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apostilia- DIREITO PROCESSUAL CIVIL I

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PROF. MS MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA 
www.marcosjosedeoliveira.com.br 
 
 
 
 
MATERIAL DIDÁTICO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO PROCESSUAL 
CIVIL I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2014 
PROF: MS. MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA 
 VERSÃO 2021-1 
 
 
PROF. MS MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA 
www.marcosjosedeoliveira.com.br 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL I 
 
Considerações propedêuticas: 
O direito processual civil é o ramo do direito que se volta a estudar a forma de o 
Poder Judiciário (Estado-juiz) exercer a sua atividade-fim, isto é, prestar a tutela 
jurisdicional a partir do conflito de interesse (potencial ou já existente) que exista 
entre duas ou mais pessoas. 
 
 
PRINCÍPIOS PROCESSUAIS INSCULPIDOS NA CF/88: 
 
Princípios: são proposições básicas fundamentais e típicas que servem de assento 
à estrutura e desenvolvimento de algum ramo científico. São verdades ou Juízos 
fundamentais e confere validade gerando um estado de certeza indispensável à sua 
estruturação. 
 Os princípios constitucionais impedem que a aplicação da norma in concreto 
esteja em desacordo com a previsão in abstrato, desafiando o Recurso Especial 
e/ou Recurso Extraordinário (art. 102, inciso III, alínea a, e 105, inciso III, alínea a, 
ambos da CF. 
 Os princípios constitucionais são tidos como normas jurídicas qualificadas, 
embora genéricas, mas servindo de diretriz para a criação de outras normas e para 
aplicação do direito processual no caso concreto. 
 OBS: duas vertentes da afirmativa anterior: primeiro a criação de preceitos 
infraconstitucionais não podem deixar de obedecer aos princípios, que preservam a 
higidez do sistema jurídico; em segundo lugar o aplicador do direito não pode aplicar 
a norma processual em desacordo com os princípios constitucionais. 
 
Acesso á justiça (“acesso è ordem jurídica justa” ou inafastabilidade da 
jurisdição”: Inciso XXXV do art. 5º da CF 
 Ao esculpir tal princípio a CF no inciso XXXV do art. 5º é expressa quanto a 
qualquer ameaça ou lesão de direito não pode ser afastada do Poder Judiciário. 
 Tal dispositivo não nega e nem impede que outros mecanismos de solução de 
conflitos (alternativos) não sejam incentivados. Pelo contrário, não tem o Poder 
Judiciário competência exclusiva para solução de conflitos. 
 
Princípio do devido processo legal: (inciso LIV, art. 5º, CF). 
 Encontra origem na jurisprudência anglo-saxônica, equiparando-se ao due 
process of law. A doutrina afirma que este princípio seria um gênero e dele deriva os 
demais, como espécies. 
 Está presente desde a formação do processo até o seu último ato. Ex. 
exigência de requisitos na petição inicial; a devida e correta citação do réu; que seja 
conferido direito de defesa ao réu; que as partes possam produzir provas; que a 
sentença seja produzida com a devida fundamentação etc. 
 
Princípio do contraditório e da ampla defesa: (incisos LV e LVI, art. 5º, CF) 
 Em breve síntese seria o direito das partes, de forma isonômica, de produzir 
as provas que pretendem, para promover o convencimento do Juiz, extensivo ao 
processo administrativo. 
 Deve ser interpretado de forma sistemática e com as devidas cautelas, sob 
pena da sua interpretação meramente gramatical entender que as partes podem 
 DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – PROF. MS. MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA 
 
www.marcosjosedeoliveira.com.br 2 
produzir todo e qualquer tipo de prova. 
 As provas têm o seu momento de produção. 
 A antecipação de tutela sem a ouvida da outra parte gera dúvida sobre a 
aplicação do princípio do contraditório. 
 O disposto no art. 9º do NCPC orienta: 
“Não se proferirá decisão contra uma das partes em que 
esta seja previamente ouvida. Parágrafo único: O disposto 
no caput não se aplica: I – à tutela provisória de urgência; II 
– às hipóteses de tutela de evidência previstas no art. 311, 
incisos II e III; III – à decisão prevista no art. 701.” 
 
 A inobservância do princípio do contraditório e da ampla defesa pode dar 
origem à interposição do Recurso Especial, após esgotada a instância ordinária, 
mediante a demonstração de prejuízo. 
 
Princípio do Juiz natural: (inciso XXXVII, e LIII do art. 5º, CF). 
 Representa a garantia que a causa não pode ser julgada por Juízo ou 
Tribunal de exceção. 
 Fica assegura às partes que o conflito será apreciado por representante do 
Poder Estatal, incluindo-se no Gênero juiz natural os Juízes de 1ª Instância, os 
Tribunais e demais órgãos do Poder Judicial. 
 Não é vedada a criação de Justiças Especializadas. 
 O fracionamento da competência não ofende o princípio, quando o órgão a 
tendo recebido a delega, via de regimentos internos a determinado órgão interno. 
 A arbitragem, por sua vez, também não ofende o princípio do Juiz natural, 
visto não ser obrigatória a ponto de afastar a eventual intervenção do Pode 
Judiciário. Ressalte-se que o árbitro não integra os quadros do Poder Judiciário. 
Este é escolhido pelas partes. 
 
Imparcialidade 
 Não tem previsão constitucional, mas a maioria da doutrina não hesita em tê-
lo como decorrente do princípio do Juiz natural. O juiz deve se posicionar como um 
terceiro, totalmente estranho, totalmente indiferente à sorte do julgamento e ao 
destino de todos aqueles que, direita ou indiretamente, estejam envolvidos nele. 
 
Duplo grau de jurisdição 
 Não há enunciação expressa na CF. Cabe compreender como o modelo que 
garante a revisibilidade ampla das decisões judiciais por magistrados 
preferencialmente diferentes e localizados em nível hierárquico diverso. 
 
Princípio da isonomia: (art. 5º, CF). 
 O princípio orienta que as partes devem ser tratadas com igualdade 
(paridade) não podendo a lei ou o seu aplicador, em princípio beneficiar a uma das 
partes, desprivilegiando a outra. OBS: há situações de prerrogativas legais. Ex. 
prazo mais amplo para manifestação; isenção de custas processuais; vedação de 
penhora a determinados bens; inversão do ônus da prova no CDC etc. 
 “As partes iguais (do ponto de vista processual e/ou econômico) devem 
ser igualmente tratadas; partes desiguais devem ser tratadas de modo não 
uniforme.” 
 Dispõe o art. 186 do NCPC: 
 DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – PROF. MS. MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA 
 
www.marcosjosedeoliveira.com.br 3 
“Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, a 
Fazenda Pública, o Ministério Público e a Defensoria Pública 
terão prazos contados em dobro para se manifestar nos 
autos.” 
 Por sua vez o art. 7º do NCPC expressa de forma clara o princípio da 
isonomia na norma infraconstitucional: 
“É assegurada às partes paridade de tratamento em relação 
ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos 
meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de 
sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efeito 
contraditório.” 
 
Princípio da motivação das decisões judiciais: (inciso IX, art. 93º, CF). 
 O princípio da motivação ou da fundamentação das decisões judiciais impõe o 
dever do representante Estatal de proferir julgamento devidamente fundamentado, 
oferecendo às partes condições de compreendê-la e de combatê-la através do 
recurso adequado. 
 Os embargos de declaração podem ser opostos com o fim de suprir ponto 
omisso no julgado, e se mantida a decisão, a interposição do recurso principal que 
deverá indicar ofensa a dispositivo da CF. 
 O recurso deve apontar a afronta para preparar a interposição do recurso 
extraordinário, com o fim de prequestionar a matéria. 
 Todas as decisões devem ser fundamentadas, especialmente as 
interlocutórias, ressaltando as liminares deferidas em medidas cautelares, mandados 
de segurança, possessórias, nas ações civis públicas, além das antecipações de 
tutela. 
 A decisão que não apresenta a devida fundamentação é nula, desafiando o 
Recurso Extraordinário. Mas a decisão com fundamentação deficiente não é nula, 
devendo apenas ser corrigida, adequando-se aos fatos e aos argumentos jurídicos 
invocados pelas partes. O que se exige é a fundamentação. 
 O disposto no art.548 do CPC e seu correlato art. 458 do NCPC, abaixo 
descrito dispõe: 
Art. 489. São elementos essenciais da sentença: 
I – omisso 
II – os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de 
fato e de direito; 
III – omisso. 
 OBS: não pode o presente artigo ser interpretado apenas em face da 
sentença, mas de todas as decisões inclusive as interlocutórias. 
 O NCPC privilegiou o referido princípio em seu art. 11 
“Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário 
serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob 
pena de nulidade.” 
 
Princípio da publicidade do processo e dos atos processuais: (inciso IX, art. 
93º, CF, com as ressalvas do art. 155 do CPC e 189 do NCPC). 
 “Por este processo as partes e seus procuradores têm garantido o acesso às 
informações do processo, bem como está garantida a sua presença em todos os 
atos do processo.” 
 Esta regra não é absoluta, e sofre mitigações. Ex. ações de estado (família); 
 DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – PROF. MS. MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA 
 
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ações de grande comoção social. 
 Os nomes das partes não podem constar em qualquer informação do 
processo, sendo apenas identificadas pelas iniciais. 
 Há jurisprudência que prevê a nulidade de processo que tramitou em segredo 
de justiça, e posteriormente constatado não haver justificativa para o sigilo. 
 
Princípio da razoável duração do processo: (inciso LXXVIII do art. 5º da CF) 
 Inciso LXXVIII do art. 5º da CF: 
“A todos, no âmbito judicial e administrativo, são 
assegurados a razoável duração do processo e os meios 
que garantam a celeridade de sua tramitação.” 
 A norma é programática ou idealista (revela um propósito) 
 No NCPC a regra foi devidamente incorporada no art. 334. 
 
