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CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – CURSO REGULAR PROFESSOR RICARDO ALEXANDRE www.pontodosconcursos.com.br 1 Olá, colegas concurseiros! O professor Vicente Paulo possui uma frase que se tornou célebre: “demora-se mais para se aprender a estudar do que para se passar numa prova de concurso público”. O candidato persistente acaba por ser aprovado: sempre! A diferença é em quanto tempo. Ele pode aprender da maneira mais demorada, a tentativa e erro. A cada concurso ele percebe mais alguns erros de sua preparação. Outra alternativa, bem mais viável, é aproveitar a experiência de quem já trilhou o caminho. É esse o serviço que o Ponto dos Concursos tem oferecido aos candidatos. Ensinar o caminho das pedras. Cada professor já foi candidato, sabe onde o sapato lhe apertou e o melhor e mais rápido caminho para o sucesso. A grande diferença agora é que o tempo passa a ser um aliado, não mais um inimigo. Ao invés de se correr desesperadamente às vésperas da prova para ver todo o programa, o Ponto propicia ao candidato a possibilidade de estudar com os melhores professores do País, antes da liberação do Edital. O William Douglas, grande especialista em preparação, fez – aqui no Ponto - uma feliz comparação entre estudar para concurso e entrar numa fila, esperando a hora da aprovação. Os melhores vão sendo aprovados, a fila vai andando, a vez do persistente sempre chega. Estudar antecipadamente, quando ainda não há edital na praça, é correr pra fila antes da repartição abrir. Quando o edital for lançado, quem se preparou antes estará bem à frente. À frente, inclusive, de quem antes estava melhor posicionado, não passou no concurso anterior e... relaxou esperando o próximo certame. Coitado! Estava lá na frente, foi atropelado pelos concorrentes e, pra ele, parece que a fila não andou. É com muita alegria que embarco nesse projeto. Tenho certeza, que, no próximo resultado de concurso da área fiscal, terei a caixa postal repleta com mensagens em que constam aquela deliciosa frase, que já afirmei na parte aberta do site ser a mais gratificante para um professor de curso preparatório para concursos públicos. O “Professor, passei” AULA ZERO: TRIBUTO 1.0 - Definição de Tributo A doutrina é rica em diversas definições de Tributo. A título de exemplo, no seu premiado Direito Tributário Brasileiro, Luciano Amaro define tributo como “a prestação pecuniária não sancionatória de ato ilícito, instituída em lei e devida ao Estado ou a entidades não estatais de fins de interesse público”1. 1 Luciano Amaro, Direito Tributário Brasileiro, Ed. Saraiva,, 9.ª ed. P. 25 CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – CURSO REGULAR PROFESSOR RICARDO ALEXANDRE www.pontodosconcursos.com.br 2 Para os objetivos desse trabalho, é-nos importante ressaltar que, não obstante as críticas da doutrina, a definição de tributo tem sede legal. É o Código Tributário Nacional que nos traz a “definição oficial” de tributo e é por ela que vamos nos guiar. O Código Tributário Nacional (CTN), no seu art. 3º, define tributo nos seguintes termos: “Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.” Para um completo entendimento do tema, tal definição deve ser analisada em todos os seus aspectos. Prestação pecuniária, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir É impossível não perceber uma certa redundância na redação do dispositivo. Prestações pecuniárias são justamente aquelas em moeda. Alguns entendem que a expressão “ou cujo valor nela se possa exprimir” constituiria uma autorização para a instituição de tributos in natura (em bens) ou in labore (em trabalho, em serviços), uma vez que bens e serviços são suscetíveis de avaliação em moeda. Assim, se a alíquota do imposto de importação incidente sobre determinada bebida fosse de 50%, o importador, ao adquirir mil garrafas, poderia deixar quinhentas na alfândega a título de tributo; ou, como já aceito por alguns Municípios, seria permitido ao devedor de IPTU quitar suas dívidas pintando prédios públicos ou podando algumas árvores espalhadas pela cidade (!) As situações beiram o cômico e ilustram a impossibilidade. Ressaltamos que apesar de a Lei Complementar nº 104/01 ter acrescentado o inciso XI ao art. 156 do CTN permitindo a dação em pagamento de bens imóveis como forma de extinção do crédito tributário, não podemos tomar tal autorização como regra e estendê-la a outros casos, isto porque o próprio CTN diz que o crédito tributário só se extingue nas hipóteses nele previstas (art. 141). Vários doutrinadores dizem o contrário (a lista seria exaustiva), mas isso colide com disposição expressa do CTN. Nesse ponto, também é importante ressaltar que o art. 162, também do CTN, ao enumerar as formas de pagamento do tributo, só se refere a situações em que, direta ou indiretamente, o adimplemento da dívida é feito em dinheiro. De uma maneira mais clara, poderíamos afirmar que o pagamento é sempre feito em dinheiro (moeda corrente) e as demais hipóteses previstas no art. 162 apenas trazem mecanismos para a realização desse pagamento (cheque, vale postal), ou diferentes formas de comprová-lo (estampilha, papel selado, processo mecânico). Não obstante tal raciocínio, entendemos que a expressão “ou cujo valor nela se possa exprimir” possui duas outras utilidades, quais sejam: CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – CURSO REGULAR PROFESSOR RICARDO ALEXANDRE www.pontodosconcursos.com.br 3 a) a autorização para uso de indexadores (como a UFIR – Unidade Fiscal de Referência usada pela União Federal antes da desindexação da economia após o Plano Real) e b) a autorização para pagamento de tributos com títulos da dívida pública, Concordamos com a primeira hipótese dada a conversibilidade imediata entre o indexador utilizado e a moeda corrente adotada no País. No tocante à segunda hipótese, apesar de entendermos plenamente possível o “pagamento” de tributo com títulos da dívida pública, tal hipótese de extinção configura, a rigor, compensação tributária prevista no art. 156, II, do CTN. O raciocínio é simples: se o contribuinte possui um título da dívida pública contra determinado ente federativo e deve tributo a este mesmo ente, as obrigações se extinguem até o montante em que se compensarem. Daí a necessidade de lei autorizativa para a utilização dos títulos da dívida pública na extinção do crédito tributário (CTN, art. 170) Prestação compulsória Já vimos que o tributo é receita derivada, cobrada pelo Estado no uso de seu poder de império. O dever de pagar o tributo é, portanto, imposto pela lei, sendo irrelevante a vontade das partes (credor e devedor). É verdade que somente a lei pode obrigar alguém a fazer ou deixar de fazer alguma coisa (CF, art. 5º, II); assim, toda obrigação tem a lei por fonte (ao menos mediata). Todavia, na obrigação tributária a lei é fonte direta e imediata, de forma que seu nascimento independe da vontade e até do conhecimento do sujeito passivo. A regra, sem exceção, é a compulsoriedade (obrigatoriedade) e não a voluntariedade. Prestação que não constitui sanção de ato ilícito É exatamente neste ponto que reside a diferença entre tributos e multas. Vimos que ambos são receitas derivadas, entretanto a multa é, por definição, justamente o que o tributo, também por definição, está proibido de ser: a sanção, a penalidade por um ato ilícito. Aqui, uma importantíssima observação. O dever de pagar tributo, veremos mais tarde, surge com a ocorrência, no mundo concreto, de uma hipótese abstratamente prevista em lei (o fato gerador). Assim, se alguém obtém disponibilidade econômicaou jurídica de rendimentos, passa a ser devedor do imposto de renda (CTN, art. 43), mesmo se esses rendimentos forem oriundos de um ato ilícito, ou até criminoso, como a corrupção, o tráfico ilícito de entorpecentes etc. A justificativa para o entendimento é que, nesses casos, não se está punindo o ato com o tributo (a punição ocorrerá na esfera penal, administrativa, civil), a cobrança ocorre porque o fato gerador (obtenção de rendimentos) aconteceu e CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – CURSO REGULAR PROFESSOR RICARDO ALEXANDRE www.pontodosconcursos.com.br 4 deve ser interpretado abstraindo-se da validade jurídica dos atos praticados (CTN, art.118, I). Alguns entendem que o Estado, ao tributar rendimentos oriundos de atividades criminosas estaria se associando ao crime e obtendo, imoralmente, recursos de uma atividade que ele mesmo proíbe. Entretanto, seria injusto cobrar imposto daquele que trabalha honestamente e conceder uma verdadeira “imunidade” ao criminoso. Nessa linha de raciocínio, o Supremo Tribunal Federal, ao julgar um caso sobre tráfico ilícito de entorpecentes, entendeu que, antes de ser agressiva à moralidade, a tributação de tais atividades é decorrência do princípio da isonomia fiscal, de manifesta inspiração ética (Habeas Corpus nº 77.530-4/RS) Esta possibilidade é conhecida na doutrina como principio do pecunia non olet (dinheiro não cheira). A expressão, hoje tão popular entre os tributaristas, surgiu de uma situação no mínimo curiosa: Um dos mais bem-sucedidos Imperadores romanos, Vespasiano instituiu um tributo – semelhante a nossa taxa - a ser cobrado pelo uso dos mictórios públicos (latrinas). Seu filho, o, à época, futuro Imperador Tito, não concordou com fato gerador tão “mal-cheiroso”. Ao tomar conhecimento