Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
22/03/2016 1 REVISAÇO OAB DIREITOS HUMANOS PROF. ALEXANDDRE NÁPOLES FILHO alexandre_napoles@hotmail.com PROGAMA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS -PNDH • Histórico - A Convenção de Viena de 1993 orientou que os Estado membros da ONU constituíssem, objetivamente, programas nacionais de DH. O Brasil foi um dos primeiros países a promover essa formulação. • Contexto político - surgiu de intenso debate entre sociedade civil e Estado, desde 1996, por meio de Conferências em todo o Brasil. Em 2008 houve a 11ª Conferência Nacional dos Direitos Humanos, envolvendo diretamente mais de 14 mil cidadãos, além de consulta pública, para criar o PNDH 3. PROGAMA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS -PNDH PNDH I (1996) PNDH II (2002) PNDH III (2009) Direitos civis e políticos Dir. Civis e Políticos + DHESC 6 Eixos orientadores e 25 diretrizes transversais 228 propostas de ações 518 propostas de ações 519 ações programáticas PROGAMA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS -PNDH PNDH 3 • Referencial normativo - Decreto nº 7.037, de 21 de dezembro de 2009, alterado pelo Decreto nº 7.177, de 12 de maio de 2010 após pressões políticas. • O que mudou no PNDH 3: • Aborto – foi considerado como tema de saúde pública, com a garantia do acesso aos serviços de saúde. Antes estava prevista a aprovação do projeto de lei que descriminaliza o aborto. 22/03/2016 2 PROGAMA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS -PNDH • Símbolos religiosos – foi revogado o dispositivo que impedia a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos da União. • Mediação de conflitos coletivos agrários e urbanos – A mediação foi retirada como ato inicial da demanda, havendo priorização a oitiva do INCRA e outros órgãos públicos especializados. Também foi retirada como prioridade a possibilidade de audiência coletiva com os envolvidos. PROGAMA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS -PNDH • Regulação dos meios de comunicação – foi revogada a possibilidade de regulação, bem como a previsão de penalidade administrativa em caso de violações praticas no uso das concessões, permissões ou autorizações. Também foi revogada a previsão de ranking nacional de veículos de comunicação comprometidos com os princípios de DH. • Nomes de torturadores em prédios públicos – Revogada a intenção de alterar o nome dos prédios públicos que tinham nome de torturadores. SISTEMA GLOBAL DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS • O Direito Internacional dos DH´s não pretende substituir o sistema nacional, ele é suplementar, subsidiário, complementar ao direito nacional. Assim, poderá ser provocado sempre que os instrumentos nacionais sejam omissos ou falhos em seu dever de evitar ou punir as violações aos direitos humanos. • Em caso de descumprimento das obrigações dos órgãos internacionais, o Estado poderá ser responsabilizado. Essa responsabilização pode ser várias formas: pagar indenização, obrigação de fazer, obrigação de não fazer e de dar. SISTEMA GLOBAL DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS • O Sistema Global é integrado por: 1) sistemas normativos gerais - endereçados a toda e qualquer pessoa humana, qual seja a Carta Internacional dos dh´s (DUDH + PIDCP + PIDESC); 2) sistemas normativos especiais – destinados principalmente à proteção de pessoas ou grupos particularmente vulneráveis, como a Convenção Internacional contra a Tortura, a Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial, a Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a Mulher etc. 22/03/2016 3 SISTEMA GLOBAL DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS • Tipos de mecanismos: 1) Convencional – São criados por meio de Convenções ou Tratados de Dh´s. Somente podem ser aplicados aos Estados que ratificaram a Convenção. Ex: Comitês de Tratados. 2) Não Convencionais – Decorrem de medidas afirmativas de consenso da comunidade internacional ou resoluções, não sendo advindos de Convenções ou Tratados. Se aplicam em relação a qualquer Estado, independentemente de ratificação de Convenção. Ex: Conselho de Direitos Humanos e Relatores Especiais. SISTEMA GLOBAL DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS • Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH)- Introduz a universalidade, indivisibilidade e interdependência dos direitos humanos ao contemplar os direitos civis e políticos juntamente com os econômicos, sociais e culturais. Desse modo, a DUDH conjuga o valor da liberdade com o valor da igualdade. SISTEMA GLOBAL DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS • DUDH não é um tratado internacional, mas uma declaração decorrente de uma resolução da Assembléia Geral da ONU. Assim, formalmente não tem força de lei e não pode obrigar os Estados juridicamente, apenas moralmente. TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL • O TPI ou Corte Penal Internacional - é o primeiro tribunal penal internacional permanente, possuindo personalidade jurídica internacional. Foi aprovado por 120 votos favoráveis, 7 contrários e 21 abstenções, no âmbito da Conferência de Roma em 17/07/1998, mas somente entrou em vigou em 1 de julho de 2002, por meio do Estatuto de Roma. • Sede: Haia, Países Baixos. • Autonomia e independência - TPI não depende da AGNU nem do CSNU, assim é um órgão independente e autônomo. Tem relação com a ONU por meio de acordo (art. 2º). 