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UNIVERSIDADE IGUAÇU FACULDADE DAS CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA LEVANTAMENTO ETNOBOTÂNICO EMPÍRICO: PLANTAS FITOTERÁPICAS MAIS UTILIZADAS PELA POPULAÇÃO DO MUNICÍPIO DE NOVA IGUAÇU HELOISA TCHMOLA SILVA NOVA IGUAÇU 2015 HELOISA TCHMOLA SILVA LEVANTAMENTO ETNOBOTÂNICO EMPÍRICO: PLANTAS FITOTERÁPICAS MAIS UTILIZADAS PELA POPULAÇÃO DO MUNICÍPIO DE NOVA IGUAÇU Monografia apresentada a Universidade Iguaçu como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em Biologia. Orientador: ProfºMSc Ana Maria de Miranda Cardoso. NOVA IGUAÇU 2015 HELOISA TCHMOLA SILVA LEVANTAMENTO ETNOBOTÂNICO EMPÍRICO: PLANTAS FITOTERÁPICAS MAIS UTILIZADAS PELA POPULAÇÃO DO MUNICÍPIO DE NOVA IGUAÇU Monografia apresentada a Universidade Iguaçu como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em Biologia. Orientador: ProfºMSc Ana Maria de Miranda Cardoso Aprovado em: Rio de Janeiro, _______________________ BANCA EXAMINADORA _____________________________________ MSc Ana Maria de Miranda Cardoso (orientador) _____________________________________ MSc André Costa Ferreira _____________________________________ MSc André Luis Almeida Souza DEDICATÓRIA A você meu amado esposo Leonardo Martins, pessoa que аmо partilhar а vida. Com você tenho mе sentido mais viva dе verdade. Obrigado pelo carinho, а paciência е pоr sua capacidade dе trazer pаz nа correria dе cada semestre. Eu escolho você! AGRADECIMENTOS Ao concluir este SONHO, lembro-me de muitas pessoas a quem ressalto reconhecimento, pois, esta conquista concretiza-se com a contribuição de cada uma delas, seja direta ou indiretamente. No decorrer dos dias, vocês colocaram uma pitada de amor e esperança para que neste momento findasse essa etapa tão significante para mim. Em primeiro lugar quero agradecer ao Senhor e Consumador da minha fé, por conceder-me a oportunidade de reescrever uma nova historia para minha vida, fonte de vida e libertação, que me embebeda todos os dias no seu amor e me faz acreditar num mundo mais justo, mais humano, A fé que me mantém em pé todos os dias da minha vida. Sem Ele, não estaria aqui. Ao meu esposo amado Leonardo Martins, amigo fiel em todas as horas que além de seu amor se desempenhou em investir em mim, não só agradeço mais dedico essa conquista, amor eu escolho você todos os dias da minha vida, nossa união tem a combinação perfeita, Jesus! A todos da minha família que, de alguma forma, incentivaram-me na constante busca pelo conhecimento. Em especial a minha irmã Paula, as minhas sobrinhas Thais e Thamires, por me ajudarem sempre com toda a simplicidade e o gosto pela vida, me apoiando e me ajudando sempre, buscando de fato todos os dias, sendo sempre humanas e sensíveis às necessidades dos outros. As minhas filhas Thaíse e Thaiane que mesmo tão pequenas, foram grande parte da minha fonte de força nesta longa trajetória de 3 anos e meio de curso, Muitas vezes não pude dar a atenção que elas mereciam, mais sempre me compreenderam. A minha mãe e meu pai que me cobrem de carinho e amor, orando todas as noites pelo sucesso e desempenho. Mãe está é a realização do seu sonho, uma filha formada. A minha pastora, líder e amiga Liliane Cavalcante que me sustenta em oração e conselhos, uma direção profética na minha vida. Não posso deixar de falar na minha amiga e colateral Valéria Venâncio, que me motivou a entrar na biologia. A professora Ana Cristina, pela competência profissional que, certamente servirá de espelho para minha conduta enquanto futura educadora. Agradeço-lhe por compartilhar momentos difíceis e felizes durante esta caminhada, me orientando com palavras de aconchego e sabedoria, a quem posso também, carinhosamente chamar de amiga, estando sempre por perto para dar força e um empurrão: vai! Que me motivou a entrar em um mudo totalmente diferente do que já havia vivido (a Botânica) me apresentando o Janilson um Mestre maravilhoso que me ensinou a dar os primeiros passos dentro da botânica. Ao Carlos um Botânico de Coração, que é mais taxonômico que muitos que conheço, obrigado pelo seu carinho. A Ana Miranda, mulher que adentrou em minha vida e me faz crescer como pessoa, como futura professora, que dentre suas possibilidades me fez enxergar um mundo novo. Espero tê- la sempre perto de mim. Sua orientação segura e competente, seu estímulo constante e testemunho de seriedade, permitiram-me concretizar este estudo. Agradeço também pela compreensão de meus limites e ousadias, auxiliando-me com sua imensa sabedoria de forma imprescindível para a elaboração deste trabalho. Foram valiosas suas contribuições para o meu crescimento intelectual e pessoal, pela paixão à profissão docente. Pela dedicada e competente atenção com este trabalho, sempre de maneira muito receptiva e aberta, se prontificou a colaborar com esta pesquisa. Pela oportunidade de participação da monitoria, momento que foi muito significante em minha formação, e, sobretudo, pela magnífica convivência e amizade. Sua maneira de ser e estar no mundo, muito contribuiu para minha formação, afinal, já se vão dois anos ao se lado, desde a garota recém ingressa e que você não conhecia, até hoje, espero não tê-la decepcionado. Obrigada pela confiança e pelos momentos de apropriação de conhecimento que obtive ao seu lado, acredite esse não será o último agradecimento que farei a sua pessoa, pois lhe serei grata para sempre. A você, o meu muito obrigado, mesmo ciente de que quaisquer que sejam as palavras, jamais conseguirão expressar toda a minha admiração por ti. As minhas queridas amigas Pastora Andreia, Sheila, Edilaine ,Cintia Lima, Fabricia, por que sempre tiveram por perto dispostos a me ajudar, ouvindo minhas angústias e dividindo momentos alegres. Em especial, gostaria de agradecer a Pastora Andreia, para mim, mais que amiga, uma irmã. Deus na sua infinita sabedoria cruzou nossos caminhos, possibilitando esta amizade sólida, honesta e verdadeira. Sou muito grata por tê-la presente em minha vida. A todos os meus colegas da Bio Famila da Universidade Iguaçus, Campus I, que, durante a graduação, dividiram comigo as dificuldades e os prazeres da vida acadêmica, em especial, Ariane, Gisele, Emilia, Elisa, Yasmim, Beatriz, Bruna, Thamires, as Tatis, as Alanas, Ane Chaiene, Thais, Camila, Mayara, Nayara, Alosyane, Driele, Julio, Anderson, Thaiza, que são grandes amigos e que participaram comigo em muitos trabalhos da faculdade e em momentos de descontração e apoio. Gostaria de destacar dentre eles, Emilia Juliana e Elisa. A todos os professores do curso de Ciências Biológicas, que fizeram parte diretamente desta minha trajetória acadêmica, pelos ensinamentos que instigaram e fomentaram minhas reflexões e utopias a respeito da Educação, no sentido e buscar a materialização de outro tipo de sociedade que, sobretudo, não abandone o pensamento reflexivo e contestador. Agradeço-os imensamente pela contribuição de cada um na minha formação. Nesta hora de encerramento de uma etapa muito especial, em que a alegria por estar terminando se junta ao cansaço, torna-se difícil lembrar-me de todos os amigos e colegas que participaram comigo dessa jornada, mas de uma maneira muito sincera, agradeço a todos que de uma forma ou de outra colaboraram para a realização dessa monografia. Meus sinceros agradecimentos! EPÍGRAFE Se não puder voar, corra. Se não puder correr, ande. Se não puder andar, rasteje, mas continue em frente de qualquer jeito. Martin Luther King Sumário 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 13 1.1- BREVE HISTÓRICO ................................................................................................................ 15 1.2- DIFERENÇAS ENTRE PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERÁPICAS ............................... 18 *PLANTAS MEDICINAIS .......................................................................................................... 18 *FITOTERÁPICAS ...................................................................................................................... 18 2. MATERIAL E MÉTODO ............................................................................................................. 18 3. PLANTAS FITOTERÁPICAS E SUA TRADIÇÃO ................................................................... 19 3.1- FITOTERAPIA: A CURA PELAS PLANTAS ......................................................................... 21 3.2-BENEFÍCIOS DA FITOTERAPIA ............................................................................................ 22 3.3-MALEFÍCIOS DA FITOTERAPIA ........................................................................................... 22 4. FITOTERAPIA E EMPIRISMO .................................................................................................. 23 5. AS PLANTAS MAIS UTILIZADAS SEGUNDO OS DADOS COLHIDOS ............................. 25 6. RESULTADOS ............................................................................................................................. 