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VETWEB AVA Para o treinamento de cão de guarda, pode-se se encontrar uma infinidade de equipamentos no mercado. Diversos outros são desenvolvidos pelos próprios adestradores. Por conta dessa grande variedade, torna-se difícil abordar todos eles, principalmente, quando se consideram casos específicos como raças e variantes utilizadas para o treinamento do cão de guarda. Portanto, vamos abordar, ao longo desta parte do curso, somente os equipamentos específicos para os cães de guarda, não se esquecendo nunca de que, para realizar o treinamento de cães de guarda, é fundamental conhecer bem as técnicas utilizadas para o adestramento básico de cães, no qual são utilizados outros equipamentos. Veremos que, durante o treinamento de cães de guarda, ensinamos o cão a atacar e morder com eficiência. Portanto, pelo menos em parte do trabalho, a segurança dos envolvidos por ocasião do treinamento, seja do condutor ou do figurante, depende da qualidade dos equipamentos utilizados. Por isso, é fundamental que os equipamentos utilizados no adestramento sejam de ótima qualidade e que sejam resistentes, seguros e duráveis. A qualidade do equipamento também interfere na qualidade do treinamento final do cão. Por exemplo, vamos supor que você esteja utilizando um equipamento para ensinar o cão a morder de forma correta, mas o equipamento utilizado machuca a boca do cão. Por melhor que seja o seu estímulo, ele não vai morder o objeto com a “boca cheia”, ou seja, encaixando bem a boca, nem vai morder com a força necessária. Pior ainda, se isso ocorrer, com o cão jovem, ele poderá ficar condicionado a essa dor como sendo uma punição e, posteriormente, poderá não mais querer morder da forma adequada. Vamos conhecer os principais equipamentos. 3.1. Salsicha A salsicha ou tag de mordida é utilizada para instigar o cão nas primeiras mordidas de proteção e ativar a caça do cão, quando manejado com experiência pelo figurante. Esse equipamento deve ter comprimento de, pelo menos, 30 cm, para que o cão possa abocanhar. Ele é confeccionado e preenchido com tecido especial que suporte a mordida do cão, não despedace e deixe a salsicha mais firme. Com o tempo, à medida que o cão morde o equipamento, vai se tornando mais flexível e maleável. Existem Tags de vários tamanhos e texturas, mais macios para filhotes e cães jovens, e mais duros para cães adultos. Para facilitar o uso, é importante que ele tenha duas alças, uma de cada lado da salsicha, para que o adestrador possa manuseá-la e estimular o cão da melhor forma possível. Essas duas alças também são fundamentais para a segurança do adestrador. Se elas forem muito pequenas, a mão do adestrador vai ficar muito próxima da região da mordida e, com qualquer descuido, o cão poderá morder a mão do treinador, ao tentar pegar a salsicha. Quando essa alça é maior, o equipamento também poderá ser utilizado para incentivar a mordida de perna, como veremos mais à frente no curso. Esse é o primeiro equipamento a ser utilizado. Quando o cão ainda é muito jovem, a salsicha pode ser menor e mais flexível. Mas, depois que o cão estiver dessensibilizado, e já estiver mordendo, poderá ser ancorado e trabalhado com uma salsicha um pouco maior e mais rígida, para aprimorar a sua mordida. Antes da salsicha, em filhotinhos que ainda não consigam mordê-las, podemos utilizar um paninho limpo, de algodão, para facilitar o filhote perseguir e morder. Figura 3.1 - Salsicha utilizada para se trabalhar a mordida do cão, podendo ser utilizada para ensinar mordida, tanto em perna como em braço. 