragia. • Ascite ◦ Formas hepatoesplênicas mais graves. ◦ Decorre das alterações hemodinâmicas, principalmente a hipertensão. • Pulmonar (Granulomas) ◦ Insuficiência cardíaca, disseminação hematogênica. Diagnóstico • Laboratorial ◦ Exame de fezes. ◦ Biópsia ou raspagem da mucosa retal. ◦ Reação intradérmica ou intradermorreação. ◦ Reação de fixação do complemento. ◦ Reação de hemaglutinação indireta. ◦ Radioiunoensaio. ◦ Reação de imunofluorescência indireta. ◦ Método imunoenzimático ou ELISA. ◦ Reação em cadeia de polimerase (PCR). Epidemiologia • O Brasil é a maior área endêmica das américas. • Estreita relação entre a presença de áreas de média e alta endemicidade e a presença de Biomphalaria glabrata. Tratamento • Oxamniquina ◦ Aminoalquiltolueno. ◦ Efeito anticolinérgico, que aumenta a motilidade do parasito e inibe a síntese de ácidos nucleicos. ◦ Efeitos Colaterais = alucinações e tonteiras, excitação e mudança de comportamento. ◦ Atua nas formas evolutivas da pele e dos pulmões. ◦ Ativo APENAS contra S. mansoni. • Praziquantel ◦ Atua contra TODAS as espécies do Schistosoma que infectam humanos. ◦ Efeitos Colaterais = dor abdominal, cefaléia e sonolência. ◦ Deve ser aplicado principalmente em crianças, mesmo nos casos de reinfecção.
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