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INTRODUÇÃO • Não conviveu com Comte, pois nasceu um ano após a sua morte, mas sofreu grande influência desse através de sua obra. • Não tem objeto único. • “Coletivismo Metodológico” – Sociedade tira do indivíduo a capacidade de ação. • A grande diferença de Durkheim para outros autores (Marx, Weber e Tocqueville) é que para ele há supremacia da sociedade sobre o indivíduo. • Contraposição das ideias de Durkheim e Marx. • MARX � Os problemas econômicos são responsáveis pela quebra da ordem; � A História é resultado do conflito entre proprietário e produtores; � O Socialismo é a transição entre o Capitalismo e o Comunismo ; � Seu foco é a luta de classes; � Igualdade de condições. • DURKHEIM � A economia não dá conta de explicar os problemas sociais, eles são decorrentes da falta de integração dos indivíduos ao grupo; � A evolução implica na mudança de regime; � Socialismo é o fenômeno que se opõe ao individualismo, para instituir a ordem social e o moralismo; � O socialismo não descarta a propriedade e até convivem; � Seu foco central é a organização e a integração social; � Nega que se trate da igualdade de condições; � A educação é a única maneira de impor aos homens respeito pelo social e da submissão dos seus desejos pessoais aos do grupo; � Cada sociedade tem um sistema de educação único. 1. Dados Biográficos • Nasceu em 15/04/1858, Épinal, França; • Era de família judia e tinha até rabinos nela; • Pai era principal referencia, mas morreu quando ele ainda era jovem; • Formou-se em filosofia em 1882 e foi nomeado professor; • Três anos depois foi estudar Ciências Sociais em Paris e na Alemanha; • Em 1887 foi nomeado professor de pedagogia; • Em 1893 Defendeu sua tese de doutorado “Da divisão do tralho social”; • Em 1895 publicou “As regras do método sociológico”; • Em 1896 fundou uma revista específica de sociologia – L’Année Sociologique; • Em 1897 publicou “O Suicídio”; • Em 1902 foi para a Universidade de Sorbonne, devido ao reconhecimento do seu trabalho; • Em 1912 publicou “As formas elementares da vida religiosa”; • Em 1915 perdeu seu filho em combate na Salônica; • Em 1917 veio a falecer. 2. A Teoria Durkheimiana e a ordem social • Ele está preocupado com o mundo moderno, suas transformações e a ordem social (apesar de ser da virada do sec.). • Os temas que ele persegue obsessivamente são: � Os mecanismos que ligam o indivíduo à sociedade; � Que condições fazem com que as atividades estejam ligadas com a ordem social. � O que fazem os indivíduos serem solidários. � O que faz a autonomia do indivíduo estar ligada com a ordem social. • O suicídio é um dos supostos distúrbios da modernidade e não pode ser compreendido do ponto de vista individual, mas sim do contexto social. • O cerne da religião não é Deus, mas sim a sua representação social e na vida mundana. • A ordem social só é atingida se os indivíduos abdicarem de sua liberdade e autonomia em prol do todo, e isso para ele não é natural. • As paixões humanas só se detêm diante de uma força moral que elas respeitem. • Para controlar os homens e evitar o estado de guerra, é necessária uma força Moral superior. • Com a instauração da modernidade, o mundo teria entrado em crise exatamente porque as instituições que exerciam este poder Moral entraram em crise (família, Estado e Igreja). • Para ele, o que diferencia substancialmente as sociedades seriam os tipos de solidariedade, ou seja, quanto mais solidária, mais coesa ela seria. As sociedades primitivas se submetiam totalmente às regras sociais, enquanto as modernas as ignoravam, e assim, seriam menos coesas. • Nas sociedades modernas o confronto entre as paixões individuais gerariam conflitos que não poderiam ser atenuados. Para que atenuasse este conflito, deveria haver algo que supere o indivíduo, para que eles respeitem as normas sociais. 3. Solidariedade Mecânica e Solidariedade Orgânica. � Solidariedade Mecânica: Os indivíduos têm os mesmos gostos e sentimentos, ainda não se diferenciaram. É uma sociedade coesa. É mecânica porque liga a coisa à pessoa. Nesta sociedade, a consciência coletiva se sobrepõe à individual de forma que se tornam idênticas e o vínculo da pessoa à sociedade é de tal dependência que aquele segue este como a coisa aos seu proprietário. o Temos duas consciências: 1º. Comum ao grupo. Não é nós mesmos mas a sociedade que vive e age em nós. 2º. Representa o que é pessoal e distinto em nós. � Solidariedade Mecânica: Solidariedade Orgânica: Se caracteriza pela diferença entre os indivíduos. Os