22/03/2016 4 TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL • Jurisdição penal complementar – possui jurisdições adicional às nacionais, assim, o TPI só exercerá jurisdição quando o Estado Parte for falho ou omisso na realização da justiça. • Exercício da Jurisdição – Somente o Estado que expressamente ratificou o Estatuto de Roma estará submetido à jurisdição do TPI OBS: Não cabe reservas na ratificação do Estatuto. (Art. 120). • Competência: julgar indivíduos e não Estados. TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL • Competência Ratione Temporis - o TPI só terá competência sobre crimes ocorridos após a entrada em vigor do Estatuto, 01/07/2002 (art. 11) • Não retroatividade ratione personae – nenhuma pessoa será considerada criminalmente responsável por conduta anterior à entrada em vigor do presente Estatuto (art. 24). • Maioridade penal - TPI somente se aplica aos maiores de 18 anos (art. 26). • Princípio da igualdade perante a lei – não há qualquer privilégio ou imunidade para julgamento dos altos cargos, há irrelevância da qualidade oficial (art. 27). TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL • TPI julga somente os crimes (art. 5): 1) genocídios – Ex: Homicídio de membros do grupo, impedir nascimentos no seio do grupo; e transferência, à força, de crianças do grupo para outro grupo. 2) de guerra – Ex: Homicídio; Extermínio; Escravidão; Tortura; qualquer forma de violência no campo sexual de gravidade. 3) contra a humanidade – Ex: Homicídio doloso; Tortura; Tomada de reféns; Utilizar veneno ou armas envenenadas. 4) de agressão - foi o único que não foi regulamentado pelo Estatuto de Roma. TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL • Imprescritibilidade – Os crimes não prescrevem (art. 29) • Acionamento do TPI – Os Estados parte, Conselho de Segurança ou Promotoria do TPI de ofício podem acionar o TPI. • Recorribilidade da sentença – cabível para o Juízo de Recursos (art. 81). 22/03/2016 5 TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL • Pena aplicáveis – Em regra a pena máx. é de 30 anos de reclusão. Ainda é possível aplicar pena de multa e perda dos bens adquiridos com produto do crime. Excepcionalmente, quando justificada pela extrema gravidade crime e as circunstâncias pessoais do condenado, é possível a prisão perpétua. Não é cabível a pena de morte. (art. 77) • Dever de cooperação- os Estados Partes deverão cooperar com o Tribunal nas fases do inquérito e no procedimento contra crimes da competência deste (art. 86). TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL • Prisão preventiva – o TPI poderá solicitar em caso de urgência(art. 92). • O Brasil aceitou a jurisdição sendo promulgado, em 26/09/2002, o Dec. Pres. 4388. Após a EC 45/2004, adentrou no §4º, art 5, da CF. • ATENÇÃO: O Tribunal Penal Internacional (TPI) é diferente do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também com sede na Haia. A principal diferença é que o TPI julga indivíduos, o TIJ julga Estados. TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL • Questão polêmica do TPI: É possível o Brasil entregar um nacional ao TPI, uma vez que o art. 5º, LI, CF veda a extradição de brasileiro natos ou naturalizados? • Há conflito aparente, pois não se pode confundir entrega com extradição. A entrega decorre da relação ente o Estado e um órgão internacional. Já a extradição ocorre nas relações entre dois Estados. Assim, não há incompatibilidade entre a CF e o Estatuto, já que a CF veda apenas a extradição. SISTEMAS REGIONAIS DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS • Os sistemas regionais complementam o sistema global, tendo em vista que têm o mesmo objetivo: a proteção do indivíduo e o combate às violações dos direitos humanos. Assim, caberá à vítima escolher em qual sistema irá demandar o Estado violador, qual sistema é mais favorável ao seu pleito. • ATENÇÃO: Havendo conflito entre normas pertencentes aos sistemas global e o regional, deve ser aplicada a norma mais benéfica à pessoa humana. • Há 3 sistemas regionais de proteção: o Europeu, o Americano e o Africano. 