Buscar

Aula 1, 2, 3 de linguistica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Aula 1 de linguistica – lingua e linguagem
Conversando sobre Linguística e Linguagem
Bem, o título desta seção da nossa aula é ‘Conversando sobre Linguística e Linguagem’. Acredita-se que a linguagem seja a habilidade humana mais complexa: usamos a linguagem para compreender o mundo que nos cerca. A criança começa a experimentar o mundo através de seus sentidos e depois consegue explorá-lo através da linguagem. O surpreendente em nossa capacidade para a linguagem é o fato de uma criança começar a usar a linguagem simbolicamente muito cedo. Quando ela fala ‘mama’, associa essa sequência sonora à mãe. Tanto faria se a sequência fosse ‘auau’, ‘papa’, pois essa associação é simbólica.
Linguística
Definida de forma bem genérica, Linguística é o estudo científico da linguagem. Em nossa aula 3 trataremos, especificamente, dessa temática. O foco da nossa aula hoje é a conceituação de LINGUAGEM, objeto de estudo da Linguística. Em nossas aulas 3 e 4 trataremos da conceituação dessa ciência.
Linguagem
O termo ‘linguagem’ apresenta uma notável flutuação de sentido, prestando-se aos usos mais diversos. Ele é comumente empregado para designar, indiferentemente, fenômenos tão afastados quanto a linguagem dos animais, a linguagem falada, a linguagem escrita, a linguagem das artes, a linguagem dos gestos.”
Três interessantes concepções da linguagem humana.
1-Linguagem como espelho do mundo e do pensamento.
2- Linguagem como ferramenta de comunicação.
3-linguagem como forma lugar de ação e interação.
Quando se fala em linguagem, geralmente se refere a uma capacidade humana, mas encarada como um sistema de comunicação, temos outras espécies se comunicando, não é mesmo? O uso de sons articulados não é uma propriedade básica da linguagem humana e é possível que os guinchos dos golfinhos, a dança das abelhas etc. representem sistemas semelhantes à linguagem humana.
LINGUAGEM, LINGUAGEM VERBAL, LINGUAGEM NÃO VERBAL
Se olharmos o conceito de linguagem de forma bem abrangente, teremos linguagem como todo sistema de sinais convencionais que nos permite realizar atos de comunicação. Linguagem verbal: língua em que os sinais utilizados para atos de comunicação são as palavras.
Linguagem não verbal: aquela que utiliza para atos de comunicação outros sinais que não as palavras. Exemplos. Um sinal de trânsito é um exemplo de linguagem não verbal. Por quê? As cores vermelho, amarelo e verde do sinal comunicam ideias diferentes: parar, diminuir a velocidade ou seguir adiante.
Nossa compreensão é a de não devemos fumar naquele ambiente. Assim, tanto o sinal de trânsito quanto a placa de ‘Proibido fumar’ transmitem ideias sem o uso de uma única palavra. Por isso, são exemplos de linguagem não verbal.
No tempo em que ainda não havia a escrita, os homens usavam a pintura para comunicar suas ideias. Quando pensamos na comunicação de uma ou mais ideias, esse uso de linguagem não verbal, em alguns casos, carece de precisão. Vamos refletir sobre esse fato observando a pintura rupestre ao lado. Você acha que esse desenho possui uma única interpretação? Provavelmente sua resposta foi ‘Não’. Vamos pensar sobre o que esse desenho quer significar? O que essas pessoas estão fazendo?
1. Saíram para passear?
2. Estão fugindo?
3. Estão se exercitando?
4. Apenas fizeram esse desenho para enfeitar a parede?
Folha 2 aula 1 de linguística
No caso da tirinha, a maior parte de nós retirará dela a mesma interpretação: Magali assusta Mônica para esta apanhar a maçã.
AS MÚLTIPLAS LEITURAS DE UM TEXTO: UNINDO LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL
Você já pensou nos tipos de conhecimento que você aciona quando observa uma propaganda como a que temos ao lado? Em muitas propagandas, se não em sua maioria, temos que observar o verbal e o não verbal de modo a construir o significado.
Mais adiante, trataremos mais profundamente de Charles Sanders Peirce (1839-1914) e do que é a Semiótica. Por enquanto, interessa-nos a conceituação de ícone, índice e símbolo, por Peirce, e tratada por Ernani Terra, em Linguagem, língua e fala de forma bem objetiva.