das reclamações do filho, Vespasiano segurou uma moeda de ouro e lhe perguntou: Olet? (Cheira?). Tito respondeu: Non-olet (Não cheira). Não importava, portanto, se o “fato gerador”, lá na latrina, cheirava mal, o dinheiro de lá proveniente não mantinha o cheiro da origem. A sabedoria popular explicaria o pensamento de Vespasiano de outra forma: “dinheiro é dinheiro”. Aplicando a famosa lição histórica no nosso estudo, poderíamos afirmar que não importa se a situação é mal-cheirosa (irregular, ilegal ou criminosa), se o fato gerador ocorreu, o tributo é devido. Assim, a título de exemplo, para evitar o que aconteceu com Al Capone (condenado e preso por sonegação fiscal), o criminoso teria de informar os rendimentos do crime na declaração entregue à Receita Federal, sob pena de responder também pela sonegação fiscal (!) Prestação Instituída em lei Essa é uma regra sem exceção: o tributo só pode ser criado por lei (complementar ou ordinária) ou ato normativo de igual força (Medida Provisória). Isso decorre do princípio democrático: como a lei é aprovada pelos representantes do povo, podemos dizer, ao menos teoricamente, que o povo só paga os tributos que aceitou pagar. Tal idéia, no direito norte-americano, é manifestada no brocardo “No taxation without representation” (Não haverá cobrança de tributos sem representação). A representação exigida pela sentença é exatamente a aprovação da cobrança por meio dos representantes do povo (legalidade). CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – CURSO REGULAR PROFESSOR RICARDO ALEXANDRE www.pontodosconcursos.com.br 5 Dissemos que não há exceção à legalidade quanto à instituição de tributos, entretanto, conforme já afirmamos e aprofundaremos no momento adequado existem várias exceções ao princípio quanto à alteração de alíquotas (ex. II, IE, IPI , IOF e CIDE-combustíveis). Prestação cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada A vinculação da atividade de cobrança do tributo decorre do fato de ser ele instituído por lei e configurar-se como uma prestação compulsória. Por óbvio a autoridade tributária não pode analisar se é conveniente, se é oportuno cobrar o tributo. A cobrança é feita de maneira vinculada, sem concessão de nenhuma margem de discricionariedade ao administrador. Mesmo que o fiscal, o auditor ou o procurador se sensibilizem com uma situação concreta, devem cobrar o tributo, podem até fazê-lo aos prantos, mas têm de cobrar. Só mais um detalhe. Além do sentido acima explicado, as palavras vinculado/vinculada aparecem com dois outros significados em Direito Tributário. São eles: a) os tributos são classificados em vinculados e não- vinculados (dependendo de ser necessário ou não que o Estado realize alguma atividade relativa ao contribuinte) e b) existem tributos cuja arrecadação é vinculada, só podendo ser gasta com determinadas despesas, como os empréstimos compulsórios (ver CF, art. 148, parágrafo único), ao contrário, existem tributos cuja regra é exatamente oposta, como os impostos (CF, ar. 167, IV). Esses conceitos serão aprofundados no momento adequado. 2.0 - Os Tributos em Espécies A controvérsia sobre a classificação dos tributos em espécies fez com que surgissem três principais correntes a respeito do assunto: a primeira, a TRIPARTIDA, TRICOTÔMICA ou TRIPARTITE que divide os tributos em impostos, taxas e contribuições de melhoria; a segunda, a PENTAPARTIDA ou QUINQÜIPARTIDA, que a estes acrescenta os empréstimos compulsórios e as contribuições especiais previstas no art. 149 e 149-A da Constituição Federal e a TETRAPARTIDA ou QUADRIPARTIDA, que simplesmente junta todas as contribuições num só grupo, de forma que os tributos seriam impostos, taxas, contribuições e empréstimos compulsórios. A Constituição Federal, no seu artigo 145, dispõe que a União, os Estados e o Distrito Federal poderão instituir impostos, taxas e contribuições de melhoria. Da mesma forma, o Código Tributário Nacional – CTN prescreve, no seu art. 5º, que os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria. Tudo isso faz parecer que o ordenamento jurídico brasileiro adotou uma concepção tripartite das figuras tributárias, deixando de lado as demais classificações. CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – CURSO REGULAR PROFESSOR RICARDO ALEXANDRE www.pontodosconcursos.com.br 6 Ao se deparar com o tema, o Supremo Tribunal Federal tem adotado a teoria da pentapartição, motivo pelo qual, durante todo o nosso curso, seguiremos essa linha. Apesar disso, é extremamente importante deixar claro que mesmo os adeptos da teoria da tripartição dos tributos, entendem que as contribuições especiais e os empréstimos compulsórios são tributos, enquadrando-se como taxa ou imposto, dependendo da análise do seu fato gerador. 2.1 – A Determinação da Natureza Jurídica Específica do Tributo Nos termos do art. 4º CTN, a natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la a denominação e demais características formais adotadas pela lei, bem como a destinação legal do produto da sua arrecadação. A análise do fato gerador do tributo é feita sob a ótica da classificação dos tributos como VINCULADOS ou NÃO-VINCULADOS (ressaltamos que, aqui, estamos adotando a expressão “vinculado”, num sentido completamente diferente daquele utilizado na definição de tributo, pois a atividade de cobrança de todo e qualquer tributo é sempre vinculada, entretanto, os tributos, como passaremos a explicar, são classificados como vinculados ou não-vinculados). A coisa é bastante simples. Para classificarmos um tributo qualquer quanto ao fato gerador (hipótese de incidência), devemos nos perguntar se o Estado tem de realizar, para validar a cobrança, alguma atividade específica relativa ao sujeito passivo (devedor). Se a resposta for negativa, trata-se de um tributo não-vinculado; se for positiva, o tributo é vinculado (pois sua cobrança se vincula a uma atividade Estatal especificamente voltadaao contribuinte). Assim, todos os impostos são não-vinculados. Se alguém obtém rendimentos, passa a dever imposto de renda; se presta serviços, deve ISS; se é proprietário de veículo, deve IPVA. Reparemos que em nenhum desses casos o Estado tem de realizar qualquer atividade referida ao contribuinte. Daí a assertiva, correta e muito comum em doutrina, de que o imposto é um tributo que não goza de referibilidade. Aliás, justamente pelo fato de ser um tributo não- vinculado a qualquer atividade, deixa de ser argumento juridicamente relevante (apesar de politicamente sê-lo) afirmar que “não deveríamos pagar IPTU, caso as avenidas da nossa cidade estejam esburacadas”. Note-se que o CTN, no seu artigo 16, define imposto como sendo o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte. Ora, pelo exposto, essa seria uma definição precisa de tributo não-vinculado. Portanto, o imposto é o tributo não-vinculado por excelência. Já as taxas e contribuições de melhoria são, claramente, tributos vinculados, como passamos a demonstrar. O art. 145, II , da CF deixa claro que para a cobrança de uma taxa o Estado precisa exercer o poder de polícia ou disponibilizar ao contribuinte um serviço público específico e divisível. CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – CURSO REGULAR PROFESSOR RICARDO ALEXANDRE www.pontodosconcursos.com.br 7 Da mesma forma, a cobrança de contribuição de melhoria depende de uma anterior atividade Estatal. É necessário que o ente federativo (União, Estado, DF ou Município) realize uma obra pública da qual decorra valorização imobiliária. Assim, se adotássemos a teoria tripartida, o problema da identificação da natureza jurídica específica do tributo estaria resolvido. Se o tributo for não- vinculado, é um imposto; se for vinculado, ou é taxa ou contribuição de melhoria. Como o fato gerador desta contribuição é inconfundível (valorização imobiliária decorrente de obra pública), temos que a classificação estaria imune a confusões. Todavia, apesar de tecnicamente superior, a doutrina adotada pela escola tricotômica, traz alguns “problemas” práticos inviabilizando, por vezes, algumas manobras que a malsinada “sede arrecadatória do Estado” parece exigir. Poderíamos citar dois exemplos: a) após a Emenda Constitucional nº 33, a Constituição passou a prever que afora ICMS, II e IE, nenhum outro imposto – antes se falava nenhum outro tributo – poderá incidir sobre algumas operações, dentre elas as relativas a combustíveis no País (CF, art. 155, §3º). O principal objetivo da alteração foi possibilitar a incidência da denominada CIDE-combustíveis. Se seguíssemos a escola tricotômica, a manobra não seria possível, pois tal contribuição, tendo por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica relativa ao contribuinte, seria um imposto; e a cobrança, inconstitucional. b) é entendimento pacífico e sumulado do STF que o serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa (Enunciado da Súmula 670). A fundamentação para o posicionamento é que o serviço, sendo de caráter geral (uti universi), prestado a pessoas indeterminadas (ou, ao menos, indetermináveis), não atende aos requisitos de especificidade e divisibilidade, devendo ser remunerado com a arrecadação dos impostos. Visando a driblar o entendimento, foi promulgada a EC 39/2002, conferindo competência aos Municípios e ao Distrito Federal para instituir uma contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública. Novamente, se