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Durma bem apresenta informações que ajudarão você a analisar seus hábitos de sono e eventualmente até a modificar alguns deles, promovendo noites bem-dormidas. Descubra qual o tipo ideal de ambiente para o descanso, saiba quais tipos de alimentos e bebidas são prejudiciais quando ingeridos antes do repouso e passe a valorizar a importância da boa alimentação para dormir melhor. Entenda por que dormir bem é um dos segredos de uma vida saudável, aprenda a gerenciar melhor seu tempo, a meditar e saiba mais sobre a importância do condicionamento físico. Exercícios de relaxamento e técnicas para minimizar os efeitos do stress completam este e-book essencial para quem quer – e precisa – de noites melhores. Introdução Passamos cerca de um terço de nossa vida dormindo. Enquanto conseguimos dormir bem, nem pensamos a esse respeito. Mas quando os primeiros distúrbios se manifestam, começamos a valorizar a importância do sono para o bem-estar físico e mental. Quem não consegue dormir bem com certa frequência fica indisposto, sente-se exausto e frustrado. Mas é possível mudar isso. Pesquisas atuais sobre o sono revelam claramente que podemos reaprender a ter um sono saudável e revigorante – e muitas vezes por meio surpreendentemente simples. Em muitos casos, pequenas mudanças nos hábitos de dormir são suficientes. Às vezes basta acordar ou ir para cama mais cedo. Parar de tomar comprimidos para dormir também pode fazer milagres contra a falta de sono. E até para os casos de distúrbios crônicos de sono decorrentes de doenças a medicina moderna tem respostas eficazes. Durma bem apresenta informações que ajudarão você a analisar seus hábitos de sono e eventualmente até a modificar alguns deles, promovendo noites bem-dormidas. Descubra qual o tipo ideal de ambiente para o descanso, saiba quais tipos de alimentos e bebidas são prejudiciais quando ingeridos antes do repouso e passe a valorizar a importância da boa alimentação para dormir melhor. Exercícios de relaxamento e técnicas para minimizar os efeitos do stress completam este e-book essencial para quem quer – e precisa – de noites melhores. Os editores. Dormir bem – mais que um descanso noturno O sono é um momento de descanso, mas é também um período de atividade, pois o cérebro e o metabolismo trabalham a todo vapor. Nesta seção, descrevemos o que exatamente ocorre enquanto dormimos e o que as pesquisas mais recentes revelam sobre o processo e as funções do sono. Os 10 mitos sobre o sono “Os mais velhos dormem menos”, “Só quando dormimos sem interrupções temos uma noite boa de sono” ou “É mais saudável dormir antes da meia-noite” – são muitos os mitos sobre o sono saudável. Alguns até têm um fundo de verdade, mas outros não passam de lendas. “A quem pode dormir é permitido ser feliz”, afirma o autor alemão Erich Kästner. No entanto, a realidade é muito diferente para um número cada vez maior de pessoas – elas simplesmente não conseguem adormecer, permanecem horas acordadas “rolando” na cama e se sentem esgotadas pela manhã. Cerca de metade dos brasileiros adultos alega sofrer de transtornos do sono ocasionais ou recorrentes. São diversas as causas dos problemas relacionados ao sono e de distúrbios graves e crônicos. Uma delas é uma falsa expectativa. Adormecer suavemente, dormir sem interrupções, ter doces sonhos e pular da cama no dia seguinte bem-disposto e cheio de energia: é assim que a maioria das pessoas descreve um bom sono. Mas essa descrição nem sempre corresponde à realidade. O sono é bem diferente daquilo que a maior parte das pessoas considera ser um descanso noturno. A seguir, apresentamos os 10 mitos mais comuns sobre o sono. Informações que podem proporcionar a você uma noite de sono tranquilo, talvez hoje mesmo. Mito 1: Somente um sono ininterrupto significa dormir bem A crença mais equivocada e mais disseminada sobre um bom sono é a que somente o sono ininterrupto é saudável. Na verdade, ninguém dorme a noite inteira. Pelo contrário, até quem tem o melhor dos sonos acorda cerca de 30 vezes por noite. Essas fases de vigília podem durar até três minutos. Por serem tão curtas, nem chegamos a nos dar conta delas. Resultado: muitas pessoas têm a impressão de que dormiram a noite inteira. As fases de vigília (estado desperto) durante a noite não influenciam o descanso noturno. O problema existe quando passamos a perceber essas fases de forma repetida e consciente e não conseguimos adormecer novamente. Assim pode-se iniciar um ciclo que acaba se transformando em um transtorno do sono real. Mito 2: Precisamos de oito horas de sono por noite Cada um tem as próprias necessidades de sono. Elas podem variar de cinco horas entre aqueles que dormem pouco até cerca de nove horas entre os que dormem mais. Valores acima ou abaixo desses são raros. As pesquisas sobre o sono presumem que a propensão para dormir mais ou menos horas é, entre outros aspectos, genética. Há ainda inúmeros fatores que influenciam a duração do sono. Por exemplo, quem acabou de se apaixonar consegue dormir menos por determinado período sem apresentar cansaço ou sonolência. Se alguém que não está acostumado a fazer grande esforço físico tiver um dia de trabalho braçal árduo, provavelmente terá mais dificuldade em acordar cedo no dia seguinte. Durante férias relaxantes tendemos a dormir uma hora a mais do que de costume – a não ser que o sol e a curiosidade ao estar em um lugar diferente expulsem você cedinho da cama. Quantas horas de sono? Não existe uma recomendação exata para a duração ideal do sono, mas pode-se estabelecer uma média. A maioria das pessoas dorme entre sete e oito horas por noite. Detalhe: o número de horas de sono necessárias se altera ao longo da vida. A mudança mais extrema ocorre durante a transição entre a adolescência e a idade adulta. Além disso, dormimos um pouco menos entre os 40 e 50 anos e um pouco mais na velhice e na infância, e ainda há evidências de que o ritmo do mundo moderno tem-nos feito dormir menos. Mito 3: Dormir antes da meia-noite proporciona o melhor sono Não é a meia-noite do relógio, mas a meia-noite biológica – ou seja, o momento de menor rendimento biológico – que é determinante para um sono profundo e restaurador. A meia-noite biológica, no entanto, não corresponde a 0h, mas para a maioria das pessoas a 3h ou 4h da manhã. Antes desse horário, uma pessoa já deve ter dormido entre quatro e cinco horas. Isso aumenta a quantidade do que chamamos “fases de sono profundo” antes do ponto mais baixo. E essas fases são fundamentais para garantir a qualidade do sono. Afinal, é durante essas fases de sono profundo que os processos de recuperação noturna são mais eficientes. Importante dizer: O sono antes da meia-noite pode ser tão bom quanto o sono depois da meia-noite. Mito 4: Os idosos precisam de menos horas de sono Durante muito tempo acreditou-se – até entre os especialistas – que os idosos precisavam de menos horas de sono do que os jovens. Novos estudos têm desmentido isso. Certamente há idosos que passam a dormir menos horas após se aposentarem, por exemplo, pelo simples fato de realizarem tarefas menos cansativas durante o dia. Mas em geral os mais velhos sofrem um deslocamento de tempo no ciclo sono-vigília, e não a redução do tempo de sono. O que ocorre é que já a partir dos 30 anos acordamos mais vezes durante a noite e, sobretudo após os 60 anos, as pessoas sentem que a qualidade do sono tende a piorar. Há uma explicação para esse fenômenoque pode ser até medida em laboratório: os mais velhos passam com maior frequência por estágios de sono mais leve, isto é, nos quais podem acordar com mais facilidade. Esse fato está associado, entre outros aspectos, a alterações hormonais resultantes do processo de envelhecimento. Mito 5: O sono é um período de descanso Ao observar a imagem de alguém dormindo em câmera rápida, fica evidente como o sono não é um descanso tranquilo. Praticamente todas as pessoas mudam de posição até dezenas de vezes por noite. Além disso, braços e pernas movimentam-se de maneira involuntária. Nem a cabeça permanece imóvel. Mas essas atividades são só as que conseguimos ver. Boa parte do trabalho físico realizado durante a noite não é observada tão facilmente. O corpo humano não se desliga durante o sono, mas muda o “modo de operação”. Já ao adormecer, inicia-se uma série de processos sem os quais o descanso noturno não seria possível. Emagrecer dormindo? Um jeito de medir a atividade do organismo é verificar o consumo de calorias. De fato, o corpo queima durante a noite quase a mesma quantidade de calorias gastas durante o dia. E somente uma parte bem pequena delas é usada para os movimentos corporais noturnos. Mas isso não significa que emagrecemos enquanto dormimos, como afirmam algumas dietas recentes. Mito 6: Uma dose de álcool faz bem É verdade que ingerir álcool nos ajuda a adormecer rápido, pois ele promove o relaxamento e o sono. Mas o álcool também reduz a qualidade do sono como um todo. Esse fato se deve a duas razões: durante o catabolismo do álcool, o cérebro, por um lado, reage à redução da concentração do álcool no sangue com impulsos para acordar. Por outro, o metabolismo precisa de energia para eliminar das células as toxinas do álcool. Leia sobre as bebidas que promovem o sono tranquilo