22/03/2016 6 SISTEMA INTERAMERICANO DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS • CADH - Assinada em 1969, somente entrou em vigor em 1978. O Brasil ratificou-a em 1992 pelo Decreto nº 678/1992, fazendo reserva com relação à necessidade de anuência expressa sobre as visitas in loco da CIDH no Brasil. Possui aplicação imediata, podendo seus direitos serem exigidos de plano. É o principal documento do Sistema Interamericano. Apenas os países membros da OEA podem aderir à CADH. • Principais órgãos: a Comissão Interamericana de DH (CIDH) e a Corte Interamericana de DH (Corte IDH). SISTEMA INTERAMERICANO DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS • CUIDADO 1: A CIDH e a Corte julgam Estados, não indivíduos. • CUIDADO 2: O Pacto de San José não traz qualquer direito social, cultural ou econômico, apenas determina que os Estados devam, progressivamente, realizar esses direitos (art. 26). Tais direitos estão consagrados no Protocolo Adicional de San Salvador que entrou em vigor em 1999. CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS (CORTE IDH) • Casos Contenciosos do Brasil: 5 casos. Sendo 4 condenações e 1 absolvição (Caso Nogueira de Carvalho, 2006, arquivado por falta de provas). • Caso Gomes Lund (Guerrilha do Araguaia) -Última decisão da Corte contra o Brasil (24/11/2010). O Tribunal concluiu que o Estado brasileiro é responsável pela não apuração e punição de detenções arbitrárias, torturas e desaparecimentos forçados de 62 pessoas, entre 1972 e 1974. A Corte considerou que a Lei de Anistia (Lei 6.683/79) não podem impedir a investigação e a sanção de graves violações de dh. • CUIDADO: O STF, na ADPF 153, entendeu que Lei da Anistia tem validade. Diferenças entre a CIDH e Corte IDH CIDH CORTE IDH Sede Washington - EUA San José – Costa Rica Membros Comissionados Juízes Função Política Jurisdicional e Consultiva Prolata Recomendações Sentenças Acessibilida de Qualquer indivíduo ou grupo de indivíduo, Estados, ONG´s, e CIDH. Somente CIDH ou Estados Partes que aceitaram a jurisdição da Corte 22/03/2016 7 A PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NA CF/88 • Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: • I - a soberania; • II - a cidadania; • III - a dignidade da pessoa humana; • IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; • V - o pluralismo político. A PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NA CF/88 • Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político. A PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NA CF/88 • Direito de reunião (XVI) - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente. • O direito de reunião poderá ser restringido em estado de defesa (art. 136, §1º, a, CF) ou suspenso no estado de sítio (art. 139, IV, CF). A PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NA CF/88 • Marcha da maconha - O STF entendeu que a defesa, em espaços públicos, da legalização das drogas ou de proposta abolicionista a outro tipo penal, não significa ilícito penal, mas, ao contrário, representa o exercício legítimo do direito à livre manifestação do pensamento, propiciada pelo exercício do direito de reunião (ADPF 187/DF). 22/03/2016 8 A PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NA CF/88 • Direitos dos presos (XLIX, L, LXII, LXIII e LXIV) - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral. • ATENÇÃO 1: Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. (Súmula Vinculante 11.) A PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NA CF/88 • ATENÇÃO 2: "Morte de detento por colegas de carceragem. Indenização por danos morais e materiais. Detento sob a custódia do Estado. Responsabilidade objetiva. Teoria do Risco Administrativo. Configuração do nexo de causalidade em função do dever constitucional de guarda (art. 5º, XLIX). Responsabilidade de reparar o dano que prevalece ainda que demonstrada a ausência de culpa dos agentes públicos." (STF, RE 272.839, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 1º-2-2005, Segunda Turma, DJ de 8-4-2005.). A PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NA CF/88 • Às presidiárias serão asseguradas permanência com seus filhos durante o período de amamentação. • A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. • O preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado. A PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NA CF/88 • O preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial. • Sobre a prisão (LXI, LXV a LXVII) - Ninguém será preso senão em flagrante delito (art. 302, CPP) ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei. 22/03/2016 9 A PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NA CF/88 • Prisão civil por dívida - Não haverá, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia. • ATENÇÃO: A previsão da prisão civil do depositário infiel na CF não foi revogada, mas suspensa sua eficácia pelo STF (RE 466.343). Para a Suprema Corte, desde a adesão do Brasil à CADH (art. 7.7), tornou-se inaplicável o art. 652 do CC que regulamentava a prisão civil do depositário infiel. Isso ocorreu porque este artigo é conflitantecom o tratado de DH que tem status de norma supralegal. A PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NA CF/88 • Proibidas das penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, IXI; b) de caráter pertétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis. • Cumprimento da pena - será em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado.
Compartilhar