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ProcessoCivilaula2_20160306231756 (1).pptx

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Processo Civil (aula 2)
Disciplina: Direito Processual Civil I
Profª. Ms.: Daiana Malheiros de Moura
Pressupostos processuais
1. Noções introdutórias:
A prestação jurisdicional para ser posta à disposição da parte exige o estabelecimento de uma relação processual válida, a qual só existirá quando certos requisitos formais e materiais forem observados, os quais recebem o nome, doutrinariamente, de pressupostos processuais.
Pressupostos processuais 
# 
Condições da ação
Situação que mudou com o NCPC
Pressupostos processuais: são “exigências legais sem cujo o atendimento o processo, como relação jurídica, não se estabelece ou não se desenvolve validamente”. (Humberto Theodoro Jr.)
Pressupostos processuais = requisitos jurídicos para a validade da relação processual.
Condições da ação: são requisitos a observar, depois de estabelecida regularmente a relação processual, para que o juiz possa solucionar a lide (mérito)”. (Humberto Theodoro Junior)
Condições da ação = requisitos para que exista a ação.
Assim, podemos concluir que os pressupostos processuais são requisitos necessários para a análise da viabilidade do exercício do direito de ação, sob o ponto de vista estritamente processual.
Falta dos pressupostos processuais 
=
 atividade jurisdicional frustrada
= 
a extinção do processo sem resolução do mérito (art. 267 do CPC)
2. Classificação dos pressupostos processuais:
Tema de muita controvérsia na doutrina, existindo diversas formas de classificação, algumas com tendência mais restritiva e outras demasiadamente ampla.
Para Antonio Cintra, Ada Pellegrini e Cândido Dinamarco são pressupostos processuais:
a) uma demanda regularmente formulada (CPC, art. 2º);
b) a capacidade de quem a formula;
c) a investidura do destinatário da demanda, ou seja, a qualidade de juiz.
Classificação restritiva.
Dentre tantas classificações trazidas pela doutrina optamos por trabalhar com a classificação apresentada pelo Prof. Fredie Didier Jr., elaborada com base nos ensinamentos de José Orlando Rocha de Carvalho:
Nesse aspecto leciona Didier: “não há maiores inconvenientes em seguir esta ou aquela classificação: isto é o que menos importa”.
Afirma o autor que “o operador deve atentar para as consequências advindas do desrespeito a este ou aquele “pressuposto”, se invalidade ou inexistência; se afeta todo o procedimento ou apenas um(ns) ato(s) isolado(s)”.
 Juiz - Órgão Investido de 
 Jurisdição
 Subjetivos 
 Pressupostos Parte -Capacidade de ser
 de existência parte
 Objetivos – Existência de demanda
“Pressupostos 
processuais” Juiz - competência e
 imparcialidade
 Subjetivos 
 Requisitos Partes-capacidade processual 
 de validade e capacidade postulatória
 Intrínseco - Respeito ao 
 Objetivos formalismo processual 
 Extrínsecos (ou negativos) - 
 perempção, litispendência etc.
 
Pressupostos de existência:
a) Subjetivos:
a.1) Capacidade de ser parte: é a personalidade judiciária = aptidão para, em tese, ser sujeito da relação jurídica processual (processo) ou assumir uma relação jurídica processual (autor, réu, assistente etc.).
Capacidade de ser parte = personalidade material (podem ser sujeitos de uma relação jurídica material)
Entes que não possuem capacidade jurídica, são entes despersonalizados, muito embora não tenham capacidade jurídica a lei lhes concede a capacidade de ser parte.
Ex: “Art. 12.  Serão representados em juízo, ativa e passivamente:
[...]
III - a massa falida, pelo síndico;
IV - a herança jacente ou vacante, por seu curador;
 V - o espólio, pelo inventariante;
VII - as sociedades sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração dos seus bens;
IX - o condomínio, pelo administrador ou pelo síndico”.