Efetividade do Processo (inciso XXXV do art. 5º da CF) 
 Volta-se para o resultado da tutela jurisdicional no plano material, exterior ao 
processo. É inócuo falar em processo justo e devido, dando a falsa impressão que 
estes se esgotam com a decisão jurisdicional apta a veicular a tutela jurisdicional. O 
justo e o devido, com efeito, vão além do reconhecimento do direito. 
 
UNIDADE I - INTRODUÇÃO 
Jurisdição, prestação jurisdicional, tutela jurisdicional. 
 
Conceito de Jurisdição: “Poder conferido ao Estado de solucionar conflitos de 
interesses não resolvidos no âmbito extrajudicial, diferenciando-se dos demais 
poderes do Estado em decorrência da característica da decisão proferida pelo 
representante do ente estatal em resposta à solicitação de pacificação do conflito, 
que, se for acobertada pela coisa julgada, não mais pode ser revista nem pelo Poder 
Judiciário nem por outro poder de estado, exceto através da ação rescisória.” 
(Montenegro Filho). 
 Excepcionalmente o monopólio estatal é afastado, como no caso encontrado 
no parágrafo 1ª, art. 1.210 do CCB (Legítima defesa e desforço imediato). 
 
Tutela jurisdicional e prestação jurisdicional 
 
 Importante é a distinção entre tutela jurisdicional e prestação jurisdicional. A 
primeira implica essencialmente a efetiva proteção e satisfação do direito. A segunda 
consiste mais propriamente no serviço judiciário, que se instrumentaliza por meio do 
processo para a solução da lide. 
 
 Nesse sentido, Nelson Nery Junior ensina que a garantia de ação traduz-se 
na obtenção de um pronunciamento estatal, uma sentença tout court, seja de 
acolhimento ou de rejeição, desde que preenchidas as condições da ação. Assim 
“se não estiverem preenchidas as condições da ação (art. 267, VI, do CPC), a causa 
não receberá sentença de mérito, sem que isto implique ofensa ao princípio da 
inafastabilidade da jurisdição. A necessidade de serem preenchidas as condições da 
ação (CPC 267 VI) e os pressupostos processuais (CPC 267 IV), serem observados 
os prazos para o exercício do direito de ação, bem como serem obedecidas as 
formas dos atos processuais significa limitações naturais e legítimas ao exercício do 
direito de ação” (Princípios do Processo Civil na Constituição Federal, p. 96/97). 
 DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – PROF. MS. MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA 
 
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Essa diferenciação é feita de modo lapidar por Humberto Theodoro Junior: “Urge 
não confundir tutela com prestação jurisdicional; uma vez que se tem como abstrato 
o direito de ação, a garantia de acesso do litigante à justiça lhe assegura um 
provimento jurisdicional, capaz de proporcionar a definitiva solução para o litígio, 
mesmo quando o autor não detenha de fato o direito que afirma violado ou 
ameaçado pelo réu. Na satisfação do direito à composição do litígio (definição ou 
atuação da vontade concreta da lei diante do conflito instalado entre as partes) 
consiste a prestação jurisdicional. Mas, além dessa pacificação do litígio, a defesa 
do direito subjetivo ameaçado ou a reparação da lesão já consumada sobre o direito 
da parte também incumbe à função jurisdicional realizar, porque a justiça privada 
não é mais tolerada (salvo excepcionalíssimas exceções) pelo sistema de direito 
objetivo moderno. Assim, quando o provimento judicial reconhece e resguarda in 
concreto o direito subjetivo da parte, vai além da simples prestação jurisdicional e, 
pois, realiza a tutela jurisdicional. Todo litigante que ingressa em juízo, observando 
os pressupostos processuais e as condições da ação, tem direito à prestação 
jurisdicional (sentença de mérito ou prática de certo ato executivo); mas nem todo 
litigante faz jus à tutela jurisdicional”. 1 
 
 Bem se vê, portanto, que a tutela jurisdicional vai além da garantia ao devido 
processo constitucional – que é, em última análise, o instrumento estatal de solução 
de conflitos –, implicando uma garantia de meios efetivos para a realização in 
concreto do direito material. 
 
 Assim, o processo, como instrumento de realização do direito material, deve 
proporcionar uma tutela célere, adequada e eficaz ou, noutros termos, simplesmente 
efetiva. 
 
 Como se percebe, José Roberto dos Santos Bedaque tem toda razão ao 
afirmar que “o correto entendimento do complexo de normas constitucionais, 
direcionadas para a garantia do sistema processual, constitui o primeiro passo para 
conferir maior efetividade possível à tutela que emerge do processo” 2·. 
 
 Todo o titular de direito subjetivo lesado ou ameaçado tem acesso à justiça, 
para obter do Estado, a tutela adequada a ser exercida pelo Poder Judiciário. 
 Art. 5º, XXXV – CF: 
 XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder 
Judiciário lesão ou ameaça a direito”. 
 
 Nisso consiste a denominada tutela jurisdicional, por meio da qual o Estado 
assegura a manutenção do império da ordem jurídica e a paz social. 
 Uma vez exercido o direito de ação, o juiz não poderá recusar-se a exarar 
a sentença de mérito, seja favorável ou não àquele que a exercitou. Esse processo, 
do qual resulta a resposta jurisdicional, é a prestação jurisdicional. 
 
 
Conflito de interesse e lide 
 
1 Humberto Theodoro Junior, Tutela jurisdicional de urgência – Medidas Cautelares e Antecipatórias, 2. ed., 
América Jurídica, p. 2. 
2 José Roberto dos Santos Bedaque, Tutela Cautelar e Tutela Antecipada, p. 63. 
 DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – PROF. MS. MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA 
 
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Um ponto interessante a ser tratado é que conflito de interesses e lide na 
verdade é um complemento recíproco gramatical. Isso significa que a lide é nada 
mais nada menos do que um conflito de interesses, é um processo contencioso onde 
os interesses das partes são antagônicos, ou seja, o que a pessoa A quer ao entrar 
com uma ação judicial num determinado fórum é justamente o contrário que a 
pessoa B que foi demandada na ação de A quer como resultado do processo 
contencioso, ou seja, o processo com lide. 
A lide é, em regra, o motor do processo. Assim, tendo em vista sua merecida 
importância nos estudos processuais, foi feita uma espécie dedivisão com critério 
organizacional por parte do legislador e da doutrina para que a solução da lide fosse 
viabilizada para todos os cidadãos que considerem ter um direito lesado. Com isso 
surgiu a jurisdição, fenômeno processual que permite ao Estado dizer a quem 
pertence um determinado direito ou uma determinada demanda em análise nas 
mãos do poder judiciário. 
 Ainda sobre os estudos iniciais da lide, é interessante lembrar também que 
apesar de haver a necessidade do impulso processual do ofendido para o Estado-
Juiz poder exercer a jurisdição, o mesmo Estado-Juiz na figura propriamente dita do 
magistrado desenvolve outro impulso também de relevante importância para o 
ordenamento jurídico. Trata-se do impulso oficial. Enquanto o impulso do 
interessado é importante para dar início à longa jornada processual da ação, o 
impulso oficial é importante para desenvolver o impulso da parte a fim de poder 
conceder aos magistrados e às partes a segurança de que o processo não será 
trancado por desistência do Juiz e de que aquela lide será resolvida de acordo com 
os padrões vigentes dos ditames legais. O princípio do impulso oficial encontra-se 
elencado no art. 2º do CPC: 
 
Art. 2° O processo civil começa por iniciativa da 
parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo 
as exceções previstas em lei. 
 
Acesso á justiça: (“acesso è ordem jurídica justa” ou inafastabilidade da 
jurisdição”: Inciso XXXV do art. 5º da CF 
 Ao esculpir tal princípio a CF no inciso XXXV do art. 5º é expressa quanto a 
qualquer ameaça ou lesão de direito não pode ser afastada do Poder Judiciário. 
 Tal dispositivo não nega e nem impede que outros mecanismos de solução de 
conflitos (alternativos) não sejam incentivados. Pelo contrário, não tem o Poder 
Judiciário competência exclusiva para solução de conflitos. 
 
Processo e Procedimento 
 
 Para cumprir função jurisdicional o judiciário não atua livremente. Dada a 
própria natureza dessa função ele se vale de uma forma de atuação, que é o 
processo. O processo é o meio de que se vale o Estado para cumprir a função 
jurisdicional. O processo é, pois, o instrumento da jurisdição, visto que é através dele 
que é cumprida a função jurisdicional. Constitui-se de uma série de atos dos órgãos 
jurisdicionais, de atos dos seus sujeitos ativo e passivo, cuja participação é 
 DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – PROF. MS. MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA 
 
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necessária, tendentes ao cumprimento da função jurisdicional, que é a atuação da 
vontade da lei aos conflitos ocorrentes, ou seja, da realização do direito. 
 
 O processo merece ser reconhecido numa perspectiva Constitucional como o 
“método de exercício da função jurisdicional pelo Estado-juíz” 
 
 O critério de classificação dos processos é o mesmo que se adota para a 
classificação das ações. Os tipos processuais correspondem às tutelas jurisdicionais 
a que visam. 
 
 Já o procedimento é o conjunto regulador daqueles atos concatenados, de 
que se constitui o processo, esteado em disposições legais e que dizem respeito à 
forma, à sequência, ao lugar, à oportunidade etc…, com que devem eles 
desenvolverem-se. O procedimento é noção formal, é o meio pelo qual se instaura, 
desenvolve-se e termina o processo. 
 
 Os conceitos de processo e procedimento, portanto, não são idênticos. Na 
verdade, num mesmo procedimento podem existir e serem decididos diversos 
processos, como é o caso da reunião de processos (CPC, art. 57). Da mesma forma, 
pode haver dois procedimentos para uma só modalidade de processo, como o de 
conhecimento (CPC, art. 318). 
 
 O processo é instrumento de realização do poder. Como instrumento, tem 
uma forma constituída pelos atos e suas relações entre si e a força motriz revelada 
pela relação jurídica. Na utilização da forma com vistas a um fim, há a necessidade 
de um ritmo que imprima seu movimento, esse é o procedimento. Procedimento, 
portanto, é o ritmo disciplinado em lei, pelo qual o processo se movimenta para 
atingir o fim. É o lado visível do processo em sua forma. 
 
