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�PAGE \* MERGEFORMAT�51� AULA DE 01/02/2012 Prof. Antônio Carlos Morato Bibliografia: - Manual dos Direitos do Consumidor – José Geraldo Brito Filomeno (Ed. Atlas) tem dados históricos e foi um dos colaboradores da elaboração do CDC; - Direitos do Consumidor - José Geraldo Brito Filomeno (Ed. Atlas) – versão sintética do curso; - Curso de Direito do Consumidor – Ronaldo Alves de Andrade (Ed. Manole); - Código Comentado CDC pelos autores do anteprojeto. Coordenadores: Ada Pelegrini e Benjamin, Nelson Neri, Kazuo Watanabe, Filomeno – Ed. Forense Universtitária; - Curso de Direito do Consumidor – Luiz Antônio Rizzato Nunes (Ed Saraiva); - Curso de Direito do Consumidor - João Batista de Almeida (Ed Saraiva) OAB – duas questões de consumidor e duas de ambiental Critérios de avaliação Avaliação continua – 02 fichamentos (cada um 0,5 ponto) Prova regimental – 3 questões (uma dois pontos e outras 2,5). Desconto por erro de ortografia e concordância, máximo 10 linhas nas respostas. Sem consulta. 1)Histórico da proteção ao consumidor 2)Fundamentos constitucionais da proteção ao consumidor - Defesa do consumidor como cláusula pétrea - A defesa do consumidor na ordem econômica - A tramitação do Código de Defesa do Consumidor e os atos das disposições constitucionais transitórias - Competência legislativa Histórico da Proteção ao Consumidor Código de Hamurabi (questões que envolvem responsabilidade do construtor, como foi o caso do Palace II) – hoje a questão pode ser resolvida tanto no âmbito penal como no civil. A partir da idade média passou a existir conscientização com relação à pureza dos alimentos (manteiga, vinho) Surge na virada do Século XIX-XX, com a chamada sociedade de consumo. Surge a necessidade de proteção à parte mais fraca (Código de Proteção e Defesa do Consumidor) que inclusive tem em seu nome “defesa”. Existem divergências: Rizzato Nunes considera que a primeira lei de proteção ao consumidor foi a do Shermann Act (1890), que é a lei antitruste americana. Porém não é propriamente uma lei que protege o consumidor, mas sim a concorrência. O bem jurídico tutelado é o mercado concorrencial, não que o consumidor não seja beneficiado (mercado com vício de monopólio para um mercado com concorrentes). Não temos como questão central a proteção ao consumidor e sim a regulação das empresas. A primeira lei que tratou especificamente da defesa ao consumidor foi a Lei de Pureza dos Alimentos 1906. A greve dos frigoríficos de Chicago, trabalhadores sem condições mínimas de higiene. Havia grande contaminação da carne obrigando o Governo americano a tomar providências e criar essa lei. No Brasil temos a ANVISA que edita normas para garantir a segurança, e existem padrões aceitáveis (ex. existir fragmentos de insetos). Essa lei foi imitada em outros países. Os Estados Unidos são usados como referência porque tem sociedade de consumo mais exuberante. É um país que sempre estimulou o consumo, com publicidade intensa, marcante frente ao consumidor. Surgiu então iniciativa governamental (15 de março de 1962, no discurso de JFK) a partir desse discurso, que foi muito importante. JFK naquela época exprimiu anseios que havia na sociedade, e existiam problemas de segurança da indústria automobilística (próprio de períodos de crescimento do país, como por ex. o recall que é feito para os carros). Produção em massa de automóveis, riscos aumentam. Esse discurso é citado nos livros de Direito do Consumidor, porque inspirou resolução da ONU (39.248 de 1985). Essa resolução acabou inspirando textos de várias leis ao redor do mundo, incluindo o CDC em seu artigo 6º. Em razão desse discurso de JFK, até hoje se comemora em 15/03 o Dia Internacional do Consumidor. No Brasil a questão do consumidor era tratada no CC ou em normas penais. Primeira proposta nos anos 70 (entidade de advogados do RJ e JM Otto Siduck) – pensava no consumidor como o CC sempre pensou: o consumidor é individual. Código atual do Consumidor, se preocupa com os direitos transindividuais e não individuais (ex. automóvel com defeito de fábrica da VW. O interesse da coletividade será prejudicado). Fundamentos Constitucionais da Proteção ao Consumidor Defesa do Consumidor como Cláusula Pétrea Momento mais importante para que o CDC se tornasse realidade: CF de 1988 (no período chamado de Nova República). Na constituinte, passou a se ter preocupação com a defesa do