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MOMENTO LINEAR E COLISÕES AULA 03 Luiz Fernando Mackedanz Bilhar e caos (1) Considere as colisões perfeitamente elásticas (não há perda de energia) Já discutido: em colisões com paredes a componente de momento perpendicular muda de sinal, a paralela permanece a mesma Comece com duas bolas com mesmo momento uma ao lado da outra e jogue-as: elas permanecerão próximas para sempre (lembre-se: perda de energia inexistente, somente colisões perfeitamente elásticas) Bilhar e caos (2) Agora coloque um círculo na mesa Esta forma é chamada de bilhar de Sinai Bolas com o mesmo momento; começam próximas novamente Quando as bolas batem no círculo, elas batem de volta em ângulos levemente diferentes Muito em breve elas não estarão mais próximas uma da outra Movimento caótico em uma mesa de bilhar de Sinai: trajetórias se separam exponencialmente rápido Novamente, dependência sensível às condições iniciais (compare as oscilações devidas ao amortecimento) Bilhar e caos (3) Comparação Movimento regular Movimento caótico Previsível a longo prazo Imprevisível Pierre-Simon Laplace (1749-1827) 1770: nomeado professor de matemática sem ter recebido um diploma 1773: eleito membro da Académie des Sciences de Paris 1785: conheceu Napoleão Bonaparte com seus 16 anos como examinador do Corpo Real de Artilharia (ele passou Napoleão) 1790: comissão para trabalhar no sistema métrico 1793: Reino do terror 1799: Nomeado Ministro do Interior por Napoleão, removido depois de 6 meses, “... porque ele trouxe para o governo o espírito das coisas infinitamente pequenas” 1799-1825: Méchanique Céleste em 5 volumes 1805 Legião de honra O demônio de Laplace (1) Laplace teve uma ideia de um computador enorme (“intelecto”) no qual todas as equações de força e todas as condições inicias seriam inseridas Equação para um objeto: É possível (em princípio) integrar estas equações: Com as condições iniciais podemos então encontrar para todos os tempos O demônio de Laplace (2) Esta ideia serve para todos os tipos de objeto e também sistemas com diferentes objetos, desde planetas até átomos. Ainda que não possamos realmente calcular os resultados exatos, ainda parece que o futuro de todos estes objetos é pré-determinado. Seres humanos são feitos de átomos, e o caminho de cada átomo já é pré-determinado Todo o futuro do universo já está decidido Conflita com a ideia de que existe livre arbítrio “A Liberdade Guiando o Povo”, Eugène Delacroix O demônio de Laplace (3) O resgate vem de dois princípios: Princípio da incerteza: não se pode determinar momento e posição ao mesmo tempo com precisão arbitrária (mais em física moderna) Teoria do caos: Dependência sensível às condições iniciais (o bilhar de Sinai é um bom modelo de dispersão de objetos ... como moléculas de ar, por exemplo) Exemplo: Coloque uma bola de bilhar em uma mesa, solte outra em cima dela a partir do repouso. Ainda que você coloque o seu centro com precisão de um único átomo sobre o centro da primeira, a bola de cima vai quicar em um sentido imprevisível mesmo depois de 8-10 quicadas. Consequência: a previsibilidade no longo prazo é impossível para um sistema de colisão de partículas. Física de partículas (1) O uso das leis de conservação de momento e energia são essenciais para analisar os produtos de colisões de partículas em altas energias, como as produzidas no Tevatron do laboratório Fermilab, próximo a Chicago, Illinois, atualmente o acelerador para colidir prótons com antiprótons de maior energia do mundo. No acelerador Tevatron, físicos de partículas colidem prótons e antiprótons com energias totais de 1,96 TeV (daí seu nome!) Lembre que 1 eV = 1.6 10-19 J; então 1.96 TeV = 1.96 1012 eV = 3.2 10- 7 J O Tevatron está configurado de uma forma que os prótons e antiprótons se movam no anel de colisão em sentidos opostos com, para todos os fins práticos, vetores momento exatamente opostos Os principais detectores de partículas, D-Zero e CDF, estão localizados nas regiões de interação, onde os prótons e os antiprótons colidem Física de partículas (2) A figura abaixo mostra um exemplo de uma colisão desse tipo Nessa exibição gerada por computador de um determinado evento de colisão no detector D-Zero, o vetor momento inicial do próton aponta direto para a página, e o do antipróton aponta direto para fora da página Física de partículas (3) Desta forma, o momento inicial total do sistema de prótons e antiprótons é zero A explosão produzida por essa colisão gera diversos fragmentos, sendo que quase todos são registrados pelo detector Essas medições estão indicadas em tons de cinza na imagem mostrada Sobrepostos a essa exibição de evento estão os vetores momento das partículas matriz correspondentes desses fragmentos, com seus comprimentos e sentidos baseados em análise computacional da resposta do detector No lado direito da figura, os vetores momento foram resumidos graficamente, dando um vetor não zero, indicado pela seta verde Física de partículas (4) Porém, a conservação do momento sem dúvida exige que a soma dos vetores momento de todas as partículas produzidas nessa colisão seja zero A conservação do momento nos permite atribuir o momento perdido que equilibraria a conservação de momento a uma partícula que escapou sem ser detectada, um neutrino Com o auxílio dessa análise de momento perdido, os físicos da colaboração D-Zero conseguiram demonstrar