indivíduos são diferente porque o consenso se realiza. • O consenso está presente nos dois tipos de sociedade, mas sendo coletivistas nas sociedades primitivas e individualistas nas modernas. • A nova solidariedade se funda na complementaridade das atividades individuais diferenciadas. • Nas sociedades modernas a consciência individual se sobrepõe à coletiva. • Consciência coletiva – Conjunto de crenças e sentimentos comuns aos membros da sociedade, que é um sistema determinado e que tem vida própria. • Consciência Individual – É o oposto, se a primeira representa o coletivo, esta representa as crenças individuais. • O coletivo não é a soma dos indivíduos – A sociedade representa os indivíduos, mas é um corpo autônomo, e como um novo ser, não representa o conjunto dos indivíduos que a compõe. 1ª Crítica => Ao fundamento da Sociedade Mecânica de Durkheim. Como os indivíduos estão sempre condicionados pelas normas sociais, quem cria os indivíduos (como ser autônomo) é a sociedade. 2ª Crítica => Pizzorno conjuga a teoria Durkheimiana, no tocante à solidariedade, com a Marxiana. Para ele os indivíduos se unem na sociedade moderna pela semelhança, e não pela diferença. Para ele a Solidariedade Orgânica não pode se distinta da mecânica quanto à substância. • Para Durkheim, a sociologia caracteriza-se pela prioridade do todo sobre as partes, ou, irredutibilidade do conjunto social à soma dos elementos. Direito => Para cada tipo de solidariedade há uma forma de Direito. � Direito Repressivo => Está ligado à Solidariedade Mecânica. O crime é simplesmente um ato proibido pela consciência coletiva. Neste caso, a função do castigo é satisfazer a Consciência Comum. � Direito Restitutivo => Está ligado à Solidariedade Orgânica. Não trata de punir, mas de estabelecer as coisas em conformidade com a justiça. Organiza a coexistência de indivíduos diferenciados. “Quem não resgatou sua dívida deve pagá-la”. • Nos dois casos é a sociedade quem pune. • A pena tem as funções: � De punir; � De coibir atos semelhantes; � De manter a coesão, reafirmando a solidariedade. 4. A Modernidade e as implicações da divisão do Trabalho Social. • A divisão do trabalho social é uma das muitas características da sociedade. Mas por que teria ocorrido? • Há três fatores que determinam esta divisão: a Combinação do Volume, da Densidade Material e da Densidade Moral das sociedades. • É o aumento da densidade material que permite/requer a divisão do trabalho social. � O Volume é o número dos indivíduos que pertencem à uma sociedade. � A Densidade Material é o número de indivíduos em determinado espaço do solo. � A Dimensão Moral é a intensidade de comunicação e trocas entre os indivíduos. • Conforme cresce a Densidade Social e Moral das sociedades, os papéis sociais diferenciam-se sempre mais. A sociedade mecânica (ou por semelhança) cede lugar progressivamente à solidariedade Orgânica (ou por complementaridade). • A diferenciação social é a condição para o desenvolvimento da liberdade individual. • Não é o indivíduo que se autonomiza,mas a sociedade que permite isso, promovendo as condições para. • Uma Sociedade Individualista também tem um sistema de valores coletivos imposto por ela, e esta exerce uma nova forma de coerção sobre o indivíduo, que é a aceitação do valor absoluto da pessoa humana (Pizzorno). • Apesar da sociedade moderna surgir em decorrência do processo de individualização, elas fundamentam sua interdependência no indivíduo, ou seja, apesar de livres, os indivíduos mantêm seus vínculos sociais, pois dependem uns dos outros. • Como disciplinar estes indivíduos livres, já que as instituições antigas (Estado, Religião e a família) não dão mais conta de fazê-lo? Segundo Durkheim, deveria ser uma nova instituição, que seriam as Associações de Trabalhadores, já que o vínculo mais forte que o trabalhador moderno tem é exatamente na esfera do trabalho. • Quando até mesmo estes grupos falhassem, estaria inaugurado um estado de Anomia, que seria um estado de desordem, de desrespeito ou ausência destas. • Não basta a existência das regras, pois esta pode ser a causa do mal, mas elas devem promover a coesão social. • Visão de Durkheim semelhante a de Comte. Ele tem uma visão evolucionista da história. • A Anomia só ocorre enquanto não se dá a Solidariedade Orgânica e enquanto esta não consegue regrar as relações entre os indivíduos. • A moral é importante porque prende o indivíduo ao todo. • Durkheim substitui o conceito de Consciência Coletiva pelo de Representação Coletiva (1897), para adaptar sua teoria à realidade