em "A bebida certa à noite". O que diz a psicóloga “O álcool não é um bom sonífero nem do ponto de vista médico, nem do psicológico. Quem ingere seu chopinho noturno ou toma aquela cervejinha à noite para relaxar não associa ao álcool o despertar posterior durante a madrugada. Consequentemente, as pessoas logo se convencem de que sem álcool elas não conseguem mais dormir. Esse pode ser o início de um distúrbio real do sono. Os afligidos tentam resolver o problema ingerindo ainda mais álcool. O resultado é que essas pessoas acabam entrando em um círculo vicioso de problemas de sono, sonolência e maior ingestão de álcool. Em alguns casos, chegam a sucumbir ao alcoolismo ou desenvolver outros tipos de problemas.” Mito 7: O quarto tem de estar frio Para dormir bem, a temperatura ambiente do quarto deve estar em torno de 18ºC. Em hipótese alguma ela deve estar tão baixa que você passe a sentir muito frio. Para resolver esse problema, você pode colocar uma bolsa de água quente nos pés e escolher uma coberta mais quente. Mas não é somente o frio excessivo que interfere na qualidade do sono. É importante também arejar bem o ambiente. O ar viciado e com pouco oxigênio atrapalha o repouso, pois o oxigênio é o elemento mais importante do metabolismo humano – e o metabolismo é bastante ativo durante a noite. Mito 8: A lua cheia interfere no sono Muitas pessoas acreditam que a Lua exerce influência sobre o nosso corpo da mesma forma que sobre age elementos da natureza, como as marés. Segundo uma sondagem do Instituto de Pesquisa Allensbach, da Alemanha, quase 40% da população daquele país acredita que a lua cheia tem influência sobre o sono. No entanto, os números apresentados por médicos especialistas contestam essa crença. Eles afirmam que não existe qualquer relação entre a lua cheia e os problemas de sono. O que diz o médico “Não conheço nenhum estudo que comprove qualquer influência da força de atração ou da luz da Lua sobre o sono. A massa corporal do ser humano é pequena demais para isso e o volume do nosso corpo está longe de ser equiparado ao dos mares. A força de atração que a Lua exerce sobre os mares é tamanha que provoca o que conhecemos como o fenômeno das marés. Entretanto, saber que é lua cheia pode atrapalhar o sono, se o paciente estiver convencido de ter seu sono perturbado por isso. Até a expectativa de dormir mal influencia a qualidade do sono. Por essa razão, é fundamental desenvolver uma atitude positiva em relação ao sono.” Mito 9: A prática de exercícios à noite estimula o sono O movimento estimula o organismo – e a agitação provocada prejudica o sono tranquilo. Pelo menos duas horas antes de ir para cama, é recomendável manter o corpo calmo. E isso também é válido para atividades mentais que demandam concentração. O corpo necessita de tempo para se desligar. O intervalo ideal entre um esforço físico intenso ou atividades mentais e o sono deve ser de cerca de quatro a seis horas. No entanto, aqueles que só podem praticar exercícios à noite não precisam abrir mão disso: é possível reduzir à metade esse tempo para desligar o corpo, fazendo exercícios relaxantes. Mito 10: Ver televisão ajuda a adormecer Muitas pessoas, sobretudo os solteiros, habituam-se a adormecer assistindo à televisão. Esse hábito alimenta a ideia de que sem a TV é impossível dormir. Na verdade, ver televisão atrapalha o sono. O bruxulear das luzes e o ruído chegam ao cérebro mesmo durante o sono e o impedem de atingir as fases profundas. Da interpretação errônea à verdade Se você não acredita em certas ideias sobre o sono saudável disseminadas por aí, já deu o primeiro passo para ter um descanso noturno melhor. Médicos e psicólogos atribuem a muitas das expectativas erradas nutridas por mitos equivocados a responsabilidade por grande parte dos transtornos do sono. Por exemplo, aqueles que julgam necessitar de oito horas diárias de sono se irritam quando acordam no meio da noite. E essa irritação impede que adormeçam novamente. Se descobrissem que sempre há períodos em que acordam durante a noite, provavelmente não se sentiriam tão desconfortáveis e conseguiriam adormecer logo em seguida. A seguir, apresentamos uma síntese das descobertas da medicina especializada nos últimos anos. Como funciona o sono afinal? O que fazem exatamente o metabolismo e o cérebro durante a noite? De quantas horas de sono precisamos? Apresentamos respostas exaustivas para essas perguntas. Mas inicialmente falaremos sobre por que precisamos dormir. Por que dormimos? Dormir é essencial para a vida. Sem dormir o ser humano não sobrevive por muito tempo. A longo prazo, quem dorme muito pouco adoece com mais facilidade, envelhece mais cedo e em geral é menos produtivo. Dormir é uma necessidade biológica. O sono é o elixir da vida de todos os seres vivos, e o corpo humano precisa dele para se recuperar e manter suas funções físicas e mentais. Durante o sono, o corpo desacelera certas atividades e ativa um programa para reabastecer as reservas de energia. Enquanto a consciência se retira da realidade, as frequências respiratória e cardíaca diminuem, a temperatura do corpo cai e os músculos relaxam. Simultaneamente, o organismo incrementa a produção de determinados hormônios, que estimulam processos metabólicos essenciais à vida e fortalecem o sistema imunológico. Dormir é saudável É fato: uma quantidade suficiente de sono de boa qualidade melhora a produtividade do corpo e da mente, nos protege de doenças e promove o bem-estar geral. Os diferentes estágios do sono atendem a objetivos diversos. As fases de sono leve e sono profundo servem em particularpara recuperar o rendimento físico. Na fase REM (fase do sono em que os olhos se movimentam rapidamente, sigla do inglês Rapid Eye Movement) é o rendimento mental que está no centro das atenções. Nesta fase, o cérebro se encontra quase tão ativo quanto quando está acordado. A fase REM é fundamental para a mente processar as impressões e os pensamentos do dia. O cérebro avalia as informações recebidas no período de vigília e categoriza as lembranças. O que for importante é armazenado na memória de longo prazo, ao passo que informações supérfluas são apagadas. Por esse motivo, um sono bom e profundo é significativo para o rendimento mental. Quem, por exemplo, dorme o suficiente antes de uma prova e passa por diversas fases REM consegue fixar melhor para o dia seguinte o que foi estudado ao longo do dia. O que diz a paciente “Após duas ou três noites dormindo pouco eu ainda consigo me sentir bem no dia seguinte. No entanto, percebo que a cada ano que passa os efeitos de uma noite curta são cada vez mais intensos. Quando meus netos voltam para a casa dos pais depois de um fim de semana comigo, fico contente em poder retomar meu ritmo de sono habitual. Afinal, já sinto claramente como algumas horas de sono a menos me fazem falta, apesar de toda a alegria de ter as crianças aqui. E jamais quero abrir mão das visitas delas.” – Elke H., 54 anos (administradora de empresas) A carência de sono é prejudicial ao corpo Dormir pouco ou mal leva à sonolência e à exaustão. Transtornos do sono frequentes ou dormir poucas horas regularmente podem causar problemas fisiológicos graves. Há provas de que pessoas que dormem muito pouco adoecem com maior frequência e têm uma expectativa de vida mais curta. Quem costuma dormir poucas horas pode contar com os efeitos negativos da privação do sono sobre a saúde e o bem-estar. Felizmente, isso não se aplica a um déficit de sono passageiro. Se você não consegue dormir o suficiente por uma noite, pode compensar dormindo mais na noite seguinte (leia o quadro abaixo). Se em uma noite você... ... dormir duas horas a menos, o efeito inicialmente é estimulante. No dia seguinte você se sente cheio de energia e bem-disposto, embora possa se sentir cansado em pouco tempo e não consiga se concentrar muito bem. … dormir quatro horas a menos, sua percepção das coisas é reduzida e sua capacidade de reação é lenta. Consequência: aumento do risco de acidentes. ... dormir seis horas a menos, vai entrar em um estado de emergência fisiológica. Os nervos e os sentidos tornam-se irritadiços e você tende a ter surtos de sono espontâneos. Assim que encontra um lugar calmo, adormece imediatamente. A carência de sono não é perceptível somente para pessoas na meia-idade. Um estudo americano com jovens saudáveis constatou que pessoas que passam 17 horas sem dormir dirigem como se tivessem 0,5 mg de álcool por litro no sangue. Para cada hora adicional não dormida, há uma queda de 10% na rapidez de reação. Mais de 24 horas de privação de sono levam a alucinações. Se a privação continuar por mais uma ou até mais semanas seguidas, o corpo começa a entrar em estado de debilitação. Quem acha que consegue se manter saudável mesmo dormindo pouco está pondo a saúde em risco. Recuperar o sono perdido? O sono – ou melhor: o descanso obtido por meio do sono – pode ser recuperado até certo ponto. Mas não é nem possível, nem sensato empurrar o tempo perdido de uma noite para a noite seguinte. O corpo promove a regeneração após horas insuficientes de sono, aumentando a quantidade de fases de sono profundo. Assim se consegue descansar e repor o sono perdido dormindo a mesma quantidade de horas. Poucas horas de sono e o sistema imunológico O sistema de defesa