37 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................ 48 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 52 ANEXOS............................................................................................................................................... 56 INDICE DE TABELA Tabela 1 Bairro da Luz ................................................................................................................................. 38 Tabela 2 Bairro Canaã ................................................................................................................................. 39 Tabela 3 Bairro cabuçu ................................................................................................................................ 40 Tabela 4 Bairro comendador Soares ........................................................................................................... 41 Tabela 5 Bairro Jardim Alvorada ................................................................................................................. 42 Tabela 6 Bairro Ouro Verde......................................................................................................................... 43 Tabela 7 Bairro Lafaiete .............................................................................................................................. 44 Tabela 8 Lafaiete ......................................................................................................................................... 45 Tabela 9 Bairro Riachão ............................................................................................................................... 46 Tabela 10 Bairro Valverde ........................................................................................................................... 47 Tabela 11 Planta mais utilizada ................................................................................................................... 48 Figura 1 .................................................................................................................................................. 21 Figura 2 Hortelã-rasteira ....................................................................................................................... 25 Figura 3 Capim-cidreira (folhas) ........................................................................................................... 26 Figura 4 Boldo-sete-dores ..................................................................................................................... 27 Figura 5 Babosa ..................................................................................................................................... 28 Figura 6 Alecrim .................................................................................................................................... 29 Figura 7Arnica ....................................................................................................................................... 30 Figura 8 Camomila ................................................................................................................................. 31 Figura 9 Ginko Biloba ............................................................................................................................ 32 Figura 10 Tancgagem ............................................................................................................................ 34 Figura 11 Carqueja ................................................................................................................................ 36 RESUMO Etnobotânica é a ciência, que estuda simultaneamente as contribuições da botânica e da etnologia (estuda e compara os diferentes povos e culturas do mundo antigo e moderno); evidenciando as interações entre as sociedades humanas e plantas como sistemas dinâmicos. Também consiste no estudo das aplicações e dos usos tradicionais dos vegetais pelo homem. O objetivo deste trabalho foi: identificar as espécies vegetais utilizadas com fins fitoterápicos pela comunidade de Nova Iguaçu (Estado do Rio de Janeiro); investigar as preferências com relação à produção e comercialização dessas plantas; e diagnosticar o perfil de gênero e as faixas etárias de seus usuários. Para isso, foram realizadas entrevistas estruturadas com 100 famílias da cidade e coletadas as informações da plantas visando-se a sua correta identificação. Das 100 famílias entrevistadas, 35 disseram não fazer uso de plantas com fins medicinais, enquanto 65 afirmaram fazê-lo. O grupo que utiliza relacionou 10 espécies mais empregadas: hortelã-rasteira (Menthaxvillosa L.), boldo-sete-dores (Plectranthus barbatus Andrews.), capim-cidreira (Cymbopogon citratus (DC.) Stapf.), Tanchaguem (Plantago major L.), camomila (Chamomilla recutita (L. Rauschert.), Alecrim (Rosmarinus officinalis), Arnica (Arnica montana), carqueja(Baccharis trimera (Less.) DC.), babosa (Aloe vera L.) e Ginko-biloba (Ginkgo biloba L.). Todas as famílias consumidoras (100%) afirmaram preferir as plantas cultivadas de forma orgânica, selecionando-as através da boa aparência (68% das famílias) e consumindo-as in natura (sem beneficiamento, 100%). A utilização de plantas medicinais no município é independente do sexo e se estende às várias faixas etárias e também socioeconômicas, configurando-se assim, um bom mercado consumidor. Palavras chaves: Etnobotânica, Plantas fitoterápicas, Tradições e uso. ABSTRACT Ethnobotany is the science that simultaneously studies the contributions of botany and ethnology (study and compare the different peoples and cultures of the ancient and modern world); highlighting the interactions between human societies and plants as dynamic systems. Also is the study of applications and traditional uses of plants by man. The objective was: to identify the plant species used for herbal purposes by Nova Iguaçu community (State of Rio de Janeiro); investigate the preferences regarding the production and marketing of these plants; and diagnose the gender profile and the age of its members. To do so, structured interviews were conducted with 100 families in the city and collected the information plans aiming at their correct identification. Of the 100 families interviewed, 35 said they did not make use of plants for medicinal purposes, while 65 said do it. The group uses related 10 most used species: mint-creeping (Menthaxvillosa L.), bold-seven pains ( Plectranthus barbatus Andrews), lemongrass ( Cymbopogon citratus (DC) Stapf), Tanchaguem (Plantago major L.), chamomile (Chamomilla recutita L. Rauschert.), Alecrim (Rosmarinus officinalis.), Arnica (Arnica montana.), broom (Baccharis trimera (Less.) DC.), aloe (Aloe vera L.) and Ginko-biloba (Ginkgo biloba L.). All consumer households (100%) said they prefer plants grown organically, selecting them through good appearance (68% of households) and consuming them in natura (unprocessed, 100%). The use of medicinal plants in the municipality is independent of sex and extends to various age and also socioeconomic groups, setting up thus a good consumer market. Key words: Ethnobotany, herbal plants, Traditions and use. 13 1. INTRODUÇÃO O termo Etnobotânica foi cunhado em 1895, pelo botânico taxonomista John W. Harshberger, da Pennsylvania University (DAVIS, 1995). Segundo (SCHULTES, 1995), a etnobotânica é uma disciplina muito antiga, visto que o conhecimento sobre plantas úteis remonta a própria existência da humanidade. Tanto o homem quanto a mulher primitivos devem, por necessidade, ter desempenhado um papel muito semelhante ao do etnobotânico, classificando plantas úteis seja para alimentação quanto para o alívio de doenças e enfermidades, aquelas psicoativas e, inclusive, aquelas que, se ingeridas, poderiam matar alguém. Em praticamente toda cultura e, provavelmente, desde há muito tempo, existiram homens e mulheres com conhecimento sobre a propriedade das plantas. Esses indivíduos geralmente alcançavam patamares diferenciados nessas sociedades (SCHULTES, 1995). Inicialmente entendida como o uso das plantas por aborígenes (ALBUQUERQUE, 1997), a etnobotânica, a partir de meados do século XX, passou a ser definida como o estudo das inter-relações entre povos primitivos e plantas (SCHULTES, 1995). Essa definição se contrapõe ao termo "Botânica Econômica”, frequentemente utilizada para indicar o estudo de plantas utilizadas por sociedades com sistemas agroindustriais avançados, além de trazer embutido um forte preconceito cultural e social. Como bem frisa ALBUQUERQUE (1997), "fica difícil, quase impossível, para um pesquisador estudar a etnobotânica de um determinado grupo étnico se tudo que processa é codificado como "primitivo" e "inferior". O emprego indiscriminado do termo “primitivo” ou “involuído” tem conotações etnocêntricas”. Segundo o autor, as técnicas e os conhecimentos botânicos tradicionais não são primitivos nem inferiores, e todas as formas tradicionais de conhecimento, como formas distintas de aprendizado, têm valor. Dessa forma, a neutralidade por parte do pesquisador, é indispensável no processo de aquisição do conhecimento Estudos etnobotânicos de registro de plantas, seus usos e formas terapêuticas (plantas medicinais) por grupos humanos têm oferecido a base para diversos estudos básicos e aplicados, especialmente no campo da fitoquímica e farmacologia, inclusive como ferramenta para o descobrimento de novas drogas. Nesse contexto insere-se a Etnofarmacologia, como um ramo da Etnobiologia/Etnobotânica que trata das práticas médicas, especialmente remédios, usados em sistemas tradicionais de medicina ou como uma forma alternativa de tratamento, quando a alopatia (medicina tradicional), não surte o efeito esperado. 