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Metodologia da Científica Pesquisa Ana Maria Soek M etodologia da Pesquisa Científica Ana M aria Soek ISBN 978-65-5821-108-2 9 786558 211082 Código Logístico I000473 Metodologia da pesquisa científica Ana Maria Soek IESDE BRASIL 2022 Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br © 2022 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ S664m Soek, Ana Maria Metodologia da pesquisa científica / Ana Maria Soek. - 1. ed. - Curiti- ba [PR] : Iesde, 2022. 150 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-65-5821-108-2 1. Pesquisa - Metodologia. 2. Ciência - Metodologia. I. Título. CDD: 001.42 22-75448 CDD: 001.42 CDU: 001.8 Ana Maria Soek Doutora e mestra em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Especialista em Organização do Trabalho Pedagógico pela UFPR, em Neuropsicologia pelo Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão (IBPEX) e Educação a Distância pela Faculdade Internacional (Facinter). Graduada em Pedagogia pela UFPR. Atua no mestrado profissional em Educação na UFPR, na orientação de carreiras e nos cursos de pós-graduação em Educação, com temáticas da área de Educação de Jovens e Adultos (EJA), Educação de Adultos ao longo da vida, Coaching e Desenvolvimento pessoal e profissional. É professora temporária do Setor de Educação da UFPR, trabalhando com estágios supervisionados. É autora e editora de livros didáticos e paradidáticos e de materiais para ensino a distância (EaD). Tem participação em congressos e simpósios nacionais e internacionais, com trabalhos apresentados em Paris (Sorbonne), Amsterdã e Portugal. Autora organizadora da coletânea Mediação Pedagógica na Educação de Jovens e Adultos, com quatro títulos aprovados pelo Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE/FNDE) do Ministério de Educação (MEC). Desenvolve pesquisas na área de Cognição, Aprendizagem e Desenvolvimento Humano. Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! SUMÁRIO 1 Pesquisa e conhecimento 9 1.1 O que é pesquisa científica? 10 1.2 Ciência e outras formas de conhecimento 14 1.3 Processo de construção do conhecimento científico 18 2 Fases e etapas da pesquisa 27 2.1 Planejamento na pesquisa 27 2.2 Ética na pesquisa e postura do pesquisador 34 2.3 Legislação, direitos autorais e a questão do plágio em pesquisa 38 3 Projetos de pesquisa 47 3.1 Elementos do projeto de pesquisa 47 3.2 Tipos de pesquisa 61 3.3 Tipos de revisões de literatura 67 3.4 Coleta e análise dos dados 73 4 Relatórios de pesquisa 81 4.1 Tipos de relatórios de pesquisa 81 4.2 Normas para a elaboração de trabalhos científicos 87 4.3 Estrutura de trabalhos acadêmicos 100 Resolução das atividades 104 Anexo 1 – Template de projeto de pesquisa 112 Anexo 2 – Template de relatório de pesquisa 128 Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! Nesta obra, você encontrará os principais fundamentos e orientações sobre como proceder para realizar uma pesquisa científica, do projeto à entrega do relatório final de pesquisa. O que você entende por pesquisa? E por pesquisa científica? Em que momento ou contexto da sua vida cotidiana você percebe que faz uso de pesquisas científicas? Como você diferenciaria uma pesquisa comum de uma que é científica? Você já parou para pensar como se dá o processo de construção de novos conhecimentos? E se você precisar realizar uma pesquisa científica? Por onde começar? Como proceder? Que métodos utilizar? Neste livro, diferenciamos pesquisa científica de outras formas de pesquisa e de levantamento de dados. Também abordamos os diferentes conceitos de conhecimento, do senso comum ao conhecimento científico, e as diferentes formas de se levantar informações e dados de pesquisa. O conhecimento científico é produzido dentro de determinadas condições, destinadas a uma finalidade em específico, como um trabalho de conclusão de curso (TCC), e dentro de um espectro de exigências e formalidades próprias do fazer pesquisa. Por isso, é fundamental que você entenda todas as etapas desse processo e suas normas. Sendo assim, apresentamos todo o planejamento para se fazer uma pesquisa, começando com o projeto em todas as suas etapas, discutindo igualmente a postura do pesquisador perante o seu objeto de estudo e as relações estabelecidas na investigação, tratando da questão dos princípios éticos na realização de pesquisas e das legislações que regem a execução de uma pesquisa. Após realizar a pesquisa, a questão principal é: como redigir o relatório dessa pesquisa? Para tanto, apresentamos as principais formas de se fazer um relatório, disponibilizando os modelos e detalhando item a item as principais normas que envolvem a escrita científica em relatórios de pesquisa, conforme as normatizações da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Desejamos que esta obra contribua para a sua formação de pesquisador. APRESENTAÇÃO Vídeo Pesquisa e conhecimento 9 1 Pesquisa e conhecimento O que você entende por pesquisa? E por pesquisa científica? Em que momento ou contexto da sua vida cotidiana você percebe que faz uso de pesquisas científicas? Como você diferenciaria informações de conheci- mento? Já parou para pensar como se dá o processo de construção de conhecimentos? Especialmente durante a Pandemia de Covid-19, as pesquisas e os seus procedimentos de produção de conhecimento científico ficaram em evidência, no que se refere a protocolos de validação dos processos no combate ao vírus ou na produção de vacinas. Nunca estivemos tão ávidos por conhecer como se produz e como se valida cientificamente uma vacina, por exemplo. Passamos a nos importar até com questões que eram antes irrelevantes, como marcas, armazena- mento, validade, eficácia, entre outras. O termo científico passou a ser sinônimo de credibilidade – diríamos até sinônimo da palavra verdade; se é científico é fiável, ou seja, tem confiança. Mas será mesmo que todo conhecimento precisa ser científico ou, para ser confiável, é só dizer que é científico? A questão que nos im- porta é: de que forma é produzido o conhecimento científico? Por quem é produzido? Como é validado cientificamente? Neste capítulo, o objetivo é levar à compreensão do que é pesquisa científica, conhecendo, assim, o processo de construção do conhecimen- to científico, bem como de que maneira ocorre a sua validação, concei- tuando ciência e identificando a importância das pesquisas científicas em nosso cotidiano. Também objetivamos diferenciar tanto a pesquisa científica de outras formas de pesquisa e de levantamento de dados quanto os conheci- mentos, os saberes e as informações, além de outras questões e outros aspectos/pontos produzidos em nosso cotidiano. 10 Metodologia da pesquisa científica 1.1 O que é pesquisa científica? Vídeo Podemos iniciar esta conversa pensando no simples ato de fazer uma pesquisa ou uma investigação. Por que ou para que você pesqui-sa sobre algo? É, por exemplo, para comparar preços? Você pesquisa características de determinados objetos ou produtos que deseja adqui- rir? Em síntese, você pesquisa para saber sobre algo, certo? Então, como podemos diferenciar uma pesquisa comum de uma pesquisa científica? O que vem a ser a pesquisa científica? Por definição, pesquisa científica “deve ser entendida tanto como procedimento de fabricação do conhecimento, quanto como procedimento de aprendizagem (princípio científico e educati- vo), sendo parte integrante de todo processo reconstrutivo de conhecimento” (DEMO, 2000, p. 20). Minayo (2007, p. 47) ressalta que: “A pesquisa é uma atividade básica das Ciências na sua indagação e cons- trução da realidade. É uma atividade de aproximação sucessiva da realidade que nunca se esgota, fazendo uma combinação particular entre teoria e dados, pensamento e ação”. Você já parou para pensar nesse processo reconstrutivo e nas di- ferenças entre os tipos de conhecimentos e entre conhecimento e informação? Por ora, temos que entender essa diferença. Em uma pesquisa, é comum procurarmos por diversas informações sobre um mesmo tema e, depois, selecionarmos as que são relevantes. O que se esquece facilmente é a informação, e o que se torna inesque- cível é o conhecimento. Informações são cumulativas, diversas e fáceis de encontrar. Já o conhecimento é seletivo, é o que fica em nós quando acabamos uma pesquisa. Em outros termos, em uma pesquisa cientí- fica, mais do que sistematizar informações, procura-se reconstruir ou produzir novos conhecimentos. Nesse sentido, é importante a compreensão de que informação e conhecimento são temas distintos, já que esse último tem finalidades • Entender o conceito de ciência. • Diferenciar informação de conhecimento. • Compreender o que é pesquisa científica. • Conhecer o que faz um cientista. Objetivos de aprendizagem No vídeo Conteúdo e conhecimento, publicado pelo canal Sabedoria do Conhecimento, Mario Sergio Cortella fala sobre informação, conteúdo e conhecimento. Segundo o filósofo, há muita informa- ção e pouco conheci- mento, e não se pode confundir os dois. Vale a pena conferir e refletir sobre o assunto! Disponível em: https://www.you- tube.com/watch?v=SargvlQPWNk. Acesso em: 3 nov. 2021. Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=SargvlQPWNk https://www.youtube.com/watch?v=SargvlQPWNk Pesquisa e conhecimento 11 sociais e é produzido para a socialização e a coletividade. A produção de conhecimento requer essa validação social; por isso, na evolução da busca por conhecimentos, para as explicações de como as coisas funcionam e para as descobertas que podem melhorar as ações huma- nas, há uma necessidade de organização desses conhecimentos, isto é, dessas formas de validação. Há, também, a necessidade de os reconhe- cer, até que novas descobertas possam refutá-los ou validá-los – a todo esse processo se deu o nome de ciência. Se formos procurar a definição do termo ciência, podemos encon- trar suas origens no termo episteme, que significa aprender ou conhecer. Assim, fazer ciência significa aprofundar o conhecimento sobre deter- minado tema e buscar respostas de maneira criteriosa (PRODANOV; FREITAS, 2013). De acordo com Morin (2015, p. 15), “a ciência é, por- tanto, elucidativa (resolve enigmas, dissipa mistérios); enriquecedora (permite satisfazer necessidades sociais e, assim, desabrochar a civili- zação); é, de fato, e justamente, conquistadora, triunfante”. Porém, ad- verte o autor: “uma ciência empírica privada de reflexão e uma filosofia puramente especulativa são insuficientes [...] ciência sem consciência é apenas a ruína do homem, da alma”. No decorrer da história, a procura por conhecimentos e a curiosi- dade sempre moveram o espírito humano em busca de novas desco- bertas. Porém, a ideia de conhecimento complexo, sistematizado, organizado e cientificamente validado ainda é bastante recente na história da humanidade. Ao analisarmos por essa perspectiva, podemos fazer duas analogias: Perceber que o ser humano sempre foi ávido por conhecimento.1 Fazer um paralelo com o desenvolvimento da ciência na história da humanidade.2 Desde o nascimento, o ser humano vai experimentando e desco- brindo o mundo de modo bastante incipiente, pela percepção, pelas sensações, pelo tato e pela experimentação. À medida que o indivíduo cresce, a curiosidade também aumenta; então, ele vai em busca de no- vas descobertas, ampliando, aprendendo e descobrindo o mundo. Para aprofundar e entender a ideia de ciên- cia na atualidade, ligada ao conceito de pensamen- to complexo, o qual tem influenciado várias áreas do conhecimento, vale a pena conhecer a obra Ciência com Consciência, de Edgard Morin. MORIN, E. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2015. Livro ar ty wa y/ Sh ut te rs to ck 12 Metodologia da pesquisa científica No decorrer da história da humanidade, a ciência também percorreu um processo evolutivo frente às necessidades e descobertas importantes, a saber: Figura 1 Principais acontecimentos evolutivos a S k/Shutterstock mas ata/Shutterstock AR T.I CON/Shutterstock big St ock er/Shutterstock Ja ck y C o/Shutterstock Kh oir ul I hwan/Shutterstock AF st udio/Shutterstock els ha nqu liyev/Shutterstock Be rt Flin t/Shutterstock Domínio de técnicas de cultivo Domínio do fogo Era das navegações Invenção da escrita e da imprensa Era da informação e da tecnologia digital Criação de artefatos para a caça Criação da roda Evolução das formas de comunicação Revoluções industriais Fonte: Elaborada pela autora. da wo ol /S hu tte rs to ck Em todas essas ações, mesmo que de maneira rudimentar, esta- vam presentes a busca por soluções e o desenvolvimento de conheci- mentos, ainda que para resolver situações do dia a dia. Contudo, por meio das demandas cotidianas, é possível perceber grandes saltos com relação à produção de conhecimentos que podem revolucionar determinada época ou período. Entretanto, nem sempre é possível demarcar a produção de conhe- cimentos sistematizados tal qual conhecemos hoje e como são valida- dos pela ciência atualmente. Se a ciência é uma forma de produzir conhecimento, devemos pensar no sujeito que produz esse conhecimento: o cientista. Quem é o cientista? O que ele faz? O cientista deve ser visto como um pesquisador, um sujeito ativo que faz a pesquisa e aplica seu procedimento, isto é, aplica uma meto- dologia sistemática para obter o conhecimento relativo à área de seu estudo, confirmando ou produzindo um conhecimento científico. A principal função do cientista é realizar pesquisas para obter uma interpretação complexa da realidade ou dos objetos pesquisados. Assim, é a metodologia da pesquisa científica que oferece a possibilidade de proporcionar uma análise mais detalhada de certa problemática e o entendimento do mundo por meio da construção do conhecimento. Para você, por que é preciso entender sobre o que é e como se faz ciência? Será que você é um cientista também? Se você está aqui, estudando esse conteúdo, é bem provável que precise entendê-lo melhor para realizar uma pesquisa científica, que pode ser: • um trabalho de conclusão de curso (TCC); • uma monografia ou um artigo de pós-graduação; • uma dissertação de mestrado ou uma tese de doutorado. Esses estudos servem como resultado da produção dos co- nhecimentos adquiridos durante a graduação ou a especiali- zação de um curso sobre determinado assunto. Por mais que pareçam distantes da ideia de ser cientista, esses trabalhos são considerados científicos, A evolução do conheci- mento é uma preocu- pação existente desde a Antiguidade. Um exemplo é o texto “Mito da ca- verna”, presente na obra A República, de Platão. Nele, o filósofo grego faz importantes analogias, discutindo sobre como é viver sem aquilo que o conhecimento nos proporciona e como este molda a nossa visão de mundo. O texto de Platão aborda as formas de se pensar aprodução do conhe- cimento humano e do viver sem conhecimento atrelado à escravidão, trazendo uma analogia da luz e escuridão sobre o saber e o não saber. Para ler o “Mito da ca- verna” na íntegra, acesse o link a seguir. Disponível em: http://www.usp.br/ nce/wcp/arq/textos/203.pdf. Acesso em: 3 nov. 2021. Saiba mais Li ko pe r/ Sh ut te rs to ck Pesquisa e conhecimentoPesquisa e conhecimento 1313 http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/203.pdf http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/203.pdf 14 Metodologia da pesquisa científica pois têm métodos para serem realizados e precisam seguir orientações previstas pelas instituições, por isso a necessidade de entender e co- nhecer a metodologia da pesquisa científica. 1.2 Ciência e outras formas de conhecimento Vídeo Agora que você já entendeu o que é pesquisa científica e percebeu que a ciência é uma forma de conhecimento presente em nosso coti- diano, vamos pensar sobre o que diferencia a ciência de outros tipos de produção de conhecimento. Iremos, então, falar sobre o conhecimento científico e as diferentes formas de conhecimento. Inicialmente, vale a pena diferenciar os conceitos de saber e de conhecimento, pois esses termos são utilizados como sinônimos em alguns contextos. A poetisa Cora Coralina (apud DENÓFRIO, 2004, p. 54), eternizou essa definição em seus versos: “O saber a gente aprende com os mestres e os livros. A sabedoria se aprende é com a vida e com os humildes”. Com base na ideia de que o conjunto de saberes – que é bem maior do que simplesmente conhecer – leva à sabedoria, é possível deduzir que essa deriva dos saberes. Já o conhecimento pode ser en- tendido como aquilo que se conhece, que se aprende. As principais características dos saberes e do conhecimento são apresentadas na figura a seguir. Figura 2 Saberes e conhecimento: principais diferenças Saberes • Estão à nossa disposição. • São múltiplos, amplos, diversos. • São indissociáveis e vivos em suas relações com outros saberes. Conhecimento • É produzido sistematicamente. • É estático. • Pode ser controlado. Am m us /S hu tte rs to ck Fonte: Elaborada pela autora. Dentro do grupo dos saberes, temos os chamados saberes populares, que são aqueles que todo mundo sabe, e exatamente por isso são • Diferenciar a pesquisa científica de outras formas de pesquisa, levantamento de dados e produção de conhecimento. • Diferenciar o conhe- cimento científico de outras formas de conhecimento, crenças e ideologias. Objetivos de aprendizagem Su th ic ha i H an tra ku l/S hu tte rs to ck considerados populares – sabe-se porquê sabe, não há necessidade de explicações elaboradas ou de comprovações científicas. É bem provável que você já tenha ouvido falar dos saberes po- pulares ou do saber de senso comum. Também conhecidos como conhecimento popular ou conhecimento tácito, são aqueles saberes e co- nhecimentos comuns, oriundos do dia a dia pelas experiências acumu- ladas por determinado grupo social. Esses saberes ganham status de comuns ou normais, pois não há necessidade de quaisquer comprova- ções ou verificações de padrões ou análise científica. Eles acontecem naturalmente, mas podem se assemelhar ou se diferenciar enorme- mente a depender da cultura, das comunidades e da diversidade, já que se trata de um saber espontâneo. Por derivarem das experiências espontâneas, os saberes popula- res têm bases na intuição, nas crenças, nas tradições, na mitologia e nas histórias de tradições orais. São adquiridos basicamente por expe- riências pessoais; de modo geral, podem passar de geração em geração pelas vias de tradição oral, nos modos de se fazer ou de se conhecer. Às vezes, ganham status de verdades absolutas ou conhecimentos verda- deiros exatamente pelo caráter geracional (THOMÁZ; BARBOSA, 2021). O interessante é que, justamente por não adotarem métodos ri- gorosos ou científicos, os saberes populares ou de senso comum não seguem as mesmas regras, por isso não passam pelas mesmas vias de validação, como as metodologias científicas. Basta crer, acreditar e entender que é assim porque é; não precisa de muitas explicações. Você poderia se perguntar: qual é a importância desses saberes? Diríamos que pode ser tão importante quanto a própria ideia de ciência. Basta analisar a importância das crenças e religiões para o mundo civilizado, além da importância dos saberes indíge- nas, por exemplo, ou dos chás me- dicinais e das terapias alternativas, que, mesmo não seguindo o cami- nho e as comprovações da ciên- cia, não podem ser descartados ou tidos como sem importância em determinadas comunidades ou contextos sociais. Os saberes populares são conhecimentos obtidos por meio da prática e fazem parte da cultura de determinado local/grupo. Chás medicinais, artesanatos, histórias passadas de geração em geração e culinária são alguns exemplos. Pesquisa e conhecimentoPesquisa e conhecimento 1515 16 Metodologia da pesquisa científica Na história da humanidade, nem sempre a ciência foi tal qual se apresenta hoje. A ciência atual deriva da história das ciências ou das formas de se fazer ciência, isto é, da organização do conhecimento (THOMÁZ; BARBOSA, 2021). O renomado autor brasileiro Rubem Alves (2007) classifica os conhecimentos produzidos ao longo da história da humanidade em filosóficos, teológicos ou religiosos, empíricos (popu- lares ou do senso comum) e científicos, os quais estão sistematizados no quadro a seguir. Quadro 1 Tipos de conhecimento Categoria/tipo de conhecimento Base epistemológica Exemplo Conhecimento filosófico É produzido por meio da reflexão, é sistemático e crítico e busca um co- nhecimento racional. Sua construção se baseia em ideias e conceitos metafí- sicos e abstratos, na busca da verdade. “A finalidade essencial da razão humana é a felicidade universal”. Conhecimento teológico ou religioso É gerado por meio de crenças, com base na fé religiosa e em dogmas intuitivos e divinamente revelados. O ser humano se relaciona com eles pelas crenças, pelos rituais e pelos textos considerados sagrados. São ti- dos como conhecimentos inquestioná- veis e infalíveis e que obviamente não precisam seguir os padrões científicos, pois se baseiam na fé e na crença. “Bem-aventurados os que choram, porque Deus os consolará”. Conhecimento empírico (popular ou do senso comum) É aquele conhecimento produzido no dia a dia, ligado a tradições, crenças ou valores. Baseia-se em percepções e observações. Não há necessidade de comprovação sistemática ou científica. Por esse motivo, é um tipo de conheci- mento superficial e subjetivo. “Chá de camomila é bom para acalmar os nervos”. Conhecimento científico É tido como o conhecimento verda- deiro, que busca conhecer as causas e as leis que regem determinado evento. É adquirido de modo racional por meio de processos que são sistematizados e organizados. “A temperatura média do universo diminui à medida que o uni- verso se expande”. Fonte: Elaborado pela autora com base em Alves, 2007. No livro Ciência e existência: problemas filosóficos da pesquisa científica, o importante filósofo brasileiro Álvaro Viera Pinto aborda a ideia de construção social da ciência aliada à existência humana, à busca pelas descobertas e às problemáticas sociais decorrentes da busca por fazer ciência. Vale a pena conhecer! PINTO, Á. V. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985. Livro Na comparação entre os diferentes tipos de conhecimentos, pode- mos concluir que o conhecimento filosófico busca descobrir aspectos relacionados ao sentido primordial da existência humana ou de uma realidade. Procura-se descobrir se há ou não liberdade, por exemplo, ou quais valores devem direcionar as ações humanas, entre outros conteúdos dessa natureza (THOMÁZ; BARBOSA, 2021). Mario Sergio Cortella, Leandro Karnal, Luiz Felipe Pondé, Clóvis de Barros Filho são exemplos de pensadores contemporâneos que ga- nharam notoriedade nocontexto brasileiro graças às mídias sociais e ao trabalho de filósofos reconhecidos. Também é possível citar outros filósofos que popularizam discussões até então só realizadas em esco- las, universidades e contextos educacionais. Já o conhecimento teológico ou religioso é aquele que tem por base a inspiração divina, um deus ou um ser supremo, a depender da cultu- ra de cada povo (THOMÁZ; BARBOSA, 2021). São exemplos os cultos e as missas dominicais, as escrituras sagradas e as várias formas de ma- nifestações e tradições religiosas de determinados grupos religiosos. Nas mídias sociais, o Padre Fábio de Melo, o Pastor Cláudio Duarte e a Monja Coen são campeões de interação com seus públicos. Sobre o conhecimento empírico ou de senso comum, podemos pensar em todo conhecimento que se faz presente em nosso dia a dia. Esses conhecimentos, tidos como populares, têm forte base nas tradi- ções orais, na mitologia e nas histórias passadas de geração em gera- ção. São exemplos a contação de causos e histórias, as benzedeiras e os usos de chás medicinais, algumas técnicas de agricultura e, ainda, os modos de preparação de alimentos, principalmente aqueles ligados às tradições de certas culturas (THOMÁZ; BARBOSA, 2021). Por fim, sobre o conhecimento científico, o qual trataremos ao lon- go deste capítulo, é aquele produzido de maneira sistemática, e esse processo nunca é considerado algo pronto e acabado, pois pode sem- pre ser questionado e reavaliado. Em outras palavras, é um pro- cesso em constante construção (THOMÁZ; BARBOSA, 2021). São exemplos os bancos de dados de artigos e periódi- cos de revistas de pesquisas científicas das mais diversas áreas – locais em que o conhecimento científico é sociali- zado. Para ser publicado em revistas de divulgação cien- Um dos filósofos brasileiros que fez uma reflexão entre os conhecimentos filosóficos e científicos foi Álvaro Viera Pinto, que aborda, em seus escritos, a ideia de construção social da ciência aliada à existência humana. Para conhecer e saber mais sobre os trabalhos desse importante cientista brasileiro, vale a pena vi- sitar o site que condensa boa parte de suas obras e a importância de seu pensamento científico na construção do conhecimento no contexto brasileiro. Disponível em: http://www. alvarovieirapinto.org/livros/. Acesso em: 3 nov. 2021. Curiosidade pa tp itc ha ya /S hu tte rs to ck Pesquisa e conhecimentoPesquisa e conhecimento 1717 http://www.alvarovieirapinto.org/livros/ http://www.alvarovieirapinto.org/livros/ 18 Metodologia da pesquisa científica tífica, em geral, o estudo é avaliado em pares e às cegas (sem saber quem é o autor), sendo revisado e validado por um conselho editorial científico. Bancos de dados como Scielo (Scientific Electronic Library Online), Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e Google Acadêmico são alguns exemplos. Ao abordar as diferentes formas de conhecimento, podemos compreender que todas têm sua importância. Apesar de validarmos o conhecimento científico como verdadeiro, podemos observar, ao longo da história da ciência, que alguns conhecimentos têm suas origens em outras formas e manifestações e que, de certo modo, todos eles têm a sua importância. 1.3 Processo de construção do conhecimento científico Vídeo A construção do conhecimento científico tem um processo dife- renciado das outras formas de produção de conhecimento. Para ser considerado científico, é preciso que siga alguns parâmetros consi- derados válidos; ou seja, basicamente, ele precisa seguir um método, uma metodologia. Por método, entende-se o modo de se fazer algo e um caminho para o conhecimento, pois, no método, é levado em conta o passo a passo a ser percorrido na busca por certa explicação ou resposta. Trata-se, ainda, dos instrumentos ou das técnicas utilizadas na busca e no tratamento dessas informações para convertê-las em um conhecimento científico. Na etimologia da palavra metodologia, que vem do grego methodus e significa “através, ao longo do caminho”, tem-se: meta = através; odos = caminho; logos = discurso, estudo – ou seja, é um caminho a ser percorrido. O método é, então, o conjunto de etapas necessárias para res- ponder a um objetivo proposto (THOMÁZ; BARBOSA, 2021). Em nosso dia a dia, temos vários empregos de métodos, por exem- plo, de se vestir, de preparar certos alimentos ou de podar plantas. Essas são ações simples, mas que, se não forem seguidas em um passo a passo, podem resultar em situações diferentes da proposta. Como o método é um passo a passo, não se pode alterar a ordem, pois isso implicaria um resultado diferente do previsto. • Conhecer o processo de produção de conhecimento. • Entender os processos de validação do conheci- mento científico. Objetivos de aprendizagem Pesquisa e conhecimento 19 Assim, quando falamos de cientificidade, podemos dizer que, ao fa- zer ciência, somos guiados por pelo menos duas dimensões: Figura 3 Dimensões da cientificidade Dimensão epistemológica “A ciência como episteme, que significa origem do conhecimento, tem a função de explicar o mundo e criar teorias”. Dimensão metodológica “Essa dimensão trabalha com os aspectos operacionais, ou seja, diz respeito aos procedimentos para garantir que a investigação seja científica”. Am m us /S hu tte rs to ck Fonte: Elaborada pela autora com base em Rauen, 2018, p. 25. Diante da epistemologia, temos alguns quadros teóricos, dentre os vários e possíveis referenciais dos quais os pesquisadores podem se valer como fundamentos. Esses quadros teóricos servem como pano de fundo para que o pesquisador vincule a sua pesquisa a essas linhas de pensamento. As variadas visões de mundo e de realidade determinam os dife- rentes métodos de se conduzir um estudo. Existe uma diversidade de métodos que podem ser organizados com base em várias abordagens teórico-metodológicas. Apresentamos, a seguir, alguns dos principais quadros teóricos, seus fundamentos e seus principais representantes. Quadro 2 Fundamentos e representantes Quadro teórico Fundamentos Representantes Positivismo • Ápice do empirismo. • Ênfase na experimentação. • Apelo à validação e à verificação. • Parte da observação e da descrição. • Francis Bacon • John Locke • David Hume • Auguste Comte Estruturalismo • Preocupa-se com as estruturas dentro de um sistema. • Estuda as relações dentro desse sistema. • Propõe modelos de representação de variáveis e de tipo. • Busca a interpretação dos significados das coisas. • Estuda as partes para compreender o todo. • Lévi-Strauss • Max Weber Sistêmico ou funcionalista • Difere-se do estruturalismo, pois a ideia de sistema aqui é consti- tuída de um todo que é superior às partes que o compõem. • Pressupõe que cada parte do todo desempenha uma função; dessa forma, a soma dessas partes é superior ao todo. • Émile Durkheim • Talcott Parson (Continua) 20 Metodologia da pesquisa científica Quadro teórico Fundamentos Representantes Materialismo histórico dialético • Tem base na realidade concreta e se preocupa com a supera- ção das contradições dos argumentos oponentes. • Possui três elementos e movimentos dos contrários: a tese, a antítese e a síntese. • Georg W. Friedrich Hegel • Karl Marx Fenomenologia • Busca a essência do que se pesquisa. • Define que o fenômeno é aquilo que se mostra em si mesmo; dessa forma, pode ser observado, examinado e explicado so- bre vários pontos de vista. • Edmund Husserl Etnometodologia • Pressupõe o contato direto com o dado, as pessoas, o fenômeno etc. • Precisa vivenciar essa realidade para entendê-la. • Harold Garfinkel Fonte: Elaborado pela autora com base em Habermas, 2014. No debate sobre o fazer ciência na modernidade, Habermas (1983) estabelece outra classificação, a qual dividiu em três grandes vertentes: Figura 4 Abordagens da cientificidade 1 A abordagem empírico-analítica, que se preocupa com oobjeto ou dado de estudo a priori; cabe ao ser humano descobrir esse dado/objeto a ser conhecido. 