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PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO E PRECAUÇÃO

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Faculdade Mater Dei
Curso de Bacharelado em Direito
PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO E DA PRECAUÇÃO – DIREITO AMBIENTAL
Pedro Henrique Ferencz
Nayara Schardosin
Marcelo T. Machado
Bruna Vessozi
Pato Branco – PR
2015
COMPARATIVO
Quando se discute sobre o Princípio da prevenção, impossível não mencionar que tal princípio está incluído de maneira implícita na Constituição Federal de 1988 em seu artigo 225. Também diversas resoluções do CONAMA fazem referência ao citado princípio, pois existem pesquisas científicas que preveem os possíveis danos ambientais que possam decorrer de determinadas atividades que possam lesar o meio ambiente, caso que deve ser imposto ao empreendedor, certas condições que sejam meios para mitigar ou elidir os possíveis prejuízos antes que seja liberado o licenciamento ambiental.
O Princípio da Prevenção está consagrado desde 1972 pela Declaração Universal sobre o Meio Ambiente, que em seu Princípio de número 6 diz que:
Deve-se pôr fim à descarga de substâncias tóxicas ou de outros materiais e, ainda, à liberação de calor em quantidades ou concentrações tais que o meio ambiente não tenha condições para neutralizá-las, a fim de não se causar danos graves ou irreparáveis aos ecossistemas. Deve-se apoiar a justa luta dos povos de todos os países contra a contaminação.
O Princípio da Prevenção é voltado para atender uma vasta área de conhecimento que é dominado pelo homem (como o risco certo, conhecido ou concreto), quando já está definida a natureza e a possível extensão dos possíveis danos ambientais que possam ocorrer, já contando com uma adequada margem de segurança.
Quando se trata de Direito Ambiental, deve existir a possibilidade de busca por métodos capazes de prevenir os danos, pois, nem sempre, depois do dano ocorrido, é possível desfazer tal dano, devido a natureza muitas vezes irreversível dos danos causados ao meio ambiente. Pode ser utilizado como exemplo da aplicação do Princípio da Prevenção, a exigência de realização de estudo ambiental para que seja concedido o licenciamento ambiental para o desenvolvimento de certa atividade que possa causar qualquer tipo de dano ambiental.
O Princípio da Prevenção deve ser aplicado em todos os casos em que os riscos ambientais do empreendimento já são conhecidos e podem ser previstos, para que desta forma, seja possível solicitar do responsável pela atividade causadora do dano que adote certas medidas que visem eliminar ou ao menos minimizar os possíveis danos ao meio ambiente.
Para exemplificar a aplicação de tal princípio, pode ser citada qualquer atividade industrial que para seu desenvolvimento venha a gerar gases qe possam contribuir para o aumento do efeito estufa. Como se trata de riscos que podem ser previamente acessados, a Administração Pública deve antecipar-se à ocorrência do dano ambiental e impor ao desenvolvedor da atividade danosa que se utilize de equipamentos e tecnologias que sejam as mais eficientes no que tange a tentativa de eliminar ou ao menos diminuir a liberação dos gases causadores do efeito estufa na atmosfera.
Desta feita, pode-se afirmar que o Princípio da Prevenção tem como base as descobertas científicas, e pode ser invocado quando existir a possibilidade de que a atividade a ser explorada possa ser causadora de danos ambientais já previstos pelas pesquisas científicas realizadas, tendo-se conhecimento da extensão que esses danos poderão ter.
O Princípio da Prevenção está disposto na Lei 6938/1981 em seu artigo 4º, III, IV e V, que descreve que “a Política Nacional do Meio Ambiente tem como objetivo estabelecer os critérios e padrões da qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais, o desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional de recursos ambientais e a difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e informações ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico”.
O Princípio da Precaução veio a ser reconhecido no âmbito internacional quando da realização da Rio 92, momento que obteve sua liberdade em relação ao Princípio da Prevenção, que, em seu princípio 15 estabeleceu que:
De modo a proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deve ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a ausência de absoluta certeza científica não deve ser utilizada como razão para postergar medidas eficazes e economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental.
Desta feita, o Princípio da Precaução é aplicado de maneira diversa do Princípio da Prevenção, mesmo tendo idêntico objetivo, quer dizer, pretende a antecipação quanto a ocorrência das agressões ao meio ambiente.
Assim, quando se fala no Princípio da Prevenção, está se referindo a imposição de medidas de natureza acautelatória para as diversas atividades que tenham seus riscos de causar danos ambientais já conhecidos ou ao menos sejam previsíveis. Já o Princípio da Precaução, é aplicado quando existe o desconhecimento ou a imprevisão dos mesmos o que impõe à Administração Pública um comportamento que denota mais restrições e rigidez no que se refere às suas atribuições fiscalizadoras no que se refere a liberação de licenças para atividades que tenham um potencial poluidor quando da utilização de recursos naturais.