do nosso organismo, o sistema imunológico, funciona durante 24 horas a todo vapor. Para dar conta do recado, algumas atividades são distribuídas entre o dia e a noite. Quando estamos acordados, o sistema imunológico ocupa-se em particular com as influências externas. Ele defende o organismo de vetores de doenças, como bactérias, vírus e fungos, e evita possíveis infecções. Mas por causa do grande número de ataques diários ao organismo, mal há reservas que permitam a regeneração do próprio sistema. Então isso acontece principalmente durante a noite. O sistema imunológico trabalha de forma mais eficiente durante as horas de sono. O que diz o médico “A maioria das pessoas sente muito sono quando tem alguma infecção por bactérias ou vírus, como uma gripe. Na verdade, essa é uma reação bastante inteligente do organismo, pois o sistema imunológico combate os vetores de doenças com maior eficácia enquanto dormimos. Por isso dormir é mesmo o melhor remédio.” Dormir o suficiente nos protege contra resfriados Quem dorme menos de sete horas por noite está três vezes mais suscetível a pegar um resfriado do que alguém que dorme pelo menos oito horas. Esse é o resultado de um estudo realizado ao longo de quatro anos por médicos pesquisadores da Universidade de Carnegie Mellon, em Pittsburgh. A eficiência do sono também desempenha um papel importante: pessoas que passaram 8% do tempo deitadas sem dormir apresentaram em média um risco cinco vezes maior de adoecer do que pessoas com sono normal. A medida certa é fundamental Quem dorme de seis a oito horas por dia previne o diabetes, segundo um estudo da Universidade de Yale, nos Estados Unidos. Os pesquisadores constataram: menos de seis horas de sono dobram o risco de desenvolver diabetes, ao passo que mais de oito horas de sono o triplicam. Mulheres que acordam constantemente durante a noite e acendem a luz correm um risco dois terços maior de desenvolver câncer de mama do que aquelas que não têm problemas de sono. Esse é outro resultado de uma pesquisa conduzida com mais de 500 mulheres em Nova York. O estudo não abrangeu o papel da luz nesses números. As causas continuam desconhecidas. A privação de sono é prejudicial à mente e à alma A privação intensa do sono não compromete somente o organismo. A alma e a mente também sentem seu impacto. Pessoas que não dormem o suficiente não raro correm o risco de se sobrecarregar com as tarefas do dia a dia, o que pode desencadear depressão. O cérebro se torna menos produtivo após a privação do sono. A concentração e a capacidade de aprender já são comprometidas mesmo após uma única noite mais curta. Afinal, o cérebro precisa do sono para processar as impressões captadas ao longo do dia. A privação do sono também prejudica o humor, deixando a pessoa irritadiça e mal-humorada, o que, por sua vez, dificulta o relaxamento e consequentemente o descanso noturno. A privação do sono e o antienvelhecimento Sua imagem no espelho após uma noite bem-dormida deixa claro como o descanso noturno traz efeitos benéficos para o corpo: a pele fica jovial, sedosa e lisa. É por isso que muitas pessoas consideram o sono um remédio rejuvenescedor. Esse é o efeito em curto prazo de uma noite bem descansada. Estudos apontam que dormir bem e durante horas suficientes previne o envelhecimento precoce das células em longo prazo. Os pesquisadores atribuem esse fenômeno ao hormônio do crescimento GH (growth hormone). Aqueles que conseguem passar por várias fases de sono profundo durante a primeira metade da noite produzem aparentemente maior quantidade desse hormônio. Isso significa que milhões de células da pele e do corpo que morrem diariamente se regeneram em um ritmo bem mais acelerado. O resultado pode ser facilmente comprovado pelo frescore jovialidade da pele. As bases para uma boa noite de sono Há muito que fazer para se ter uma boa noite de descanso — e sem grandes esforços. Veja a seguir várias dicas que ajudam a atenuar ou mesmo eliminar diversos transtornos do sono. Regras básicas para um sono saudável O sono é influenciado por inúmeros fatores, que podem ou não ser benéficos. A seguir, apresentamos regras básicas e muito simples, por meio das quais é possível melhorar o sono. Se você tem dificuldades em adormecer ou se acorda no meio da noite e se sente cansado e sonolento durante o dia, é possível melhorar sensivelmente essa situação. Com exceção dos transtornos do sono graves causados por doenças, os hábitos e o comportamento ao dormir de cada um são os fatores mais importantes para se ter um sono revitalizante e de qualidade. Ainda que você se encontre em tratamento médico por causa de um grave transtorno do sono, mudanças de hábito contribuem para o sucesso de uma terapia. As medidas tomadas por uma pessoa para melhorar sua qualidade de sono são denominadas pelos especialistas de “higiene do sono”. Uma boa higiene do sono significa modificar ou adaptar os próprios hábitos e o ambiente a fim de adormecer melhor e conseguir dormir a noite toda. O primeiro passo é verificar seu ritual antes de dormir. Analise seus hábitos Observe seus hábitos na hora de dormir. A que horas você costuma ir para cama e quanto tempo leva para adormecer? A que horas acorda e como se sente? Se você prestar atenção aos seus hábitos, logo perceberá com quais horários de deitar e levantar se sente mais descansado após o sono. Lembre-se de que não há uma regra geral para a duração ideal do sono noturno, nem para a melhor hora de ir para cama. Há pessoas com perfil matutino e outras com perfil vespertino, bem como pessoas que precisam de menos horas de sono que outras. A primeira regra básica da higiene do sono trata da duração e do ritmo regular. O que atrapalha o sono Vários problemas ligados ao sono estão relacionados aos seguintes fatores: ritmo irregular de sono-vigília; falta de rituais para dormir; consumo de estimulantes; ambiente inadequado; falta de ritmo no cotidiano; alimentação inadequada; pensamentos negativos, como ficar “ruminando” problemas; estresse; falta de relaxamento; falta de exercícios físicos. Ritmo regular Manter horários regulares para dormir e acordar é, acima de tudo, uma questão de hábito. Por isso, em caso de transtornos do sono é aconselhável avaliar de forma crítica os hábitos, a fim de desenvolver o ritmo pessoal ideal de sono-vigília. No futuro, mantenha sempre um horário fixo para dormir e seja persistente! Deite-se sempre à mesma hora à noite e, pela manhã, levante-se sempre no mesmo horário. Essa regularidade é a melhor base para garantir uma boa noite de sono. Para descobrir seu ritmo ideal de sono-vigília, você pode experimentar horários diferentes de deitar e levantar-se. A hora de ir para cama provavelmente depende do horário em que você precisa estar de pé. Da hora programada para levantar, subtraia oito, sete ou seis horas de sono, obtendo assim o horário em que deve se deitar. Talvez seu relógio biológico ainda não esteja preparado para dormir à hora estipulada. Então, experimente adiar em intervalos de 15 minutos o horário de ir dormir. Talvez assim seja mais fácil adormecer. O mesmo vale para a hora de acordar: se o despertador toca exatamente na fase do seu sono profundo, fica mais difícil levantar. A título de teste, adiante o despertador para 15 ou 20 minutos antes do horário habitual. O trecho abaixo oferece mais informações sobre esse tema. O que diz a psicóloga “Muitas pessoas não respeitam as próprias necessidades e adaptam seus hábitos de sono segundo os padrões do ambiente em que vivem. Quando sua profissão exige o trabalho em plantões ou turnos, não há como fazer mudanças significativas. Mas na vida particular, a situação é outra. Durante décadas, uma das minhas pacientes costumava ir para cama e se levantar nos mesmos horários que o marido. No entanto, ela tinha dificuldades para adormecer e ficava horas acordada. Após a morte dele, ela passou a se recolher mais tarde e a dormir a noite toda. A mulher havia se acostumado a ir para cama em uma hora inadequada para ela, por consideração ao marido. Tal hábito custou-lhe o sono.” Horários ideais de acordar e o ciclo do sono O sono segue o que chamamos de ciclos do sono, que duram cerca de 90 minutos. A partir desse dado, é possível saber quando você se encontra em uma fase de sono profundo – sempre entre os últimos 40 e 60 minutos do respectivo ciclo. Para não ser arrancado da fase profunda, tente ajustar o despertador pouco antes de adormecer para múltiplos inteiros de 90 (minutos), por exemplo 4 x 90 = 360 minutos, ou seja 6 horas. Aplicado às particularidades de cada um, esse procedimento produz os seguintes horários ideais para se levantar: Pessoas que necessitam de poucas horas de sono: seis horas depois de adormecer (isto é, após quatro ciclos de sono). Pessoas que necessitam de horas de sono regulares: sete horas e meia depois de adormecer (isto é, após cinco ciclos de sono). Pessoas que necessitam de muitas horas de sono: nove horas depois de adormecer (isto é, após seis ciclos de sono). Vale ressaltar que tais valores constituem uma média e não correspondem necessariamente às suas características de sono. Mesmo assim são úteis como base para a avaliação do seu hábito noturno. As dicas anteriores valem sem exceção apenas quando, ainda que seu ritmo de sono seja irregular, não existir