2 A abordagem histórico-hermenêutica ou fenomenológica, em que o conhecimento não está só no objeto a ser conhecido, mas também no pesquisador que o investiga; assim, deve-se verificar a relação entre esse sujeito e o objeto de conhecimento. 3 A abordagem dialética ou teoria crítica, a depender do ponto de vista ou da visão de mundo do pesquisador em relação ao objeto a ser conhecido em determinado contexto cultural, histórico e social. Para o autor, toda produção científica está relacionada a uma visão e às formas de organizar e conhecer o mundo. De maneira genérica, dentro das mais diversas vertentes e correntes filosóficas de abordagens de pesquisa, se vinculam os métodos que se propõem a explicar como se processa o conhecimento da realidade e como proceder para atingir o conhecimento. No que se refere às abordagens, em geral, estudam-se métodos de abordagem e métodos de procedimentos. Vejamos suas características a seguir. Pesquisa e conhecimento 21 1.3.1 Métodos de abordagem Os métodos de abordagem basicamente dizem respeito ao cami- nho mais amplo a ser perseguido em uma investigação, estando rela- cionado ao objetivo geral da pesquisa. São classificados em: • dedutivo; • indutivo; • hipotético-dedutivo. Seguindo a evolução histórica dos métodos, desencadeia-se nos pa- radigmas emergentes a crise de paradigmas. As principais característi- cas desses métodos estão descritas no quadro a seguir. Quadro 3 Métodos de abordagem Dedutivo Indutivo Histórico • Foi sistematizado por Francis Bacon. • Método defendido pelos filósofos René Descartes, Baruch Spinoza e Gottfried Leibniz. Características • Parte-se da ideia do todo para as partes. • Premissa geral, maior para a menor. • Foi muito utilizado nas ciências duras da matemática e da física, devido à presença das suas leis e teorias com força equivalente. • Partes para o todo. • Premissa menor para a maior. • Parte das particularidades para a generali- zação; divide-se em três etapas: observação, relação e generalização. Exemplo • Todo homem é mortal (ideia universal). • Pedro é homem (parte menor), logo Pedro é mortal (conclusão). • Pedro é mortal, Antônio é mortal, José é mortal. • Ora, Pedro, Antônio e José são homens. • Logo, (todos) os homens são mortais. Fonte: Elaborado pela autora. No avanço do conhecimento científico, outro importante marco pode ser sistematizado, com a superação dos métodos indutivo e de- dutivo. Assim, Karl Popper (1978) propôs um novo modelo, como uma abordagem necessária a ser enfrentada, ressaltando que o que deve ser testado não é a possibilidade de verificação, mas sim a de refutação de uma hipótese, de modo a alterar o modelo dedutivo para um mode- lo hipotético-dedutivo, que se baseia na falseabilidade, 1 modificando, assim, as noções de método e de teoria até então utilizadas. https://blog.mettzer.com/diferenca-entre-objetivo-geral-e-objetivo-especifico/ 22 Metodologia da pesquisa científica O método hipotético-dedutivo é baseado em uma crítica ao mo- delo indutivo. Esse método se dá com uma lacuna no conhecimento científico, o que propicia a formulação de hipóteses por um proces- so de inferência dedutiva. Sua linha de raciocínio pode ser apresen- tada da seguinte maneira: quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assun- to são insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o problema. Para tentar explicar as dificuldades expressas no pro- blema, são formuladas conjecturas ou hipóteses. Das hipóteses formuladas, deduzem-se consequências que deverão ser testa- das ou falseadas. Falsear significa tornar falsas as consequências deduzidas das hipóteses. Enquanto no método dedutivo se pro- cura a todo custo confirmar a hipótese, no método hipotético- -dedutivo, ao contrário, procuram-se evidências empíricas para derrubá-la. (GIL, 2008, p. 12) Já no modelo proposto por Thomas Kuhn, essa construção do co- nhecimento se baseia na formulação de um paradigma, que signifi- ca um modelo, um exemplo ou um padrão a ser seguido. Em suas próprias palavras: “uma comunidade científica, ao adquirir um para- digma, adquire igualmente um critério para a escolha de problemas que, enquanto o paradigma for aceito, poderemos considerar como dotados de uma solução possível” (KUHN, 1998, p. 59). O modelo de paradigmas é subdividido em dois momentos, sendo eles: Primeiro, a ciência trabalha para ampliar ou aprofundar o aparato conceitual do paradigma.1 Segundo, a ciência, no momento de crise, trabalha pela superação do paradigma dominante, até que novos paradigmas surjam.2 Nesse sentido, existe o debate em torno das crises dos para- digmas como um modelo da modernidade, em que tudo parece se esvaziar, como afirma Bauman (2021) ao abordar a crise dos paradigmas na modernidade líquida. 1.3.2 Métodos de procedimentos A definição dos métodos de procedimentos – diferentemente dos de abordagem, que são mais abstratos e gerais – está relacionada aos No princípio de falseabili- dade, a comprovação, que até então era dirigida para verificar se a teoria era verdadeira (princípio de verificabilidade), com base no que é proposto por Popper, passa a ser diri- gida para comprovação de hipóteses. Para essa proposição, as hipóteses podem ser consideradas verdadeiras ou falsas, redimensionando os estu- dos não só com base na sua verificabilidade, mas também na sua refutabi- lidade, ou seja, também é possível comprovar que há hipóteses falsas. 1 ar ty wa y/ Sh ut te rs to ck Pesquisa e conhecimento 23 procedimentos técnicos como sendo etapas de uma investigação, por isso esses procedimentos podem ser associados aos objetivos especí- ficos de um projeto. Nessa abordagem, é interessante, quando se refere aos objetivos específicos, pensar nos procedimentos (metodológicos) para se atingir esses objetivos, como em um passo a passo. Com o desenvolver das ciências, os métodos de procedimentos mais comuns podem ser sistematizados em: • observacional; • experimental; • comparativo; • histórico; • estatístico; • etnográfico; e • clínico. A seguir, vemos cada um dos itens mais detalhadamente explicados por Thomáz e Barbosa (2021). Método observacionalMétodo observacional Como o próprio nome diz, refere-se à observação de uma dada realidade, podendo ser considerado o primeiro passo ou o mais primi- tivo dos métodos de estudos. Geralmente utilizado para descrever uma realidade, segue o passo a passo de observações do que será estudado e, nesse sentido, difere-se de uma simples observação de senso co- mum, pois parte da ideia de uma observação sistematizada. Pode ser combinado com outros métodos para análises mais aprofundadas. Método experimentalMétodo experimental Usado por naturalistas desde os primeiros cientistas, intercalava as ideias de senso comum com as vertentes religiosas e filosóficas, na busca de realizar testes para comprovar cientificamente. A realização desse método, como o próprio nome demonstra, baseia-se no experi- mento e no controle das variáveis, normalmente comparando os efeitos das variáveis às condições e ao tratamento. Para a utilização desse mé- todo, é essencial que o pesquisador trace um plano experimental, bem como que estejam estabelecidas as condições da experiência e a forma como irá se obter as respostas do problema de pesquisa. 24 Metodologia da pesquisa científica Método comparativoMétodo comparativo Consiste em estabelecer parâmetros de comparação, averiguando semelhanças e diferenças entre grupos, sociedades, entre outros fato- res comparativos. Método históricoMétodo histórico Tem como premissa básica a História como ciência e disciplina, capaz de explicar estruturas e acontecimentos, podendo versar so- bre diversos pontos – culturais, políticos, econômicos, sociais etc. É centrado na investigação de acontecimentos, fatos ou instituições do passado,com o intuito de verificar a sua influência na sociedade de hoje, realizando um retorno às raízes para uma compreensão de sua natureza e função. Essa abordagem também é conhecida como método crítico ou método histórico-crítico, em que um conjunto de procedimentos téc- nicos e interdisciplinares é aplicado para gerenciar suas fontes pri- márias, investigando eventos pertinentes às sociedades humanas e convergindo para uma produção historiográfica. Esse método pode ser utilizado junto à abordagem dialética e é bastante usado em pesquisas qualitativas. Método estatísticoMétodo estatístico Baseia-se em dados quantitativos (da estatística ou da probabilida- de) para a explicação dos fatos e fenômenos, utilizando dados numé- ricos para interpretar uma problemática ou uma dada realidade. Um exemplo disso pode ser encontrado em números e estatísticas, como do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A utilização do método estatístico possibilita medir, quantificar e mensurar a realida- de pesquisada. Método etnográficoMétodo etnográfico É uma das abordagens mais utilizadas em estudos longitudinais, pois permite ao pesquisador vivenciar uma realidade para tirar suas conclusões. Pressupõe o contato direto do pesquisador com o estudo, com a realidade, com as pessoas, com o grupo ou com o fenômeno observado e estudado. Pesquisa e conhecimento 25 Método clínicoMétodo clínico Derivado dos procedimentos da ciência da saúde, esse método se tornou um dos mais importantes na investigação psicológica, em especial depois dos trabalhos de Sigmund Freud e Jean Piaget, que o utilizaram em suas investigações. É necessário tomar os devidos cuida- dos ao propor generalizações, já que ele parte de experiências, análi- ses particulares e individuais, envolvendo experiências subjetivas, por meio do emprego do método clínico. Em termos de pesquisas científicas, o desenvolvimento dos méto- dos seguiu a história evolutiva do desenvolvimento das ciências. Os métodos podem ser associados aos diferentes tipos de pesquisas e nem sempre um único método poderá ser adotado com total rigorosi- dade, pois eles acabam por serem combinados em uma investigação, uma vez que um único método pode não dar conta de orientar todos os procedimentos a serem desenvolvidos ao longo dela. CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste capítulo, você organizou as informações e compreendeu a dife- rença entre informação e produção de conhecimento. Entendeu, ainda, os princípios que regem as pesquisas científicas, diferenciando-as de outras formas de pesquisas. Você também teve a oportunidade de aprender sobre outras manei- ras de produção na evolução do conhecimento científico, percebendo que os saberes populares são tão importantes em algumas comunidades quanto as outras formas de saberes. A finalidade de apresentar brevemente as correntes filosóficas e os seus métodos de abordagens e de procedimentos foi possibilitar uma vi- são ampla sobre como o processo de construção do conhecimento cien- tífico se desenvolve com essas abordagens. A metodologia científica é um caminho de estudo a ser percorrido. Dessa forma, seu objetivo é orientar o pesquisador sobre qual rumo pode tomar para realizar uma investigação, com base em cada um dos métodos identificados. Além disso, vimos que a ciência é algo bastante vivo, em constante interações, e que não permite mais a ideia de verdades exclusivas ou absolutas, ou rigidez de um único método, uma única verdade. De modo geral, este capítulo possibilitou uma ideia do que é e como se faz pesquisa na atualidade, pois a ciência está constantemente sendo posta à prova. 26 Metodologia da pesquisa científica ATIVIDADES Atividade 1 Como você diferenciaria pesquisa de pesquisa científica? O que caracteriza uma pesquisa científica? Justifique sua resposta. Atividade 2 Elenque os diferentes tipos de conhecimentos e cite um exemplo de como esses se manifestam em seu dia a dia. Justifique também a importância de cada um. Atividade 3 Sobre os métodos de procedimentos, descreva quais são os mais comuns. REFERÊNCIAS ALVES, R. Filosofia da ciência. 12. ed. São Paulo: Loyola, 2007. BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2021. DEMO, P. Metodologia do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2000. DENÓFRIO, D. F. Cora Coralina. São Paulo: Global Editora, 2004. (Coleção Melhores Poemas). GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008. HABERMAS, J. Positivismo, pragmatismo, historicismo. In: Conhecimento e interesse. São Paulo: Editora Unesp, 2014. HABERMAS, J. Técnica e ciência como “ideologia”. In: Textos escolhidos. São Paulo: Abril Cultural, 1983. KUHN, T. S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1998. MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 10. ed. São Paulo: Hucitec, 2007. MORIN, E. Ciência com consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2015. POPPER, Karl. Lógica das Ciências Sociais. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1978. PRODANOV, C. C.; FREITAS, E C. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2. ed. Novo Hamburgo: Universidade Feevale, 2013. RAUEN, F. J. Roteiros de investigação científica. Tubarão: UNISUL, 2018. THOMÁZ, A. F.; BARBOSA, T. M. N. Pensamento científico. Telesapiens, 2021. [e-book]. Disponível em: https://auxiliar.telesapiens.com.br/pc/ts/1/ebook.php. Acesso em: 3 nov. 2021. https://auxiliar.telesapiens.com.br/pc/ts/1/ebook.php Fases e etapas da pesquisa 27 2 Fases e etapas da pesquisa Em linhas gerais, produzimos conhecimento científico dentro condi- ções destinadas a uma finalidade em específico, como um trabalho de conclusão de curso e dentro de um espectro de exigências e formalida- des próprias do fazer pesquisa. Para realizar uma pesquisa científica, é necessário fazer um planeja- mento de todas as fases e etapas desse estudo. Neste capítulo, vamos abordar as etapas necessárias para se fazer uma pesquisa e as formas de se realizar o planejamento de uma pesqui- sa. Ainda, discutiremos a postura do pesquisador frente ao seu objeto de estudo e às relações estabelecidas na investigação. Para tanto, vamos tratar da questão dos princípios éticos na realização de pesquisas e as legislações que regem a execução desses princípios: os direitos autorais e a questão do plágio em pesquisa. Sendo assim, identificar os principais desafios da produção científica e conhecer os limites éticos em uma investigação são aspectos funda- mentais para se fazer ciência. Logo, possuir a capacidade de planejar, prever, antecipar-se aos possíveis problemas e desafios da pesquisa é requisito essencial para se tornar um bom pesquisador, que leva em consideração as questões éticas para desenvolver qualquer projeto de pesquisa. Vamos entender um pouco mais desse universo científico e desse fazer ciência? 2.1 Planejamento na pesquisa Vídeo Toda pesquisa parte de uma problemática, de uma busca por respostas ou soluções ou de um ponto de interrogação inicial, pois toma como base um contexto específico para ser realizada. Existem pesquisadores autodidatas que acabam por contribuir com o universo científico, porém, até pela definição de serem autodidatas, não seguem a mesma lógica e as mesmas regras das comunidades científicas. Exemplos disso encontramos principalmente nos clubes de astronomia ou de ciências, que possuem interesses em comum, mas fazem suas investigações muito mais por paixão e curiosidade do que pelo fazer ciência. Quando falamos em fazer pesquisa ou realizar uma investigação científica, devemos pensar nas razões dessa empreitada, conhecendo os nossos limites, as potencialidades e as regras de execução, e refletir sobre a aceitação desse conhecimento na comunidade científica em questão. Logo, o planejamento acaba por ser uma das primeiras etapas desse processo. De modo geral, para se iniciar uma pesquisa, é necessário estar en- volvidoem alguma atividade do gênero, quer seja na iniciação científica ou em trabalhos de conclusão de cursos em graduações, quer seja em cursos de aprofundamento, especializações, mestrados e doutorados. De acordo com Prodanov e Freitas (2013, p. 45), no livro Metodologia do trabalho científico, pesquisar também é planejar. Para os autores, “planejar é antever toda a série de passos que devem ser dados para chegarmos a uma resposta segura sobre a questão que deu origem à pesquisa. Esses passos devem ser percorridos dentro do contexto de uma avaliação precisa das condições de realização do trabalho”. Segundo os autores, o planejamento deve levar em consideração os seguintes fatores: • Conhecer as fases, as etapas e as principais formas de se fazer uma pesquisa científica. • Entender como se faz um planejamento de pesquisa em cada etapa ou fase da pesquisa. Objetivos de aprendizagem 2828 Metodologia da pesquisa científicaMetodologia da pesquisa científica Figura 1 Passos do planejamento na pesquisa científica 1. Tempo disponível para sua realização 2. Espaço onde será realizada 3. Recursos materiais necessários 4. Recursos humanos disponíveis Am m us /S hu tte rs to ck Fonte: Elaborada pela autora com base em Prodanov; Freitas, 2013. O planejamento de pesquisa deve levar em conta o tempo que se tem para desenvolver e concluir essa empreitada, bem como onde ela será realizada e os recursos que serão necessários para tal. De modo geral, é preciso ter clareza sobre esses itens no planejamento, para poder prever ou se antever diante das possíveis dificuldades na execução da pesquisa. Sendo assim, fazer uma pesquisa, seja ela acadêmica ou cientí- fica, é muito mais que levantar dados. Precisa-se de fases, etapas e processos bem definidos. Por exemplo, para a realização de uma pesquisa em termos acadêmicos, é necessário subdividir o planeja- mento em pelo menos três fases bem definidas, o que nem sempre é claro ao pesquisador iniciante. Vamos, agora, conhecer cada uma dessas fases: Pré-projeto ou projeto de pesquisaPré-projeto ou projeto de pesquisa Nessa fase são realizadas todas as sondagens iniciais acerca do tema e da problemática a ser investigada. Em geral, é quando o pes- quisador também se aprofunda em estudos teóricos, tanto sobre o que já foi pesquisado sobre o assunto escolhido quanto sobre as metodologias de pesquisas, ou seja, como se pode fazer essa pes- quisa. Na fase de pré-projeto ou projeto, o pesquisador deve se ater a quanto tempo terá para realizar essas sondagens e preparações iniciais até, de fato, ter um projeto a ser colocado em prática em forma de pesquisa. Se já tiver um orientador nessa etapa, ajudará bastante nessas definições iniciais. Pesquisa propriamente ditaPesquisa propriamente dita Após o desenvolvimento, o projeto deverá passar pela validação do orientador de pesquisa, pois é ele o professor que vai orientar a investigação. Quando a pesquisa envolve pessoas, o projeto precisa passar por um comitê de ética para, então, ser validado. Somente após essas validações é que se pode dizer que se tem um projeto de pes- quisa aprovado, e aí sim é hora de operaciona- lizar e colocar em prática a pesquisa. fiz ke s/ Sh ut te rs to ck Fases e etapas da pesquisaFases e etapas da pesquisa 2929 30 Metodologia da pesquisa científica Nessa fase, precisa-se já ter antecipados via projeto de pesquisa: um roteiro ou planejamento de todos os recursos (humano e financeiros); os instrumentos (a depender do tipo de pesquisa); o tempo e o prazo (cronograma) para se realizar a pesquisa de fato. Nessa fase é a hora de ir a campo, coletando e sistematizando os dados de pesquisa. Muita gente confunde essa parte mais “prática”, pensando que se pode sair fazendo a pesquisa, com os ajustes sendo feitos nesse caminho – daí a analogia de se trocar um pneu com o carro andando. Se não se antever e planejar cada fase e etapa, a chance de as coisas darem erradas é bem maior. Em termos de planejamento de pesquisa, cada fase e etapa é muito importante e deve ser muito bem delineada. Relatório de pesquisaRelatório de pesquisa Aplicado o projeto, ou seja, realizada a investigação dentro de um cronograma previsto, o que será feito com todas essas informações co- letadas? É necessário prever, dentro da ideia de pesquisa, todas essas fases, bem como os tempos e recursos destinados a cada uma delas. Após realizar a pesquisa, é necessário transformá-la em um relatório de pesquisa, que, a depender do curso, terá diferentes nomenclaturas, conforme apresenta o quadro a seguir. Quadro 1 Tipos de trabalhos acadêmicos Tipo de trabalho Tipos de cursos ou programas Trabalho de conclusão de curso (TCC), monografia, artigo Cursos de graduação Artigo ou monografia Cursos de pós-graduação lato sensu ou MBA (master of business administration) Dissertação Mestrado Tese Doutorado Fonte: Elaborado pela autora. Cada uma dessas fases será abordada detalhadamente; o que é preciso entender, por ora, é como se organizar, prevendo esse trabalho de pesquisa. O que acontece, frequentemente, é essas fases se mistu- rarem ao longo da realização de uma pesquisa, que, geralmente, tem o seu início mais definido e o seu fim menos definido. Um livro interessante, que pode ser muito útil na etapa de planejamento de pesquisa, é a obra de Sergio Vasconcelos de Luna, Planejamento de pesquisa: uma introdução. Vale a pena dar uma conferida, para se antever as discussões do projeto e da pesquisa propria- mente dita. LUNA, S. V. São Paulo: EDUC, 2012. Livro Fases e etapas da pesquisa 31 Entretanto, conhecer, prever e diferenciar essas fases em um plane- jamento e cronograma de pesquisa fará muita diferença ao pesquisa- dor, que poderá ter mais clareza do caminho a ser percorrido, de modo a planejar o tempo e os recursos disponíveis em cada fase. Prodanov e Freitas (2013, p. 45) explicam que o termo pesquisa por vezes é usado indiscriminadamente, confundindo-se com uma simples indagação, procura de dados ou certos tipos de abordagens explora- tórias. Porém, para os autores, “a pesquisa, como atividade científica completa, é mais do que isso, pois percorre desde a formulação do pro- blema até a apresentação dos resultados”, passando pelas sequências ou etapas descritas na figura a seguir. im Gh an i/S hu tte rs to ck Preparação da pesquisa: selecionar, definir e delimitar o problema a ser investigado, conforme as linhas ou os temas de pesquisas disponibilizados pelos possíveis orientadores. Preparação do projeto: formular as hipóteses, construir as variáveis e definir os objetivos da pesquisa. Planejamento de aspectos logísticos para a realização da pesquisa: definir o tempo, os recursos, os locais e os deslocamentos possíveis. Revisão de literatura: ler o referencial que auxiliará desde a definição da temática até a conclusão da pesquisa, percorrendo todas as fases, de modo a identificar o que já foi pesquisado e as lacunas da área de conhecimento. Definição da metodologia da pesquisa: definir os tipos e instrumentos para a coleta de dados e para o trabalho de campo (pesquisa ação ou intervenção). Processamento dos dados: fazer a transcrição, organização, sistematização e classificação dos dados de pesquisa. Análise e interpretação dos dados: realizar essa análise e interpretação à luz de um referencial teórico definido pela revisão de literatura. Elaboração do relatório da pesquisa: elaborar o relatório seguindo as normas previstas da instituição ou da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). 1 2 3 4 5 6 7 8 Figura 2 Etapas da pesquisa científica Fonte: Elaborada pela autora. Para Gamboa (2011), é desde o diagnóstico de um problema de investigação, ainda na fase de elaboração do projeto de pesquisa, que o pesquisador deve se pautar no atendimento de alguns fundamentos lógicos, como a identificação e caracterização do problema e a maneira como obtemos respostas para ele. Quantoà identificação e caracterização do problema, ainda na fase de construção, o projeto poderá se pautar nos procedimentos aponta- dos na figura a seguir. 32 Metodologia da pesquisa científica im Gh an i/S hu tte rs to ck Localizar a problemática: destacar a situação-problema, por meio das inquietações ou da necessidade de um problema concreto. Identificar indicadores: levantar dados, estudos ou outras pesquisas quanto ao que já foi pesquisado sobre esse problema. Elaborar questões norteadoras: fazer questionamentos, de modo que possa orientá-los nas buscas por respostas à problemática. Elaborar pergunta-síntese do problema a ser investigado: definir uma pergunta problema, com base nos indicadores anteriores, de modo que possa buscar respondê-la sistematicamente na pesquisa, mediante uma metodologia de pesquisa. Fontes de pesquisa: definir em quais bases de dados de pesquisa, revisões de literatura ou, ainda, estado da arte do conhecimento a pesquisa irá se pautar. Selecionar instrumentos de investigação: estabelecer, entre as metodologias possíveis, quais instrumentos poderão auxiliar na busca pelas respostas: entrevistas, questionários, intervenções, observações, entre outros. Explorar hipóteses: elaborar as respostas esperadas ou os possíveis resultados da pesquisa que poderão orientar as diversas estratégias na busca por responder ao problema. Definir referências: definir um quadro dos paradigmas que norteiam e fornecem as categorias para analisar as respostas e interpretar os dados. Prever condições: prever que recursos ou indicadores da viabilidade técnica são necessários para conseguir responder ao problema de pesquisa. Figura 3 Procedimentos para identificação do problema 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Fonte: Elaborado pela autora com base em Gamboa, 2011. Alguns autores se referem a essas etapas como planejamento de pesquisa, outros a chamam de pré-projeto ou simplesmente de metodo- logia de pesquisa. Em geral, essas etapas funcionam como um registro de planejamento detalhado. De acordo com Severino (2012, p. 91), a elaboração do projeto de pesquisa é a primeira etapa de um longo processo, um primeiro momento de síntese. Imprescindí- vel para desencadear o trabalho de construção do conhecimento, ele deve ser explicado de forma técnica, não só em decorrência de exigência institucionais, mas porque ele representa um rotei- ro do trabalho a ser desenvolvido pelo aluno. O autor coloca que, embora o projeto “possa ser alterado ao longo do desenvolvimento da pesquisa, constitui um roteiro fundamental, delimitando bem o caminho a ser percorrido, as etapas a serem ven- No vídeo Como fazer projeto de pesquisa para TCC, mestrado e douto- rado, do canal Além do Lattes, confira as dicas para elaborar um projeto de pesquisa. Disponível em: https://www. youtube.com/watch?v=0qY- eNHbKpI. Acesso em: 10 nov. 2021. Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=0qY-eNHbKpI https://www.youtube.com/watch?v=0qY-eNHbKpI https://www.youtube.com/watch?v=0qY-eNHbKpI Dr oz d Iri na /S hu tte rs to ck Planejamento cidas, os instrumentos e as estratégias a serem aplicadas ao longo de sua execução” (SEVERINO, 2012, p. 91). Nesse sentido, na etapa de planejamento, o mais importante é ter noção de que: toda pesquisa tem por finalidade buscar respostas para questões levantadas, e essa busca envolve métodos e formas de se fazer, por isso a exigência de um bom planejamento. Dessa forma, uma pesquisa parte das preconcepções que o pesqui- sador já traz consigo sobre o que é pesquisa; dito de outra maneira, toda pesquisa tem, em seu cerne, uma teoria, uma visão de mundo, uma busca por respostas e pressupostos que servem como ponto de partida na investigação e nos modos de se fazer tal investida. Diante dos possíveis campos de pesquisa, dos objetos de estudo, dos interesses do pesquisador, do enfoque dado à pesquisa, das possí- veis metodologias de estudo, da aplicação do método científico e das situações do contexto, pode-se definir se o projeto é viável ou não, ou, então, como será o andamento da pesquisa. Por fim, de certa forma, podemos dizer que o planejamento em termos de pesquisa é construir e elaborar seu pré-projeto ou proje- to de pesquisa, o que permite aprimoramentos ao longo do trabalho propriamente dito. Assim, devemos pensar nesse planejamento como uma versão preliminar do trabalho, um esboço do que se quer fazer na investigação. À medida que se avança nas etapas de investigação, as hi- póteses vão sendo confirmadas ou refutadas e a necessidade de apri- moramentos e de realização dos ajustes necessários vai aparecendo. Fazer um planejamento de como se dará a pesquisa é uma das fa- ses da própria pesquisa; logo, é uma tentativa de descrição da sua estrutura e um roteiro inicial do que se pretende com o trabalho, que sofrerá modificações e será aprimo- rado no decorrer das etapas. Desse modo, um planejamento bem elaborado define e orga- niza, para o próprio pesquisador, o caminho a ser seguido no desenvolvimento do traba- lho, uma vez que elucida as etapas a serem alcançadas, bem como prevê e define os ins- O livro Métodos de Pes- quisa em comunicação: projetos, ideias, práticas traz ótimas dicas e estra- tégias para desenvolver bons projetos. MARTINO, L. Petrópolis: Vozes, 2018. Livro Fases e etapas da pesquisa 33 trumentos e as estratégias a serem usados em cada fase e impõe uma disciplina no trabalho a ser realizado. Portanto, para o desenvolvimento de um bom estudo científico, no- ta-se a importância de toda essa clareza em cada uma das fases e eta- pas, as quais serão detalhadas no decorrer desse capítulo. 