consumidor, tanto assim, que foi colocado como cláusula pétrea (impressas em pedra e não podem ser contrariadas). Art.60 das CF; defesa do consumidor no art.5º inciso XXXII da CF (a lei é ordinária). Compromisso de defesa dentro do ordenamento jurídico. Por isso as alterações que são sugeridas para o CDC sempre causam polêmica. A defesa do consumidor tem papel relevante, porque o consumo é base da ordem econômica. A ordem econômica sob o ponto de vista normativo, tem a previsão da proteção ao consumidor (art.170, inciso V da CF). Existem outros princípios da ordem econômica, como é o caso da proteção ao meio ambiente do inciso VI, livre concorrência inciso IV, pleno emprego inciso VIII todos do art.170 da CF. É difícil conciliar esses princípios (ex. indústria que polui rio e deve fechar, porém, ocasionará demissões). Especialistas dizem que a decisão do juiz é muito mais política do que jurídica. Defesa do consumidor na ordem econômica A defesa do consumidor está na ordem econômica. A tramitação do Código de Defesa do Consumidor e os atos das disposições constitucionais transitórias O art.48 dos atos das disposições constitucionais transitórias determinou a elaboração de um código, mas isso não pode ser feito de maneira rápida. O que importa no Código e que este é dotado de princípios, e depois se cria a lei. Esses artigos estão todos citados no art.1º do CDC (art.170 da CF; art.5º da CF e art.48 da ADCT). Lei 7.347/85 foi usada para a elaboração do CDC. Importante atuação do Legislativo na época da elaboração do CDC: Geraldo Alckmin e Michel Temer. Reações negativas e muitas críticas quando da aprovação do CDC. Existe na CF menção ao consumidor em outros dispositivos como no caso do art.150, inciso V. Contribuinte não é consumidor para José Filomeno. Tem que se reduzir a aplicação do CDC na resolução de questões voltadas ao Estado. Este dispositivo está indiretamente ligado às relações de consumo. Competência Legislativa Há dispositivos que estão diretamente ligados às relações de consumo, como no caso da Competência Legislativa. Questão central é saber se Estado e Município podem ou não fazer isso. O artigo XX traz a competência exclusiva da União. O Município (art. 30 inciso I e II da CF) pode legislar de acordo com esse dispositivo. Para saber qual a lei que o Município pode aprovar, devemos ir ao art.24 da CF. Inciso V do art.30 fala sobre o que o Estado pode legislar. Art.22 inciso I da CF – responsabilidade civil pode abranger qualquer ramo do direito e não somente o civil, por isso, temos que ter cuidado ao interpretar esse dispositivo, taxando que Município e Estado não podem legislar sobre direito do consumidor. O Estado também legisla sobre direito do consumidor (ex. nos motéis tem que haver pelo menos um preservativo em cada quarto. Envolve direito do consumidor e questões de saúde pública). Mesmo o Município com relação ao bronzeamento artificial (Lei Municipal, informando o estabelecimento e ao consumidor sobre os possíveis danos que podem causar). Apesar de já estar previsto na lei federal há previsão na lei municipal. AULA 2 – 08/02/2012 RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO - CDC Conceitos de Consumidor Conceitos de Fornecedor Objeto – Produtos e Serviços Conceitos de Consumidor CDC aprovado por norma constitucional Art.150 parágrafo 5º da CF envolve relação jurídica tributária e não do consumidor O contribuinte não é consumidor. Temos vários conceitos de consumidor. Antes temosque voltar nos três dispositivos constitucionais, que aparecem no art. 1º do CDC (normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social). O CDC é composto por normas de ordem pública. Todos os seus artigos são considerados normas de ordem pública, ou normas cogentes. Recebem esse nome porque não podem ser contrariadas pela vontade das partes. Ex. produto com vício. Mesmo que a vontade do consumidor seja livre, não pode reduzir o prazo de 90 dias para 50 dias. Existem as chamadas normas supletivas, onde a lei só vai suprir a lei só será utilizada na relação jurídica se o contrato não disser nada a respeito. No CC de 2002 existe uma norma que é a função social do contrato (art.421, CC), que dá liberdade ao juiz que mesmo em relação entre iguais, o que foi acordado entre as partes, nem sempre deve prevalecer. O CC de 1916 existia relação entre iguais. No livro das obrigações diz que a obrigação deve ser cumprida no domicilio do devedor, porém