3.2. Bite pillow O bite pillow, também conhecido como travesseiro de mordida, possui uma alma ou um interior rígido, revestido por tecido de alta resistência. Ele também possui alças para que possa ser segurado pelo adestrador de forma segura. Portanto, ainda não é um equipamento que é vestido no adestrador. Figura 3.2 - Bite pillow. A forma mais estreita é importante para limitar a área que o cão pode morder. Normalmente, esse equipamento começa a ser utilizado depois que o cão já aprendeu a morder na salsicha. Ele é importante para melhorar a qualidade da mordida do cão. A salsicha permite que o cão fique mordendo e remordendo o equipamento. O cão morde, solta e volta a morder, como se estivesse brincando. Esse é um problema da técnica de adestramento e não um problema genético do cão, mas um problema de adestramento realizado pelo adestrador. 3.3. Manguin Figura 3.3 - Manguin utilizado para a proteção do braço. O Manguin ou manga de mordida também é um equipamento de mordida, mas, diferentemente dos outros dois, ele pode, além de estimular a caça do cão, ser vestido no corpo do figurante, nesse caso, no braço. Com esse equipamento, é iniciado o trabalho de mordida na pessoa. O equipamento é confeccionado em tecido resistente e flexível, pode apresentar diversas consistências, de acordo com o cão a ser treinado. Para o trabalho com o cão mais jovem, deve-se utilizar um Manguin mais macio. Já os cães adultos suportam o equipamento mais duro e resistente. Esse equipamento deve ser mais duro com o cão adulto, não somente por causa do trabalho com a mordida do cão, mas também para segurança do figurante, porque o cão mais trabalhado possui a mordida mais forte. Figura 3.4 - Manguin vestindo corretamente no braço. Ao trabalhar com Manguin duro, com filhote, ele vai sentir essa mordida e vai ficar receoso de continuar a morder. É fundamental que se construa, gradativamente, o trabalho com exercícios mais leves para o cão, em termos de densidade e passar para uma densidade mais pesada, quando o cão possuir a mordida e estiver mais preparado. É fundamental que esse equipamento seja bem largo, pois, ao ser utilizado, a mordida do cão deve ser feita na parte de tecido, sem pegar o braço do figurante. Por isso, ao vesti-la, é importante colocar o braço bem no fundo traseiro, deixando a parte de tecido mais para a frente, onde o cão morderá. Existe um equipamento parecido, conhecido como manga de esporte, que é um equipamento mais rígido e utilizado em treinamento de cães para esporte como o IPO ou Schutzhund, palavra alemã que significa cão de proteção. Para o cão de segurança, o Manguin é mais adequado, pois é mais maleável e fácil de trabalhar. 3.4. Jambier O Jambier é um equipamento para proteção da perna e, por isso, trabalha na posição vertical. Como o Manguin, ele é vestido na perna para proporcionar a proteção. Figura 3.5 - O Jambier é utilizado para proteção da perna. Do mesmo modo que o Manguin, o Jambier é confeccionado em tecido resistente e flexível, e pode apresentar diversas consistências, de acordo com o cão a ser treinado. No trabalho com o cão mais jovem, utiliza-se Jambier mais macio e com os cães adultos os equipamentos são mais duros e resistentes. 3.5. Bite suit Outro equipamento de proteção do corpo do adestrador é o bite suit, também conhecido como roupa de mordida, que protege o corpo inteiro do figurante. Figura 3.6 - Figurante utilizando o bite suit durante o treinamento de um cão adulto. Esse equipamento é constituído de duas partes, a calça para proteção dos membros inferiores e a jaqueta para proteção dos membros superiores. Diferentemente dos equipamentos já estudados, o bite suit protege as duas pernas, os dois braços, a região da virilha e todo o tronco do figurante. É utilizado quando o cão já está no estágio de focar o figurante, ou de atacar o figurante. 