2.2 Ética na pesquisa e postura do pesquisador Vídeo O que vem a ser ética na pesquisa? Por que, entre tantos assuntos a serem tratados nos manuais de pesquisas científicas, temos que de- dicar um tópico em específico às questões éticas? Não seria esse um assunto destinado à filosofia ou às questões jurídicas? Pense bem: será que todos os pesquisadores partem dos mesmos princípios em suas investigações e seguem as mesmas regras no que tange à ética? Ou, então, será que nessa busca por respostas, por no- vos conhecimentos, valem todas as apostas? Quais são os limites e os dilemas éticos em investigações científicas? E as polêmicas quanto aos estudos que envolvem seres humanos ou animais em pesquisas e experimentos científicos? Com todas essas questões levantadas, é possível compreender que falar de ética parece ser algo óbvio. Todos concordam que precisamos de ética nas pesquisas e nas relações humanas. Ser ético é a premissa de “ser humano” – ou você tem ética ou não tem. Mas o que vem a ser a ética? O filósofo brasileiro Mario Sergio Cortella, em seu livro Qual é a sua obra? (2017), dedica um capítulo inteiro para tratar das questões éticas. Nele, Cortella (2017) busca não só definir o que se entende por ética, mas colocar em reflexão o que se quer, o que se deve e o que se pode fazer em determinada situação, como parâmetros éticos essenciais para se cuidar da vida coletiva. Para o filósofo: é impossível pensar em ética se a gente não pensar em convi- vência. A ética é o que marca a fronteira da nossa convivência. [...] ética é aquela perspectiva para olharmos os nossos princí- pios e os nossos valores para existirmos juntos. [...] Qual é o nome do conjunto de princípios e valores de conduta que uma pessoa ou um grupo de pessoas tem? A isso damos o nome de Ética. (CORTELLA, 2017, p. 104) • Compreender o que é ética na pesquisa. • Entender os princípios da ética na pesquisa. Objetivos de aprendizagem st oa tp ho to /S hu tte rs to ck Ética Pesquisa científica 3434 Metodologia da pesquisa científicaMetodologia da pesquisa científica Fases e etapas da pesquisa 35 O autor explica que a palavra ética vem do grego ethos, que sig- nifica morada do humano; logo, “se ethos é morada do humano, ethos é a fronteira entre o humano e a natureza” (CORTELLA, 2017, p. 104). Para o estudioso,a ética faz parte da nossa “morada”, da nossa casa cotidiana, sendo o que nos orienta nas ações concretas da vida e em nossas tomadas de decisões. Portanto, pela ética é que “nós temos autonomia, porém não temos soberania”, pois “a ética é um conjunto de princípios e valores que você usa para res- ponder as três grandes perguntas da vida humana: Quero? Devo? Posso?” (CORTELLA, 2017, p. 104). Para o filósofo, nós vivemos mui- tas vezes em dilemas éticos: há coisas que eu quero, mas não devo. Há coisas que eu devo, mas não posso. Há coisas que posso, mas não quero. [...] Quando aquilo que você quer é o que você deve e o que você pode. Todas as vezes que aquilo que você quer não é aquilo que você deve; todas as vezes que aquilo que você deve não é o que você pode; todas as vezes que aquilo que você pode não é o que você quer, você vive um conflito e mui- tas vezes um dilema ético. (CORTELLA, 2017, p. 105) Poderíamos dizer que tão antigo quanto o debate filosófico é aquele em torno das questões éticas – do que é ou não é ético. Ética, no sentido defendido por Cortella (2017), é um ramo da filo- sofia que se preocupa com o comportamento moral, ou seja, com as condutas humanas. O autor vai completar, ainda, que “quanto mais claros os princípios, mais fácil de se lidar com os dilemas éti- cos” (CORTELLA, 2017, p. 111). Pensando em termos de investigação científica, quais seriam os princípios éticos ou os principais dilemas enfrentados nessas questões? Como poderíamos traduzir essas questões entre o que se quer fazer, o que se deve fazer e o que se pode fazer em se tra- tando de pesquisa? Quanto à ética na pesquisa, é comum debatermos sobre cer- tos pontos e elencarmos alguns dilemas relacionados ao fazer pesquisa, de modo que façamos uma reflexão sobre o papel do pesquisador frente às seguintes questões: Para saber mais sobre a ética nas relações huma- nas ou para conhecer a obra completa, sugerimos a leitura do livro de Mario Sergio Cortella, Qual é a sua obra? Inquietações propositivas sobre gestão, liderança e ética. CORTELLA, M. S. 25. ed. Petrópolis: Vozes, 2017. Livro 36 Metodologia da pesquisa científica Figura 4 Reflexões éticas sobre a pesquisa M on ki k/ Sh ut te rs to ck1. Quais são as implicações sociais tanto na condução quanto na implicação dos resultados da pesquisa, principalmente quando envolve seres humanos, mesmo que indiretamente? Quais serão as consequências desse estudo? 2. Quais são os limites impostos nas relações entre pesquisador e pesquisado, na coleta de dados em uma pesquisa? Pode-se oferecer recompensas? Pode-se utilizar de amizade ou de alguma influência para facilitar a coleta de dados? 3. No que tange ao consentimento dos pesquisados, será mesmo que sempre é livre e esclarecido ou acaba por ser sugerido e sugestionado? 4. Sobre a forma de coleta de dados, protege-se mesmo a identidade dos participantes ou eles podem ser identificados por meio dos dados? E, nesse caso, como fica a questão do anonimato? 5. Ao se produzir ou coletar os dados de pesquisa, até que ponto o pesquisador interfere nessa coleta, no ambiente ou no objeto investigado? 6. Sobre a divulgação dos resultados, cabe ao pesquisador decidir o que será divulgado e o que será omitido? 7. Na relação orientador-orientando, os trabalhos resultantes nem sempre são individuais; como fica a questão de autoria? 8. Ao usar as referências de outros estudos, mesmo que corretamente referenciados, como fica a questão de originalidade da pesquisa? 9. Em pesquisas em que há patrocínio ou financiamento, ou mesmo naquelas de cunho governamental, como ficam as relações com os dados de pesquisas, se esses se mostrarem divergentes ou contrários ao que é defendido por essas instituições? 10. Na análise e nas interpretações dos dados, só é válida a opinião do pesquisador? Fonte: Elaborada pela autora. Essas são apenas algumas das questões geralmente levantadas nos debates do fazer pesquisa. Poderíamos, ainda, discutir os processos de validação desses conhecimentos produzidos, bem como as validações das bancas, que geralmente são organizadas pelo orientador – em al- Fases e etapas da pesquisa 37 guns casos, é somente o orientador que valida a pesquisa, a qual, por sinal, é ele mesmo quem auxilia a conduzir. Ou, ainda, para publicação em periódicos de pesquisa – em que o estudo pode ser revisado por pares ou avaliado às cegas –, nos casos das publicações de resultados, quais outras implicações éticas pode- riam decorrer desses processos avaliativos no fazer ciência? Bogdan e Biklen (1994), no livro Investigação qualitativa em educa- ção, chamam a nossa atenção para a dimensão ética em uma pesquisa, apontando que essa dimensão perpassa por todas as fases e etapas de uma pesquisa. Isso diz respeito não somente ao pesquisador, aos sujei- tos pesquisados ou aos velhos dilemas sobre os limites e usos de seres humanos ou de animais como cobaias de laboratórios. Para os autores, a dimensão ética terá grande conotação com a questão da dignidade humana, que repercutirá não só na forma de se coletar e tratar dados de pesquisa, mas também no modo de se pensar a dimensão ética, ao se manipular dados, e as implicações sociais dos estudos científicos. Sabemos que não há neutralidade na produção de conhecimento e que, além de produzir o conhecimento científico, é papel do pesquisa- dor fazer a defesa e se posicionar frente às suas descobertas e, ainda, ser responsável por elas, antevendo as possíveis intercorrências sociais que decorrem delas. Segundo os autores Fiorentini e Lorenzato (2009, p. 193), é “impera- tivo que o pesquisador se interrogue permanentemente sobre porque investiga, para que investiga, como investiga e o que e como divulgar os resultados da pesquisa”. Para ampliar seus conhecimentos, recomendamos a leitura do artigo Ques- tões éticas subjacentes ao trabalho de investigação, dos autores Eduardo Duque e António Calheiros, publicado na revista EDaPECI em 2017. Acesso em: 10 nov. 2021. https://doi.org/10.29276/redapeci.2017.17.26780.103-118 Artigo São muitas as questões que merecem atenção em relação à ética nas pesquisas e nos aspectos sociais que podem influenciar as pes- quisas científicas. Desse modo, é imperativo estar consciente dessas dimensões. O vídeo Diálogos, ética na pesquisa, do canal TV Unesp, aborda as regras para a realização de estudos de maneira ética e íntegra. Disponível em: https://www. youtube.com/watch?v=7Fh3onQ_ Otg. Acesso em: 10 nov. 2021. Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=7Fh3onQ_Otg https://www.youtube.com/watch?v=7Fh3onQ_Otg https://www.youtube.com/watch?v=7Fh3onQ_Otg 2.3 Legislação, direitos autorais e a questão do plágio em pesquisa Vídeo Além dos princípios éticos, quais outros preceitos ou dimensões perpassam por esse fazer pesquisa? Existe alguma legislação ou regu- lamentação para as atividades de pesquisa? O debate sobre as regulamentações em pesquisa é ainda muito re- cente no Brasil e não existe consenso nem em termos mundiais. No caso brasileiro, cada instituição é responsável por criar e gerir suas próprias regras, no que tange às avaliações, às formas e aos procedi- mentos de realizações de pesquisas em termos acadêmicos. O que temos bem delimitado, em linhas gerais, na organização dos trabalhos acadêmicos, são as normas técnicas, orientadas pela Asso- ciação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), o que não se pode con- fundir com a legislação de pesquisa. No caso brasileiro, ainda, o que temos é a centralização das ativida- des de incentivo à pesquisa, que pode ser entendida como problemá- tica, girando em torno de uma grande e única instituição que abarca quase que exclusivamente todas essas questões sobre pesquisas cien- tíficas, estando ela ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ino- vações, e não ao Ministério da Educação, como se imagina, e sendo denominada de Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tec- nológico (CNPq). Cabe ao CNPqo fomento e a gestão financeira de recursos públicos destinados às pesquisas científicas no Brasil. Apesar de ser uma insti- tuição sólida e de grande representatividade, as críticas que se tecem a ela é quanto à falta de pluralidade, de investimentos em pesquisas e, até mesmo, de iniciativas privadas, como ocorrem em diversos países. No que diz respeito às pesquisas acadêmicas, temos a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que é vincu- lada ao Ministério da Educação e responde por grande parte das pes- quisas do âmbito acadêmico de nível superior e pós-graduação stricto sensu 1 , apoiando, inclusive, financeiramente, com bolsas de pesquisas diversas atividades. Conhecer a legislação, as resoluções, a lei de direi- tos autorais e as questões relativas ao plágio e à ética na pesquisa. Objetivo de aprendizagem Pós-graduação stricto sensu: programas de mestrado e doutorado. Pós-graduação lato sensu: programas de especialização e cursos designados como MBA. 1 3838 Metodologia da pesquisa científicaMetodologia da pesquisa científica M on gk ol ch on A ke si n/ Sh ut te rs to ck Cabe à Capes, também, a regulamentação e fiscalização das pesqui- sas e dos recursos, a organização e a avaliação dos periódicos de di- vulgação científica, bem como a avaliação dos periódicos de pesquisa e dos programas de mestrado e doutorado, entre outras atividades fins desse âmbito. No sentido regulatório de atividades de pesquisa, apenas recente- mente a preocupação com a ética nas pesquisas tem sido discutida entre nós, explica José Marques Filho (2007), coordenador da Comissão de Ética e Defesa Profissional do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp). Segundo o autor: as primeiras normas reguladoras de pesquisas com seres hu- manos foram estabelecidas somente em 1947, após os abusos dentro e fora dos campos de concentração, durante a II Guerra Mundial. Essas normas foram estabelecidas pelo Código de Nuremberg, reconhecendo oficialmente a indisponibilidade do consentimento voluntário, a necessidade de estudos prévios em laboratório e em animais, a análise de riscos e benefícios da in- vestigação proposta, a liberdade do sujeito da pesquisa de se retirar do estudo, a adequada qualificação do pesquisador, entre outros pontos. (MARQUES FILHO, 2007, p. 1) No Brasil, a regulamentação de pesquisas tem iniciativa por parte do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e deriva principalmente da ne- cessidade de regulamentar as atividades de pesquisas, envolvendo os pacientes ou seres humanos, diretamente à área de saúde. Porém, é apenas no ano de 1996, com a Resolução n. 196 (BRASIL, 1996), do CNS, que se estabeleceram algumas regulamentações, principalmente no que tange às definições de pesquisa; à questão da pesquisa abrangendo seres humanos; aos protocolos, riscos e danos; aos patrocínios; aos sujeitos de pesquisa, ao pesquisador e às instituições de pesquisa; às relações entre pesquisador responsável e instituição; e aos riscos en- volvidos em uma pesquisa. Além disso, essa resolução trata do consentimento por parte dos participantes e da necessidade de implantação dos Comitês de Ética em Pesquisa (CEP). Vale ressaltar que a Resolução n. 196 (BRASIL, 1996) sistematiza as recomendações éticas em pesquisas, oferecendo diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas Fases e etapas da pesquisaFases e etapas da pesquisa 3939 40 Metodologia da pesquisa científica envolvendo seres humanos, não mais somente em termos de saúde, mas de toda e qualquer pesquisa que envolva as pessoas, a qual deve- rá ser consubstanciada por comitês de ética. Sobre os aspectos éticos de uma pesquisa que envolve seres hu- manos, a Resolução n. 196/1996 afirma, ainda, que se deve atender às exigências éticas e científicas fundamentais à eticidade em pesquisas, de modo a implicar: a) consentimento livre e esclarecido dos indivíduos-alvo e a pro- teção a grupos vulneráveis e aos legalmente incapazes (auto- nomia). Neste sentido, a pesquisa envolvendo seres humanos deverá sempre tratá-los em sua dignidade, respeitá-los em sua autonomia e defendê-los em sua vulnerabilidade; b) ponderação entre riscos e benefícios, tanto atuais como poten- ciais, individuais ou coletivos (beneficência), comprometendo-se com o máximo de benefícios e o mínimo de danos e riscos; c) garantia de que danos previsíveis serão evitados (não maleficência); d) relevância social da pesquisa com vantagens significativas para os sujeitos da pesquisa e minimização do ônus para os sujei- tos vulneráveis, o que garante a igual consideração dos inte- resses envolvidos, não perdendo o sentido de sua destinação sócio-humanitária (justiça e equidade). (BRASIL, 1996) Sobre o termo de consentimento livre e esclarecido, a Resolução traz: [...] II. 11 – Consentimento livre e esclarecido – anuência do sujeito da pesquisa e/ou de seu representante legal, livre de vícios (simula- ção, fraude ou erro), dependência, subordinação ou intimidação, após explicação completa e pormenorizada sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos, benefícios previstos, po- tenciais riscos e o incômodo que esta possa acarretar, formulada em um termo de consentimento, autorizando sua participação voluntária na pesquisa. [...] (BRASIL, 1996, grifo nosso) Ainda, no Item IV, a resolução elucida: “o respeito devido à digni- dade humana exige que toda pesquisa se processe após consenti- mento livre e esclarecido dos sujeitos, indivíduos ou grupos que por si e/ou por seus representantes legais manifestem a sua anuência à participação na pesquisa” (BRASIL, 1996). Fases e etapas da pesquisa 41 Também com relação ao consentimento para participantes em pesquisas, a Resolução n. 196/1996 destaca que, indispensa- velmente, todo termo se faça em linguagem acessível e que in- clua necessariamente (BRASIL, 1996): a) a justificativa, os objetivos e os procedimentos que serão uti- lizados na pesquisa; b) os desconfortos e riscos possíveis e os benefícios esperados; c) os métodos alternativos existentes; d) a forma de acompanhamento e assistência, assim como seus responsáveis; e) a garantia de esclarecimentos, antes e durante o curso da pesquisa, sobre a metodologia, informando a possibilidade de inclusão em grupo controle ou placebo; f) a liberdade do sujeito se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem penaliza- ção alguma e sem prejuízo ao seu cuidado; g) a garantia do sigilo que assegure a privacidade dos sujeitos quanto aos dados confidenciais envolvidos na pesquisa; h) as formas de ressarcimento das despesas decorrentes da participação na pesquisa; e i) as formas de indenização diante de eventuais danos de- correntes da pesquisa. Além disso, a Resolução n. 196/1996 orienta que o consentimento livre e esclarecido deve ser: • elaborado pelo pesquisador responsável; • aprovado pelo CEP, que referenda a investigação; • assinado ou identificado por impressão dactiloscópica, por todos e cada um dos sujeitos da pesquisa ou por seus representantes legais; e • elaborado em duas vias, sendo uma retida pelo sujeito da pes- quisa ou por seu representante legal e a outra arquivada pelo pesquisador (BRASIL, 1996). Quanto à criação dos CEP, a mesma resolução traz definido, em seu texto, que esses serão “colegiados interdisciplinares e independentes, com ‘munus público’, de caráter consultivo, deliberativo e educativo, criados para defender os interesses dos sujeitos da pesquisa em sua integridade e dignidade e para contribuir no desenvolvimento da pesquisa dentro de padrões éticos” (BRASIL, 1996). Você pode conhecer a Resolução n. 196, de 10 de outubro de 1996, na íntegra, em todos seus capítulos e artigos, acessando o link a seguir. Disponível em: https://bvsms. saude.gov.br/bvs/saudelegis/ cns/1996/res0196_10_10_1996. html. Acesso em: 10 nov. 2021. Saiba mais https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/1996/res0196_10_10_1996https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/1996/res0196_10_10_1996 https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/1996/res0196_10_10_1996 Como vimos, as resoluções sobre ética na pesquisa no contexto bra- sileiro ainda são bem restritas e pouco abrangentes, a ponto de não se configurarem como uma legislação, mas sim como orientações. Além disso, essas orientações ficaram a cargo de uma única resolução – a Resolução n. 196, de 1996, que foi atualizada pela Resolução n. 466, de 2012, atualmente em vigor –, sendo encabeçadas pela sociedade mé- dica, via CNS, e sendo, por uma década, as únicas diretrizes éticas em termos de pesquisas com seres humanos. Dadas as disputas entre as áreas biomédicas e de saúde, em relação às ciências humanas e sociais (CHS), foi criada a Resolução n. 510/2016, que passou a incorporar as diretrizes éticas específicas para as CHS. No documento da Resolução n. 510/2016 são discutidas as principais diferenças entre as pesquisas da área de saúde e das CHS. Porém, não se alteram os entendimentos sobre os comitês de ética e a questão de proteção ao participante de pesquisa. Essa resolução passou a consi- derar que a ética é uma construção humana, portanto histórica, social e cultural, e que as CHS têm especificidades. “Considera ainda que a pesquisa em Ciências Humanas e Sociais exige respeito e garantia do pleno exercício dos direitos dos participantes, devendo ser concebida, avaliada e realizada de modo a prever e evitar possíveis danos aos par- ticipantes” (BRASIL, 2016). A Resolução n. 510/2016 também indica os tipos de pesquisas que não precisam passar pelos comitês de ética. Nesse caso, vale a pena ressaltar que as atividades realizadas com o intuito educacional, como no caso de TCCs de alunos de graduação, curso técnico e cursos de especialização, não precisam passar por essa instância, ou seja, estão dispensadas de apresentar o protocolo de pesquisa, o que acontece igualmente com pesquisas de revisões de literaturas e sistemáticas, bem como aquelas que não envolvem seres humanos. Além disso, essa resolução vai diferenciar os processos de consenti- mento e de assentimento livre e esclarecido, em seu Capítulo III, diferenciando-os, ainda, do termo de consentimento livre e escla- recido, até então utilizado pela Resolução n. 466/2012. Assim, enfatiza o que são os direitos dos participantes de pesquisa: Você pode conhe- cer a nova resolução (n. 510/2016) de ética na pesquisa, atualmente em vigor, acessando o site da Anped Nacional. Disponível em: https://www.anped. org.br/news/nova-resolucao- 5102016-de-etica-na-pesquisa. Acesso em: 10 nov. 2021. Saiba mais Al an -S m ith ee /S hu tte rs to ck 4242 Metodologia da pesquisa científicaMetodologia da pesquisa científica I – ser informado sobre a pesquisa; II – desistir a qualquer momento de participar da pesqui- sa, sem qualquer prejuízo; III – ter sua privacidade respeitada; https://www.anped.org.br/news/nova-resolucao-5102016-de-etica-na-pesquisa https://www.anped.org.br/news/nova-resolucao-5102016-de-etica-na-pesquisa https://www.anped.org.br/news/nova-resolucao-5102016-de-etica-na-pesquisa Fases e etapas da pesquisa 43 Direitos autorais Zh an e L uk / Sh ut te rs to ck IV – ter garantida a confidencialidade das informações pessoais; V – decidir se sua identidade será divulgada e quais são, dentre as informações que forneceu, as que podem ser tratadas de forma pública; VI – ser indenizado pelo dano decorrente da pesquisa, nos termos da Lei; VII – o ressarcimento das despesas diretamente decorrentes de sua participação na pesquisa. (BRASIL, 2016) Basicamente, são essas as mudanças que a Resolução n. 510/2016 traz em seu cerne. Com isso, observa-se que as normas brasileiras so- bre ética em pesquisa ainda são restritas e pouco elucidativas. Em âm- bito internacional, os vários códigos de ética são mais abrangentes. Entretanto, no que tange a questão dos direitos autorais? No Brasil existem legislações e regulamentações quanto aos direitos autorais, que são aqueles concedidos aos autores e ao próprio mercado editorial. Para proteger uma obra ou uma ideia, é comum o registro de ISBN para livros e o de ISSN para produções científicas; esses regis- tros são feitos pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) ou por editoras especializadas. Usar-se da criação, do texto ou da ideia de outrem sem referenciar é considerado plágio, o qual é tido como crime pelo artigo 184 do Código Penal Brasileiro (BRASIL, 2003). Quando se trata de plágio, o simples fato de comprovar qualquer vinculação com publicações anteriores, mesmo que sem o registro por ISBN 2 , já garante a autoria. A questão sobre plágio é tão séria que existem várias ferramentas tecnológicas que auxiliam a detectar se há plágio em um texto. É consi- derado plágio toda vez que se recorre a um texto ou a uma ideia sem dar os devidos créditos ao autor ou à fonte de divulgação dessa ideia. Para concluir, no que se refere a essas questões éticas em pesquisas, Prodanov e Freitas (2013) destacam que é necessário se pensar em alguns princípios éticos que devem ser observados na produção e na elaboração de trabalhos acadêmicos. Vejamos alguns desses princípios e as suas implicações: a) quando se pratica pesquisa, é indispensável pensar na responsa- bilidade do pesquisador no processo de suas investigações e de seus produtos. Nesse sentido, a honestidade intelectual é A Câmara Brasileira do Livro é uma entidade sem fins lucrativos que visa promover o mercado edi- torial brasileiro e cultivar o hábito da leitura. Conheça mais no site da instituição. Disponível em: http://cbl.org.br/. Acesso em: 10 nov. 2021. Site O ISBN (international standard book number ou padrão internacional de numeração de livro) é um padrão numérico criado com o objetivo de fornecer uma espécie de “RG” para publicações mo- nográficas, como livros, artigos e apostilas. 2 http://cbl.org.br/ 44 Metodologia da pesquisa científica fator indispensável aos pesquisadores, tornando-os cidadãos íntegros, éticos, justos e respeitosos consigo e com a própria sociedade; b) a apropriação indevida de obras intelectuais de terceiros é ato antiético e qualificado como crime de violação do direito autoral pela lei brasileira, assim como pela legislação de outros países; c) o pesquisador deve mostrar-se autor do seu estudo, da sua pesquisa, com autonomia e com respeito aos direitos autorais, sendo fiel às fontes bibliográficas utilizadas no estudo; d) é considerado plágio a reprodução integral de um texto, sem a autorização do autor, constituindo assim “crime de violação de direitos autorais”; e) as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) orientam a escrita e informam como proceder na apresentação dos trabalhos acadêmicos e científicos, sendo suas regras reco- mendadas a todo pesquisador, para ter seu trabalho reconheci- do como original. (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 46) Portanto, as legislações, resoluções, leis e normas sobre a produ- ção de conhecimento e as legislações de pesquisas no contexto bra- sileiro ainda são bastante incipientes, restritas e pouco abrangentes, a ponto de não se configurarem como uma legislação propriamente dita, mas sim como orientação geral. Contudo, o fazer pesquisa é algo bastante sério, que pode ter várias implicações; por isso, conhecer os implicativos éticos e seguir as normatizações das instituições garantirá que não se terá problemas no desenrolar de trabalhos ou de relatórios de pesquisa. CONSIDERAÇÕES FINAIS Após a leitura deste capítulo, foi possível conhecer e analisar to- das as etapas previstas para se fazer uma pesquisa, refletindo sobre a importância de se fazer um bom planejamento de pesquisa, bem como entender que, para se realizar uma pesquisa científica, é necessário pla- nejar todas as fases e etapas desse estudo. Logo, deve-se realizar o pla- nejamento desde uma sondagem inicial para eleger as temáticas possíveis de investigação,dentro de uma determinada área, até a previsão tanto de um cronograma de execução quanto dos recursos necessários, sem esquecer das questões legais que envolvem as pesquisas, para, então, passar para as etapas da conclusão da pesquisa. Fases e etapas da pesquisa 45 É importante reforçar que produzimos conhecimento científico dentro de determinadas condições, destinadas a uma finalidade em específico, como um trabalho de conclusão de curso, por exemplo, e dentro de um espectro de exigências e formalidades próprias do fazer pesquisa. Nesse sentido, mostrou-se fundamental entender os preceitos e possí- veis dilemas éticos envolvidos na realização das pesquisas, como também conhecer as resoluções que os fomentam. Assim, refletir sobre a postura do pesquisador frente ao seu objeto de estudo e às relações estabele- cidas na investigação é essencial para não incorrer em questões éticas. Por fim, vimos que, para se realizar uma pesquisa científica, é necessário realizar um bom planejamento de todas as fases e etapas do estudo, pre- vendo e antevendo os possíveis problemas decorrentes dessa atividade. ATIVIDADES Atividade 1 Com base no que você entende por pesquisa, detalhe e explique suas principais fases. Atividade 2 Ética, no sentido defendido por Cortella (2017), é um ramo da filo- sofia que se preocupa com o comportamento moral, ou seja, com as condutas humanas. O filósofo completa falando que “quanto mais claros os princípios, mais fácil de se lidar com os dilemas éticos” (CORTELLA, 2017, p. 111). Pensando nessa questão, e frente a alguns dilemas vistos nesse capítulo, cite um exemplo de dilema ético que pode envolver o fazer pesquisa. Atividade 3 De acordo com a nova Resolução n. 510/2016, que vai diferenciar os processos de consentimento e do assentimento livre e escla- recido por parte dos participantes de uma pesquisa que envolva seres humanos, quais são os direitos garantidos aos participantes? Discorra, 46 Metodologia da pesquisa científica REFERÊNCIAS BOGDAN, R. C.; BIKLEN, S. K. Investigação qualitativa em educação. Portugal: Porto, 1994. BRASIL. Lei n. 10.695, de 1 de julho de 2003. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 2 jul. 2013. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/ l10.695.htm. Acesso em: . Acesso em: 10 nov. 2021. BRASIL. Resolução n. 196, de 10 de outubro de 1996. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 out. 1996. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/1996/ res0196_10_10_1996.html. Acesso em: 10 nov. 2021. BRASIL. Resolução n. 510, de 7 de abril de 2016. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 24 maio 2016. 