(art. 75 do NCPC)
Logo, têm capacidade de ser parte, dentre outros:
as pessoas naturais;
as pessoas jurídicas;
o nascituro;
o condomínio;
a sociedade de fato;
o espólio;
a massa falida etc.
a.2) Existência de órgão investido de jurisdição: a investidura na função jurisdicional é pressuposto de existência da relação jurídica processual e dos atos jurídicos processuais do juiz.
Logo, considera-se inexistente o processo se for ajuizado perante um não-juiz e a decisão prolatada por um não-juiz é uma não-decisão.
São não-juízes:
aquele que não foi investido de jurisdição pela posse no cargo, em virtude de nomeação ou concurso;
aquele que, embora tenha prestado concurso ou tenha sido nomeado, ainda não tomou posse,
o magistrado aposentado ou em indisponibilidade.
b) Objetivos:
b.1) A existência de ato inicial do procedimento que introduza o objeto da decisão (existência de demanda): é representada pelo ato de pedir e não pelo seu conteúdo (o que se pede).
O ato de pedir é necessário para a instauração da relação jurídica processual (fato jurídico), sem a demanda a relação inexiste.
Logo,
O processo só existe quando proposta uma demanda/ação, em razão do princípio da inércia.
Requisitos de validade:
a) Subjetivos:
Relacionado as partes:
a.1) Capacidade processual: é a capacidade para praticar atos processuais por si só, ou seja, sem a necessidade de assistência e representação (pais, tutor, curador etc.); ou por pessoas indicadas pela lei como o síndico, inventariante etc.
Capacidade processual = capacidade de estar em juízo
Quem tem?
Somente as pessoas com capacidade de fato ou de exercício. Nem todos tem, segundo o Código Civil. 
O civilmente capaz possui capacidade de fato ou de exercício, ou seja, aptidão para praticar os atos da vida civil. 
“Art. 7º Toda pessoa que se acha no exercício dos seus direitos tem capacidade para estar em juízo”. (art. 70 do NCPC)
Não precisam ser representados ou assistidos.
Representado: é a pessoa totalmente incapaz.
Assistido: é a pessoa relativamente incapaz.
“Art. 8o  Os incapazes serão representados ou assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na forma da lei civil”. (art. 71, NCPC)
Só poderá praticar atos eficazes quem detém capacidade processual (ex.: petição inicial e citação).
A capacidade processual pressupõe a capacidade de ser parte.
É possível ter capacidade de ser parte e não ter capacidade processual?
Capacidade processual 
= 
requisito de validade
= 
sanável 
Nos termos do art. 13 do CPC (art. 76 NCPC):
“Art. 13. Verificando a incapacidade processual ou a irregularidade da representação das partes, o juiz, suspendendo o processo, marcará prazo razoável para ser sanado o defeito. Não sendo cumprido o despacho dentro do prazo, se a providência couber:
I - ao autor, o juiz decretará a nulidade do processo;
II - ao réu, reputar-se-á revel;
III - ao terceiro, será excluído do processo”.
Observe-se que nos termos do citado artigo somente no
caso de incapacidade processual do autor que o processo será extinto, de modo que somente a capacidade processual do autor pode ser vista como requisito processual de todo o procedimento.
Obs.: existe uma estrita relação entre a capacidade processual e a capacidade material, nos termos do art. 7º do CPC (art. 70, NCPC).
a.1.1) Capacidade processual das pessoas casadas: podem estar em juízo, mas sofrem restrições na sua capacidade. 
Pessoas casadas no polo ativo: depende de autorização quando a ação refere-se a direito real imobiliário, necessita da autorização do outro (anuência). 
“Art. 10.  O cônjuge somente necessitará do consentimento do outro para propor ações que versem sobre direitos reais imobiliários”. (grifou-se) (art. 73 do NCPC)
OBS: não necessita de ambos no processo, pode ser somente um, mas este deve levar a autorização, concordância do outro. Sem ela não pode propor a ação.
