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Helmintologia Os helmintos podem ser filamentosos (filo nematoda) ou achatados (filo platelminto). No Brasil, as helmintoses estão presentes principalmente nas zonas rurais e periferias de centros urbanos pela ausência de saneamento básico e pouco conhecimento sobre transmissão e prevenção. Filo Nematoda - Vermes cilíndricos, alongados, não segmentados. Simetria bilateral. - Poucos milímetros a dezenas de centímetros. - Tudo digestório completo (boca e ânus). - Geralmente sexos separados. - Ausência de sistema circulatório ou vascular (movimentação do corpo, os fluidos se mo-vimentam por meio da contração e relaxamento dos músculos). - As larvas passsam por 4 ou 5 estágios de desenvolvimento (ciclo heteroxênico - parte imatura dentro do tubo digestivo do vetor e metamorfose dentro do hospedeiro definitivo- ou monoxênico - só precisa infectar 1 indivíduo para chegar à fase adulta). Filo Platyhelminthes - Classe Trematoda - Vermes achatados dorsoventralmente. - Corpo não segmentado e recoberto por cutícula. - Uma ou mais ventosas para fixação ao hospedeiro. - Espécies dióicas ou monóicas. - Prevalecem espécies ovíparas. - Ciclo heteroxênico: o miracídio alcança um molusco para dar continuidade ao ciclo. Filo Platyhelminthes - Classe Cestoda Estudo dos Helmintos - Vermes achatados dorsoventralmente. - Representantes mais simples dos helmintos. - Ausência de sistema digestório. - Corpo alongado e segmentado: escólex, pescoço e estróbilo. - Hermafrodita: sistemas reprodutores masculino e feminino. Geo-helmintoses: doenças causadas por helmintos que não necessitam de um hos- Platyhelminthes: - simetria bilateral - sem ânus - sem aparelho resp. - 2 extremidades Capítulo 21 pedeiro intermediário, mas cuja maturação de ovos ou larvas se faz no solo (alta taxa de oxigenação). Essas doenças não são de notificação obrigatória no Brasil, o que dificulta seu combate. Todas as parasitoses são doenças negligenciadas no Brasil. Moscas são excelentes vetores mecânicos desses helmintos, principalmente as que pousam em fezes. Exemplos: ancilostomose, necatorose, tricurose, ascaridiose. @paulapsantos1 - Ascaridiose Filo Nematoda - Ascaris lumbriciodes Nomes populares: lombriga, bicha Importância da ascaridiose: - Parasitose de maior distribuição mundial (quase todos os países), variando com o grau de desenvolvimento da população. - É a helmintose mais comum na população humana. ~ 250 milhões de doentes e ~ 820 milhões de infectados (OPAS) ~ 60 mil mortes/ ano - Brasil 2 - 36% principalmente area rural e periferias 70% dos casos em crianças - População em risco em países latinos: ~ 45 milhões de crianças. Morfologia das formas evolutivas dos geo-helmintos Ascaris lumbricoides Os geo-helmintos evoluem de larvas para vermes adultos, que depositam ovos, reiniciando o ciclo. Ciclo biológico do Ascaris lumbricoides: monoxênico A passagem do ovo pelo estômago é fundamental para eclosão das larvas de fase 3. É principalmente a mucosa do ceco intestinal que recebe a penetração ativa da larva, entrando para o sistema circulatório. @paulapsantos1 Formas evolutivas do Ascaris no ciclo monoxênico: ovo (Larva 1 - L2 - L3) - L4 - L5 - adultos fase infectante: água e alimentos contaminados pulmão intestino delgado Vida livre no solo ~ 15 dias Parasita no hospedeiro ~ 60 dias Fase aguda de invasão de larvas Ascaris nos tecidos - Fígado: focos hemorrágicos e de necrose, seguidos por fibrase. Síndrome de Loeffler. - Pulmões: pontos hemorrágicos, pneumonite e bronquite. Febre baixa, dispneia, eosinofilia. Tosse com mucom catarro sanguinolento e com larvas. Normalmente, os sintomas desaparecem em poucos dias. Fase da infecção intestinal Sinais e sintomas gerais da fase crônica: - Desconforto abdominal; - Cólicas intermitentes; - Diarreia; - Dor