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Podemos dizer que elaborar um bom projeto é mais do que o meio caminho da pesquisa – ele será o definidor do bom andamento em uma investigação. Para melhor compreensão de como executar uma pesquisa, você precisa conhecer seus principais tipos, para então poder definir em qual tipo seu projeto de pesquisa pode ser enquadrado. Nessa abordagem, o ponto fundamental é conhecer o que já foi estudado sobre determinado assunto, isto é, não é possível fugir das revisões de literatura. Assim, neste capítulo, você vai aprender quais são os principais tipos de revisões de literatura e como utilizá-las. Além disso, caso seu estudo demande pesquisas de campo, você irá aprender sobre este tipo de pesquisa, como fazer a coleta de dados e como analisá-los. 3.1 Elementos do projeto de pesquisa Vídeo A principal questão que se coloca quando pensamos em realizar uma pesquisa científica é: por onde começar? De certa forma, toda pesquisa parte de uma problemática, de uma busca por respostas ou soluções, isto é, de um ponto de interrogação inicial, pois toma como base uma problemática e um contexto em específicos. Então, qual é o problema? Digamos que a questão inicial é encontrar um bom proble- ma de pesquisa dentro de uma temática para investigação. Para Sánchez Gamboa (2011, p. 16), “os projetos de pesquisa bus- cam organizar de forma lógica os procedimentos da investigação desde os pontos de partida ou abordagem dos problemas até a elaboração 48 Metodologia da pesquisa científica das respostas e interpretação dos resultados”. Dessa forma, a elabora- ção de um projeto de pesquisa serve como um guia e percorre desde a abordagem do problema, no que se refere à delimitação da problemá- tica e à construção de uma pergunta-problema, até a busca pelas res- postas, no que se referem à forma como se pode organizar esse projeto de pesquisa na busca por respostas para essa pergunta-problema. Assim, vamos entender o passo a passo da construção de um projeto de pesquisa, a começar pela definição da temática inicial e de todos os seus elementos essenciais, como em um roteiro de investigação. M on ki k/ Sh ut te rs to ck Figura 1 Elementos essenciais do projeto de pesquisa • Delimitação da temática • Introdução • Problema – elaboração da problemática da pesquisa • Hipóteses, pressupostos ou questões norteadoras • Objetivos – formulação dos objetivos • Justificativas pessoais, sociais e acadêmicas • Referencial teórico ou revisão da literatura • Metodologia: materiais e métodos • Recursos/orçamento • Cronograma • Referências • Apêndices e Anexos Fonte: Elaborada pela autora. Na elaboração de um projeto de pesquisa, cada uma dessas eta- pas tem igual importância, pois uma parte mal elaborada, ou não coesa com o restante das etapas, irá comprometer todo o plane- jamento de pesquisa. Diga-se de passagem, ajustes serão necessá- rios no decorrer da pesquisa, porém um projeto bem elaborado fará toda a diferença. Vejamos a seguir a estrutura comum de um projeto de pesquisa: • Conhecer os elementos essenciais de um projeto de pesquisa em um roteiro que contem- pla tema, problema, objetivos, metodologia e revisão da literatura. • Entender as etapas de elaboração de projetos de pesquisa, do projeto à execução, verificando definição de temas e problemáticas de pes- quisa, cronogramas de execução, instrumentose recursos. Objetivos de aprendizagem Projetos de pesquisa 49 Figura 2 Estrutura do projeto de pesquisa Capa Folha de rosto Lista de figuras Lista de tabelas Lista de abreviaturas Sumário 1. Introdução 1.1 Problema 1.2 Hipótese 1.3 Objetivos 1.4 Justificativa 2. Referencial teórico 3. Metodologia 4. Recursos 5. Cronograma Referências Apêndices Anexo Elementos pré- textuais Elementos textuais Elementos pós- textuais Fonte: Elaborada pela autora com base em ABNT, 2020. Como mencionado, para que o desenvolvimento da pesquisa cien- tífica ocorra da maneira mais adequada possível, será necessário um planejamento cuidadoso dessa investigação, por isso é importante se- guir as orientações e as normas de metodologia científica, adequando- -se tanto à forma de apresentar esses elementos quanto ao conteúdo descrito em cada um desses elementos. Por ora vamos apresentar a seguir, detalhadamente, a elaboração dos conteúdos-base de cada etapa. 3.1.1 Introdução Nessa etapa, você irá discorrer sobre os motivos que o levam a querer realizar o estudo. Discorra sobre o que já sabe sobre o assunto, explicite a delimitação da temática e como chegou até ela. Quando estiver na reta final do seu curso, será necessário escolher um tema, que deve estar dentro da sua área de atuação, para desen- volver a sua pesquisa científica. 50 Metodologia da pesquisa científica Até aqui é tranquilo. Agora, dentre as múltiplas possibilidades de se abordar algum assunto, você, na condição pesquisador, deverá es- colher a área que mais lhe chama a atenção ou tema que pretende aprofundar em seus estudos. O passo seguinte é o que chamamos de delimitação do tema. Com base em uma grande área temática, você deverá definir os limites e os aspectos mais específicos do tema a ser abordado. Para tanto, são recomendadas uma primeira sondagem, leituras e pesquisas de inte- resses sobre essa temática. Também é possível mudar ou seguir uma ou outra temática, já que essa é a fase de sondagem de temas. Por exemplo, ao eleger um tema de estudo, você: familiariza-se com a ideia; pesquisa o que já foi estudado sobre esse tema; busca quais são os grupos de estudos; verifica os principais pesquisadores desse tema; pensa em potenciais orientadores; compreende os tipos de abordagens dessa temática; estuda as possibilidades de sua pesquisa. Note que essa primeira etapa ainda não é uma revisão de literatura. Você poderá ter interesse por vários temas, ler, pesquisar e se interes- sar por vários assuntos até achar aquele que mais lhe prende a aten- ção, sendo normal ter uma multiplicidade de interesses. Por exemplo, dentro da grande área temática da educação, você pode se interessar por um aspecto específico da Educação Infantil, ou então da Educação de Jovens e Adultos (EJA), e, como no exemplo a seguir, afunilar/delimitar o campo de estudo. Figura 3 Exemplo de delimitação de tema ve ct or w or k/ Sh ut te rs to ck Métodos de ensino Educação Educação de Jovens e Adultos (EJA) Alfabetização O tema é o assunto principal a ser escolhido para desenvolver o trabalho – por exemplo, com base na Figura 3, os métodos de ensino para a alfabetização de jovens e adultos, que está delimitado dentro de uma área maior. Por conseguinte, você já sabe qual é a grande área de concentração desses estudos – a Educação. A delimitação ocorre por uma subárea – Educação de Jovens e Adultos – até chegar na delimi- tação do tema, que poderia ser a formação do professor, o perfil dos estudantes etc. Note a diversidade de temas e como eles podem mudar dentro da grande área. Em outros termos, na delimitação do tema podemos pen- sar em várias problemáticas, isto é, podem nascer reflexões e questio- namentos relativos a assuntos de interesse do pesquisador. Um bom tema não pode ser demasiadamente amplo, ou seja, quan- to mais específico, maiores são as chances de se criar um bom enredo de investigação. Vejamos o exemplo a seguir. ar ty wa y/ Sh ut te rs to ck Tema: a alfabetização de jovens e adultos. Delimitação do tema: os métodos de alfabetização para jovens e adultos não alfabetizados na infância.AV Ico n/ Sh ut te rs to ck Um tema pode ser delimitado pelos assuntos circunscritos à área ou aos problemas existentes em relação à temática. Sua delimitação também pode ocorrer em virtude dos autores ou assuntos de referên- cia, de relações no espaço-tempo, eventos ou, ainda, em razão de al- gum outro aspecto específico. Por isso, há uma infinidade de maneiras de se abordar e pesquisar um mesmo assunto. Durante a sua delimitação, leve em consideração: o que você já sabe sobre o assunto; os materiais bibliográficos disponíveis; a possibilidade de ter orientadores; a relevância e a fecundidade sobre o assunto. Não basta que o tema de pesquisa seja excelen- te, é preciso que haja viabilidade para que o estudo de fato aconteça. ch ay an up ho l/S hu tte rs to ck Projetos de pesquisaProjetos de pesquisa 5151 52 Metodologia da pesquisa científica 3.1.2 Problema Para Laville e Dionne (1999, p. 86), “toda pesquisa parte de um pro- blema e se inscreve em uma problemática. [...] o problema de pesquisa é um problema!”. Para os autores, “a clarificação da problemática e do próprio problema de pesquisa é frequentemente considerada como a fase crucial da pesquisa”. O que isso quer dizer? Quer dizer que a ela- boração de um projeto de pesquisa inicia-se pela abordagem de um bom problema. Definir o problema significa decompor o tema e delimitá-lo com pre- cisão, de modo que, ao definir a problemática, já se tenha em mente as possíveis respostas, ou pelo menos como buscar essas respostas metodologicamente, ou seja, cientificamente. Note que não cabem opi- niões ou “achismos”. Toda abordagem de pesquisa leva em considera- ção fatos ou evidências científicas, de modo que cada etapa precisa ser comprovada cientificamente e/ou metodologicamente. A elaboração da problemática de pesquisa exige, portanto, muita re- flexão crítica por parte do pesquisador. Exige pensar a busca por solu- ções e qual o caminho para se chegar até elas, ainda que previamente. Sobre como elaborar projetos de pesquisa, Gil (2002) apresenta al- guns pontos relevantes que auxiliam na elaboração da problemática. Segundo o autor, um problema de pesquisa deve ser: expresso de modo interrogativo; ser delimitado a uma dimensão viável; formulado de maneira clara e explícita; preciso quanto aos limites de sua aplicabilidade. Dessa forma, na formulação da pergunta-problema algumas regras práticas auxiliam nessa construção: a) determine com precisão o que será investigado; b) formule com uma pergunta ou uma sentença o que será investigado, deixando isso claro; c) enuncie o problema, isto é, determine um objetivo da pesquisa que seja suscetível de solução, empírico, ou seja, que pertença a uma realidade concreta e seja limita- do a uma dimensão viável de tempo, espaços e recursos de pesquisa. Essas reflexões servirão como gatilhos para desencadear toda a pesquisa, por isso a importância na construção da problemática de pesquisa, pois ela guiará toda a situação a ser investigada, devendo ser abordada de maneira objetiva, clara e precisa. Para saber mais sobre a elaboração de problemas de pesquisa, os autores Laville e Dionne dedicam um capítulo inteiro a essa construção no percurso pergunta-problema-hipó- tese, aprofundando essa discussão. Vale a pena conhecer! Disponível em: http://arquivos.info. ufrn.br/arquivos/201302618025e 71549439adbc70b29b47/Apresen tao_na_reunio.pdf. Acesso em: 20 dez. 2021. Leitura http://arquivos.info.ufrn.br/arquivos/201302618025e71549439adbc70b29b47/Apresentao_na_reunio.pdf http://arquivos.info.ufrn.br/arquivos/201302618025e71549439adbc70b29b47/Apresentao_na_reunio.pdf http://arquivos.info.ufrn.br/arquivos/201302618025e71549439adbc70b29b47/Apresentao_na_reunio.pdf http://arquivos.info.ufrn.br/arquivos/201302618025e71549439adbc70b29b47/Apresentao_na_reunio.pdfProjetos de pesquisa 53 3.1.3 Hipóteses, pressupostos ou perguntas norteadoras Conforme o tipo de abordagem de pesquisa, o pesquisador poderá adotar as diferentes nomenclaturas nessa etapa e a definição por hi- póteses, pressupostos ou questões norteadoras da pesquisa. De modo geral, todas essas definições denotam as possíveis interpretações, su- posições ou respostas provisórias para o problema levantado, ou ainda mais questões possíveis. De acordo com Gil (2002), assim como na definição da problemática, uma boa hipótese precisa: ser clara; ser específica; ter referências empíricas; ser parcimoniosa (coerência); estar relacionada com técnicas disponíveis; estar relacionada com alguma teoria. A elaboração da hipótese apresenta proximidade com pressupos- tos de pesquisa que estão relacionados a algumas teorias preexisten- tes, de modo que essa teoria possa ser posta em teste para validá-la ou não. Dessa forma, o levantamento dos pressupostos, hipóteses ou questões norteadoras tem a mesma finalidade: conduzir o caminho da pesquisa e apontar uma direção à condução dos estudos. Por isso, nessa fase: As hipóteses podem funcionar como respostas provisórias ao problema que devem ser submetidas a um processo de verificação, seja para comprová-las ou refutá-las pela pesquisa.1 Os pressupostos orientam a pesquisa na busca por respostas que se quer provar ou contestar. (Continua) 2 Novas perguntas são bem-vindas, de modo a elucidar o que se acredita ou se julga saber por antecipação.3 Da proposição testável pode vir a solução do problema.4 ar ty wa y/ Sh ut te rs to ck 54 Metodologia da pesquisa científica As hipóteses servem como guia de investigação, pois guiam o trabalho à medida que ajudam a imaginar os meios a serem aplicados.5 As hipóteses coordenam os fatos ou observações já conhecidas.6 Outra questão é que nem sempre será necessário apresentar pres- suposto teórico, hipóteses ou questões norteadoras simultaneamente em um projeto, de modo que é possível optar por um ou outro item, a depender do tipo de pesquisa. Note a seguir a consonância que os objetivos precisam ter com as hipóteses, pressupostos ou questões norteadoras. 3.1.4 Objetivos Os objetivos da pesquisa devem ter clara e perfeita relação com o problema de pesquisa, de modo que se apresente a seguinte formulação: Objetivo geral Seja expresso o fim que se pretende alcançar. Objetivos específicos Sejam apresentados os instrumentos metodológicos de como se atingir o objetivo geral. Bi w3 ds /S hu tte rs to ck Edita ble lin e i co ns /S hu tte rst ock Edita ble lin e i co ns /S hu tte rst ock Os objetivos garantem embasamento para toda a pesquisa. Dessa maneira, o objetivo geral está para o problema e para o próprio tema de pesquisa assim como os objetivos específicos estão para a parte mais metodológica da pesquisa, conforme resumido a seguir. Objetivo geral Problema de pesquisa Objetivos específicos Metodologia de pesquisa Bi w3 ds /S hu tte rs to ck Edita ble lin e i co ns /S hu tte rst ock Edita ble lin e i co ns /S hu tte rst ock Os objetivos da pesquisa traduzem as intenções do pesquisador, bem como a possibilidade de operacionalização da pesquisa. No Projetos de pesquisa 55 momento de redigi-los, sugere-se utilizar verbos que possam comu- nicar a ação que se quer realizar. Por isso, recomenda-se a utilização de verbos no infinitivo 2 , que possam levar a entender, descrever, desenvolver, descobrir, explorar, enfatizar e analisar com clareza os objetivos. O artigo Taxonomia de Bloom: revisão teórica e apresentação das adequações do instrumento para definição de objetivos, de Ana Paula do Carmo Marcheti Ferraz e Renato Vairo Belhot, faz uma análise de como a Taxonomia de Bloom pode auxiliar na construção de objetivos específicos de pesquisa. Vale a pena conferir! Acesso em: 20 dez. 2021. https://doi.org/10.1590/S0104-530X2010000200015 Artigo Para Marconi e Lakatos (2010), os objetivos constituem a finalidade de um trabalho científico, ou seja, traduzem a intencionalidade do que é realizado numa pesquisa. Em grande parte, podem seguir a mesma ideia da pergunta-problema, entretanto redigidos como uma sentença afirmativa direta. Dessa forma, se o problema de pesquisa é apresen- tado como uma pergunta, o objetivo é apresentado como o possível resultado a ser alcançado. Nesse sentido, existe a necessidade, igualmente ao problema, de os objetivos serem redigidos de maneira clara e precisa, com metas, propósitos ou resultados concretos a serem alcançados, traduzindo-se dessa forma em: Figura 4 Objetivos e suas principais características Objetivo geral • Deve expressar a finalidade intelectual da pesquisa, respondendo à questão: para que pesquisar? • Deve ter coerência direta com o problema de pesquisa e ser apresentado em uma frase que inicie com um verbo no infinitivo. Objetivos específicos • Devem apresentar em detalhes os desdobramentos do objetivo geral. • Devem ser sempre mais do que um objetivo. • Devem iniciar com verbos no infinitivo, apresentando tarefas de pesquisa em prol da execução do objetivo geral. W on g Ne rim o/ Sh ut te rs to ck Fonte: Elaborada pela autora. Verbo em seu estado natural, terminando em ar (recitar), er (escrever) ou ir (redigir) – e or, no caso do verbo pôr. 2 56 Metodologia da pesquisa científica O objetivo geral, como o próprio nome diz, está ligado a uma ideia geral e global, envolvendo o tema e o problema de pesquisa, ou seja, é o que define a razão de ser da pesquisa. Note que o objetivo geral é da pesquisa em si, e não do pesquisador. Já os objetivos específicos devem denotar o passo a passo da exe- cução da pesquisa para atingir o objetivo geral. Eles devem ser elabo- rados de modo que possam ser aplicados a situações específicas, mas diretamente ligados ao objetivo geral, podendo ser os definidores da metodologia de pesquisa, principalmente no que diz respeito aos re- cursos destinados à coleta de dados. Assim, na definição de cada etapa de um projeto é apontada a con- dução do trabalho do pesquisador. Essas questões que se desdobram com base no tema, no problema e nos objetivos da pesquisa é que norteiam a sua realização. Note que ao elencar mais e mais perguntas, é possível ter um vis- lumbre de onde se quer chegar, o que auxilia no rumo da investi- gação. Por exemplo, você pode elencar mais perguntas norteadoras de modo a ajudar a definir os objetivos específicos do seu projeto. Você também pode descrever os pressupostos, ou seja, elementos que você acredita ser a razão de ser da pesquisa, ou, ainda, elencar um número de hipóteses que podem se confirmar ou não ao longo da investigação. 3.1.5 Justificativa O texto de justificativa fecha a introdução do trabalho. Nele devem ser apresentados os motivos para se realizar a pesquisa, abordando o âmbito pessoal/profissional, o qual habilita o pesquisador a realizar a pesquisa; o âmbito social, o qual versa sobre a importância e a rele- vância social da pesquisa; e o âmbito de contribuições acadêmicas e científicas, ou seja, como a pesquisa avança e se diferencia das outras já realizadas. Vamos entender o que é melhor para entender cada item: Projetos de pesquisa 57 Figura 5 Tipos de justificativa Pessoal: explore o que o habilita a pesquisar sobre esse tema – qual é a sua trajetória pessoal/profissional e o que você já sabe sobre essa temática, ou sobre esse contexto de pesquisa –, justificando seus motivos para querer aprofundar tal empreitada. Social: apresente os elementos importantes do contexto social: por que esse estudo pode ser relevante na sociedade? Quais avanços ele pretende oferecer para a compreensão dos problemas existentes? Qual parcela da população ele atinge? Etc. Acadêmica: diz respeito ao posicionamento do assunto no meio acadêmico, bibliográfico, ou seja, o que já foi pesquisado sobre esse assunto. Você deverá fazer um breve textodemonstrando familiaridade com o assunto, justificando a relevância de mais estudos com esse tema. Justificativa Na justificativa, é importante que se esclareçam o porquê da esco- lha do tema, a importância do estudo e a relevância da pesquisa tanto academicamente quanto socialmente. Esses itens fazem parte de um bom texto de introdução e da defesa da projeto. 3.1.6 Referencial teórico/revisão da literatura Essa etapa se refere basicamente à obtenção de informações ou re- ferências sobre outros estudos da mesma temática, que já foram reali- zados por outros pesquisadores. Ao procurar por um referencial teórico, busca-se extrair e compi- lar informações relevantes e necessárias para delimitar um estudo em 58 Metodologia da pesquisa científica questão. Pode-se utilizar artigos científicos, livros, dissertações, teses, ou seja, materiais que versem sobre a mesma temática. Com a revisão de literatura busca-se elencar: outros estudos sobre esse tema; a literatura relevante para o tema; a exposição de conceitos, termos e autores que deem credibili- dade à pesquisa; visões gerais sobre os métodos de pesquisa que podem ser empregados; o referencial teórico para um melhor entendimento; o embasamento sobre o tema. Mais do que uma revisão de literatura ou conceitos sobre determina- do tema, atualmente tem sido exigida uma revisão sistemática ou siste- mática integrativa sobre as temáticas de pesquisas, de modo a mapear a produção de novos conhecimentos e avanços. Porém, em termos de projeto de pesquisa, uma revisão de literatura tem a finalidade de com- plementar o que é exposto na introdução ou nas justificativas iniciais, demonstrando o que o pesquisador já sabe sobre o assunto. 3.1.7 Metodologia Após a definição do tema, do problema e dos objetivos, podemos dizer que esses elementos são o corpo de uma investigação. A metodo- logia, é possível afirmar, seria a alma do projeto, a essência do que se busca e a maneira para proceder em uma pesquisa. A metodologia dependerá da natureza da pesquisa e busca explicitar: o método que caracteriza a pesquisa; a população-alvo e a amostragem; o plano de coleta de dados; as técnicas e os instrumentos para coleta de dados. É na definição dos procedimentos metodológicos que se pensa nas modalidades de atividades do trabalho dos pesquisadores, nas técni- cas e nos métodos a serem utilizados na pesquisa, que em grande par- te exige formação ou aprimoramento em metodologias de pesquisa por parte do pesquisador. Projetos de pesquisa 59 É nessa fase que se procura responder a questões como: M on ki k/ Sh ut te rs to ck Figura 6 Definição dos procedimentos metodológicos • O que pesquisar? (problema e objetivos da pesquisa; tipo de pesquisa) • Com quem será realizada a pesquisa? (população- alvo – amostra) • Onde será realizada a pesquisa? (contexto; pesquisa de campo) • Como será realizada a pesquisa? (quais métodos e técnicas de pesquisa, coleta e análise de dados serão usados) • Como será distribuído o tempo? Quais são os recursos? (quanto tempo se tem para a investigação e quais os recursos necessários) Fonte: Elaborada pela autora. A metodologia deve ser descrita como um roteiro do que será reali- zado durante a pesquisa. Ao abordarmos a seguir os tipos de pesquisa e de revisões de literatura e os modos de coleta e análise de dados, ficará mais fácil a definição de como poderão ser feitas essas escolhas metodológicas. 3.1.8 Recursos Servem para prever as ações e o cronograma a ser usado, bem como os recursos que serão necessários para a realização da pesquisa. A previsão de um orçamento deve antever custos de materiais e possíveis recursos humanos que envolvem a realização do trabalho de pesquisa. O importante é planejar com antecedência quais tipos de custos ou recursos são necessários para a realização da pesquisa e se haverá ne- cessidade, por exemplo, de deslocamento, de materiais ou de transcri- ções, prevendo igualmente a capacidade de arcar com esses custos ou a origem de tais recursos. 60 Metodologia da pesquisa científica 3.1.9 Cronograma O cronograma deve ser elaborado de acordo com as ações e o tem- po disponível para as atividades da pesquisa. Serve ao pesquisador como um guia de orientação das fases e etapas da pesquisa, permitin- do uma avaliação sistemática do cumprimento das atividades propos- tas, replanejando as etapas caso necessário. As atividades podem ser elencadas no modelo a seguir. Quadro 1 Exemplo de cronograma Atividades Período Elaboração do projeto de pesquisa 00/00/0000 a 00/00/0000 Revisão de literatura – pesquisa bibliográfica Realização de pesquisa de campo (entrevista, oficina, observação, coleta de dados etc.) Análise dos dados Leitura e discussões sobre o tema Escrita do relatório preliminar Escrita do relatório final Entrega final Apresentação ou defesa Fonte: Elaborado pela autora. O cronograma ajuda a manter disciplina de trabalho e pode ser apresentado na forma de tabela ou quadro, distribuindo as fases da pesquisa de acordo com o tempo destinado a cada uma. 3.1.10 Referências Por fim, devem ser listadas todas as referências utilizadas na elabo- ração do projeto, conforme normas da instituição de pesquisa ou da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), sempre atentando para os preceitos éticos e dos direitos autorais, bem como para as devi- das normas de citações e recenseamento de obras e de autores. Projetos de pesquisa 61 3.1.11 Anexos e apêndices No projeto pode constar ainda anexos e apêndices, a depender dos instrumentos de coleta de dados ou das formas de pesquisa. São apêndices toda e qualquer elaboração do próprio autor a fim de completar, justificar ou coletar os dados de pesquisa, por exem- plo, questionários, roteiros, entrevistas etc. Já os anexos são documentos de outrem e servem como uma pesquisa documental, por exemplo, comprovações, mapas, legisla- ções etc. Nos anexos, você en- contra um template de projeto de pesquisa e um template de relatório de pesquisa. Importante 3.2 Tipos de pesquisa Vídeo É bem provável que você já tenha ouvido falar de alguns tipos de pesquisa, uma vez que frequentemente, não só nos meios acadêmi- cos, mas até mesmo nos noticiários, vemos a exposição de alguns dados de pesquisa e descobertas científicas. Quando falamos que vamos realizar uma pesquisa, imediata- mente alguém pergunta: mas de qual tipo será sua pesquisa (narra- tiva, documental, exploratória, histórica, experimenta etc;)? Vamos entender como se dá a classificação de cada um dos itens a seguir: 3.2.1 Natureza da pesquisa Do ponto de vista da natureza de pesquisa, de modo geral, pode- mos subdividir as pesquisas: básica e aplicada. Uma pesquisa é básica quando não busca interface com uma rea- lidade prática imediata ou quando não tem uma finalidade muito concreta. Assim, preocupa-se mais com questões universais. Uma pesquisa é aplicada quando busca intervir em dada realidade, vi- sando solucionar problemas específicos da realidade em questão, ou seja, será aplicada em determinado contexto, propondo soluções imediatas. Diferenciar os tipos de pesquisa – natureza, obje- tivo e procedimento. Objetivo de aprendizagem 62 Metodologia da pesquisa científica 3.2.2 Objetivos e abordagens de pesquisa Uma pesquisa pode ser orientada pela forma de abordagem quanto aos objetivos ou aos procedimentos, conforme apresentado na figura a seguir. Figura 7 Abordagem em uma pesquisa Métodos de pesquisa Métodos de abordagem Objetivo geral Objetivo específicos Visão ampla Etapas: passo a paso Métodos de procedimento Fonte: Elaborado pela autora. A abordagem em uma pesquisa diz respeito basicamente ao cami- nho mais amplo a ser perseguido em uma investigação, estando rela- cionada, nessa perspectiva, ao objetivo geral. Já os procedimentos estão relacionados aos processos técnicos e específicos, como etapas, um passo a passo em uma investigação, por isso estão mais associados aosobjetivos específicos em um projeto. Dessa forma, as pesquisas podem ser classificadas quanto aos obje- tivos de pesquisa, e perante os objetivos gerais elas podem ser classifi- cadas em: exploratórias, descritivas e explicativas. Vejamos:Figura 8 Tipos de pesquisa Exploratórias Geralmente utilizadas na fase inicial de uma investigação ou em estudos de curta duração, de modo que “exploram” para se familiarizar com o campo a ser conhecido. Podem ser apresentadas em forma de revisão de literatura ou estudo de caso. Bl an -k /S hu tte rs to ck Descritivas Buscam caracterizar ou descrever dada realidade, sem intervir nela, para coletar dados. São estudos de levantamento de dados em que se descreve o que é observado, estabelecendo relações de variáveis ou não. São um pouco mais aprofundadas que as pesquisas exploratórias, diferindo delas ao descrever e detalhar as causas ou fenômenos explorados, expondo as características do que é estudado. Bl an -k /S hu tte rs to ck Explicativas Buscam se aprofundar e explicar os fenômenos e os fatos observados, explicando por que as coisas se apresentam como são. Em geral, utilizam-se de métodos experimentais para chegar a alguma explicação. Por isso, são mais complexas, pois vão muito além de explorar ou descrever uma realidade, uma vez que precisam, além desses passos, interpretar para explicar por que os eventos ou fatos são como são. Bl an -k /S hu tte rs to ck A m m us /S hu tte rs to ck Fonte: Elaborada pela autora. https://blog.mettzer.com/diferenca-entre-objetivo-geral-e-objetivo-especifico/ Projetos de pesquisa 63 Note como as pesquisas podem ser complementares. Inicialmente, parte-se de uma pesquisa exploratória, para se conhecer determinado fenômeno. Porém, no decorrer da investigação chega-se à conclusão de que é possível descrever os fatos para uma melhor compreensão. Nesse caso, a pesquisa se utiliza de procedimentos descritivos. Por fim, a depender das fases e dos objetivos das pesquisas, po- de-se explicar as relações entre variáveis ou as conclusões a que se chegou com o estudo. Embora uma pesquisa exploratória ou descritiva não tenha o objetivo de explicar os fenômenos que descreve, ela pode servir de base para uma pesquisa explicativa. A diferença, nesse caso, obviamente depende dos objetivos de cada pesquisa, ou das fases e etapas combinadas ou não. 3.2.3 Procedimentos de pesquisa Os procedimentos, de modo geral, dizem respeito aos objetivos es- pecíficos em uma pesquisa ou à forma como os dados serão coletados. As fontes podem ser classificadas ou subdivididas em dois grupos, a depender dos tipos de fontes de dados: as de papel (pesquisa biblio- gráfica e pesquisa documental) ou aquelas cujos dados são fornecidos por uma pessoa ou por grupos de pessoas. 3.2.3.1 Fontes de pesquisa de papel É importante não confundir uma pesquisa documental com uma pesquisa bibliográfica. Apesar de as duas se utilizarem de base de da- dos parecidas, elas possuem objetivos e propósitos diferentes. Uma pesquisa de revisão bibliográfica 3 , também conhecida como revisão de literatura, bastante comum e trabalhos de conclusão de cur- so (TCC) tanto na graduação quanto na pós-graduação lato sensu (que se refere aos cursos de especialização de curta duração), objetiva revi- sar a literatura de determinado tema ou problemática. Isso é feito para conhecer ou entender com mais profundidade algum assunto, com base na visão de outros pesquisadores, pois é essencial se fundamen- tar nas contribuições de vários autores sobre o mesmo assunto por meio de livros, artigos, sites especializados, dissertações, teses, entre outros materiais de divulgação científica. Vale ressaltar que toda pesquisa passa por uma pesquisa bibliográfica ou de revisão de literatura, nem que seja para se am- bientar sobre o assunto. 