seguíssemos a escola tricotômica, a cobrança seria impossível, uma vez que, em virtude de o fato gerador da exação ser uma atividade estatal (serviço de iluminação pública), o tributo é vinculado, não podendo ser considerado imposto. Também não poderíamos considerá-lo uma contribuição de melhoria, que tem fato gerador peculiar. Resta-nos dizer que a nova exação é a velha “taxa de iluminação pública”, travestida numa roupagem de “contribuição”. Também aqui pairaria a suspeita de inconstitucionalidade, pois apesar de a previsão decorrer de Emenda à Constituição, seria plausível a tese de que violaria limitação constitucional ao poder de tributar e garantia individual do contribuinte – portanto cláusula pétrea –, acarretando a impossibilidade de cobrança de tributo destinado especificamente a custear serviço público não específico ou indivisível. Assim, vê-se que a adoção da pentapartição das espécies tributárias, antes de ser tecnicamente sofrível, é bastante conveniente aos “interesses” arrecadatórios estatais. CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – CURSO REGULAR PROFESSOR RICARDO ALEXANDRE www.pontodosconcursos.com.br 8 Nesse ponto, surge um problema difícil de contornar. Se compararmos as contribuições para financiamento da seguridade social até hoje criadas com os impostos, perceberemos que os fatos geradores não servem para distinguir as duas figuras tributárias (o FG do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas - IRPJ é praticamente idêntico ao da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, p. ex.), as diferenças perceptíveis são, apenas, o nome e a destinação do produto da arrecadação, ambos critérios considerados irrelevantes pelo citado art. 4º do CTN. A única maneira de diferenciá-los e de “salvar” a teoria da pentapartição é considerar que tal art. 4º não é mais aplicável às contribuições especiais (que englobam, como subespécie, as de financiamento da seguridade social) e aos empréstimos compulsórios (estes só se distinguem das demais espécies pelo fato de serem – ou, ao menos, deverem ser - restituíveis e... pelo destino da arrecadação!). Um último aspecto é digno de nota. Em virtude de a Constituição Federal, no art. 145, §2º, proibir que as taxas tenham bases de cálculo próprias de imposto, podemos concluir que, além do fato gerador, torna-se necessário, também avaliar a base de cálculo para decifrar sua natureza jurídica. Dessa forma, um cotejo entre base de cálculo e fato gerador é o melhor método para o deslinde da questão. ATENÇÃO. Nas provas de concurso público, a questão dos aspectos a serem considerados para identificar a natureza jurídica específica do tributo tem sido cobrada de três formas: 1. De maneira literal. Exemplo: (ESAF/PROCURADOR FORTALEZA/2002) Para conhecimento da natureza específica das diversas espécies tributárias previstas no Sistema Tributário Nacional, é essencial o exame do fato gerador da respectiva obrigação, tendo em vista que, à luz do Código Tributário Nacional, a natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: a denominação e demais características formais adotadas pela lei e a destinação legal do produto da sua arrecadação. (CERTO) 2. Fazendo uma análise combinada do art. 145, §2º, da CF com o art. 4º do CTN. Exemplo: (PROCURADOR DO ESTADO RN/ 2002) A natureza jurídica específica de um tributo é dada pelo cotejo entre o seu "fato gerador” e a sua base de cálculo. (CERTO) 3. Em questões de nível mais elevado, exigindo que o candidato conheça que a adoção da classificação pentapartida dos tributos, como faz o direito brasileiro, CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – CURSO REGULAR PROFESSOR RICARDO ALEXANDRE www.pontodosconcursos.com.br 9 implica, necessariamente, a inaplicabilidade às contribuições especiais e aos empréstimos compulsórios do art. 4º do CTN. Exemplo: (CESPE/PROCURADOR INSS/1999) As contribuições sociais, consoante a doutrina contemporânea majoritária, ostentam natureza tributária, aplica-se- lhes, portanto, a disposição – contida no Código Tributário Nacional (CTN) – segundo a qual a natureza jurídica específica do tributo é determinada pela hipótese de incidência darespectiva obrigação, sendo irrelevante para qualificá-la a destinação do produto da sua arrecadação (ERRADO) 3.0 – Os Impostos Vimos, que os tributos podem ser vinculados ou não-vinculados, dependendo da necessidade ou não de o Estado realizar alguma atividade específica relativa ao contribuinte para legitimar a cobrança. Quando o tributo é vinculado, o ente tributante competente para instituí-lo é justamente aquele que realiza a respectiva atividade estatal. Assim, quem realiza a obra da qual decorre valorização imobiliária cobra a contribuição de melhoria; quem presta o serviço público específico e divisível ou exerce o poder de polícia cobra a taxa. Os impostos são, por definição, tributos não-vinculados que incidem sobre manifestações de riqueza do sujeito passivo (devedor). Justamente por isso, o imposto se sustenta sobre a idéia da solidariedade social. As pessoas que manifestam riqueza ficam obrigadas a contribuir com o Estado fornecendo-lhe os recursos que este precisa para buscar a consecução do bem-comum. Assim, aqueles que obtêm rendimentos, vendem mercadorias, são proprietários de imóveis em área urbana, devem contribuir respectivamente com a União (IR), com o Estados (ICMS) e com os Municípios (IPTU). Estes entes devem usar tais recursos em benefício de toda a coletividade de forma que os que manifestaram riqueza compulsoriamente se solidarizem com toda a sociedade. Em resumo, as taxas e contribuições de melhoria têm caráter retributivo (contraprestacional) e os impostos, caráter contributivo. É extremamente importante perceber que os impostos não incorporam, no seu conceito, a destinação de sua arrecadação a esta ou aquela atividade estatal. Aliás, como regra, a vinculação de sua receita a órgão, fundo ou despesa é proibida diretamente pela Constituição Federal (ar. 167, IV – em que também constam as exceções). Portanto, além de serem tributos não-vinculados, os impostos são tributos de arrecadação não-vinculada. Sua receita presta-se ao financiamento das atividades gerais do Estado remunerando os serviços universais (uti universi) que, por não gozarem de referibilidade (especifidade e divisibilidade), não podem ser custeados por intermédio de taxas. A competência para instituir impostos é atribuída pela Constituição Federal de maneira enumerada e privativa a cada ente federativo. Assim, a União pode instituir os sete impostos previstos no art. 153 (II, IE, IR,IPI, IOF, ITR e IGF); os Estados e o DF, os três previstos no art. 155 (ITCD, ICMS e IPVA); e os Municípios e o DF, os três previstos no ar. 156 (IPTU, ITBI e ISS). Em princípio, essas listas são exaustivas (numerus clausus); entretanto, a União Federal CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – CURSO REGULAR PROFESSOR RICARDO ALEXANDRE www.pontodosconcursos.com.br 10 pode instituir, mediante lei complementar, novos impostos, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados na CF (art. 154, I). É a chamada competência tributária residual, que também existe para a criação de novas fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social (art. 195, §4º). Em ambos os casos, a instituição depende de Lei Complementar, o que impossibilita a utilização de medidas provisórias (CF, art. 62, §1º, III). Além da competência residual, a União detém a competência para criar, na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária (CF, art. 154, II). No uso dessa competência, denominada extraordinária, a União poderá delinear como fato gerador dos Impostos Extraordinários de Guerra – IEG praticamente qualquer base econômica não-imune, inclusive as atribuídas constitucionalmente aos Estados, Municípios e DF (art. 155 e 156). Assim, seria possível, em caso de guerra externa ou sua iminência, a instituição de um ICMS extraordinário federal. Não seria um caso de invasão de competência estadual, pois a União estaria usando competência própria, expressamente atribuída pela Constituição Federal. Temos, aqui, o único caso de bitributação (cobrança do mesmo tributo, sobre o mesmo fato gerador, por dois entes tributantes diversos) constitucionalmente autorizado. Dessa forma, podemos afirmar que, no tocante a impostos, somente a União possui competência tributária privativa absoluta, pois no caso de guerra externa ou sua iminência ela está autorizada a tributar as mesmas bases econômicas atribuídas aos demais entes políticos. 