epigástrica; - Distensão abdominal; Patogenia e patologia A larva L1 se forma dentro do ovo e sofre muda transformando-se em L2. Em seguida, L2 sofre nova muda transformando-se em L3, infectante e com esôfago tipicamente filarióide (esôfago retilíneo). Após a ingestão, os ovos contendo a L3 atravessam todo o trato digestivo e as larvas eclodem no intestino delgado. A eclosão ocorre graças a estímulos fornecidos pelo próprio hospedeiro, como a presença de agentes redutores, o pH, a temperatura, os sais e, o mais importante, a concentração de CO2, cuja ausência inviabiliza a eclosão. As larvas, uma vez liberadas, atravessam a parede intestinal na altura do ceco, caem nos vasos linfáticos e nas veias e invadem o figado entre 18 e 24 horas após a infecção. Em 2 a 3 dias chegam ao coração direito, através da VCI ou superior e 4 a 5 dias depois são encontradas nos pulmões. Com cerca de 8 dias da infecção, as larvas sofrem muda para L4, rompem os capilares e caem nos alvéolos, onde mudam para L5. Sobem pelos brônquios e traquéia, chegando até a faringe. Podem então ser expelidas com a expectoração ou serem deglutidas, atravessando o estômago e fixando-se no intestino delgado. Transformam-se em adultos jovens 20 a 30 dias após a infecção. Em 60 dias alcançam a maturidade sexual, fazem a cópula, ovipostura e já são encontrados ovos nas fezes do hospedeiro. Os vermes adultos têm uma longevidade de 1 a 2 anos. - Náusea; - Alteração de apetite, emagrecimento, anemia, desnutrição, retardo no desenvolvimento. @paulapsantos1 -4¥ - Patogenia nas infecções médias ou maciças Ação espoliadora: consumo de proteínas, carboidratos, vitaminas A e C. Na infância, po- de ser relacionado à subnutrição. Ação mecânica: irritação na parede intestinal pela movimentação dos vermes. Obstru- ção intestinal por enovelamento. Localizações ectópicas: quando em altas cargas parasitárias, irritação do verme por ali- mentos, fármacos - boca e narinas: morte por asfixia; - apêndice: apendicite aguda; - canal pancreático: pancreatite aguda. Complicações da Ascaridíase - Inflamação do peritônio após perfuração da alça intestinal. - Coinfeccções: podem piorar o estado nutricional ou agravar o quadro geral. - Obstrução intestinal por enovelamento de vermes. Diagnóstico de ancilostomose e ascaridiose Diagnóstico clínico - Anamnese: pesquisar o histórico do paciente e as queixas. - Exame físico: palpação abdominal e coloração das mucosas. Diagnóstico parasitológico - Método parasitológico direto. - Exame de fezes (E.P.F). Transmissão - Ingestão de água ou alimentos contaminados com ovos contendo a L3; - Poeira, aves e insetos (moscas e baratas) são capazes de veicular mecanicamente ovos de A. lumbricoides; - Os ovos de A. lumbricoides têm uma grande capacidade de aderência a superfícies, o que representa um fator importante na transmissão da parasitose. Uma vez presente no ambiente ou em alimentos, estes ovos não são removidos com facilidade por lavagens. Tratamento A OMS recomenda 4 drogas para o tratamento e controle de helmintos transmitidos pelo solo: albendazol, mebendazol, levamisol e pamoato de pirantel. @paulapsantos1= Teníase e Cisticercose Capítulo 25 Classificação: classe Cestoda, Taenia solium e T. saginata. - Associadas a precárias condições sanitárias, socioeconômicas e culturais, que contribuem para a transmissão. Causam ainda prejuízos econômicos, principalmente em áreas de produção de gado, porque as carcaças infectadas são condenadas no abate. - A teníase é uma alteração provocada pela presença da forma adulta da Taenia solium ou da T. saginata no intestino delgado do hospedeiro definitivo, os humanos; já a cisticercose é a alteração provocada pela presença da larva (vulgarmente denominada canjiquinha) nos tecidos de hospedeiros intermediários normais, respectivamente suínos e