ÍCONE
Do grego eikón, imagem. “Nos ícones, que são uma espécie de signo criado pelos homens com a finalidade de estabelecer comunicação, ocorre uma relação necessária entre a imagem e o conceito que ela representa, razão pela qual têm sido largamente utilizados como uma espécie de linguagem universal”. (1997, p. 30). ndré Valente, em A linguagem nossa década dia, afirma que “[...] a relação icônica tem como traço principal a similaridade. São signos icônicos as maquetes, as estátuas, as fotografias, as caricaturas.”
ÍNDICE
A nuvem escura, indicando chuva, e a fumaça, indicando fogo, são signos naturais (ou índices) e não se prestam como elemento de comunicação, pois, na sua produção, não há intervenção do homem.
SÍMBOLOS
São objetos materiais (não linguísticos) que representam ideias abstratas.” Símbolos resultam de uma convenção.” (TERRA, 1997, p. 30). Exemplo: Balança como símbolo da justiça. Segundo Valente (1997), “O símbolo opera por contiguidade instituída. [...] o símbolo tem caráter convencional; entretanto, não é gratuito. Existe uma ligação entre o significante e o significado. A ‘balança’, por conter a noção de ‘equilíbrio’, é símbolo da ‘Justiça’ A escolha do símbolo do cristianismo decorre do fato de Cristo ter sido crucificado. A bandeira que simboliza a ‘paz’ é branca porque esta cor nos remete à ideia de ‘quietude’, ‘mansidão’, ‘calma’, ‘tranquilidade’.”
Linguagem, língua e fala são três aspectos da comunicação humana. Já conversamos bastante sobre linguagem e agora vamos tratar de língua e fala. Clique no PDF e saiba mais sobre esses conceiTOS.
FELDRO
Em Fedro, Platão  se referiu a linguagem como pharmakon, termo que originou a palavra pharmáco, daí a nossa palavra ‘pharmácia’, que possui três sentidos principais: remédio, veneno e cosmético. Platão considerava que a linguagem poderia ser um remédio para fortalecer o conhecimento porque é pelo diálogo que trocamos ideias, ouvimos opiniões, descobrimos e aprendemos coisas novas, com os outros remediando a ignorância. Também considerava que poderia ser um veneno que seduz e nos faz aceitar fascinados, o que lemos ou escutamos, sem mesmo indagar se tais palavras são verdadeiras ou falsas. A linguagem venenosa coloca quem a ouve à disposição de quem a expressa. Podemos nos defender deste veneno quando indagamos, pedimos prova e questionamos o que ouvimos. Nesse caso, aquele que utiliza a palavra para seduzir, inicia então um novo discurso, utilizando a palavra como um cosmético (maquiagem), tentando manter uma ilusão mascarada da verdade de uma forma paliativa.
(Adaptado de http://pharmakom.blogspot.com.br/2006/11/pharmakon.html
Aula 2: Linguagem: características da linguagem humana FOLHA 1
As propagandas têm o objetivo de nos convencer a comprar um produto ou a modificar nosso comportamento. Essa é a representação da função conativa, ou seja, da função da linguagem cujo objetivo é convencer o receptor a realizar determinado comportamento.
A comunicação humana
A atividade de comunicação é uma constante em qualquer escala da vida animal: todos os animais se comunicam de alguma forma em algum período de sua vida, seja por necessidade de sobrevivência seja por imperativos biológicos.
A comunicação é a função essencial da linguagem. 
Não existe comunidade sem comunicação. É necessário que seus integrantes levem a outros conteúdos de consciência formados em seu interior e que esses outros também os tornem seus, participando todos de uma realidade que é de um e de todos, e realizada por cada um e por todos.
Sem a linguagem, bem pouco os homens teriam em comum que pudesse originar uma sociedade. A linguagem é, portanto, o instrumento que determina uma sociedade e congrega seus membros.
Pode-se dizer que nada existe que não possa ser expresso, em qualquer língua que seja, exceção feita quando na experiência das pessoas nada corresponde à realidade que se quer comunicar.
Entretanto, há uma pergunta interessantea se fazer: os animais têm linguagem?
Certamente, se fizéssemos essa pergunta a um biólogo ou veterinário, eles diriam que sim. Mas, como o nosso ponto de vista é linguístico, precisamos considerar alguns aspectos da linguagem humana, antes de nos determos nesta resposta. Por isso, vamos verificar alguns traços característicos da linguagem humana: 
SIMBOLIZAÇÃO A linguagem opera com elementos que representam a realidade. Por exemplo, a sequência fônica ‘gato’ representa a ideia de um determinado animal. A forma ‘amizade’ representa uma determinada forma do comportamento humano. Toda comunicação se faz com base nesse processo de simbolização, resulta que ele é totalmente arbitrário com relação ao que comunica: não há nenhuma relação direta entre a cadeia fônica e seu conteúdo significativo.