 
Jurisdição: Conceito “Poder conferido ao Estado de solucionar conflitos de 
interesses não resolvidos no âmbito extrajudicial, diferenciando-se dos demais 
poderes do Estado em decorrência da característica da decisão proferida pelo 
representante do ente estatal em resposta à solicitação de pacificação do conflito, 
que, se for acobertada pela coisa julgada, não mais pode ser revista nem pelo Poder 
Judiciário nem por outro poder de estado, exceto através da ação rescisória.” 
(Montenegro Filho). 
 
Jurisdição Espécies: 
Jurisdição Contenciosa: 
 Revela a existência de processo judicial, envolvendo partes em polos 
distintos, findando com a prolação de sentença de mérito, diante do cumprimento 
das condições da ação, sob pena de extinção sem resolução de mérito. 
 Diz-se traumática a sentença proferida em procedimento de jurisdição 
contenciosa. 
 
Jurisdição Voluntária: 
 O magistrado se apresenta como um verdadeiro administrador. 
 Também denominada de graciosa ou administrativa, não se vislumbra a 
presença de partes, mas de interessados, nem de processo, mas se 
 DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – PROF. MS. MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA 
 
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procedimento. 
 Pode ser iniciada pelo interessado ou pelo MP. 
 O magistrado não prolata sentença de mérito, mas se limita a homologar o 
acordo ou atestar a regularidade do procedimento, 
 OBS: se constatado interesse público o MP deve ser intimado para 
manifestação na lide. 
 
Princípio da inércia 
 Sendo o conflito de interesse privado não pode o Juiz abrir o procedimento, 
mas aguardar que a parte o faça. 
 
Atuação ex officio 
 Permitido apenas quando razões de ordem pública e igualitária o exigem. 
 Exemplos: 
a) A suscitação de conflito de competência (art. 951) 
b) A arrecadação de bens de ausentes (art. 744) 
 
Autodefesa 
 A solução parte de uma intervenção privada, distanciando-se da função 
jurisdicional que é pública. 
 Requisitos: reação imediata; e, exercida com moderação, sendo proporcional 
à agressão sofrida. 
 
Organização judiciária Brasileira 
 O STF, órgão de cúpula do Poder Judiciário brasileiro, é composto por 11 
ministros nomeados pelo Presidente da República depois de aprovada a escolha 
pela maioria absoluta do Senado Federal, conforme disposto no parágrafo único do 
art. 101 da CF. Sua missão é estabelecer os padrões de interpretação da CF em 
todo território nacional. Para tanto exerce ampla competência de acordo com os 
incisos do art. 102 da CF. Pode ser classificada em: originária (Ex. ADINs; ordinária 
(recursos apresentados em mandados de segurança impetrados originalmente no 
STJ); extraordinária (quando julga os denominados “recursos extraordinários) 
 
 O STJ, atualmente composto por 33 Ministros (mínimo de sua capacidade 
conforme art. 104 da CF), nomeados pelo Presidente da República, depois de 
aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. Exerce também 
ampla competência, de acordo com o art. 105 da CF: originária (ex. julgamento de 
mandados de segurança impetrados contra atos de ministro de estado); ordinária 
(ex. julgamento de recursos apresentados dos mandados de segurança julgados 
pelos TJs ou TRFs); especial (julgamento dos denominados “recursos especiais”.). 
 
 Junto do STJ funcionam também o Conselho da Justiça Federal e a Escola 
Federal de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (art. 105, parágrafo único, 
da CF), órgãos que não tem competência jurisdicional. 
 
 Lembre-se o Conselho Nacional de Justiça – CNJ que exerce competência 
atribuída pelo art. 103-B da CF, todavia, sem função jurisdicional. 
 
 A Justiça Federal é órgão mantido pela própria União para o fim de julgar 
medidas judiciais em que a UNIÃO e a maior parte das pessoas administrativas 
 DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – PROF. MS. MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA 
 
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federais (suas autarquias, agências reguladoras e empresas públicas) estejamenvolvidas. 
 Sua primeira instância é composta por juízes federais que julgam as questões 
arroladas no art. 109 da CF. Sua segunda instância é composta de cinco TRFs, 
integrados por Desembargadores Federais, sediados em Brasília, Rio de Janeiro, 
São Paulo, Porto Alegre e Recife, cuja competência encontra-se no art. 108 da CF. 
 
 A primeira instância das Justiças Estaduais é formada por juízes de direito. 
Na segunda instância estão os Tribunais de Justiça, integrado por 
Desembargadores, sediados nas capitais dos Estados e do Distrito Federal, que têm 
competência sobre as respectivas áreas territoriais. 
 
UNIDADE II 
DA AÇÃO 
 
 “O direito processual civil, influenciado pela doutrina de Enrico Tullio Liebman, 
está atrelado à compreensão de três fenômenos que se encontram umbilicalmente 
interligados: a) a jurisdição; b) a ação; c) o processo. Em decorrência da estreita 
relação existente entre eles, podemos afirmar que a ação é inútil sem o exercício da 
função jurisdicional; não há processo sem o exercício do direito de ação; não há 
concretização da jurisdição sem a ação.” Montenegro. 
 O direito ao exercício da função jurisdicional é denominado direito de ação. 
 
Abstração e autonomia do direito de ação 
 O direito material e o direito de ação são distintos. O exercício do direito de 
ação não garante o reconhecimento do direito material violado ou em vias de ser 
violado. Pode-se buscar o Poder Judiciário para a solução de conflito sem, no 
entanto, ter a certeza de que vai obter o que deseja. O direito à ação não se 
confunde com o direito ao reconhecimento da pretensão material que deu causa ao 
exercício do direito de ação. 
 É isto o sentido da afirmativa de que o direito de ação é abstrato em 
contraste com um eventual direito concreto, que exigiria o seu reconhecimento. 
 Se fosse apenas direito concreto o resultado seria sempre a procedência do 
pedido. 
 O direito de ação extrapola a afirmativa de que seria apenas a possibilidade 
de ingresso em Juízo. Há direito de receber uma resposta, preenchidos 
determinadas condições da ação e pressupostos processuais. Enseja: o direito à 
tramitação regular do processo; que seja julgado por representante do Poder 
Judiciário com competência; que sejam assegurados os princípios do contraditório e 
a ampla defesa. 
 O direito de petição se esgota com a pretensão deduzida em Juízo e não se 
confunde com o direito de ação que comporta várias etapas. 
 O direito de ação tem a seguinte natureza jurídica: público – função exercida 
pelo Estado em forma de monopólio; autônomo – não está condicionado à 
existência de direito material. Ex. declaratória negativa de inexistência de relação 
jurídica. 
 
Ação como direito público subjetivo 
 Público em vista do monopólio estatal que se afigura como sujeito passivo de 
uma relação jurídica, na condição de devedor da junção jurisdicional. 
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 Subjetivo em vista de que o seu exercício pode se dar por pessoa natural ou 
jurídica, de direito público ou privado. 
 
Legitimidade das partes e do Interesse de agir 
 São requisitos mínimos relativos à validade da ação. 
 O CPC adota a teoria eclética da ação (Liebman) mediante o qual o direito a 
ação é direito subjetivo que não se prende ao, sujeitando-se ao preenchimento de 
condições para a validação do direito de ação. OBS: está situada no meio termo 
entre as teorias concreta e abstrata. 
 Dispõe o art. 485 do NCPC: 
Art. 485: O juiz não resolverá o mérito quando: III – verificar 
a ausência de legitimidade ou de interesse processual; 
 Verifica-se que o NCPC retirou o requisito da possibilidade jurídica do pedido. 
 
Legitimidade das partes: 
 Em princípio se liga ao fato da parte ser titular do direito material sob litígio. 
 O art. 18 do NCPC orienta: “Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome 
próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico.”. 
 Legitimidade ordinária: quando o direito material é defendido pelo seu titular 
(defendido em nome próprio) 
 Legitimidade extraordinária: a conferida àquele que não participou da 
relação jurídica material que ensejou a propositura da demanda. 
 A ilegitimidade ativa e passiva pode e deve ser reconhecida em qualquer 
tempo e grau de jurisdição, inclusive de ofício pelo Juiz, acarretando a extinção do 
processo sem resolução do mérito, se já houver resposta do réu. (inciso VI do art. 
267 do CPC; inciso VI art. 485 NCPC) 
 Pode ser reconhecida no início do processo, de ofício e sem a citação do 
Réu. Neste caso ocorre o indeferimento da petição inicial (inciso II do art. 295 
CPC; inciso do art. 330 do NCPC). 
Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: II - a parte for 
manifestamente ilegítima. 
Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, 
facultado ao juiz, no prazo de cinco dias, retratar-se. 
Parágrafo único: Não sendo reformada a decisão, os autos 
serão imediatamente encaminhados ao tribunal competente. 
OBS: exceção à regra (art. 463 CPC e art. 494 NCPC), que 
permite a alteração da sentença, após publicação, apenas 
quando houver inexatidões materiais ou erro de cálculo, ou por 
embargos de declaração. 
 
 Substituição processual: é a permissão legal de que a ação pode ser 
proposta por determinada pessoa, mas na defesa dos direitos de outrem. Ex. ações 
coletivas (ação civil pública e mandado de segurança). OBS: o substituto processual 
pleiteia o reconhecimento do direito que pertence ao substituído. 
 OBS: há flexibilização da jurisprudência em permitir que algumas pessoas 
diversas do proprietário da coisa disputada, ou que tenha gerado a propositura da 
demanda, possam ingressar com a ação. Ex. possuidor de veículo devido a acidente 
com este. 
 OBS: deve-se tomar cuidado quando o postulante é incapaz (relativamente ou 
absolutamente). 
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 OBS: na ação de alimentos o MP pode propor a ação em nome próprio, mas 
no interesse alheio (ECA, art. 201, III; e art. 18º NCPC). Estamos diante da 
legitimação extraordinária. 
 
