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AD1 – 1º/2016
GABARITO
De acordo com o que você estudou nas Aulas 1, 2, 3 e 4 sobre a Formação cultural brasileira, o Arcadismo, responda às questões abaixo de modo dissertativo. Não copie respostas de sites da internet nem do seu material de estudo. Você deve pesquisar sobre o tema e escrever com suas palavras.
Questão 1 – Nos capítulos iniciais de a Formação da literatura brasileira, Antonio Candido analisa o processo de surgimento de um sistema literário no Brasil durante o período colonial. A partir do fragmento abaixo, comente, ao menos, duas das características do Arcadismo, movimento artístico europeu, que propiciaram tanto as bases iniciais para a nossa literatura quanto para a sua integração à literatura ocidental.
A presença do Ocidente
	[...] No caso do Brasil – mero apêndice da Metrópole – é necessário assinalar qual o significado e a influência das tendências arcádicas, no sentido amplo definido inicialmente, que engloba Classicismo e Ilustração. Começando pelo fim, podemos dizer que elas forneceram bons elementos para constituir a sua literatura e incorporá-la à cultura do Ocidente.
	Quatro grandes temas presidem à formação da literatura brasileira como sistema entre 1750 e 1880, em correlação íntima com a elaboração de uma consciência nacional: o conhecimento da realidade local; a valorização das populações aborígines; o desejo de contribuir para o progresso do país: a incorporação aos padrões europeus. No interior desses limites os poetas cantarão as suas mágoas, os romancistas descreverão as situações dramáticas, os ensaístas traçarão as suas fórmulas. No fundo daquelas balizas, que dão à nossa literatura, vista no conjunto, esse estranho caráter de nativismo e estrangeirismo; pieguice e realidade; utilitarismo e gratuidade.
	Ora, esses temas se definem, no período estudado, como reinterpretado local das orientações estéticas e filosóficas, hauridas no exemplo europeu e enxertadas no arbusto frágil das tentativas literárias, que vinham se realizando, aqui, desde o primeiro século de colonização. O racionalismo deu lugar à filantropia e ao desejo de criar uma sociedade livre e bem organizada; o culto da natureza promoveu a valorização do pitoresco, alimento do nativismo e da descrição da realidade; a moda pastoril encaminhou para a valorização do homem natural, que para nós foi sobretudo o índio; a tradição clássica apresentou um estilo de civilidade que nos entrocava de certo modo na tradição e assegurava a participação no mesmo sistema simbólico do Ocidente.
CANDIDO, Antonio. A presença do Ocidente. In: ______. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos, 1750-1880. 11. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2007, p. 70-71.
	
Resposta: No capítulo “A presença do Ocidente”, Antonio Candido aponta quatro grandes temas que contribuem para a solidificação de um sistema literário no Brasil, cujo primeiro grande impulso no período colonial ocorre durante o Arcadismo. Assim, o destaque e a importância da Natureza, tanto no âmbito estético árcade, pelo quanto no âmbito científico ilustrado, são propícios para o movimento de “conhecimento da realidade local” e da “valorização das populações aborígines” do Brasil. Desse modo, a presença da paisagem e população locais recebe uma perspectiva mais positiva nos textos árcades, demonstrando as qualidades da colônia através do “culto da natureza [que] promoveu a valorização do pitoresco, alimento do nativismo e da descrição da realidade” e da “moda pastoril [que] encaminhou para a valorização do homem natural”. Além disso, figuram como temas da literatura setecentista “o desejo de contribuir para o progresso do país” e “a incorporação aos padrões europeus”. No primeiro caso, são compostas obras sobre a realidade brasileira e surgem as críticas às limitações do sistema colonial, constituindo a base para “a elaboração de uma consciência nacional”. Por fim, o caráter universal do movimento, caracterizado pela retomada da tradição clássica, possibilitou o enriquecimento da literatura composta por aqui, permitindo encontrar uma expressividade mais ampla por meio da “participação no mesmo sistema simbólico do Ocidente”. 
 Questão 2 – Na obra Introdução à Literatura no Brasil, Afrânio Coutinho realiza o estudo dos principais componentes estéticos do Arcadismo. A partir do fragmento selecionado, relacione o principal “mito da Arcárdia” ao soneto XIV retirado do livro que é marco inicial do movimento literário no Brasil, Obras (1768) de Cláudio Manuel da Costa (1729-1789).
III – Neoclassicismo e Arcadismo. A Era Rococó.
	[...] O mito da Arcádia faz parte do complexo mítico de regiões de sonho, produtos do idealismo renascentista, terras de utopia e cidades do sol. A Arcádia é uma região ideal e fictícia, de extrema beleza, de onde foram expulsas as paixões perturbadoras, refúgio maravilhoso e feliz das ideias e do deleite espiritual. Essa região ideal situava-se no campo, em plena natureza pura, por isso o tema da Arcádia sempre esteve ligado à literatura pastoril e bucólica, e ao denominaram-se pastores os árcades significavam muito bem seu anelo fantástico de evasão para um paraíso campestre, traduzindo seu sentimento numa poesia ingênua e idílica, de inspiração e motivação pastorais, e situando-se fora de sua condição real. [...]
