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Prof. Gilvan Caetano Duarte Curso de Ciências Biológicas - CPN Metabolismo de carboidratos: Glicólise Disciplina: Bioquímica Nos vegetais superiores e nos animais, a glicose tem três destinos principais: pode ser armazenada (polissacarídeo ou sacarose), ser oxidada a compostos de três átomos de carbono (piruvato), através da glicólise, ou ser oxidada a pentoses, através da via das pentoses fosfato (via do fosfogliconato) Glicólise Via Glicolítica Via Glicolítica Via Glicolítica Glicólise (do grego glykys, “doce” e lysis, “quebra”) Via catabólica central • Como a energia armazenada em moléculas como a glicose é usada para realizar trabalho biológico? • Única fonte em algumas células e tecidos: • Mamíferos (eritrócitos, medula renal, cérebro e espermatozóides); • Plantas que estocam amido e algumas aquáticas; • Microrganismos anaeróbicos. • Precursores para síntese A via • De glicose a piruvato • 2 fases, 10 etapas • Todos açúcares são isômeros D Funções da Via Glicolítica Transformar glicose em piruvato. Sintetizar ATP com ou sem oxigênio. Preparar a glicose para ser degradada totalmente em CO2 e H2O. Permitir a degradação parcial da glicose em anaerobiose. Alguns intermediários são utilizados em diversos processos biossintéticos. Visão Geral Fase Preparatória • 2 fosforilações • Quebra de 1 hexose em 2 trioses • ATP é investido para formar compostos com maior energia livre de hidrólise Fase do Pagamento • Armazenamento da energia livre na forma de ATP • Eficiência >60% na recuperação de energia • Apenas 5.2% da energia de oxidação da glicose foram liberados. O restante permanece nas moléculas de piruvato. Intermediários Fosforilados • Ionizados em pH 7,0 com carga negativa não atravessam a membrana contra gradiente de concentração sem gasto de energia • Transferência para ADP • Ligação a Mg2+ e ao sítio catalítico das enzimas Visão Geral: Fase Preparatória Visão Geral: Fase de pagamento 1. Fosforilação de glicose. A glicose-6-fosfato é o produto ativado que não se difunde para fora da célula. A hexoquinase não é uma enzima específica, ela fosforila outras hexoses comuns como a D-frutose e D-manose. A enzima requer Mg2+ porque o verdadeiro substrato dela não é o ATP mas sim o complexo MgATP. Sob condições intracelulares esta reação é irreversível, pois ela forma um composto de baixa energia (glicose-6-fosfato) a partir da hidrólise de um composto de alta energia (ATP) 2. Conversão da glicose-6-fosfato em frutose-6-fosfato pela fosfoexoisomerase Esta enzima catalisa a isomerização reversível de uma aldose (glicose-6- fosfato) em uma cetose (frutose -6-fosfato). Pela variação relativamente pequena da energia livre, esta reação processa-se rapidamente em qualquer das duas direções. A enzima também requer Mg2+ e é específica para as duas hexoses (glicose-6- fosfato e frutose-6-fosfato) 3. Fosforilação da frutose-6-fosfato em frutose-1,6-bifosfato Reação é irreversível nas condições celulares. A fosfofrutoquinase é uma enzima alostérica (regulátória) sendo uma das mais complexas. Ativadores da fosfofrutoquinase – baixos níveis de ATP e altos níveis de ADP e AMP. Inibidores da fosfofrutoquinase – altos níveis de ATP e ácido cítrico e quando a célula está bem suprida de outros combustíveis como os ácidos graxos. A enzima requer Mg2+ e é especifíca para frutose-6-fosfato. 4. Clivagem da frutose 1,6-bifosfato Reação que envolve a ruptura da frutose 1,6-bifosfato para formar duas trioses fosfato diferentes, o gliceraldeído-3-fosfato (aldose) e a diidroxiacetona fosfato (cetose). Pode ocorrer nas duas direções. Durante a glicólise os produtos da reação (2 trioses fosfato) são removidas rapidamente, deslocando a reação na direção das trioses. 4ª Etapa (Cont.) 5. Interconversão das trioses fosfato Apenas uma das trioses fosfato formada (gliceraldeído-3-fosfato) pode ser diretamente degradada nos passos subseqüente da glicólise. Com evolução dos organismos e para não haver acúmulo de diidroxiacetona na célula, surgiu a enzima triose-fosfato-isomerase que é extremamente ativa e converte rapidamente a diidroxiacetona fosfato em gliceraldeído-3-fosfato pela reação: 6. Oxidação do gliceraldeído-3-fosfato em 1,3-bifosfoflicerato É a primeira reação da via glicolítica a envolver reação de oxi-redução formando um composto de alta energia (ácido 1-3 difosfoglicérico); este composto é chamado de acil fosfato. O agente oxidante envolvido é a coenzima NAD+. A reação é facilmente reversível devido ao baixo Gº’ da hidrólise. A enzima gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase é um tetrâmero e cada subunidade liga-se a uma molécula de NAD+. A enzima possui grupos sulfidrilas (S-H) que devem estar livres (reduzidos) para a atividade catalítica. O NADH formado nessa reação precisa ser re-oxidado, até NAD+ pois as células contém quantidades limitadas de NAD+. 