3.1 - A criação dos impostos A Constituição Federal não cria tributos, apenas atribui competência para que os entes políticos o façam. Da mesma forma que os penalistas dizem que não há crime sem lei anterior que o defina, poderíamos afirmar que não há tributo sem lei anterior que o defina. Assim, apesar de a CF atribuir à União a competência para a criação do imposto sobre grandes fortunas, a inércia legislativa faz com que esse tributo não exista no nosso ordenamento jurídico. Enfim, para que sejam criados tributos, o ente tributante deve editar lei (ou ato normativo de igual hierarquia, diga-se Medida Provisória) instituindo-os abstratamente, ou seja, definindo seus fatos geradores, bases de cálculo, alíquotas, contribuintes. No tocante a impostos, todavia, a CF exige que lei complementar de caráter nacional defina os respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes (art. 146, III, a). Assim, para estas espécies tributárias, a amplitude da autonomia legislativa desfrutada pelos entes tributantes é menor, visto que condicionada por legislação nacional. Tudo isso visa a assegurar a uniformidade da incidência tributária em todo o território nacional, de forma a dar concretude ao princípio da isonomia. Apesar disso, é importante ressaltar que o STF entende aplicável ao exercício da competência tributária a regra de que quando a União deixa de editar CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – CURSO REGULAR PROFESSOR RICARDO ALEXANDRE www.pontodosconcursos.com.br 11 normas gerais, os Estados podem exercer a competência legislativa plena, conforme dispõe o art. 24, §3º da Constituição Federal (RE 191703 AgR / SP). Os casos submetidos ao Tribunal referiam-se ao IPVA, que, por ter sido previsto apenas na CF/67, não possui sequer menção no CTN, editado um ano antes . Sem previsão na nossa lei de normas gerais em matéria tributária (o CTN foi recepcionado pela CF/88 como lei complementar), alguns sustentaram, sem sucesso, a inconstitucionalidade do IPVA criado pelos Estados. 3.2 - Os impostos e o princípio da capacidade contributiva De acordo com a Constituição Federal, no seu artigo 145, § 1º, sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. O legislador constituinte, na redação do dispositivo, adotou a classificação dos impostos como REAIS ou PESSOAIS. Assim, são reais os impostos que, na sua incidência, não levam em consideração aspectos pessoais, aspectos subjetivos. Eles incidem objetivamente sobre determinada base econômica, incidem sobre coisas. A título de exemplo, poderíamos citar o IPTU, o IPVA, o ITR, o IPI, o ICMS. Dessa forma, se um sujeito passa todo um ano juntando dinheiro para comprar o sonhado televisor, vai pagar, embutido no preço, o mesmo valor de ICMS que o milionário que comprou um aparelho idêntico para incrementar o quarto da empregada. Ao contrário, são pessoais os impostos que incidem de forma subjetiva, considerando os aspectos pessoais do contribuinte. Nessa linha de raciocínio, a incidência doimposto de renda é personalizada, levando em conta a quantidade de dependentes, os gastos com saúde, com educação, com previdência social etc. O legislador ordinário, ao elaborar as leis que instituam impostos, deve obrigatoriamente verificar a possibilidade de conferir caráter pessoal ao tributo. Se a resposta for positiva, a pessoalidade é obrigatória. A finalidade clara do dispositivo é, também aqui, dar concretude ao princípio da isonomia, tratando diferentemente quem é diferente, na proporção das diferenças (desigualdades) existentes. É uma maneira de buscar a justiça social (redistribuir renda) utilizando-se da justiça fiscal (paga mais quem pode pagar mais). Frisamos que a Constituição não impõe a aplicação do princípio a todos os tributos, mas apenas aos impostos, e somente quando for possível (por óbvio). Justamente por isso, o CESPE, no concurso para Procurador Federal, realizado em 2002, considerou correta a seguinte assertiva: “Embora o princípio da isonomia aplique-se também à esfera tributária e se aproxime em muito do princípio da capacidade contributiva, nem todos os tributos são delineados na lei em função da capacidade econômica dos contribuintes” . Na mesma linha de raciocínio, a ESAF, no concurso para Procurador do Município de Fortaleza, também realizado em 2002, considerou incorreta, por tentar submeter à regra todas as espécies tributárias, a assertiva: “Em CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – CURSO REGULAR PROFESSOR RICARDO ALEXANDRE www.pontodosconcursos.com.br 12 consonância com os princípios gerais ditados pela Constituição Federal, referentes ao Sistema Tributário Nacional sempre que possível, os tributos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte.” (Grifei). Já a Fundação Carlos Chagas, seguindo sua sina de paixão pela literalidade, tem sido mais incisiva e, no concurso para Advogado da DESENBAHIA, no mesmo ano de 2002, considerou correta a afirmação: “É certo que o princípio da capacidade contributiva encontra-se intrinsecamente ligado ao da igualdade tributária e aplica-se apenas aos impostos, e não às taxas, empréstimos compulsórios e contribuição de melhoria.” Aqui, devemos ser bastante cuidadosos. Como comentaremos adiante, na análise das taxas, o Supremo Tribunal Federal entende que, apesar de previsto como de observância obrigatória apenas na criação dos impostos que possam observá-lo, nada impede que o princípio da capacidade contributiva seja levado em consideração na criação de taxas. 4.0 – As Taxas Segundo a Constituição Federal, a União, os Estados, o DF e os Municípios poderão instituir taxas, em razão do exercício do poder polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição (CF, art. 145, II – na mesma linha de raciocínio, conferir o art. 77 do CTN). O ente competente para instituir e cobrar a taxa é aquele que presta o respectivo serviço ou que exerce o respectivo poder de polícia. Como os Estados têm competência material residual, podendo prestar os serviços públicos não atribuídos expressamente à União Federal nem aos Municípios (CF, art. 25, §1º), a conseqüência é que, indiretamente, a Constituição Federal atribuiu a competência tributária residual para instituição de taxas aos Estados. Esse entendimento, apesar de controverso, já foi adotado pela ESAF no concurso para Fiscal de Tributos Estaduais do Pará (2002) quando foi considerada correta (após completarem-se as lacunas) a seguinte assertiva: “A Constituição Federal atribui a denominada competência residual ou remanescente, quanto aos impostos à União e, no que se refere às taxas e às contribuições de melhoria aos Estados-membros” Os contornos da definição constitucional deixam claro que as taxas são tributos retributivos ou contraprestacionais, uma vez que não podem ser cobradas sem que o Estado preste ao contribuinte, ou coloque à sua disposição, um serviço público específico e divisível. São dois os “fatos do Estado” que podem ensejar a cobrança de taxas: a) o exercício regular do poder de polícia, que legitima a cobrança da TAXA DE POLÍCIA; e b) a utilização, efetiva ou potencial de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição, que possibilita a cobrança de TAXA DE SERVIÇO. CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – CURSO REGULAR PROFESSOR RICARDO ALEXANDRE www.pontodosconcursos.com.br 13 4.1 - Taxas de Polícia As taxas de polícia têm por fato gerador o exercício regular do poder de polícia (atividade administrativa), cuja fundamentação é o princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado, que permeia todo o direito público. Assim, o bem-comum, o interesse público, o bem-estar geral podem justificar a restrição ou o condicionamento do exercício de direitos individuais. Nesse sentido, o CTN, no seu art. 78, conceitua poder de polícia como a atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. Para que seja possível a cobrança de taxas, o exercício do poder de polícia precisa ser regular, ou seja, desempenhado em consonância com a lei, com obediência ao princípio do devido processo legal e sem abuso ou desvio de poder (CTN, art. 78, parágrafo único). Por óbvio, a lista de interesses públicos fundamentais cuja proteção pode dar ensejo ao exercício do poder de polícia (acima transcrita) é meramente exemplificativa (numerus apertus), pois, com base na mesma fundamentação (supremacia do interesse público sobre o privado), outros interesses também podem ser protegidos. Observemos que a redação do art. 145, II da Constituição deixa claro que a possibilidade de cobrança de taxa por atividade estatal potencial ou efetiva refere-se apenas às taxas de serviço, de forma que só se pode cobrar taxa de polícia pelo efetivo exercício deste poder. Dessa forma, a título de exemplo, a taxa municipal de licença de localização e funcionamento pode ser cobrada quando da inscrição inicial, se o Município dispõe de órgão administrativo que fiscaliza a existência de condições de segurança, higiene etc (STF, RE 222.251 e STJ, Resp 152.476). Entretanto, é ilegítima a cobrança de tal taxa anualmente, a título de mera renovação sem que haja novo procedimento de fiscalização. O entendimento é o mesmo tanto no STF (RE 195.788,113.835 e 108.222) quanto no STJ (REsp 236.517 e 76.196). Também já passaram pelo crivo do STF, sendo consideradas legítimas, a taxa de fiscalização dos mercados de títulos e valores mobiliários (Súmula nº 665); a taxa de fiscalização e controle dos serviços públicos delegados (ADI 1.948- RS) e a taxa de fiscalização de anúncios (RE 216.207), todas fundamentadas no exercício do poder de polícia. 