bovinos. - A cisticercose é altamente endêmica em áreas rurais da América Latina, inclusive no Brasil. Morfologia - T. saginata e T. solium apresentam corpo achatado, dorsoventralmente em forma de fita, dividido em escólex ou cabeça, colo ou pescoço e estróbilo ou corpo. - Cor branca leitosa. - Escólex: pequena dilatação, medindo em I: soliumde 0,6 a 1 rnrn.e em I: saginata 1 a 2 rnm. de diâmetro, situada na extremidade anterior, funcionando como órgão de fixação do cestódeo à mucosa do intestino delgado humano. - Colo: porção mais delgada do corpo onde as células do parênquima estão em intensa atividade de multiplicação, é a zona de crescimento do parasito ou de formação das proglotes. - Estróbilo: é o restante do corpo do parasito. - As proglotes são subdivididas em jovens, maduras e grávidas e têm a sua individualidade reprodutiva e alimentar. - Ovos: esféricos, morfologicamente indistinguíveis, me- dindo cerca de 30mm de diâmetro. São constituídos por uma casca protetora, embrióforo, que é formado por blocos pira- midais de quitina unidos entre si por uma substância provavelmente protéica) cementante que lhe confere resistên- cia no ambiente. Internamente, encontra-se o embrião hexacanto ou oncosfera, provido de três pares de acúleos e dupla membrana. - Cisticerco: o cisticerco da 7:solium é constituído de uma vesícula translúcida com líquido claro, contendo invaginado no seu interior um escólex com quatro ventosas, rostelo e colo. O cisticerco da 7:saginata apresenta a mesma morfologia diferindo apenas pela ausência do rostelo. No sistema nervoso central humano, o cisticerco pode se manter viável por vários anos. @paulapsantos1 - - Tanto a 7: solium como a 7:saginata, na fase adulta ou reprodutiva, vivem no intestino delgado humano; j á o cisticerco da 7:solium é encontrado no tecido subcutâneo, muscular, cardíaco, cerebral e no olho de suínos e aciden- talmente em humanos e cães. Hábitat Ciclo - Os humanos parasitados eliminam as proglotes grávidas cheias de ovos para o exterior. - Mais frequentemente as proglotes se rompem no meio externo, por efeito da conúa- ção muscular ou decomposição de suas estruturas, liberan- do milhares de ovos no solo. No ambiente úmido e protegi- do de luz solar intensa os ovos têm grande longevidade mantendo-se infectantes por meses. - Um hospedeiro interme- diário próprio (suíno para T. solium e bovino para T saginata) ingere os ovos, e os embrióforos (casca de ovo) no estômago sofrem a ação da pepsina, que atua sobre a substância cementante dos blocos de quitina. No intestino, as oncosferas sofrem a ação dos sais biliares, que são de grande importância na sua ativação e liberação. - Uma vez ati- vada~a,s oncosferas liberam-se do embrióforo e movimentam-se no sentido da vilosidade, onde penetram com auxí- lio dos acúleos. Permanecem nesse local durante cerca de qua- tro dias para adaptarem-se As condições fisiológicas do novo hospedeiro. - Em sèguida, penetram nas vênulas e atingem as veias e os linfáticos mesentéricos. Através da acorrente circu- latória, são transportadas por via sanguínea a todos os órgãos e tecidos do organismo até atingirem o local de implantação por bloqueio do capilar. Posteriormente, atravessam a parede do vaso, instalando-se nos tecidos circunvizinhos. @paulapsantos1 = - As oncosferas desenvolvem-se para cisticercos em qual- quer tecido mole (pele, músculos esqueléticos e cardíacos, olhos, cérebro etc.), mas preferem os músculos de maior movimentação e com maior oxigenação (masseter, língua, coração e cérebro). - O cisticerco inge- rido sofre a ação do suco gástrico, evagina-se e fixa-se, atra- vés do escólex, na mucosa do intestino delgado, transfor- mando-se em uma tênia adulta, que pode atingir até oito metros em alguns meses. - Três meses após a ingestão do cisticerco, inicia-se a eliminação