nada impede que seja cumprida no domicilio do credor. Esse é um exemplo de norma supletiva. Sempre que tiver vírgula dizendo “salvo disposição em contrário”. Normas de ordem pública servem de referência para interpretar todo o CDC, e não vale o que pensa o juiz ou as partes. O CDC coloca como consumidor, quem é destinatário final, mas isso é verdade parcial, pois não temos o consumidor só como destinatário final. É um dos conceitos, dos quatro apresentados no CDC: Consumidor como destinatário final, seja pessoa física ou jurídica (art.2º caput do CDC). É o conceito mais tradicional e simples; Coletividade de pessoas, ainda que indeterminada. Podemos ter relações transindividuais (art.2º, parágrafo único do CDC); Vítimas do evento (art.17 do CDC); Pessoas, determináveis ou não, expostas às práticas previstas como abusivas no mercado de consumo (a partir do art.29 do CDC – esse artigo é tudo que diz respeito à fase pré-contratual, anterior ao contrato). O consumidor pode ser PF ou PJ, para a nossa legislação. Gerou grande discussão quando o Brasil seguiu o modelo existente no México e na Espanha. Ter uma pessoa jurídica como consumidora traz série de dúvidas sobre quando se aplica o Código Comercial e quando se aplica o CDC. Imaginemos uma relação entre fábrica de pneus e montadora de automóveis. A Michelin e a VW. A VW seria considerada como sendo consumidora. Por outro lado, empresa Pão de Açucar comprando caminhões da VW. Entre várias linhas doutrinárias que seguem essa linha, o prof. Morato segue o livro do Senise (Relação Jurídica de Consumo). Segue a Teoria da Causa, que basicamente (tradução uso próprio), que diz que temos que ter o uso do bem. Nesse caso, em se tratando do ex. da VW, os pneus não serão usados pela VW e sim os caminhões montados, os pneus serão usados pelo consumidor. No caso da relação da VW com o PA, este último será consumidor. Um dos argumentos colocados contra a PJ é o de que ela sempre vai inserir os custos na prestação de serviço ou na produção. A Teoria da Causa propõe uma separação. Ex. taxista compra seu automóvel, não repassa, e sim usa para tarefas pessoais; advogado que compra computador. São pessoas consideradas como consumidoras. É conceito de destinação final. Coletividade de pessoas é a ideia de que consumidor não é só individuo, nem PF e nem PJ, e podemos ter um grupo de consumidores. Ex. todos os alunos da FMU. Fala da coletividade de pessoas ainda que indeterminada. Vítimas do evento (art.17 do CDC) – são equiparadas a consumidores, podendo ser individual ou grupo. Ex. pessoa atropelada por automóvel que tem defeito de fábrica. Nessa situação, pelo CC de 1916 a responsabilidade é do condutor, e se constatar que o problema foi do carro, pode acionar e responsabilizar a fábrica. Pelo CDC, pode quem foi atropelado, mover ação contra a empresa, pois a vítima é consumidor tanto quanto aquele que comprou o veículo. Pessoas expostas às práticas previstas como abusivas - consumidor (art.2º caput do CDC). Ex. compra de garrafa de Coca-Cola contaminada. Ajuíza ação contra a empresa, e a empresa alegaria ilegitimidade de parte, pois a bebida foi oferecida em festa, e a vítima deve mover ação contra a casa que serviu a bebida. Isso seria o pensamento do CC 1916. Hoje com o CDC a visão é diferente. Ex1. Acidente da TAM (muitos usaram o CC de 1916) em 1996, dizendo que poderia mover processo em uma ação que envolvesse negligência, imprudência (responsabilidade fundada na culpa) da parte. Essa é forma superada de ver a situação, pois hoje existe art.17 do CDC, que estabelece que sendo vítima do acidente, qualquer pessoa tem legitimidade para mover ação, e se for grupo de vítimas, move uma ação coletiva. No CDC a responsabilidade é objetiva e no CC de 1916, a responsabilidade civil é basicamente subjetiva. No atual CC temos os arts. 931 e 927 parágrafo único, que permitem responsabilidade objetiva (responsabilidade fundada no risco, independe de culpa) e dá maior liberdade ao Juiz. No art.29 do CDC, temos oferta, práticas abusivas como a venda casada. Não podemos esquecer também da publicidade prevista nos arts.37 e ss do CDC, que dizem respeito a fase anterior ao contrato. Ex. produto oferecido por 2.000,00, mas custa 4.000,00. O consumidor que for ao estabelecimento atraído pela propaganda do valor de 2.000,00 e quando chega lá recebe a informação de que é 4.000,00. Pode exigir o cumprimento da oferta e não pode ser obrigado a