3 64 Metodologia da pesquisa científica Outra questão que merece destaque é que em um trabalho de pes- quisa a revisão de literatura acaba por ser permanente, pois funda- menta o pesquisador desde a definição da temática até a conclusão da pesquisa. Um pesquisador atento deve procurar mapear e saber se há outros estudiosos pesquisando e publicando sobre a mesma temática e estar sempre se atualizando sobre o estado da arte 4 de seu tema de pesquisa. Já uma pesquisa documental se refere a documentos que podem ser públicos ou privados, a depender do interesse do pesquisador. A pesquisa documental organiza informações reunindo, em uma mes- ma fonte de consulta, vários dados sobre o mesmo tema ou assunto, até mesmo personalidades ou pessoas. As pesquisas documentais são classificadas também, como aponta Gil (2002), como documentos de primeira fonte, ou seja, aqueles que não receberam nenhum tratamento analítico, por exemplo: documen- tos oficiais e originais, como reportagens de jornal, cartas, contratos, fotografias etc. Já os documentos de segunda fonte, como explicita o autor, são aquelas que de alguma forma já foram analisados por al- guém, por exemplo: relatórios de empresas, tabelas estatísticas, rela- tórios de pesquisa etc. A pesquisa será documental quando, além das fontes de pesqui- sa em bases de documentos oficiais, ela se valer de observação crítica de uma obra específica, visando também à interpretação, à reflexão, à crítica ou ao juízo de valor sobre o conteúdo analisado. Tanto a pesquisa bibliográfica quanto a pesquisa documental po- dem servir de base e de triangulação com outras formas de pesquisa, de modo complementar. 3.2.3.2 Fontes de dados de pessoas Uma outra classificação possível para as pesquisas, quanto à forma de obtenção e organização dos dados coletados, pode ser classificada em dados experimentais e dados operacionais. Prodanov e Freitas (2013) diferenciam a pesquisa experimental das pesquisas operacionais. Segundo os autores, a pesquisa experimental é mais frequente nas ciências tecnológicas e nas ciências biológicas, pois apresenta em seus objetivos formas de demonstrar os experimentos, ou seja, como e por que determinado fato é produzido. De acordo os autores: Nome que se dá à publicação de revisão bibliográfica que reúne vários estudos em comum sobre um mesmo tema. Em geral, esses tipos de publicações oferecem uma ideia bem clara e definida sobre o que já foi pesquisado sobre determinado tema. 4 Projetos de pesquisa 65 a pesquisa experimental estuda, portanto, a relação entre fenô- menos, procurando saber se um é a causa do outro. Outro as- pecto importante é a diferença entre pesquisa experimental e pesquisa de laboratório. Embora o experimento predomine no laboratório, é possível utilizá-lo também nas ciências humanas e sociais. Nesse caso, o pesquisador faz seu experimento em campo. (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 57) Já as pesquisas operacionais são descritas como desenhos me- todológicos de pesquisas e podem ser subdivididas ou classificadas em: estudo de caso, pesquisa-ação, pesquisa participante, pesquisa ex-post-facto (a partir do fato passado), entre outras formas de aborda- gem, a depender dos procedimentos e instrumentos para a coleta de dados. Vamos conhecer esses tipos de pesquisa: Estudo de casoEstudo de caso Preocupa-se em entender um caso em específico, um assunto em particular. Os estudos de caso são principalmente utilizados na medi- cina e na psicologia, quando se exige um estudo aprofundado sobre determinado fenômeno, embora, como expõe Boaventura (2004), exis- tam estudos de caso que podem se configurar como um estudo do coletivo a fim de buscar soluções aos problemas sociais ou analisar informações de um grupo em específico, como de uma família ou de um caso em determinada comunidade, a depender do objetivo e do assunto da pesquisa. Segundo o autor, o estudo de caso se caracteriza também por sua característica de aplicabilidade prática ou de apresentar soluções para aquela situação específica. Alguns problemas recorrentes quanto aos estudos de caso dizem respeitoà dificuldade de generalizar um caso, ao rigor metodológico dos casos específicos e ao tempo destinado a essas metodologias, às vezes parecendo aligeirados, outras vezes de- mandando muito mais tempo para o retorno ou resultado dos casos analisados (BOAVENTURA, 2004). Pesquisa-açãoPesquisa-ação É um dos tipos mais comuns em termos de pesquisas sociais e hu- manas. Caracteriza-se por buscar uma mudança com base em uma ação gerada pela pesquisa, em que tanto o pesquisador quanto o grupo pesquisado são ativos em relação aos fatos pesquisados. Note que nem toda pesquisa tem a finalidade de provocar mudanças – às vezes ela ser- 66 Metodologia da pesquisa científica ve somente para constatar problemas –, mas no caso de pesquisa-ação é preciso comprovar que a ação gerou os resultados da pesquisa. Segundo Thiollent (2018, p. 25), um dos autores de referência para esse tipo de pesquisa: a pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a reso- lução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação da realidade a ser in- vestigada estão envolvidos de modo cooperativo e participativo. Pesquisa participantePesquisa participante Assim como na pesquisa-ação, esse tipo vai se caracterizar pela in- teração pesquisador/pesquisador, ou seja, pela participação do públi- co-alvo da pesquisa. De acordo com Gil (2002), a pesquisa participante gera um duplo desafio ao pesquisador: participar do fenômeno em questão e pesquisá-lo, correndo o risco, principalmente nas vertentes de ciências sociais, de aceitar fortemente a presença de ideologia como parte e influência do contexto. A pesquisa participante não assume sentido de mudança como na pesquisa-ação, mas de compreender o fato em si mesmo. Sendo assim, pesquisador e metodologia não se separam do processo, participando do processo investigado para entender o fenômeno em questão. Po- demos citar como exemplos de pesquisa participante os estudos com comunidades rurais e estudos étnicos, que se diferenciam nesse caso de pesquisa etnográfica, pois na etnografia não se exige a participação do pesquisador, ou seja, ele não precisa vivenciar a situação, somente relatar o ocorrido e fazer sua etnografia. Pesquisa Pesquisa ex-post-factoex-post-facto É um tipo de pesquisa que analisa o fenômeno após ele ocorrer, sendo bastante utilizada no meio econômico e social. De acordo com Gil (2002, p. 60), nesse tipo de pesquisa “o pesquisador não tem contro- le direto sobre as variáveis independentes, no máximo ele irá correla- cionar as variáveis após o fato ter ocorrido”, ou seja, ele simplesmente procura elucidar os fatos. Um exemplo desse tipo de pesquisa pode ser encontrado nas explicações de pesquisas investigativas sobre aciden- tes ou no caso do desastre em Mariana, Minas Gerais, em que após o ocorrido se buscou entender o que aconteceu, o porquê e a forma de prevenir situações parecidas. Projetos de pesquisa 67 Existem outras classificações e tipos de pesquisas, a depender dos enfoques pretendidos. Optamos aqui por apresentar as mais comuns. Obviamente, ao se debruçar em algum tipo de pesquisa em específico, existe a necessidade inerente de o pesquisador se aprofundar no tipo de pesquisa mais adequada para seu estudo, logo ele deve conhecer seus procedimentos 5 . Para complementar seus estudos, você pode acessar o artigo Metodologia científica: principais tipos de pesquisas e suas caraterísticas, de Jonas Magno dos Santos Cesário. Acesso em: 21 dez. 2021. https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/tipos-de-pesquisas Artigo A título de informação, podemos encontrar menções a pesquisas historiográficas, pesquisas narrativas, pesquisa- -formação, pesquisa-in- tervenção, pesquisas etnográficas, entre outras. 5 3.3 Tipos de revisões de literatura Vídeo Não é possível realizar uma pesquisa sem passar pela fase de revi- são de literatura da área, do assunto ou do tema, independentemente do tipo de pesquisa que se pretende realizar. Como já dito em outro momento, toda e qualquer pesquisa exige uma revisão bibliográfica, que começa como sondagem das temáticas e vai acompanhar todas as fases e etapas de pesquisa, seja para fun- damentar teorias e dados, seja para avaliar instrumentos de coleta e interpretação de dados, seja simplesmente para conhecer outros estu- dos realizados sobre a mesma temática. Com as divulgações científicas crescentes e cada vez mais populari- zadas e o advento da internet, podemos facilmente obter um volume de dados e informações cada vez maior. O desafio, principalmente em tempos de aligeiramentos e informações superficiais, é definir quais dados são críveis, quais fontes são seguras e quais autores de fato se debruçam sobre determinados temas. Definida a temática, ou até para se chegar a uma temática, proce- de-se com uma revisão bibliográfica que pode se iniciar de maneira esporádica, não sistemática, conhecendo obras sobre o assunto, pes- quisando-o em livros ou em sites comuns e procurando conhecer al- guns autores que já trataram desse assunto. Conhecer as principais formas de fazer revisão de literatura: bibliográfica tradicional, sistemática e integrativa. Objetivo de aprendizagem https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/tipos-de-pesquisas 68 Metodologia da pesquisa científica Rother (2007) explica que os estudos de revisão se subdividem em quatro outros métodos: Figura 9 Tipos de revisão Revisão sistemática Meta-análise Revisão qualitativa Revisão integrativa Fi re of he ar t/ Sh ut te rs to ck Fonte: Elaborada pela autora. Dentre os tipos de revisões de literatura, existe a revisão sistemática que reúne um conjunto de regras e passos bem definidos; a revisão qualitativa, também conhecida como revisão narrativa, é um tipo de revisão mais aberta, não exigindo um protocolo rígido; a revisão me- ta-análise combina questões de revisão sistemática com estudos pre- viamente definidos, para aprofundar as análises; a revisão integrativa visa mapear todas as produções possíveis sobre uma mesma temática e é esse tipo de revisão que vamos nos aprofundar um pouco mais. Vejamos seus principais tipos. 3.3.1 Revisão de literatura bibliográfica Feita a primeira varredura de identificação da área e definida a temá- tica, é hora de se debruçar no estudo em uma revisão bibliográfica, tam- bém conhecida como revisão de literatura bibliográfica tradicional. Nesse tipo de revisão, procuramos conhecer quem já estudou o assunto e quais são as principais obras que tratam desse tema. De modo geral, o pesqui- sador pode ir a uma biblioteca ou livraria para procurar livros que abor- dam o tema do seu estudo, como também pode fazer pesquisas on-line ou adquirir materiais para auxiliar nos estudos. fiz ke s/ Sh ut te rs to ck Outra questão importante em termos de revisão bibliográfica é pro- curar por obras ditas estado da arte, pois elas condensam boa base do que é pesquisado sobre aquele tema ou assunto, bem como apre- sentam os principais pesquisadores da área. Outra dica das revisões bibliográficas tradicionais é estudar a lista de referências que fica na parte final dessas obras e identificar quais outras obras ou autores abordam o mesmo assunto. Além de a revisão bibliográfica se configurar como um estudo sobre o assunto ou a temática, quando fazemos esses exercícios de buscas, procuramos situar os estudos ou o projeto de pesquisa perante o que já existe, o que supomos existir ou o que buscamos encontrar nesses estudos, analisando o que já foi pesquisado e o que ainda precisamos pesquisar sobre o tema escolhido. Prodanov e Freitas (2013) afirmam que as fontes mais apropriadas e que devem ser consultadas em primeiro lugar para realizar a revisão de literatura bibliográfica tradicional são revistas científicas, monogra- fias, dissertações e teses de autores que se aproximem de seu tema de pesquisa, livros e publicaçõesavulsas, assim como documentos, arqui- vos públicos e particulares, fotos, imagens, revistas, jornais, apostilas, resenhas, artigos etc. Desse modo, segundo Prodanov e Freitas (2013, p. 81), a revisão de literatura bibliográfica visa: • demonstrar o conhecimento que o pesquisador tem do assunto/ tema e do problema; • rever pesquisas desenvolvidas, tanto substanciais como metodo- lógicas, mais recentes na área escolhida; • descrever o campo de atuação no qual o estudo se propõe a es- tender o conhecimento teórico e/ou prático. • à reconstrução do conhecimento vigente sobre o tema (estado da arte). Prodanov e Freitas (2013) ainda completam o raciocínio so- bre as revisões de literatura bibliográfica chamando a atenção para as formas de coletar esses dados: por temas, fichários, catálogos, abstracts ou uma bibliografia sobre o assunto, a qual fornecerá os dados essenciais para a elaboração do trabalho. Projetos de pesquisaProjetos de pesquisa 6969 70 Metodologia da pesquisa científica Outra questão para a qual os autores chamam a atenção é quanto à localização das informações. Ao ter em mãos uma lista de obras como fonte possível de pesquisa, devemos fazer uma leitura prévia dessas obras, identificando os critérios de inclusão para uma segunda etapa de leituras mais seletivas sobre o assunto, procedendo, assim, com novos critérios de seleção até chegar às leituras críticas e analíticas, ou seja, uma leitura interpretativa, procurando estabelecer relações e confrontar ideias, reunindo em arquivos ou fichas de leitura citações, conceitos, opiniões e dados, para então redigir a própria revisão de lite- ratura, que é requisito para qualquer trabalho científico. 3.3.2 Revisão de literatura sistemática É necessário ter em mente que apenas uma revisão de literatura bibliográfica não é suficiente, pois com a evolução das pesquisas cien- tíficas, as ampliações das bases de dados, a divulgação crescente dos dados científicos – tanto em âmbito nacional quanto internacional – e com a alta produção sobre a mesma temática, é preciso cada vez mais delimitar bem a problemática, para que sua pesquisa não se torne mais do mesmo, caindo em repetições cada vez mais constantes. Uma das limitações dessas pesquisas bibliográficas tradicionais é quanto ao acesso às fontes e publicações físicas, que nem sempre são de fácil obtenção. Já com o advento dos dados virtuais, muito em voga na atualidade, há o método de revisão de literatura sistemática e inte- grativa sobre a temática em questão. O que é essa nova forma de fazer revisão de literatura? A revisão de literatura sistemática é definida por Greenhalgh (1997, p. 672 apud BOTELHO, CUNHA, MACEDO, 2011, p. 123) “como uma sín- tese de estudos primários que contém objetivos, materiais e métodos claramente explicitados e que foi conduzida de acordo com uma meto- dologia clara e reprodutível”. Apesar de as formas de se realizar as revisões de literatura serem parecidas, elas possuem objetivos, características e modos de proceder bem diferentes. A revisão sistemática possui etapas bem definidas, visa responder a uma pergunta específica e, diante dessa indagação, busca reunir estudos sobre um mesmo tema a fim de analisar metodologias utilizadas nos estudos, bem como as principais fontes de informação utilizadas, e ainda explicitar os critérios utilizados para a seleção e ava- liação dos trabalhos em estudo. Projetos de pesquisa 71 A revisão sistemática também ficou conhecida como revisão guarda- -chuva, pois tem por propósito englobar o máximo possível de tudo que é produzido sobre determinado enfoque, por isso, como mencionado, deve seguir passos bem definidos. 3.3.3 Revisão de literatura integrativa Para Botelho, Cunha e Macedo (2011, p. 127-128), “o termo ‘integra- tiva’ tem origem na integração de opiniões, conceitos ou ideias prove- nientes das pesquisas utilizadas no método. [...] Este procedimento foi escolhido por possibilitar a síntese e análise do conhecimento científico já produzido sobre o tema investigado”. Os autores apresentam as etapas da revisão integrativa em seis pro- cessos bem definidos, conforme podemos ver na figura a seguir. Figura 10 Revisão integrativa 1ª etapa 2ª etapa 5ª etapa 6ª etapa 3ª etapa 4ª etapa Id en tifi ca çã o do te m a e se leç ão d a qu es tã o de p es qu isa • D efi ni çã o do p ro bl em a • F or m ul aç ão d e um a pe rg un ta d e p es qu isa • D efi ni çã o da e st ra té gia d e bu sc a • D efi ni çã o do s d es cr ito re s • D efi ni çã o da s b as es d e da do s • Criação de um docum ento que descreva detalhadam ente a revisão • Propostas para estudos futuros • Uso das bases de dados • Busca dos estudos com base nos critérios de inclusão e exclusão • Discussão dos resultados Estabelecimento dos critérios de inclusão e exclusão Análise e interpretação dos resultados • Leitura do resum o, palavras-chave e título das publicações • Organização dos estudos pré-selecionados • Identificação dos estudos selecionados • E lab or aç ão e us o da m at riz d e s ín te se • C at eg or iza çã o e a ná lis e d as in fo rm aç õe s • F or m aç ão d e u m a b ib lio te ca in di vid ua l • A ná lis e c rít ica d os es tu do s s ele cio na do s Identificação dos estudos pré-selecionados e selecionados Ca te go riz aç ão do s es tu do s s ele cio na do s Apresentação da revisão/ síntese do conhecim ento Revisão integrativa Fonte: Adaptada de Botelho; Cunha; Macedo, 2011, p. 129. 72 Metodologia da pesquisa científica Com efeito, na revisão integrativa, parte-se de uma revisão sis- temática, seguindo os mesmos passos após a definição da pergunta sobre o que e quais dados se quer buscar. Em seguida, definem-se as bases de dados que podem ser utilizadas, individuais ou agrupa- das, a depender dos critérios de inclusão e exclusão de dados e das bases de dados. Como banco de dados de pesquisas, é possível utilizar fontes como a SciELO, a Capes, repositórios de teses e dissertações, traba- lhos publicados em anais de congressos, sites de revistas ou perió- dicos de pesquisas, enfim, uma infinidade de bases de dados tanto nacionais quanto internacionais, e por intermédio da definição de que base se quer mapear, iniciam-se as buscas e os filtros avaliativos para os trabalhos. Na etapa seguinte, são definidos critérios de temporalidade e in- clusão ou exclusão de trabalhos, com base em variáveis ou agrupa- mentos por semelhança entre os estudos. Dessa forma, na revisão integrativa o objetivo é realizar uma análise do conhecimento já rea- lizado por pesquisas anteriores sobre determinado tema, possibili- tando assim uma síntese sobre esses estudos. Com base em revisões de literatura, é possível identificar os cami- nhos metodológicos possíveis para a realização dos estudos. Após essa análise, verificam-se as possíveis lacunas, ou seja, estudos que pressupomos existir, mas que ainda não foram realizados, ou pelo menos não com o enfoque que pretendemos dar. Com essa metodo- logia, busca-se, principalmente em nível de doutorado, tornar uma pesquisa inédita. Para entender e aprofundar seus estudos, sugerimos a leitura do artigo O método da revisão integrativa nos estudos organizacionais, de Louise Lira Roedel Botelho, Cristiano Castro de Almeida Cunha e Marcelo Macedo. Acesso em: 21 dez. 2021. https://www.gestaoesociedade.org/gestaoesociedade/article/view/1220/906 Artigo Projetos de pesquisa 73 3.4 Coleta e análise dos dados Vídeo Em uma pesquisa, coleta de dados para posterior análise é um dos pontos-chave na investigação, devendo ser detalhada na meto- dologia de um projeto de pesquisa. Ter clareza sobre as possibilidades e o alcance de cada método para a coleta de dados fará muita diferença em seu planejamento de pesquisa, bem como na potencialidade de exploração das infor- mações essenciaispara a análise e o estudo de uma problemática definida para a investigação. Nesse sentido, a coleta de dados em uma pesquisa deverá ser pautada com base na definição da problemática e dos objetivos, vislumbrando os métodos possíveis para co- letar esses dados, com vista a atingir os objetivos e a responder ao problema de pesquisa. Ao se definir a problemática e os objetivos da pesquisa, o pró- ximo passo é levar em conta o tipo de abordagem na investigação, para então se definir o método e os instrumentos para a coleta de dados e, assim, iniciar a análise. Para a definição do tipo de abordagem e a coleta de dados, a grande diferença está no direcionamento do olhar do pesquisador para os dados em questão, a saber: se os dados se referem a quantificar o fenômeno estudado, a pesquisa terá um norte quantitativo; se os dados visam a uma análise em termos de abordagem de qualificar o fenômeno em questão, ela terá um aporte qualitativo; por fim, há casos em que se depende dos tipos de dados combinados ou de etapas que envolvem uma exploração mista ou quali-quanti em termos de pesquisa. Tudo dependerá da forma de abordagem do problema. Vamos entender cada uma dessas características. • Conhecer os principais instrumentos de coleta de dados em pesquisas científicas. • Diferenciar os tipos de coleta de dados, bem como as formas de se fazer a análise de dados em uma pesquisa. Objetivos de aprendizagem 74 Metodologia da pesquisa científica 3.4.1 Pesquisa quantitativa Nessa abordagem, a investigação é norteada pelo número de re- petições e por dados numéricos, ou seja, refere-se a tudo que possa ser quantificável, medido e classificado. Nesse caso, para a coleta de dados, o pesquisador deve se valer de técnicas estatísticas, por exemplo, porcentagem, média ou coeficiente de correlação. Os instrumentos para essa coleta devem ser mensurados por tes- tes, escalas, questionários e levantamentos de dados numéricos quan- tificáveis, por exemplo, dados referentes a idade, variações de peso, tamanho, características mensuráveis, padrões de repetição etc. de uma certa população. Note que a simples caracterização de um perfil ou de um público- -alvo de pesquisa não significa que a sua pesquisa é quantitativa. Ela só será quantitativa se toda a análise caminhar para a diferenciação desses dados e isso implicar uma mensuração quantificável, variá- vel, conforme as quantidades e repetições do que está sendo estu- dado. Dito de outra maneira, é a forma de abordagem dos objetivos que define se a pesquisa será quantitativa ou não. 3.4.2 Pesquisa qualitativa Na abordagem qualitativa o que importa é a qualidade de dados que podem ser apresentados em forma narrativa, descritiva, expli- cativa e de observações em termos ou conceitos, ou seja, muito mais que a quantidade, é a forma como os dados serão tratados na inves- tigação que conduz o pesquisador a atingir seus objetivos e respon- der ao problema de pesquisa. Por isso, em termos de pesquisa qualitativa, é comum se levantar um grande número de dados, e a questão é o que fazer com eles, como entrelaçá-los de modo a buscar as respostas, como demons- trar a importância e a relevância desses dados para o que se precisa comprovar. Para as coletas de dados qualitativos, é possível se utilizar de le- vantamento de dados pela pesquisa survey (pesquisa quantitativa), que diz respeito à representatividade e à amostragem. Em uma co- leta de dados qualitativa, o locus (local) onde será feita a coleta de Projetos de pesquisa 75 dados também é relevante e pode dizer muito sobre a investigação. Esse locus pode ser um local tanto físico como virtual (redes de inter- net, plataformas digitais etc.). Prodanov e Freitas (2013, p. 58) discutem sobre as principais vantagens dos levantamentos: “conhecimento direto da realidade; economia e rapidez; quantificação”. Os autores ainda apresentam as principais limitações dos levantamentos: “ênfase nos aspectos perspectivos; pouca profundidade no estudo da estrutura e dos pro- cessos sociais; limitada apreensão do processo de mudança”. Eles finalizam destacando, tendo em vista as vantagens e as limitações apresentadas, que “os levantamentos se tornam muito mais ade- quados para estudos descritivos do que para explicativos”. Outra característica fundamental das pesquisas qualitativas diz res- peito à amostragem de pesquisa frente à população ou ao universo da pesquisa. Diferentemente da pesquisa quantitativa, que trabalha com muitos dados, a pesquisa qualitativa deve definir critérios para que se possa trabalhar com a representatividade de um grupo, quando não é possível trabalhar com o todo, selecionando uma amostragem. Já a definição dos instrumentos de coleta de dados dependerá dos objetivos que se pretende alcançar com a pesquisa e do univer- so a ser investigado. Os tipos de coleta de dados podem envolver a interrogação direta aos participantes, por exemplo: questionários; formulários on-line; perguntas face a face; grupo focal; roteiros de entrevistas estruturadas ou não; entrevistas formais ou informais; materiais de gravação de voz e vídeos; filmagens; fotografias; plataformas digitais; software; memoriais, entre outros instrumentos para coleta de dados. 76 Metodologia da pesquisa científica 3.4.3 Pesquisas de observação Quanto às pesquisas de observação, faz diferença o fato de o observa- dor ter participação ou não na pesquisa, de acordo também com o tipo de pesquisa, se é uma pesquisa participante ou uma pesquisa-ação. A obser- vação pode ser direta ou indireta, com anotações e/ou gravações do obser- vado, ou um relatório do diário dessas observação, do diário de campo ou do diário de bordo, dependendo da ênfase da pesquisa: se ela será explo- ratória, descritiva ou explicativa; se ela será experimental ou operacional. 3.4.4 Pesquisas mistas ou quali-quanti Em pesquisas mistas, é possível se utilizar de dados tanto quantitati- vos como qualitativos e das diversas formas de se obter esses dados. Tão importante quanto a coleta será a forma como esses dados serão trata- dos e interpretados, dependendo sempre da escolha do tipo de aborda- gem que seu tema ou assunto comporta para a pesquisa em questão. Por isso, tão essencial quanto a definição das fases e etapas da pes- quisa em um projeto, por exemplo, será a definição das formas de coletar os dados, diferenciando os instrumentos dos procedimentos de coleta e como esses dados podem ser interpretados com base nos pressupostos teórico-metodológicos de cada vertente e tipo de pesquisa. Para tanto, existem manuais metodológicos e de aprofundamento para cada tipo de pesquisa, bem como o detalhamento de como proce- der para coletar e analisar dados, o que não é uma tarefa fácil ao pes- quisador. Quanto aos aspectos metodológicos, o pesquisador deve estar atento à forma e aos procedimentos para se coletar os dados e pensar nos instrumentos possíveis para essa coleta, bem como se antever às possíveis formas de fazer a interpretação e a análise de dados, a depen- der das teorias que embasam o estudo. Na análise de dados, pode-se utilizar triangulação, que se refere ao uso de diferentes fontes e métodos tanto para a coleta de dados quanto para a análise de dados. De acordo com Flick (2013), a triangulação significa olhar para o mes- mo fenômeno ou questão de pesquisa com base em mais de uma fonte de dados. Assim, os pesquisadores têm a possibilidade de melhorar a precisão de suas avaliações, utilizando metodologias distintas, coletando dados de diferentes formas, analisando esses dados por métodos distin- Projetos de pesquisa 77 tos ou até mesmo empregando diferentes pesquisadores para estudo de um mesmo fenômeno. A análise de dados dependerá do desenho metodológico adotado na pesquisa, envolvendo a estrutura dos dados coletados, e isso implica organizar as unidades, as categorias, os temas e os padrões. Também envolve organizar e avaliar os dados para que as interpretaçõesdo pro- cesso sejam direcionadas para a resposta ao problema de pesquisa. Para interpretar os dados, podemos utilizar bases estatísticas e probabilísticas para as pesquisas quantitativas e nos fundamentar em teorias como análise textual, análise de discurso, análise de conteúdo, fenomenologia, etnografia, representações sociais e núcleos de significa- ção para as pesquisas sociais ou qualitativas. Em outros termos, o marco teórico ou as referências da pesquisa apresentarão o embasamento teórico sobre o qual se fundamentará a análise dos dados de pesquisa, permitindo que se chegue às conclusões necessárias. É importante em uma investigação ter a clareza dos processos e pro- curar responder às seguintes questões: O que pesquisar? (problema e objetivos da pesquisa) Com quem será a pesquisa? (população-alvo e amostragem) Onde será feita a pesquisa? (locus e pesquisa de campo) Como será feita a pesquisa? (tipos de pesquisa, métodos e proce- dimento para a coleta de dados) Por que a pesquisa será feita? (fundamentos teóricos e análise de dados) Ter clareza das fases e etapas desde o projeto de pesquisa fará com que o pesquisador se adiante perante os possíveis problemas e dificuldades no decorrer da pesquisa. Assim, executar um bom projeto já é uma forma de planejamento de pesquisa, o que facilitará tanto sua execução quanto sua conclusão. É por essa razão que tantos manuais de metodologia científica enfatizam a elaboração dos projetos de pesquisa como cruciais. CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste capítulo você pôde perceber a importância do projeto de pesqui- sa na elaboração, no planejamento e na execução de uma pesquisa e iden- tificou por que todo trabalho científico começa com esse primeiro passo. 