de proglotes grávidas. - A 7: solium tem uma longevidade de três anos enquanto a 7: saginata até dez anos Transmissão - Teníase: o hospedeiro definitivo (humanos) infecta-se ao in- gerir carne suína ou bovina, crua ou malcozida, infetada, respec- tivamente, pelo cisticerco de cada espécie de Taenia. - A cisticercose humana é adquirida pela ingestão acidental de ovos viáveis da T. solium que foram eliminados nas fezes de portadores de teníase. @paulapsantos1 - Patogenia - Devido ao longo período em que a i? solium ou T. saginata parasita o homem, elas podem causar fenômenos tóxicos alérgicos, através de substâncias excretadas, provo- car hemorragias através da fixação na mucosa, destruir o epitélio e produzir inflamação com infiltrado celular com hipo ou hipersecreção de muco. Teníase Cisticercose - O problema realmente sério, que provoca lesões graves no paciente, é a cisticercose. - E uma doença pleomórfica pela possibilidade de alojar-se o cisticerco em diversas partes do organismo, como tecidos musculares ou subcutâneos, globo ocular e com mais fie- qüência no sistema nervoso central, inclusive intramedular, o que traz maiores repercussões clínicas. - A cisticercose muscular ou subcutânea pouca alteração provoca e em geral é uma forma assintomática. - o cisticerco alcança o globo ocular através dos vasos da coróide, instalando-se na retina. Aí cresce, provocando ou o descolamento desta ou sua perfuração, atingindo o humor vítreo. O parasito não atinge o crista- lino, mas pode levar a sua opacificação (catarata). - A cisticercose no sistema nervoso central pode acome- ter o paciente por três processos: presença do cisticerco no parênquima cerebral ou nos espaços liquóricos; pelo proces- so inflamatório decorrente; ou pela formação de fibroses, granulomas e calcificações. @paulapsantos1 - Ancilostomose e Necatorose Filo Nematoda, família Ancylostomidae Ancylostoma duodenale Necator americanus - Para sobreviver à resposta hemostá- tica, o verme produz uma saliva com substâncias anti-hemostáticas. - Substâncias anticoagulantes das glân- dulas esofagianas do verme contribu- em para sua hemorragia no ponto de fixação da cápsula bucal na mucosa. “Amarelão” Ancylostoma duodenale: principalmente em regiões tropicais, sobretudo Américas, África e ilhas do Pacífico. Necator americanus: principalmente no hemisfério Norte, região do Mediterrâneo e parte da Ásia. - Grande problema de saúde pública: ampla distruibuição geográfica, alta prevalência e alta taxa de reinfecções. Formas evolutivas dos ancilostomídeos no ciclo monoxênico Ovo - L1 - L2 - L3 - L4 - L5 - adulto pulmão intestino delgado infecção: penetração de larvas L3 Vida livre no solo ~ 10 dias Parasita no hospedeiro ~ 45-60 dias Ciclo biológico: monoxênico - 2 fases bem definidas: 1- vida livre: se desenvolve no meio exterior; 2- parasitária: se desenvolve no hospedeiro definitivo. - Os ovos dos ancilostomí- deos depositados pelas fêmeas (após a cópula), no intestino delgado do hospedeiro são eliminados para o meio exterior por meio das fezes. No meio externo, os ovos necessi- tam de um ambiente @paulapsantos1 - - = - - nitta - propício, principalmente com boa oxigenação, alta umidade (> 90%) e temperatura elevada. Essas condições são indispensáveis para a formação e a eclosão da larva de primeiro estágio (L1), que acontece entre 12 e 24 horas. No ambiente, a L1 se transforma em L2 entre 3 ou 4 dias, que, depois, se transforma em L3 após 5 dias. A L3 é a única forma infectante para o hospedeiro. Essa larva penetra ativamente através da pele, conjuntiva e mucosas ou passivamente, por via oral. Da pele, as larvas alcançam a circulação sanguínea e/ou linfática, e chegam ao coração, indo pelas artérias pulmonares, para os pulmões. Atingindo os alvéolos, as larvas migram para os bronquíolos. Dos