4.2 - Taxas de Serviço A criação das taxas de serviço só é possível mediante a disponibilização de serviços públicos que se caracterizem pela divisibilidade e especificidade. CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – CURSO REGULAR PROFESSOR RICARDO ALEXANDRE www.pontodosconcursos.com.br 14 Segundo o Código Tributário Nacional, os serviços são específicos quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de utilidade ou de necessidade públicas; são divisíveis quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários (Art. 79, incisos I e II). Assim, tanto é ilegítima acriação de uma “taxa de serviços gerais” - por faltar especificidade -, como a instituição de uma taxa de iluminação pública – por faltar divisibilidade. Ao se deparar com o assunto, o Supremo Tribunal Federal, adotando a classificação dos serviços públicos em GERAIS e ESPECÍFICOS, tem pacificamente entendido que os primeiros devem ser financiados com a arrecadação dos impostos, e os últimos com a das taxas. O raciocínio é bastante lógico. Se é certo que as taxas tem caráter retributivo (contraprestacional), para a sua cobrança é imprescindível que o Estado possa identificar quem são os beneficiários do serviço prestado. Nos serviços públicos gerais, também chamados universais (prestados uti universi) o benefício abrange indistintamente toda a população, sem destinatários identificáveis. Analisemos, a título de exemplo, o serviço de iluminação pública. Não há como identificar seus beneficiários (a não ser na genérica expressão “coletividade”). Qualquer eleição de sujeito passivo pareceria arbitrária. Todos os que viajem ao Recife, sejam oriundos de São Paulo, do Paquistão ou de qualquer outro lugar, utilizam-se do serviço de iluminação pública recifense, sendo impossível a adoção de qualquer critério razoável de mensuração do grau de utilização individual do serviço. Nessa linha de raciocino, o STF sumulou seu tranqüilo entendimento nos seguintes termos: “STF – Súmula 670 – O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado por taxa.” Ressaltamos que, após a Emenda Constitucional nº 39/2002, passou a ser possível aos Municípios e ao DF instituir contribuição de iluminação pública (CF, art. 149-A), o que não muda o posicionamento aqui esposado. A instituição de taxa de iluminação pública continua sendo ilegítima. Já nos serviços públicos específicos, também chamados singulares (prestados uti singuli), os usuários são identificados ou, ao menos, identificáveis. Sua utilização é individual e mensurável. A título de exemplo, poderíamos citar o serviço de coleta domiciliar de lixo cujos usuários são identificáveis e cuja utilização é, ao menos teoricamente, mensurável (poderíamos imaginar os veículos coletores equipados com balanças digitais que afeririam quanto cada contribuinte usa do serviço para que a taxa a ser paga a cada mês refletisse o efetivo uso). Para exercitar nosso raciocínio, comparemos duas taxas por vezes confundidas, uma legítima, outra não. A taxa pela coleta domiciliar de lixo, como visto acima, é constitucional. Já a taxa pela limpeza dos logradouros públicos é inconstitucional, pois o serviço, assim como o de iluminação pública, beneficia, indistintamente, toda a população; seus usuários são indetermináveis e sua utilização não é passível de mensuração. A conclusão seria idêntica se analisássemos os serviços de segurança pública, diplomacia, defesa externa CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – CURSO REGULAR PROFESSOR RICARDO ALEXANDRE www.pontodosconcursos.com.br 15 do país etc (para uma apreciação detalhada da tese encampada pelo STF, consultar o AgRg-AI 231.132). A cobrança de taxa de serviço, conforme já visto, pode ser feita em face da disponibilização ao contribuinte de um serviço público específico e divisível. Quando esse serviço é de utilização compulsória e é posto à disposição do contribuinte mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento, a taxa pode ser cobrada mesmo sem a utilização efetiva do serviço pelo sujeito passivo. É o que a lei denomina de utilização potencial (CTN, art. 79, I, b). Ressaltamos que o que pode ser apenas potencial é a utilização do serviço, jamais sua disponibilização. Por óbvio, não é possível a cobrança de taxa de esgoto em locais onde não há serviço de esgoto! Entretanto, imaginemos uma pessoa que possua um apartamento que utiliza apenas para dormir, não produzindo lixo algum. Nessa situação, apesar de não utilizar o serviço de coleta domiciliar de lixo, essa pessoa está sujeita à respectiva taxa se o serviço foi-lhe disponibilizado. 4.3 - A Base de cálculo das Taxas A Constituição Federal proíbe que as taxas tenham base de cálculo própria de impostos (art. 145, §1º). Já o Código Tributário Nacional dispõe que a taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto (art. 77, parágrafo único). Vê-se que a CF estabelece uma vedação mais rígida, mais ampla e tecnicamente superior à estatuída pelo CTN, uma vez que leva em consideração a existência de bases de cálculo próprias de taxas e bases de cálculos próprias de impostos. Assim, para cobrar um determinado imposto o Estado não precisa realizar qualquer atividade específica relativa ao contribuinte. Portanto, a base de cálculo deste imposto será uma grandeza econômica que não possui qualquer correlação de valor com o que o Estado gasta para a consecução de seus fins próprios. A título de exemplos, a base de cálculo do IPTU é o valor venal do imóvel; a do ITR, o valor da terra nua, grandezas que correspondem a manifestações de riqueza dos respectivos contribuintes, alheias ao custo de qualquer atividade estatal. Já no tocante a taxas, apesar de não ser possível, na maioria dos casos práticos, apurar-se com exatidão o custo do serviço público prestado a cada contribuinte, de forma a cobrar o mesmo valor a título de taxa, é extremamente necessário que exista uma correlação razoável entre esses valores. Numa situação ideal, o Estado conseguiria ratear o custo total despendido com a prestação do serviço entre os contribuintes beneficiários. Entretanto, para efeitos práticos não é necessária uma precisão matemática. O que não pode ocorrer é uma total desvinculação entre o custo do serviço prestado e o valor cobrado pelo Estado, pois, nunca é demais ressaltar, a taxa é um tributo vinculado a uma atividade estatal anterior e serve de contraprestação a esta, de forma que, se o Estado cobrar um valor acima do que gasta para a consecução da atividade, haverá um enriquecimento sem causa do Estado o que, por princípio, é algo que deve ser evitado. CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – CURSO REGULAR PROFESSOR RICARDO ALEXANDRE www.pontodosconcursos.com.br 16 Enfim, o entendimento é simples: se o tributo é vinculado, sua base de cálculo está ligada ao valor da atividade anteriormente exercida pelo Estado, sendo, idealmente a mensuração econômica dessa atividade; se é não-vinculado, a base de cálculo é uma grandeza econômica desvinculada de qualquer atividade estatal. Foi justamente com base nessa linha de raciocínio que o STF sumulou o seguinte entendimento: “STF – Súmula 595 : É inconstitucional a taxa municipal de conservação de estradas de rodagem cuja base de cálculo seja idêntica a do imposto territorial rural.” É importante notar que, apesar de não ter ficado claro no Enunciado transcrito, a cobrança da taxa de conservação de estradas não seria possível também por um outro motivo, cujos fundamentos já expedimos: a falta de especificidade e divisibilidade. Sobre este aspecto, esclarecedor é o seguinte excerto, da lavra do Ministro Ilmar Galvão: “... Dessa espécie, sem sombra de dúvida, é a taxa de conservação de estradas. A manutenção de tais bens públicos não representa um serviço específico prestado uti singuli, nem tampouco serviço divisível, já que insuscetível de ser mensurado em relação a cada integrante do universo indefinido de usuários do referido bem, para efeito de remuneração proporcional”.(RE 185.050-7) – Grifo consta do original. Voltando à questão das bases de cálculos, na mesma linha dos posicionamentos acima expendidos, o STF entende que as custas judiciais, por serem tributos da espécie taxa, cobrados para remunerar a prestação do serviço público específico e divisível da jurisdição (conceito amplo de serviço público), podem ser cobradas tendo por base de cálculo o valorda causa ou da condenação (custas ad valorem). Entretanto, se a alíquota for excessiva ou inexistir previsão de um teto (valor máximo absoluto), elas se tornam ilegítimas, por não guardarem qualquer correlação com o valor gasto pelo Estado para prestar o serviço e por configurarem uma maneira indireta de a lei excluir da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de lesão a direito, ferindo, portanto o princípio do livre acesso à jurisdição. Tal entendimento, já cediço, é hoje objeto da Súmula nº 667, do Supremo Tribunal Federal, conforme abaixo transcrito: “STF – Súmula 667 – Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a taxa judiciária calculada sem limite sobre o valor da causa.” Ainda no tocante às custas, é interessante relembrar que nem sempre elas foram cobradas sobre o valor da causa ou da condenação. No direito brasileiro, houve uma época em que as custas eram estipuladas com base no número de carimbos apostos no processso. Apesar de soar antiquada, a sistemática era bem mais condizente com o espírito do sistema tributário nacional, visto que uma maior quantidade de carimbos significava, uma maior quantidade de despachos e decisões proferidas durante o trâmite processual, de forma a gerar uma razoável proporcionalidade entre a “quantidade do serviço prestado” e o valor da taxa cobrada. CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – CURSO REGULAR PROFESSOR RICARDO ALEXANDRE www.pontodosconcursos.com.br 17 O STF tem se mantido nessa linha de raciocínio, apesar de, por vezes, utilizar- se de verdadeiros malabarismos interpretativos para vislumbrar, em casos um tanto obscuros, a existência da necessária correlação entre a base de cálculo da taxa e custo da atividade