Articulação
Em latim, a palavra articulus quer dizer ‘parte, subdivisão’. Assim, quando se diz que a língua é articulada considera-se que as unidades linguísticas podem ser divididas em unidades menores.  As línguas naturais se articulam em dois níveis diferentes: na primeira articulação, há unidades significativas, de natureza mórfica; na segunda articulação, há unidades distintivas, de natureza fônica.
Por exemplo, as palavras ‘as gatas’ podem ser segmentadas da seguinte forma: a- , artigo definido; -s morfema de plural; gat- radical que indica tratar-se de um felino de pequeno porte, -a, morfema de feminino e –s, morfema de plural. Todas essas unidades possuem matéria fônica e sentido. Assim, tem-se que na primeira articulação o enunciado pode ser dividido em unidades menores dotadas de sentido. 
No entanto, cada morfema pode articular-se em fonemas, unidades menores desprovidas de sentido como, por exemplo, o morfema gat- que pode subdividir-se em /g/ /a/ /t/.
D esse modo, chega-se à segunda articulação da linguagem em que as unidades têm apenas valor distintivo. Se  /g/ for substituído por /p/, tem-se um outro radical que aparece na palavra pata. A dupla articulação da linguagem possibilita grande economia, pois com número limitado de fonemas forma-se um número infinito de unidades da primeira articulação.
Regularidade
As unidades linguísticas têm uma significação permanente capaz de repetir-se nas mesmas circunstâncias.  Embora as unidades linguísticas variem no tempo, no espaço e no meio social, essa variação não ultrapassa certos limites impostos já que pode-se utilizar uma unidade com novo sentido desde que haja relação com o primeiro significado.
FOLHA 4 AULA 2 DE LINGUISTICA I
Intencionalidade
O s atos de comunicação humanos têm um propósito claro e definido.  A linguagem humana refere-se a alguma coisa, existente ou não.
Produtividade
A linguagem humana produz um número infinito de mensagens. Seria possível escrevermos TODAS as frases de uma língua? Nem vale a pena tentar, pois rapidamente descobriríamos que esse número de frases é ilimitado. Essa é uma importante diferença entre a linguagem humana e a linguagem animal: os animais produzem um número limitado de sinais.
Aí você pode pensar: “mas nós também temos, de certa forma, um número finito de símbolos…”
Sim, mas nós humanos podemos produzir um número infinito de enunciados a partir de um número finito de símbolos. 
Por mais que nossos cachorrinhos fiquem muito felizes quando chegamos a casa, eles não seriam capazes de discutir conosco como podemos organizar nossa semana de trabalho, por exemplo.
Com o objetivo de atender a outras necessidades comunicativas, os seres humanos inventaram a escrita, tornando-se uma ferramenta fundamental, principalmente, em contextos em que se exigia um alcance maior no tempo e no espaço. Desse modo, podemos saber hoje o que se escreveu há milhares de anos, assim como as nossas ideias, registradas, podem atingir a um grande número de pessoas.  
Você já pensou em como a escrita surgiu?  Veja o arquivo A origem das letras do alfabeto, retirado da Revista Ciência Hoje, de março de 1994.
Vale lembrar que nem todas as línguas do mundo 
apresentam um sistema de escrita. São as chamadas línguas ágrafas.
Segundo os dados de Terra (1997), há em torno de 3 mil 
línguas sem tradição escrita. Este fato, de modo algum, 
desvaloriza a importância das línguas. Não devemos 
considerar uma língua superior à outra somente pela 
ausência da escrita. Cada língua possui suas 
particularidades e seus estágios de desenvolvimento. Quando a escrita foi inventada, os indivíduos já faziam uso da linguagem oral como forma de comunicação:
Escrevemos para resolver problemas que a fala, a linguagem oral, não consegue resolver. Podemos até dizer que o homem inventou a escrita, há milhares de anos, quando só a conversa não conseguia dar conta de todas as suas necessidades” (FARACO e TEZZA, 2003, p.10). 
Samira Chalhub (1990) explica-nos como surgiu essa visão dos elementos da comunicação.