brônquios, atingem a traqueia, faringe e laringe quando, então, são ingeridas, alcançando o intestino delgado, seu hábitat final. Durante a migração pelos pulmões, que dura de 2 a 7 dias, a larva se transforma em L4. Ao chegar no intestino delgado, após 8 dias da infecção, a larva começa a exercer o parasitismo hematófago, fixando a cápsula bucal na mucosa do duodeno. A transformação em L5 ocorre ~15 dias após a infecção, e a diferenciação de L5 em vermes adultos ocorre após 30 dias da infecção. - Quando a penetração das L3 é por via oral, principalmente a- través de ingestão de alimentos ou água, as L3 chegam ao estô-mago e migram para o intestino delgado. A altura do duodeno, as larvas penetram na mucosa, onde mudam para L4, após cer- ca de 5 dias da infecção. Em seguida, as larvas voltam a luz do intestino, se fixam a mucosa e iniciam o repasto sanguíneo, devendo depois mudar para L5 no transcurso de 15 dias da infecção. Com a diferenciação de L5 em adultos, a cópula tem início e os ovos logo em seguida começam a ser postos, sendo eliminados através das fezes. @paulapsantos1 Patogenia, patologia e sintomatologia Fase aguda Período de invasão cutânea: - dermatite (geralmente há prurido e eritema); - alta carga parasitária: dermatite urticariforme (erupções pápulo- ertematosas com prurido - cessam ~10o dia); - complicação: pode haver infecção secundária com pus. Período de migração pulmonar: - pode haver febre e tosse resultantes da inflamação pulmonar, eosinofilia periférica (síndrome de Löeffler); - faringite, laringite, expectoração. Fase crônica Período de fixação e permanência dos vermes adultos no intestino delgado: - lesões na mucosa devido à fixação da cápsula bucal = dilaceração da mucosa e necrose: permanente espoliação sanguínea e inoculação de enzimas; - infecções intensas: inflamação da mucosa edemaciada (redução das vilosidades), alteração da velocidade do trânsito intestinal = redução da absorção intestinal; - complicações: infecções bacterianas secundárias, hipoproteinemia (decorrente da perda de sangue total, do aumento da permeabilidade vascular e da dieta pobre). Sinais e sintomas da fase crônica: - a infecção só costuma ser sintomática na populações de áreas endêmicas com precárias condições de vida (carga parasitária acentuada, subnutrição, outras infecções concomitantes, gestação etc.); - indigestão, dor epigástrica, acidez, ardor, náusea, anorexia, indisposição, vômitos, diarreia ou constipação; - palidez da conjuntiva e das mucosas, apatia, cansaço fácil, falta de atenção; - crianças: apatia, falta de apetite, falta de atenção e baixo rendimento escolar, retardo no desenvolvimento estatural e cognitivo; - ocorre agravamento dos quadros clínicos pela deficiência de proteínas e vitaminas = desnutrição calórico-proteica; - anemia: pode ou não ocorrer. Complicação proveniente de altas cargas parasitárias (espoliativa) + subnutrição (carencial). Tratamento dos pacientes infectados por ancilostomídeos - Anti-helmínticos de largo espectro contra nematódeos: albendazol, mebendazol, nitazo- xanida ou ivermectina. - Ferroterapia (reversão de anemia): administração de sulfato ferroso via oral. @paulapsantos1 - - - É importante a inclusão de fontes de Fe (principalmente de origem animal), vitaminas e proteínas na dieta. Larva migrans cutânea bicho geográfico Ancilostomídeos de cães e gatos penetram a pele humana e migram sem completar sua evolução no hospedeiro anômalo. Agentes: Ancylostoma braziliense, A. caninum, etc. Larvas L3 abrem túneis entre a derme e a epiderme (2-5 cm/ dia), causando dermatite. - Áreas mais atingidas no corpo: as mais expostas ao solo (pés, pernas, nágeas, mãos e antebraços). - Sintomatologia: sem sintomas ou aparecimento de eritema, pápulas e prurido. Em sua migração, as larvas produzem um rastro saliente e pruriginoso, que