estatal que constitui sua hipótese de incidência. Um excelente exemplo disso foi o julgamento em que o Tribunal foi instado a se pronunciar sobre a taxa pela coleta domiciliar de lixo instituída pelo Município de São Carlos – SP. O ente tributante utilizou-se de uma maneira bastante curiosa de repartir os custos da prestação do referido serviço entre seus beneficiários. Foi feito um rateio proporcional à área construída de cada imóvel beneficiado. Houve contestação da cobrança com base nos argumentos acima expedidos, ou seja, sob a alegação de que não existe qualquer correlação entre a área construída de um imóvel e os valores despendidos pelo Estado para nele coletar lixo, ou com o grau de utilização do serviço por parte dos respectivos proprietários. Entretanto, o STF, ao analisar o tema (RE 232.393-SP), entendeu que “o fato de a alíquota da referida taxa variar em função da metragem da área construída do imóvel - que constitui apenas um dos elementos que integram a base de cálculo do IPTU - não implica identidade com a base de cálculo do IPTU, afastando-se a alegada ofensa ao art. 145, § 2º, da CF”. Na fundamentação do acórdão, o Tribunal acatou a presunção de que os imóveis maiores produzirão mais lixo que os imóveis menores, sendo justa a cobrança da taxa com valores proporcionais a essa utilização presumida do serviço. Por ser extremamente oportuno, verifiquemos o seguinte excerto do voto vencedor (Min. Carlos Velloso): “Numa outra perspectiva, deve-se entender que o cálculo da taxa de lixo, com base no custo do serviço dividido proporcionalmente às áreas construídas dos imóveis, é forma de realização da isonomia tributária, que resulta na justiça tributária (CF, art. 150, II). É que a presunção é no sentido de que o imóvel de maior área produzirá mais lixo do que o imóvel menor. O lixo produzido, por exemplo, por imóvel com mil metros quadrados de área construída, será maior do que o lixo produzido por imóvel de cem metros quadrados. A previsão é razoável e, de certa forma, realiza, também o princípio da capacidade contributiva do art. 145, § 1º, da C.F. que, sem embaraço de ter como destinatária (SIC)os impostos, nada impede que possa aplicar-se, na medida do possível, às taxas”. Esse posicionamento apesar de muito controverso e tem sido cobrado em provas de concursos públicos. O CESPE, como é de costume, utilizou-se do acórdão do STF e, no concurso para Consultor Legislativo da Câmara dos Deputados, realizado em 2002, elaborou uma questão que atrapalhou a maioria dos candidatos. A assertiva a ser analisada era a seguinte: “A taxa de lixo domiciliar que, entre outros elementos, toma por base de cálculo o metro quadrado do imóvel, preenche os requisitos da constitucionalidade, atendidos os princípios da isonomia tributária e da capacidade contributiva, ainda que o IPTU considere como um dos elementos para fixação de sua base de cálculo a metragem da área construída”. Para quem conhece o acórdão, fica fácil concluir que a afirmativa é VERDADEIRA. Um outro pequeno detalhe é digno de nota. No item 4.2, transcrevemos uma questão do concurso para Advogado da DESENBAHIA, realizado em 2002, na CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – CURSO REGULAR PROFESSOR RICARDO ALEXANDRE www.pontodosconcursos.com.br 18 qual a Fundação Carlos Chagas, ratificando seu apego à literalidade, considerou correta a afirmação: “É certo que o princípio da capacidade contributiva encontra-se intrinsecamente ligado ao da igualdade tributária e aplica-se apenas aos impostos, e não às taxas, empréstimos compulsórios e contribuição de melhoria.” Em face do expresso pronunciamento do Supremo Tribunal Federal no sentido de que nada impede que o princípio da capacidade contributiva seja aplicado às taxas, a assertiva deveria ser considerada incorreta. Sabemos que a FCC, como de praxe se apegou à redação literal do citado art. 145, §1º. Entretanto, acreditamos que se a redação da questão afirmar que o princípio não pode ser aplicado às taxas a coisa fica mais clara ainda e, mesmo se a banca for a FCC, a afirmação deve ser tomada por falsa. 5.0 - As Contribuições de Melhoria Em 1605 na Inglaterra, a coroa inglesa realizou uma obra de grande porte e com enorme dispêndio de dinheiro para retificar e sanear as margens do Rio Tâmisa, tornando-o mais navegável e estimulando o incremento da atividade econômica nas áreas ribeirinhas. Os proprietários dos imóveis localizados nessas áreas foram muito beneficiados, pois passaram a ter suas terras, antes sujeitas a freqüentes alagamentos, bastante valorizadas. Visando a sanar o enriquecimento sem causa, foi criado por lei um tributo (betterment tax), a ser pago pelos beneficiários, limitado ao montante da valorização individual. Nascia a contribuição de melhoria, até hoje responsável pelo financiamento de obras de grande vulto. A Constituição Federal de 1988, ao prever a possibilidade de a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituírem contribuições de melhoria, apenas declarou que elas decorrem de obras públicas (art. 145, III). Conforme já ressaltado, tais contribuições são tributos vinculados, uma vez que sua cobrança depende de uma específica atuação estatal, qual seja, a realização de uma obra pública que tenha como conseqüência um incremento de valor imobiliário. Assim, não é todo benefício proporcionado pela obra ao particular que legitima a cobrança da contribuição. A valorização imobiliária é fundamental. Nessa linha, o CESPE, na prova para Procurador Federal, realizada em 2004 propôs a seguinte assertiva, obviamente errada: “A contribuição de melhoria pode ser cobrada quando a construção de obra pública trouxer qualquer benefício para o contribuinte.” Como a contribuição é decorrente de obra pública e não para a realização de obra pública, não é legítima sua cobrança com o intuito de obter recursos a serem utilizados em obras futuras, de forma que a valorização só pode ser aferida após a conclusão da obra. Excepcionalmente, porém, o tributo poderá ser cobrado em face de realização de parte da obra, desde que a parcela realizada tenhainequivocamente resultado em valorização dos imóveis localizados na área de influência. CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – CURSO REGULAR PROFESSOR RICARDO ALEXANDRE www.pontodosconcursos.com.br 19 O fato gerador da contribuição de melhoria não é a realização da obra, mas sim sua conseqüência, a valorização imobiliária. A melhoria exigida pela Constituição é, segundo o STF, o acréscimo de valor à propriedade imobiliária dos contribuintes, de forma que a base de cálculo do tributo será exatamente o valor acrescido, ou seja, a diferença entre o valor inicial e final do imóvel beneficiado. Assim, para efeito de cobrança da exação, devemos considerar, necessariamente, melhoria como sinônimo de valorização. Nesse sentido, vejamos o seguinte excerto de lavra do Tribunal (RE 114.069-1/SP): “Sem valorização imobiliária decorrente de obra pública não há contribuição de melhoria, por que a hipótese de incidência desta é a valorização e a sua base de cálculo é a diferença entre os dois momentos: o anterior e o posterior à obra pública, vale dizer o quantum da valorização imobiliária.” Também no Superior Tribunal de Justiça, o entendimento tem sido o mesmo. Vejamos como ficou redigida a Ementa do Acórdão proferido no REsp 169.131/SP (Relatório Ministro José Delgado): “1 – A Entidade tributante ao exigir o pagamento de contribuição de melhoria tem de demonstrar o amparo das seguintes circunstâncias: a) exigência fiscal decorre de despesas decorrentes de obra pública realizada; b)a obra provocou a valorização do imóvel; c) a base de cálculo é a diferença entre os dois momentos: o primeiro, o valor do imóvel antes da obra ser iniciada; o segundo, o valor do imóvel após a conclusão da obra. 2. É da natureza da contribuição de melhoria a valorização imobiliária (Geraldo Ataliba) 3. Precedentes jurisprudenciais... 4. Adoção também da corrente doutrinária que, no trato da contribuição da melhoria, adota o critério da mais valia para definir o seu fato gerador ou hipótese de incidência (no ensinamento de Geraldo Ataliba, de saudosa memória)” Esse entendimento do STF justifica seu posicionamento quanto à questão da pavimentação de vias públicas. O tribunal considera que a “realização de pavimentação nova, suscetível de vir a caracterizar benefício direto a imóvel determinado” com incremento de seu valor pode justificar a cobrança de contribuição de melhoria, o que não acontece com o mero “recapeamento de via pública já asfaltada” que constitui simples serviço de manutenção e conservação, não ensejando a cobrança do tributo (RE 116.148). Na mesma linha de raciocínio, levando em consideração que as taxas e contribuições de melhoria têm fatos geradores bastante diversos, o STF entende que não se pode instituir taxa quando for cabível a criação de contribuição de melhoria (RE 121.617). Em face do exposto, fica fácil concluir que a existência do tributo tem fundamento ético-jurídico no princípio da vedação ao enriquecimento sem causa. Seria injusto o Estado cobrar impostos de toda a coletividade e utilizar o produto da arrecadação para a realização de obras que trouxessem como resultado um aumento patrimonial de um grupo limitado de pessoas sem que esse enriquecimento seja produto do trabalho ou do capital pertencente aos beneficiários. CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – CURSO