	O conceito básico da utopia arcádica é a identidade entre a civilização e a Natureza, nesta residindo toda a beleza, pureza, espiritualidade. Daí a supervalorização da natureza, sede da vida pastoril exótica e estranha, povoada de pastores e pastoras, contrastante com a vida das cidades, desconfortável e angustiosa da qual fugiam os que desejavam paz do espírito e o deleite do amor puro. A noção de Natureza, mostrou-a Willey, não teve rival como ideia diretora universal no século XVIII: a Natureza e suas leis tinham autoridade indiscutível, desempenhando papel significativo em todos os domínios, esperando-se dela que introduzisse, na arte e na literatura, ordem, unidade, proporção. Por todo o século o conceito de Natureza foi o padrão, apesar das mudanças de sentido que se operaram no seu decorrer. De qualquer modo, a ideia de Natureza ocupa o centro da concepção setecentista do mundo: a Natureza cósmica e paisagística, a Natureza do coração (sentimento) e a Natureza do cérebro (“esprit”).
COUTINHO, Afrânio. Neoclassicismo e Arcadismo. A Era Rococó. In: _____. Introdução à literatura no Brasil. 8. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1976, p. 132-134.
�
			XIV
Quem deixa o trato pastoril, amado,
Pela ingrata, civil correspondência,
Ou desconhece o rosto da violência,
Ou do retiro a paz não tem provado.
Que bem é ver nos campos, trasladado
No gênio do Pastor, o da inocência!
E que mal é no trato, e na aparência
Ver sempre o cortesão dissimulado!
Ali respira Amor sinceridade;
Aqui sempre a traição seu rosto encobre;
Um só trata a mentira, outro a verdade.
Ali não há fortuna que soçobre;
Aqui quanto se observa é variedade:
Oh! ventura do rico! Oh! bem do pobre!
�
COSTA, Cláudio Manuel da. Obras. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996. p. 57.
Resposta: O “mito da Arcádia” encontra sua plena expressão no soneto XIV de Cláudio Manuel da Costa. O campo, assim como no mito, aparece como lugar ideal, refúgio ameno, onde há maior beleza e sinceridade nas relações humanas, conforme destaca Afrânio Coutinho: “A Arcádia é uma região ideal e fictícia, de extrema beleza, de onde foram expulsas as paixões perturbadoras, refúgio maravilhoso e feliz das ideias e do deleite espiritual.”. No soneto, o aspecto positivo do “trato pastoril” é reforçado pelo contraste com a cidade, vista como um lugar perigoso e de vícios. Desenvolve-se uma série de pares que demonstram essa oposição: o campo é o “retiro da paz”, onde a inocência se expressa “no gênio do Pastor” e o “Amor respira sinceridade”; por outro lado, a cidade é a “ingrata, civil correspondência” e “rosto da violência”, cujo personagem principal é o “cortesão dissimulado”,além de as relações amorosas serem marcadas pela mentira e traição. A simplicidade da vida pastoril e o contraste entre o campo e a cidade são resumidos no último terceto. Para se viver no “trato pastoril”, não são necessários muitos bens (Ali não há fortuna que soçobre), ao contrário da “ingrata, civil correspondência”, em que a fortuna (Aqui quanto se observa é variedade) não é garantia de segurança, como se observa pela antítese do último verso: “Oh! ventura do rico! Oh! bem do pobre!”. A vida urbana não seria, apesar dos maiores recursos, melhor que a sobriedade e modéstia do campo.