transtorno grave do sono. Em caso de problemas orgânicos que resultem em dificuldade de adormecer e de dormir durante toda a noite, como distúrbios profundos do ritmo sono- vigília e sonolência excessiva durante o dia, é fundamental seguir os conselhos de um médico. Por exemplo, se você já fez um teste em um laboratório do sono, os médicos podem diagnosticar com muito mais precisão do que você mesmo qual é o seu o ritmo de sono ideal. Nos casos de problemas leves e sem ligação com alguma doença, é possível treinar o próprio sono. Se você sofre de insônia, uma boa dica pode ser, por exemplo, dormir menos durante um período. Assim, aumentará sua necessidade de sono e a chance de ir melhorando gradativamente a qualidade do seu sono. Mudança de horário Todos os anos, vários países adotam o horário de verão. Essa mudança acaba dificultando a coordenação entre o relógio biológico e o ritmo sono-vigília. Um simples truque pode ajudar na adaptação. Comece na quarta-feira anterior à mudança de horário e procure levantar, comer e deitar-se sempre 15 minutos mais cedo. Assim, você terá tempo suficiente para se acostumar com o novo horário. Nada de sesta para quem dorme mal Se você dorme mal à noite, certamente agravará o problema tirando uma soneca à tarde. Quem dorme de dia, em geral, à noite não está cansado o bastante. Apenas 20 minutos de sesta já reduzem consideravelmente a necessidade do sono noturno. Portanto, em casos de problemas para adormecer e ter um sono contínuo, deve-se, sempre que possível, evitar a sesta. Quem não dispensa a soneca depois do almoço deve se programar para que seja feita antes das 15h, observando as dicas a seguir para que a sesta não se torne um problema. Dicas para a sesta Em alguns países, a sesta é feita diariamente. No Brasil, esse costume é mais comum em cidades do interior do que nas metrópoles. Para quem tem o sono saudável, a sesta é uma reação ao próprio relógiobiológico, que acusa o ponto de desempenho mais baixo (normalmente no início da tarde). Estudos científicos comprovam que o hábito da sesta reduz em cerca de 30% o risco de doenças cardiovasculares, além de melhorar o desempenho em 20%. Basicamente, você deve seguir os seguintes conselhos ao tirar uma sesta: Durma sempre mais ou menos no mesmo horário. Para isso, use a fase de sonolência que geralmente surge depois do almoço. Não é preciso deitar. O mais importante é encontrar uma posição em que esteja relaxado e tranquilo. A cabeça e o pescoço devem estar apoiados. Não durma mais que 20 minutos. Rituais antes de dormir O sono saudável chega quando o corpo e a mente estão preparados para ele. Portanto, você deve criar um clima propício antes de ir para cama. Estresse e agitação são os maiores inimigos do sono: os hormônios liberados nesses estados de ânimo dificultam o processo de adormecimento. Por isso, é fundamental estabelecer o hábito de diminuir o ritmo à noite, induzindo o sono por meio de atividades relaxantes. O ideal é que todas as noites você possa repetir uma ação que considere particularmente agradável – desenvolvendo, assim, um ritual de preparação antes de dormir. Acostume seu corpo a atividades repetitivas, como ouvir música antes de ir deitar-se. O tipo de atividade fica a seu critério – é preciso apenas que seja possível relaxar enquanto você a realiza. Evite ao máximo assistir à televisão ou brincar com jogos de computador, pois o estímulo visual provocado pela luz desses aparelhos produz o efeito inverso ao desejado – independentemente do seu conteúdo. Pelo menos não vá direto para cama depois de ver um filme; faça uma pausa, lendo algo ou apenas olhando pela janela. Para induzir a fase do sono, é importante “despedir-se” do dia que está acabando. Evite levar para a cama os problemas do trabalho, as preocupações com a família, as tarefas inacabadas e o planejamento do próximo dia. Diga a si mesmo que por hoje já fez o bastante; amanhã estará revigorado e irá retomar suas tarefas. Primeiros socorros em caso de estresse e inquietude Se você não consegue “se desligar” à noite, pode ser que esteja lidando mal com os fatores que provocam estresse. Será que você não está exigindo demais de si mesmo e quer resolver muitas coisas ao mesmo tempo? Aqui estão algumas dicas: Seja realista no planejamento de seu dia, calculando também o tempo para pausas curtas. Aprenda a dizer não (veja aqui) e estabeleça também o horário em que planeja cumprir as tarefas. Se não conseguir fazê-lo no horário estabelecido, avise às pessoas envolvidas a tempo e procure, com elas, encontrar alternativas. Prepare uma lista com as tarefas mais importantes a serem realizadas no dia seguinte. Pense em coisas agradáveis ou relaxantes enquanto faz o caminho de volta do trabalho, para que não leve problemas para casa. Quando lhe ocorrer algo importante à noite, que precisa ser resolvido no dia seguinte, anote antes de ir para cama. Depois, você deve “se desligar” definitivamente dos problemas do dia. Outras dicas contra o estresse e que levam a uma noite tranquila você encontra aqui. Você também pode fazer uso de técnicas de relaxamento para ter mais tranquilidade à noite. Você passará a perceber e influenciar melhor o próprio corpo. Mais adiante neste capítulo apresentamos uma série de técnicas que facilitam o descanso e promovem o sono. Cuidado com os “estimulantes” Evitar o consumo de álcool, cafeína e nicotina contribui para a melhoria do sono. Quem não quer dispensá-los, deve seguir as dicas abaixo. Álcool Não consuma bebidas alcoólicas pelo menos duas horas antes de ir para cama. O álcool promove o adormecimento em muitas pessoas, mas perturba os estágios mais avançados do sono. Quando a concentração de álcool no sangue diminui, o cérebro reage de diversas formas, entre elas com impulsos que nos fazem acordar. Mas esta não é a única consequência do consumo noturno de álcool: As fases REM modificam-se, o que dificulta o armazenamento de informações. O consumo de bebidas alcoólicas provoca elevação significativa da glicemia. As fases mais revigorantes do sono, chamadas de fases de sono profundo, não ocorrem antes que a concentração de glicose no sangue tenha se normalizado. Isto significa que você precisa dormir mais, até sentir-se recuperado. Os pesadelos são mais frequentes. O álcool torna a respiração mais vagarosa e relaxa os músculos da faringe. Especialmente em pessoas que roncam e sofrem de apneia do sono, o álcool pode intensificar o problema. O álcool altera o efeito de remédios para dormir, uma vez que age em estruturas cerebrais similares àquelas sobre as quais esses medicamentos atuam. Deste modo, pode potencializar o efeito dos remédios ou provocar o efeito inverso, causando grande inquietação e insônia. Após o consumo exagerado de álcool à noite, a recuperação é bastante limitada. No dia seguinte, o mais provável é acordar pela manhã se sentindo mal física e mentalmente. Quem já tem problemas para dormir deve, de preferência, evitar por completo o álcool. Quem dorme bem não deve beber mais do que duas vezes por semana (próximo à hora de dormir). O que diz a psicóloga “O consumo regular de bebidas alcoólicas durante um período longo não prejudica apenas o sono. O corpo acostuma-se rapidamente ao efeito relaxante de um copo de vinho à noite. Poucos dias depois, precisará de dois copos de vinho, para obter o mesmo efeito. O aumento da dose pode significar o início de uma dependência alcoólica, sobretudo quando se faz uso de hipnóticos, isto é, remédios para dormir ou outros medicamentos.” Cafeína Todo mundo sabe que o café nos faz ficar acordados. O responsável por esse efeito é a cafeína contida nele. O que muitos não sabem é que também há cafeína no chá-preto e no chá-verde, bem como em refrigerantes de cola e de outros tipos. Alimentos como tiramisú e chocolate também contêm cafeína. A cafeína atua nos mesmos receptores que uma substância produzida pelo próprio organismo chamada adenosina, mas produz o efeito inverso. A adenosina bloqueia a liberação de neurotransmissores excitantes. Assim, em vez de permanecerem todo o tempo em alerta, os neurônios podem “relaxar”. Mas se a cafeína ocupa o lugar da adenosina nos receptores, faz os hormônios excitantes continuarem a ser liberados, prolongando o estado de alerta dos neurônios. Por isso a cafeína tem efeito estimulante. Em determinadas faixas etárias a cafeína consumida à noite pode ajudar. O café pode dificultar o sono, mas nem sempre o efeito é esse, de acordo com o relato de médicos e enfermeiros. Principalmente em idosos, uma xícara de café ajuda a acalmar e adormecer. Como isso se explica? Os transtornos do sono diagnosticados em pacientes de idade avançada devem-se muitas vezes à irrigação cerebral deficiente. A cafeína estimula a irrigação, ativando também o centro cerebral do sono. O café eleva a frequência respiratória, o que pode melhorar a qualidade do sono dos idosos. O importante, nesse caso, é deitar-se nos primeiros 15 minutos depois de ter tomado café. Apenas deste modo o centro do sono obtém os benefícios do aumento da irrigação. Depois desse período, a cafeína começa a ter efeito estimulante – o que torna praticamente impossível adormecer. Quem neste momento já adormeceu nem percebe tal efeito. Nicotina Mesmo sendo difícil, os fumantes estão fazendoum grande favor ao próprio sono quando