Interesse de agir 
 Aplicam-se as premissas destacadas na legitimação, a saber: 
a) Possibilidade de conhecimento de ofício, em qualquer grau ou jurisdição 
(exceto pela primeira vez em RE e Resp); 
b) A sua ausência acarreta a extinção do processo sem resolução de mérito; 
c) Enseja indeferimento da inicial, se detectada antes da citação. 
 Para análise do interesse de agir faz-se necessário à aplicação do binômio 
necessidade/utilidade. Compete a autor demonstrar que necessita da função 
jurisdicional, como a única forma de solução do conflito. 
 Necessidade/ Utilidade: da ação e, com efeito, do processo. Ou seja, deve 
demonstrar a ideia de possibilidade de ocorrência de dano ou da já consumação do 
dano injusto, para demonstrar o interesse de agir. Não se admite a postulação 
apenas para respostas a dúvidas subjetivas do autor. Ex. dúvida na interpretação de 
cláusula contratual. Exige-se a incerteza. 
 OBS: o interesse deve permanecer durante toda a tramitação do processo até 
a prolação da sentença de mérito. (deve ser atual) 
 OBS: “perda superveniente do interesse” resulta em sentença sem resolução 
de mérito. 
 OBS: o art. 5º da Lei 9.469/97 dispõe de exceção ao CPC, quando permite a 
intervenção da União, independentemente da demonstração de interesse jurídico, 
nas causas cuja decisão possa ter reflexos, ainda que indiretos, de natureza 
econômica, para esclarecer questões de fato e de direito, podendo juntar 
documentos e memoriais reputados úteis ao exame da matéria e, se for o caso, 
recorrer, hipótese em que, para fins de deslocamento de competência, serão 
considerados parte quando nas ações forem partes as fundações públicas, 
sociedades de economia mista e empresas públicas federais. A aplicação da norma 
indicada se dá em virtude do princípio da especialidade. 
 Necessário à demonstração da adequaçãoentre a pretensão do autor e o 
instrumento processual escolhido para a obtenção da resposta judicial, além da 
necessidade e da utilidade. Ex. propositura de ação possessória quando seria o 
correto a reivindicatória. 
 OBS: análise do princípio da finalidade, denominados por alguns de princípio 
da instrumentalidade das formas, que apregoa o aproveitamento de uma ação 
incorreta como se correta fosse. Requisitos: adequação de ritos dos dois 
processos; sintonia entre os fundamentos jurídicos das demandas. 
 
Interesse de agir nas ações preventivas 
 Nestas o conflito de interesse de agir ainda não se concretizou. Está em 
forma de potencialidade. Mesmo assim é necessária a demonstração de que a 
ilegalidade ou abuso de poder não é fruto da sua imaginação. Ex. mandado de 
segurança preventivo, em que o autor está na iminência de sofrer ilegalidade ou 
abuso de poder. 
 
Possibilidade jurídica do pedido 
 Ocorre quando o pedido formulado não se encontrar previsto no ordenamento 
jurídico, ou quando o ordenamento contemplar norma proibitiva do seu deferimento. 
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 Exs. 
a) Pretensão de condenação do réu por dívida de jogo (art. 814 do CC); 
b) Reconhecimento de domínio quando em curso ação possessória (art. 923 do 
CPC; art. 557 NCPC); 
c) Execução comum contra fazenda pública, com a penhora de bens, sabendo 
que esta se submete a regra própria (art. 730 e seguintes do CPC; art. 910 
NCPC). 
d) Pedido que vise impedir a propositura de ação contra o autor da demanda. 
Ocorre afronta ao inciso XXXV da CF, que pugna pela inafastabilidade da 
tutela jurisdicional. 
 
 OBS: o NCPC extinguiu a possibilidade jurídica do pedido do rol das matérias 
preliminares e a transportou paras as matérias de mérito. (art. 17 e inciso VI, 485 
ambos do NCPC). “Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade.” 
 
ELEMENTOS DA AÇÃO 
 Os elementos da ação são: as partes (personae); a causa de pedir (causa 
petendi); e o pedido (petitum). 
 Calamandrei sugere que estes sejam comparados aos “dados pessoais” da 
demanda. 
 A importância dos princípios informadores da demanda num primeiro 
momento serve para evitar que uma ação seja julgada mais de uma vez pelo mesmo 
juízo ou por juízos diferentes. 
 A comparação entre os elementos de duas ou mais ações objetiva evitar a 
insegurança jurídica gerada com a possibilidade de a ação ser julgada mais de uma 
vez, com julgamento de mérito, tudo em respeito à coisa julgada. 
 Em outro momento é importante para determinar a ocorrência da conexão ou 
da continência. (arts. 103 e 104 do CPC; art. 55 e 56 do NCPC). 
 A litispendência também pode gerar a extinção de um dos processos. Ocorre 
litispendência quando são propostas ações com os mesmos elementos (ações 
idênticas), não sendo nenhuma delas acobertadas pela coisa julgada. 
 Por fim servem para a fixação da competência do juízo, e para restringir ou 
limitar a atuação do magistrado frente ao processo. 
 
Partes 
 Autor: é a que pleiteia em nome próprio o deferimento da prestação 
jurisdicional almejada (para si ou para outrem), não podendo se considerada parte o 
assistente ou representante; e Réu: 
 Importante à compreensão para o fim de constatação de quem vai sofrer os 
efeitos da coisa julgada, ou seja, quem não mais poderá discutir a causa petendi. 
 Coisa julgada: é a eficácia que torna imutável e indiscutível a sentença, não 
mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário. 
 Terceiros que não figuraram no processo (como autor e réu), assim como os 
representantes das partes, não sofrem os efeitos da coisa julgada, podem rediscutir 
a causa petendi, em outra demanda. 
 Terceiro eventualmente pode ser atingido pela coisa julgada. Ex. a) os 
sucessores das partes; b) para o substituído (que é o sujeito da lide mas não é 
parte). Ex. nos direitos difusos, interesses coletivos e direitos individuais discutidos 
em ação coletiva, como a ação civil pública. Vide art. 103 CDC (efeito erga omnes 
em benefício de terceiro). Se for de improcedência por falta de prova não prejudica 
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terceiro. (inciso I do art. 103 do CDC). 
 
Causa de pedir 
 Este elemento tem ligação com o fato que dá origem ao ingresso da ação 
(ratio petitum), não segundo a interpretação do autor, mas como realmente se 
passou, incluindo a fundamentação jurídica (causa de pedir próxima) e o fato em si 
(causa de pedir remota). 
 Adotou o CPC a teoria da substanciação, que exige a coexistência do pedido 
e da causa de pedir. Dinamarco assevera que os fatos narrados influem na 
delimitação da sentença. 
 A causa de pedir é a soma do fato e do fundamento jurídico do pedido. 
 Luiz Fux explica: 
“Não integra a causa petendi a qualificação jurídica que o autor 
confere ao fato em que se baseia a sua pretensão. Assim, se o 
autor promove uma ação visando à anulação de uma escritura, 
alegando erro e não obtém êxito, não pode, posteriormente, 
propor a mesma ação com base nos mesmos fatos, sob a 
invocação de que o que houve foi dolo”. 
 
 A causa de pedir limita a atuação do magistrado no processo. 
 Dispõe com precisão o art. 141 do NPC: (art. 128 CPC) 
“O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, 
sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas e cujo 
respeito à lei exige iniciativa da parte.” 
 O magistrado não pode alterar a causa de pedir da ação proposta, 
valorizando fatos que não foram expostos na petição inicial. Ex. autor ingressa com 
ação de usucapião extraordinária e juiz aplica a usucapião especial. 
 O juiz não pode oferecer resposta diversa da solicitada. 
 
Pedido 
 O pedido abrange segundo ensinamento clássico da doutrina: 
a) o bem da vida pretendido através da ação judicial (objeto mediato, de 
índole material); 
b) a resposta judicial na sua espécie esperada (pedido imediato, de ordem 
processual). 
 OBS: a todo pedido relativo à tutela material (pedido mediato) corresponde 
um pedido de prestação jurisdicional (pedido imediato), para que aquele se torne 
efetivo, com a sentença condenatória, declaratória, constitutiva (crie, extinga ou 
modifique uma relação jurídica), mandamental. 
 Normal que o pedido deve ser feito no desfecho da peça. Todavia, a 
jurisprudência orienta que o magistrado deve colher da comentada peça todos os 
pedidos formulados, não se limitando a enfrentar apenas os que tenham sido 
alocados na parte indicada como “DO PEDIDO”. 
 
Pedido certo e determinado e pedido genérico 
 O art. 324 do NCPC dispõe: (art.286 CPC) 
 “O pedido deve ser determinado” 
 O art. 322 do NCPC indica certeza do pedido. 
 “O pedido deve ser certo” 
 
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 Pedido certo: é aquele que identifica o seu objeto, permitindo que seja 
individualizado (é o bem da vida) Ex. indenização 
 Pedido determinado: é o pedido líquido, em que o autor indica a quantidade 
que pretende receber. Ex. definição da sua extensão: pagamento da quantia “X”. 
 Exceções: pedido genérico (inciso I a III do art. 324 NCPC): 
1) nas ações universais, se não puder o autor individuar na inicial os bens 
demandados: ex. ação de petição de herança em que o herdeiro preterido 
na sucessão busca o seu quinhão hereditário. 
2) Quando não for possível demandar desde logo as consequências do ato 
ou do fato. Ex. ação de reparação de danos quando o dano ainda não 
cessou. Acidente com sequelas e tratamento continuado. Indica-se o an 
debeatur – aquilo que se quer, sem indicação do quantum debeatur – o 
quanto se quer. Ex. condenação por danos morais por arbitramento 
judicial. 
3) Quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender 
de ato que deva ser praticado pelo réu. Ex. ação de prestação de contas. 
 