78 Metodologia da pesquisa científica Com isso, foi possível compreender todos os elementos envolvidos na construção de um bom projeto, percebendo o passo a passo para desen- volvê-los, conhecendo seus elementos essenciais e entendendo cada uma das etapas de elaboração. Vimos que elaborar um bom projeto já é mais que meio caminho da pesquisa, pois ele é definidor do bom andamento em uma investigação. Além disso, conhecemos os principais tipos de pesquisa e de revisões de literatura, aprendemos como realizá-las, e vimos que a revisão de literatura é uma constante em um projeto de pesquisa. Por fim, vimos como diferenciar as pesquisas quantitativas das qualita- tivas e como fazer a coleta de dados. Aprendemos também sobre as pes- quisas de campo, suas abordagens, procedimentos de coleta e análise de dados, diferenciando-os quanto às fontes, aos dados e aos procedimentos de investigação. ATIVIDADES Atividade 1 Uma das formas de identificar a construção de um projeto de pes- quisa é percorrer um caminho inverso, após a divulgação de artigos científicos, procurando identificar os elementos do projeto. Nos artigos, é possível identificar elementos como temas e problemáticas, metodologias e referencial teórico. Para sistematizar e exercitar um pouco, propomos o seguinte exercício: a) Escolha um artigo de divulgação científica que tenha aproximação com sua temática de pesquisa. b) No artigo, identifique o(s) autor(es), título da pesquisa, ano e local em que foi publicado, localização institucional da pesquisa ou onde foi realizada a pesquisa, quando foi realizada, orienta- dor, tipo de estudo, se houve financiamento e link de acesso do trabalho. c) Identifique a temática e o problema de pesquisa, bem como se há pressupostos, hipóteses ou questões norteadoras. d) Verifique se os objetivos estão expostos no artigo. e) Identifique a metodologia usada na pesquisa, os instrumentos de coleta de dados e os procedimentos para análise desses dados, bem como a forma de coleta e os participantes da pesquisa. f) Identifique os principais autores de referência ou as principais obras e linhas teóricas que fundamentam a pesquisa. Verifique se há conceitos apontados no texto e se são devidamente discutidos. g) Identifique as análises, a discussão dos resultados e a conclusão do estudo. h) Por fim, sistematize a contribuição desse artigo para a sua temá- tica de pesquisa, fazendo um fichamento dele com as principais ideias ou citações. Projetos de pesquisa 79 Atividade 2 Para sistematização do conteúdo trabalhado nesse capítulo, busque um artigo de divulgação científica que tenha aproximação com sua temática de pesquis. Ao ler o artigo, procure sresponder às seguintes perguntas: • É possível identificar de que tipo de pesquisa se trata o artigo em questão? • Que recursos metodológicos caracterizam o tipo de pesquisa abordado no artigo? Atividade 3 Diferencie os tipos de revisões de literatura: bibliográfica, tradicio- nal, sistemática e integrativa. Atividade 4 Para exercitar o que foi exposto neste capítulo, faça um primeiro esboço de sua pesquisa, procurando responder às questões a seguir. a. Sobre o que pretende pesquisar? (problema e objetivos da pesquisa) b. Com quem e onde imagina que sua pesquisa pode ser feita? (população-alvo e amostragem) c. Descreva como pretende realizar a sua pesquisa, qual será o público-alvo, quais grupos serão usados para selecionar a amostragem, como será realizada a coleta de dados? d. Por que essa pesquisa será feita? Ela será feita com base em quais justificativas e fundamentos teóricos prévios? REFERÊNCIAS ABNT. NBR 6023: informação e documentação – referências – elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, 2020. BOAVENTURA, E. M. Metodologia da pesquisa: monografia, dissertação e tese. São Paulo: Atlas, 2004. BOTELHO, L. L. R.; CUNHA, C. C. A.; MACEDO, M. O método da revisão integrativa nos estudos organizacionais. Gestão e Sociedade, v. 5, n. 11, p. 121-136, 2011. Disponível em: https://www.gestaoesociedade.org/gestaoesociedade/article/view/1220/906. Acesso em: 17 dez. 2021. FLICK, U. Introdução à metodologia de pesquisa: um guia para iniciantes. Porto Alegre: Penso, 2013. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. 80 Metodologia da pesquisa científica LAVILLE, C.; DIONNE, J. O percurso: problema-pergunta-hipótese. In: LAVILLE, C.; DIONNE, J. A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas. Porto Alegre: Artmed; Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1999. MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo: Atlas, 2010. PRODANOV, C. C.; FREITAS, E C. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2. ed. Novo Hamburgo: Universidade Feevale, 2013. Disponível em: https://docplayer.com.br/40987489-Metodologia-do-trabalho-cientifico- metodos-e-tecnicas-da-pesquisa-e-do-trabalho-academico.html. Acesso em: 17 dez. 2021. ROTHER, E. T. Revisão sistemática x revisão narrativa. Acta Paulista de Enfermagem, v. 20, n. 2, p. 5-6, 2007. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-21002007000200001. 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Muitos estudantes ficam preocupados com esse momento: a entrega do relatório de pesquisa, uma vez que é nele que o estudo, de fato, ga- nha forma e conteúdo. Entretanto, lhe pergunto:o que escrever em um relatório caso a pesquisa não tenha seu passo a passo bem delineado e bem executado? Você só terá um bom relatório se, de fato, tiver uma pesquisa com dados bem elaborados e bem fundamentados. Para tanto, existem méto- dos para redigi-lo, na verdade, a metodologia científica também se ocupa disso. Neste capítulo, você irá entender como descrever sua pesquisa em um relatório, entendendo quais são os tipos mais comuns. Além disso, você vai conhecer normas e maneiras de redigir relatórios (completos, parciais, expandidos e resumos), aliando a forma ao conteúdo produzido na pesquisa. 4.1 Tipos de relatórios de pesquisa Vídeo Vamos imaginar algumas situações: você está concluindo seu curso e precisa fazer seu trabalho de conclusão de curso (TCC). Evidentemen- te, você terá um orientador ou algum suporte da sua instituição para executar esse trabalho e algumas orientações quanto aos temas e às regras que deve seguir. Os TCC são utilizados na parte final de cursos de graduação e em alguns cursos de especialização lato sensu. Em grande parte dos cursos de pós-graduação lato sensu também já são aceitos artigos em forma de trabalho de conclusão de curso. Além disso, os artigos que podem ser derivados de um trabalho monográfico também são formatos utili- zados para a divulgação científica em revistas e periódicos especializa- dos na área do tema estudado. Conhecer os principais tipos de relatórios de pesquisa, trabalhos de conclusão de curso (TCC), artigos e resumos de divulgação científica. Objetivo de aprendizagem Existem ainda outras formas exigidas tanto no meio acadêmico quanto no meio de divulgação científica para apresentar os dados de uma pesquisa – congressos, anais de eventos científicos, periódicos e revistas etc.–, que variam conforme as exigências de cada instituição ou organizadora de eventos. De modo geral, as regras são disponibili- zadas e são bem claras, e cada instituição, site de revista especializada e congresso divulga as normas e os templates que devem ser seguidos. Nosso objetivo principal é a adequação a essas exigências, prin- cipalmente no que se refere às diretrizes da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que é o órgão responsável pela normalização de trabalhos científicos no país. Existem outras instituições, como a As- sociação Americana de Psicologia (APA – sigla em inglês), que também ganhou notoriedade no Brasil, pelas formas e exigências em seus tra- balhos científicos, principalmente nas pesquisas da área de humanas. Há de se esclarecer ainda que além dos relatórios de pesquisas para os cursos de graduação e pós-graduação, temos as dissertações, no caso de cursos de mestrados acadêmicos e mestrados profissionais, e as teses, no caso dos cursos de doutorado. A finalidade da ABNT é padronizar normas e processos dos mais variados setores, criando parâmetros para avaliação e qualidade. Você já imaginou se, no caso de trabalhos acadêmicos, cada estudante resol- vesse criar suas próprias regras? Com certeza, isso dificultaria o enten- dimentos dos trabalhos. Cabe ressaltar que a ABNT não trata somente das normatizações dos trabalhos acadêmicos. A ABNT é uma associação ampla, que trata de toda a normatização brasileira, incluindo acordos internacionais dos mais variados setores, normas e certificações. De acordo com a NBR 10719 (ABNT, 2020g), os trabalhos de conclu- são de curso são descritos como: Você pode se informar e conhecer mais sobre a APA e suas padronizações mundiais, pois essas normas já são exigidas em vários contextos internacionais. Disponível em: https://www.apa. org/. Acesso em: 22 dez. 2021. Saiba mais Os programas de mestrado têm duração média de dois anos e os de doutorado, de quatro anos. Ambos precisam de uma banca, que não é aberta ao público, para qualificar o processo de pesquisa. Ao final, as bancas de defesas são públicas, quando as pes- quisas são apresentadas e discutidas. Curiosidade • monografia; • dissertação ou tese. Além das monografias, dissertações e teses, existem ainda outros tipos de relatórios de pesqui- sa mais comuns, como o relatório propriamente dito, artigos, papers, resumos, resumos expandidos, entre outros, que serão apresentados e diferencia- dos a seguir. Un dr ey /S hu tte rs to ck 8282 Metodologia da pesquisa científicaMetodologia da pesquisa científica 4.1.1 Monografia É o trabalho mais utilizado nos TCC tanto de graduação quanto de pós-graduação. Em linhas gerais, a monografia sintetiza um traba- lho acadêmico ou de pesquisa com vistas a uma aprendizagem mais aprofundada de determinado tema ou assunto. Ela segue as normas de cada instituição, que designa um professor para orientar a condu- ção do trabalho desde a definição das temáticas, passando pelo modo de se fazer o estudo, pensando na delimitação e na profundidade do tema, na bibliografia e no referencial teórico, até a apresentação do trabalho monográfico propriamente dito. As monografias são dirigidas como relatórios de pesquisas, por isso contemplam trabalhos teóricos de revisão de literatura sobre determinado tema, análises documentais ou pesquisas de campo. É importante destacar que apesar de se assemelhar muito aos projetos de pesquisas, no relatório de pesquisa, em forma de monografia ou TCC, você deverá acrescentar todo o resultado da investigação, con- solidando a pesquisa e os objetivos de aprendizagem para esse tipo de trabalho. Como forma de avaliar os relatórios de pesquisas ou monografias, algumas instituições solicitam um parecer de algum especialista ou de bancas examinadoras compostas de um ou mais professores, além do professor orientador. Para essa banca, deverão ser apresentados os tópicos principais da pesquisa e os resultados obtidos. A banca fará a arguição (questionamentos) para validar e fazer uma avaliação tanto da pesquisa quanto do proponente pesquisador, verificando, assim, a validade do estudo. Nos tópicos a seguir retomaremos as formas de elaboração desses trabalhos acadêmicos e científicos diante das normas, estruturas e mo- delos de serem realizados e apresentados. Não há muito consenso em torno das nomen- claturas utilizadas para designar esse tipo de trabalho. Algumas insti- tuições ainda chamam de monografia; outras chamam de TCC; outras ainda, de relatórios de pesquisa. Porém, perante a ABNT, todos os forma- tos seguem as mesmas regras, independente- mente do nome que se dê a eles. Atenção ca rlo s ca st ilh a/ Sh ut te rs to ck Relatórios de pesquisaRelatórios de pesquisa 8383 4.1.2 Dissertação ou tese A dissertação e a tese evolvem um conhecimento um pouco mais aprofundado tanto em relação às metodologias de pesquisa quan- to em relação às exigências formais de acordo com a titulação e instituição. A dissertação é o trabalho de conclusão de curso para os cursos de mestrado, ou seja, valida a titulação de mestre no assunto. Tem por objetivo dissertar, ou seja, demonstrar um aprofundamento de estudos sobre determinada temática, por isso é um pouco mais aprofundada e fundamentada do que uma monografia de especia- lista. São graus de estudos cada vez mais profundos. Os cursos de mestrado têm duração média de dois anos. Já a tese é o trabalho de conclusão de curso para os estudos de doutorado, ou seja, valida a titulação de doutor no assunto, conden- sando estudos mais profundos ainda. Outra diferenciação usual é que as monografias e cursos de es- pecialistas têm função lato sensu, ou sejam, versam sobre temáticas amplas. Já as dissertações e teses, dos cursos de mestrado e dou- torado, são stricto sensu (sentido estrito), ou seja, exigem temáticas específicas e aprofundadas nas áreas de estudo, por isso exigem maior originalidade nas abordagens. A seguir vamos explorar mais alguns tipos de relatórios de pes- quisa, mesmo que em forma de síntese, os quais são bastante usuais no contexto acadêmico. 4.1.3 Artigo científico Muito comumcomo trabalho de conclusão de curso, ou ainda como requisito de divulgação para ingresso em mestrados e doutorados, a publicação de um artigo científico exige do pesquisador, além do conhecimen- to de normas técnicas e de metodologias de pesqui- sa, capacidade de síntese e habilidade de escrita científica, pois são esses alguns dos requisitos para um bom artigo. 8484 Metodologia da pesquisa científicaMetodologia da pesquisa científica ES B Pr of es si on al /S hu tte rs to ck Relatórios de pesquisa 85 Como forma de trabalho de conclusão de curso, também podem ser aceitos os artigos, que são uma síntese da pesquisa realizada, geralmente delimitada em torno de 15 páginas e que precisa ter uma problemática bem definida e apresentar brevemente métodos e resultados da pesquisa, bem como possibilitar uma análise crítica sobre o que está sendo apresentado. Dessa forma, um artigo deriva do que poderia ser apresentado em uma monografia, demostrando a capacidade de síntese e os resultados da pesquisa objetivamente. Por isso, em alguns cursos já são exigidos somente o artigo como produto final de uma pesquisa. De modo geral, os artigos têm autoria declarada de um ou mais pesquisadores; ou seja, pode-se publicar artigos em grupos de pes- quisadores sobre determinado tema, de natureza técnica e cientí- fica. Neles expõe-se também se as pesquisas contaram com algum tipo de financiamento, além das credenciais e habilitações dos pesquisadores. Os artigos são considerados versáteis e atingem mais rapidamen- te uma comunidade de leitores. Eles também devem seguir normas técnicas tanto para sua publicação quanto para sua redação, seguin- do as mesmas exigências quanto às padronizações de citação, refe- rências, preceitos éticos etc. 4.1.4 Resumo O resumo deve compor todos os modelos de trabalhos cientí- ficos, eventualmente sendo solicitado para inscrição em eventos científicos ou divulgação do que se trata um trabalho em específico, ou seja, um resumo é uma prévia, uma síntese sobre o que versa determinado estudo. Ele também segue regras específicas quanto à formatação, à apresentação em outros idiomas e à composição de três a cinco palavras-chave. Um resumo deve ser apresentado de maneira clara, com tema e problema abordados e objetivos, bem como a metodologia de tra- balho, os pressupostos teóricos ou antecedentes científicos e os re- sultados do trabalho de modo bem objetivo. Um grande indexador de publicações científicas tanto nacionais quanto internacionais é o SciELO (Scientific Electronic Library Online) Brasil. No site, você encontra os mais diversos artigos sobre as mais diferentes temáticas. Vá até a página e faça um teste sobre os assuntos de seu interesse e descubra o que já foi pesquisado sobre esse tema e quem são os pes- quisadores que também se interessam por essa temática, bem como o local em que ocorrem essas pesquisas e onde têm sido publicados esses estudos. Disponível em: https://www.scielo. br/. Acesso em: 10 jan. 2022. Saiba mais https://www.scielo.br/ https://www.scielo.br/ 86 Metodologia da pesquisa científica De acordo com a NBR 6028 (ABNT, 2020e), um resumo deve ter de 150 a 500 palavras para trabalhos acadêmicos, monografias, re- latórios técnico-científicos, dissertações e teses. Deve ser seguido de três a cinco palavras-chaves, com as iniciais em letras maiúsculas, separadas por ponto e vírgula (;). 4.1.5 Resumo expandido Em um resumo expandido, além dos itens comuns do resumo síntese, o pesquisador poderá utilizar alguns parágrafos a mais para explicitar algum aspecto relevante do resumo, como o método utili- zado ou os resultados atingidos. A ideia, como o nome diz, é expandir, explicar algo a mais, ou seja, demonstrar qual ênfase você quer mostrar com esse trabalho. Os resumos expandidos são bastante utilizados em anais de eventos científicos, que em geral divulgam as formas e os critérios para se redigir esses resumos. 4.1.6 Paper ou relatório pessoal de pesquisa O paper é utilizado em contextos muito específicos, por exemplo, para apresentação de credenciamento a um grupo de pesquisa, ou ainda para comunicação em algum evento científico. Ele carrega a característica de ser mais pessoal, assemelhando- -se muito a um artigo, e sua extensão varia de 15 a 20 páginas, po- rém com finalidade distinta. Trata-se de uma ideia base da pesquisa, sem, no entanto, ter o compromisso com dados finais como em um artigo. O paper também é utilizado em algumas disciplinas dos cursos de graduação, como relatórios parciais, pesquisas de revisão de litera- tura, sondagem de temas, sínteses de estudos etc. Na canal do YouTube da Revista Científica Núcleo do Conhecimento, você pode acessar diversos vídeos sobre esse mundo da produção científica e descobrir como fazer rese- nhas, sínteses, resumos e projetos de pesquisa, além de encontrar outras dicas para a escrita acadêmica. Vale a pena conhecer! Disponível: https://www.youtube. com/c/ RevistaCient%C3%ADficaN%C3% BAcleodoConhecimento. Acesso em: 10 jan. 2021. Saiba mais Ch in na po ng /S hu tte rs to ck Relatórios de pesquisa 87 4.2 Normas para a elaboração de trabalhos científicos Vídeo Tão importante quanto a qualidade do conteúdo apresentado nos relatórios de pesquisas e em trabalhos científicos é a questão da forma como esses trabalhos são apresentados, pois é a forma que dá estrutura ao conteúdo. Tente imaginar como seria difí- cil as avaliações desses trabalhos se não houvesse padrões para apresentação. Com o advento da tecnologia e os padrões de computação, ficou mais fácil configurar normas técnicas no que diz respeito à apre- sentação, à configuração e até mesmo à editoração de se redigir, aparentar e padronizar trabalhos acadêmicos. Tente lembrar como eram apresentados alguns trabalhos es- colares, com características bem pessoais, em letras manuscritas e papel almaço. Até para esse formato já se tinha certa padroniza- ção. A comparação parece grotesca, mas se não seguirmos algumas normas para apresentação, essa personalização acaba aparecendo mesmo em época de trabalhos digitais, ou seja, se não seguirmos as normas técnicas, o trabalho fica com características pessoais e desfigurado. Para que isso não ocorra, a ABNT se ocupa desses detalhes de padronização. As explicações que utilizaremos a seguir se tratam de padroni- zações descritas pela ABNT, principalmente no que tange às NBR 6022, 6023 e 6024, assim como às NBR 6027 e 6028, do ano de 2018, com as atualizações do ano de 2020, no que se refere a tra- balhos acadêmicos, trabalhos científicos, trabalho de conclusão de curso, monografias, artigos científicos, normas científicas, citações e referências, entre outras normatizações. Para a elaboração de um relatório de pesquisa, precisamos iden- tificar quais são os elementos textuais (que se referem aos textos que serão apresentados no trabalho), pré-textuais e pós-textuais. Vamos separar esses elementos para explicá-los e defini-los Entender a questão das normatizações em traba- lhos acadêmicos perante as normas da ABNT. Objetivo de aprendizagem Para conhecer mais sobre a ABNT, vale a pena aces- sar seu site oficial. Além de garantir as normas dos trabalhos acadêmicos, a ABNT é responsável por uma série de certificações. Ao visitar o site, você vai descobrir que existem normas técnicas para quase tudo! Disponível em: https://www.abnt. org.br/. Acesso em: 23 dez. 2021. Site https://www.abnt.org.br/ https://www.abnt.org.br/ 88 Metodologia da pesquisa científica Figura 1 Elementos pré e pós-textuais de traba- lhos acadêmicos Elemento obrigatório Elemento opcional Sumário Lista de símbolos Lista de abreviaturas e siglas Lista de tabelas Lista de ilustrações Resumo em língua estrangeira Resumo Epígrafe Agradecimentos Dedicatória Folha de aprovação Folha de rosto Capa Antes do texto Índice Anexo Apêndice Glossário Referências Após o texto Fonte:Adaptada ABNT, 2020h. Relatórios de pesquisa 89 Nos elementos pré e pós-textuais existem itens que são obrigató- rios e outros que são opcionais. Nos elementos pré-textuais, os itens capa, folha de rosto, folha de aprovação, resumo, resumo em língua estrangeira e sumário são obrigatórios. Já os itens dedicatória, agra- decimentos e epígrafe e as listas são opcionais, pois a ausência desses elementos não descaracteriza o entendimento do trabalho. Já para os elementos pós-textuais, é obrigatória a apresentação de lista de refe- rências na parte final do relatório, sendo que apêndices e anexos são opcionais ou devem ser apresentados conforme necessidade. Ter em mente essa diferenciação já é um bom começo para iniciar a organização de seu relatório de pesquisa. Por sinal, uma boa pergunta sobre como começar a redigir um relatório de pesquisa é: por onde começar? Nesse caso, as normatizações podem ajudar. Comece configurando as páginas e definindo o padrão de papel e de margens para que seu texto vá adquirindo a forma correta de apresentação (Anexos 1 e 2). MargensMargens Conforme a NBR 14724 (ABNT, 2020h), quanto ao formato de papel, os textos devem ser apresentados em papel branco, formato de pági- nas em papel A4 (21,0 cm x 29,7 cm), com margens de 2 e 3 centímetros, como na figura a seguir, sendo 2 centímetros para as margens à direita e inferior e 3 centímetros para as margens à esquerda e superior. Figura 2 Tamanho das margens e papel 3 cm 2 cm 2 cm3 cm Fonte: Elaborada pela autora. Os templates estão dispo- níveis nos anexos do livro. Não deixe de consultá-los! Importante sc ha b/ Sh ut te rs to ck FontesFontes Sobre as fontes e seus tamanhos, a NBR 14724 (ABNT, 2020h) re- comenda a utilização das fontes Arial ou Times New Roman, padro- nizando somente uma delas ao longo do trabalho, com tamanho 12 para todo o texto e tamanho 10 para citações longas, notas de rodapé e legendas. EspaçamentoEspaçamento Quanto aos espaçamentos, devem ser de 1,5 de espaço entre as linhas, sendo de 1,0 para resumo e citação com recuo. O formato justi- ficado deve ser utilizado em todo o texto, com paragrafação de 1,25 cm de recuo padrão para marcação dos parágrafos, exceto em citação di- reta, que tem recuo padrão de 4 cm da margem, com fonte 10 e alinha- mento de 1,0 cm. CitaçõesCitações Dentro de um texto de autoria própria, as citações podem ser do tipo paráfrase (indiretas), citações curtas e citações longas (diretas). Se a citação direta de uma obra ou autor tiver mais de 3 linhas, deve es- tar separada por um espaço em branco simples no texto, com recuo padrão de 4 cm, alinhamento justificado e fonte menor, ou seja, de tamanho 10. PaginaçãoPaginação A paginação deve ser feita em números arábicos sequenciais, fon- te tamanho 10, no canto superior direito. As páginas pré-textuais são contadas, porém não são numeradas. As páginas textuais são contadas e numeradas a partir da introdução. Já as páginas pós-textuais são con- tadas e numeradas na sequência dos elementos textuais. SeçõesSeções Quanto às seções, a divisão do trabalho segue um padrão com tí- tulos e subtítulos. Os títulos devem sempre começar na parte superior da página, estar em caixa-alta e em negrito e ser numerados sequencialmente sem utilização de ponto. 9090 Metodologia da pesquisa científicaMetodologia da pesquisa científica Relatórios de pesquisa 91 Devem ficar separados a 1,5 cm de espaço das entrelinhas do texto que os sucede. SubtítulosSubtítulos Da mesma forma, os subtítulos devem ser separados do texto que os precede e que os sucede por um espaço de 1,5 cm de entrelinhas e alinhados à esquerda (ABNT, 2020h), seguindo o exemplo da Figura 3 para padronização de numeração e fonte: caixa-alta em negrito para títulos principais, caixa-alta para títulos secundários e caixa-baixa para as seções seguintes, sempre numeradas sequencialmente e sem pon- tos ao final. Figura 3 Subtítulos 2 SEÇÃO PRIMÁRIA 2.1 SEÇÃO SECUNDÁRIA 2.1.1 Seção terciária 2.1.1.1 Seção quaternária 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 PRINCÍPIOS E APLICAÇÕES 2.1.1 Identificação dos pontos críticos 2.1.1.1 Dados Fonte: Elaborada pela autora. Você já notou que separamos a organização do seu trabalho em elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais. Agora vamos conhecer e diferenciar cada um desses elementos, bem como as normas de re- dação para cada um deles. 4.2.1 Elementos pré-textuais Inicialmente, vamos diferenciar os trabalhos acadêmicos impressos das entregas digitais. Os trabalhos impressos ainda são diferenciados com elementos internos e externos. Na atualidade, grande parte dos trabalhos já não são mais entregues em estrutura física impressa – a maioria é somente entregue em depósito digital. Os elementos pré-textuais são compostos de capa, folha de rosto, folha de aprovação, dedicatória, agradecimentos e epígrafe (os últimos três são opcionais), resumo, resumo em língua estrangeira, listas de 92 Metodologia da pesquisa científica ilustrações, de tabelas, de abreviaturas e de siglas (os últimos dois são opcionais também) e, por fim, sumário. Vejamos cada item em detalhes. Capa e contracapaCapa e contracapa Na capa é preciso identificar a instituição onde o trabalho foi reali- zado, o nome do autor, o título do trabalho e seu subtítulo (se houver, deve ser precedido de dois pontos, evidenciando a sua subordinação ao título), o local (a cidade) onde o trabalho foi produzido e o ano de entrega dele. Folha de rostoFolha de rosto A folha de rosto segue alguns tópicos semelhantes aos da capa, com alguns acréscimos, por exemplo, o tipo do trabalho que está sen- do apresentado (se é tese, dissertação, trabalho de conclusão de cur- so etc.), o objetivo, o grau pretendido, o nome da instituição a que é submetido e a área de concentração. Essas informações são seguidas do nome do orientador e do coorientador, se houver. No verso da fo- lha deve conter a ficha catalográfica, seguida dos outros elementos pré-textuais. ResumoResumo O resumo é obrigatório em qualquer trabalho, assim como seu cor- respondente em uma língua estrangeira, que deve estar em uma nova página. Segundo as normas da ABNT, as palavras sumário e abstract devem estar centralizadas, separadas por uma entrelinha de 1,5 cm do texto seguinte. O resumo deve expressar a essência do trabalho, apresentando o tema e a problemática, os objetivos e uma breve justificativa ou a rele- vância do trabalho. Deve apresentar o escopo teórico em que se situa o trabalho, a metodologia utilizada e os possíveis resultados, tudo de maneira concisa e objetiva. Não existe padrão exato quanto ao número de palavras, mas, por indicativo, é em torno de 300 palavras, podendo variar de 250 até 500 palavras. O resumo é seguido pela descrição de três a cinco palavras-chaves, separadas por ponto e vírgula (;) e inicia- das por letras em maiúsculas. Relatórios de pesquisa 93 ListasListas As páginas referentes às listas de ilustrações, de tabelas, de abre- viaturas e de siglas, assim como a lista de símbolos, não são elementos obrigatórios no trabalho final. Caso queira acrescentar, cada lista deve estar em uma página, seguindo a padronização com títulos centraliza- dos com tamanho de fonte 12 e espaço de 1,5 seguindo a apresentação com numeração sequencial. As listas de siglas devem estar em ordem alfabética. SumárioSumário O sumário é obrigatório e, assim como os outros elementos, deve ter a palavra sumário em negrito, centralizada, seguida do espaçamen- to de 1,5 nas entrelinhas. Os elementos pré-textuais não figuram no sumário, que deve enumerar os indicativos dos capítulos, subcapítulos e seções que compõem o trabalho, com o número correspondente das páginas alinhado por pontilhados à esquerda. Já os elementos pós-tex- tuais entram no sumário, porém não são numerados. A introdução e a conclusão são numeradas como os demais capítulos. 4.2.2 Elementos textuais É na composição dos elementos textuais quea escrita do pesquisa- dor ganha contornos de texto científico. Para compor o trabalho, você precisa redigir a introdução, desenvolver cada parte do trabalho e, por fim, apresentar as considerações finais. Vamos detalhar cada parte que compõe os trabalhos acadêmicos, explicitando como elaborá-los e as normas que devem ser seguidas para citar e referenciar outros traba- lhos, leituras e consultas. IntroduçãoIntrodução Na introdução é importante situar o leitor sobre o que versa seu trabalho, qual é o contexto que levou à definição da problemáti- ca e os objetivos do trabalho. Você pode abrir subtópicos para cada detalhamento. 