fumam o último cigarro no máximo três ou quatro horas antes de ir dormir. Isso por várias razões: A nicotina atua como estimulante e evita que o organismo encontre a calma necessária para adormecer. Cerca de duas horas depois do último cigarro, a concentração de nicotina no corpo cai rapidamente, provocando aquela forte vontade de acender outro. Caso isso ocorra durante as fases de sono menos profundo, há maior risco de acordar. A longo prazo, o hábito de fumar prejudica os pulmões, afetando a respiração. Isso também pode provocar problemas relacionados ao sono. Encontrar o ritmo do próprio sono, desenvolver rituais e abster-se de estimulantes à noite é imprescindível para combater distúrbios do sono. Mas ainda assim, pode ser que você durma mal em função do ambiente. A atmosfera do quarto exerce uma grande influência na qualidade do sono. O que diz a psicóloga “É claro que o melhor é deixar de fumar. Nos grupos que acompanho, percebo que os participantes que são ex-fumantes ou os que nunca fumaram dormem melhor do que os que fazem uso de cigarro.” O ambiente ideal para dormir “Na cama que farás, nela te deitarás”, diz o ditado. Mas para quem tem problemas de sono, ele bem poderia ser: “Na cama que farás, acordado ficarás!” A seguir, apresentamos informações sobre como criar um ambiente propício ao sono. Um ambiente adequado exerce grande influência sobre a qualidade do sono e auxilia no processo noturno de recuperação do organismo. Fazem parte desse ambiente o quarto, a cama, o estrado sobre o qual o colchão é colocado, o colchão em si e a roupa de cama. O local no qual você dorme deve obedecer a certos critérios, para que seja possível adormecer bem e ter um sono tranquilo. Além disso, é preciso se sentir bem e curtir o tempo em que estiver na cama. As melhores condições no quarto Quando quiser dormir, envie os sinais adequados ao seu corpo. Penumbra, silêncio e temperatura não muito elevada ajudam a pegar no sono. Claridade e ruído facilitam na hora de acordar. Um clima adequado, ou seja, temperatura, umidade relativa e renovação do ar, contribui ainda para a saúde. Suar demais ou sentir muito frio durante o sono pode levar a contrações musculares ou resfriados. Dormir em um ambiente muito seco pode ressecar as vias respiratórias. Portanto, seu quarto deve... ... ser um lugar tranquilo: se preciso, feche portas e janelas. Se puder escolher, evite dormir em quartos com a janela voltada para a rua. … ser arejado: antes de dormir, deixe entrar bastante ar fresco pelas janelas abertas. Não tendo barulho e corrente de ar, você pode dormir com a janela entreaberta. … ser totalmente escuro: se possível, coloque cortinas escuras ou persianas. Para acordá-lo, utilize um despertador de luzes, do tipo que aumenta a luminosidade aos poucos. ... não ser muito quente: você pode optar por ventiladores ou ar- condicionado no verão, mas não direcione o fluxo de ar sobre você. E se usar ar-condicionado, não deixe a temperatura baixa demais. ... ter umidade do ar em torno de 15%: a umidade ideal pode ser obtida com a ajuda de aparelhos umidificadores ou desumidificadores, de acordo com o clima. ... ter o mínimo de poeira. Tapetes, flores artificiais e muitos outros artigos decorativos acumulam pó. A poeira contém alérgenos, substâncias que provocam alergias e que prejudicam as vias respiratórias e o sono. ... ser livre de plantas ou flores em vasos. As plantas produzem oxigênio durante o dia, mas durante a noite exalam dióxido de carbono, que é prejudicial à saúde. ... ser um ambiente de bem-estar e não um depósito. Computador, aparelhos de ginástica, varais de roupa e a tábua de passar devem ficar em outro lugar da casa. Se quiser usar cor nas paredes, escolha cores frias como azul ou tons de verde, que acalmam o corpo e a mente. Cores quentes, como tons avermelhados, funcionam como estimulantes. Contaminação eletromagnética Muito se lê sobre transtornos do sono provocados por radiação proveniente da rede elétrica ou de campos eletromagnéticos, decorrentes, por exemplo, de telefones sem fio e celulares. Até hoje não existe prova científica desse fato. No entanto, especialistas partem do princípio de que há pessoas mais sensíveis à radiação eletromagnética, ao passo que outras não reagem a tal estímulo. De qualquer modo, telefones não devem ficar no quarto, a não ser que você esteja esperando alguma ligação urgente. A proximidade do telefone sinaliza que você está o tempo todo acessível, o que pode provocar mais tensão, afetando o sono. Luz e escuridão na medida certa O relógio biológico reage fortemente à luz. Você pode usar esse conhecimento para ajustar seu corpo ao estado de sono ou vigília. Antes de se deitar, escureça o quarto, caso haja incidência de luz. Feche cortinas ou persianas. Na hora de acordar, faça uso da luz natural ou artificial. Se você acorda ao amanhecer, pode dispensar cortinas ou persianas. Deixe-se despertar naturalmente, o que funciona muito bem se seu quarto tem a janela voltada para o oeste. A cama À noite, principalmente nas fases de sono profundo, ficamos entregues à cama. Durante o sono, mudamos de posição entre 20 e 40 vezes. A cama deve comportar esses movimentos e apoiar o corpo, reduzindo o esforço físico. A coluna vertebral deve manter sua forma natural, independentemente da posição na cama. Por isso, o lugar em que se deita tem de se ajustar à forma da coluna e não deve ser nem macio demais, nem muito duro. Dores nas costas ao levantar são um sinal relativamente seguro de que é preciso melhorar o local em que se dorme. Ainda que você não apresente sintomas relacionados à coluna, uma cama ruim pode atrapalhar seu sono. Avalie se é preciso modificar algo – veja algumas dicas e sugestões a seguir. Os maiores pecados na cama Dormir em camas ruins pode acarretar dor ou mau jeito nas costas, além de atrapalhar o sono. São inaceitáveis: camas com algum tipo de depressão, como no caso de colchões antigos; não há apoio para a coluna vertebral. camas muito macias: algumas partes do corpo afundam demais, o que ocasiona movimento na troca de posição que atrapalha o sono. camas muito duras: o corpo é obrigado a assumir posturas desconfortáveis. A coluna se dobra e os discos intervertebrais ficam muito pressionados. travesseiros muito altos e pesados, pois prejudicam a coluna cervical. Dicas para a cama ideal O estrado, o colchão e a cama propriamente dita determinam quanto ela será benéfica para a coluna. Um clima agradável na cama também colabora para que se obtenha um bom sono. A temperatura na cama deve ser entre 28ºC e 32ºC, dependendo da estação do ano. A cama não deve armazenar o calor por completo, ou a temperatura do corpo subirá demais. É preciso que o calor excedente seja desviado e o suor produzido durante a noite possa evaporar. Isso dependerá do material utilizado tanto no colchão quanto na roupa de cama. Quando a questão for qualidade da cama, siga estas dicas: A cama deve ter, no mínimo, 1 m de largura e ser 20 cm mais comprida que seu corpo. A cama tem que combinar com você. Para isso, consulte uma loja especializada e não deixe de testar o produto, deitando-se no modelo recomendado antes de comprar. O colchão e o estrado compõem o conjunto, por isso devem ser ajustados um ao outro. O material do estrado não deve ser nem muito duro, nem flexível demais, e deve ser capaz de manter-se inalterado, sob peso contínuo. Os materiaisadequados são os tipos estáveis em ripas. O forro do colchão deve ser lavável. Não existe uma fórmula única para escolher a densidade ideal do colchão. Enquanto uns preferem dormir sobre uma área mais rígida, outros optam por variantes mais macias. O colchão deve ser feito de espuma de qualidade, preferencialmente antialérgica e antiácaro. Além disso, os colchões devem permitir a circulação do ar e ter a propriedade de desviar calor e umidade. Nenhum colchão dura para sempre. No máximo em 10 anos você deve substituir seu antigo por um novo. Não passe seu colchão “adiante” (transformando-o, por exemplo, em colchão de crianças) e não compre colchões usados. Pinus cembra: protetor do coração? Camas e móveis de quarto confeccionados em madeira de pinho suíço, o Pinus cembra, que cresce nos Alpes, parecem melhorar a qualidade do sono. De acordo com um estudo científico, a frequência cardíaca de pessoas que repousam em uma cama deste material é menor que em outras camas. Com isso, o coração economiza cerca de 3.500 batimentos, ou seja, ele trabalha uma hora a menos. Durante o dia, mesmo sob esforço físico e mental, tais pessoas apresentavam um número menor de batimentos cardíacos e recuperação mais rápida depois do período de esforço. Roupa de cama e de dormir O cobertor deve ser de material leve e que permita à sua pele respirar. Aconselháveis são os edredons de lã e penas de ganso, bem como microfibra de boa qualidade ou ainda enchimentos feitos especialmente para quem sofre com leves alterações climáticas e pessoas com reumatismo. O calor pode ser regulado por meio do material e do volume da roupa de cama. Os homens muitas vezes não precisam de uma temperatura tão alta sob as cobertas como as mulheres. De modo geral, sua roupa de cama deve ser mais quente no inverno. O travesseiro deve ter 40 x 80 cm, ser leve e lavável. Evite dormir completamente despido, pois além de aquecer, a roupa protege