OBS: no regime da separação total de bens não se exige autorização do outro para propor ações imobiliárias.
E se houver recusa na concessão da autorização?
“Art. 11. A autorização do marido e a outorga da mulher podem suprir-se judicialmente, quando um cônjuge a recuse ao outro sem justo motivo, ou lhe seja impossível dá-la.
Parágrafo único.  A falta, não suprida pelo juiz, da autorização ou da outorga, quando necessária, invalida o processo”. (art. 74 do NCPC)
Pessoas casadas no polo passivo: precisam ser demandados conjuntamente?
Resposta: § 1º do art. 10
(Art. 73, § 1º NCPC)
“§ 1º - Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para as ações: 
I - que versem sobre direitos reais imobiliários;
II - resultantes de fatos que digam respeito a ambos os cônjuges ou de atos praticados por eles;
III - fundadas em dívidas contraídas pelo marido a bem da família, mas cuja execução tenha de recair sobre o produto do trabalho da mulher ou os seus bens reservados;
IV - que tenham por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre imóveis de um ou de ambos os cônjuges”.
Diferença entre polo ativo e polo passivo:
Passivo: exige que ambos estejam no processo.
Ativo: precisa apenas que um deles autorize.
OBS: Separação total não exige ambos no polo.
Qual a consequência do descumprimento das regras atinentes a capacidade processual das pessoas casadas? 
Sem preencher os pressupostos o processo será extinto sem exame de mérito. É matéria de ordem pública, o juiz pode reconhecer de ofício.
a.1.2) Inventariante dativo: não tem interesse econômico no inventário, é um estranho ao inventário, pessoa de confiança do juiz que faz as vezes de inventariante.
Logo, o inventariante dativo como não tem CAPACIDADE TOTAL de estar em juízo, todos os herdeiros devem vir ao processo, seja no polo passivo ou ativo. 
Nos termos do § 1º do art. 12 do CPC:
“§ 1º - Quando o inventariante for dativo, todos os herdeiros e sucessores do falecido serão autores ou réus nas ações em que o espólio for parte”. (§ 1º do art. 75 do NCPC)
A presença do inventariante dativo, não dispensa a presença dos herdeiros.
a.2) Capacidade postulatória: direito de postular em juízo. 
É Aptidão para atravessar petições para estar em juízo, postular em nome de alguém.
É denominada de uma capacidade técnica exigida para prática de alguns atos processuais = atos processuais postulatórios.
Logo, possuem capacidade postulatória, que é a capacidade para pedir e responder, os advogados regularmente inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil e o Ministério Público.
É possível que a pessoa não-advogada postule em causa própria, ou seja, sem a presença de advogado?
Resposta: sim, EXCEPCIONALMENTE quem não é advogado pode postular em causa própria, como no caso, por exemplo, do juizado especial cível, HC, Justiça do Trabalho no jus postulandi.
Em suma, capacidade postulatória é o direito de postular em juízo, atravessar petições. Só assim o advogado pode representar os interesses do cliente junto ao Poder Judiciário.
Para tanto necessita-se do: 
 Instrumento de Mandato: concretiza-se na procuração. 
Somente com esta o advogado falará em nome do cliente. 
Advogado pode postular em juízo, em nome do seu cliente, sem a procuração? 
Excepcionalmente sim, a regra é a exigência da procuração, mas em alguns casos se admite, mas isso não dispensa a apresentação posterior do instrumento.