6ª Etapa (Cont.) 7.Transferência do fosfato do 1,3-bifosfoglicerato para o ADP A enzima fosfoglicerato quinase transfere o grupo fosfato de alta energia do grupo carboxila do 1,3-bifosfoglicerato para o ADP, formando ATP e 3-fosfoglicerato. Esta reação e a reação anterior, são reações acopladas cujo intermediário comum é o ácido 1,3-difosglicérico que transfere seu grupo fosfato para o ADP. A soma das reações é: Resultado do acoplamento, ambas reversíveis nas condições celulares, é a formação de ATP pela liberação de energia na oxidação. A formação de ATP pela transferência de grupo fosfato de um substrato rico em energia é conhecida como fosforilação ao nível de substrato. 8. Conversão do 3-fosfoglicerato em 2-fosfoglicerato Esta enzima pertence a um grupo de catalisadores, chamados fosfomutases, que transferem grupo fosfato de uma posição para outra na mesma molécula de substrato. A reação ocorre em dois passos como a seguir: 3PGA + P-Enz. (2,3 diPGA – Enz.) P – Enz. + 2PGA Enzima + 2,3 diPGA O íon Mg2+ é essencial para esta reação 9. Desidratação do 2-fosfoglicerato para fosfoenolpiruvato Segunda reação glicolítica com formação de um composto de alta e energia (fosfato enólico), mediado pelo processo de desidratação. A saída da molécula de água do ácido-2-fosfoglicérico, provoca rearranjo dos elétrons no ácido fosfoenolpirúvico de modo que uma quantidade maior de energia do composto é libertada na hidrólise. A enzima enolase requer Mg2+ como cofator. 10. Transferência do grupo fosforil do fosfoenolpiuvato para o ADP O último passo da via glicolítica é a transferência do grupo fosfato do ácido fosfoenolpirúvico para o ADP para formar o ATP (fosforilação ao nível de substrato). A reação da piruvato quinase é irreversível sob condições intracelulares. A enzima requer K+ e Mg2+ ou Mn2+ para sua atividade. Ela é um importante sítio de regulação. Destinos do Piruvato • Respiração aeróbica • Fermentação • Láctica • Alcoólica • Reposição do NAD+ • TPP; Vitamina B1 (tiamina) Fermentação Láctica Reação catalisada pela lactato desidrogenase que requer NADH + H+; O NADH produzido na reação 6 é reoxidado, não havendo acúmulo de NADH nos tecidos. Lactato formado por músculos ativos de animais vertebrados é reciclado. Transportado pelo sangue até o figado convertido em glicose durante a recuperação da atividade muscular. Quando o ácido láctico é produzido em grande quantidade durante contrações musculares vigorosas provoca dores, limitando o tempo de constrações musculares podem ocorrer. Fermentação Alcoólica Primeiros organismos vivos provavelmente surgiram em uma atmosfera semoxigênio. Portanto a fermentação constituiu a maneira mais simples e primitiva de obter energia de moléculas nutritivas, e armazená-la sob a forma de ATP. A fermentação alcoólica é utilizada pelas leveduras e microrganismos que transformam a glicose em etanol e CO2. O piruvato é convertido em etanol e CO2 em um processo de dois passos: A enzima requer Mg2+ e tiamina pirofosfato (TPP) como cofatores. A reação é exergônica e irreversível. A redução ocorre em presença de NADH + H+ derivado da atividade da gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase, produzindo etanol. Rendimento Energético 2ATP / Glicose Equação final da glicólise, após cancelamento dos termos comuns dos dois lados da equação Glicose + 2NAD+ + 2ADP + 2Pi 2piruvato + 2NADH + 2H+ + 2ATP + 2H2O Vias Afluentes da Glicólise Além da glicose, muitos outros carboidratos encontram seu destino metabólico na via glicólitica após sofre transformação enzimática e tornar-se um dos intermédiários da glicólise. Os mais significativos são o glicogênio e o amido, ambos polissacarídeos de armazenamento. E os dissacarídeos maltose, lactose, trealose e sacarose, e os monossarídeos frutose, manose e galactose. Vias de entrada Um organismo submetido a alterações metabólicas circunstanciais, como aumento de atividade muscular, redução na disponibilidade de O2, ou redução nas quantidades de carboidratos na dieta, deve ajustar a velocidade de fluxo pelas vias catabólicas, de forma a garantir que reservas energéticas sejam mobilizadas apenas quando necessária. Regulação em enzimas chaves na via glicolítica. Regulação da Glicólise Enzimas chaves do processo: Hexoquinase Inibição alostérica pelo produto Km baixo - em condições de glicemia normal, trabalha em VMAX. Glicoquinase Km mais alto que a glicemia - responde a aumento de concentração inibida por F6P, inibição anulada por F1P Piruvato quinase Inibição alostérica por ATP, acetil-CoA e ácidos graxos Fosfofrutoquinase-1 ATP afinidade por F6P Citrato efeito do ATP F2,6bP, ADP, AMP estimulam Fosfofrutoquinase-1 (PFK-1) PFK-1 de E. coli, mostrando duas de suas quatro subunidades idênticas; Regulação alostérica da PFK-1 de músculo esquelético pelo ATP.