14 Segundo FERRO (2006), a Etnobotânica faz a intercessão dos variados discursos cultural, buscando a compreensão do outro, da sua maneira de vida, dos seus códigos e costumes que ligam suas relações com a natureza. Então, conclui-se ter ela grande importância para as populações regionais no que toca à exploração e manejo de recursos para obtenção de remédios, alimentos e matérias-primas. Para efeito deste estudo, planta FITOTERÁPICA é todo vegetal que contém princípios ativos que podem ser utilizados para fins terapêuticos ou precursores de substâncias utilizadas para tais fins, sendo amplamente utilizada pela medicina alternativa (AMOROZO, 2002). Provavelmente, pode-se dizer que o uso das plantas no controle de enfermidades seja tão antigo quanto a existência do homem. Há cerca de 3000 anos antes de Cristo, os chineses já utilizavam e cultivavam ervas medicinais, que hoje ainda são usadas com eficácia tanto na medicina popular, como por laboratórios de produtos farmacêuticos (RODRIGUES et al., 2001). O uso de plantas para o tratamento da saúde até os dias de hoje fazem parte da cultura de diferentes comunidades populacionais (MARONDIN, 2001). Para MING e colaboradores (2003), os produtores apresentam o perfil adequado para cultivar plantas medicinais, que são orgânicas na sua essência e não permitem o plantio em larga escala, exigindo o policultivo como forma de proteger as espécies de enfermidades e pragas. Portanto, os pequenos produtores podem encontrar na produção de espécies medicinais uma oportunidade ímpar de diversificar suas propriedades, auxiliar familiares com o uso destas plantas e até aumentar sua renda. O objetivo central deste trabalho monográfico foi documentar o uso das plantas medicinais, mesmo que de forma não comprovada devido às culturas recebidas de antepassados; do mesmo modo, buscando contribuir com o uso sustentável dos recursos naturais associados a esta atividade e verificar sua eficácia, sendo ela empírica ou não. Nesse sentido irá identificar as espécies vegetais utilizadas com fins medicinais pela comunidade de Nova Iguaçu; investigando assim, as preferências com relação à produção e comercialização dessas plantas; e diagnosticar o perfil de gênero e as faixas etárias de seus usuários. 15 1.1- BREVE HISTÓRICO Ao se referir às plantas, em especial as medicinais, não se pode deixar de ressaltar que o conhecimento adquirido sobre essas espécies, seus usos, indicações e manejo são uma herança dos antepassados, que de forma tradicional, têm passado seus conhecimentos de geração a geração, desde os tempos mais remotos até os dias atuais. Assim, o processo de utilização das plantas em práticas populares etradicionais como remédios caseiros e comunitários, é conhecido atualmente como medicina alternativa. Os chineses, egípcios, indús e gregos foram os primeiros a catalogar as ervas medicinais, classificando-as de acordo com a sua forma, cor, sabor e aroma, incluindo ligações com os astros e, evidentemente com seus atributos mágicos. Desta forma, as plantas foram ao longo das diversas gerações sendo manipuladas e utilizadas para as mais diversas finalidades terapêuticas, gerando assim um rico conhecimento tradicional (LIMA, 2006). Na literatura, encontram-se várias citações de povos e nomes históricos, os quais fizeram algum tipo de uso de ervas, tanto benéficas quanto maléficas. Os druídas, sacerdotes celtas, usavam suas poções mágicas, mandrágoras, ervas venenosas, idealizando inclusive, um horóscopo baseado na energia das árvores, segundo as diferentes épocas do ano. Aquiles, para debelar seus males, usava mil-em -rama, erva que passou a ser conhecida como Achillea millefolium. Sócrates, condenado à morte por seus adversários, ingeriu cicuta, planta de efeito mortífero. Carlos Magno foi um dos primeiros defensores das plantas, ao baixar um edital protegendo o hortelã nativo, ameaçado de extinção. Por este ato, poderia ter sido considerado o “patrono da ecologia”, hoje representado pelo inglês William Cobbett (BRUNO & NALDI, 1998). Os antigos egípcios, que se aprimoraram na arte de embalsamar os cadáveres para guardá-los da deteorização, experimentaram muitas plantas, cujo poder curativo descobriram e confirmaram. Nascia assim, fitoterapia. As plantas eram escolhidas pelo seu cheiro, pois acreditavam que certos aromas afugentavam os espíritos das enfermidades. Essa crença continuou até a Idade Média. Os egípcios estavam relativamente adiantados na arte de curar, usavam além das plantas aromáticas, muitas outras, cujos efeitos bem conheciam: papoula (sonífera), a cila (cardíaca), a babosa e o óleo de rícino (catárticos), 16 entre outros. O papiro descoberto por Ebergs em 1873, está repleto de receitas médicas em que entravam plantas em mistura com outras substâncias (BALBACH, s.d.). Na medicina, os mais velhos babilônios eram tão adiantados como os egípcios. A regulamentação sobre o exercício da medicina e da prescrição de remédios está no Código de Hamurabi, estruturado mais ou menos no tempo do patriarca Abraão. Os assírios incluíram no seu receituário 250 plantas terapêuticas, entre as quais o açafrão, assa-fétida, o cardamomo, a papoula, tremoço e outros. Hipócrates da Grécia (460-361 a.C.), que é considerado o pai da medicina, empregava centenas de drogas de origem vegetal. Teofrasto (372-285 a.C.), na sua história das plantas, catalogou 500 espécimes vegetais. Crateús, que viveu no século I antes de Cristo, publicou a primeira obra que se tem conhecimento na história – Rhizotomikon – sobre plantas medicinais com ilustrações. Dioscórides, o fundador da “matéria médica”, no século I da era cristã, publicou um livro com 600 plantas medicinais (BALBACH, s.d.). Plínio “o velho”, que também viveu no século I e cuja enciclopédia constava de 37 volumes, catalogou as espécies de vegetais úteis à medicina (BALBACH, 1998). Na teoria de Plínio havia para cada enfermidade uma planta específica. Da ciência fitoterápica dos gregos, romanos e outros povos tomaram conhecimento os árabes. Abd-Allah Ibn Al-Baitar, que viveu no século XIII, foi o maior especialista árabe no campo da botânica aplicada à medicina, viajou por muitos países em busca de dados que necessitava para seu livro. Sua obra descreveu mais de 800 plantas (BALBACH, 1998). No Brasil, a utilização das plantas não só como alimento, mas também como fonte terapêutica teve início desde que os primeiro s habitantes chegaram ao Brasil, há cerca de 12 mil anos, dando origem aos paleonídeos amazônicos, dos quais derivaram as principais tribos indígenas do país. Pouco, no entanto, se conhece sobre esse período, além das pinturas rupestres. Em 1500, com a chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil, surgiu à primeira correspondência oficial de Pero Vaz de Caminha ao Rei de Portugal, D. Manuel, relatando o descobrimento da nova terra e suas características, (SILVA, 2004). 17 Padre José de Anchieta de 1560 a 1580 detalhou em suas cartas aos Superiores Geral da Companhia de Jesus as plantas comestíveis e medicinais do Brasil. As plantas medicinais especificamente mencionadas foram: capim rei, ruibarbo do brejo, ipecacuanha-preta, cabriúva-vemelha, “erva boa”, hortelã-pimenta, que era utilizada pela os indígenas contra indigestão, aliviando nevralgia s, reumatismos, doenças nervosas, purgativos, bálsamos e cura de feridas (SILVA, 2004). Outro fato que chamou a atenção dos missionários foi a utilização dos timbós pelos índios, os quais produziam um efeito narcótico nos peixes para facilitar a pesca, possibilitando assim, pescar com a mão, uma vez que a planta era macerada e jogada na água. A flora brasileira foi descoberta por cientistas estrangeiros, especialmente os naturalistas, que realizavam grandes expedições científicas no Brasil desde o descobrimento pelos portugueses até ao final do século XIX (SILVA, 2004). Assim, percebe-se que a botânica sempre aliada à medicina numa união indissolúvel e nunca será possível separar uma da outra. Em todo o mundo são conhecidos inúmeros remédios vegetais de incalculável valor para a farmacopéia moderna. Apesar das ervas terem sido relegadas, principalmente no ocidente, em função do progresso científico e do uso dos produtos químicos, nunca deixaram de ser utilizadas, principalmente pelos povos fora dos grandes centros (FRANCESCHINI FILHO, 2004). Entre 1880 e 1900, começaram as mudanças com o desenvolvimento do primeiro medicamento sintético, as antipirinas, seguidas pela antifebrina e pela aspirina. Após a II Guerra Mundial, as pesquisas com ervas medicinais foram deixadas de lado pelo grande avanço das formas sintéticas, sendo retomada s somente nos dias de hoje (FRANCESCHINI FILHO, 2004). A ciência busca o progresso com tudo o que a natureza oferece, o respeito à cultura dos povos em torno do uso de produtos ou ervas medicinais para curar os males é prova disto. Nas regiões tropicais da América Latina existem diversas espécies de plantas medicinais de uso local, com possibilidade de geração de uma relação custo-benefício bem menor para a população, promovendo saúde a partir de plantas produzidas localmente. A eficácia e o baixo risco de uso são características desejáveis das plantas medicinais, assim como reprodutibilidade e constância de sua qualidade. O aproveitamento adequado dos princípios ativos de uma planta exige o preparo correto, ou seja, para cada parte a ser usada, para cada 18 grupo de princípio ativo a ser extraído e para cada doença a ser tratada, existe forma de preparo e uso adequados (ARNOUS, SANTOS & BEINNER, 2005). 