O psicólogo austríaco Karl Bühler compusera esse modelo 
[o modelo da comunicação] de forma triádica, apontando três fatores básicos: o destinador (mensagens de caráter expressivo), o destinatário (mensagens de caráter apelativo) e o contexto (mensagens de caráter comunicativo). Roman Jakobson, no ensaio Linguística e poética, amplia essas funções de três para seis, complementando o modelo de Bühler [...].
Funções da linguagem
As funções da linguagem organizam-se em torno de um emissor (quem fala) que envia uma mensagem (referente) a um receptor (quem recebe), usando um código, que flui através de um canal (suporte físico).
Referencial ou denotativa: o que (referente)
Samira Chalhub, em Funções da linguagem, nos diz que a melhor forma de se caracterizar a função referencial é separar aspectos conotativos de aspectos denotativos da linguagem. Não vamos nos alongar aqui nesta discussão, mas devemos observar as palavras da autora: “a linguagem denotativa seria, então, construída em bases convencionais [...], produzindo informações definidas, claras, transparentes, sem  ambigüidades” (1990, p.11).
FOLHA 05 AULA 2 Aula 2: Linguagem: características da linguagem humana
Função emotiva ou expressiva: o quem
O objetivo nesta função é expressar emoções, sentimentos, estados de espírito. O que importa são as impressões do emissor, daí o registro em primeira pessoa. Samira Chalhub afirma que “A função emotiva implica, sempre, uma marca subjetiva de quem fala, no modo como fala”
(1990, p. 18).
Função conativa ou apelativa: para quem (receptor)
Quando a mensagem está orientada para o destinatário, trata-se da função conativa. Esta palavra tem sua origem no termo latino conatum, que significa tentar influenciar alguém através de um esforço. A função conativa é também chamada de apelativa, numa ação verbal do emissor de se fazer notar pelo destinatário, seja través de uma ordem, exortação, chamamento ou invocação, saudação ou súplica” (CHALHUB, 1990, p. 22). O objetivo é convencer o receptor a realizar determinado comportamento.
Função Fática: onde (canal)
Segundo Chalhub (1990, p. 28), o objetivo da função fática é estabelecer, manter ou prolongar o contato (através do canal) com o receptor, ou até mesmo para testar se a comunicação está se realizando. As expressões usadas nos cumprimentos, ao telefone e em outras situações apresentam este tipo de função. Veja um exemplo de função fática: observem que a pessoa que faz o anúncio testa o canal, tenta perceber se as pessoas estão prestando atenção. 
Função Metalinguística: com o que (código)
Nesta função, o objetivo é o uso do código para explicar o próprio código. Veja como André Valente, em A linguagem nossa de cada dia, explica a função metalinguística.
“Palavras que explicam palavras, cinema que fala de cinema, teatro de teatro, poesia de poesia, quadrinhos de quadrinhos, tudo isso constitui metalinguagem ou função metalinguística” (1987, p. 95).
Função Poética: como (mensagem)
 O objetivo é dar ênfase à elaboração da mensagem. O emissor constrói seu texto de maneira especial, realizando um trabalho de seleção e combinação de palavras, de ideias ou de imagens, de sons e/ oude ritmos. Explora-se bastante a conotação. 
Viu, agora, como a linguagem humana é complexa? Sem mencionar ainda o fato de que além de falarmos, escrevemos...coisa que nenhuma outra espécie faz.
O homem possui algo essencial à manutenção dos povos e do conhecimento: cultura. Por isso, somos tão complexos! Como manifestamos toda essa complexidade? Pela linguagem, e a oralidade, sozinha, não é suficiente para eternizarmos tudo isso. Por isso, a escrita promoveu diversas mudanças em nossa sociedade e tornou-se algo socialmente muito valoroso.
gora que vimos e analisamos alguns traços importantes da linguagem humana, podemos refletir um pouco acerca da pergunta que fizemos anteriormente. Você se lembra dela? Não?! Então vamos repeti-la: Os animais têm linguagem?
Para início de conversa, vamos ver o que nos diz LANGACKER (1980, p. 28): 
“Podemos observar que os sistemas de comunicação animal são fechados, enquanto que as línguas são abertas. Sempre que as abelhas se comunicarem, só serão capazes de usar variantes da mesma mensagem – a direção em que se encontra o néctar e a que distância. Os macacos não podem se comunicar livremente sobre qualquer coisa para a qual não disponham de um sinal específico e, mesmo quando o têm, as possibilidades são extremamente restritas.