levar dois produtos se só está querendo levar um. Não pode haver alegação de que a pessoa não pode ser considerada consumidor antes da compra. A pessoa já é considerada consumidora, pois está previsto no CDC, mesmo antes dela consumir. O legislador quis resguardar o consumidor de todas as formas. O conceito mais complexo é o de Coletividade de Pessoas. Conceito de Coletividade de Pessoas (mais importante, servirá de referência ao processo). Temos os chamados interesses Transindividuais (art.81 CDC) é o termo usado pelo legislador Direito subjetivo é interesse juridicamente obedecido (Ihering). Temos três espécies de interesses: Interesses Individuais (art.81 do CDC) Interesses/Classificação Qto aos Titulares nº lesados Qto à Origem Qto à Divisibilidade Difusos (inciso I) Indeterminados Relacionada à circunstância de fato (não precisa ter relação jurídica) Indivisível (não há solução intermediária, se resolve ou não) Coletivos (inciso II) Determinados ou determináveis (grupo, categoria ou classe de pessoas) Relação jurídica Indivisível Individuais homogêneos (inciso III) Determinados ou determináveis Origem comum / Fato Divisível Há uma área de penumbra entre o que é público e o que é privado. Roma – interesse público: tudo o que diz respeito aos negócios de Roma. Estado cresceu e passou a representar a defesa da sociedade. Às vezes o Estado realiza atos contrários à sociedade. A rigor, temos interesses que até então não tinham nome. São os interesses difusos, que são os interesses da sociedade como um todo. Ex. peça publicitária considerada como enganosa. Anúncio de medicamento que cura determinada doença. Equivocado o raciocínio de que não sendo doente, você não é consumidor do medicamento, porque toda a sociedade é prejudicada, e o que esta sendo questionado é a veracidade de peça publicitária. Ex. publicidade que coloca idosos, negros, crianças em situação vexatória. Todos são prejudicados, porque o que se busca aqui é a não abusividade nas campanhas publicitárias. Toda a sociedade tem relação com aquele problema. No direito ambiental o raciocínio é o mesmo (art.225 da CF). Só os interesses coletivos tem relação jurídica. Nos interesses difusos precisa haver fato, não precisa haver a relação jurídica, pois o fato que prejudica toda a sociedade me inclui. Posso nunca comprar aquele produto que é prejudicial, mas ele também me afeta, me atingirá. É um fato, e não um problema que envolve uma relação jurídica. Só os interesses difusostem titulares indeterminados. Quanto aos interesses coletivos temos relação mais restrita, porque os titulares são determinados ou determináveis. Ex. contrato de prestação de serviços educacionais. Conseguiremos saber antes quem são os alunos. Ex. contrato de TV a cabo; contratos de plano de saúde da Amil. Isso traz a característica mais relevante. Todo interesse coletivo tem relação jurídica de base. Cada aluno tem vínculo jurídico com a FMU na relação jurídica. Essa relação jurídica é essencial para que possamos entender os interesses coletivos que também são indivisíveis, não há meio termo. Ex. aumento da prestação. Pode acontecer de o aumento ser mantido e todos serem prejudicados ou, é mudado e todos são beneficiados. É mais comum ser tratada no aspecto financeiro. Pode também dizer respeito à segurança, qualidade de ensino etc. Os interesses individuais homogêneos são aqueles que têm origem comum. Essa origem comum é sempre um fato. Ex. explosão em duto de gás no Osasco Plaza Shopping (1996). Todas as pessoas que foram atingidas naquele momento, tem fato em comum, uma origem em comum, que une aquelas pessoas. Todas estavam ali naquele momento. Essas pessoas estão unidas por esta tragédia. Por isso, o art.17 do CDC pode ser usado tanto para interesse individual e individual homogêneo. Também está no art.2º do CDC, porque é interesse transindividual. Outro exemplo é o acidente da TAM que envolve interesse individual homogêneo. Tem titulares determinados ou determináveis, porque é possível determinar o nº de mortos ou feridos daquele acidente (TAM ou Osasco Plaza). Pode ter uma associação de vítimas do acidente que promove a ação. O que une essas pessoas é um fato e não uma relação jurídica. Serve tanto para aqueles que morreram ou se feriram por estar no avião ou no shopping ou estar passando perto do local e ter sido vitimada. O que muda no caso desses interesses individuais homogêneos, é que esses são divisíveis, porque