por vezes, pode estar acompanhado de infecções secundárias decorrentes do ato de se coçar. - Diagnóstico clínico: aspecto das lesões e histórico. - A cura é espontânea ao fim de alguns dias ou semanas. - Tratar com tiabendazol tópico e/ou oral ou associação de albendazol e ivermectina em casos de lesões múltiplas. - Tratamento alternativo: neve carbônica (mata a larva pelo frio). OBS.: existem também casos de larva migrans visceral e ocular. enzimas digestivas antigênicas Capítulo 31 tratamento pode ser dispensado @paulapsantos1 - Diagnóstico Kato-katz: método de EPF recomendado pela OMS que é mais sensível que os métodos geralmente usados, sendo mais eficiente em relação aos pacientes assintomáticos, que costumam apresentar uma carga parasitária menor; - Tratamento dos casos positivos; - Campanha de educação em saúde. Esquistossomose Filo Platyhelminthes, Classe Trematoda Gênero Schistosoma Subfamília Schistosomatinae - Ovo rompe a casca em contato com a água doce devido a tonicidade. Portanto, em água salgada não há eclosão da larva. Vermes com dimorfismo sexual, parasitos de vasos sanguíneos de humanos e de outros mamíferos 1. S. haematobium: África e Oriente próximo e Médio 2. S. japonicum: China, Japão, Filipinas e Sudeste Asiático. 3. Schistosoma mansoni: América do Sul, África e Antilhas. Epidemiologia Ocorre em 54 países, destacando-se os da África, leste do Mediterrâneo e da América do Sul e Caribe. - O Brasil é endêmico: 20 estados - Prevalência = ~ 6 milhões - Percentual de positividade média no Brasil: 7% até 2003, 4,5% a partir de 2015. - MG e Bahia: estados com maior endemicidade (70% dos casos). - MG: 61% dos municípios tem transmissão ativa da doença. A esquistossomose em Minas Gerais - PCE: 1975 > adesão de MG: 1983 - 1984: PCE em 5 municípios do Norte de MG - 1999: PCE em 470 municípios - Pilares - Prevalência média no NE de MG = ~ 20% - Vale do Mucuri (NE - MG) = ~ 50% (região de menor índice de desenvolvimento humano de MG) Morfologia dos vermes adultos Macho: ~ 1 cm Fêmea: ~ 1,5 cm Sobrevida em fase adulta: 5 - 30 anos @paulapsantos1 i Biomphalaria Caramujos de água doce, herbívoros e hermafroditas dos quais a larva depende para completar seu ciclo. - B. glabrata: chega a 40 mm. - B. straminea: até ~ 15 mm. - B. tenagophila: ~ 35 mm. caramujos confundidos com o caramujo hospedeiro - Pequenas coleções de água doce: córregos, lagoas, pântanos, remansos de rios, margens de reservatórios ou coleções artificiais (valas de irrigação e drenagem, pequenos açudes, caixas d’água etc.) Cercária Forma infectante para o humano. - ~ 500 micrômetros - 1 cercária = 1 verme adulto (sexo definido) - Vias de infecção: penetração da cercária pela pele, conjuntiva ou mucosa orofaringeana (as enzimas larvais quebram a queratina, o colágeno, a elastina e a fibronecti- na da pele + penetração caudal) OBS.: a imagem ao lado, apesar de educativa, apresenta a mor- fologia incorreta dos caramujos Biomphalaria, o que pode preju- dicar a educação da população @paulapsantos1= Hábitat dos vermes adultos no hospedeiro definitivo - Sistema porta-hepático humano; - O casal de vermes adultos migra para os ramos da veia mesentérica inferior para realizar ovoposição. Ciclo de vida: heteroxênico PPP = 40 - 50 dias O Schistosoma mansoni, ao atingir a fase adulta de seu ciclo biológico no sistema vascular do homem, alcança a veia mesentérica inferior, migrando contra a corrente circulatória e as fêmeas fazem a postura dos ovos no nível da submucosa. Cada fêmea põe cerca de 400 ovos por dia, na parede de capilares e vênulas, e cerca de 50% desses ganham o meio externo. Os ovos colocados nos tecidos levam cerca de uma semana para tomarem-se maduros (miracídio formado). Da submucosa chegam à luz intestinal. Essa migração demora dias; isto é, desde que o ovo é colocado, até