As pessoas, por outro lado, podem falar sobre qualquer coisa que possam observar ou imaginar. Além disso, o que podemos dizer sobre qualquer assunto é praticamente ilimitado. Esta grande flexibilidade tem na maior parte sua origem na estrutura gramatical complexa das línguas humanas” (LANGACKER, 1980, p. 28).
Aula 3: Linguística: o estudo científico da linguagem FOLHA 6
O que é e o que não é LINGUISTÍCA ?
Dada nossa tradição escolar, há uma tendência em se identificar o estudo da linguagem com o estudar da gramática. A Linguística, no entanto, distingue-se da gramática tradicional e da normativa. Ela não tem, como esta gramática, o objetivo de prescrever normas ou ditar regras de correção para o uso da linguagem. Para a Linguística, tudo o que faz parte da língua interessa e é matéria de reflexão. Mas não é qualquer espécie de linguagem que é objeto de estudo da Linguística: só a linguagem verbal, oral ou escrita.” (1999, p. 10)
A Linguística, como a ciência que estuda a linguagem, oferece uma base teórica para uma grande variedade de aplicações: tratamento de perturbações da fala, como a afasia ou problemas de leitura, luta contra o analfabetismo em muitos países do mundo, desenvolvimento da produção e reconhecimento das linguagens computacionais inspiradas em modelos humanos, aprendizagem de línguas estrangeiras.
A definição clássica afirma que “Linguística é a ciência que estuda a linguagem verbal humana, oral ou escrita”. Atualmente, já cuida também da não verbal. Por lidar com algo referente ao homem, a Linguística envolve aspectos, tais como biologia, neurofisiologia, psicologia, sociologia entre outros.
Linguística e Gramática Tradicional
GRAMÁTICA TRADICIONAL
É a teoria Linguística ocidental iniciada pelos gregos, em Alexandria, no século III a.C. com o objetivo de preservar a pureza da língua grega. Um dos nomes mais famosos é Dionísio da Trácia.
A Gramática Tradicional e sua derivada, a Gramática Normativa, são doutrinas e não ciências: estabelecem o que é certo ou errado a partir de um ponto de vista.
GRAMÁTICA TRADICIONAL E NORMATIVA SÃO A MESMA COISA?
Não. A Gramática Normativa é a gramática de uma língua codificada sob a forma de um livro e que estabelece as regras e normas do que é considerada a forma correta em relação à escrita e à fala. A Gramática Normativa também é chamada de Gramática Prescritiva, já que ela prescreve esse conjunto de normas.
COMO SURGIU A GRAMÁTICA TRADICIONAL?
Maria Helena de Moura Neves, em A gramática: história, teoria e análise, e ensino, apresenta-nos em seu primeiro capítulo ‘uma incursão pela história da gramática’. Nele, após passar pela visão platônica dos estudos da linguagem, a autora chega ao período helenístico e traz a figura do philólogos (p. 20)  e do gramatikós (p. 21). 
PROFISSIONAIS DA LINGUAGEM
Antes de aprofundarmos nossa discussão sobre Linguística, vamos conhecer três profissionais. Vejamos como esses profissionais trabalham com a linguagem.
O Filólogo: Segundo Câmara Jr., em seu Dicionário de Linguística e Gramática, a filologia “Hoje, designa, estritamente, o estudo da língua na literatura, distinto, portanto, da linguística” (1986, p. 117).
O linguista: Estuda a linguagem humana. Sem prescrever normas ou definir padrões em termos de julgamento de correto-incorreto, pode documentar uma língua tal como ela se manifesta no momento da descrição (Sociolinguística), estudar o processamento da linguagem (Psicolinguística e Neurolinguística) e observar a relação entre línguas e cultura (Etnolinguística)  etc.
O gramático: Elabora o conjunto de regras do que se considera o uso correto da língua. Essas regras são codificadas em um livro chamado ‘Gramática Normativa’ e esse olhar prescritivo começou com os gregos e sua Gramática Tradicional.
FOLHA 7 AULA 3 Linguística: o estudo científico da linguagem
De fato, a distinção entre linguística e filologia tinha que ver, no século XIX, e em grande medida ainda tem, com questões de atitude, ênfase e objetivo. O filólogo se preocupa primordialmente com o desenvolvimento histórico das línguas tal como se manifesta em textos escritos e no contexto da literatura e da cultura associada a eles.