REGULAR PROFESSOR RICARDO ALEXANDRE www.pontodosconcursos.com.br 20 Assim, a contribuição de melhoria tem caráter contraprestacional. Serve para ressarcir o Estado dos valores (ou parte deles) gastos com a realização da obra. É justamente por isso que existe um limite total para a cobrança do tributo. O Estado não pode cobrar a título de contribuição de melhoria mais do que gastou com a obra, pois se assim fizesse, o problema apenas mudaria de lado, uma vez que geraria enriquecimento sem causa do próprio Estado. Além do limite total, a cobrança da contribuição de melhoria encontra um limite individual, que é o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. Esse segundo limite se fundamenta no fato de que a contribuição de melhoria é vinculada a uma valorização imobiliária, de forma que, se cobrássemos de determinado contribuinte mais do que seu imóvel se valorizou, a parcela excedente poderia ser considerada um imposto, uma vez que desvinculada de qualquer atividade estatal. Em virtude de a CF/88 não prever tal imposto, a cobrança não seria legítima. Em face dos argumentos expendidos, podemos concluir que se consideram recepcionados pela atual Constituição Federal os limites individual e total estatuídos no art. 81 do Código Tributário Nacional, conforme abaixo transcrito: “Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.” Existe certa controvérsia sobre a vigência desse art. 81 (assim como do art. 82, que também trata das contribuições de melhoria), defendendo alguns autores que ele teria sido revogado pelo Decreto-Lei nº 195 de 24 de fevereiro de 1967, que teria sido recepcionado pela CF/88 como norma geral em matéria de contribuições de melhoria. O DL foi editado após a promulgação da CF/67, com base em competência conferida pela CF/46, que entretanto ainda não tinha perdido sua vigência, o que veio a acontecer em 15 de março de 1967. Ressalte-se que, pacificando as controvérsias acerca desse “vacatio legis constitucional” (lapso de tempo entre a data de publicação e a de vigência), o STF editou a Súmula 496, cujo teor é o seguinte: “STF Súmula 496 – São válidos, por que salvaguardados pelas Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal de 1967, os Decretos-Leis expedidos entre 24 de janeiro e 15 de março de 1967.” Apesar do entendimento, não há contradição entre os limites estatuídos pelo CTN e a disciplina trazida pelo DL 195/67 que, inclusive, prevê praticamente o mesmo limite total (custo da obra) no seu art. 4º. Já o limite individual é observado com a simples aplicação da pacífica jurisprudência no sentido de que a base de cálculo do tributo é a diferença entre os valores iniciais e finais dos imóveis beneficiados (valorização). Em suma, estão em vigor os limites total e individual. Só devemos ter o cuidado de lembrar que estes limites não estão previstos expressamente na Constituição. Vez por outra as bancas examinadoras propõem questões com armadilhas nesse sentido. A título de exemplo, vejamos a questão cobrada pela ESAF no Concurso para Procurador da Fazenda Nacional (1998): CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – CURSO REGULAR PROFESSOR RICARDO ALEXANDRE www.pontodosconcursos.com.br 21 “A Constituição de 1988 não estabelece que o limite total da contribuição de melhoria seja o valor da despesa realizada pela obra pública que lhe deu causa” A assertiva é, por óbvio, VERDADEIRA, apesar de o referido limite, como estudado, efetivamente existir. 6.0 – Os Empréstimos Compulsórios Dispõe a Constituição Federal, no seu art. 148: “Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b". Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.” Os empréstimos compulsórios caracterizam-se por serem tributos restituíveis.Quando analisamos a definição de tributo, verificamos que ele se caracteriza por ser uma prestação pecuniária compulsória, e que a expressão compulsória tem o sentido de obrigatória. Assim, os empréstimos compulsórios são empréstimos forçados, coativos. A obrigação de pagá-los não nasce de um contrato, de uma manifestação livre das partes, mas sim de determinação legal. Verificada a ocorrência do fato gerador, surge a obrigação de “emprestar” dinheiro ao Estado. O fato de serem restituíveis levou alguns doutrinadores a sustentar que os empréstimos compulsórios não seriam tributos, vez que os recursos arrecadados não se incorporam definitivamente ao patrimônio estatal. Esse entendimento não merece prosperar, pois a exação se enquadra com perfeição na definição de tributo constante do art. 3º do CTN, que não contempla nenhum requisito relativo a definitividade do ingresso da receita tributária nos cofres públicos. Também confirma o entendimento, o fato de o referido art. 148 da CF/88, que é o fundamento constitucional para a existência de empréstimos compulsórios no ordenamento jurídico brasileiro, encontrar-se precisamente dentro da seção que trata dos princípios gerais do sistema tributário nacional. A obrigatoriedade de restituição dos recursos arrecadados, serve para dar fisionomia própria ao tributo de forma a caracterizá-lo como uma espécie tributária distinta, mas não serve como argumento para descaracterizá-lo como tributo. CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – CURSO REGULAR PROFESSOR RICARDO ALEXANDRE www.pontodosconcursos.com.br 22 Nessa linha de raciocínio, podemos afirmar, de forma convicta, que está superado o entendimento consolidado na súmula 418 do Supremo Tribunal Federal (O empréstimo compulsório não é tributo, e sua arrecadação não está sujeita à exigência constitucional da prévia autorização orçamentária), uma vez que a Emenda Constitucional nº 18/65, ao incluir os empréstimos compulsórios nas disposições constitucionais sobre o sistema tributário nacional, pôs fim às controvérsias. Ressaltamos que o STF pacificou a questão, entendendo, de forma incontroversa, que os empréstimos compulsórios são tributos. Transcrevamos, a título de exemplo, um excerto do voto vencedor proferido pelo Ministro Moreira Alves (Relator), quando a Corte julgou o RE 146.733-9/SP: “De feito, a par das três modalidades de tributos (os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria) a que se refere o art. 145 para declarar que são competentes para instituí-los a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, os artigos 148 e 149 aludem a duas outras modalidades tributárias, para cuja instituição só a União é competente: o empréstimo compulsório e as contribuições sociais, inclusive as de intervenção no domínio econômico e de interesse de categorias profissionais ou econômicas”. Nas provas de concursos públicos, a natureza tributária do empréstimo compulsório é pacífica, conforme demonstra a assertiva abaixo (errada), retirada da prova de Procurador Federal de 2004 realizada pela CESPE: “Os empréstimos compulsórios não têm natureza tributária, uma vez que não transferem definitivamente recursos dos particulares para o Estado, devendo ser restituídos nos termos da lei.” 6.1 - Competência, casos e forma de instituição. A competência para a criação de empréstimos compulsórios é exclusiva da União Federal. Esta é uma regra sem exceções. Por mais urgente, grave, relevante que seja a situação concreta, não é possível a instituição da exação por parte dos Estados, dos Municípios ou do Distrito Federal. A instituição de empréstimos compulsórios só é possível mediante lei complementar. Esse ponto tem gerado confusões. Nas situações em que é possível a instituição de empréstimos compulsórios (guerra externa ou sua iminência, calamidade pública e investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional), a relevância e a urgência saltam aos olhos. Isto tem feito com que alguns, numa interpretação mais apressada, lembrem das medidas provisórias, pois sua edição depende, exatamente, da presença desses requisitos (relevância e urgência). Todavia, como a Constituição exige lei complementar para a criação dos empréstimos compulsórios e proíbe que as MPs regulamentem matérias sujeitas a reserva de lei complementar (art. 62, §1º, III), a conclusão é óbvia: leis ordinárias e medidas provisórias não podem criar empréstimos compulsórios. Apesar da clareza do raciocínio, por vezes as bancas de concursos públicos elaboram questões em que se pinta um quadro de inferno na terra, CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – CURSO REGULAR PROFESSOR RICARDO ALEXANDRE www.pontodosconcursos.com.br 23 tentando induzir o candidato a aceitar a utilização de lei ordinária ou medida provisória para a instituição de empréstimo compulsório. Vejamos, por todas, uma questão elaborada pelo CESPE no concurso para Auditor-Fiscal da Previdência Social, em 2000. “Se o Brasil tivesse grandes porções de seu território afetadas por violentos furacões, com a destruição de cidades e alta mortandade, e se, nessa situação, o presidente da república baixasse decreto reconhecendo a ocorrência de calamidade pública em nível nacional, isso permitiria que a União instituísse empréstimo compulsório, mediante a aprovação de lei ordinária pelo Congresso Nacional, pois a hipótese de calamidade pública, ao lado da de guerra externa ou de iminência desta, é uma das que autorizam a criação dessa espécie de tributo” Por óbvio, a assertiva é FALSA, pois, apesar da insofismável presença de relevância e urgência na situação proposta, nada justifica a instituição de empréstimo