que atinja a luz intestinal, decorre um período mínimo de 6 dias, tempo necessário para a maturação do ovo. Se, decorridos cerca de 20 dias, os ovos não conseguirem atingir a luz intestinal, ocorrerá a morte dos miracídios. Os ovos que conseguirem chegar à luz intestinal vão para o exterior junto com o bolo fecal e têm uma expectativa de vida de 24 horas (fezes líquidas) a 5 dias (fezes sólidas). Alcançando a água, os ovos liberam o miracídio, estimulado pelos seguintes fatores: temperaturas mais altas, luz intensa e oxigenação da água. O miracídio é atraído a penetrar a pele do molusco Biomphalaria, onde irá se transformar em uma cercária. A emergência das cercárias ocorre com a saída dos or- ganismos dos esporocistos-filhos. A infecção por S. mansoni nos moluscos leva a uma série de problemas no hospedeiro intermediário. As cercárias, então, penetramativamente na pele do homem. @paulapsantos1 = Patogenia, patologia e sintomatologia 1- FASE AGUDA: penetração de cercárias e migração de esquis- tossômulos. - Dermatite cercariana: erupção na pele, eritema, edema, prurido. - A fase de migração dos esquis- tossômulos é pouco sintomática: fraqueza, indisposição, febre, tosse. 2- FASE CRÔNICA: parasitismo longo (5 - 25 anos). Vermes adultos: - Espoliação sanguínea (2,5 mg Fe/dia), glicose; - Quando os vermes morrem, podem causar obstrução embólica, necrose, inflamação e fibrose na parede dos vasos; - Os vermes adultos ovipoem diariamente. Esquistossomose: doença que recorre basicamente da resposta inflamatória granulomatosa que se forma em torno dos ovos vivos do parasito O granuloma (ovo + resposta imune) é uma faca de 2 gumes, porque é uma proteção contra o verme, mas, ao mesmo tempo gera um processo de fibrose prejudicial ao tecido. Fase crônica: esquistossomose intestinal Sintomatologia da esquistossomose intestinal: - dor abdominal - febre - anorexia - emagrecimento - prostração - Dor anorretal, hemorroida, sangramento, dor pélvica, redução da tonicidade esfincteriana. - Casos mais graves: fibrose da alça retossigmoide - peristaltismo reduzido e constipação intestinal. - distensão abdominal - fezes pastosas - diarreia mucossanguinolenta - períodos de fezes formadas e períodos de prisão de ventre relacionada à fibrose O antígeno solúvel do ovo é composto por proteínas proteolíticas que provocam necrose e geram numerosas hemorragias pequenas e edema durante sua migração para a luz intestinal. Por isso, esse sintoma depende de uma carga parasitária alta. @paulapsantos1 - - E Lesões à distância: disfunção renal e disfunção pulmonar causadas por reações inflamatórias desencadeadas pela deposição de imunocomplexos nos glomérulos renais e capilares pulmonares. o verme libera moléculas antigênicas na corrente sanguínea que são alvos de anticorpos, formando imunocomplexos Localizações incomuns dos granulomatose: pulmões, baço, sistema nervoso - medula, apêndice, pâncreas, pele etc. devido à presença do ovo na circulação sanguínea Fases do desenvolvimento do granuloma (prejuízo x benefício): 1- Fase necrótico-exudativa: zona de necrose coliquativa ao redor do ovo circundada por eosinófilos, neutrófilos, macrófagos, linfócitos etc. 2- Fase produtiva: início da reparação da área lesada, presença de fibroblastos (colágeno). 