O linguista, embora possa se interessar por textos escritos e pelo desenvolvimento da língua através do tempo, tende a priorizar as línguas faladas e os problemas de analisá-las em um dado período de tempo.” (WEEDWOOD, Bárbara. História concisa da linguística. São Paulo: Parábola, 2002. p. 10)
Marcos Bagno, linguista e professor da Universidade de Brasília, é um defensor ferrenho da linguística. Ele possui um site muito interessante (www.marcosbagno.com.br) e é desse site que trazemos para você o trecho a seguir. Vamos lê-lo e depois conversamos sobre o que ele nos traz. Clique no arquivo em PDF.
Para que serve uma gramática retirado do mesmo livro de Sírio Possenti já citado nesta, TEM NA BIBLIOTECA VIRTUAL.
Vamos considerar outro exemplo? Como fica o uso das formas ‘nós’ e ‘a gente’ sob a ótica da Linguística e da Gramática Normativa? Clique no ícone pdf e saiba mais sobre este assunto.
Para a Linguística, as duas formas pertencem à Língua Portuguesa, já que são facilmentre encontradas tanto na fala, quanto na escrita dos indivíduos. A questão é que a Gramática Normativa não aceita o uso da forma „a gente‟ em ambiente de maior formalidade conforme Bechara (1999).
Depois de conversarmos sobre Linguística, Gramática Tradicional e Gramática Normativa, fica uma pergunta: nas aulas 1 e 2 conversamos sobre língua, linguagem, fala e escrita. Nessas aulas, estabelecemos que um indivíduo aprende sua língua no convívio e que ele pode não frequentar uma escola e, ainda assim, saberá as regras de sua língua.
Vocês podem estar se perguntando: essas regras não são um tipo de gramática? São sim. Chamamos de gramática internalizada o conjunto de regras que o indivíduo internaliza durante o processo de aquisição.
Existem duas maneiras básicas de olhar para a linguagem (ou a língua) e suas manifestações. Uma é a do guardião, outra, a do curioso. À primeira, costuma-se chamar de atitude normativa. À outra, em de uma certa tradição, fundamentalmente do século XX, de DESCRITIVA.
A Linguística é empírica: análise os dados a partir de um corpus.
Como ciência, as análises da Linguística não se baseiam em julgamentos de valor, e sim na explicação dos fatos.
A Linguística elabora uma gramática que descreve os fatos da língua: não é uma questão de certo e errado, e sim uma questão de uso.
Se o fenômeno do preenchimento do objeto direto fosse estudado, após coleta de dados, seria feita uma análise na tentativa de descobrir, por exemplo, a escolaridade do falante que utiliza uma ou outra estrutura:
Você conhece o João?
Eu o conheço desde criança. (Uso do pronome oblíquo = forma prescrita)
b) Eu conheço ele desde criança.
(Uso do pronome ele como acusativo = forma marcada?)
c) Eu conheço Ø  desde criança. 
(Uso da categoria vazia: forma não marcada)
d) Eu conheço o João desde criança.
(Uso de sintagma nominal: forma não marcada)
Por que a diferença de tratamento a um mesmo fenômeno?
FOLHA 08 Aula 3: Linguística: o estudo científico da linguagem
Gramática
Normativa Tem caráter ideológico (Gramática Prescritiva)., Aponta como deve ser. As formas apresentadas são dotadas de prestígio. Trabalha com noções de certo e errado. Segue o modelo proposto pela Gramática Tradicional.
Linguística Tem caráter científico (Gramática Descritiva).
Aponta como é. Trabalha com a adequação ao ambiente.
Complementando nosso conhecimento: microlinguística e macrolinguística
Bárbara Wedwood, já citada nesta aula, apresenta em seu livro História concisa da linguística os conceitos de microlinguística e macrolinguística.  Embora esses conceitos não sejam amplamente divulgados, consideramos interessante você conhecê-los. Clique no PDF.
Os termos microlinguística e macrolinguística ainda não se estabeleceram definitivamente, e de fato, são usados por pura conveniência. O primeiro se refere a uma visão mais restrita, e o segundo a uma visão mais ampliada, do escopo da linguística. [...] Dentro da microlinguística, então, poderíamos incluir os estudos que se preocupam com a „língua em si‟: fonética e fonologia, sintaxe, morfologia, semântica e lexicologia. É comum a referência a essas áreas de estudo como o „núcleo duro‟ da linguística (em referência ao termo inglês hard-core). [...] Diversas áreas dentro da macrolinguística têm recebido reconhecimento sob a forma de nomes próprios: psicolinguística, sociolinguística, linguística antropológica [...]” (WEEDWOOD, Barbara. História concisa da linguística. São Paulo:Parábo

Outros materiais