de um resfriamento e de eventuais arranhões. Utilize roupas de algodão macio, que absorve bem a umidade, aquece e é confortável. A posição de dormir Você pode escolher a posição que mais lhe agrada, pois não há um jeito “correto” de dormir – especialmente porque trocamos de posição muitas vezes durante a noite. Uma exceção à regra: pessoas que sofrem de transtornos do sono decorrentes de problemas respiratórios (como no caso da apneia do sono) devem evitar dormir de costas (decúbito dorsal), até que o problema seja tratado. Depois do sono, antes do sono As melhores condições para um sono saudável são obtidas durante o dia. A seguir você encontra dicas de como estruturar seu dia para que ele o ajude a dormir melhor. O sono leva tempo – em vários sentidos. Você precisa de tempo para dormir, e também para se cansar. Para conseguir isso, o ideal é estruturar bem o seu dia. Essa dica vale principalmente para pessoas que não trabalham fora ou que já se aposentaram. Com um dia a dia bem pensado, você pode acostumar o corpo e a mente a atividades diárias e ao descanso noturno – garantindo, assim, um sono tranquilo. Pela manhã Você é daquele tipo que detesta ser acordado bruscamente pelo despertador? E que precisa de alguns segundos para se orientar? Sente-se ainda cansado e nem um pouco revigorado? A maioria das pessoas é assim. Afinal, muitas vezes não podemos decidir por nós mesmos a que horas vamos levantar. Mesmo quem pode escolher em que horário sair da cama não deve simplesmente ficar deitado, para não perder o ritmo diário. De qualquer modo: você pode fazer muito para começar bem o seu dia. Levantar mais bem-disposto A luz do dia é o melhor sinal que pode ser dado ao relógio biológico, pois ele regula de modo natural o ritmo sono-vigília. A luz artificial, porém, pode gerar o mesmo efeito. Com a ajuda de um despertador com fonte luminosa é possível começar o dia de maneira mais suave. Esse tipo de aparelho possui em seu interior uma fonte luminosa ou pode conter várias lâmpadas com um despertador embutido. As luzes clareiam o quarto cerca de meia hora antes do horário estipulado no despertador, de modo suave e gradativo. Esse processo simula o nascer do sol, preparando o organismo para a hora de levantar. Alguns despertadores desse tipo vêm ainda com sons relaxantes, como chuva, ondas quebrando na praia ou o canto de pássaros. Existem ainda outros métodos para fazê-lo acordar com o pé direito. As dicas a seguir não são regras e podem não funcionar para todas as pessoas – afinal, cada um de nós tem o próprio jeito de acordar. Mas você pode experimentá-las e adotar o hábito que melhor se adaptar à sua rotina, adotando-o como seu ritual matutino. Fique deitado por um momento Não pule da cama assim que o despertador tocar. Fique deitado durante alguns minutos, mas mantenha os olhos abertos e concentre seu pensamento em algo que considera bonito – pode ser uma imagem, uma atitude ou um sentimento. Prepare-se com calma para o dia que está começando. Você pode pensar nos desafios que o dia lhe reserva durante o café da manhã ou, melhor ainda, depois dele. Deixe a luz do dia entrar Se possível, deixe a luz natural entrar no quarto ou, se ainda estiver escuro, acenda a luz. Esse é o melhor despertador para o relógio biológico. Ouça música Muitas pessoas conseguem levantar mais facilmente com música. Ligue o rádio ou coloque para tocar o seu CD favorito. Variando o horário O despertador pode estar tirando você da cama na hora errada. Experimente programar outros horários, se possível regulando o despertador para mais tarde. Na maioria dos casos, esses testes levam-no a levantar entre 15 minutos e meia hora mais cedo do que o novo horário definido no despertador. Ajuste os horários de ir para cama e de acordar conforme seu ritmo biológico. Se você é do tipo “cotovia”, não vai obter qualquer benefício indo tarde para cama. Com as “corujas” ocorre o inverso: deitar mais cedo só vai fazê-lo ficar rolando na cama, o que pode gerar uma angústia por não conseguir dormir. Ducha fria A maioria das pessoas não gosta de tomar banho frio. Mas é fato que o frio desperta. O banho não precisa ser todo debaixo da ducha gelada. Alguns segundos sob o jato frio, ao final do banho, bastam para acordá-lo. A ducha fria não é recomendada em casos de doenças ligadas às artérias coronárias (como angina) e de hipertensão (principalmente quando esta ocorre pela manhã). Isso porque a água fria pode ocasionar uma crise de angina, além de elevar a pressão arterial. Para quem sofre de hipertensão pela manhã, torna-se maior o risco de complicações relacionadas ao sistema cardiovascular, como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC). Portanto, quem sofre de doenças cardiovasculares deve evitar banhos frios. Uma alternativa à ducha gelada é exercitar-se no quarto deixando a janela aberta. Exercícios como fazer movimentos circulares com os braços ou dobrar os joelhos terão o mesmo efeito para despertá-lo. Tomar café com calma Não são apenas os nutricionistas que recomendam fazer a primeira refeição do dia com calma. Os especialistas do sono também o aconselham. Se você começa o dia com um café da manhã tranquilo, já proporcionou a si mesmo uma agradável sensação matinal. E pode seguir bem-humorado pelo resto do dia. O que diz a psicóloga “Ler jornal, conversar com a família, saborear um pão quentinho, sentir o aroma do café: aconselho meus pacientes a fazerem do café da manhã um verdadeiro oásis de prazer. Isso tudo dá ao corpo o tempo necessário paraaquecer e começar a funcionar, além de provocar sensações positivas, pois estamos fazendo algo de bom para nós mesmos logo pela manhã. Se possível, o café da manhã não deve ser guiado pelo estresse e discussões de cunho familiar ou sobre o relacionamento.” O dia Para muitas pessoas o dia tem horários predeterminados, com a família e o trabalho estabelecendo o ritmo diário. A situação é diferente quando as crianças já cresceram e não moram mais em casa ou quando não se trabalha mais fora. De qualquer modo, é recomendável planejar o dia de modo a evitar estresse desnecessário e ter tempo, à noite, para conseguir desligar-se. Um plano diário Em especial nos casos de transtornos do sono relacionados ao adormecer e dormir sem interrupções, recomenda-se fazer um planejamento do dia. Este deve ser concebido para que, à noitinha, todas as tarefas tenham sido cumpridas, deixando tempo livre para que à noite o sono possa chegar naturalmente. Quem trabalha ou tem outros compromissos em geral não pensa em como será seu dia com muitos detalhes. Afinal, há muitas tarefas a serem realizadas. Nesse caso, é importante programar pausas – fazer uso delas. Muitas pessoas definem-se por sua capacidade de desempenho e, por isso, encaram as pausas como perda de tempo. Muitas delas acreditam que fazer um lanchinho rápido na mesa do escritório já é suficiente como horário de almoço. A longo prazo, essas pessoas perceberão que, sem pausa, não se consegue renovar as energias. De modo algum, portanto, as pausas são desperdício de tempo: cientistas comprovaram em vários estudos que pausas regulares ajudam a aumentar a produtividade. Recomenda-se, em geral, fazer uma pausa de 10 minutos a cada 90 minutos de trabalho. Quem não trabalha ou não tem família para sustentar deve arranjar tarefas que ocupem seu dia. Saia de casa regularmente, se possível. Visite amigos e conhecidos. Estabeleça horários fixos para um hobby. Em um estudo com pessoas da terceira idade, cientistas israelenses encontraram uma ligação surpreendente entre a qualidade do sono e a atividade desenvolvida durante o dia. Foi aplicado um questionário a 96 moradores de duas instituições residenciais para idosos com perguntas sobre a rotina diária e o sono de cada um. Um em cada quatro entrevistados tomava remédio para dormir. Em média, dormiam seis horas por noite – em uma eficiência de sono de 78%. Além disso, levavam 38 minutos para adormecer. Quanto maior a regularidade de atividades realizadas pelos entrevistados, como tomar banho ou comer, mais eficaz era o sono e menos tempo levavam para adormecer. O modelo de sono do ser humano está, portanto, ligado ao modo de realizar atividades corriqueiras durante o dia. Quanto mais rotina houver na hora de realizar as atividades, mais fácil se conseguirá descansar à noite. E a qualidade do sono melhora de modo significativo. A falta de atividade propicia distúrbios do sono A perda repentina do emprego ou a chegada da aposentadoria podem gerar problemas. Sem emprego, é comum não saber como lidar com todo o tempo livre e se sentir ocioso. Essa insatisfação em geral também prejudica o sono. A longo prazo, pode causar sérios problemas psíquicos. Para que não chegue a tanto, recomenda-se encontrar uma ocupação que faça sentido para o tempo livre. Como mostra o estudo israelense, pequenas tarefas rotineiras contribuem para a melhoria da qualidade do sono e, por consequência, da saúde. Horários regulares para as refeições Fazer as refeições regularmente também ajuda a programar o dia – sem contar o fato de que nutricionistas aconselham a comer e a beber sempre mais ou menos à mesma hora. O almoço deve ser entre 12h e 14h, dependendo do perfil de cada pessoa (matutina ou vespertina). Veja a seguir mais informações sobre hábitos alimentares que