um pode ser mais prejudicado do que outro. Um morreu, outro ficou com sequelas dos ferimentos. Isso muda de pessoa para pessoa. Qual o limite que temos para dizer que temos interesses individuais homogêneos? A pessoa pode entrar na associação ou mover a ação civil pública individualmente. No art. 81 CDC diz quem é legitimado para propor a ACP. Art.81 do CDC ( a defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. O MP pode ser defensor em Ação Civil Pública no caso de interesses individuais homogêneos? Sim, desde que exista extraordinária dispersão de lesados (orientação do MP). Isso foi determinado dessa forma, porque senão o MP iria assumir a posição dos advogados. Os interesses são divisíveis mais exigem extraordinária dispersão dos lesados. Difusos e Coletivos - vão direto para um fundo Interesses Individuais Homogêneos - disponível por um ano aos interessados em se habilitar. Não se habilitando nesse período, o dinheiro vai para um fundo. Definição de Fornecedor (art.3º do CDC - PF ou PJ). Fornecedor pode ser Pessoa Jurídica ou Pessoa Física, pública ou privada, nacional ou estrangeira. Se tivermos PF oferecendo serviços a uma empresa, a não ser que haja relação trabalhista, temos sim a aplicação do CDC. Temos também os entes despersonalizados como fornecedores (não registrados como PJ no Registro na Junta Comercial ou no Cartório de Registro de PJs). Estão os entes despersonalizados sujeitos ao CDC. Pessoa Jurídica pode ser pública ou privada. O Estado pode ser considerado como fornecedor. Ex. Dersa. Unir art.3º, caput com o art.22, CDC para que o Estado possa ser definido como fornecedor, porque temos os concessionários. Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos. Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste código. Contribuinte não é consumidor. Pessoas nacionais ou estrangeiras tb podem ser aplicados a PJ ou PF. Art.12, caput do CDC importador vai responder no caso de produto que foi vendido e apresenta defeito. Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. AULA 3 – 15/02/2012 A relação jurídica de consumo e os elementos necessários para sua compreensão (final) Correntes no Direito do Consumidor – Maximalismo e Finalismo Teorias que explicam a destinação final – Teoria da Causa e Teoria da Análise Econômica Código de Defesa do Consumidor como microssistema jurídico. OBJETO DA RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO OU BEM DE CONSUMO – bem é sinônimo de objeto da relação jurídica. Quando se estuda o bem de consumo, temos serviços e produtos ambos previstos no art.3º,§§1º e 2º do CDC. Art.3º, §1º Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. Art.3º, §2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. Os produtos podem ser móveis ou imóveis, o que é um aspecto importante, pois os imóveis são importantes economicamente, como é o caso do boom dos imóveis no Brasil. O desenvolvimento econômico aconteceu por meio da construção civil e da indústria automobilística. Em relação aos imóveis acontece o mesmo que aconteceu com o automóvel. Há exploração desenfreada, principalmente na segurança das edificações, com a preocupação com desabamento das obras. Pressão das construtoras para retirar responsabilidade (art.618, CC – prazo quinquenal de seguro das características do imóvel). Anteriormente existiam esses cinco anos, mas o prazo prescricional do CC de 1916 (art.177) estabelecia que o prazo era de 20 anos para ações pessoais + resp civil. Hoje o prazo é de 180 dias, que diz respeito a vício patrimonial, vício do produto, que diz respeito a dano exclusivamente patrimonial. Duas visões dano do produto e vício patrimonial Critério da especialidade – norma especifica dada pelo CDC – 180 dias dado ao consumidor para reclamar. No caso de danos que colocam em risco tem que seguir o prazo de 5 anos e não os 180 dias, como é o caso dos problemas com edificações, que diz respeito à segurança, coloca em risco a segurança do consumidor que está no local. Outro aspecto é o do produto. Que pode ser: Produto corpóreo – produto tangível posso tocar Produtos incorpóreos – posso tocar. Quando o legislador fala isso, ele coloca algo que estudamos em direitos autorais porque existe (art.7º lei específica 9609/98 – computadores, programas de computadores são protegidos pelo direito autoral e não industrial). Há distinção entre o direito do autor e o suporte (CD, livro, DVD), o autor não é proprietário do CD, do