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Economia Politica AULA 03

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AULA 03
A Escola Fisiocrata/ Fisiocrática
	A Fisiocracia (fisio: natureza crata: governo) constitui-se na 1ª escola econômica de caráter científico, liderada pelo Doutor Françoes Quesnay, médico da corte e protegido da cortesã, madame Pompadour, cuja posição e influência assegurou, por algum tempo, uma situação privilegiada da Fisiocracia em geral, na vida intelectual da alta sociedade francesa. 
A doutrina fisiocrática faz parte dos sistemas de direito natural. Acreditavam que as leis naturais governavam o mundo físico, a sociedade humana e a vida de qualquer organismo.
	Segundo esta doutrina, os fenômenos econômicos fluem livremente, seguindo “leis naturais”, como o sangue no organismo humano. Daí, as idéias de circulação das riquezas, de fluxo de renda, etc., impondo-se principalmente como doutrina da ordem natural: o universo regido por leis naturais, absolutas, imutáveis e universais, desejadas pela Providencia Divina para felicidade dos homens. Estes, por meio da razão, poderão descobrir essa ordem.
	O pensamento fisiocrata contrapõe à doutrina mercantilista vista na última aula que muitas vezes focava na riqueza do governante, no acúmulo de ouro, ou no saldo da balança comercial, além de priorizar a indústria e o comércio com excessiva regulamentação e intervencionismo exagerado do Estado nos negócios privados.
	O Doutor Françoes Quesnay, em sua obra Quadro Econômico de Quesnay, em 1758, expôs a formulação de princípios de filosofia social utilitarista (obter a máxima satisfação com o mínimo esforço), do Harmonismo que se desenvolvera no século XIX (embora consciente do antagonismo de classes, acreditava Quesnay acreditava na compatibilidade universal ou complementaridade dos interesses pessoais numa sociedade competitiva), da teoria do capital (os empresários agrícolas só podem iniciar seu trabalho devidamente equipados, ou seja, se dispuserem de um capital no sentido de riqueza acumulada antes de iniciar a produção, mas não analisou a formação e o comportamento do capital monetário e do capital real), etc.
A estrutura social segundo esta escola:
1 – Classe produtiva (geradora de riquezas): agricultores;
2 – Classe de proprietário de terras; e 
3 – Classe estéril: comércio, indústria e serviços.
Os consumidores seriam compensados pela cobrança de um imposto único, que recairia exclusivamente sobre a renda dos proprietários de terra, e por medidas que reduzissem os preços dos bens. 
Enquanto o Mercantilismo dizia que o valor dos produtos da sociedade era criado no seu ponto de venda, com o vendedor vendendo seus produtos por mais dinheiro do que estes tinham "originalmente" valido, a escola Fisiocrática de economia foi a primeira a ver o trabalho como a única fonte de valor. No entanto, para os fisiocratas, apenas o trabalho agrícola criava este valor nos produtos da sociedade. Todo o trabalho "industrial" e não agrícola eram "apêndices improdutivos" para o trabalho agrícola. 
Na época em que fisiocratas estavam formulando suas idéias, a economia era quase totalmente agrária. Esse talvez seja o motivo pelo qual a teoria tenha considerado apenas o trabalho agrícola como sendo valioso. Fisiocratas viam a produção de bens e serviços como consumo do excedente agrícola, uma vez que a principal fonte de energia era o músculo humano ou animal e toda a energia era derivada a partir do excedente de produção agrícola. O lucro na produção capitalista era apenas o "aluguel" obtido pelo proprietário do terreno em que a produção agrícola estava ocorrendo.
Os fisiocratas condenavam cidades para a sua artificialidade e elogiavam estilos mais naturais de vida. Eles celebravam agricultores. Eles se chamavam "économistes", mas são geralmente referidos como fisiocratas para distingui-los das muitas escolas do pensamento econômico que os seguia.
A moeda passaria a ter somente a função de troca, não mais como reserva de valor (riqueza e poder). Atualmente, a moeda ainda possui uma 3ª função: a de denominador comum monetário, ou seja, padrão de medida do preço dos bens e serviços. Entre outras teorias de aspectos econômicos a demanda por moeda, se justifica por razões de precauções, transações e especulações.
Politicamente a escola defendia:
1 – A não intervenção do Estado, ou seja, impedir que o Estado criasse qualquer obstáculo aos homens que deveriam agir livremente, assim como o comércio de bens e serviços (exportações e importações);
2 – A concorrência de mercado, ao combater os oligipólios (poucos vendedores);
3 – O fim das restrições à importação.
Ao Estado caberia:
4 – Proteger a vida;
5 – Proteger a propriedade;
6 – Segurança nacional; e
7 – Manter a liberdade de contratação.
	Na França, o comerciante Legendre marcou uma reunião com o ministro Jean-Baptiste Colbert, autor do colbertismo [apostila 02], sobre quem deveria tomar as decisões da economia de mercado, chegada a sua vez o ministro o indagou: 
– Que faut-il faire pour vous aider? (O que posso fazer por você?)
Legendre respondeu:
– Nous laisser faire! (Nos deixe fazer!)
	O Marquês de Argenson, o próximo na fila ouviu as exigências e anotou em seu caderno, por volta de 1751, ele usou a mesma frase do comerciante em seu livro escrevendo “laissez-faire, laissez-aller, laissez-passer", que significa literalmente "deixai fazer, deixai ir, deixai passar". O comerciante morreu nunca saber que sua simples indignação, hoje laissez-faire é hoje expressão-símbolo do liberalismo econômico.
	Com o tempo o ministro Jean-Baptiste Colbert foi substituído pelo Intendente da cidade de Limoges, Turgot, que teve oportunidade de aplicar as ideias da Escola Fisiocrata. Em 1764, Adam Smith, então professor de Filosofia Moral na Universidade de Glasgow, entrou em contacto com Quesnay, Turgot e outros fisiocratas, ao visitar a França. Doze anos depois, tornou-se chefe da Escola Clássica que, juntamente, com a Escola Fisiocrática, marcou o início da fase propriamente científica da economia e o início da separação da "economia política" da antiga "política econômica”, que era apenas um capítulo da "arte de governar". Os fisiocratas foram não só uma escola de pensamento econômico mas também uma escola de ação política.

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