promovem o sono. Enfrentando a sonolência da tarde A maior parte das pessoas sente uma profunda queda no desempenho depois do almoço, o que é muito natural. Por um lado, o corpo está ocupado em digerir os alimentos consumidos. Por outro, tal cansaço e sonolência estão biologicamente condicionados em todos nós. É possível superar isso fazendo algo estimulante. Para quem trabalha, uma boa dica pode ser bater um papo com colegas, marcar reuniões curtas ou dar telefonemas. Outra dica: fazer um passeio ao ar livre sempre ajuda. A noite A noite é reservada ao relaxamento. Deixe o dia conscientemente para trás. Faça o que tem vontade, sem forçar demais o corpo ou a mente. O que importa é que você se sinta bem. Planeje esse bem-estar. Programe alguma atividade interessante e cuide dos seus rituais para dormir bem. Dormir bem depende da alimentação A comida e a bebida consumidas exercem grande influência sobre a qualidade do sono. Este capítulo relaciona tipos de bebidas e alimentos que ajudam a dormir melhor. Assistir ao noticiário comendo uma pizza com muito queijo, acompanhada por uma cerveja ou refrigerante contendo cafeína, depois partir para uma sobremesa de sorvete com chantili e finalizar com um cafezinho: esse costuma ser o cardápio de muitas pessoas, sobretudo quando vivem sozinhas ou estão em viagem de negócios. Depois de um banquete como esse, não é de espantar que o sono fique prejudicado. Em geral, a refeição da noite deve ser leve e, depois das 16h, deve-se evitar o consumo de bebidas de efeito estimulante. A bebida certa à noite Depois das 16h você deve se abster de bebidas estimulantes contendo cafeína ou guaraná, ou seja, exclua do cardápio noturno café, refrigerantes de cola ou de guaraná e energéticos. Dê preferência a água, sucos ou chás de ervas ou de frutas (nada de chá-preto ou chá-verde), pois o corpo necessita de, no mínimo, 1,5 litro de líquido por dia. Bebidas bastante adequadas para o fim do dia são as infusões de ervas e de plantas medicinais, que contêm substâncias calmantes e que ajudam a ter uma noite tranquila. A tabela a seguir fornece informações sobre as ervas mais indicadas. Nome da planta Efeito Dosagem para o chá Valeriana Calmante, ajuda a adormecer Em casos de ansiedade, uma xícara várias vezes ao dia; em casos de transtornos do sono, uma xícara antes de dormir Lúpulo Calmante, ajuda a adormecer Uma xícara à tarde e antes dedormir Hipérico Calmante, ajuda a adormecer e a dormir a noite toda, possui propriedades antidepressivas Duas a três xícaras por dia; ingerir a última antes de dormir Calmante, diminui a ansiedade; indicada para cólicas Camomila (principalmente em se tratando de casos de desconforto ou mal- estar no estômago) Três a quatro xícaras por dia; beber a última antes de dormir Lavanda Calmante, ajuda a adormecer e ter um sono prolongado; atua no bem-estar trazendo ânimo Uma a duas xícaras antes de dormir Tília Calmante, antiespasmódico, diminui irritações (não é recomendado para quem sua muito, pois a tília estimula a sudorese) Uma xícara à tarde e à noite Erva-cidreira Calmante, ajuda a adormecer;auxilia na liberação de gases Três xícaras por dia, de preferência às refeições Passiflora Calmante, ajuda a adormecer e a ter um sono contínuo e prolongado (especialmente recomendado em casos de ansiedade) Duas a três xícaras por dia, a última com outras plantas medicinais de efeito calmante Hortelã-pimenta Calmante, antiespasmódico; ajuda a eliminar gases (sobretudo em casos de distensão abdominal) Uma a três xícaras por dia, a última antes de dormir Folhas de violeta Calmante, relaxante;ajuda a eliminar os medos e promove o sono Duas xícaras por dia, pela manhã e à tarde O preparo correto Os chás de plantas medicinais são feitos a partir de infusões. Para obtê-las, verte-se água fervente sobre a planta macerada e seca. A mistura deve ficar em repouso tampada por algum tempo, a fim de evitar a perda dos óleos voláteis, que têm propriedades curativas. Recipientes de porcelana ou faiança são os mais indicados para a preparação de chás herbais. Após ficar em infusão, o líquido deve ser coado e está pronto para o consumo. Esse tipo de preparo é indicado tanto para folhas, como para flores e sementes. De modo geral, para preparar uma xícara de chá, utiliza-se entre uma e duas colheres de chá ou uma colher de sopa de ervas secas (5 g e 10 g), despejando cerca de 200 ml de água fervente. Para uma infusão com ervas frescas, deve-se despejar o mesmo volume de água sobre uma ou duas mãos cheias de botões ou folhas da erva. Para obter infusões mistas, primeiro misture as plantas. Depois, retire de uma a duas colheres de chá para cada 200 ml de água. Beba o chá ainda quente em pequenos goles, de preferência em um ambiente calmo, e aproveite o aroma exalado pelos vapores da bebida. Compra, armazenamento, uso Compre ervas em lugares de confiança (lojas de produtos naturais ou especializadas). Procure saber se as plantas são de cultivos orgânicos. Você também pode cultivar ou coletar as ervas que quiser utilizar. Armazene as plantas secas em um pote hermético e em local seco, ventilado e escuro. Não as guarde por mais de um ano, pois deixam de fazer o efeito desejado. Produtos industrializados vendidos em embalagens que protegem o aroma costumam durar, dependendo do tipo, entre 18 e 36 meses. Evite tomar continuamente infusões de plantas medicinais. Em geral, recomenda-se um tratamento de três semanas, depois disso faça uma pausa de duas a quatro semanas, antes de repeti-lo. As plantas medicinais ajudam no combate a transtornos leves do sono. Em casos mais graves ou de longa duração, bem como diante do aparecimento de dor ou outros sintomas (como sudorese noturna), você deve consultar um médico. A seguir, apresentamos sugestões de receitas para infusões que ajudam na hora de dormir. Caso não encontre o que precisa, procure em uma loja de produtos naturais misturas próprias para serem consumidas à noite. Chá para um bom sono Ingredientes: partes iguais de folhas de erva-cidreira, cones de lúpulo e raiz de valeriana para a mistura básica. Modo de preparo: despeje 200 ml de água quente sobre duas colheres de chá da mistura, deixando de 10 a 15 minutos em repouso. Coe e, se quiser, adoçe com mel. Dosagem: beba uma xícara antes de dormir ou, em casos de inquietação e nervosismo, três xícaras por dia em pequenos goles. Chá para um bom sono Ingredientes: Este chá pode ser preparado de duas maneiras. Misture valeriana, cones de lúpulo e folhas de erva-cidreira com aspérula-odorífera e tomilho ou com flores de laranjeira e hortelã-verde. Para cada mistura, acrescente respectivamente uma colher de chá da erva seca desejada. Modo de preparo: acrescente uma a duas colheres de chá da mistura a 250 ml de água fria e ponha para ferver até borbulhar, retire do fogo e deixe em infusão por 10 a 15 minutos em recipiente tampado. Dosagem: beba em pequenos goles antes de dormir, se possível, sem adoçar. Dica: Torne o sabor agradável também para as crianças, substituindo a metade da medida de água por leite. O que diz a psicóloga “Muitos dos meus pacientes reagem de modo crítico quando eu os aconselho a beber chás de ervas à noite. A maioria deles costuma associar a camomila ou a valeriana a doenças. Esses pensamentos têm sua origem, em boa parte das vezes, na infância — e quase nenhuma criança gosta de tomar chá de ervas sem açúcar. Eu incentivo os pacientes a testarem várias misturas. E, de fato, a maioria deles acaba encontrando um chá cujo sabor lhe agrada. A partir daí, a mudança se consolida e eles trocam o hábito de ingerir a famosa dose de bebida alcoólica à noite pelas infusões de ervas. E assim que começam a fazer efeito, os chás ficam ainda mais gostosos.” Chá para um bom sono Ingredientes: para a mistura básica, separe 10 g de valeriana e a mesma medida de hortelã-pimenta e ainda de violeta (corresponde a duas colheres de chá de cada planta seca), além de 15 g de mil-folhas e trevo- d’água (três colheres de chá de cada planta seca). Modo de preparo: junte 200 ml de água fervente a duas colheres de chá da mistura e deixe em infusão por 10 minutos, coando em seguida. Depois de frio, dilua o chá: uma colher de sopa para cada xícara de água morna. Dosagem: Tome em pequenos goles antes de dormir. Chá para dormir Ingredientes: para obter 100 g da mistura, use 40 g de raiz de valeriana (quatro colheres de sopa) e passiflora e folhas de erva-cidreira (30 g de cada, o que corresponde a três colheres de sopa). Modo de preparo: para cada xícara, verta 200 ml de água fervente a 5 g (uma colher de chá) da mistura e deixe em infusão por cinco minutos. Dosagem: tome uma xícara antes de dormir. Dica: para aliviar a ansiedade durante o dia, experimente beber também três vezes por dia uma xícara de chá de erva-cidreira (para cada xícara, meia colher de chá de erva-cidreira, deixando em infusão por cinco minutos) às refeições. Chá para adormecer Ingredientes: uma colher de sopa de raiz de valeriana e duas colheres e meia de sopa das seguintes plantas: camomila, mil-folhas e folhas de laranjeira, além de uma colher e meia de sopa de tomilho. Modo de preparo: misture as flores secas da camomila, mil-folhas, folhas de laranjeira e tomilho e reserve. Cerca de oito horas antes de dormir, coloque de meia a uma colher de sopa de raiz de valeriana