4 Pessoa Jurídica

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INSTITUIÇÕES DE DIREITO PRIVADO
PESSOA JURÍDICA
Fabio Queiroz Pereira
Professor Adjunto de Direito Civil da UFMG
Doutor em Direito Civil pela UFMG
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PESSOA JURÍDICA
O homem não vive isolado. A associação é inerente à natureza humana: nem sempre as necessidades e interesses humanos podem ser atendidos sem a participação e cooperação de outras pessoas.
Conceito: “Pessoas jurídicas são entidades a que a lei confere personalidade jurídica, capacitando-as a serem sujeitos de direitos e obrigações”.
Organização de pessoas e bens, com o reconhecimento do direito.
Principal característica: atuar no meio jurídico com personalidade jurídica diversa da dos indivíduos que as compõem.
Obs.: empresa individual de responsabilidade limitada.
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REQUISITOS
a) vontade humana criadora: conversão das vontades do grupo na integração de um organismo.
b) observância das condições legais: é a lei que determina a forma a que deve obedecer aquela declaração de vontade. Exemplos: instrumento público ou particular; local de registro; autorização para funcionamento, etc..
c) liceidade de seus propósitos: a projeção da vontade deve estar em conformidade com o direito.
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CLASSIFICAÇÃO DAS PESSOAS JURÍDICAS
Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado.
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PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO
	A) Plano Externo:
	Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público.
	B) Plano Interno:
	Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
	I - a União; II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; III - os Municípios; IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
	Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código.
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PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO
Se originam do poder criador da vontade individual, em conformidade com o direito positivo.
Objetivos privados, para benefício dos próprios instituidores ou projetadas no interesse de uma parcela da coletividade.
Não importa se há finalidade lucrativa ou não.
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	Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
	I - as associações;
	II - as sociedades;
	III - as fundações.
	IV - as organizações religiosas; 
	V - os partidos políticos. 
	VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.
	§ 1o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. 
	§ 2o As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código.
	§ 3o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei específica.
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CONSTITUIÇÃO DA PESSOA JURÍDICA
Ato constitutivo:
	a) estatuto: em se tratando de associações;
	b) contrato social: em se tratando de sociedades simples ou empresárias;
	c) escritura pública ou testamento: em se tratando de fundações.
Começo da existência legal: ato constitutivo levado a registro.
Antes do registro estamos diante de situação de fato.
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CONSTITUIÇÃO DA PESSOA JURÍDICA
Autorização do Poder Executivo, quando necessária.
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
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CONSTITUIÇÃO DA PESSOA JURÍDICA
Local de registro:
	a) Entidade empresarial: Junta Comercial
	b) Demais pessoas jurídicas: Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas.
	Exceção: Sociedade de advogados – OAB
Capacidade jurídica adquirida com o registro: aptidão para adquirir direitos e exercer obrigações (caráter patrimonial desses direitos e obrigações).
Capacidade deve ser exercida dentro do fim social (princípio da especialização). Não é tão ampla quanto a capacidade da pessoa física.
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CONSTITUIÇÃO DA PESSOA JURÍDICA
Elementos que deve conter o registro.
	Art. 46. O registro declarará:
	I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver;
	II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores;
	III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente;
	IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo;
	V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;
	VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso.
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ADMINISTRAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA
As pessoas jurídicas não dispõem de manifestação direta de vontade.
O exercício dos seus direitos se dá por meio de seus órgãos de deliberação e representação.
Os direitos e deveres das pessoas jurídicas decorrem dos atos de seus diretores no âmbito dos poderes que lhe são concedidos no ato constitutivo.
Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo.
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ADMINISTRAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA
Administração individual ou coletiva.
Representação imprópria: não tem o mesmo sentido da representação em hipóteses de incapacidade absoluta. Objetiva munir um ser abstrato dos meios externos para realizar as faculdades jurídicas.
Administração coletiva: decisões tomadas pela maioria.
	Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso.
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DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
As pessoas jurídicas têm personalidade distinta da dos seus membros.
Ocorrência de fraudes ou situações de abuso de direito.
Responsabilidade civil.
Teoria da desconsideração da personalidade jurídica: Disregard Doctrine
Surgimento nos Estados Unidos: a distinção entre a sociedade e seus integrantes, em vez de consagrar regras de justiça social, estava servindo de cobertura para a prática de atos ilícitos, de comportamentos fraudulentos, de absolvição de irregularidades, de aproveitamentos injustificáveis, de abusos de direito.
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DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
Permite tal teoria que o juiz, em casos de fraude e má fé, desconsidere o princípio de que as pessoas jurídicas têm existência distinta da dos seus membros e os efeitos dessa autonomia, para atingir e vincular os bens particulares dos sócios à satisfação das dívidas da sociedade.
Expressão: levantar o véu.
Não aplicação das regras de separação patrimonial entre sócios e sociedade.
Não leva a dissolução da pessoa jurídica. Suspensão episódica do ato constitutivo.
Princípio da equidade / princípio da moralidade obrigacional / princípio da boa-fé objetiva.
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DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
CC2002 
	Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.
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DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
CDC 
	Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violaçãodos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.
	[...] 
	§ 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.
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DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
Teorias:
	a) Teoria maior: a comprovação da fraude e do abuso por parte dos sócios constitui requisito para que o juiz possa ignorar a autonomia patrimonial das pessoas jurídicas.
	- Objetiva: basta a confusão patrimonial entre sócio e sociedade.
	- Subjetiva: é necessário configurar a intenção de utilizar a PJ para fraudar.
	
b) Teoria menor: considera o simples prejuízo do credor motivo suficiente para a desconsideração.
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EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA
Dissolução – Liquidação – Cancelamento do Registro.
Dissolução deve ser averbada no Registro.
Subsiste a pessoa jurídica para fins de liquidação.
Após a liquidação: cancelamento da inscrição.
Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua.
	§ 1o Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua dissolução.
	§ 2o As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, às demais pessoas jurídicas de direito privado.
	§ 3o Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica.
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DIREITOS DA PERSONALIDADE E PESSOAS JURÍDICAS
Extensão dos direitos de personalidade às pessoas jurídicas, no que couber.
	Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.
Proteção ao nome empresarial.
“A pessoa jurídica pode sofre dano moral” (Súmula 227/STJ): direito à honra e à imagem.
Ex.: Caso Zeca Pagodinho.