contemporânea. • O Direito e a Moral são o conjunto de vínculos que nos prendem uns aos outros. • Centralidade do conceito de representação social – forma encontrada por ele para reafirmar a ideia de que existem pensamentos, crenças e sentimentos coletivos, gerados socialmente (não aprofundou o assunto). • As regras e normas morais são transmitidas pela Consciência Coletiva na forma de Representações Sociais. • A ordem só é possível porque a sociedade age coercitivamente, guiando e ditando o dever-ser dos indivíduos no meio social. • É a Educação quem tem a função de repassar aos indivíduos as normas sociais, preparando-os para a vida em sociedade, bem como limitando suas liberdades, condicionando-os e restringindo seus interesses pessoais em favor da sociedade. • Teoria do Conhecimento de Durkheim – ele se preocupa com qual o conhecimento e como adquirimos. Divide em categorias e conceitos, que constituem o que ele chama de Ossatura da Inteligência. 5. O ESTUDO DAS FORMAS ELEMENTARES DA VIDA RELIGIOSA • Para a compreensão das instituições religiosas mais modernas, ele propõe o estudo das mais simples e primitivas, por isso ele decidiu estudar o Totemismo Australiano. • A razão de ser da religião situa-se no que é terreno, na temporalidade, e não no que é transcendente. • Ela deveria ser estudada pela ciência pela ciência porque é um fenômeno social como qualquer outro, pois ela tem a função social de converter conflitos temporais em transcendentais. • O sagrado e o profano são traduções das regras de convivência social. Por isso, acreditava que cada sociedade, produzia os deuses que necessitava. • A essência da religião é dividir o mundo em sagrado e profano. • O ponto principal da religião não é a crença em Deus ou deuses, já que tem religiões que não tem um (tanto primitivas como complexas). • A transcendência e o sobrenatural não estão em todas as religiões, mas a separação entre o sagrado e o profano sem, o que a torna universal. • A força religiosa é humana, é moral. • A religião é uma projeção de normas e valores que integram o indivíduo à Sociedade. • Diferente de Comte, Durkheim não acredita na possibilidade de (re)criar uma religião, dando a ela um caráter científico, pois falta a ela o carisma e a magia, porém tem a capacidade de integras os indivíduos, mantendo a ordem social. 6. INDIVÍDUO VERSUS SOCIEDADE: AS CAUSAS DO SUICÍDIO • Durkheim reuniu dados estatísticos para confirmar sua teoria de que, apesar do suicídio ser um ato do indivíduo, como era a sociedade que se impunha a ele este ato estava intimamente ligado à determinantes sociais. • Tais dados mostravam que as taxas de suicídio variam de acordo com as mudanças sócio- estruturais, ou seja, existiria um condicionamento social que facilitaria ou não o suicídio. • A taxa de suicídio dependem dos laços que o indivíduo tem com a sociedade, estes não podem estar nem tão frouxos e nem tão apertados. Esta taxa se eleva em sociedades com coerção normativa muito fortes ou muito fracas. • Durkheim é conceitualista • Conceito de Suicídio: � Vulgarmente – Ato humano de desespero. � Para Durkheim – É todo caso de morte resultante de um ato positivo ou negativo, direta ou indiretamente praticado pela vítima, buscando este resultado. A tentativa seria quanto este ato é interrompido antes do resultado morte. • Tipos de Suicídio: � Egoísta – Causado por falta de integração social. O distanciamento entre os níveis de desejo e de satisfação, quando aumenta ocorre o agravamento (suicídio), e quando diminui ocorre a preservação do ser. Principalmente ligado à falta de filhos. � Altruísta – Ocorre quando o indivíduo está muito integrado, e seus interesses são dissolvidos no do grupo. Ex: Mulher indiana que opta por ser queimada junto ao seu marido morto ou capitão de um navio que decide naufragar junto a esse. O sentido de agravamento supera o de preservação. Não ocorre por individualismo, mas por completo desaparecimento do indivíduo perante o grupo. � Anômico – Anomia é a falta de ordem devido à problemas estruturais. o Anomia Jurídica – Ausência de leis. o Anomia Social – Ausência de ordem social. Geralmente decorrente ao desrespeito às leis. Ex: dos Ciclos Econômicos. Tanto em momentos de grande euforia como de crise os índices de suicídio se mantém idênticos, e só diminuem quando os ciclos se mantêm sem grandes alterações. Necessidade X Possibilidade. De um lado porque as necessidades aumentaram demais e do outro porque não tem como satisfazê-las. • Na obra “Da divisão do Trabalho Social”, Durkheim cita muito a anomia e responsabiliza