na água fria e deixe tampado em repouso. À noite, verta 250 ml de água fervente a uma colher de sopa da mistura das plantas restantes (camomila, mil-folhas, folhas de laranjeira e tomilho), deixe repousar por 10 minutos e coe. Em seguida, coe a mistura de raiz de valeriana e misture as duas infusões. Dosagem: beba uma xícara em pequenos goles cerca de meia hora antes de dormir. Chá calmante Ingredientes: junte 20 g (duas colheres de sopa) de cada uma das seguintes ervas: raiz de valeriana, lavanda, hipérico e prímula, misturando as partes. Modo de preparo: verta 200 ml de água fervente sobre uma colher de chá da mistura, deixando em infusão por 10 minutos e coe. Dosagem: beba em pequenos goles antes de dormir. Chá relaxante Ingredientes: dois punhados de flores frescas de lavanda. Modo de preparo: despeje 200 ml de água fervente sobre a lavanda, deixando em infusão por 10 minutos e coe. Dosagem: Beba uma xícara, três vezes ao dia, sempre em pequenos goles. A última xícara deve ser ingerida meia hora antes de dormir. Banhos relaxantes Banhos de imersão ou escalda-pés também relaxam e ajudam a dormir. Podem ser usados folhas de erva-cidreira, lavanda, cones de lúpulo, acículas de coníferas, gramíneas, tília e mil- folhas. Em geral, cerca de uma xícara das plantas secas são suficientes para preparar um banho. Caso não queira que as plantas fiquem em contato direto com seu corpo, você pode envolvê-las em um pano de linho ou uma meia fina (nova), dar um nó e colocá-lo na água do banho. Mas as plantas não devem ficar muito juntas umas das outras – se preciso, faça vários “saquinhos medicinais”. Tome cuidado para que a água não esteja quente demais, pois banhos com água morna acalmam e quentes estimulam. Não fique mais do que12 a 15 minutos na banheira. Importante: depois do banho de imersão ou do escalda-pés, vá direto para cama. Beber antes de dormir Pessoas mais idosas precisam levantar com mais frequência à noite para ir ao banheiro. Algumas delas encaram tal fato como consequência inevitável da idade, outras evitam beber líquido já na parte da tarde, a fim de evitar a ida contínua ao banheiro à noite. Isso não é recomendável. A ingestão insuficiente de líquido aumenta a concentração da urina, o que pode irritar a bexiga e até provocar infecções urinárias. Além disso, o hábito de beber bastante líquido não é o que ocasiona as visitas noturnas ao banheiro – e sim disfunções ou medicamentos. Razões frequentes para isso são: aumento da próstata em homens mais velhos; irritação ou hiperatividade da bexiga, além de incontinência urinária, em mulheres idosas; inchaço nas pernas (edema), geralmente em decorrência de insuficiência cardíaca, doenças venosas ou disfunções do fígado; diabetes melito; uso de medicamentos diuréticos, sobretudo se ingeridos à noite; infecções urinárias. O que você mesmo pode fazer Não interrompa de modo algum a ingestão de líquidos já no início da tarde. É importante beber entre 1,5 e 2 litros por dia. Observe os seguintes conselhos: não beba mais que 200 ml de líquidos uma hora antes de dormir; algumas horas antes de dormir, evite ingerir bebidas diuréticas, como cerveja, refrigerantes de cola, café ou chás (sobretudo aqueles indicados para o aparelho urinário); esvazie por completo a bexiga antes de ir para cama. algumas pessoas se adaptam bem a medicamentos fitoterápicos que inibem a vontade de urinar à noite e podem ser obtidos sem receita médica. No caso de homens com aumento de próstata em que já se excluiu o diagnóstico de câncer, trata-se em geral de preparados à base de sementes de abóbora. Quanto às mulheres, uma combinação feita com cranberry, sementes de abóbora e vitamina C fortalece a bexiga. Para infecções urinárias, usa-se a vara-dourada (Solidago virgaurea). Em todo caso, converse com seu médico, antes de fazer uso desses medicamentos. consulte o médico se à noite você costuma ir ao banheiro mais do que duas ou três vezes, ao longo de mais de uma semana. Prepare-se para sua consulta anotando quando, quantas vezes e o que você costuma beber. Isso ajuda no diagnóstico da causa para a micção frequente. Para encontrar o caminho para o banheiro à noite mais rápido e sem risco de acidentes, deixe uma pequena luz noturna acesa no corredor ou no banheiro (existem lâmpadas especiais que podem ser ligadas diretamente na tomada). Alimentação que promove o sono A alimentação influencia não apenas a saúde, mas também o sono. O horário e o tipo de alimento consumido na hora do jantar, em especial, podem acarretar maior ou menor qualidade de sono. Para garantir uma boa noite de sono, basta seguir uma regra simples: quanto mais tarde, mais leve deve ser a refeição. Caso contrário, seu corpo não terá o tempo de que precisa para digerir os alimentos mais pesados. O estômago ficará ocupado e pode mantê-lo acordado ainda por um bom tempo. O horário ideal para o jantar é de duas a três horas antes de dormir. Você deve sair satisfeito da mesa, é claro, mas sem exageros. Se consumidos com moderação, quase todos os alimentos podem ser servidos à noite. Pratos leves são ideais. Para uma refeição leve, esses alimentos são… … adequados … inadequados Carnes magras, como filé, presunto light e peito de peru, ou peixe cozido no vapor Alimentos gordurosos ou fritos, como bife à milanesa, assados de porco, batata corada ou frita e peixe frito Alimentos pouco condimentados Alimentos muito condimentados Derivados do leite com baixo teor de gordura e queijo com teor de gordura entre 30% e 45% na massa seca Derivados do leite, como nata ou creme chantili, contendo mais de 45% de gordura na massa seca Alimentos que não “estufam”: pães brancos acompanhamentos como batatas cozidas ou macarrão frutas como maçã, abacate, damasco, banana legumes/verduras cruas, como alface, ou cozidos, como brócolis e cenoura Alimentos que “estufam”: pães integrais, bolos ou doces recém- assados pratos à base de ovos cozidos ou fritos Pimentão ou pepino com casca, cebola leguminosas como ervilha e feijão, além de hortaliças como couves e couve-flor Não coma demais A segunda regra diz respeito à quantidade total de alimentos consumidos por dia. Coma apenas aquilo de que seu corpo de fato precisa. Se você ingerir diariamente mais calorias (valor energético dos alimentos) do que necessita, acabará gerando outros problemas além de engordar. O seu sistema digestivo funcionará sem parar e você não dará descanso para o metabolismo. Isso pode provocar obesidade e distúrbios do sono. A quantidade de calorias necessárias depende do seu grau de atividade física. A tabela a seguir apresenta os valores médios de consumo de calorias, a título de orientação. Se o seu trabalho está ligado a atividades que exigem esforço físico ou se você pratica bastante esporte, sua necessidade de energia é maior; em caso de menor atividade, esse valor diminui. Recomendação da necessidade diária Sexo/Idade Valor necessário (referência) Homens 19–25 anos 3.000 quilocalorias (kcal) Homens 26–50 anos 2.900 quilocalorias (kcal) Homens a partir de 51 anos 2.500 quilocalorias (kcal) Mulheres 19–25 anos 2.400 quilocalorias (kcal) Mulheres 26–50 anos 2.300 quilocalorias (kcal) Mulheres a partir de 51 anos 2.000 quilocalorias (kcal) Substâncias benéficas ao sono Um terceiro recurso é fazer refeições que agem em benefício do sono. Muitos alimentos contém o aminoácido triptofano, que estimula diretamente a produção do hormônio melatonina, ligado ao sono. Vitaminas do grupo B e o microelemento manganês (Mn) atuam como calmantes para o corpo. A tabela a seguir indica alguns alimentos que contêm essas substâncias. Alimento Rico em abacate vitamina B6 banana vitamina B6 e triptofano saladas de folhas verdes e vermelhas vitamina B e manganês tâmara triptofano peixe triptofano batata manganês laticínios triptofano milho vitamina B1 e manganês Além disso, vale a regra geral: quanto mais balanceada e rica em vitaminas for a alimentação, melhor. Desse modo, você fortalece o sistema imunológico e melhora o metabolismo, o que também aumenta a sensação geral de bem-estar, contribuindo para um sono de melhor qualidade. Docinhos na cama Os docinhos deixados na mesa de cabeceira ou sobre a cama em muitos hotéis são mais que um gesto gentil, pois os de chocolate, por exemplo, são ricos em triptofano. Esta proteína age como promotora do sono. O chocolate contém ainda cafeína, que funciona como estimulante. As iguarias mais indicadas, além dos chás já mencionados, são: 1 bala de frutas 1 xícara pequena (100 ml a 150 ml) de achocolatado quente 1 xícara pequena de leite morno com uma colher de chá de mel 1 xícara de chá de rosa-mosqueta com uma colher de mel 1 biscoito tipo amanteigado 1 ameixa doce ½ pera doce, madura ½ banana madura 2 a 3 uvas doces 4 a 6 uvas-passas Não importa a origem do açúcar – refinado, dextrose, frutose, mel ou melado –, desde que seja um doce. Pequenas porções de açúcar aumentam a concentração de glicose no sangue de forma rápida, mas não exagerada. Assim, fica mais fácil mudar de um estado acordado para outro, mais calmo. Isso porque, assim que essa pequena concentração de glicose no sangue diminui, nós também “despencamos” e adormecemos com maior facilidade. É importante não deixar de escovar os dentes depois de comer o doce. Assim não tem
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