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CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL CAP 1 E 2

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CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL - FRED DIDIER – CAPÍTULO 1 
O direito processual civil de hoje deve ser compreendido como uma resultante das relações entre o processo e o direito material, entre o processo e a teoria do direito e entre o processo e o direito constitucional. Não é mais possível estudar o processo pelo processo só. Todas as discussões atuais de processo passam por esse enfoque da tripla dimensão. 
Relação entre processo e direito material
Todos sabem que processo serve para tutelar algum direito. Em todo processo, há afirmação de ao menos um direito. Alguém dizendo que tem um direito contra outrem. Ex: direito de crédito, direito de se naturalizar brasileiro, etc. Se o processo serve para tutelar o direito material, todo o processo deve estruturar-se de acordo com o direito material afirmado. Ex: levo uma separação litigiosa ao judiciário. Problema de família vai para vara de família. O processo começa se moldar ao problema submetido, ex: ação de despejo vai para vara cível, observa a lei de locações. Processo começa a ganhar forma relacionada àquele direito que foi afirmado. Processo só pode ser aplicado se levar em consideração o direito afirmado no processo. Tudo sem exceção. Direito material é ponto de partida para compreender o processo. Quando direito material quando vai a juízo, este passa a ser direito material afirmado ou processualizado. Todo direito levado ao judiciário é direito material afirmado. Quem vai ao judiciário pode perder. O direito material deixa de ser certo e passa a ser um direito afirmado. O direito só será certo se o juiz o reconhecer. Processo é incerto em relação aos resultados dele. Se eu já começasse o processo sabendo quem vai ganhar não seria necessário o processo. Por isso, o processo deve ser incerteza do resultado. Por isso que o direito material deve ser qualificado como direito material afirmado, vai ganhar aquele que consegue convencer. O direito material que é certo, uma vez processualizado, fica direito afirmado. 
Instrumentalidade do processo: 
Processo é um instrumento do direito material. Quando se afirma que processo é instrumento, afirma-se relação que o processo tem de ter com direito material, processo serve para fazer valer o direito material afirmado. Instrumentalidade do processo quer deixar claro o equilíbrio entre direito material e direito processual, cada um tem uma função, e se complementam. Direito material projeta e o direito processual concretiza. Ex: direito de vizinhança, é proibido forno na parede compartilhada, o processo vai definir o que é forno, etc. 
Relação circular entre o processo e o direito material
O direito processual serve ao direito material ao tempo que em que é servido por ele - Carnelutti. Direito processual: Realiza, concretiza o direito material, este que por sua vez dá ao processo a sua razão de ser.
Pensamento Jurídico contemporâneo
Reconstrução da ciência jurídica pós 2ª GM recebeu o nome de neoconstitucionalismo, pós-positivismo, neopositivismo ou positivismo reconstruído. Características:
1) Força normativa da constituição: o que está na CF tem de ser concretizado. 
2) Teoria dos princípios: agora princípio é norma 
3) Mudança na hermenêutica jurídica: hoje está claro o papel criativo que exerce a jurisdição. O juiz é agente de criação da norma ao lado do legislador; o indica parâmetros e juiz cria a norma do caso concreto.
Texto X Norma: Norma é o produto da interpretação do texto. 
Princípio da proporcionalidade: É preciso que a norma seja aplicada proporcionalmente, aplica-se quando qualquer norma é concretizada. 
4) Desenvolvimento da teoria dos direitos fundamentais, preocupando-se com a dignidade humana. 
5) Aprimoramento do controle de constitucionalidade. 
Princípio não é maior que regra, cada um serve a uma coisa. 
Neoconstitucionalismo 
1ª fase: Sincretismo ou praxismo: Não havia ciência do processo. Processo e direito material não tinha distinção. O estudo do processo era estudo das práticas processuais. Ex: pagar as custas, como interpor recurso, etc. 
2ª fase: Processualismo ou fase científica: Processo é estudado como objeto autônomo e institutos processuais começam a ser estudados. Processo e direito material são coisas distintas. Fase de afirmação da autonomia científica da ciência processual. Afastamento entre processo e direito material.
3ª fase: Instrumentalismo: Processo é distinto do direito material. Reaproximação do processo e do direito material. Processo passa a ser estudado da perspectiva da efetividade do direito material. Ignora todas essas transformações pelas quais passou a ciência jurídica.
4ª fase: Ciência processual de hoje está em outro momento. Não se ignora o instrumentalismo, mas é preciso avançar para aplicar ao processo tudo que se construiu de novo na teoria do direito. Jurisdição tem papel criativo. Ex: súmula vinculante é uma norma geral criada pelo judiciário. 
- Neoprocessualismo: Formalismo-valorativo. Valores constitucionalmente protegidos na pauta dos direitos fundamentais na construção e aplicação do formalismo processual. Reforço dos aspectos éticos do processo (cooperação).
Processo e constituição
As constituições passaram a ter número grande de normas processuais. Ex: exigência de motivação das decisões judiciais, proibição de prova ilícita, garantia de juiz natural. Se valorizou bastante os direitos fundamentais processuais. 