compulsório por instrumento normativo diferente da lei complementar. Um outro ponto digno de destaque é o fato de o CTN, no seu art. 15, III, prever a instituição de empréstimos compulsórios numa terceira situação, qual seja, a “conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo”. Situação muito semelhante à prevista no dispositivo ocorreu em 1990, com a edição da MP 168/1990, convertida na Lei 8.024/90, que implementou parte das medidas do “Plano Collor I”, dentre elas, a retenção de toda importância superior a 50.000 cruzados novos depositada nas cadernetas de poupança e nas contas-correntes e de 80% das aplicações no over e demais produtos financeiros. Era uma tentativa de conter a inflação, baseando-se no raciocínio de que a absorção do poder aquisitivo diminuiria a demanda, segurando os preços. O STF não chegou a se pronunciar sobre a matéria, pois atendeu questão de ordem entendendo que o julgamento da ADIN 534/DF ajuizada contra a citada MP 168/90, restara prejudicado, em virtude da devolução integral dos ativos. Apesar disso, é extremamente esclarecedor o excerto abaixo, extraído de julgamento da do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1, 2ª T AMS 91.01.06056-2 – Rel. Juíza Assusete Magalhães): “... III – A retenção compulsória dos ativos financeiros, em cruzados novos, determinada pela Medida Provisória 168/90, convolada na Lei 8.024/90, sujeita à fiscalização do BACEN, com promessa de restituição, nos prazos e condições fixados naqueles diplomas legais, configura disfarçado empréstimo compulsório, flagrantemente inconstitucional, por não encontrar adequado fundamento nos incisos I e II do art. 148 da Constituição Federal de 1988, eis que não instituído mediante lei complementar e inobservado o princípio da anterioridade tributária, previsto no art. 150, III, b, da Carta Constitucional vigente, de vez que apenas o empréstimo compulsório previsto no art. 148, I da Constituição Federal a ele não está sujeito” Assim, clara é a conclusão de que o citado art. 15, III, do CTN não foi recepcionado pela nova Constituição Federal, de forma que os empréstimos compulsórios só podemser instituídos nas hipóteses constitucionalmente previstas. CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – CURSO REGULAR PROFESSOR RICARDO ALEXANDRE www.pontodosconcursos.com.br 24 Como já ressaltado, nas situações que autorizam a instituição de empréstimos compulsórios, a urgência e a relevância sempre se fazem presentes. Entretanto, o legislador foi sensível ao fato de que, nos casos de guerra externa e sua iminência e de calamidade pública, há uma necessidade bem maior de celeridade, de rapidez na instituição e cobrança do tributo. Justamente por isso, nesses casos a exação pode ser criada e cobrada de imediato sem necessidade de obediência aos princípios da anterioridade e da noventena (a serem detalhadamente analisados quando do estudo das limitações constitucionais ao poder de tributar). Destinação da arrecadação Nos termos do parágrafo único do multicitado art. 148, da CF, a aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. O dispositivo visa a evitar que haja um desvirtuamento do tributo, pois se a CF previu quais as circunstâncias que autorizam a criação do tributo, não faria sentido utilizar os recursos arrecadados em outras despesas. Assim, se o empréstimo compulsório foi criado em virtude de uma guerra externa, toda sua arrecadação deve ser carreada para fazer face aos esforços de guerra. ATENÇÃO: Muito cuidado para não confundir tributo vinculado com tributo de arrecadação vinculada. O tributo é considerado vinculado quando o Estado tem de realizar alguma atividade específica relativa ao sujeito passivo para legitimar a cobrança. A exigência não tem correlação com a destinação da arrecadação. Já a principal característica dos tributos com arrecadação vinculada é a necessidade de utilização da receita obtida, exclusivamente com determinadas atividades. Assim, os empréstimos compulsórios são tributos de arrecadação vinculada. No tocante a sua classificação como tributos vinculados ou não vinculados, não há qualquer definição prévia, nem na Constituição, nem no CTN, de forma que este aspecto só poderá ser verificado por intermédio da análise pormenorizada do fato gerador definido nas leis que os instituam. Apesar disso, pela não-exigência de qualquer atividade estatal anterior, os empréstimos compulsórios já criados no Brasil foram todos não-vinculados (sobre aquisição de combustíveis, automóveis e energia elétrica, p. ex.). Restituição O parágrafo único do art. 15, do Código Tributário Nacional, exige que a lei instituidora do empréstimo compulsório fixe o prazo e as condições de resgate. Assim, a tributação não será legítima sem previsão de restituição. Não seria nem necessária a previsão infraconstitucional para que entendêssemos como exigível a fixação dos prazos e condições da restituição. A conclusão deve decorrer do simples fato de tributo ter sido denominado empréstimo, apesar de compulsório. O STF tem entendimento firmado no sentido de que a restituição do valor arrecadado a título de empréstimo compulsório deve ser efetuada na mesma espécie em que recolhido (RE nº 175.385/CE). Como tributo, por definição, é pago em dinheiro, a restituição deve ser efetivada também em dinheiro. CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – CURSO REGULAR PROFESSOR RICARDO ALEXANDRE www.pontodosconcursos.com.br 25 Nessa linha, o CESPE, na prova do concurso público para Juiz Federal do TRF 5ª Região, realizado em 2005, propôs a seguinte assertiva (CERTA): “A União poderá instituir empréstimo compulsório, sempre por lei complementar, vinculando os recursos às despesas que fundamentaram sua instituição, sendo que a restituição deverá ser, necessariamente, em moeda, quando esta for o objeto do empréstimo. “ Esse foi um dos fundamentos para a declaração de inconstitucionalidade dos empréstimos compulsórios sobre veículos e sobre combustíveis, surgidos conjuntamente ainda na vigência da Constituição Federal de 1969. A devolução foi prevista não em dinheiro, mas em quotas do Fundo Nacional de Desenvolvimento. Entretanto, excepcionalmente, no caso do empréstimo compulsório instituído em favor da Eletrobrás, o STF decidiu que o tributo criado havia sido recebido pela CF/88, acatando a possibilidade de devolução em ações (AGRRE 193798/PR – Rel Min. Ilmar Galvão). 7.0– As Contribuições Especiais “Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.” Percebe-se que o legislador constituinte previu a possibilidade de a União instituir três espécies de contribuições, quais sejam: a) as contribuições sociais; b) as contribuições de intervenção no domínio econômico; e c) as contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas, a que parte da doutrina denomina contribuições corporativas. Aqui, atenção para um detalhe muito importante. A competência para a criação das contribuições do art. 149 é destinada exclusivamente à União. Entretanto, o §1º do mesmo artigo traz uma exceção, nos seguintes termos: “§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que trata o art. 40, cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União”. Nessa linha de raciocínio, no concurso para o Ministério Público de Tocantins (2004), o CESPE considerou CORRETA uma assertiva que afirmava taxativamente que as contribuições especiais “são de competência exclusiva da União, porém há exceção a essa regra”. Chamamos atenção ao fato de a nova redação dada pela EC 41/2003 ter fixado como piso para as alíquotas das contribuições instituídas pelos Estados, Municípios e pelo DF, aquela cobrada pela União dos seus servidores titulares de cargos efetivos. Além disso, a redação anterior dispunha que tais CURSOS ON-LINE – DIREITO TRIBUTÁRIO – CURSO REGULAR PROFESSOR RICARDO ALEXANDRE www.pontodosconcursos.com.br 26 contribuições custeariam sistemas de previdência e assistência social. A referência à assistência não fazia muito sentido, uma vez que sistemas assistenciais não têm caráter contributivo. Cuidado com esses pontos, pois, como sempre afirmamos em sala de aula, o que as bancas de concurso público mais gostam de cobrar são novidades e exceções e as Emendas 41 e 42/2003, estão repletas das duas coisas. Ressaltamos que, a par dessas espécies de contribuição previstas no art. 149, a Emenda Constitucional nº 39/02, acrescentou à Constituição Federal o art. 149-A, atribuindo competência aos Municípios e ao Distrito Federal para instituírem contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública, a ser estudada em aula posterior. A denominação doutrinária “contribuições especiais” visa a diferençar tais espécies tributárias das já estudadas contribuições de melhoria. Já a designação “contribuições parafiscais”, em desuso, mas ainda adotada por alguns doutrinadores, decorre do fato de que essas contribuições, na sua origem, eram instituídas com o objetivo de arrecadar recursos em favor de entidades de não integrantes da administração pública, mas que realizavam atividades de interesse público (atuando paralelamente ao Estado). Como atualmente as contribuições do art. 149 também podem ser destinadas à própria administração pública, perdeu o sentido a adoção de tal terminologia. Sobre esse aspecto, um ponto é digno de nota. O fato de, via de regra, as contribuições especiais terem o produto
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