que, no evento exibido aqui, uma partícula desconhecida – conhecida como quark top – foi produzida O resultado é bastante recente e espera-se que leve a um Prêmio Nobel em um futuro próximo Revisão: método dos sete passos Nós agora vamos trabalhar com dois problemas de exemplo usando o método dos sete passos Pense Desenhe Pesquise Simplifique Calcule Arredonde Solução alternativa Exemplo: queda de um ovo (1) Questão: Um ovo em um recipiente especial é jogado de uma altura de 3,70 m. O recipiente e o ovo têm massa combinada de 0,144 kg. Uma força resultante de 4,42 N quebrará o ovo. Qual é o tempo mínimo sobre o qual o ovo/recipiente pode parar sem quebrar o ovo? Resposta: Pense: Quando o ovo e o seu recipiente são liberados, eles terão aceleração devida à gravidade Quando o ovo/recipiente atinge o solo, sua velocidade vai da velocidade final em razão da aceleração gravitacional a zero Quando o ovo/recipiente para, a força que o faz parar vezes o intervalo de tempo é igual à massa do ovo/recipiente vezes a mudança de velocidade O intervalo de tempo sobre o qual ocorre a mudança de velocidade determinará se a força exercida sobre o ovo pela colisão com o solo quebrará o ovo Desenhe: Considere que o ovo/recipiente seja jogado de uma altura de h = 3,70 m. Pesquise: De acordo com a cinemática aplicada à queda livre, a velocidade final vy do ovo/recipiente, resultado da queda livre de uma altura de y0 a uma altura final de y e com velocidade inicial vy0 é dada por Sabemos que vy0 =0 porque o ovo/recipiente foi liberado do repouso. Definimos a altura final como sendo y = 0 e a altura inicial como y0 = h. Então nossa expressão para a velocidade final no sentido y é Exemplo: queda de um ovo (2) Exemplo:queda de um ovo (3) Quando o ovo/recipiente atinge o solo, o impulso exercido sobre ele é dado por Onde ∆p é a mudança de momento do ovo/recipiente e F é a força exercida para parar o ovo/recipiente Presumimos que a força é constante, então podemos reescrever a integral como J Exemplo: queda de um ovo (4) O momento do ovo/recipiente mudará de p = mvy para p = 0 quando atingir o solo, então O termo -mvy é negativo porque a velocidade do ovo/recipiente logo antes do impacto está no sentido y negativo Exemplo: queda de um ovo (5) Simplifique Agora podemos solucionar a equação para o intervalo de tempo Calcule Inserindo os valores numéricos obtemos Solução alternativa Um intervalo de tempo de 1/4 de segundo parece razoável Poderíamos aumentar este intervalo de tempo Produzindo uma espécie de zona de deformação Tornando o recipiente mais pesado Construindo um recipiente de forma que tivesse grande resistência do ar Exemplo: colisão com um carro estacionado (1) Questão: Um caminhão atinge um carro estacionado. Durante a colisão, os veículos se aderem e deslizam até parar. O caminhão em movimento tem massa total de 1982 kg (incluindo o motorista), e o carro estacionado tem massa total de 966,0 kg. Se os veículos deslizaram 10,5 m antes de chegar ao repouso, qual era a velocidade do caminhão? O coeficiente de atrito deslizante entre os pneus e a estrada é 0,350. Resposta: Pense: Esta situação é uma colisão perfeitamente inelástica de um caminhão em movimento com um carro estacionado. Após a colisão, os dois veículos deslizam até parar A energia cinética da combinação caminhão/carro logo após a colisão é reduzida pelo trabalho realizado pelo atrito enquanto os veículos estão deslizando. A energia cinética da combinação caminhão/carro pode ser relacionada à velocidade inicial do caminhão antes da colisão. Exemplo: colisão com um carro estacionado (2) Desenhe Definimos que o caminhão em movimento tem massa m1 e velocidade inicial vi,1 Definimos que o carro estacionado tem massa m2 e estava inicialmente em repouso Depois da colisão, os dois veículos deslizam juntos com velocidade de vf Pesquise A conservação do momento para colisões perfeitamente inelásticas nos diz que Exemplo: colisão com um carro estacionado (3) A energia cinética da combinação caminhão/carro logo após a colisão é Terminamos de solucionar este problema usando o teorema do trabalho e energia O trabalho realizado pelo atrito, Wf, sobre o sistema caminhão/carro é igual à mudança de energia cinética ∆K do sistema caminhão/carro, uma vez que ∆ = 0 A mudança de energia cinética é igual a zero (já que o caminhão e o carro acabam parando) menos a energia cinética do sistema caminhão/carro logo após a colisão Então, podemos escrever Exemplo: colisão com um carro estacionado (4) O sistema caminhão/carro desliza por uma distância d A componente x da força de atrito que desacelera o sistema caminhão/carro é dado por fx=-µkN onde µk é o coeficiente de atrito cinético e N é o módulo da força normal Neste caso, a força normal tem módulo igual ao peso do sistema caminhão/carro, ou N=(m1+m2)g O trabalho é igual à componente x da força de atrito vezes a distância que o sistema caminhão/carro desliza ao longo do eixo x então podemos escrever Exemplo: colisão com um carro estacionado (5) Simplifique: Podemos combinar duas equações anteriores para obter Podemos então obter A solução de vi1 nos leva a Exemplo: colisão com um carro estacionado (6) Calcule: Inserindo os números obtemos Solução alternativa A velocidade inicial do caminhão era de 12,6 m/s, que corresponde a 28,2 mph, que está dentro da faixa de velocidades normais
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