DVD, masdo seu conteúdo. Quando temos essa opção pela ideia de bem imóvel, significa que o autor não precisa pedir autorização para o cônjuge, por ser bem imóvel. O legislador ???? Os bancos oferecem produtos incorpóreos – ex. títulos de capitalização. Em relação aos serviços existem distinções: - o produto não exige remuneração e pode ser puramente gratuita. Mesmo que o bem tenha sido doado, se tiver problema, defeito, posso reclamar. - quando o CDC entrou em vigor e previu que o serviço deveria ser mediante remuneração, significava, mediante remuneração direta, e não indireta. Necessariamente o consumidor teria que tirar dinheiro do bolso de forma direta, não poderia ter beneficio indireto. Quando os autores citam o exemplo da amostra grátis, há beneficio indireto, mesmo que não haja pagamento, pois quem fornece espera que o consumidor goste e compre o produto, consuma novamente. - quando vamos aos serviços, a interpretação foi essa, de que o consumidor teria que pagar para ter aplicação deles aos serviços. A jurisprudência entendeu diferente, entendeu que deveria ter um alargamento. O CDC no inicio era aplicado aos hospitais públicos, que afinal de contas são remunerados indiretamente através dos impostos, mas esses não são revertidos diretamente àquela pessoa que pagou o imposto. Mas essa visão não é correta, porque contribuinte não é consumidor. Serviços prestados a título universal, não estão sujeitos ao CDC, mas aqueles serviços fornecidos de forma singular sim, situações que envolvam o Estado que pode ser fornecedor. Remuneração indireta – estacionamentos de shoppings centers e restaurantes. Não cobram estacionamento, mas há lucro indireto. A pessoa vai àquele estacionamento, não paga, mas consome no shopping. Shoppings passaram a cobrar de forma direta. Existe remuneração indireta e aplica-se CDC. Em relação ao serviço, encontramos aplicação do CDC aos bancos ou em sentido mais amplo, às instituições financeiras (bancos, seguradoras, administradoras de cartão de crédito). De forma expressa mesmo, o CDC só é expresso com relação ao Estado e às instituições financeiras. O Idec ( fiscalização do Estado Instituições financeiras alegavam que não poderiam trabalhar com destinatários finais, pois trabalham com dinheiro que é usado para consumo. Justificativa pobre, já rechaçada no Brasil. Se fosse seguir essa linha de raciocínio, somente quem colecionasse notas e moedas poderia ser destinatário final. O carro é bem consumível e o apartamento tb. Bens consumíveis juridicamente e os fisicamente, incluindo-se o dinheiro. A finalidade econômica do dinheiro acontece quando ele é usado, caindo por terra que ninguém pode ser destinatário final do dinheiro. Outro é a exclusão dos produtos oferecidos pelos bancos. A norma do CDC que trata do produto é ampla e inclui esses produtos bancários. Resolução 5.878 Banco Central. Importante – durante 10 anos (03/91 a 12/2001) os bancos fizeram de tudo para não aplicar o CDC. O BB e do Banco Real, por exemplo, que aceitaram, como exceção, o CDC. Quando esse tempo de 10 anos terminou, tentaram iniciativa mais arrojada propondo uma ADI-2514, que foi subscrita por vários advogados (Arnoud Wald e Ives Gandra). Argumento básico era que o CDC não poderia tratar de instituições bancárias ou financeiras em geral, porque a CF proibia (art192, caput) que estabelece que o sistema financeiro nacional será regulado por lei complementar, o que envolveria questão hierárquica, nos teríamos em um patamar superior a lei complementar e no inferior a lei ordinária. Existe divergência doutrinária com relação a este ponto (doutrinadores tributários). Alguns dizem que não há hierarquia, espaço de competência legislativa reservado (Geraldo Ataliba, Roque Carraza, Rizzato Nunes). Não se confunde lei complementar com lei ordinária e as duas estão no mesmo patamar. O Supremo quando julgou este caso, não resolveu pela questão hierárquica. O STJ com a matéria que diz respeito à Lei Federal (violação ao CDC), editou a súmula 297 STJ (o CDC é aplicável às instituições financeiras), então ficou sem discussão quanto a lei federal, mas não ficou claro quanto à violação da CF. Os juros desde o momento da aprovação do CDC, este era o foco central, pois os bancos queriam a todo momento regular os juros. O CDC traz outras previsões sobre os juros (art.52 e 53 do CDC). Quando pensamos no CDC especificamente, o art 52, §2º estabelece que se existir pagamento antecipado