1.2- DIFERENÇAS ENTRE PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERÁPICAS *PLANTAS MEDICINAIS São aquelas capazes de aliviar ou curar enfermidades e têm tradição de uso como remédio em uma população ou comunidade, sendo comprovadas cientificamente. Para usá- las, é preciso conhecer a planta e saber onde colhê-la e como prepará-la. Quando a planta medicinal é industrializada para se obter um medicamento, tem-se como resultado o fitoterápico. O processo de industrialização evita contaminações por microrganismos, agrotóxicos e substâncias estranhas, além de padronizar a quantidade e a forma certa que deve ser usada, permitindo uma maior segurança de uso, (FURLAM (1998). *FITOTERÁPICAS Segugndo a ANVISA, Fitoterápicos são medicamentos obtidos empregando-se, como princípio-ativo,exclusivamente derivados de drogas vegetais. São caracterizados pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, como também pela constância de sua qualidade. São regulamentados no Brasil como medicamentos convencionais e têm que apresentar critérios similares de qualidade, segurança e eficácia requeridos pela ANVISA para todos os medicamentos. 2. MATERIAL E MÉTODO Esta pesquisa foi realizada no período de (junho a outubro) no município de Nova Iguaçu. A escolha desse município para esta pesquisa foi baseada em sua história e cultura, pois trata-se de uma cidade bastante antiga que está sofrendo uma grande mudança no seu território populacional nativo tradicional. A justificativa para o desenvolvimento deste; é buscar ainda hoje pessoas que utilizam práticas e costumes que foram herdados de seus antepassados, na região de Nova Iguaçu, na utilização de ervas ditas homeopáticas, porém evidenciando sua terapia medicinal, destacada pelos entrevistados. Para a investigação sobre a utilização, as preferências com relação à produção e comercialização das plantas medicinais, e o perfil etário e socioeconômico dos usuários dessas plantas, foram aplicados 100 questionários na forma de entrevistas estruturadas e 19 listagem livre das plantas medicinais, em 80 residências (famílias), totalizando-se 100 pessoas. O método de amostragem utilizado foi probabilístico, com as residências incluídas ao acaso. Para cada bairro foram selecionadas, em ruas diferentes, 10 residências. Deste modo, objetivou-se amostrar as diferentes regiões da cidade. Somente as pessoas que moram efetivamente na casa, foram consideradas como membros da família, conforme procedimento de RODRIGUES & GUEDES (2006). Para caracterizar diferentes aspectos da comunidade e dos usuais consumidores das plantas, após cada entrevista, foi feita uma identificação taxonômica de acordo com suas características morfológicas vegetativas, reprodutivas e terapêuticas utilizando-se como base as citações DE LORENZI & MATOS (2008), ALMASSY JUNIOR r et al. (2005) e MARTINS et al. (2003); às quais foram comparadas com exsicatas,; isto é, que vem a ser uma amostra de planta prensada e em seguida seca numa estufa fixada em uma cartolina de tamanho padrão acompanhadas de uma etiqueta ou rótulo contendo informações sobre o vegetal e o local de coleta de herbários. A partir daí as origens das plantas estudadas foram verificadas nas mesmas referências usadas para a identificação (FERRO, 2006). 3. PLANTAS FITOTERÁPICAS E SUA TRADIÇÃO Fitoterapia (do grego therapeia = tratamento e phyton = vegetal) é o estudo das plantas medicinais e suas aplicações na cura das doenças. Ela surgiu independentemente na maioria dos povos. Na China, surgiu por volta de 3000 a.C. quando o imperador Cho-Chin-Kei descreveu as propriedades do Ginseng e da Cânfora. Deve-se observar que a definição de medicamento fitoterápico é diferente de fitoterapia pois não engloba o uso popular das plantas em si, mas sim seus extratos. Os medicamentos fitoterápicos são preparações elaboradas por técnicas de farmácia, além de serem produtos industrializados, (SCHULTES, 1995). Vantagens e riscos Há uma grande quantidade de plantas medicinais, em todas as partes do mundo, utilizadas há milhares de anos para o tratamento de doenças, através de mecanismos na maioria das vezes desconhecidos. O estudo desses mecanismos e o isolamento do princípio 20 ativo (a substância ou conjunto delas que é responsável pelos efeitos terapêuticos) da planta é uma das principais prioridades da farmacologia e este não é o foco central deste trabalho; mas sim o uso desses vegetais pela população com finalidades curativas; sendo para alguns empíricas ou não. Ao contrário da crença popular, o uso de plantas medicinais não é isento de risco. Além do princípio ativo terapêutico, a mesma planta pode conter substâncias tóxicas, a grande quantidade de substâncias diferentes pode induzir a reação alérgica, pode haver contaminação por agrotóxicos ou por metais pesados. Essa grande quantidade de substâncias que também podem ser tóxicas é originada da evolução das plantas, pois estas são seres vivos e como tal, não possuem vantagens em serem predadas ou danificadas. Desta forma, como não possuem meios de se defenderem de animais herbívoros e fitófagos, desenvolveram diferentes defesas químicas ao longo de sua evolução. Algumas dessas substâncias podem ser úteis para as pessoas, outras prejudiciais, como oxalatos e ácido cianídrico, ambos tóxicos. Um exemplo clássico é a cafeína, um alcaloide, em um animal de grande porte como um ser humano, deixa a pessoa desperta, mas em um inseto que tenta, por exemplo, predar a semente do café pode ter uma reação muito forte, que leva este a perda de apetite, podendo levá-lo a morte, (FURLAM, 1998). Além disso, todo princípio ativo terapêutico é benéfico dentro de um intervalo de quantidade - abaixo dessa quantidade, é inócuo e acima disso passa a ser tóxico. A variação de concentração do princípio ativo em chás pode ser muito grande, tornando praticamente impossível atingir a faixa terapêutica com segurança em algumas plantas nas quais essa faixa é mais estreita. Na forma industrializada, o risco de contaminações pode ser reduzida através do controle de qualidade da matéria prima, mas mesmo assim a variação na concentração do princípio ativo em cápsulas pode variar até em 100%. Nas ultra diluições, como na homeopatia, não há o princípio ativo na apresentação final, o que elimina os riscos anteriores. Entretanto, não há nada que indique que haja qualquer efeito benéfico. MARTINS (1995) destaca que plantas medicinais, com as quais que têm avaliadas a sua eficiência terapêutica e a toxicologia ou segurança do uso, dentre outros aspectos, estão cientificamente aprovadas a serem utilizadas pela população nas suas necessidades básicas de saúde, em função da facilidade de acesso, do baixo custo e da compatibilidade cultural com as tradições populares. Uma vez que as plantas medicinais são classificadas como produtos naturais, a lei permite que sejam comercializadas livremente, além de poderem ser cultivadas por aqueles que disponham de condições mínimas necessárias. 