3- Fase de cura ou fibrose: cicatrização da área do granuloma - intensa deposição de colágeno. Há retenção do granuloma. Pode haver calcificação do ovo, com morte do miracídio, reabsorção dos restos e até a completa absorção do granuloma (regeneração). Forma neurológica: estudo de caso Anamnese: paciente de 34 anos, nascido e residente em MG, dor cervical, perda progressiva de força e dificuldade de movimentar os membros superiores, evoluindo por 10 semanas. Exame clínico: tetraparesia (< função motora). Ressonância magnética: alargamento da medula espinhal de C1 a C7. Laboratorial: hemograma, elementos químicos do soro e o exame de líquor mostraram-se normais. O paciente foi submetido à biópsia da medula espinhal. Exame histológico: granulomas em torno do ovo de S. mansoni. Tratamento: oxamniquina (15 mg/kg - dose única) e prednisona (corticoesteroide > ou = 2 meses). Houve melhora da força e resolução da hipossensibilidade. Segunda ressonância (4 meses depois): apenas alargamento da medula espinhal em C2 e C3. O quadro clínico manteve-se inalterado três anos após o tratamento. Fase crônica: esquistossomose hepatoesplênica Hipertensão portal: - A fibrose causa o aumento da resistência do leito vascular dos ramos intra- hepáticos da veia porta (“manguito fibroso”). @paulapsantos1 - - Obstrução do fluxo sanguíneo pela presença de vermes adultos vivos ou mortos e o espessamento fibroso dos vasos. Circulação colateral e varizes - Aumento progressivo da pressão portal desenvolvimento de circulação colateral / anastomose intra-hepática e varizes gastroesofagianas na tentativa de compensar hipertensão portal. - Varizes podem romper episódios de hemorragias digestivas anemia ou até morte - Exames de imagem: avaliar fibrose hepática. Ascite (“barriga d’água): derramamento do plasma dos vasos sanguíneos do peritônio para o interior da cavidade abdominal, devido à hipertensão portal. Esplenomegalia: hiperplasia do tecido reticular e dos elementos do sistema monocítico fagocitário. Diretrizes do Ministério da Saúde A redução da morbimortalidade requer a detecção precoce e pronto tratamento de todos os portadores para evitar que a ação patogênica acumulativa dos ovos do S. mansoni provoque alterações nos órgãos afetados, especialmente fígado, resultando na hipertensão portal e em outras formas graves da doença. A detecção e o tratamento dos portadores objetivam também reduzir a expansão geográfica da esquistossomose. - Dificuldade: a infecção pode evoluir de maneira silenciosa até a instalação das formas graves da doença. - Importância enorme da busca ativa por parte das unidades de saúde municipais aos possíveis casos da doença, priorizando o tratamento de indivíduos portadores. - Os portadores sintomáticos geralmente chegam por demanda passiva no serviço de saúde. É muito importante a notificação e investigação dos casos. Diagnóstico clínico - Anamnese detalhada; - O quadro clínico-epidemiológico é essencial na suspeita da doença. Diagnóstico parasitológico ou direto - Exame de fezes: colher em dias alternados, a partir da sexta semana pós-infecção. - Sedimentação e método de Kato-katz. - Biópsia da mucosa retal: granulomas. Diagnóstico esse extravasamento de plasma ocorre devido ao aumento da permeabilidade vascular com a inflamação dos vasos sanguíneos @paulapsantos1 - Método imunológico (indireto) - método imunoenzimático ELISA: detecção de Ac. Negativa 4 meses após a cura. ELISA de captura: detecção de Ag. circulantes dos vermes adultos. Negativa 10 dias após a cura. Tratamento - Recomendado para pacientes com ovos nas fezes ou na mucosa retal. - O tratamento previne o desenvolvimento das formas graves da doença. 1- Praziquantel (cestox, cisticid); 2- Oxamniquina (mansil). - Doença neurológica: tratar com prednisona (corticoide) + anti-helmíntico; - Tratamento para as varizes; - Paracentese; - Transplante. Profilaxia e controle - Saneamento básico (evitando a deposição de fezes contaminadas em rios etc); - Diagnóstico atento de pacientes adoecidos, prevenindo a reinfecção e a infecção de outros indivíduos; - Educação sanitária; - Controle biológico dos caramujos; - Moluscicidas químicos; - Modificação dos criadouros - Ainda não há vacina. se nao tiver saneamento, construir fossa séptica técnicas extremamente rápidas e eficientes @paulapsantos1 =
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