“Art. 37. Sem instrumento de mandato, o advogado não será admitido a procurar em juízo. Poderá, todavia, em nome da parte, intentar ação, a fim de evitar decadência ou prescrição, bem como intervir, no processo, para praticar atos reputados urgentes. Nestes casos, o advogado se obrigará, independentemente de caução, a exibir o instrumento de mandato no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável até outros 15 (quinze), por despacho do juiz”. (art. 104 do NCPC)
Obs.: Dispõe o parágrafo único do art. 37 (§ 2º do art. 104 do NCPC):
“Parágrafo único - Os atos, não ratificados no prazo, serão havidos por inexistentes, respondendo o advogado por despesas e perdas e danos”. (grifou-se)
Quais são os poderes outorgados com a procuração?
a)Poderes gerais: poder para o foro em geral. Pratica todos os atos do processo, exceto, os atos que a lei exige poderes específicos.
 
b)Poderes específicos, somente para determinados atos.
Ver art. 38 do CPC = Rol numerus clausus (taxativo = o que não estiver no artigo não precisa de procuração com poderes específicos) (art. 105 do NCPC).
Relacionado ao juiz
a.3) Competência: a competência do órgão jurisdicional é requisito de validade do procedimento.
A competência se constitui no poder de exercer a jurisdição nos limites estabelecidos por lei.
A competência é a medida da jurisdição, é o âmbito dentro do qual o juiz pode exercer a jurisdição.
Logo, para que tenhamos o desenvolvimento de uma relação jurídica válida se exige que o juiz responsável pela apreciação da demanda tenha competência.
a.4) Imparcialidade: a imparcialidade do juiz é, pois, pressuposto para que a relação processual se instaure validamente. Nesse sentido é que se diz que o órgão jurisdicional deve ser subjetivamente capaz. 
O juiz subjetivamente capaz é aquele que não tem sua imparcialidade comprometida pelo impedimento ou pela suspeição. A imparcialidade do juiz resulta em garantia de ordem pública.
b) Objetivos: 
b.1) Intrínseco: respeito ao formalismo processual: por formalismo processual entende-se a totalidade formal do processo.
O desrespeito ao formalismo implica invalidade do ato jurídico processual/procedimento.
São requisitos objetivos intrínsecos de validade segundo Didier:
a) petição inicial apta;
b) comunicação dos atos processuais, inclusive e principalmente a citação;
c) respeito ao princípio do contraditório;
d) obediência ao procedimento, como, por exemplo, a necessidade de intimação da parte para manifestar-se sobre documento juntado ao processo pela outra;
e) escolha correta do procedimento.
A falta de um desses requisitos objetivos intrínseco acarreta necessariamente a extinção do processo? 
Não, a nulidade só poderá ser decretada após a constatação de efetivo prejuízo, pois sempre deverá se buscar o aproveitamento dos atos processuais ou a sanação do vício, somente se for impossível a correção/aproveitamento é que o ato não deve ser aceito, e se for o caso o processo extinto.
b.2) Extrínsecos ou negativos: são fatos que não podem ocorrer para que o procedimento se instaure validamente.
São fatos estranhos a relação jurídica processual, por isso a denominação de extrínseco.
Se existentes impedem a formação válida do processo. 
São, via de regra, vícios insanáveis, de modo que o reconhecimento da existência de algum deles levará à extinção do processo (exceção: se for relacionado a parcela da demanda, ex.: litispendência parcial).
São exemplos:
a) a litispendência;
b) a coisa julgada;
c) a perempção;
d) a convenção de arbitragem.
Vamos pensar???
Qual a diferença entre os pressupostos processuais
de existência e os requisitos de validade?
A falta de um requisito processual de validade sempre acarretará a extinção do processo sem julgamento do mérito? Fundamente.
Referências
ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria geral do processo. 14. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011. 
CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Tangel. Teoria geral do processo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2009.
DIDIER JUNIOR, Fredie. Curso de direito processual, v.1:introdução ao direito processual civil e processo de conhecimento. 14. ed. Salvador: JusPODIVM, 2012. 
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito processual Civil Esquematizado. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
THEODORO JUNIR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil: teoria geral do direito processual civil e processo de conhecimento. Rio de Janeiro: Forense, 2009.

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