21 3.1- FITOTERAPIA: A CURA PELAS PLANTAS FONTE: REVISTA “A CURA PELAS PLANTAS”-2007 A fitoterapia possui raízes profundas na consciência popular que reconhece, desde a Antigüidade, sua eficácia e legitimidade. Essa prática apresenta, portanto, grande potencial de desenvolvimento, considerando-se não somente a diversidade vegetal que o Brasil possui, mas também que o uso das plantas medicinais está intimamente ligado à cultura popular. O interesse a respeito do conhecimento que as populações detêm sobre plantas e seus usos têm crescido, após a constatação de que a base empírica desenvolvida por elas ao longo de séculos pode, em muitos casos, ter uma comprovação científica, que habilitaria a extensão destes usos à sociedade industrializada (FARNSWORTH, 1988 apud AMOROZO, 2000). As plantas e ervas podem trazer benefícios para a saúde de quem às consome. A fitoterapia é um tratamento que utiliza ervas medicinais para tratar e combater doenças. O fato é que mesmo com a explosão dos remédios, a procura por ervas medicinais e seu uso em caso com finalidades curativas, vem aumentando a cada ano. Os usuários explicam que a busca por esta técnica é devido a sua cura terapêutica a fim de acalmar, cicatrizar, emagrecer, entre outros. Seu significado é: fitoterapia, do grego onde phitos = planta e terapia, está relacionada a tratamento, ou seja, tratamento através das ervas, às quais são muito utilizadas de formapopular através de chás ou infusões. Esse método é considerado uma terapia “alternativa popular” dentro da homeopatia; porém o seu uso é tão antigo quanto à própria humanidade. Figura 1 22 Apesar do aumento e da crença que nenhuma planta faz mal, é preciso cuidado para não misturar muitas plantas fitoterápicas. As mesmas podem sim trazer efeitos colaterais. 3.2-BENEFÍCIOS DA FITOTERAPIA As plantas são muito úteis no combate de infecções, insônia, estresse, dores, distúrbios intestinais, distúrbios hormonais, contusões, problemas respiratórios, baixa imunidade, emagrecimento, gripes ou resfriados, e, muitos outros tipos de doenças. Além disso: Proporciona maior contato com a natureza; Uma única erva para tratar diferentes males; Ajuda no combate de doenças infecciosas Auxilia no tratamento de doenças alérgicas; Ajuda a acalmar. 3.3-MALEFÍCIOS DA FITOTERAPIA Não é porque os fitoterápicos são advindos da natureza, que pode ser consumido indiscriminadamente. A utilização inadequada dos fitoterápicos como a automedicação, pode gerar uma série de efeitos colaterais, como reações alérgicas e efeitos tóxicos graves. A grande variedade de plantas medicinais entre os estados brasileiros pode gerar confusão entre os que realizam compostos fitoterápicos caseiros. A professora do curso de Farmácia, Regina Cláudia de Matos Dourado, alerta para a importância de verificar a procedência do medicamento fitoterápico. "Os lambedores e compostos caseiros podem misturar várias plantas medicinais e causar sérios malefícios", comenta. Cada estado tem um elenco diferente de espécies vegetais. A ausência de um farmacêutico responsável pelo composto, à falta de testes de qualidade e a confiança exclusiva no conhecimento popular podem provocar equívocos na fabricação dos medicamentos. ALÉM DO MAIS O EXCESSO TAMBÉM FAZ MAL, alerta SILVA (2004). Outro cuidado deve ser com a utilização da planta medicinal; m alguns casos, a espécie deve ser usada de forma tópica, outras vezes, oral. É o caso do confrei. A planta de 23 efeito cicatrizante só pode ser usada de forma tópica. A ingestão é desaconselhável, por causa do seu alto grau de toxicidade. O mesmo ocorre com a babosa. 4. FITOTERAPIA E EMPIRISMO Denomina-se empirismo a uma teoria do conhecimento que afirma que o conhecimento vem apenas ou principalmente, a partir da experiência sensorial ou do uso conclusivo popular (PEREIRA, 2007). É importante que qualquer pesquisador em etnobotânica tenha um olhar global nessas áreas para facilitar o entendimento, interagir e comunicar-se com as comunidades envolvidas. Assim, como refere BONET (1998) “o campo de trabalho da Etnobotânica é uma ocasião excepcional de enriquecimento para a ciência moderna, já que implica esta cooperação de investigadores de horizontes diversos”. Nessa pesquisa, queremos destacar e fomentar que o início do uso de plantas e ervas como medicação surgiu principalmente nas comunidades indígenas e seus saberes com relação às plantas medicinais, pois os estudos dos saberes ecológicos produzidos pelos grupos indígenas (etnobiologia) são frequentemente considerados pouco relevantes à cultura ocidental, porque as populações aborígenes são esparsas e foram consideradas demograficamente como inexpressivas. Porém, da dos arqueológicos, demográficos e geográficos parecem confirmar os relatos históricos, dando conta da existência de grandes centros populacionais em todos os ambientes da Amazônia: várzea, terra firme e savanas (DENEVAN, 1976). Considerado um dos maiores naturalistas brasileiros, BARBOSA RODRIGUES (1842-1909) concentrou suas atividades científicas na botânica, mas também dedicou-se a outras áreas de estudo, como a etnologia e mitologia indígena. Viajando pelo interior do Brasil, fez uma vasta pesquisa de campo junto as populações nativas, de onde resultaram trabalhos sobre a língua e a botânica indígenas. Esse naturalista sempre valorizando o conhecimento indígena e compara suas qualidades às científicas, registrou uma ampla nomenclatura botânica, suas divisões e agrupamentos e apontando os critérios seguidos pelos indígenas para este fim. O mesmo assegura ser a prática da etnobotânica de cunho verdadeiro, satisfatório e de nada ter relação com o empirismo, dada sua relevância de tratamento e cura com as ervas utilizadas por estes. 24 Com o desenvolvimento das ciências naturais e, posteriormente da antropologia, o estudo das plantas e seus usos por diferentes grupos humanos passou a ter outra visão. Atualmente, com base nos trabalhos já realizados, pode-se entender a etnobotânica como sendo o estudo das inter-relações (materiais ou simbólicas) entre o ser humano e as plantas, devendo-se somar a este os fatores ambientais e culturais, bem como os conceitos locais que são desenvolvidos com relação às plantas e ao uso que se faz delas, (MORAIS, 2005). BEGOSSI (2002) ressalta que os estudos etnobotânicos contribuem em especial para o desenvolvimento planejado da região onde os dados foram coletados e afirma serem eles ampla eficiência. Pode-se observar que a Etnobotânica surge como mediadora entre os discursos culturais, mas deve-se ter em mente que há uma diferença entre o discurso científico e o saber tradicional ou empírico. Para melhor entender a cultura e uso da etnobotânica que se observa, faz-se necessário uma visão de dentro da realidade observada, integrando-se a ela e interferindo se o mínimo possível em suas práticas cotidianas. É neste momento que o pesquisador deve despojar-se de suas categorias culturais (VIERTLER, 2002). Para melhor compreensão de conhecimento tradicional é pertinente conceituar primeiramente o que vem a ser a palavra conhecimento. A palavra conhecimento provém do latim cognitio, co-gnoscere. Etimologicamente, ela é formada pela preposição co, cum, em português com, no sentido de junto; e pela palavra gnoscere, do grego genesis , que quer dizer gênese, nascimento: conhecer significa nascer junto Portanto, toda forma de conhecer merece nosso respeito, uma vez que para outros o conhecimento se não for o cientifico não é conhecimento. FERNANDO (2003) defende o conceito de que “todo conhecimento que foi desenvolvido na terra é uma ciência, porque o homem veio ao mundo quando a terra já estava pronta”. “Por isso o homem estuda para descobrir o segredo da natureza segundo sua vontade e interesse”. STRAUSS (1991) considera que o conhecimento tradicional ou popular pode ser definido como “o saber e o saber fazer, a respeito do mundo natural, sobrenatural, gerado no âmbito da sociedade não urbano/industrial, transmitido oralmente entre gerações”. 25 O conhecimento e uso popular de plantas com finalidades terapêuticas foram por muito tempo subestimado pelos cientistas. A valorização do saber e uso popular por parte dos etnobiólogos e etnoecólogicos estão produzindo alternativas para os paradigmas correntes, com efeitos benéficos para o conhecimento científico (POSEY, 1987). E, muito marcante no tocante a veracidade dos efeitos do uso de vegetais na prevenção, tratamento e cura de certas doenças; não se tratando somente como forma empírica, como citam alguns autores, (ORQUIZA, 2008) 5. AS PLANTAS MAIS UTILIZADAS SEGUNDO OS DADOS COLHIDOS 1)Hortelã-rasteira – Mentha villosa L. Figura 2 Hortelã-rasteira Nome popular: Hortelã, Hortelã-rasteira Família: Labiatae (Lamiaceae) Origem: Europa. Propriedades: Reduz contrações musculares involuntárias, evita vômitos, eliminador de gases intestinais, favorece a digestão, e elimina vermes intestinais, por via oral. Bem como anti-séptica e redução da coceira, por via local.Características: Erva perene, de 30 a 40 cm de altura, com folhas que possuem aroma forte e característico. Tem grande importância medicinal e social, por sua alçao contra microparasitas intestinais, recentemente descoberta. Há muitas espécies de hortelã parecidas, dificultando a escolha da planta certa para fins medicinais, exigindo a obtenção das mudas em locais de confiança. Desde a mais remota antiguidade, essa e outras plantas são utilizadas como condimento em massas e carnes, bem como para fins medicinais. Parte usada: Folhas O Capim-cidreira também é encontrado em pó e pode ser preparado a partir das folhas que são colhidas e postas a secar a sombra, em ambiente ventilado, ou na estufa do fogão ou no forno quente, porém apagado, até que fiquem bem secas e facilmente trituráveis. Crianças de cinco a treze anos devem tomar ¼ de colher (de café). Adolescentes e adultos podem tomar 26 ½ colher (de café). O tratamento deve ser repetido após 10 dias, devendo-se observar durante e após ele, os cuidados de higiene pessoal e familiar. Indicações: espasmo, gases, vermes. 