Correlação entre processo e dimensão objetiva dos direitos fundamentais 
Dimensão objetiva: direito fundamental é norma, determina como o direito brasileiro deve ser construído. Processo tem de ser construído de acordo com os direitos fundamentais. As normas processuais devem estar em conformidade com normas de direito fundamental. 
Correlação entre processo e dimensão subjetiva dos direitos fundamentais
Dimensão subjetiva: Direitos fundamentais também são direitos. Fredie tem direito a um processo devido. João tem direito ao contraditório no processo dele. Maria tem direito a não ter prova ilícita no processo dela. O processo hoje tem de estar adequado para bem proteger os direitos fundamentais. O direito fundamental que vai a juízo deve ser bem protegido. 
O processo deve estar adequado à tutela efetiva dos direitos fundamentais (dimensão subjetiva) e, além disso, ele próprio deve ser estruturado de acordo com os direitos fundamentais (dimensão objetiva). 
Princípio do Devido Processo Legal: As normas devem estar em conformidade com a Constituição. 
Princípios Processuais 
Dever de adotar um comportamento necessário para atingir um determinado estado de coisas. Pode atuar sobre outras normas de forma direta ou indireta. Direta: Sem intermédio de outro princípio ou regra. Indireta: Com intermediação de outras normas; Subprincípio: função definitória; Regras: (função definitória) delimitam o comportamento que deverá ser adotado para concretizar as finalidades estabelecidas pelos princípios (ex: garantia do direito à defesa); Princípios: (função bloqueadora) servem para justificar a não-aplicação de textos previstos que sejam incompatíveis com o estado de coisas que se busca. 
Precedentes, Criatividade Judicial e Clausulas Gerais
- Precedentes: decisão ou modo de agir que serve de referência para um caso parecido.
- Clausulas Gerais: são normas com diretrizes indeterminadas e que não trazem expressamente uma solução jurídica (consequência). Sua ideia é estabelecer uma pauta de valores a ser preenchida historicamente de acordo com os acontecimentos históricos. A existência das clausulas gerais reforça o poder criativo da atividade jurisdicional.
Processo e Direitos fundamentais
Os direitos fundamentais tem 2 dimensões: 
1) Subjetiva: direitos subjetivos que atribuem posições jurídicas a seus titulares
2) Objetiva: traduzem valores básicos consagrados na ordem jurídica (direito fund. como norma jurídica)
Tutela efetiva desses direitos pelo processo (subjetiva) e estruturado por este (objetiva).
As normas que consagram direitos fundamentais têm aplicação imediata.Aplicação da norma processual no tempo 
As normas processuais novas aplicam-se aos processos a serem julgados. Lei nova não pode atingir direito adquirido, mesmo se for um direito adquirido processual. Deve-se respeitar as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada. 
A tradição jurídica brasileira: nem commom law nem civil law: Controle de constitucionalidade difuso e concentrado.
INTRODUÇÃO AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL – FRED DIDIER – CAPÍTULO 2 
Direito Processual Fundamental
Direito Processual Fundamental: Conjunto de normas processuais (que podem ser princípios e regras). A norma é fundamental, porque estrutura o modelo do processo civil brasileiro e serve de norte para a compreensão de todas as demais normas jurídicas processuais civis.
Princípios:
Princípio do Devido Processo Legal 
Art 5: “Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. O processo legal deve estar em conformidade com o Direito como um todo. Processo (conjunto de atos organizados para a produção de um ato final) é aqui método de criação de normas jurídicas. Processo é qualquer atividade processual. Ex: num condomínio, se condômino desrespeitar sofre multa, e para ele ser multado, tem de ser ouvido. Direitos fundamentais foram desenvolvidos para proteger o cidadão contra o Estado, mas que também servem para vincular relações. Essa eficácia dos direitos fundamentais na regulação das relações. O que é processo devido? O texto do processo é sempre o mesmo, seu conteúdo vai variar com o tempo, mas ele tem que ter a certeza de que o processo é devido. Ex: num caso de tirania, o processo legal deve ser para proteção. Processo devido é processo em contraditório. Devido processo legal é uma forma da qual posso extrair diversos outros direitos, e foi concretizado em diversos outros. 
- Devido Processo Legal Formal e Substancial 
O Devido Processo Legal é dividido: 
1)DPL Formal: conteúdo é composto pelas garantias processuais (ex: direito ao contraditório, ao juiz natural, a um processo com duração razoável etc). 
2) DPL Substancial: Um processo devido não é apenas aquele em que se observam exigências formais, ele também é o processo que gera decisões jurídicas devidas (proporcionalidade e razoabilidade). A proporcionalidade é um postulado, outra espécie de norma segundo Ávila Humberto 
A jurisprudência brasileira trabalha muito com o DPL substancial, principalmente pela jurisprudência do STF.
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana
Art 8: "Resguarde e promova" a dignidade da pessoa humana, esta que seria um sobreprincípio, onde todos os princípios e regras relativas aos direitos fundamentais seriam derivação. A dig. humana é imprecisa, exige fundamentação específica e relevante, liberdade processual das partes em defender seu direito. 