ela pela crise da modernidade, dizendo que os vínculos do novo contexto social não têm tanta eficiência em integrar o indivíduo. • Na modernidade há um afrouxamento dos laços sociais e um enfraquecimento das instituições. Com isso, os indivíduos podem desenvolver expectativas maiores de satisfação do que a possibilidade de concretização destes. • A incapacidade de realização e a ausência de segurança geram um distanciamento entre as duas esferas, que pode resultar no agravamento, que é o rompimento total dos indivíduos não integrados. • Acreditava que os indivíduos corriam mais riscos na sociedade moderna, embora acreditasse que são positivas as mudanças geradas por esta. • Elementos patológicos � Anomia – Sociedade que não consegue mais regular os indivíduos. Estes não aceitam mais os imperativos e normas (“Paixões Frustradas”). Não é mais possível restaurar a ordem anterior (sociedade primitiva), tem que encontrar uma nova, neste contexto social. � Problema central das sociedades modernas – Relação entre o indivíduo e o grupo. • Suicídio Positivo e Negativo – Foco no tempo de duração do processo e no sofrimento causado. � Positivo – Ato do indivíduo contra si mesmo, afim de obter o resultado morte. Ex: tiro na cabeça. Processo rápido e por isso há menos sofrimento. � Negativo – Ato negativo, o indivíduo se recusa a cometer este, mesmo que seja para manutenção de sua vida. Ex: se recusa a sair de uma casa em chamas ou faz greve de fome. Processo mais demorado e supostamente mais doloroso. • Para compreender o suicídio como fenômeno social, devem-se afastar os fatores psicológicos.• O suicídio nada tem de individualizante, segundo as taxas, mas sim está ligado à fenômenos sociais. • As taxas de suicídio são equiparadas em países com mesmo grau de desenvolvimento, mas variam muito em relação a outros com grau diferente. � Constituição do Temperamento Nacional – Comportamento identificado em cada país. • O estudo do suicídio para Durkheim era uma maneira de mostrar que, apesar de ser uma ação individual, é determinada por fatores sociais. • Nas sociedades primitivas o suicídio ocorria por excesso de integração. • Anomia – Carência de uma definição dos fins individuais. • Para Durkheim, nosso primeiro dever é o de criar uma nova moral. • Para conter a anomia devemos descobrir qual instituição necessária a nova situação social, cuja característica principal é a divisão do trabalho. Para Durkheim é o trabalho que deve estabelecer a coesão social e caberia às Corporações Profissionais as funções de reintegrar e disciplinar moralmente os indivíduos, além de impor limites às expectativas de satisfação pessoal (Paixões). 7. A Ciência e o Método Sociológico • As regras do método sociológico. • Postura do pesquisador em relação ao objeto. • O estranhamento em relação à fatos do cotidiano é necessário. • Delimitação da sociologia => Estudar fatos essencialmente sociais. • Positivismo; método científico; comparação com as ciências biológicas e exatas. • Fatos Sociais => Se distinguem dos demais fatos por: � Exterioridade – Fatos externos a nossa consciência. Papéis sociais herdados pela nossa educação � Coerção – Não exclui a consciência individual, mas se impõe sobre o indivíduo. • Generalidade – Deve estar presente na consciência da maioria do grupo, mas não é por isso que é um fato social. • Como estudar a sociologia para Durkheim? � O objeto tem que ser específico e diferente das outras ciências. � Observado e explicado semelhantemente como ocorre com as outras ciências. • Os fatos sociais são “coisas”, e devemos neutralizar os valores. • O conhecimento científico deve ser constituído dos fatos para as ideias. • Correntes sociais – Ocorrem como uma onda de euforia. • Nem toda ação é um “fato social”, é preciso que se solidifique. Há 3 derivações: 1) O vulgo não deve adentrar no científico. 2) O objeto tem que ser fenômeno identificáveis e semelhantes. 3) Fatos sociais X Manifestações individuais. • Durkheim e Weber foram contemporâneos mas não chegaram a ter conhecimento um da obra do outro, apesar de Durkheim ter chegado a fazer uma crítica ao trabalho de Marianne Weber, esposa de Max Weber. Apesar disto, podemos fazer uma contraposição de suas ideias. • Durkheim � Inaugurou o Positivismo Renovado – neutraliza valores; � Fatos sociais se impõem ao indivíduo. • Weber � Disse que o objetivismo era impossível, inaugurou a Sociologia Compreensiva; � A atividade científica é tirada de fatos comuns e valores de conhecimento do pesquisador.
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