Assim, quando um determinado empreendimento tiver o potencial de causar danos ambientais de grande monta e de caráter irreversível, sem entretanto existir comprovação ou certeza científica sobre tal possibilidade e a real extensão destes possíveis danos, mesmo com razoável base científica que seja fundamentada na probabilidade de sua ocorrência, o empreendedor que for explorar tal atividade deverá ser obrigado a providenciar medidas que possam prevenir da melhor forma possível os possíveis riscos ambientais.
De grande felicidade é a afirmação de Jean-Marc Lavieille, para quem o princípio da precaução “[...]consiste em dizer que não somente somos responsáveis sobre o que nós sabemos, sobre o que nós deveríamos ter sabido, mas, também, sobre o de que nós deveríamos duvidar”�.
Apesar da semelhança existente quando de discute o Princípio da Precaução e o Princípio da Prevenção, o Princípio da Precaução é apontado como sendo o desenvolvimento, o aperfeiçoamento, do Princípio da Prevenção. Para corroborar tal afirmação, as Políticas Nacionais do Meio Ambiente, que tem a função de efetivar a prevenção, são vistas como instrumentos que tem a função de tornar efetiva a precaução dos danos ambientais.
Assim, pode se concluir que a precaução refere-se à falta de certeza científica, enquanto que a prevenção deve ser aplicada para impedir qualquer dano ambiental cuja ocorrência é o de alguma maneira poderia ser sabida.
Paulo de Bessa Antunes� pondera que o impedimento de uma determinada atividade com base no princípio da precaução somente deve ocorrer se houver uma justificativa técnica fundada em critérios científicos aceitos pela comunidade internacional, já que por vezes opiniões isoladas e sem embasamento têm sido utilizadas como pretexto para a interrupção de experiências e projetos socialmente relevantes.
APLICABILIDADE PRÁTICA
CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA. EXPEDIÇÃO DE DOCUMENTO DE ORIGEM FLORESTAL - DOF. RECUSA. UTILIZAÇÃO DE SANÇÃO ADMINISTRATIVA COMO FORMA DE COERÇÃO PARA PAGAMENTO DE MULTA. ILEGALIDADE. RECURSO ADMINISTRATIVO. NEGATIVA DE PROCESSAMENTO. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 08/2003 - IBAMA. ILEGALIDADE. INSCRIÇÃO NO CADIN. SUSPENSÃO DAS ATIVIDADES. IMPOSSIBILIDADE. CADIN. JULGAMENTO DEFINITIVO DA INFRAÇÃO. I - Em questão ambiental, deve-se privilegiar, sempre, o princípio da precaução, já consagrado em nosso ordenamento jurídico, inclusive comstatus de regra de direito internacional, ao ser incluído na Declaração do Rio, como resultado da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - Rio/92, como determina o seu princípio 15, nestas letras: "Com a finalidade de proteger o meio ambiente, os Estados devem aplicar amplamente o critério da precaução, conforme suas capacidades. Quando houver perigo de dano grave ou irreversível, a falta de uma certeza absoluta não deverá ser utilizada para postergar-se a adoção de medidas eficazes para prevenir a degradação ambiental." II - A todo modo, na hipótese dos autos, consoante a jurisprudência de nossos Tribunais, é ilegal a vedação de concessão de licenças, de autorizações e apresentação de outros serviços como medida coercitiva, aplicada pelo órgão público, para a satisfação dos créditos, mormente quando dispõe a Administração de outros meios legais para tal fim, como a execução fiscal. Precedentes. III – [...]. V - Apelação e remessa oficial desprovidas. Sentença confirmada. (TRF-1 - AMS: 491720084014100, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL SOUZA PRUDENTE, Data de Julgamento: 26/11/2014, QUINTA TURMA, Data de Publicação: 04/12/2014)
CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ATERRO SANITÁRIO. ÁREA DE SEGURANÇA AEROPORTUÁRIA. DANO AMBIENTAL. ILEGALIDADE. REMESSA OFICIAL PARCIALMENTE PROVIDA. [...]. II - Ademais, a tutela constitucional, que impõe ao Poder Público e a toda coletividade o dever de defender e preservar, para as presentes e futuras gerações, o meio ambiente ecologicamente equilibrado, essencial à sadia qualidade de vida, como direito difuso e fundamental, feito bem de uso comum do povo (CF, art. 225, caput), já instrumentaliza, em seus comandos normativos, o princípio da precaução (quando houver dúvida sobre o potencial deletério de uma determinada ação sobre o ambiente, toma-se a decisão mais conservadora, evitando-se a ação) e a consequente prevenção (pois uma vez que se possa prever que uma certa atividade possa ser danosa, ela deve ser evitada), exigindo-se, na espécie, a imediata implementação de medidas preventivas, a fim de evitar danos maiores e irrecuperáveis à área objeto da ação civil pública instaurada nos autos de origem. III - Remessa oficial parcialmente provida, para determinar o cumprimento das obrigações específicas constantes da sentença, a partir da intimação deste acórdão mandamental. (TRF-1 - REOMS: 58711020044013200, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL SOUZA PRUDENTE, Data de Julgamento: 20/08/2014, QUINTA TURMA, Data de Publicação: 27/08/2014)