Interpretação restritiva do pedido X pedidos implícitos 
 Prevê o NCPC (art. 293do NCPC) que os pedidos devem ser interpretados 
restritivamente, ou seja, o que não foi requerido na inicial e desde que ocorreu a 
citação do réu, somente poderão ser apreciados em nova demanda. 
 Os pedidos implícitos (os que não foram incluídos na inicial) podem e devem 
ser conferidas ao autor. Ex. despesas processuais; custas judiciais; honorários do 
perito; despesas com o deslocamento de testemunhas; honorários advocatícios; 
juros e correção monetária; astreinte (pode ser fixada antes da sentença, na 
sentença ou na fase de cumprimento da sentença – aumento da multa após a 
sentença é possível, pois a multa não transita em julgado); 
Art. 323 NCPC (art. 290 CPC): Na ação que tiver por objeto 
cumprimento de obrigação em prestações sucessivas, essas 
serão consideradas incluídas no pedido, independentemente de 
declaração expressa do autor, e serão incluídas na condenação, 
enquanto durar a obrigação, se o devedor, no curso do 
processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las.” 
 
Cumulação de pedidos 
 É a prerrogativa do autor em formular dois ou mais pedidos no processo. 
Cumulação própria ou simples: autor formula vários pedidos contra o réu, tendo 
interesse no acatamento de todos. Ex. condenação por danos materiais e morais. 
 Dispõe o art. 327 do NCPC (art. 292 CPC) 
“É lícita a cumulação, em um único processo, contra o 
mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não 
haja conexão. § 1º. São requisitos de admissibilidade da 
cumulação que: I – os pedidos sejam compatíveis entre si; 
II – seja competente para conhecer deles o mesmo juízo; 
III – seja adequado para todos os tipos de pedidos o 
mesmo procedimento.” 
 A cumulação de pedidos no CPC é orientada por razões de economia 
processual, evitando a formação de várias demandas com várias sentenças. 
Ex. lojista que quer obter numa única ação: 
a) revisão de cláusula contratual; 
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b) declaração de nulidade de outra cláusula; 
c) o cancelamento da cobrança de aluguel dobrado no mês de dezembro. 
 Admite-se pedidos cumulados mesmo com ritos distintos desde que o autor 
renuncie ao rito mais célere. É o que dispõe o § 2º do art.327 NCPC. (§ 2º do art. 
292 CPC) 
 OBS: o acolhimento do pedido secundário só é possível se acolher o 
principal. Ex. alimentos (secundário) investigação de paternidade (principal). 
 
Cumulação sucessiva imprópria 
 Conhecida como cumulação sucessiva eventual ou alternativa, a pretensão 
do autor não é que sejam acolhidos em conjunto, mas separadamente em ordem 
sucessiva. 
 O primeiro pedido é o principal e o segundo subsidiário, que será apreciado 
quando não acolhido o primeiro (principal). 
 Veja-se o disposto no art. 326 do NCPC (art. 289 do CPC): 
“É lícito formular mais de um pedido em ordem 
subsidiária, a fim de que o juiz conheça do posterior, em 
não podendo acolher o anterior”. 
OBS: Na cumulação sucessiva própria a rejeição do primeiro pedido importa na 
rejeição do subsidiário, na cumulação sucessiva imprópria, a rejeição do primeiro 
não impede o acolhimento do subsidiário. 
 
Pedidos alternativos: 
 Diante dos pedidos alternativos, relativos a obrigações de igual natureza, no 
momento em que sentenciar no processo, o magistrado deve garantir o exercício do 
direito de escolha pelo devedor, preterindo a obrigação que lhe seja mais gravosa. 
Ex. § 2º do art. 157 do CC 
 
UNIDADE III 
CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES 
A classificação mais significativa das ações, no nosso ordenamento, deve levar em 
conta a prestação jurisdicional, a resposta com a qual o autor pretende conviver em 
termos processuais. A natureza da prestação jurisdicional é que sistematiza a 
classificação das ações. Podem ser: de conhecimento, cautelar ou d execução. 
 
Ação de conhecimento: o autor busca uma sentença que solucione o conflito de 
interesses, atribuindo-lhe o direito, com a admissão de cognição ampla, com a 
prática de vários atos processuais de investigação, com o escopo de acertar e de 
confirmar a verdade dos fatos afirmados pelas partes. 
 É marcada pela incerteza do direito que somente é afastada com a sentença. 
A sentença declara o direito, ofertando o bem da vida em disputa, e a 
correspondente resposta judicial, a uma das partes. 
 
Ação cautelar: a jurisdição é prestada apenas para proteger o bem ou o direito a 
ser disputado pelas partes na ação principal, evitando sua deterioração. Visa à 
conservação do direito. 
 
Ação de execução: exercita-se a jurisdição com o objetivo de retirar do patrimônio 
do devedor tantos bens quantos sejam necessários ao adimplemento da obrigação 
previamente estabelecida no título executivo extrajudicial (cheque, nota promissória, 
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contrato assinado pelas partes com duas testemunhas etc). Assinalada pela quase 
ausência de contraditório que poderá ser realizado de forma incidental (exceção de 
pré-executividade), ou incidental autônoma (embargos à execução). 
 A função jurisdicional impõe o cumprimento forçado da obrigação (de pagar, 
de dar, de fazer ou de não fazer). 
 
 
Divisão da ação de conhecimento 
Ação condenatória: há imposição de obrigação de pagar em pecúnia, sob pena de 
execução forçada. A sentença não apenas declara o direito mas oferece o suporte 
para a execução forçada (cumprimento de sentença), formando um título executivo 
judicial. 
 O conflito de interesse vai ser resolvido com a satisfação do credor 
(pagamento espontâneo do devedor ou execução forçada). 
 OBS: o novo CPC não utiliza mais a expressão “sentença condenatória” 
muito criticada pela doutrina. 
 
Ação declaratória: tem-se o acertamento de uma relação jurídica, a declaração 
acerca de um direito em litígio. 
 Em princípio não possibilita a execução forçada, visto que apenas declara 
uma relação jurídica e não impõe a obrigação (pagar, dar, fazer ou não fazer). 
 Prevista no art. 19 do NCPC (art. 4º CPC): 
“O interesse do autor pode limitar-se à declaração: 
I – da existência, da inexistência ou do modo de ser 
de uma relação jurídica; 
II – da autenticidade ou da falsidade de documento.” 
 
 Exemplos de ações declaratórias: de existência ou de inexistência de união 
estável; de falsidade ideológica em mandado de citação pelo oficial, atestando que o 
réu foi citado em certo dia e horário; de reconhecimento de tempo de serviço; de 
reconhecimento da inexistência de relação tributária; de interpretação de cláusula 
contratual. 
 No entanto, a mera declaração vem sempre acompanhada da imposição do 
ônus da sucumbência (custas, honorários e despesas processuais), tendo ou não 
formulado o autor pedido neste sentido, o que por si só importa em execução. 
 Não há mais dúvida de que a sentença meramente declaratória possa figurar 
como título executivo. 
 Veja o disposto no NCPC: 
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo 
cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos 
previstos neste título: I - as decisões proferidas no 
processo civil que reconheçam a exigibilidade de 
obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou 
de entregar coisa. 
 
Ação constitutiva: a sentença proferida cria, modifica ou extingue uma relação 
jurídica. Ex. ação de desfazimento de contrato; ação de divórcio; ação de 
adjudicação compulsória. 
 
Ação mandamental: a declaração do direito vem acompanhada de ordem judicial, 
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que, se descumprida, dá ensejo à aplicação de várias sanções, inclusive de 
natureza penal (art. 330 CP). Pode o magistrado, de ofício, impor multa contra o 
vencido, por cada dia de descumprimento da determinação (art. 536, §1º e art. 537 
ambos do NCPC; art. 461, §§ 3º e 4º do CPC). 
 Exemplos: mandado de segurança e as ações que comportem as imposições 
das obrigações de fazer ou de não fazer. 
OBS: as ações de obrigação de fazer e de nãofazer ensejam medidas de 
apoio, admitindo-se a conversão da obrigação em perdas e danos, se a prestação 
ou abstenção não for cumprida no prazo fixado, seguindo, daí por diante, pela 
espécie da execução por quantia certa. 
 
Ação executiva lato sensu: a sentença que se extrai desta ação determina o 
adimplemento da obrigação de dar, que é exigida e cumprida nos próprios autos da 
ação de conhecimento, sem necessidade de nova citação do réu, ou seja, sem a 
necessidade de formar uma ação de execução. 
 Esta técnica é utilizada nas ações de despejo, de imissão de posse, 
reivindicatória, de depósito, por exemplo. 
 
 
DA COMPETÊNCIA 
COOPERAÇÃO INTERNACIONAL 
 Será regida por Tratado (art. 26) de que o Brasil seja parte e, não havendo 
Tratado, com base em reciprocidade manifestada por via diplomática (§ 1º), salvo no 
caso de homologação de sentença estrangeira (§ 2º), observando os princípios 
enumerados em seus incisos. 
 Auxílio direto: técnica de cooperação internacional que torna dispensável a 
expedição de carta rogatória para viabilizar não só a comunicação mas também a 
tomada de providências solicitadas entre Estados. OBS: dúvida quanto à 
constitucionalidade deste dispositivo em face do Art. 105, I, i, da CF. 
 Quando Estado estrangeiro formular pedido de auxílio direto ao brasileiro 
(auxílio direto passivo), caberá à Advocacia Geral da União (que é quem representa, 
em juízo, o Ministério da Justiça; art. 26, § 4º) e, se for o caso, ao Ministério Público, 
quando for ele a autoridade central, para requerer em juízo a medida solicitada 
nesses casos (art. 33). 
 Dispõe o § 2º do Regimento interno do STJ: “Os pedidos de cooperação 
jurídica internacional que tiverem por objeto atos que não ensejam juízo de 
delibatório do STJ, ainda que denominados carta rogatória, serão encaminhados ou 
devolvidos ao Ministério da Justiça para as providências necessárias ao 
cumprimento por auxílio direto” 
 Carta rogatória: É o pedido feito ao órgão jurisdicional de outro país, para 
que este colabore na prática de um determinado ato processual. Note-se que a 
admissibilidade e o cumprimento dessas cartas devem obedecer às regras 
estabelecidas nas Convenções Internacionais. Além disso, as cartas rogatórias não 
se prestam para cumprimento de atos de constrição judicial. De outro lado, as 
rogatórias vindas de outro país, para cumprimento no Brasil, devem receber a 
autorização do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Tem caráter contencioso junto 
ao STJ, que tem competência para a sua homologação (art. 105, I, i, da CF), 
devendo assegurar às partes as garantias do devido processo constitucional. 
 A atuação do STJ está limitada à análise do juízo de delibação (juízo 
superficial sobre a legalidade de um ato, sem, contudo, adentrar no exame de 
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mérito). 
 