2) Capim-cidreira - Nome científico: Cymbopogon citratus. Figura 3 Capim-cidreira (folhas) Nomes alternativos: Capim-santo, capim-limão, capim-cidró, capim-cheiroso, cidreira. Descrição: Com origem no sudoeste asiático, é uma planta frondosa e robusta que cresce formando touceiras. As folhas têm coloração verde-clara, são cortantes ao tato e muito longas, podendo atingir mais de um metro de comprimento. A planta exala um aroma característico que lembra o do limão e é cultivada em vários estados brasileiros. O óleo essencial é valorizado no mercado nacional e internacional e tem várias aplicações, especialmente na indústria cosmética. Outras espécies de plantas, como a Melissa officinalis L e a Lippia Alba, por exemplo, também são conhecidas como erva-cidreira ou capim-cidreira, no entanto, têm indicações e propriedades diferentes. Parte utilizada: Folhas. Uso medicinal: Indicada para cólicas intestinais e uterinas e como um calmante suave nos casos de ansiedade ou insônia. Modos de uso: Chá de infusão das folhas. 27 Cuidados e contraindicações:Pode aumentar o efeito de medicamentos sedativos ou calmantes e ser abortivo em doses concentradas. Efeitos colaterais: desconhecido 3) Boldo-sete-dores. Nome científico: Plectranthus barbatus Figura 4 Boldo-sete-dores Nome popular: Boldo-de-jardim, boldo-africano, boldo-silvestre, falso-boldo, malva-santa, malva-amarga e sete-dores. Origem: Índia, mas muito cultivado no Brasil. Características: É um arbusto de até 1,5 metro de altura com folhas levemente serrilhadas, pilosas, verde-fosco. Ambiente: Gosta de ambientes com temperaturas médias, bem iluminados e solos férteis e bem drenados. Uso medicinal: Má digestão, azia e males do fígado. Partes usadas: Folhas frescas. Dosagem: 20 gramas de folhas frescas, maceradas, por litro de água. Tomar 4 ou 5 xícaras por dia. Observação: Muitas pessoas confundem o boldo-sete-dores com o boldo-do-Chile, usado para mesmos fins e que será abordado em outro artigo. 28 4) Babosa: Nome científico: Aloe vera. Figura 5 Babosa Serve para ajudar no tratamento da acne, queda de cabelo, anemia, artrite, dor de cabeça, dor muscular, queimaduras, feridas, gripe, insônia, pé de atleta, problemas de pele, inflamações, prisão de ventre e problemas digestivos. A babosa é uma planta medicinal, também conhecida como Aloé vera, Caraguatá, Erva babosa, Babosa de botica ou Babosa de jardim, que pode ser utilizada em tratamentos de beleza em forma de gel, mas também em problemas de saúde, como infecções. Propriedades da babosa: As propriedades da babosa incluem sua ação laxante, adstringente, anestésica, anticancerígena, anti-hemorrágica, anti-inflamatória, bactericida, cicatrizante, hidratante e fungicida. As partes utilizadas da babosa são as suas folhas e a sua seiva. Efeitos colaterais da babosa Os efeitos colaterais da babosa incluem dor abdominal, diarreia, inflamação dos rins, ressecamento da pele, desmaio, hipotensão e nefrite. Contra indicações: para crianças, grávidas e durante a amamentação, assim como em pacientes com inflamações no útero ou ovários, hemorroidas, fissuras anais, pedras na bexiga, varizes, apendicite, prostatite, cistite, disenterias e nefrite. 29 Atenção: É muito importante que o indivíduo certifique-se de que a babosa é a do tipo Barbadensis miller, pois esta é a mais indicada para o consumo humano. As outras podem ser tóxicas e não devem ser consumidas. 5) Alecrim- nome científico: Rosmarinus officinalis. Figura 6 Alecrim Os benefícios do chá de alecrim são, principalmente, melhorar a digestão, aliviar as dores de cabeça e o cansaço. Outros benefícios do chá de alecrim para a saúde podem ser: Diminuir os sintomas da TPM; Aliviar os sintomas da gripe, bronquite e dores de garganta; Promover o alívio de aftas, gengivites e estomatites; Ajudar a prevenir problemas de coração; Aumentar a capacidade de aprendizado; Auxiliar no tratamento de tendinites, dores articulares e lesões musculares. O grande impulso que proporciona à função cerebral só reforça a lista de benefícios do alecrim. Esta erva possui um longo histórico de cura. Popular como ingrediente principal em produtos de higiene pessoal, também pode ser usada para repelir pulgas e piolhos, ou tratar problemas capilares. O alecrim é tão versátil em suas propriedades que funciona como analgésico, adstringente, antidepressivo, antireumático, antisséptico, e antiespasmódico. Suas folhas são ricas em antioxidantes, que protegem nossas células contra os radicais livres. Estes, os responsáveis pelo surgimento do câncer e de doenças cardíacas, entre outros malefícios à saúde. O alecrim é cheio de estatísticas positivas em todo o planeta. Nos países onde seu uso é tradicional nas refeições diárias o câncer e as doenças degenerativas têm índices significativamente baixos. 30 Contraindicações e efeitos colaterais do alecrim Doses excessivas devem ser evitadas, vez que podem causar efeitos colaterais como dores de cabeça e convulsões. 6) Arnica- nome científico: Arnica montana; Figura 7 Arnica Planta muito utilizada na homeopatia para o tratamento de dores, contusões, artrite e reumatismo. Benefícios da arnica: A arnica tem substâncias anti-inflamatórias, portanto, é indicada para auxiliar na cicatrização de feridas, combater hemorragias de ferimentos superficiais, lesões musculares, rompimento de ligamentos, distensões musculares, contusões e até reumatismo. A planta ainda pode ser usada para clarear manchas roxas, como edemas e hematomas, para repelir insetos e amenizar coceiras causadas por eles, tratar verminoses, irritações de pele, cicatrizar furúnculos e até como desinfetante de ambientes. Além disso, tratamentos para oleosidade e queda de cabelo também usam a arnica. Contra indicações: Por ser extremamente tóxica, é importante que antes de ingerir o chá de arnica orientações de um profissional sejam buscadas. Porém, para uso externo só é preciso tomar cuidado com o sol. Sempre que fizer compressas de arnica ou passar o gel, tenha 31 certeza de que não há nenhum resquício da planta na pele antes de se expor ao sol, pois há risco de irritação e reação alérgica. Para a ingestão de chá, a super dosagem pode causar náuseas, vômitos, dores abdominais, tontura, tremores, aumento da pressão arterial, arritmias cardíacas e até o aborto espontâneo. 7) Camomila – nome científico: Chamomilla recutita (L.) Rauschert Figura 8 CamomilaNomes Populares: Camomila, Camomila-alemã, Camomila-comum, Camomila-da- alemanha, Camomila-húngara, Camomila-verdadeira, Camomila-vulgar, Macela-nobre, Margaça, Matricária. Benefícios: má digestão, sedativo, protetor térmico da pele, conjuntivite (não deve ser aplicado diretamente aos olhos, e sim, uma compressa do mesmo), dores musculares, stress, insônia (é comum à venda de travesseiros e máscaras para dormir com essência de camomila), diarreia, inflamações urinárias e gripes. Sendo um forte relaxante muscular, a infusão dessa erva pode ser utilizada para sanar sintomas de cólicas menstruais que afetam mulheres em seus períodos férteis, causando enjoos, vômitos e dores de cabeça. O chá de camomila é um agente relaxante desses sintomas, aliviando a tensão menstrual e uterina. 32 Uma curiosidade sobre o chá, é que este pode ser banalmente usado em cabelos, com intuito de deixá-los mais claros, atuando nos pigmentos do cabelo e deixando-o em tonalidade loura. É comum encontrar no mercado de cosméticos produtos para os cabelos, tendo a camomila como ingrediente principal. Contraindicação: Pessoas com rinite alérgica; Pacientes que utilizam medicamentos para tratamento de trombose, pois o chá pode aumentar a risco de hemorragia; Mulheres gestantes. 8)Nome Ginkgo biloba, Ginko Nome científico: Ginkgo biloba L. Figura 9 Ginko Biloba Nome popular: Gingko; Ginko, Árvore-avenca Família: Gimnospermae. Origem: China e Japão. Propriedades: Estimulação da circulação, dilatação de brônquios, antifúngico e antibacteriano. 