“[...] 42. Incerteza científica significa poucos conhecimentos, falta de prova científica ou ausência de certeza sobre os conhecimentos científicos atuais. O princípio da precaução significa que, se há incerteza científica, devem ser adotadas medidas técnicas e legais para prevenir e evitar perigo de dano à saúde e/ou ao meio ambiente. O princípio da precaução não implica na proibição de se utilizar tecnologia nova, ainda que tal compreenda a manipulação de OGMs. O princípio não pode ser interpretado, à luz da Constituição brasileira, como uma proibição do uso de tecnologia na agricultura porque o Constituinte de 1988 estabeleceu que a política agrícola levará em conta, principalmente, o incentivo à pesquisa e à tecnologia (artigo 187, II, da CF/1988). 43. Sob o enfoque da Epistemologia não há certeza científica absoluta. A exigência de certeza absoluta é algo utópico no âmbito das ciências. A questão da verdade científica é um tema recorrente em Epistemologia porque a ciência busca encontrar o fato real. Todavia, há muito se percebeu que o absoluto é incompatível com o espírito científico e que na área das ciências naturais as pretensões hão de ser mais modestas. 44. A legislação brasileira recepcionou o princípio da precaução com a obrigação que dele consta: não postergar medidas eficazes e economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental, eis que constituiu obrigações aos Poderes Públicos de que, em qualquer atividade ou obra que possam representar algum risco para o meio ambiente, sejam necessariamente ser [sic] submetidas a procedimentos licenciatórios, nos quais, em graus apropriados a cada tipo de risco, são exigidos estudos e análises de impacto, como condição prévia de que as obras e atividades sejam encetadas”. [...] (TRF-1 - AC: 27682 DF 1998.34.00.027682-0, Relator: DESEMBARGADORA FEDERAL SELENE MARIA DE ALMEIDA, Data de Julgamento: 28/06/2004, QUINTA TURMA, Data de Publicação: 01/09/2004 DJ p.14)
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO AMBIENTAL. DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU QUE ANTECIPOU OS EFEITOS DA TUTELA DE AÇÃO INIBITÓRIA MOVIDA PELO MUNICÍPIO DE CURITIBA. PARALISAÇÃO DAS ATIVIDADES DA EMPRESA AGRAVANTE. MANIPULAÇÃO DE RESÍDUOS RECICLÁVEIS (LIXO). VISTORIAS E NOTIFICAÇÕES FEITAS À AGRAVANTE. IRREGULARIDADES CONSTATADAS NO ARMAZENAMENTO DOS RESÍDUOS. ADEMAIS, INEXISTÊNCIA DE LICENÇA AMBIENTAL PARA A REALIZAÇÃO DA ATIVIDADE. PRINCÍPIOS DA "PREVENÇÃO" E DA "PRECAUÇÃO" A JUSTIFICAR A MEDIDA ANTECIPATÓRIA. IRRELEVÂNCIA NO FATO DE A AGRAVANTE TER OU NÃO DADO ENTRADA NO PEDIDO DE LICENCIAMENTO. NECESSIDADE DE VERIFICAÇÃO POR PARTE DO ÓRGÃO AMBIENTAL QUANTO AO POTENCIAL DANOSO DA ATIVIDADE AO MEIO AMBIENTE. DECISÃO CORRETA. RECURSO DE AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. Os princípios constitucionais da prevenção e da precaução, aplicáveis à tutela do bem ambiental, impõem a não realização de atividade quando se possa prever que ela trará danos ao meio ambiente, ou mesmo quando haja dúvida sobre a sua potencialidade danosa. (TJ-PR - AI: 7559244 PR 0755924-4, Relator: Rogério Ribas, Data de Julgamento: 26/04/2011, 5ª Câmara Cível, Data de Publicação: DJ: 639).
REFERÊNCIAS
AMADO, Frederico. Direito Ambiental Esquematizado. 5 ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2014.
ANTUNES, Paulo de Bessa. Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA: Comentários à Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005.
DUNDA, Bruno Faro Eloy. Os Princípios da Prevenção e da Precaução no Direito Ambiental. Disponível em: http://blog.ebeji.com.br/os-principios-da-prevencao-e-da-precaucao-no-direito-ambiental/. Acesso em: 09 março 2016.
Farias, Talden Queiroz. Princípios gerais do direito ambiental. Disponível em: http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=1543. Acesso em: 09 março 2016.
FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 14 ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
MACHADO, Paulo Afonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 2001.
� apud MACHADO, 2001, p. 58.
� ANTUNES, 2005, p. 28.

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