existe redução proporcional de juros, o que é contrário ao pensamento de qualquer instituição financeira. O risco da atividade é de quem desempenha a atividade financeira. O risco é do fornecedor. Assim define o CDC. O CDC foi considerado como aplicável pela maioria dos ministros do STF, e o argumento é importante, porque a rigor o que se discute não é uma relação que diga respeito ao sistema financeiro, pois essas são relações de subordinação, entre o Estado que regula a economia neste ponto e as instituições financeiras. Quando falamos do CDC temos uma relação de coordenação, duas partes, dois particulares (tirando quando o Estado age como fornecedor, e ele também pode contratar como consumidor). A instituição e considerada financeira diante do consumidor. Não é apenas o tema. A lei não trata de matéria que diz respeito ao sistema financeiro. O sistema financeiro só pode ser tratado por lei complementar (art.192 da CF). O CDC não trata do sistema financeiro, é lei ordinária, então o STF entendeu que pode ser aplicado no caso dos bancos. Cadastro de consumidores – art.43 do CDC Parte final art.3º, §2º do CDC – “... serviço mediante remuneração, salvo as decorrentes de relações de caráter trabalhista”. Isso porque se tenho empregado (motorista, empregada) sou destinatário final de um serviço, mas aquele que está diante de mim é subordinado, e está em reação de vulnerabilidade, não tendo sentido aplicar o CDC a essa relação. Relações de caráter trabalhista estão fora do CDC porque existe subordinação e vulnerabilidade. Edição de setembro/2001 – bancos reconhecem o CDC. Correntes do Direito do Consumidor Dois conceitos no sentido de destinação final: Conceito objetivo (adotado pela lei brasileira) – o que importa é a destinação final, e pouco importa o uso que será feito desse objeto (o que importa é o objeto). Ex. automóvel que vai para a fábrica para ficar com o bem. Conceito subjetivo (Bélgica, França, Itália) – consiste na ideia (está ligado a sujeito) de que se tivermos uma pessoa considerada como não profissional, teremos quem possa ser considerado como consumidor, ou seja, analisa o que faz o sujeito, e o não profissional. Preocupa-se com o que o PJ ou PF fará com o bem, se será ou não para uso profissional. Se não for uso profissional, não é relação de consumo. Para o professor, o conceito é o objetivo. Todo este problema está ligado à PJ, por isso foram criadas duas correntes: Maximalismo – interpretação mais ampla, temos destinação fática, onde está o bem, onde está o objeto? Se o bem estiver com empresa, temos conceito objetivo do consumidor. Se o bem estiver com a empresa, ela é consumidora. Ex. Pão de açúcar compra caminhões para entregar seus produtos, faz utilização fática. Destinação fática. Finalismo – a visão finalista é outra. Para essa corrente, não basta a destinação fática e tem que ter a destinação não econômica. Para ser aplicado o CDC faz uso, mas não econômico. Ex. Pão de Açúcar esta com os caminhões no pátio, e repassa o custo para os consumidores; VW compra computador e repassa esse custo para os consumidores. Tem em um primeiro momento, maior número de adeptos. Sempre para uso pessoal, não profissional e PF somente. Fazendo uso profissional, não pode se beneficiar do CDC. Como faz no caso do advogado que quer usar o PC para lazer; o taxista que no final de semana viaja com a família? Destinação econômica. Teoria do Uso misto (Itália) – uso parte do tempo para lazer e parte para profissional, é consumidora.Não pode se usar o CDC de forma ilimitada para as PJs – associações, fundações e microempresas. Filomeno – maioria de votos PJ poderia ser consumidor O art.2º coloca PF ou PJ que seja destinatária final de produto ou serviço. Qualquer PJ pode usar o CDC (corrente maximalista). Em relação ao CC de 1916 houve evolução razoável. CDC – inversão do ônus da prova. O CDC tem dentro dessas duas correntes um problema, Para o professor o caminho é adotar o conceito objetivo, se vai ter nome maximalista ou outro, não importa. O que interessa é que pode aplicar para uma grande empresa. O STJ levantou a questão de que no início éramos maximalistas e agora somos finalistas. Teoria da Análise econômica – recebe esse nome porque os conceitos vêm da economia. Linha fabricantes até chegar à destinação final, em que teremos o bem de consumo. Enquanto houver relação meio, teremos o bem de insumo. Essa teoria não está na lei do CDC. Teoria da