94 Metodologia da pesquisa científica As justificativas podem ser de cunho pessoal – do que o habilita a realizar essa pesquisa –, de relevância acadêmica – situando o porquê da necessidade desse tipo de estudo –, e de cunho social – demons- trando assim a justificativa social para o estudo. Note que esses elementos são os mesmos necessários à apresen- tação dos projetos de pesquisa. A diferença agora é que você os apre- senta em linguagem do passado, relatando como foi feito o estudo proposto no projeto. Há uma estreita relação entre o projeto e o relatório completo da pesquisa. O que muda é que o projeto é basicamente um planejamento, sendo escrito com uma linguagem que indica futuro, falando sobre o que se pretende realizar. Já no relatório a linguagem é escrita indicando o passado, o que foi feito na pesquisa, acrescentando ao projeto a análise detalhada dos dados e a conclu- são da pesquisa. Referencial teórico Referencial teórico Feita a introdução, em que em boa parte você utiliza as informações do projeto de pesquisa, no capítulo seguinte é hora de apresentar o referencial teórico do trabalho. Você pode apresentar as revisões de literatura ou a revisão sistemática, bem como outros conceitos, pres- supostos e definições de que precise se fazer valer em sua pesquisa. Para essa apresentação, você pode utilizar citações de outros auto- res e fontes de pesquisa. Vamos elencar as principais normatizações de acordo com o que é estabelecido pela ABNT. CitaçãoCitação De acordo com as ABNT, citação é a menção ao trabalho de outro autor ou a outra fonte de informação. Uma citação pode ser direta ou indireta, ou ainda uma citação de citação, que se denomina de apud (termo em latim que significa dentro de). Para os exemplos das citações aqui utilizadas, recorremos a um artigo publi- cado por Guérios, Haracemiv e Soek (2021), somente a título de ilustração dos exemplos mencionados. Relatórios de pesquisa 95 Em uma citação direta, extrai-se a ideia do autor tal qual é mencio- nada no texto. Dessa forma, se a citação for direta e tiver até três linhas, podemos usá-la no corpo de escrita do texto, porém demarcando entre aspas o que é dito pelo autor e se há supressão do texto e grifos. Pode ser seguida ou antecedida de menção à autoria – além do ano e da página da obra –, sendo que quando estiver dentro de parênteses, será grafada sempre em caixa-alta, e quando estiver fora, como no exemplo que segue, será grafada em caixa-baixa. Exemplo de citação curta dentro do texto su m ki nn /S ht er st oc k Nesse sentido, Freire (1996, p. 47) afirma que “[...] me aproximo de novo da questão da inconclusão do ser humano, de sua inserção num permanente movimento de procura, que rediscuto a curiosidade ingênua e a crítica, virando epistemológica”. Já na citação direta com mais de três linhas usa-se a normatização de recuo de texto. Segundo a ABNT, é preciso fazer um recuo de 4 cm da margem e deixar esse texto em entrelinhas simples, com tamanho reduzido para 10 pontos e uma entrelinha antes e depois dele. Exemplo de citação longa su m ki nn /S ht er st oc k Em outras palavras, [...] reinsisto em que formar é muito mais do que puramente treinar o edu- cando no desempenho de destrezas e por que não dizer também da quase obstinação com que falo de meu interesse por tudo o que diz respeito aos homens e às mulheres, assunto de que saio e a que volto com o gosto de quem a ele se dá pela primeira vez. (FREIRE, 1996, p. 14, grifos nossos) Note que quando se quer dar uma ênfase ou o texto apresenta al- guma marcação, deve-se informar o leitor se essa ênfase é do autor original (grifo do autor) ou de quem está citando o texto (grifo nosso). Nesse caso, indica-se, como no exemplo anterior, quem fez o destaque no texto. jo ci c/ Sh ut te rs to ck Quando usamos uma citação indireta, a ideia é baseada na obra ou no autor, porém de maneira genérica. É muito importante fazer sem- pre menção ao texto do qual a ideia foi tirada, pois caso a frase, a ideia ou a citação não sejam adequadamente citadas, podem ser considera- das como plágio, que é o uso ou posse inadequada da ideia ou citação de outro autor. Nesse caso, a grafia do nome do autor não precisa estar em destaque de caixa-alta, como nas citações diretas, sendo preciso apenas mencionar o autor e o ano de publicação. Exemplo de citação indireta su m ki nn /S ht er st oc k Freire (1996) propõe, desse modo, uma educação com visão transformadora. Para ele, o ser humano está em processo constante de aprendizagem, devendo ter consciência de sua inconclusão, de seu inacabamento, necessitando aprender, construir conhecimentos, interagir e dialogar com os outros. Fazer as citações adequadamente, além de ser uma questão de es- tética e norma em um trabalho, confere maior relevância ao trabalho e possibilita maior credibilidade às fontes e aos autores que já pes- quisaram o mesmo tema, significando que o pesquisador conhece e reconhece outras fontes de pesquisas e estudos da área e as formas de se fazer citações. Outra questão importante no que tange às citações é nunca fazer o que chamamos de colcha de retalhos, que são citações seguidas de citações, sem argumentos próprios entre elas, ou terminar o texto com uma citação, isto é, sem finalizar com a sua própria ideia. Já demos um exemplo de citação com um autor, mas há casos em que a autoria é composta de dois, três ou mais autores. Você procederá da mesma forma que para um autor, fazendo a entrada pelo sobreno- me de cada um, em caixa-alta ou caixa-baixa, a depender do tipo de citação, separando com ponto e vírgula (;) cada sobrenome, seguido do ano da obra e da página da citação. Quando houver mais de três autores por obra, a NBR 10520 (ANBT, 2020f) recomenda usar a expressão et al., que significa outros, grafada 9696 Metodologia da pesquisa científicaMetodologia da pesquisa científica Relatórios de pesquisa 97 em caixa-baixa seguida, da mesma forma que em outras citações, do ano e da página entre parênteses. No artigo “Contribuições das pesquisas sobre tecnologias e formação docente no campo da EJA”, há mais de três autores. Nesse caso, a entrada será (SOEK et al., 2020, p. 01), se for uma citação direta, ou Soek et al. (2020), se for uma citação indireta. Toda a obra citada ao longo da estruturação do texto deverá constar na lista de referências, que compõe os elementos pós-textuais. 4.2.3 Elementos pós-textuais Os elementos pós-textuais dizem respeito à finalização dos rela- tórios de pesquisa. Assim como nos elementos pré-textuais, há itens obrigatórios e opcionais. ApêndiceApêndice Diz respeito a documentos ou textos produzidos pelo próprio pes- quisador e tem por objetivo complementar ou explicar alguma situação. Podem ser inseridos como apêndice questionários ou instrumentos de coleta de dados. AnexoAnexo Também é um item opcional. Refere-se a documentos ou itens que não foram elaborados pelo pesquisador, mas que podem ser utilizados para comprovar algo no relatório de pesquisa. ReferênciasReferências A lista de referências utilizadas em um trabalho ou em qualquer texto é item obrigatório. De acordo com a NBR 6023 (ABNT, 2020b), ela é um elemento pós-textual, devendo ser apresentada ao final do texto, alinhada somente à margem esquerda, de modo quese possa identificar individualmente cada obra. Deve estar separada por um es- su m ki nn /S ht er st oc k 98 Metodologia da pesquisa científica paço simples e organizada em ordem alfabética. O recurso tipográfico negrito deve ser utilizado para destacar o título da obra, que deve ser seguido de outras informações bibliográficas, como local, editora, sé- rie, volume e ano de publicação. Veja o exemplo a seguir para entrada por sobrenome do autor, obra e dados de publicação da obra. Exemplo de referência de livro com um autor su m ki nn /S ht er st oc k FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educati- va. 4. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. A entrada é do tipo SOBRENOME, Nome, sendo opcional utilizar so- mente a inicial ou o nome inteiro do autor, mas uma vez escolhida uma das formas, deve-se seguir esse padrão para todas as outras referên- cias. Quando há mais de um autor, segue-se o mesmo padrão de cita- ções. Se há até três autores, colocam-se os nomes um a um separados por ponto e vírgula; se há mais do que três autores, usa-se o recurso et al. Quando há um autor organizador da obra, identifica-se esse autor com (org.), ou seja, como organizador da obra. As referências de sites e textos de internet também seguem pa- drões. Nesse caso, deve ser citado o endereço eletrônico em que se encontra o texto e a data de acesso, conforme o exemplo a seguir. Exemplo de referência de texto retirado de site su m ki nn /S ht er st oc k ONU. Transformando nosso mundo: a Agenda 2030 para o desenvolvimento sus- tentável. 2015. Preâmbulo. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/91863-agen- da-2030-para-o-desenvolvimento-sustentavel. Acesso em: 20 dez. 2021. Existem ainda outras regras em casos especiais, por exemplo, tex- tos em que não há autoria, documentos públicos e legislações em que as entradas são feitas pelo nome da instituição ou pelo país de origem. Como foi possível perceber, são várias as normatizações, regras e formas de organizar os conteúdos de relatórios de pesquisa. Veja a se- guir uma síntese de como seu trabalho deve ser organizado. Sugerimos a palestra Nor- matizações de trabalhos acadêmicos de acordo com as normas da ABNT, disponibilizada pelo canal do Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Paraná (SiBi UFPR), em que é detalhado um pas- so a passo das principais normas de elaboração de trabalhos acadêmicos. Disponível em: https:// www.youtube.com/ watch?v=4zi95DTRvd8. Acesso em: 11 jan. 2022. Saiba mais https://www.youtube.com/watch?v=4zi95DTRvd8 https://www.youtube.com/watch?v=4zi95DTRvd8 https://www.youtube.com/watch?v=4zi95DTRvd8 Quadro 1 Elementos que compõem um relatório de pesquisa Pré-textuais Textuais Pós-textuais Capa (obrigatório) 1 INTRODUÇÃO 1.1 PROBLEMA 1.2 HIPÓTESES 1.3 OBJETIVOS 1.4 JUSTIFICATIVAS Referências (obrigatório) Folha de rosto (obrigatório) 2 REFERENCIAL TEÓRICO Glossário (opcional) Errata (opcional) 3 METODOLOGIA 3.1 TIPO DE PESQUISA 3.2 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA 3.3 UNIVERSO DA PESQUISA 3.4 INSTRUMENTOS UTILIZADOS 3.5 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS Apêndice(s) (opcional) Folha de aprovação (obrigatório) 4 RESULTADOS/ANÁLISE DOS DADOS Anexo(s) (opcional) Dedicatória(s) (opcional) 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Índice(s) (opcional) Agradecimento(s) (opcional) Epígrafe (opcional) Resumo na língua vernácula (obrigatório) Resumo em língua estrangeira (obrigatório) Lista de ilustrações (opcional) Lista de tabelas (opcional) Lista de abreviaturas e siglas (opcional) Lista de símbolos (opcional) Sumário (obrigatório) Fonte: Elaborado pela autora com base em ABNT, 2020h. Relatórios de pesquisaRelatórios de pesquisa 9999 100 Metodologia da pesquisa científica qo pp i/S hu tte rs to ck De modo geral, abordamos as padronizações diante do que a ABNT recomenda. Contudo, além da forma, outra dificuldade referente aos relatórios de pesquisa é perante a organização do conteúdo, que de- pende de muita leitura, pesquisa, fundamentação teórica e alguma ha- bilidade com a escrita científica. Além disso, há de se prestar especial atenção na forma como os dados da sua pesquisa serão coletados e analisados diante dos possíveis referencias teóricos. 4.3 Estrutura de trabalhos acadêmicos Vídeo Para a construção de projetos e de relatórios de pesquisa em forma de monografia ou trabalho de conclusão de curso, existem uma série de modelos de trabalhos acadêmicos. Esses modelos facilitam a construção da pesquisa, pois aliam o con- teúdo a uma forma prévia já definida, com base tanto no que recomen- dam os livros de metodologias de pesquisa quanto nos fundamentos das principais orientações das normas da ABNT. Note que tanto no projeto quanto no relatório final existem elemen- tos opcionais e obrigatórios. Note ainda que o TCC é completado com base no que é apresentado no projeto, porém agora com uma lingua- gem no passado, ou seja, se no projeto é apresentada uma linguagem em termos de planejamento do que se pretende fazer, no TCC é apre- sentado o que foi feito, com a linguagem no passado, pois trata-se de relatar o que aconteceu na pesquisa, fazendo as devidas análises. No Quadro 2 realizamos um comparativo entre a estrutura de um projeto de pesquisa e a estrutura de um relatório de pesquisa. Conhecer a estrutura de projetos e relatórios mo- nográficos de conclusão de curso. Objetivo de aprendizagem Relatórios de pesquisa 101 Quadro 2 Comparação entre elementos do projeto de pesquisa e do TCC Projeto de pesquisa Relatório de pesquisa Capa (obrigatório) Folha de rosto (obrigatório) Dedicatória(s) (opcional) Agradecimento(s) (opcional) Epígrafe (opcional) Lista de ilustrações (opcional) Lista de tabelas (opcional) Lista de siglas (opcional) Lista de símbolos (opcional) Sumário (obrigatório) 1 INTRODUÇÃO 1.1 PROBLEMA 1.2 HIPÓTESES 1.3 OBJETIVOS 1.4 JUSTIFICATIVAS 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 REVISÃO DE LITERATURA 3 METODOLOGIA 3.1 TIPO DE PESQUISA 3.2 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA 3.3 UNIVERSO DA PESQUISA 3.4 INSTRUMENTOS UTILIZADOS 3.5 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS 4 RECURSOS NECESSÁRIOS 5 CRONOGRAMA REFERÊNCIAS (obrigatório) APÊNDICE(S) (opcional) ANEXO(S) (opcional) Capa (obrigatório) Folha de rosto (obrigatório) Folha de aprovação (obrigatório) Ficha catalográfica (se necessário) Errata (opcional) Dedicatória(s) (opcional) Agradecimento(s) (opcional) Epígrafe (opcional) Resumo na língua vernácula (obrigatório) Resumo em língua estrangeira (obrigatório) Lista de ilustrações (opcional) Lista de tabelas (opcional) Lista de siglas (opcional) Lista de símbolos (opcional) Sumário (obrigatório) 1 INTRODUÇÃO 1.1 PROBLEMA 1.2 HIPÓTESES 1.3 OBJETIVOS 1.4 JUSTIFICATIVAS 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 REVISÃO DE LITERATURA 2.2 REVISÃO CONCEITUAL Obs.: abrir quantos tópicos forem necessários para explicar os conceitos. 3 METODOLOGIA 3.1 TIPO DE PESQUISA 3.2 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA 3.3 UNIVERSO DA PESQUISA 3.4 INSTRUMENTOS UTILIZADOS 3.5 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS 4 RESULTADOS/ANÁLISE DOS DADOS Obs.: abrir quantos tópicos forem necessários para explicar os resultados. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS (obrigatório) APÊNDICE(S) (opcional) ANEXO(S) (opcional) Glossário (opcional) Fonte: Elaborado pela autora com base em ABNT, 2020h. 102 Metodologia da pesquisa científica Nos Anexos 1 e 2 você encontra os templates para apresentação do seu projeto de pesquisa e, em seguida, o template para o relatório final de pesquisa, que pode ser adaptado para monografia ou trabalho de conclusão de curso (TCC), a depender da forma como for solicitado. CONSIDERAÇÕES FINAIS Como foi possível perceber, são várias as normatizações, regras e for- mas de organizar os conteúdos de relatórios de pesquisa. Abordamos aqui, de modo geral, as padronizações diante do que a ABNT recomenda. Contudo, além dessa questão da forma, que é a estrutura que os traba- lhos acadêmicosdevem ter, outra questão importante diz respeito à or- ganização do conteúdo, que vai depender da capacidade do pesquisador e de muita leitura, pesquisa, fundamentação teórica e habilidade com a escrita científica, por isso essa necessidade de se ter clareza entre a forma e conteúdos de pesquisas científicas. O trabalho para se realizar uma pesquisa não é tarefa fácil. Não é à toa que existem inúmeros manuais de metodologia de pesquisa, manuais específicos para coleta de dados e manuais para análise dos dados. Na internet também é possível encontrar diversos tutoriais para as mais di- versas demandas referentes a como proceder em cada fase e detalhe de uma pesquisa. Ao final deste estudo, esperamos que você tenha uma adquirido uma boa noção de cada uma das etapas e fases tanto da pesquisa como da organização dos projetos e relatórios de pesquisa, assim como das prin- cipais normas e formas de elaboração dos elementos que envolvem esse tipo de atividade. Se cada passo for bem delineado e planejado, as chances de que a pesquisa transcorra dentro do previsto será bem maior. Nesse trabalho investigativo, a curiosidade e a abertura ao inesperado e ao novo são ine- rentes à atividade de pesquisa. Dessa forma, esperamos que os conteúdos abordados possam auxi- liá-lo a entender e a descrever sua pesquisa, desde o projeto até a en- trega em forma de relatório de pesquisa, compreendendo os tipos mais comuns de relatórios que compõem os trabalhos de conclusão de curso (TCC) e as normas. Esperamos que os templates auxiliem nas formas de se redigir projetos e relatórios completos, bem como a entender as partes de relatórios parciais, resumos, resumos expandidos, produção de arti- gos, entre outros elementos desse universo de pesquisa. Relatórios de pesquisa 103 ATIVIDADES Atividade 1 Elenque e descreva as diferenças entre trabalho de conclusão de curso do tipo monografia, dissertação e tese. Atividade 2 Destaque os elementos que compõem um relatório de pesquisa, diferenciando-os em elementos pré-textuais, textuais e pós-tex- tuais. Para tanto, crie um quadro com quais itens são obrigatórios e quais são opcionais. Atividade 3 Como síntese de estudo e planejamento, construa uma sequên- cia com os elementos obrigatórios para projetos de pesquisa e para relatórios de pesquisa em forma de trabalho de conclusão de curso (TCC). REFERÊNCIAS ABNT. NBR 6022: Informações e documentação – artigos em publicação periódica científica impressa. Rio de Janeiro, 2020a. ABNT. NBR 6023: Informações e documentação – referências. Rio de Janeiro, 2020b. ABNT. NBR 6024: Informações e documentação – numeração progressiva das seções de um documento escrito. Rio de Janeiro, 2020c. ABNT. NBR 6027: Informações e documentação – sumário. Rio de Janeiro, 2020d. ABNT. NBR 6028: Informações e documentação – resumo. Rio de Janeiro, 2020e. ABNT. NBR 10520: Apresentação de citações em documentos. Rio de Janeiro, 2020f. ABNT. NBR 10719: Preparação de relatórios técnico-científicos. Rio de Janeiro, 2020g. ABNT. NBR 14724: Informação e documentação – trabalhos acadêmicos. Rio de Janeiro, 2020h. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 4. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. GUÉRIOS, E.; HARACEMIV, S. M. C.; SOEK, A. M. Educação para humanização: aproximações entre os pensamentos de Paulo Freire e Edgar Morin. Educação & Linguagem, v. 24, n. 2, p. 3-21, 2021. Disponível em: https://www.metodista.br/revistas/revistas-metodista/index. php/EL/article/view/1036523. Acesso em: 10 jan. 2022. SOEK et al. Contribuições das pesquisas sobre tecnologias e formação docente no campo da EJA. Perspectiva, v. 38, n. 1, p. 1-25, 2020. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/ index.php/perspectiva/article/view/2175-795X.2020.e66057. Acesso em: 10 jan. 2022. https://www.metodista.br/revistas/revistas-metodista/index.php/EL/article/view/1036523 https://www.metodista.br/revistas/revistas-metodista/index.php/EL/article/view/1036523 https://periodicos.ufsc.br/index.php/perspectiva/article/view/2175-795X.2020.e66057 https://periodicos.ufsc.br/index.php/perspectiva/article/view/2175-795X.2020.e66057 Resolução das atividades 1 Pesquisa e conhecimento 1. Como você diferenciaria pesquisa de pesquisa científica? O que caracteriza uma pesquisa científica? Justifique sua resposta. Em uma pesquisa comum, procuramos por diversas informações sobre um mesmo tema e, depois, selecionamos as que são relevantes. Já que o conhecimento é seletivo, é o que fica em nós quando terminamos uma pesquisa. Assim, em uma pesquisa científica, mais do que sistematizar informações, é necessário reconstruir ou produzir novos conhecimentos de maneira sistemática. 2. Elenque os diferentes tipos de conhecimentos e cite um exemplo de como esses se manifestam em seu dia a dia. Justifique também a importância de cada um. O conhecimento empírico ou do senso comum é aquele que se manifesta no dia a dia, como na indicação de chás e terapias alternativas. O conhecimento religioso é presente nas manifestações religiosas, enquanto o conhecimento científico é produzido de maneira sistemática para responder a novas descobertas nas mais diversas áreas. Já o conhecimento filosófico busca descobrir aspectos relacionados ao sentido primordial da existência humana ou de uma realidade. Procura-se descobrir se há ou não liberdade, por exemplo, ou quais valores devem direcionar as ações humanas, entre outros conteúdos dessa natureza. Todos esses conhecimentos são importantes. Basta analisar a importância das crenças e religiões para o mundo civilizado, além da importância dos saberes indígenas, por exemplo, ou dos chás medicinais e das terapias alternativas, que, mesmo não seguindo o caminho e as comprovações da ciência, não podem ser descartados ou tidos como sem importância em determinadas comunidades ou contextos sociais. 3. Sobre os métodos de procedimentos, descreva quais são os mais comuns. Os métodos de procedimentos mais comuns podem ser sistematizados em: observacional, que compreende protocolos de observação de uma dada realidade; experimental, que consiste em fazer experimentos e observar as variáveis; comparativo, que compara 104 Metodologia da pesquisa científica as situações, antes e depois, testa hipóteses; histórico, que tem nos componentes históricos as explicações da realidade; estatístico, que se utiliza das projeções numéricas para explicar dados e fatos, as pesquisas do IBGE, por exemplo. 2 Fases e etapas da pesquisa 1. Com base no que você entende por pesquisa, detalhe e explique suas principais fases. As principais fases de uma pesquisa são: • Projeto: são realizadas todas as sondagens iniciais acerca do tema e da problemática a ser investigada. Em geral, é nessa fase que o pesquisador também se aprofunda em estudos teóricos, tanto com relação ao que já foi pesquisado sobre esse assunto como referente às metodologias de pesquisas, ou seja, como se pode fazer uma pesquisa sobre esse assunto. • Pesquisa: precisa já ter antecipados, via projeto, um roteiro ou o planejamento de todos os recursos (humano e financeiros), os ins- trumentos (a depender do tipo de pesquisa), os tempos e os prazos (cronograma) para se realizar a pesquisa de fato. Nessa etapa é que é a hora de ir a campo, coletar e sistematizar os dados de pesqui- sa. Muita gente confunde essa parte mais “prática”, achando que se pode sair fazendo a pesquisa, com os ajustes sendo feitos nesse caminho – disso vem a analogia de se trocar um pneu com o carro andando. Se não se antever e planejar cada etapa, a chance de as coisas darem errados é bem maior. Ou seja, em termos de plane- jamento de pesquisa, cada fase e etapa é muito importante e deve ser muito bem delineada. • Relatório de pesquisa: aplicado o projeto, ou seja, realizada a in- vestigação, dentro de um cronograma previsto, devemos usar todas essas informações coletadas. É necessário, dentro da ideia de pes- quisa, prevertodas essas etapas e os tempos e recursos destinados a cada uma delas. Após realizar a pesquisa, ela deverá transformada em um relatório de pesquisa, que, dependendo do curso, terá dife- rentes nomenclaturas, como: trabalho de conclusão de curso (TCC) em cursos de graduação; artigos ou monografias nos trabalhos de pós-graduação; dissertação em programas de mestrado ou MBA e teses em programas de doutorado. Resolução das atividades 105 2. Ética, no sentido defendido por Cortella (2017), é um ramo da filosofia que se preocupa com o comportamento moral, ou seja, com as condutas humanas. O filósofo completa falando que “quanto mais claros os princípios, mais fácil de se lidar com os dilemas éticos” (CORTELLA, 2017, p. 111). Pensando nessa questão, e frente a alguns dilemas vistos nesse capítulo, cite um exemplo de dilema ético que pode envolver o fazer pesquisa. Para responder a esta questão, deve-se pensar em dilemas éticos, isto é, questões que envolvam decisões entre o que se quer fazer, o que se deve fazer e o que se pode fazer, conforme apontado por Cortella. Assim, pode-se fazer um levantamento de pesquisas na internet mesmo, sobre questões polêmicas envolvendo a produção científica; por exemplo, a questão da eficácia das vacinas contra a Covid-19, durante a Pandemia, e das possíveis mortes decorrentes delas, bem como dos testes dessas vacinas em seres humanos. Outra questão ética bastante comum é a oferta de recompensas financeiras para se participar de pesquisas, o que pode alterar seus resultados. 3. De acordo com a Nova Resolução n. 510/2016, que vai diferenciar os processos de consentimento e do assentimento livre e esclarecido por parte dos participantes de uma pesquisa que envolva seres humanos, quais são os direitos garantidos aos participantes por essa resolução? Discorra. Em seu Capítulo III, diferenciando-se do termo de consentimento livre e esclarecido – até então utilizado pela Resolução n. 466/2012 –, a nova Resolução n. 510/2016, artigo 9º, vai enfatizar os direitos dos participantes de pesquisa em: ser informado sobre a pesquisa; desistir a qualquer momento de participar da pesquisa, sem qualquer prejuízo; ter sua privacidade respeitada; ter garantida a confidencialidade das informações pessoais; decidir se sua identidade será divulgada e quais são, dentre as informações que forneceu, as que podem ser tratadas de forma pública; ser indenizado pelo dano decorrente da pesquisa, nos termos da Lei; receber ressarcimento das despesas diretamente decorrentes de sua participação na pesquisa. 3 Projetos de pesquisa 1. Uma das formas de identificar a construção de um projeto de pesquisa é percorrer um caminho inverso, após a divulgação de artigos científicos, procurando identificar os elementos do 106 Metodologia da pesquisa científica projeto. Nos artigos, é possível identificar elementos como temas e problemáticas, metodologias e referencial teórico. Para sistematizar e exercitar um pouco, propomos o seguinte exercício: a) Escolha um artigo de divulgação científica que tenha aproximação com sua temática de pesquisa. b) No artigo, identifique o(s) autor(es), título da pesquisa, ano e local em que foi publicado, localização institucional da pesquisa ou onde foi realizada a pesquisa, quando foi realizada, orientador, tipo de estudo, se houve financiamento e link de acesso do trabalho. c) Identifique a temática e o problema de pesquisa, bem como se há pressupostos, hipóteses ou questões norteadoras. d) Verifique se os objetivos estão expostos no artigo. e) Identifique a metodologia usada na pesquisa, os instrumentos de coleta de dados e os procedimentos para análise desses dados, bem como a forma de coleta e os participantes da pesquisa. f) Identifique os principais autores de referência ou as principais obras e linhas teóricas que fundamentam a pesquisa. Verifique se há conceitos apontados no texto e se são devidamente discutidos. g) Identifique as análises, a discussão dos resultados e a conclusão do estudo. h) Por fim, sistematize a contribuição desse artigo para a sua temática de pesquisa, fazendo um fichamento dele com as principais ideias ou citações. Ao analisar qualquer artigo de divulgação científica, podemos identificar os elementos que compõem um projeto de pesquisa. Nos artigos é possível identificar o tema, o problema, a metodologia e o referencial teórico utilizado, que servirão de guia para outros projetos. Com esse exercício, é possível também identificar as análises e os resultados dos estudos em questão. Por fim, ao sistematizar a leitura de artigos, é possível fazer fichamentos de leitura, não precisando retomar a leitura ou análise dos artigos originais, e sim as ideias, partes e citações que interessam à investigação. Sugestão de artigo para realizar o exercício: • BRITO, R. D. V. A.; ZANELLA, A. V. Formação ética, estética e política em oficinas com jovens: tensões, transgressões e inquietações na pesquisa-intervenção. Bakhtiniana: Revista de Estudos do Discurso, Resolução das atividades 107 v. 12, n. 1, p. 42-64, 2017. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/ index.php/bakhtiniana/article/view/26093. Acesso em: 21 dez. 2021. 2. Para sistematização do conteúdo trabalhado nesse capítulo, busque um artigo de divulgação científica que tenha aproximação com sua temática de pesquis. Ao ler o artigo, procure sresponder às seguintes perguntas: • É possível identificar de que tipo de pesquisa se trata o artigo em questão? • Que recursos metodológicos caracterizam o tipo de pesquisa abordado no artigo? Para responder a essas questões, você deverá observar no artigo lido se a pesquisa é bibliográfica ou documental, um estudo de caso, uma pesquisa-ação e detalhar as possíveis informações quanto aos recursos metodológicos caracterizados e utilizados na pesquisa. 3. Diferencie os tipos de revisões de literatura: bibliográfica, tradicional, sistemática e integrativa. Em uma revisão bibliográfica tradicional, procuramos conhecer quem já estudou o assunto e quais são as principais obras que tratam desse assunto. Já na revisão de literatura sistemática procuramos realizar uma síntese de estudos primários que contém objetivos, materiais e métodos claramente explicitados e que foi conduzida de acordo com uma metodologia clara e reprodutível. Apesar de as formas de se realizar as revisões de literatura serem parecidas, elas possuem objetivos, características e forma de proceder bem diferentes. A revisão sistemática possui etapas bem definidas, visa responder a uma pergunta específica e, diante dessa indagação, busca reunir estudos sobre um mesmo tema a fim de analisar metodologias utilizadas nos estudos, bem como as principais fontes de informação utilizadas, e ainda explicitar os critérios utilizados para a seleção e avaliação dos trabalhos em estudo. Como um avanço da revisão sistemática, a revisão integrativa vai congregar a integração dos diferentes estudos da revisão sistemática, avaliando as proximidades entre eles. 4. Para exercitar o que foi exposto neste capítulo, faça um primeiro esboço de sua pesquisa, procurando responder às questões a seguir. 108 Metodologia da pesquisa científica a. Sobre o que pretende pesquisar? (problema e objetivos da pesquisa) b. Com quem e onde imagina que sua pesquisa pode ser feita? (população-alvo e amostragem) c. Descreva como pretende realizar a sua pesquisa, qual será o público-alvo, quais grupos serão usados para selecionar a amostragem, como será realizada a coleta de dados? d. Por que essa pesquisa será feita? Ela será feita com base em quais justificativas e fundamentos teóricos prévios? Essa é uma resposta de cunho pessoal, entretanto, espera-se que você consiga identificar as etapas do projeto de pesquisa, relacionando a sua temática, seus interesses e prováveis formas de realizar o estudo. 