Competência: 
 O art. 44 do CPC dispõe que “Obedecidos os limites estabelecidos pela 
Constituição Federal, a competência é determinada pelas normas previstas neste 
Código ou em Legislação especial, pelas normas de organização judiciária e, ainda, 
no que couber, pelas Constituições dos Estados”. É, portanto, residual. 
 
Conceito 
 Consiste no fracionamento da função jurisdicional, atribuindo-se a cada juiz 
ou tribunal parcela da jurisdição, possibilitando o seu exercício. 
 “Todo juiz exerce jurisdição podendo não ter competência; mas não terá 
competência sem exercer a jurisdição.” 
 OBS: apenas se tornará competente a partir do momento em que o direito de 
ação for exercitado. 
 OBS: a regra de competência é limitadora, ou seja, se não foi especificada, tal 
órgão pode tudo julgar. 
 
Competência absoluta e competência relativa: 
 A incompetência absoluta (de interesse do Estado) pode (e deve) ser 
reconhecida de ofício pelo magistrado, independentemente de provocação, em 
qualquer tempo e grau de jurisdição (art. 64, § 1º), exceto pela primeira vez em Re e 
Resp, em face da necessidade de prequestionamento, e por isso mesmo não há 
preclusão quanto á ausência de sua alegação, porque ela não se “prorroga” em 
nenhum caso, isto é, não pode ser modificada, nem mesmo por vontade das partes 
(arts. 54 e 62). 
 A decisão de mérito proferida por Juízo absolutamente incompetente é 
passível de ação rescisória (art.966, II), razão pela qual é correto entendê-la como 
“pressuposto de validade do processo”. 
 O reconhecimento da incompetência absoluta do julgador determina a 
remessa dos autos ao juízo competente, com a anulação dos atos decisórios, 
preservando-se os demais, em respeito ao princípio da brevidade e da economia 
processual. 
 OBS: ao falar em nulidade dos atos, deve-se levar em conta que regra geral 
estes conservarão os seus efeitos, salvo decisão judicial em contrário, até que outra 
seja proferida (por juízo competente). (§ 4º doa art. 64). 
 
 A competência relativa se caracteriza pela disponibilidade da regra 
competencial, sendo do interesse das partes a sua manutenção ou o seu 
afastamento. 
 A incompetência relativa e a absoluta devem ser suscitadas no momento 
da resposta em sede de preliminar da contestação (art. 64 do NCPC). A 
incompetência relativa está sujeita a modificações (art. 54 – conexão e continência), 
inclusive pela vontade das partes pela chamada cláusula contratual do “foro de 
eleição” (art. 63), ou pela inércia do réu em arguí-la a tempo em preliminar de 
contestação (art. 64, caput). Ela não é passível de declaração de ofício e sua não 
observância não autoriza a rescisão da decisão após o trânsito em julgado. 
 O foro de eleição pode ser aplicado apenas quando os direitos são 
disponíveis (patrimoniais). 
 OBS: o acolhimento da incompetência absoluta não é fator inexorável de 
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nulidade das decisões. Estas podem ser preservadas nos termos do § 4º do art. 64. 
 Por mias grave ser o vício relativo á competência, qualquer órgão jurisdicional 
é sempre competente para apreciar a sua própria competência ou a falta dela, 
determinando a prática de atos processuais derivados de sua decisão. 
 
Espécies de Competência: 
Valor da causa: Poderá ser um critério de determinação de competência, é um dos 
motivos da obrigatoriedade do valor da causa na inicial. É critério de juízo. 
Territorial: Circunscrição geográfica. É o critério de foro. 
Material: A competência em razão da matéria leva em conta a matéria a ser julgada, 
ou seja, toma por critério os elementos objetivos das ações: a causa de pedir e o 
pedido. Assim, a homologação de sentença estrangeira é causa de competência 
originária do STJ (CF, art. 105, I, “i”); também a competência da Justiça do Trabalho 
é estritamente em razão da matéria – controvérsias oriundas da relação de trabalho 
(CF, art. 114), inclusive quando for parte a Administração Pública direta e indireta da 
União, Estados e Municípios. 
Em razão da pessoa: Atualmente, a competência ratione personae apresenta-se, 
no âmbito cível, quando interessada na causa pessoa de direito público; assim, v.g., 
são da competência originária do STF as causas entre a União e um Estado, ou 
entre Estados (CF, art. 102, I, f); são da competência da Justiça Federal todas as 
causas em que for parte “a União, entidade autárquica ou empresa pública federal” 
(CF, art. 109, I). 
Funcional ou hierárquico: A competência funcional é a que prescreve o que cada 
juiz (ou órgão jurisdicional) deve praticar no mesmo processo, ou seja, ela dispõe 
sobre a função que cada órgão jurisdicional vai exercer na relação processual já 
instaurada perante o juízo materialmente competente. 
 
Momento de fixação da competência 
 A competência é fixada por exclusão. Roteiro: Justiça Especializada ou da 
Justiça Federal e por fim da Justiça Estadual. 
 Será fixada no momento da propositura da demanda (perpetuatio 
juridictionis), não merecendo relevância fatos ocorridos durante o processo, salvo 
nas hipótesesem razão da matéria e da hierarquia. 
 Após a definição da Justiça Comum Estadual, a parte deve verificar o foro 
(comarca), e, no interior dele, o Juízo competente. 
 Para determinação do foro é necessário à investigação da natureza jurídica 
da ação (direito pessoal ou real), ou diante da existência de foro especial. 
 
Competência internacional: 
 Se há duas ações com as mesmas partes, mesma causa de pedir e mesmo 
pedido teremos a litispendência. Na competência interna uma deve ser extinta a fim 
de que a outra prevaleça e receba o devido julgamento. 
 Na competência internacional, tendo em vista que a interna é concorrente, 
não obsta a propositura de ações idênticas na justiça brasileira e perante autoridade 
estrangeira. Neste caso a litispendência não se confirma. 
 Prevalecerá a que primeiro transitar em julgado. OBS: Coisa julgada é a 
eficácia que torna imutável e indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso 
ordinário ou extraordinário. 
 A primeira sentença que atingir o estágio de coisa julgada será executada e a 
outra descartada. 
 DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – PROF. MS. MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA 
 
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 Vide art. 24 NCPC: 
“A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz 
litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária 
brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são 
conexas, ressalvadas as disposições em contrário em 
tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no 
Brasil”. 
Competência interna: 
 O art. 23 do NCPC dispõe sobre a competência exclusiva da autoridade 
judiciária brasileira para julgar: ações relativas a imóveis situados no Brasil; 
processamento de inventário, em divórcio, separação judicial ou dissolução de união 
estável, proceder à partilha de bens localizados no Brasil; 
 Neste caso a sentença estrangeira não poderá ser executada no brasil. 
 
Competência da Justiça Estadual: 
 Esta é subsidiária. É competente para julgar causas em que não são de 
atribuição da Justiça Especializada (do Trabalho, Militar e Eleitoral), e da Justiça 
Federal, por não envolverem a União, empresa pública federal a Autarquia federal. 
 Sede do litígio: é local onde a causa deve ser aforada. Busca-se a comarca. 
 
Competência do foro de domicílio do réu (art. 46 NCPC) e o foro de opção (art. 
53 NCPC): 
 Regra: a demanda que verse sobre direito pessoal e sobre direitos reais 
sobre coisa móvel, deve ser proposta no domicílio do Réu (art. 46 NCPC), a exceção 
dos foros especiais, quando o autor é tido por hipossuficiente (mais fraco do ponto 
de vista econômico e/ou processual). 
 Ex. foro de opção: possibilita por parte de o autor escolher o foro, de acordo 
com disposto em lei: ação de alimentos (foro do domicilio do autor); reparação de 
danos (local do ato ou do fato, art. 53, Inciso IV, NCPC); relação de consumo (foro 
do domicílio do autor, Inciso I, art. 101 CDC); acidente de veículo – domicílio do réu, 
domicílio do autor ou local do fato (inciso V, art.53, NCPC). 
 O foro de opção pode ser renunciado, bastando que o autor proponha a ação 
no domicílio do réu, aplicando a regra geral. 
 
Competência do foro de domicílio do autor da herança: 
 O foro competente é o do domicílio do autor da herança (art. 48 NCPC). Não 
é absoluta a regra. 
 OBS: Quando o espólio for autor deve obedecer à regra do art. 46 (domicílio 
do réu ou especial); e, art. 47 mesmo sendo réu, mas se tratar de direito real, 
local da coisa. 
 
Foro de domicílio do ausente: 
 Foro competente quando Réu: local de seu último domicílio (art. 49 NCPC) 
 
Foro de domicílio do incapaz: 
 É o foro de domicílio de seu representante legal, ou assistente. (art. 50 
NCPC). Por ser especial sede a competência absoluta, no caso de direitos reais. 
 
Foro da capital ou do Território 
 Se a união for demandada a ação poderá ser proposta (art. 51 NCPC): foro 
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de domicílio do autor; no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no 
de situação da coisa ou no DF. 
 
MODIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA (RELATIVA) 
 Modifica-se a competência pela: conexão, continência, foro de eleição e pela 
inércia do Réu em alegar a incompetência relativa. 
 
Roteiro para fixação da competência: 
a) verificar se é hipótese de competência da justiça especializada (trabalho, eleitoral 
ou militar); 
b) depois verificar se é de algum Tribunal, de forma originária. 
c) ver se é hipótese da Justiça Federal; 
d) não sendo, deve-se determinar o foro, analisando se a demanda é de direito 
pessoal ou real. 
e) se de direito pessoal o foro é do domicílio do Réu, respeitadas as hipóteses de 
foro de opção, eleitos pela escolha do autor, e dos foros especiais. 
f) se a ação é fundada em direito real, o foro é o da situação da coisa; 
g) por último, dentro do foro, fixar o juízo competente (vara cível, de família etc), 
mediante consulta aos Códigos de Organização judiciária. 
 
 
Critérios de modificação da competência 
 A modificação da competência importa no julgamento do processo por juízo 
diverso do que a lei em princípio previu como indicado para a solução do conflito. 
 Apenas é permitido na competência relativa (territorial e em face do valor), 
 A modificação da competência, quando admitida é determinada em razão da 
conexão (ocorre quando duas ou mais lhes for comum o pedido ou a causa de 
pedir; art. 55. Ex. duas ações cada uma proposta por um herdeiro em face da morte 
de genitor por ato ilícito do Réu; continência (quando entre duas os mais ações 
houver identidade quanto ás partes e a causa de pedir, mas o pedido de uma, por 
ser mais amplo, abrange os dos demais (art.56). Ex. uma ação de indenização por 
acidente de veículo que se pede lucros cessantes e a outra se pede perdas e danos 
que engloba os lucros cessantes) – (continente a que tem o objeto mais amplo, 
contida a que tem o objeto menos amplo); da estipulação do foro de eleição; e da 
inércia do réu, que não suscitou a incompetência relativa. 
 OBS: A competência em razão da matéria, da pessoa e da função é 
inderrogável por convenção entre as partes (art. 62 do NCPC). Ex. matéria – ação 
de divórcio proposta em vara de família; pessoa - ação contra a União proposta na 
justiça Estadual; função: ação contra o Estado proposta em Vara Cível. 
(competência absoluta). A competência em razão do valor e do território são de 
competência relativa e prorrogável. Arts 63 e 62 do CPC. 
 OBS: equiparação não verdadeira. 
 
Conflito de Competência 
 Há conflito de competência quando: 
a) Dois ou mais juízes afirmam a sua competência para julgar a mesma 
demanda (conflito positivo); 
b) Dois ou mais juízes afirmam ser incompetentes para o julgamento da 
demanda (conflito negativo); 
c) Dois ou mais juízes não estão acordes no que se refere à reunião de 
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processos que correm em juízos diversos. 
 
Competência para apreciação do conflito: 
a) Os tribunais estaduais quando é instaurado em face de juízos a ela 
vinculados; 
b) O Colegiado indicado nos regimentos, quando for em turma, seções, 
câmaras, conselhos superior da magistratura, juízes de segundo grau e 
desembargadores; 
c) Os TRF’s em face de juízes federais vinculados no mesmo tribunal; 
d) Os TRF’s quando em face de juízo estadual investido de jurisdição federal e 
juiz federal; 
e) O STJ em face de tribunais, de tribunais e juízos a ele vinculados; entre juízos 
vinculados a tribunais diversos; 
f) O STF, quando o conflito de jurisdição é instalado em face do STJ e de 
qualquer outro tribunal; entre tribunais superiores ou entre estes e qualquer 
tribunal. 
 
DA COOPERAÇÃO NACIONAL 
 Inovação trazida pelo NCPC, a exemplo do que se tem em âmbito 
internacional. 
 
 Conceitos: 
- carta de ordem: é aquela expedida por Juiz de hierarquia superior ao que vai 
cumprir a ordem; 
- carta precatória: aquela em que a diligência nelarequisitada tem de ser cumprida 
por juiz da mesma hierarquia. O Juiz deprecante é o que expede a rodem e o Juiz 
deprecado é aquele que cumpre a carta; 
- carta arbitral: expedida por tribunal ou árbitro para que o órgão jurisdicional 
nacional pratique ou determine o cumprimento de ato; 
- carta rogatória: são para a realização de atos em Juízos de jurisdição diferentes. 
 
DAS PARTES E DOS PROCURADORES 
Partes: 
 As partes do processo são o autor (protagonista) que requer a eliminação do 
conflito de interesse que originou a formação do processo; o réu (antagonista) em 
face de quem o deferimento da providência jurisdicional foi pleiteado. OBS: parte da 
doutrina coloca o juiz como parte. 
 Os sujeitos da lide são as partes da relação substancial – de direito material; 
e as partes do próprio processo: autor e réu. 
 Nem sempre os sujeitos da lide (sinônimo de conflito, controvérsia) são os 
sujeitos do processo, ou seja, aqueles que tomam assento na relação processual em 
posições antagônicas. 
 O conceito de partes é incompleto, visto que outros sujeitos podem ingressar 
no processo após o seu início. 
 Os terceiros (parte acessória) são aqueles que migraram para o processo no 
afã de apoiar a uma das partes principais (autor e réu), ou para defender interesse 
próprio, podendo sofrer os efeitos da sentença que em princípio alcançaria apenas o 
autor e o réu. 
 A análise de quem é terceiro é feita por exclusão: todo aquele que não sendo 
parte, ingressa no processo por força de interesse jurídico próprio e mediato na 
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decisão judicial. Os efeitos da sentença não os podem atingir. 
 OBS: a doutrina majoritária entende que o terceiro não é parte do processo. 
 Representantes: embora próximos dos protagonistas, não são partes. 
Figuram no processo como apoiadores das partes. 
 Sucessores: ocupam o lugar das partes em vista de fatos de relevância 
jurídica. O terceiro que para o processo migra sub-roga-se nos direitos e deveres 
processuais da parte originária, podendo ser atingido pelos efeitos da sentença. 
 OBS: o MP pode atuar como substituto processual ou fiscal da lei, 
dependendo do caso. 
 
CAPACIDADE DE SER PARTE, CAPACIDADE PROCESSUAL E CAPACIDADE 
POSTULATÓRIA – DISTINÇÕES 
 
Capacidade de ser parte (direito): diz respeito à possibilidade da pessoa estar em 
juízo como autor ou Réu, ou seja, à possibilidade de tomar assento em um dos polos 
do processo. Exige a personalidade civil. 
 OBS: aos entes despersonalizados confere-se a capacidade de ser parte. 
(Art. 75, incisos V, VII, IX, XI do NCPC. Vide art. 12 CPC). 
 
Capacidade processual: é a possibilidade que o autor e réu tem de praticar atos 
processuais sem o apoio ou acompanhamento de outras pessoas, reunindo todas as 
condições de se manterem no processo sem amparo de qualquer outra. 
 O art. 70 do NCPC (art. 7º CPC) dispõe: 
Toda pessoa que se encontre no exercício de seus 
direitos tem capacidade para estar em juízo. 
 Não ostentam capacidade processual as pessoas listadas nos arts. 3º e 4º do 
CCB, embora tenham capacidade de ser parte. 
 A capacidade processual é pressuposto de validade processual e ante a sua 
ausência o processo deve ser extinto sem resolução do mérito (inciso IV do art. 485 
do NCPC – inciso IV do art. 267 do CPC), produzindo coisa julgada formal, sem 
prejuízo do direito material. 
 
Capacidade postulatória: é a privativa do advogado inscrito junto à OAB, não 
podendo a própria parte elaborar e subscrever a petição (salvo se em causa 
própria), visto que a postulação é atividade privativa de advogado (inciso I do art. 1º 
da Lei 8.906/96). 
 OBS: exceções à regra: impetração de habeas corpus (art. 654 do CPP). 
 
SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL x REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL 
 Na substituição processual a parte pleiteia em nome próprio o 
reconhecimento de direito alheio, desde que haja permissão legal. 
 Dispõe o art. 18 do NCPC (art. 6º do CPC): 
Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome 
próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento 
jurídico. 
 É comum o Ministério Público atuar como substituto processual (legitimidade 
extraordinária). Vejamos os exemplos: 
a) em ações de investigação de paternidade (art. 2º, § 4º Lei de Investigação de 
Paternidade); 
b) ação coletiva em defesa de consumidores (arts. 81ss do CDC); 
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c) ação ex delicto quando o ofendido for pobre (art. 68 do CPP). 
 
 OBS: não é prerrogativa do MP. A lei confere legitimidade extraordinária 
como aos sindicatos e às associações civis, desde que o litígio verse sobre direitos 
dos associados e filiados. 
 OBS: os substitutos podem praticar todos os atos do processo, salvo transigir, 
renunciar ou de reconhecer a procedência do pedido. 
 
 Já na representação processual a pessoa que se encontra no processo está 
defendendo direito alheio mas em nome do titular do direito. 
 É conferida , por exemplo, aos genitores da parte absolutamente incapaz, ao 
curador especial do incapaz que não “tiver representante legal, ou seus interesses 
colidirem com os daqueles” ou “do réu preso”, do “revel citado por edital ou hora 
certa”. 
 OBS: o representante não é parte. A parte é o representado. 
 
DEVERES DAS PARTES E DE SEUS PROCURADORES 
 Após instaurado o conflito o que se espera é a pacificação deste, que se 
verifica das emanações do juiz que ocupa posição soberana no processo, mas com 
a colaboração das partes, o que é imprescindível para o atingimento dos objetivos 
do processo. 
 Quando a colaboração não é observada, a parte justifica a sua conduta pelo 
exercício do direito assegurado pela CF. Ocorre, na prática, uma dificuldade de 
considerar abusiva certas condutas processuais. A proliferação de recursos contribui 
para o retardamento do processo. 
 As partes devem agir com lealdade e boa-fé processual. 
 O art. 77 e ss do NCPC (art. 14 e ss do CPC) propõem regra a ser seguida: 
Art. 77. Além de outros previstos neste código, são 
deveres das partes, de seus procuradores e de todos 
aqueles que de qualquer forma participam do 
processo: 
 A não utilização da boa-fé processual resulta na aplicação das penalidades 
impostas pelo art. 79 e ss do NCPC (art. 16 e ss do CPC) 
 
Dever de expor os fatos conforme a verdade: requer-se que as partes narrem os 
fatos sob a crença de que o fazem segundo a interpretação que se tem do fato. 
 