 
Questão 3 – A partir do fragmento do Canto IV de O Uraguai (1769) de Basílio da Gama (1741-1795):
a) Comente duas características do poema que demonstrem a posição ambivalente do narrador diante da matéria poética narrada (Aula 3, p. 57), isto é, o índio;
Resposta: Conforme o estudado na Aula 3, apesar de O Uraguai ser um poema épico em homenagem à vitória da expedição portuguesa na guerra pela região das Sete Missões, sob o domínio jesuítico no sul do Brasil, também é formado por uma rica caracterização da terra e do índio. Assim, o colonizador é o responsável por apresentar a “civilização”, sendo louvado pela coragem, destreza e valor; os índios surgem como a população que deve ser “civilizada”, no entanto, possuem qualidades descritas e elogiadas que os tornam tão grandiosos quanto os próprios colonizadores. No “Canto Quarto”, a morte de Lindoia, dentre os episódios de guerra e violência, é o desfecho trágico de um amor destruído pelo conflito. Após a perda do seu grande amor, Cacambo, Lindoia se deixa abater pela “voluntária morte.”. A bela e “mísera” índia torna-se uma heroína, cuja desgraça se espraia por um “lugar delicioso e triste”. Assim, a perda emocional se equipara a um cenário composto delicadamente: “Entram enfim na mais remota, e interna / Parte de antigo bosque, escuro e negro,/ Onde, ao pé duma lapa cavernosa,/ Cobre uma rouca fonte, que murmura, /Curva latada e jasmins e rosas./ [...] Lá reclinada, como que dormia, / Na branda relva e nas mimosas flores,/ Tinha a face na mão e a mão no tronco/ Dum fúnebre cipreste, que espalhava/ Melancólica sombra.”. A correspondência entre o seu estado emocional e a natureza ao redor contribui para uma das passagens mais tocantes do poema, assim como o suspense da cena em que sobressai o amor fraternal e a habilidade indígena —“Porém o destro Caitutu, que treme/ Do perigo da irmã, sem mais demora/ Dobrou as pontas do arco, e quis três vezes/ Soltar o tiro, e vacilou três vezes/ Entre a ira e o temor.” —, tornam explícita a ambivalência do narrador diante do homem e da natureza americanos, considerados em sua imensa beleza e melancolia. 
b) Discuta como essas características, responsáveis por notabilizar Basílio da Gama como “um dos modelos do nacionalismo estético” (CANDIDO, 1989, p. 168), são retomadas pelo quadro romântico de José Maria de Medeiros (1849-1925). 
Resposta: A obra de José Maria de Medeiros valoriza a correspondência entre a natureza e estado emocional conforme aparece no poema de Basílio da Gama. O destaque à figura da heroína de “pálido semblante” e do momento em que “O irado monstro, e em tortuosos giros/ Se enrosca no cipreste, e verte envolto/ Em negro sangue o lívido veneno.” demonstra ambiguidade similar ao do poema. A beleza indígena e da paisagem são associadas à morte e encontram uma composição, com cores e formas, que exalta a “melancólica sombra” descrita no poema. 
Canto Quarto
[...]
�
Um frio susto corre pelas veias
De Caitutu que deixa os seus no campo;
E a irmã por entre as sombras do arvoredo
Busca com a vista, e treme de encontrá-la.
Entram enfim na mais remota, e interna
Parte de antigo bosque, escuro e negro,
Onde, ao pé duma lapa cavernosa,
Cobre uma rouca fonte, que murmura,
Curva latada e jasmins e rosas.
Este lugar delicioso e triste,
Cansada de viver, tinha escolhido
Para morrer a mísera Lindóia.
Lá reclinada, como que dormia,
Na branda relva e nas mimosas flores,
Tinha a face na mão e a mão no tronco
Dum fúnebre cipreste, que espalhava
Melancólica sombra. Mais de perto
Descobrem que se enrola no seu corpo
Verde serpente, e lhe passeia e cinge
Pescoço e braços, e lhe lambe o seio.
Fogem de a ver assim sobressaltados
E param cheios de temor ao longe;
E nem se atrevem a chamá-la e temem
Que desperte assustada e irrite o monstro,
E fuja, e apresse no fugir a morte.
Porém o destro Caitutu, que treme
Do perigo da irmã, sem mais demora
Dobrou as pontas do arco, e quis três vezes
Soltar o tiro, e vacilou três vezes
Entre a ira e o temor. Enfim sacode
O arco e faz voar a aguda seta,
Que toca o peito de Lindóia e fere
A serpente na testa, e a boca e os dentes
Deixou cravados no vizinho tronco.
Açoita o campo com a ligeira cauda
O irado monstro, e em tortuosos giros
Se enrosca no cipreste, e verte envolto
Em negro sangue o lívido veneno.
Leva nos braços a infeliz Lindóia
Desgraçado irmão, que ao despertá-la
Conhece, com que dor! no frio rosto
Os sinais do veneno, e vê ferido
Pelo dente sutil o brando peito.
Os olhos, em que Amor reinava, um dia,
Cheios de morte; e muda aquela língua,
Que ao surdo vento e aos ecos tantas vezes
Contou a larga história de seus males.
Nos olhos Caitutu não sofre o pranto,
E rompe em profundíssimos suspiros,
Lendo na testa da fronteira gruta
De sua mão já trêmula gravado
O alheio crime, e a voluntária morte.
E por todas as partes repetido
O suspirado nome de Cacambo.
Inda conserva o pálido semblante
Um não sei quê de magoado, e triste,
Que os corações mais duros enternece.
Tanto era bela no seu rosto a morte!
�
GAMA, Basílio da. O Uraguai. Porto Alegre: L&PM, 2010, p. 113-117.ivismo e estrangeirismo; pieguice e realidade; utilitarismo e gratuidade. �������������������������������������������

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