33 Características: Árvore primitiva, decídua, de 6 a 10m de altura. É considerada fóssil vivo, por ser muito semelhante a encontradas em fósseis. No Brasil, floresce e frutifica somente nas regiões de altitude, onde é mais cultivada com planta ornamental, assim como em outras regiões de clima temperado do mundo. Parte usada: Folhas e sementes. Usos: Suas sementes são empregadas na medicina tradicional chinesa há séculos e mais recentemente suas folhas têm sido utilizadas na Europa e outras regiões do Ocidente. Suas folhas são amargas, adstringentes, possuindo a capacidade de dilatar os brônquios pulmonares e os vasos sanguíneos, e controlar as respostas alérgicas e estimular a circulação. Possui também propriedades antifúngicas e antibacterianas É empregada internamente no tratamento da asma, batimentos cardíacos irregulares, e tosse. No Brasil sua comercialização tem sido ampla na forma de cápsulas, para problemas circulatórios. Por promover maior circulação sanguínea no cérebro, é indicada para tratar sintomas de disfunção cerebral, melhorando a concentração e a memória, claudicação intermitente no ato de andar, vertigem e zumbido no ouvido. Seus principais constituintes químicos não são encontrados em nenhuma outra planta. Forma de uso / dosagem indicada: Suas folhas secas são moídas e ingeridas na forma de comprimidos ou em uma colher de sobremesa de suas folhas secas e moídas todos os dias. Cultivo: Pode ser multiplicada através de estaquia, colhendo-se estacas de ramos novos, enquanto a planta encontra-se dormente (sem folhas). 34 9) Tanchagem Nome científico: Plantago major L. Figura 10 Thanchagem Nome popular: Tanchagem, plantagem. Família: Plantaginaceae. Origem: Europa. Propriedades: Diurética (faz urinar), anti-diarréica, expectorante (elimina muco), hemostática (estanca sangue) e cicatrizante. Características: Pequena erva bianual ou perene, de 20 a 30 cm de altura. Cresce espontaneamente em terrenos baldios e pomares da região sul do Brasil, onde é considerada planta daninha. É, contudo, na medicina caseira que é mais conhecida, cujo uso originou-se na Idade Média na Europa. Devido a suas quantidades de proteínas, açúcares, vitaminas e minerais, junto à baixíssima probabilidade de toxidez, suas folhas foram classificadas como alimentícias. Parte usada: Folhas e flores. Usos: No Brasil é considerada diurética (faz urinar), anti-diarréica, expectorante, hemostática (estanca sangue) e cicatrizante, sendo empregadas contra infecções das vias respiratórias superiores, bronquite crônica e como auxiliar no tratamento de úlceras pépticas. Os indígenas 35 das Guianas usam o decocto de suas flores em mistura com a erva-de-santa-maria (Chenopodium abrosioides), para tratar problemas menstruais. São também empregadas nesse país, tanto as flores como as sementes contra conjuntivite e irritações oculares devidas a traumatismos. Forma de uso / dosagem indicada: A literatura etnofarmacológica recomenda tomar, em jejum, o chá de suas sementes, preparado adicionando-se água fervente em um copo contendo uma colher (de sopa) de sementes, e deixadas em maceração durante a noite como laxante e depurativo. Contra afecções da pele (acnes e espinhas) faz-se aplicação localizada sobre a área afetada, com chumaço de algodão embebido em seu chá, preparado com 2 colheres (de sopa) de folhas picadas em 1 copo de água em fervura durante 15 minutos, adicionando-se 1 colher (de sopa) de mel. Recomenda-se ainda a cataplasma de suas folhas amassadas e espalhadas sobre gaze, aplicada sobre feridas, queimaduras e picadas de insetos. Contra amigdalite, faringite, gengivite, estomatite, traqueíte e como desintoxificante das vias respiratórias de fumantes, é indicado fazer gargarejo de seu chá, 2 a 3 vezes ao dia, preparado adicionando-se água fervente a 1 xícara (de chá) contendo 2 colheres (de sopa) de folhas picadas. Nos países do Caribe esta planta é usada também no tratamento caseiro da hipertensão e de inflamações. Cultivo: A planta multiplica-se exclusivamente por sementes. 36 10) Carqueja Nome científico: Baccharis trimera (Less.) DC. Figura 11 carqueja Nome popular: Carqueja, Carqueja-do-mato, bacanta. Família: Compositae (Asteraceae) Origem: Sul e sudeste do Brasil. Propriedades: Hepatoprotetoras, digestivas, anti-úlcera, antiácida, analgésica, e antiinflamatória, hipoglicêmico (reduz glicose no sangue). Características: Subarbusto perene, de 50 a 80 cm de altura. Com os mesmos nomes populares e com características e propriedades similares são conhecidas as espécies B. articulata e B. uncinella. A planta é amplamente utilizada na medicina caseira brasileira, sendo utilizada pelos indígenas há séculos para o tratamento de várias doenças. As diferentes propriedades atribuídas a esta planta na medicina tradicional vem sendo estudadas e algumas já validadas pelos resultados positivos obtidos. Parte usada: Folhas e hastes. Usos: Tem sido empregada principalmente a problemas hepáticos (removendo obstruções da vesícula e fígado) e contra disfunções estomacais (melhorando a digestão) e intestinais (como vermífugo). Algumas publicações populares a recomendam ainda para o tratamento 37 de úlcera, diabetes, malária, anginas, anemia, diarréias, infla,ações da garganta, vermes, etc. Estudos comprovaram sua eficácia em suas propriedades hepatoprotetoras, digestivas, anti- úlcera, anti-ácida, analgésica, antiinflamatória, e hipoglicêmico (reduzindo o teor de açúcares no sangue). Forma de uso / dosagem indicada: É recomendada para afecções estomacais, hepáticas e intestinais, na forma de infusão, preparado adicionando-se água fervente a uma xícara (de chá) contendo 1 colher (de sopa) de suas hastes e folhas picadas, na dose de 1 xícara (chá) 3 vezes ao dia, 30 minutos antes das refeições. Obs: ressalta aqui que todos os dados e imagens, foram Comparados e retirados do site http://www.cultivando.com.br/.Juntamente com informações do livro "Plantas Medicinais No Brasil Nativas E Exóticas" 6. RESULTADOS De todas as residências visitadas, entrevistou-se 75 mulheres e 25 homens, totalizando 100 entrevistas. A faixa etária dos entrevistados variou entre 24 a 82 anos. Dentre estes 30% não fazem uso de nenhuma planta medicinal. Os moradores dos bairros entrevistados fazem uso variado de plantas que se encontram distribuído em 155 espécies e 36 famílias. As plantas foram encontradas nos quintais, jardins, plantadas em canteiros ou latas, sendo a maioria cultivada (Camargo, 1976). Destaca-se aqui, que a flora caseira é uma das fontes principais de consumo. Entre as plantas cultivadas, também foram citadas as que compõem as garrafadas, outras são compradas em lojas e barracas encontradas no centro comercial do município ou em casas de raizeiros. Muitas espécies são valorizadas devido à sua importância no tratamento de algumas doenças (Amorozo, 2002). É importante ressaltar que em relação aos informantes, pouco dos entrevistados não conhece e nem faz uso do termo "plantas medicinais" ou fitoterápicos e sim outros, como "planta que faz chá", "alguma erva, como erva cidreira" e, em alguns casos, dão até outros nomes se referindo a elas. Nas páginas a seguir serão amostradas em forma de tabelas as 10 espécies de plantas mais faladas pelos entrevistados de um dos dez bairros. 38 Nome popular Espécie Família Parte utilizada Forma de utilização Indicação medicinal Dosagem Fonte bibliográfica Babosa Aloe Vera L. Liliaceae Polpa da folha Folha sem a cutícula Supositório 1 pequeno pedaço por noite Albuquerque et al, 2005 Carqueja Baccharis trimera (Less) D.C. Asteraceae Folha Decocção Inflamação da garganta Gargarejo Albuquerque et al, 2005 Camomila Matricaria chamomilla L. Asteraceae Flores Infusão Calmante 3 a 4 vezes ao dia Albuquerque et al, 2005 j Mamacadela Brocimum gaudichaudi Moraceae Fruto e raiz Infusão Depurativo do sangue 3 a 4 vezes do dia Granja e Barros, 1982 Canela Cinnamomum zeylanicum Blume Lauraceae Folha e casca do caule Infusão Corrimento À vontade Albuquerque et al, 2005 Cravo Dianthus caryophyllus Cariofoliaceae Flores Infusão Gripe e resfriado À vontade Balbach Amora Morus nigra Moraceae Folha Infusão Reposição hormonal e calmante 3 vezes ao dia Balbach Erva cidreira Lippia alba Verbenaceae Folha Infusão Pressão À vontade Albuquerque et al, 2005 Arnica Solidago microglossa D.C. Compositae Folhas Infusão no álcool Machucados Sempre que necessário Martins et al, 2003 Cana de macaco Costus spicatus Sw Costaceae Astes Infusão Infecção de rins e bexiga À vontade Albuquerque et al, 2005 Alfavaca Ocimum gratissimum L. Lamiaceae Folhas Infusão Tosses 4 a 5 vezes ao dia Albuquerque et al, 2005 Cravo Dianthus caryophyllu s Cariofoliaceae Flores Infusão Náuseas e indigestão À vontade Albuquerque et al, 2005 Tabela 1 Bairro da Luz 39 Nome popular Espécie Família Parte utilizada Forma de utilização Indicação medicinal Dosagem Fonte bibliográ fica Barú Dipterix pteropus Faboideae Castanha Infusão no vinho branco Osteoporose 2x ao dia Granja e Barros, 1982 Sucupira Bowdichia virgilioides H.B. e K. Fabaceae Semente Infusão no vinho branco Osteoporose 2 vezes ao dia Albuquerque et al, 2005 Lima de bico Citrus bergamia Rutaceae Fruto Infusão no álcool Labirintite 20 gotas em um copo de água Lorenzi Babosa Aloe Vera L. Liliaceae Espinho Ingestão Hemorróidas 1 espinho em jejum todos os dias Albuquerque et al, 2005 Maracujá Passiflora edulis Sims. Passifloraceae Casca seca Pó na alimentação Colesterol 3 vezes ao dia Albuquerque et al, 2005 Alecrim Rosmarinus officinales L. Lamiaceae Folhas semente Infusão no álcool Dores nas pernas À vontade, quantas vezes necessário Albuquerque et al, 2005 Abacate Persea americana Mill. Lauraceae Semente Infusão no álcool Dores nas pernas À vontade, quantas vezes necessário Albuquerque et al, 2005 Orégano Origanum vulgare