Dever de proceder com lealdade e boa-fé: ressalta-se que para aferimento da má-
fé processual é necessário que tenha havido dolo, vale dizer, conduta maliciosa, 
com o propósito de obstar o regular andamento do processo, afastando-o da 
celeridade processual. 
 
Dever de formular pretensões e/ou defesas devidamente fundamentadas: tese 
com respaldo doutrinário e até e, posições jurisprudenciais minoritária podem ser 
tidas como fundamentadas, não ensejando a má-fé processual. Uma vez mais a 
interpretação age em favor da parte. 
 O propósito da parte em alegar tese teratológica (monstruosa) configura má-
fé processual. Ex. embargos de declaração com a afirmativa de inexistência de 
omissão, obscuridade ou contradição no julgado. 
Dever de se abster da produção de provas e/ou da prática de atos inúteis ou 
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desnecessários à declaração ou defesa de direito: a pretensão da parte deve 
atender a critérios de razoabilidade e de adequação. 
 
Dever de cumprir mandamentos, com o afastamento de embaraço à efetivação 
de decisões judiciais: esta situação é verificada no descumprimento de liminares e 
de antecipação de tutela, nos provimentos judiciais que demandam observância 
imediata. “Decisão judicial não se discute, se cumpre”. Ex. imposição do dever de 
garantir internação em leito de UTI. 
 OBS: a aplicação de multa não afasta a sanção criminal (crime de 
desobediência art. 330do CP) e aplicação de mulata diária (astreinte) pelo 
descumprimento da obrigação de pagar, dar, fazer e não fazer. 
 OBS: em virtude do princípio da intervenção mínima do direito penal, em caso 
de punição cível a conduta criminal de desobediência é afastada, por ser 
considerada atípica. 
 
Declinar o endereço residencial ou profissional do advogado: esta obrigação 
deve ser realizada todas as vezes que ocorrer mudanças temporária ou definitiva. 
 
Não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso: é 
vedada à parte a prática de atos de atentado contra bens litigiosos, mormente 
aqueles em que pende de decisão definitiva. 
 
 
RESPONSABILIDADE DAS PARTES POR DANO PROCESSUAL 
 Os comportamentos desqualificados acarretam prejuízos à parte contrária e 
também à administração da Justiça impedindo ou retardando a marcha do processo, 
exigindo a devida reparação. 
 A imposição de multa pode ser dar de ofício pelo magistrado, por decisão 
interlocutória fundamentada, em face do princípio da motivação, podendo ensejar a 
interposição de recurso de agravo retido, lembrando que o NCPC suprimiu este 
recurso. 
 A multa estabelecida pelo NCPC ao litigante de má-fé vai de um por cento até 
dez por cento do valor da causa, e a arcar com os honorários advocatícios e todas 
as despesas que efetuou (art. 81 do NCPC – art. 18 do CPC), como regra geral. 
 A multa pode ser acompanhada do arbitramento de indenização pelos danos 
suportados pela parte prejudicada em percentual não superior a 20% do valor da 
causa, com imposição imediata ou transferida para a liquidação por arbitramento. 
 Em caso da utilização dos Embargos de Declaração com efeito 
procrastinatório o juiz ou o tribunal condenará o embargante a pagar ao embargado 
multa não excedente a 2% sobre o valor da causa atualizado. Na reiteração a multa 
será elevada a até 10%, condicionado a interposição de outro recurso ao deposito 
da multa, salvo a Fazenda Pública e o beneficiário da justiça gratuita, que a 
recolherão ao final (art. 1.026 do NCPC - art. 538 CPC, com critérios diferentes). 
 Poderá o magistrado impor duas penalidades pelo mesmo ato, uma com base 
no artigo 81 e a outra no art. 1.026 ? 
 OBS: aplicação do princípio bis in idem, que veda a punição do recorrente em 
duplicidade pela prática de um só ato. 
 
DO LITISCONSÓRCIO 
 O litisconsórcio impõe a cumulação subjetiva da relação processual, 
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justificado por razões de economia processual e do afastamento da possibilidade de 
serem proferidas decisões em processo que se ramifiquem de um tronco comum. 
 
Litisconsórcio facultativo 
 Regra geral o litisconsórcio é facultativo, ou seja, a reunião de várias pessoas 
no processo se dá por opção e não por determinação legal. Podem litigar em 
conjunto ou separadamente, propondo ações individuais, neste último caso que 
podem ser reunidas em face da existência de conexão (identidade de objeto ou 
causa de pedir). 
 As hipóteses de litisconsórcio facultativo estão listadas nos incisos do artigo 
113 do NCPC (art. 46 CPC) 
Art. 113. Duas ou mais pessoas podem litigar, 
no mesmo processo, em conjunto, ativa ou 
passivamente, quando: 
I – entre elas houver comunhão de direitos ou 
de obrigações relativamente à lide; 
II – entre as causas houver conexão pelo pedido 
ou pela causa de pedir; 
III – ocorrer afinidade de questões por ponto 
comum de fato ou de direito. 
 OBS: o CPC 1973 contém outra hipótese: quando “os direitos ou as 
obrigações derivarem do mesmo fundamento de fato ou de direito”. 
 
Litisconsórcio multitudinário 
 Disposto no parágrafo 1º do NCPC, o magistrado pode limitar o número de 
litisconsortes que pretendem participar de um único processo (litisconsórcio 
multitudinário ou litisconsórcio das multidões), evitando retardo na decisão em face 
da excessiva quantidade de litisconsortes, devendo o magistrado adequar o valor da 
causa, para que represente o somatório das pretensões de cada litisconsorte 
admitido no processo. 
 OBS: só aplicável ao litisconsórcio facultativo. Não há critério objetivo. 
 OBS: o magistrado não pode extinguir o processo em relação aos demais 
litisconsortes não admitidos (em número excessivo), mas o seu desdobramento, 
instaurando-se nova relação processual, possivelmente em conexão com a ação 
principal, considerando a identidade entre elementos das ações. 
 
Litisconsórcio necessário ou obrigatório 
 Disposto no artigo 114 do NCPC (art.47 CPC) é exceção à regra da 
facultatividade do litisconsórcio. 
Art. 114. O litisconsórcio será necessário por 
disposição de lei ou quando, pela natureza da 
relação jurídica controvertida, a eficácia da 
sentença depender da citação de todos que 
devem ser litisconsortes. 
 Dispõe o § 1º do art. 73 do NCPC (§ 1º do art. 10 do CPC): 
§ 1º ambos os cônjuges serão necessariamente 
citados para a ação: 
I – quando verse sobre direito real imobiliário, 
salvo quando casados sob o regime de 
separação absoluta de bens; II – resultante de 
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fato que diga respeito a ambos os cônjuges ou 
de ato praticado por eles; III – fundada em 
dívida contraída por um dos cônjuges a bem da 
família; IV – que tenha por objeto o 
reconhecimento, a constituição ou a extinção 
de ônus sobre imóvel de um ou de ambos os 
cônjuges. § 2º Nas ações possessórias, a 
participação do cônjuge do autor ou do réu 
somente é indispensável nas hipóteses de 
composse ou de ato por ambos praticado. § 3º 
Aplica-se o disposto neste artigo à união 
estável comprovada nos autos. 
 O litisconsórcio obrigatório não implica, necessariamente, que a sentença seja 
uniforme para todas as partes envolvidas no processo, seja no polo ativo ou passivo. 
Exige-se apenas que a sentença seja proferida com a presença de todos, pelo fato 
de o conflito invadir a esfera jurídica de todos eles, diante da ausência de 
pressuposto de constituição do processo (citação), justificando a possibilidade de o 
magistrado determinar a convocação das partes ausentes, que não foram incluídas 
na demanda pela parte no processo. 
 
 Litisconsórcio necessário simples ou unitário: em ambas as espécies exige-se 
a presença dos litisconsortes no processo, mas na primeira a sentença pode ser 
disforme em relação a eles; na segunda a sentença deve produzir os mesmos 
efeitos em relação a todos os litisconsortes. Nesta o Juiz não pode julgar a ação 
procedente para uns e improcedente para outros, sejam autores ou réus da 
demanda. 
 OBS: no litisconsórcio necessário unitário a sentença será nula, o que deve 
ser atacada via ação rescisória. 
 OBS: no litisconsórcio necessário simples a sentença será ineficaz em 
relação àqueles que não integraram a ação, por falta de pressuposto de constituição 
do processo (citação), não produzindo qualquer efeito no mundo jurídico, sequer 
inaugurado o prazo. 
 A sentença proferida sem a formação do litisconsórcio obrigatório será nula 
ou ineficaz, conforme o disposto nos incisos I e II do art. 115 do NCPC (art. 47 CPC): 
Art. 115. A sentença de mérito, quando 
proferida sem a integração do contraditório, 
será: 
I – nula, se a decisão deveria ser uniforme em 
relação a todos que deveriam ter integrado o 
processo; 
II – ineficaz, nos outros casos, apenas para os 
que não foram citados. 
Parágrafo único: nos casos de litisconsórcio 
passivo necessário, o juiz determinará ao autor 
que requeira a citação de todos que devam ser 
litisconsortes, dentro do prazo que assinar, sob 
pena de extinção do processo. 
 
Aproveitamento de ato praticado por um litisconsorte em relação aos demais 
 Os litisconsortes são vistos de forma individualizada no processo, um não se 
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contaminando com o insucesso dos demais, pela confissão, pela produção de 
insatisfatória de

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