Princípio do Contraditório
Contraditório é o princípio que garante o direito de ser ouvido, direito de participar e o direito de poder influenciar a futura decisão. Aspecto formal = direito de ser ouvido e de participar Aspecto substancial = direito de influenciar a decisão, ex: quando se diz que a parte tem direito de provar em juízo, é o direito de poder criar elementos que convençam o juiz. O juiz é sujeito do contraditório. Regra da congruência: o juiz decide com base no que foi pedido, o estado não pode surpreender o cidadão (segurança jurídica). Contraditório é evitar a surpresa (ou ser punido com base naquilo em que pude me manifestar). 
Princípio da ampla defesa
Não há contraditório sem defesa; o contraditório é o instrumento de atuação do direito de defesa. Ampla defesa é direito fundamental de ambas as partes.
Princípio da Publicidade
Publicidade dos atos processuais. Processo devido, é processo público (à luz do DPL). Funções:
1) proteger as partes contra decisões injusta (a favor da imparcialidade) (para conhecimento das partes)
2) controle da opinião pública sobre os serviços da justiça (para conhecimento de terceiros)
Princípio da Duração Razoável
Processo que demore o tempo necessário para que a decisão seja justa. Tem de ouvir réu, prova, recurso, participação de advogado (à luz do DPL). É indevida é a demora extensa. Conceito indeterminado, pois não dá para saber a priori qual o tempo que processo tem de demorar (vai depender do processo). Critérios:
1) Complexidade da causa 
2) Estrutura do judiciário (pessoas envolvidas no processo: juiz, escrivão, etc) 
3) Comportamento das partes: ouvir pessoas, etc
4) Comportamento do juiz 
Princípio da Igualdade Processual 
Aspectos:
Imparcialidade do juiz
Igualdade no acesso à justiça 
Redução das desigualdades que afetem o acesso à justiça (ex: financeira, geográfica, etc)
Igualdade no acesso às informações necessárias ao exercício do contraditório 
Princípio da Eficiência 
O processo, para ser devido, tem que ser eficiente. O dever de eficiência impõe-se na escolha do meio a ser utilizado para a execução da sentença; os enunciados normativos devem ser interpretados de modo a observar a eficiência; “unir” casos para resolvê-los de uma vez (economiza tempo e dinheiro); adotar técnicas para resolver o processo; dividir os autos em partes para resolvê-los com eficiência. 
Princípio da Boa-fé Processual 
- Boa-fé subjetiva: é elemento do suporte fático de alguns fatos jurídicos (fato).
- Boa-fé objetiva: dever fundamental de ser leal 
- Proibição de agir de má-fé
- Proibição do abuso de direito (de defesa, de recorrer, etc)
Princípio da Efetividade 
Proporcionar pronta e integral satisfação a qualquer processo. Interpretação gerando maior efetividade possível; o juiz tem o poder-dever de não aplicar uma norma restritiva a um meio executivo (atos do processo); meios executivos para prestação completa do processo. 
Princípio da Adequação do Processo
Dimensões: 
Legislativa: como informador da produção
Jurisdicional, permitindo ao juiz, no caso concreto, adaptar o procedimento à determinado processo
Negocial: Adaptabilidade, flexibilidade ou elasticidade do processo. 
Adequações: 
Subjetiva: As regras processuais serão adequadas àqueles que vão participar do processo
Objetiva: A natureza do direito litigioso; a evidência como se apresenta o direito material no processo; e a situação processual da urgência. 
Teleológica: O procedimento faz-se de acordo com os diversos objetivos a que ele visa alcançar
Princípio da Cooperação 
Decorre do contraditório. O processo deixou de ser dispositivo para ser inquisitivo, e agora é cooperativo onde os poderes estão distribuídos equilibradamente entre os sujeitos para levar o processo à melhor decisão possível. Todos devem colaborar fundando-se no equilíbrio e no diálogo. 3 deveres do juiz:
 	1) dever de consultar as partes acerca de ponto que não foi abordado e vai ser levado em consideração. 
2) Se o juiz identifica alguma falha processual, ele tem o dever de apontar
3) Se ele tem dúvidas, ele tem o dever de pedir esclarecimentos
Princípio do Respeito ao Autorregramento da vontade do processo
Direito que todo sujeito tem de regular juridicamente seus interesses.
Princípio da Primazia da Decisão de Mérito 
O órgão julgador deve priorizar a decisão de mérito, tê-la como objetivo e fazer o possível para que ocorra.
Princípio da Proteção da Confiança
O princípio da proteção da confiança impõe que se dê a confiança de um determinado sujeito. Como ensina Humberto Ávila, tutela-se a situação de confiança do sujeito que exerce a sua liberdade por confiar na validade de uma norma e, depois, vê frustradas as suas expectativas pela descontinuidade da vigência ou dos efeitos dessa norma. A proteção da confiança é um instrumento de proteção de direitos individuais em face do Estado ou de quem exerce poder

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