L. Lamiaceae Sementes Comprada Na alimentação A gosto Albuquerque et al, 2005 Laranja da terra Citrus aurantium Rutaceae Fruto Suco Caspas 3 vezes por semana Lorenzi Capim de cheiro Lippia alba Verbenaceae Folhas Chá (infusão) Pressão alta 3 vezes ao dia Albuquerque et al, 2005 Acerola Malpighia cocciferia Malpighiaceae Folhas Chá (infusão) Gripe, resfriado 3 vezes ao dia Lorenzi Erva cidreira Lippia alba Verbenaceae Folhas Chá (infusão) Calmante À vontade Albuquerque et al, 2005 Erva doce Pimpinella anisum L. Apiaceae Folhas sementes Chá (infusão) Estomago À vontade Albuquerque et al, 2005 Tabela 2 Bairro Canaã 40 Nome popular Espécie Família Parte utilizada Forma de utilização Indicação medicinal Dosagem Fonte bibliográfica Erva cidreira Lippia alba Verbenaceae Folhas e raízes Chá Calmante 3 vezes ao dia Albuquerque et al, 2005 Mastruz Chenopodiu m ambrosioides L. Chenopodiaceae Folhas Maceração Infecção e machucado 3 vezes ao dia Albuquerque et al, 2005 Hortelã Plectranthus amboinicus Lamiaceae Folhas Infusão Vermífugo 3 vezes ao dia Albuquerque et al, 2005 Algodoeiro Gossypium herbaceum Malvaceae Toda a planta Maceração Infecção uterina 3 vezes ao dia Balbach Alecrim Rosmarinus officinales L. Lamiaceae Folhas Infusão Falta de ar 3 vezes ao dia Albuquerque et al, 2005 Orégano Origanum vulgare L. Lamiaceae Sementes Comprada Na alimentação A gosto Albuquerque et al, 2005 Barbatimão Stryphnode ndron adstringes (Mart) Coville Mimosaceae Casca Decocção Infecção, câncer 5 vezes ao dia Albuquerque et al, 2005 Hortelã baiano Mentha x villosa Huds. (Lamiaceae) Folhas Xarope com rapadura Bronquite e gripe 1 colher 3 vezes ao dia Albuquerque et al, 2005 Tranchagem Plantago major T. Plantaginaceae Folhas Maceração em meio copo de água Garganta e ovário 4 vezes ao dia Martins et al, 2003 Algodoeiro Gossypium herbaceum Malvaceae Folhas Chá ou sumo Problemas na menstruação e antibiótico 3 vezes ao dia Balbach Tabela 3 Bairro Cabuçu 41 Nome popular Espécie Família Parte utilizada Forma de utilização Indicação medicinal Dosagem Fonte bibliográ -fica Erva cidreira Lippia alba Verbenaceae Folhas e raízes Infusão Calmante Várias vezes ao dia Albuquerque et al, 2005 Romã Punica granatum L. Punicaceae Casca da fruta Infusão Antibiótico, vermífugo Várias vezes ao dia Albuquerque et al, 2005 Goiabeira Psidium guajava L. Myrtaceae Folhas Infusão Diarréias Várias vezes ao dia Albuquerque et al, 2005 Catuaba Anemopaeg ma sp. Bignoniaceae Casca Decocção Nervosismo 3 a 4 vezes ao dia Albuquerque et al, 2005Cravo Dianthus caryophyllus Cariofoliaceae Flores Infusão Dor de cabeça e vertigem 2 vezes ao dia Albuquerque et al, 2005 Eucalipto Eucalyptus globullus Labill Myrtaceae Folhas verdes Infusão Gripe, expectorante 4 a 5 vezes ao dia Albuquerque et al, 2005 Guaco Mikania guaco Compositae Folhas Infusão Reumatismo e gota 1 xícara tomada aos goles Martins et al, 2003 Algodoeiro Gossypium herbaceum Malvaceae Folhas e flores Infusão Infecção de rins e bexiga 4 a 5 vezes ao dia Balbach Jurubeba Solanum paniculatu m L. Solanaceae Fruto Suco Inflamação do baço 1 a 2 copos ao dia Albuquerque et al, 2005 Sálvia Salvia sp. Lamiaceae Folhas Chá Calmante 5 vezes ao dia Albuquerque et al, 2005 Alecrim Rosmarinus officinales L. Lamiaceae Folhas Chá Calmante 2 vezes ao dia Albuquerque et al, 2005 Carqueja Baccharis trimera (Less) D.C. Asteraceae Folhas Chá Colesterol 1 xícara 2 vezes ao dia Albuquerque et al, 2005 Tabela 4 Bairro comendador Soares , 42 Nome popular Espécie Família Parte utilizada Forma de utilização Indicação medicinal Dosagem Fonte bibliográ -fica Alho Allium sativum L. Liliaceae Bulbo Infusão com leite Vermífugo imunidade 4 a 5 vezes ao dia Martins et al, 2003 Erva cidreira Lippia alba Verbenaceae Folha Infusão Calmante e dor de garganta 3 a 4 vezes ao dia Albuquerque et al, 2005 Carqueja Baccharis trimera (Less) D.C. Asteraceae Folhas Decocção Anemia e ma circulação 4 a 5 vezes ao dia Albuquerque et al, 2005 Guaco Mikania guaco Compositae Toda a planta Infusão Febre, gota e reumatismo 1 xícara por dia aos goles Martins et al, 2003 Arnica Solidago microglossa D.C. Compositae Folhas Infusão no álcool Machucados Sempre que necessário Martins et al, 2003 Unha-devaca Bauhinia forficata Link Leguminosae Folhas Decocção Elefantíase 2 vezes ao dia Martins et al, 2003 Alfavaca Ocimum gratissimu m L. Lamiaceae Folhas Infusão Ardor ao urinar 4 a 5 vezes ao dia Albuquerque et al, 2005 Poejo Mentha pulegium L. Labiatae Folhas Infusão Acidez estomacal, diarréia e enjôo 4 a 5 vezes ao dia Martins et al, 2003 Hortelã Plectranthu s amboinicus Lamiaceae Folhas e flores Infusão Icterícia, cólicas uterinas e tremedeiras 4 a 5 vezes ao dia Albuquerque et al, 2005 Transagem Plantago major T. Plantaginaceae Folhas Infusão Inflamação da garganta 4 vezes ao dia Martins et al, 2003 Losna Artemísia vulgares L. Asteraceae Folhas Infusão Estômago e fígado 1 colher de sopa de 1em 1 hora Albuquerque et al, 2005 Manjericão Ocimum basilicum L. Laminaceae Folha Decocção Gripe e digestão 1 xícara três vezes ao dia Albuquerque et al, 2005 Confrei Symphytum officinale L. Borraginaceae Folha Maceração Problemas da pele, cicatrizantes Usar 2 vezes ao dia Albuquerque et al, 2005 Erva-desanta- maria Chenopodiu m ambrosioides L. Chenopodiace ae Folhas Maceração Feridas Passar 3 vezes ao dia Martins et al, 2003 Carqueja Baccharis trimera (Less) D.C. Asteraceae Folhas Decocção Emagrecimento, controle do colesterol 2 xícaras ao dia Albuquerque et al, 2005 Tabela 5 Bairro Jardim Alvorada 43 Nome popular Espécie Família Parte utilizada Forma de utilização Indicação medicinal Dosagem Fonte bibliográfica Camomila Matricaria chamomilla L. Asteraceae Folhas Infusão Calmante 3 vezes ao dia Albuquerque et al, 2005 Alho Allium sativum L. Liliaceae Bulbo Infusão no álcool Pressão alta 25 gotas em meio copo de água3 vezes ao dia Martins et al, 2003 Limão Citrus limonum Rutaceae Casca Infusão Gripe 3 vezes ao dia Balbach Hortelã Plectranthu s amboinicus Lamiaceae Folhas Infusão Gripe Emagrecimento e culinária 3 vezes ao dia Albuquerque et al, 2005 Sabugueiro Sambucus nigra L. Caprifoliaceae Folhas Infusão Gripe 3 vezes ao dia Albuquerque et al, 2005 Erva cidreira Lippia alba Verbenaceae Folhas e raízes Infusão Gripe 3 vezes ao dia Albuquerque et al, 2005 Melissa Melissa officinales Labiatae Folhas Infusão Estomago 3 a 4 xícaras ao dia Martins et al, 2003 Alfavaca Ocimum gratissimu m L. Lamiaceae Folhas Infusão Calmante 3 a 4 vezes ao dia Albuquerque et al, 2005 Funcho Foeniculum vulgare Umbelliferae Semente Infusão Cólicas 3 a 4 vezes ao dia Martins et al, 2003 Babosa Aloe Vera L. Liliaceae Folha In natura Queimaduras e queda de cabelo À vontade Albuquerque et al, 2005 Mentrasto Ageratum conyzoides L. Compositae Toda planta Infusão Cólicas e diarréia 4 a 5 vezes ao dia Martins et al, 2003 Arnica Solidago microglossa D.C. Compositae Folhas Infusão no álcool Machucados Sempre que necessário Martins et al, 2003 Alfazema Hyptis sp. Lamiaceae Toda a planta Infusão Asma, enxaqueca e nervosismo 3 a 4 vezes ao dia Albuquerque et al, 2005 Algodoeiro Gossypium herbaceum Malvaceae Raiz Decocção Infecção urinaria 3 a 4 vezes ao dia Balbach Tabela 6 Bairro Ouro Verde 44 Nome popular Espécie Família Parte utilizada Forma de utilização Indicação medicinal Dosagem Fonte bibliográfica Avenca Adianthum capillusveneres L. Polipodiaceae Folhas Infusão Catarro, rouquidão e laringite. 8 a 10 colheres de sopa, meia hora antes das refeições Martins et al, 2003 Goiaba Psidium guajava L. Myrtaceae Folhas Decocção Diarréias Varias vezes ao dia Albuquerque et al, 2005 Barbatimão Stryphnode ndron adstringes (Mart) Coville Mimosaceae Casca seca Decocção Diarréias 4 a 5 vezes ao dia Albuquerque et al, 2005 Sete dores Coleus barbatus Benth Labiatae Folhas Infusão Dores de cabeça e estomago 3 vezes ao dia Martins et al, 2003 Alfavaca Ocimum gratissimu m L. Lamiaceae Folhas Infusão Dores de cabeça e garganta 3 vezes ao dia Albuquerque et al, 2005 Erva cidreira Lippia alba Verbenaceae Folha e raiz Infusão Garganta À vontade Albuquerque et al, 2005 Romã Punica granatum L. Punicaceae Casca seca Infusão Garganta Gargarejar 3 vezes ao dia Albuquerque et al, 2005 Sucupira Bowdichia virgilioides H. B. E K. Fabaceae Semente Macerado em 1 litro de pinga Garganta Gargarejar 3 vezes ao dia (1 colher em 1 copo de água) Albuquerque et al, 2005 Arnica Solidago microglossa D.C. Compositae Folhas Infusão no álcool Machucados Sempre que necessário Martins et al, 2003 Guaco Mikania guaco Compositae Folhas Chá (infusão) Garganta 3 a 4 vezes ao dia Martins et al, 2003 Romã Punica granatum L. Punicaceae Casca Infusão Garganta 3 vezes ao dia Albuquerque et al, 2005 Erva cidreira Lippia alba Verbenaceae Folhas Infusão Calmante À vontade Albuquerque et al, 2005 Arnica Solidago microglossa D.C. Compositae Folhas e flores Infusão no álcool Feridas, dores lombares e reumáticas. Passar quantas vezes for necessário Martins et
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