4 Relatórios de pesquisa 1. Elenque e descreva as diferenças entre trabalho de conclusão de curso do tipomonografia, dissertação e tese. Os trabalhos de conclusão de curso são classificados de acordo com o tipo e o grau de exigências. Nos cursos de graduação e pós-graduação latu sensu, é exigida a produção de uma monografia. Nos cursos de mestrado, esse trabalho é denominado de dissertação. Nos cursos de doutorado, ao final do processo, deve-se apresentar uma tese em termos de relatórios de pesquisas. 2. Destaque os elementos que compõem um relatório de pesquisa, diferenciando-os em elementos pré-textuais, textuais e pós- textuais. Para tanto, crie um quadro com quais itens são obrigatórios e quais são opcionais. Para resolver esta atividade, você pode utilizar como base o quadro a seguir. A ideia é construir um quadro com os elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais. Aproveite e destaque quais são os itens obrigatórios e não obrigatórios em uma pesquisa. Por meio deste exercício, você pode ter um esboço do seu trabalho de pesquisa. Confira se todos os elementos descritos aqui estão presentes no seu quadro, caso não tenha, faça o preenchimento. Resolução das atividades 109 Pré-textuais Textuais Pós-textuais Capa (obrigatório) 1 INTRODUÇÃO 1.1 PROBLEMA 1.2 HIPÓTESES 1.3 OBJETIVOS 1.4 JUSTIFICATIVAS Referências (obrigatório) Folha de rosto (obrigatório) 2 REFERENCIAL TEÓRICO Glossário (opcional) Errata (opcional) 3 METODOLOGIA 3.1 TIPO DE PESQUISA 3.2 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA 3.3 UNIVERSO DA PES- QUISA 3.4 INSTRUMENTOS UTILIZADOS 3.5 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS Apêndice(s) (opcional) Folha de aprovação (obrigatório) 4 RESULTADOS / ANÁLISE DOS DADOS Anexo(s) (opcional) Dedicatória(s) (opcional) 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Índice(s) (opcional) Agradecimento(s) (opcional) Epígrafe (opcional) Resumo na língua vernácula (obrigatório) Resumo em língua estrangeira (obrigatório) Lista de ilustrações (opcional) Lista de tabelas (opcional) Lista de abreviaturas e si- glas (opcional) Lista de símbolos (opcio- nal) Sumário (obrigatório) 3. Como síntese de estudo e planejamento, construa uma sequência com os elementos obrigatórios para Projetos de Pesquisa e para Relatórios de Pesquisa em forma de trabalho de conclusão de curso (TCC). 110 Metodologia da pesquisa científica Com esta atividade, você pode notar a diferença entre um projeto de pesquisa e um relatório final. Utilize o quadro a seguir como forma de organização e de planejamento para seu trabalho final. Confira se todos os elementos descritos aqui estão presentes no seu quadro, caso não tenha, faça o preenchimento. Sequência de projeto de pesquisa com itens obrigatórios Sequência de TCC – Relatório de pesquisa com itens obrigatórios Capa (obrigatório) Folha de rosto (obrigatório) Sumário (obrigatório) 1 INTRODUÇÃO 1.1 PROBLEMA 1.2 HIPÓTESES 1.3 OBJETIVOS 1.4 JUSTIFICATIVAS 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 REVISÃO DE LITERA- TURA 3 METODOLOGIA 3.1 TIPO DE PESQUISA 3.2 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA 3.3 UNIVERSO DA PES- QUISA 3.4 INSTRUMENTOS UTILI- ZADOS 3.5 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS 4 RECURSOS NECESSÁRIOS 5 CRONOGRAMA REFERÊNCIAS (obrigatório) Capa (obrigatório) Folha de rosto (obrigatório) Folha de aprovação (obrigatório) Ficha catalográfica (se necessário) Resumo na língua vernácula (obrigatório) Resumo em língua estrangeira (obrigatório) Sumário (obrigatório) 1 INTRODUÇÃO 1.1 PROBLEMA 1.2 HIPÓTESES 1.3 OBJETIVOS 1.4 JUSTIFICATIVAS 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 REVISÃO DE LITERATURA 2.2 REVISÃO CONCEITUAL Obs.: Abrir quantos tópicos forem necessários para explicar os conceitos. 3 METODOLOGIA 3.1 TIPO DE PESQUISA 3.2 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA 3.3 UNIVERSO DA PESQUISA 3.4 INSTRUMENTOS UTILIZADOS 3.5 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS 4 RESULTADOS/ANÁLISE DOS DADOS Obs.: Abrir quantos tópicos forem necessários para explicar os resultados. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS (obrigatório) Resolução das atividades 111 112 Metodologia da pesquisa científica NOME DA UNIVERSIDADE OU FACULDADE NOME DO PESQUISADOR TÍTULO: MODELO PARA ELABORAÇÃO DE PROJETO DE PESQUISA LOCAL MÊS/ANO Anexo 1 – Template de projeto de pesquisa Anexo 1 – Template de projeto de pesquisa 113 NOME DO PESQUISADOR TÍTULO: MODELO PARA ELABORAÇÃO DE PROJETO DE PESQUISA Projeto de pesquisa apresenta- do como requisito parcial à ob- tenção do título de..., do Curso de..., da Universidade... Orientadorº: Prof. Drº LOCAL MÊS/ANO 114 Metodologia da pesquisa científica LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Conceitos de metodologia científica..................12 Figura 2 – Teorias da metodologia científica ......................14 Figura 3 – Modelo de artigo científico ................................18 Anexo 1 – Template de projeto de pesquisa 115 LISTA DE SIGLAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística MBA Master of Bussiness Administration 116 Metodologia da pesquisa científica LISTA DE SÍMBOLOS % Percentual $ Cifrão U$$ Dólar Anexo 1 – Template de projeto de pesquisa 117 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..............................................................................8 1.1 PROBLEMA ............................................................................8 1.2 HIPÓTESES ...........................................................................8 1.3 OBJETIVOS ...........................................................................8 1.4 JUSTIFICATIVAS ....................................................................9 2 REFERENCIAL TEÓRICO ..........................................................10 2.1 REVISÃO DE LITERATURA .................................................10 2.2 REVISÃO CONCEITUAL ......................................................10 3 METODOLOGIA ......................................................................... 11 3.1 TIPO DE PESQUISA ............................................................ 11 3.2 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA .................................... 11 3.3 UNIVERSO DA PESQUISA .................................................. 11 3.4 INSTRUMENTO UTILIZADO ................................................ 11 3.5 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS ..................... 11 4 RECURSOS ................................................................................12 5 CRONOGRAMA ..........................................................................13 REFERÊNCIAS ..............................................................................14 APÊNDICE .....................................................................................15 ANEXOS ........................................................................................16 118 Metodologia da pesquisa científica 1 INTRODUÇÃO Para completar seu template, retome os conteúdos abordados ao longo do livro para cada tópico observando o detalhamento de como proceder em cada item. A seguir apresentamos um breve descritivo sobre cada um deles. Na introdução, como o próprio nome diz, deve-se fazer a introdução ao assunto sobre qual trata a pesquisa, desenvolvendo-o e delimitando o tema de estudo. Aqui deve ser apresentada uma sequência de enunciados que envolvem: 1.1 PROBLEMA Explicitar em forma de pergunta qual é o problema de pesquisa, ou seja, o que será analisado. Definir o problema significa decompor o tema e delimitá-lo com precisão, de modo que, ao definir a problemática, já se tenha em mente as possíveis respostas, ou pelo menos como buscar essas respostas metodologi- camente, cientificamente. 1.2 HIPÓTESES Elencar hipóteses e pressupostos. Também podem ser detalhadas outras ques- tões norteadoras para o estudo. A depender do tipo de abordagem de pesquisa, o pesquisador poderá adotar diferentes nomenclaturas nessa etapa da pesquisa. 1.3 OBJETIVOS Para a formulação dos objetivos da pesquisa, estes devem ter clara e perfeita relação como problema de pesquisa. Veja no item sobre projeto de pesquisa como elaborar os objetivos. O objetivo geral define o que o pesquisador pretende atingir com sua investiga- ção. Os objetivos específicos vão depender da natureza do projeto – são eles que definem as etapas do trabalho a ser realizado para que se alcance o objetivo geral. Anexo 1 – Template de projeto de pesquisa 119 Para a definição dos objetivos, deve-se sempre utilizar verbos na forma infinitiva, de modo a: • explorar (conhecer, identificar, levantar, descobrir); • descrever (caracterizar, descrever, traçar, determinar); • explicar (analisar, avaliar, verificar, explicar). 1.4 JUSTIFICATIVAS O texto de justificativa fecha a introdução do trabalho. As justificativas devem contemplar o rol de introdução da pesquisa. Dessa forma, elas justificam as ne- cessidades sociais, acadêmicas e do próprio pesquisador de realizar o estudo. A justificativa social do problema a ser investigado diz respeito às contribuições que a pesquisa pode trazer, no sentido de proporcionar respostas aos proble- mas sociais propostos. A justificativa acadêmica para esse estudo versa sobre o estágio de desenvolvi- mento dos conhecimentos referentes ao tema, de modo a ampliar ou contribuir para o estudo proposto. Já a justificativa pessoal diz respeito ao que habilita o pesquisador a realizar tal estudo. 120 Metodologia da pesquisa científica 2 REFERENCIAL TEÓRICO Ao buscar um referencial teórico, procura-se extrair e compilar informações relevantes e necessárias para delimitar o estudo em questão. Pode-se utilizar artigos científicos, livros, dissertações e teses, ou seja, materiais que versem sobre a mesma temática. 2.1 REVISÃO DE LITERATURA Essa etapa se refere basicamente à obtenção de informações ou referên- cias sobre estudos da mesma temática que já foram realizados por outros pesquisadores. 2.2 REVISÃO CONCEITUAL Observação: abrir quantos tópicos forem necessários para explicar cada concei- to relativo à investigação, demonstrando o quanto já se sabe sobre o assunto. Caso tenha feito uma revisão sistemática de literatura, é nesse capítulo que ela deve ser apresentada. Anexo 1 – Template de projeto de pesquisa 121 3 METODOLOGIA Nessa parte deve ser detalhado tudo que se pretende realizar em sua investiga- ção, ou seja, como pretende fazer sua pesquisa. Desse modo, a metodologia é composta de: 3.1 TIPO DE PESQUISA As pesquisas recebem diferentes classificações. No tipo de pesquisa, você deve retomar seus estudos sobre os tipos de pesquisa, para diferenciar e classificar como será sua pesquisa quanto às fontes e aos procedimentos. 3.2 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA Nesse item deve-se descrever a caracterização da pesquisa do ponto de vista da natureza de pesquisa, se é básica ou aplicada. Detalha-se também os proce- dimentos quanto aos métodos e objetivos, detalhando se a pesquisa é explora- tória, descritiva ou explicativa. Para o conteúdo de cada tópico, é preciso retomar e ter clareza sobre as esco- lhas, as possibilidades e o tipo de pesquisa possível, a depender do objeto de estudo. 3.3 UNIVERSO DA PESQUISA A depender do tipo de pesquisa escolhido, deve-se caracterizar o universo, o contexto, a população-alvo e a amostragem de pesquisa, para então definir os instrumentos e procedimentos para a coleta de dados. 122 Metodologia da pesquisa científica 3.4 INSTRUMENTO UTILIZADO Já a definição dos instrumentos de coleta de dados dependerá dos objetivos que se pretende alcançar com a pesquisa do universo a ser investigado. Os tipos de coleta de dados podem envolver a interrogação direta aos participantes ou a observação dos contextos. São intrumentos comuns para a coleta de dados: questionários, formulários on-line, perguntas face a face, roteiros de entrevistas estruturadas ou não, en- trevistas formais ou informais, materiais de gravação de voz, vídeos, anotações de observação etc. 3.5 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS Nesse item detalha-se a forma como se dará a coleta com base nos instrumen- tos selecionados perante a metodologia e objetivos da pesquisa. Pode-se fazer netnografia, quando a pesquisa é feita com recursos da internet, e observação in loco de pesquisa. Pode-se realizar questionários e entrevistas com os grupos selecionados. Pode-se reunir os participantes em grupo focal. Pode-se ainda fazer uma pesquisa-ação para medir os resultados dos instrumentos aplicados. Enfim, tudo dependerá do que se pretende pesquisar. O importante nesse item é que esteja claro como se pretende realizar a pesquisa Anexo 1 – Template de projeto de pesquisa 123 4 RECURSOS Aqui deve-se detalhar a previsão dos recursos materiais e humanos necessários para a realização da pesquisa. 124 Metodologia da pesquisa científica 5 CRONOGRAMA Aqui deve ser detalhado o tempo para cada ação da pesquisa. Observe o modelo e note que há determinadas partes que podem ser feitas paralelamente a outras. Você deve prever esse cronograma como se fosse um planejamento do início ao fim da pesquisa. MÊS/ETAPAS Mês/ano Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Escolha do tema X Levantamento bibliográfico X X X Elaboração do anteprojeto X Apresentação do projeto X Coleta de dados X X X X Análise dos dados X X X Organização do roteiro/partes X Redação do tra- balho X X Revisão e redação final X Entrega da mono- grafia X Defesa da mono- grafia X Anexo 1 – Template de projeto de pesquisa 125 REFERÊNCIAS Listar todas as referências utilizadas no desenvolvimento do texto. Veja como citar alguns dos tipos de fontes mais comuns. Livros GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 2. ed. SP: Atlas, 1991. LAKATOS, Eva; MARCONI, Marina. Metodologia do Trabalho Científico. SP: Atlas, 1992. RUIZ, João Álvaro. Metodologia Científica: guia para eficiência nos estudos. 4. ed. SP: Atlas, 1996. Artigos de revistas AS 500 maiores empresas do Brasil. Conjuntura Econômica. Rio de Janeiro. v. 38, n. 9, set. 1984. Edição Especial. TOURINHO NETO, F. C. Dano ambiental. Consulex. Brasília, DF, ano 1, n. 1, p. 18-23, fev. 1997. Material da Internet SÃO PAULO. (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. Tratados e organizações ambientais em matéria de meio ambiente. In: Entendendo o meio ambiente. São Paulo, 1999. v. 1. Disponível em: http://www.bdt.org.br/sma/entendendo/atual.htm. Acesso em: 8 mar.1999. SILVA, M. M. L. Crimes da era digital. NET, Rio de Janeiro, nov. 1998. Seção Ponto de Vista. Disponível em: http://www.brasilnet. com.br/contexts/brasilrevistas.htm. Acesso em: 28 nov. 1998. 126 Metodologia da pesquisa científica APÊNDICE Os apêndices são opcionais. Referem-se a documentos elaborados pelo autor do trabalho que auxiliam na produção dos dados de pesquisa. Pode-se inserir aqui os questionários ou o modelo dos instrumentos para a coleta de dados. São apêndices também os TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido), quando exigidos por Comitê de Ética em um projeto de pesquisa. No projeto, apresenta-se o modelo a ser utilizado. Anexo 1 – Template de projeto de pesquisa 127 ANEXOS Os anexos são opcionais. Referem-se a documentos elaborados por outros au- tores que serviram para auxiliar na compreensão da pesquisa. Fonte: Elaborado pela autora. 128 Metodologia da pesquisa científica NOME DA UNIVERSIDADE OU FACULDADE NOME DO PESQUISADOR TÍTULO: MODELO PARA ELABORAÇÃO DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO LOCAL MÊS/ANO Anexo 2 – Template de relatório de pesquisa Anexo 2 – Template de relatório de pesquisa 129 NOME DO PESQUISADOR TÍTULO: MODELO PARA ELABORAÇÃO DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Trabalho de conclusão de curso – relatório de pesquisa apresentado como requisito parcial à obtenção do título de..., do Curso de..., da Uni- versidade... Orientadorº: Prof. Drº LOCAL MÊS/ANO 130 Metodologia da pesquisa científica FOLHA/TERMO DE APROVAÇÃO Trabalho de Conclusão de Curso aprovado comorequisito parcial à obtenção do título de..., no Curso de..., da Universidade..., pela se- guinte banca examinadora: ___________________________________ NOME DOS PROFESSORES DA BANCA ___________________________________ NOME DOS PROFESSORES DA BANCA ___________________________________ NOME DOS PROFESSORES DA BANCA Local, data e ano. Anexo 2 – Template de relatório de pesquisa 131 FICHA CATALOGRÁFICA A ficha catalográfica é obrigatória para trabalhos já apresentados ou defendi- dos – consulte a biblioteca da sua instituição para saber como obtê-la para seu trabalho. 132 Metodologia da pesquisa científica AGRADECIMENTOS Item opcional Anexo 2 – Template de relatório de pesquisa 133 EPÍGRAFE Item opcional, com formato livre ao fim da página. 134 Metodologia da pesquisa científica RESUMO O presente estudo apresenta (1) como proposta central reflexões sobre a importân- cia do planejamento na Educação Infantil, enfatizando a realização de atividades lúdicas, considerando suas contribuições positivas no processo de ensino apren- dizagem da criança. Para tanto, optou-se pela (2) realização de uma pesquisa de campo com abordagem qualitativa com revisão bibliográfica sobre o tema em foco aliada à coleta de dados por meio de entrevistas aplicadas com equipe pedagógica e educadoras infantis que atuam nos CMEIs urbanos lapianos. A revisão de literatura foi baseada em Kishimoto, Friedmann (2012) dentre outros autores renomados que abordam a temática, e ainda conta com extrações de documentos que norteiam a Educação Infantil como as Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil (2010) e o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998) (3). Constatou- -se a importância do planejar as aulas na educação Infantil, tendo em vista que as atividades lúdicas que envolvem jogos e brincadeiras representam o meio/método das crianças aprenderem, devendo não somente ser utilizadas de modo livre, mas também intencionalmente e de modo supervisionado, visando o processo de ensino e de avaliação processual da criança (4). Embora conscientes dessa importância, percebeu-se que as educadoras enfatizam que não dispõem de hora-atividade hábil para planejar atividades mais elaboradas. Desse modo, o lúdico acaba perdendo seu enfoque educativo e de intervenção revelando-se geralmente como atividades lúdicas não intencionais. Palavras-chave: (5) Educação Infantil; Práticas Pedagógicas; Formação de Educa- dores. Os itens enumerados são essenciais para elaboração de um resumo. Eles com- põem as seguintes etapas: (1): apresentar tema e objetivo e/ou problema de pesquisa. (2): justificar a metodologia escolhida. (3): destacar os principais autores da área e, em seguida, apontar os resultados do estudo. (4): reforçar as principais conclusões ou fazer as considerações. (5): inserir de 3 a 5 palavras que versem sobre a pesquisa. Anexo 2 – Template de relatório de pesquisa 135 ABSTRACT Após elaborar seu resumo em língua portuguesa, você deve fazer a tradução para a língua estrangeira escolhida/solicitada, em alguns casos pode-se inserir em mais de uma língua estrangeira, por exemplo, inglês e espanhol. 136 Metodologia da pesquisa científica LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Metodologia científica conceitos .......................12 Figura 2 – Teorias da metodologia científica ......................14 Figura 3 – Modelo de artigo científico ................................18 Anexo 2 – Template de relatório de pesquisa 137 LISTA DE SIGLAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística MBA Master of Bussiness Administration 138 Metodologia da pesquisa científica LISTA DE SÍMBOLOS % Percentual $ Cifrão U$$ Dólar Anexo 2 – Template de relatório de pesquisa 139 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..............................................................................14 1.1 PROBLEMA ............................................................................14 1.2 HIPÓTESES ...........................................................................14 1.3 OBJETIVOS ............................................................................14 1.4 JUSTIFICATIVAS ....................................................................15 2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................16 2.1 REVISÃO DE LITERATURA ...................................................16 2.2 REVISÃO CONCEITUAL ........................................................16 3 METODOLOGIA ...........................................................................17 3.1 TIPO DE PESQUISA ..............................................................17 3.2 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ......................................17 3.3 UNIVERSO DA PESQUISA ....................................................17 3.4 INSTRUMENTO UTILIZADO ..................................................17 3.5 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS .......................17 4 RESULTADOS/ANÁLISE DOS DADOS .......................................18 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................19 REFERÊNCIAS .............................................................................20 APÊNDICE .....................................................................................21 ANEXOS .........................................................................................22 140 Metodologia da pesquisa científica 1 INTRODUÇÃO Para completar seu template, retome os conteúdos abordados ao longo do livro para cada tópico observando o detalhamento de como proceder em cada item. A seguir apresentamos um breve descritivo sobre cada um deles. Note que agora você deve retomar o que foi executado no projeto de pesquisa, fazendo as adequações necessárias para o relatório de como ocorreu essa pes- quisa. Note também que a linguagem no relatório de pesquisa deve ser redigida no passado, ou seja, descrevendo como foi realizada a pesquisa. Outra nota importante quanto à linguagem é que ela deve ser redigida de modo impessoal. Na introdução, como o próprio nome diz, deve-se fazer a introdução ao assunto sobre qual trata a pesquisa, desenvolvendo-o e delimitando o tema de estudo. Aqui deve ser apresentada uma sequência de enunciados que envolvem: 1.1 PROBLEMA Explicitar em forma de pergunta qual é o problema de pesquisa, ou seja, o que será analisado. Definir o problema significa decompor o tema e delimitá-lo com precisão, de modo que, ao definir a problemática, já se tenha em mente as possíveis respostas, ou pelo menos como buscar essas respostas metodologi- camente, cientificamente. 1.2 HIPÓTESES Elencar hipóteses e pressupostos. Também podem ser detalhadas outras ques- tões norteadoras para o estudo. A depender do tipo de abordagem de pesquisa, o pesquisador poderá adotar diferentes nomenclaturas nessa etapa da pesquisa. 1.3 OBJETIVOS Para a formulação dos objetivos da pesquisa, estes devem ter clara e perfeita relação com o problema de pesquisa. Veja no item sobre projeto de pesquisa como elaborar os objetivos. O objetivo geral define o que o pesquisador pretende atingir com sua investiga- ção. Os objetivos específicos vão depender da natureza do projeto – são eles que definem as etapas do trabalho a ser realizado para que se alcance o objetivo geral. Anexo 2 – Template de relatório de pesquisa 141 Para a definição dos objetivos, deve-se sempre utilizar verbos na forma infinitiva, de modo a: • explorar (conhecer, identificar, levantar, descobrir); • descrever (caracterizar, descrever, traçar, determinar); • explicar (analisar, avaliar, verificar, explicar). 1.4 JUSTIFICATIVAS O texto de justificativa fecha a introdução do trabalho. As justificativas devem contemplar o rol de introdução da pesquisa. Dessa forma, elas justificam as ne- cessidades sociais, acadêmicas e do próprio pesquisador de realizaro estudo. A justificativa social do problema a ser investigado diz respeito às contribuições que a pesquisa pode trazer, no sentido de proporcionar respostas aos proble- mas sociais propostos. A justificativa acadêmica para esse estudo versa sobre o estágio de desenvolvi- mento dos conhecimentos referentes ao tema, de modo a ampliar ou contribuir para o estudo proposto. Já a justificativa pessoal diz respeito ao que habilita o pesquisador a realizar tal estudo. 142 Metodologia da pesquisa científica 2 REFERENCIAL TEÓRICO Ao buscar um referencial teórico, procura-se extrair e compilar informações relevantes e necessárias para delimitar o estudo em questão. Pode-se utilizar artigos científicos, livros, dissertações e teses, ou seja, materiais que versem sobre a mesma temática. 2.1 REVISÃO DE LITERATURA Essa etapa se refere basicamente à obtenção de informações ou referên- cias sobre estudos da mesma temática que já foram realizados por outros pesquisadores. 2.2 REVISÃO CONCEITUAL Observação: abrir quantos tópicos forem necessários para explicar cada concei- to relativo à investigação, demonstrando o quanto já se sabe sobre o assunto. Caso tenha feito uma revisão sistemática de literatura, é nesse capítulo que ela deve ser apresentada. Anexo 2 – Template de relatório de pesquisa 143 3 METODOLOGIA Nessa parte deve ser detalhado tudo o que foi realizado e em que contexto foi feita sua investigação, ou seja, como de fato a pesquisa ocorreu, de modo a apresentar possiblidades para a pesquisa ser replicada de acordo com o método envolvido. Deve-se detalhar a metodologia expondo: 3.1 TIPO DE PESQUISA As pesquisas recebem diferentes classificações, por isso você deve classificar como foi realizada a pesquisa quanto às fontes e aos procedimentos. 3.2 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA Nesse item deve-se descrever a caracterização da pesquisa do ponto de vista da natureza de pesquisa, se é básica ou aplicada. Detalha-se também os proce- dimentos quanto aos métodos e objetivos, detalhando se a pesquisa é explora- tória, descritiva ou explicativa. Nesse item deve-se caracterizar a pesquisa detalhadamente. 3.3 UNIVERSO DA PESQUISA A depender do tipo de pesquisa escolhido, deve-se caracterizar o universo, o contexto, a população-alvo e a amostragem de pesquisa, para então definir os instrumentos e procedimentos para a coleta de dados. 144 Metodologia da pesquisa científica 3.4 INSTRUMENTO UTILIZADO Aqui devem ser apresentados os instrumentos com os quais foi realizada a cole- ta de dados. Pode-se falar da importância da escolha desses intrumentos, se já foram utilizados e validados em outras pesquisas ou se foram construídos para obtenção desses dados. Pode-se inserir ao final da pesquisa como apêndice os instrumentos prontos. 3.5 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS Nesse item descreve-se como foi feita a coleta de dados com base nos instru- mentos selecionados perante a metodologia e objetivos da pesquisa. Enfim, detalha-se tudo que ocorreu na pesquisa como método que possa ser seguido e replicado em outras pesquisas. Anexo 2 – Template de relatório de pesquisa 145 4 RESULTADOS/ANÁLISE DOS DADOS Observação: abrir quantos tópicos forem necessários para explicar os resulta- dos diante dos pressupostos de cada vertente de pesquisa. A depender de cada tipo de pesquisa, haverá métodos específicos para catalo- gar, interpretar e aferir os resultados da investigação. 146 Metodologia da pesquisa científica 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS É o último texto do relatório de pesquisa. Aqui devem ser feitas as conclusões ou considerações em torno do que não foi possível identificar no estudo. Pode- se sugerir limites ou aprofundamentos para o estudo. Assim como na introdução, nesse texto final deve-se retomar o objetivo da in- vestigação, demonstrando o alcance do estudo e os resultados. Anexo 2 – Template de relatório de pesquisa 147 REFERÊNCIAS Listar todas as referências utilizadas no desenvolvimento do texto. Veja como citar alguns dos tipos de fontes mais comuns. Livros: GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 2. ed. SP: Atlas, 1991. LAKATOS, Eva; MARCONI, Marina. Metodologia do Trabalho Cien- tífico. SP: Atlas, 1992. RUIZ, João Álvaro. Metodologia Científica: guia para eficiência nos estudos. 4. ed. SP: Atlas, 1996. Artigos de revistas: AS 500 maiores empresas do Brasil. Conjuntura Econômica. Rio de Janeiro. v. 38, n. 9, set. 1984. Edição Especial. TOURINHO NETO, F. C. Dano ambiental. Consulex. Brasília, DF, ano 1, n. 1, p. 18-23, fev. 1997. Material da Internet SÃO PAULO. (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. Tratados e orga- nizações ambientais em matéria de meio ambiente. In: Entendendo o meio ambiente. São Paulo, 1999. v. 1. Disponível em: http://www.bdt. org.br/sma/entendendo/atual.htm. Acesso em: 27 dez. 2021. SILVA, M. M. L. Crimes da era digital. NET, Rio de Janeiro, nov. 1998. Seção Ponto de Vista. Disponível em: http://www.brasilnet.com.br/con- texts/brasilrevistas.htm. Acesso em: 27 dez. 2021. 148 Metodologia da pesquisa científica APÊNDICE Os apêndices são opcionais. Referem-se a documentos elaborados pelo autor do trabalho que auxiliaram na produção da pesquisa. Anexo 2 – Template de relatório de pesquisa 149 ANEXOS Os anexos são opcionais. Referem-se a documentos elaborados por outros au- tores que serviram para auxiliar na compreensão da pesquisa. Fonte: Elaborado pela autora. Metodologia da Científica Pesquisa Ana Maria Soek M etodologia da Pesquisa Científica Ana M aria Soek ISBN 978-65-5821-108-2 9 786558 211082 Código Logístico I000473 Página em branco Página em branco