3.6. Guia longa A guia longa é um importante equipamento de segurança para o adestrador e para o figurante. Ela é utilizada para fazer a ancoragem do cão no poste fixo. Essa guia fixa o cão e delimita a área aonde ele pode chegar. Dessa forma, o figurante sabe exatamente a que distância pode se aproximar do cão com segurança, sem que corra risco de ser mordido. Por outro lado fica próximo o bastante para poder trabalhar o cão da forma correta reforçando os comportamentos corretos. É importante que a guia seja bastante resistente, pois, ao longo do trabalho, é comum o cão pular e dartrancos na guia. Outra recomendação é que ela possua o sistema de trava de desengate rápido. Ao utilizar o desengate rápido, é possível liberar o cão de modo mais imediato e seguro. Quando necessário, durante o trabalho, deve-se liberar o cão para diminuir o estresse da mordida e para que ele carregue o instrumento que utilizamos como caça. Quando se usa engates comuns, e o cão faz muita força, é bastante difícil de soltar o engate da guia, pois o cão faz a força no sentido contrário. Isso, geralmente, prejudica a atividade de reforço do comportamento, pois o cão pode estar mordendo bem, mas, se o condutor perder alguns segundos para liberá-lo, para carregar a caça que será o ato de reforçar o comportamento, o cão poderá perder a mordida e todo o trabalho não será reforçado. Figura 3.7 - Guia longa, muito utilizada para a ancoragem do cão. Figura 3.8 - Engate rápido da guia longa. 3.7. Peitoral Figura 3.9 - Peitoral para distribuir o peso da tração pelo corpo do cão. O peitoral de treinamento é muito utilizado no lugar da coleira por ser mais eficiente para distribuir o peso do animal pelo corpo, sem machucá-lo. É bastante comum, no avanço do treinamento, que o cão dê um forte tranco na guia. Quando se utiliza a coleira, toda essa pressão é realizada no pescoço do animal, podendo machucá-lo. Além disso, é muito difícil para um cão iniciante morder bem recebendo pressão no pescoço. Caso isso aconteça por diversas vezes, o cão jovem poderá ficar receoso em realizar alguns movimentos, principalmente quando o adestrador e o figurante forem inexperientes. O uso do peitoral pode minimizar muito esse problema, porque a tração vai ser distribuída pelo corpo, não causando dor ou mesmo ferimentos e dificuldades na mordida. Figura 3.10 - Observe que, com o uso do peitoral, a carga fica bem distribuída no peito do cão. 3.8. Coleira A coleira também é muito utilizada, podendo ser colocada em conjunto com o peitoral, principalmente, no início dos treinamentos, para que o cão não sinta a pressão direta no seu pescoço. Por questão de segurança, as coleiras mais indicadas para o treinamento de cão de guarda são as confeccionadas em couro ou em náilon. Algumas coleiras de náilon mais modernas possuem sistema de alça que podem facilitar o trabalho de segurar o cão, ou o movimento para fazer o cão largar a “caça”. Figura 3.11 - Coleira de treinamento. Figura 3.12 - Coleira de náilon com sistema de alça que facilita o treinador segurar o cão. 3.9. Cãnha ou stick O stick ou a cãnha é um equipamento confeccionado a partir de um pedaço de bambu de cerca de 80 cm de comprimento, onde se faz uma série de cortes longitudinais. O bambu cortado dessa forma gera um movimento associado a um barulho específico. Esse som serve para atrair a atenção do cão, voltando a atenção no figurante. Figura 3.13 - A cãnha é confeccionada com um pedaço de bambu de cerca de 80 cm de comprimento. Figura 3.14 - A cãnha possui cortes longitudinais para, ao ser balançada, fazer um barulho característico. Outra importante função desse equipamento é a dessensibilização do som e, também, do toque. De forma alguma, ele pode ser utilizado para punição, ou correção na forma de uma varada. Pelo contrário, esse equipamento é usado para fazer com que o cão suporte o toque e o som perto dele, e também para que aprenda a entender que, caso um futuro agressor esteja com algo nas mãos, ele não precisa se intimidar, pois ele irá mordê-lo do mesmo jeito. Esse equipamento pode ser facilmente confeccionado pelo treinador. Existem treinadores que preferem o uso de um chicote de estalo, que consiste de um bastão com uma cordinha na ponta e que faz um som quando estalado, tendo o mesmo efeito da cãnha. Como montar um serviço de adestramento de cães Fonte: https://goo.gl/jyFmJh