Causa - a causa é algo comum a todos. Propõe consumo para uso próprio. Ex. VW compra computador da IBM, nessa situação temos o uso próprio. O uso próprio é bem geral a todos. Porque comprei o automóvel ou o computador é subjetivo. A causa é geral tanto para PJ quanto para PF. O que interessa é o uso. CDC como microssistema jurídico – olhar aulas de CC do primeiro ano. (conceito de lei geral, lei especial, conflito de normas). Quando se fala que o CDC é um microssistema, é o único que tem essa característica no Brasil. Podemos usar essa mesma ideia no Estatuto do Idoso, Torcedor, ECA. No microssistema existe um conjunto ordenado de princípios. O CC num primeiro momento queria regular a todos os aspectos da vida das pessoas, com exceção do empresarial. Quando temos princípios, verificamos que o sistema dá maior liberdade ao magistrado, o que é importante porque o microssistema não pode ser contrariado. Não existe a possibilidade de aprovar uma lei que trate de relação de consumo e que estabeleça que a responsabilidade do consumidor é fundada em culpa, porque contraria o art.6º do CDC (responsabilidade objetiva). Podem surgir várias leis especiais que no caso não poderão se desvincular do que estabelece o CDC como microssistema. AULA – 29/02/2012 Política Nacional das Relações de Consumo (arts.4º e 5º do CDC) consiste num conjunto de objetivos que dão forma ao programa de ação Governamental voltados à proteção dos consumidores. Noções Princípios: Vulnerabilidade Intervenção estatal Boa-fé / transparência Harmonização Educação para o consumo Meios para o controle de qualidade e segurança Mecanismos alternativos de solução de conflitos Proteção da propriedade intelectual Qualidade nos serviços públicos Estudo constante das modificações no mercado de consumo Essa parte do CDC ao lado dos direitos do consumidor constituem parte geral (art.1º ao art.11). A partir do art.12 é principiológico, regras. Essa política foi instituída pelo Poder Legislativo. Princípios do art.4º do CDC são princípios não só dessa politica, mas do CDC: Reconhecimento da VULNERABILIDADE do consumidor no mercado de consumo (inciso I). A luta dos trabalhadores (Filomeno) é semelhante à dos consumidores, pois péssimas condições de trabalho refletem nas condições de consumo. Ex. situação insalubre dos trabalhadores de frigorifico em Chicago refletia na saúde do consumidor que comia carne estragada. Muitas vezes os interesses dos consumidores são conflitantes com os dos trabalhadores. Ex. abertura do mercado que levou ao fechamento de várias fábricas, apesar dos consumidores passarem a ter preços mais competitivos. O Direito do Trabalho usa o conceito de hipossuficiência, presente no art.6º inciso VIII do CDC, mas o sentido é diferente do dado pelo Direito do Trabalho. O trabalhador é hipossuficiente diante do empregador que é hipersuficiente (disparidade econômica). No CDC, a jurisprudência e boa parte da doutrina entendeu que esse era sinônimo, com o objetivo de proteger o consumidor mais pobre que sofre mais do que aquele que tem renda média ou alta. O legislador pretendia equiparar o conceito de hipossuficiente do trabalho com o do CDC. São vários os fatores que contribuem para que a pessoa seja considerada hipossuficiente. O juiz normalmente inverte o ônus da prova considerando não a hipossuficiência, mas sim na responsabilidade ????. Há uma minoria da considera a hipossuficiência (tese minoritária) ????. Os consumidores não são uma classe homogênea e sim heterogênea. Há os consumidores de alta renda e de baixa renda. Porém, sob o ponto de vista do CDC não há diferença entre eles. Quando se trata de VULNERABILIDADE (Cláudia Lima Marques), há uma divisão em: econômica, técnica e jurídica. A econômica identifica, mas não é colocada como hipossuficiência (para o professor é sinônimo de hipossuficiência). Existem sempre os consumidores que estão em patamar diferente do fornecedor. Ex. compra de automóvel por PF. Vulnerabilidade técnica é a mais comum e a que justifica o mercado de consumo. Ex. compra de computador em uma loja. A pessoa não tem todo o conhecimento técnico acerca daquele produto. A questão não e tão simples, porque temos PF e PJ como consumidor e como fornecedor. PF (fornecedor) +PF (consumidor) ( médico que contrata outro médico (respondem mediante culpa diante do CDC). Mesmo assim temos consumidor, apesar de ter conhecimento técnico, no caso de médico dermatologista que contrata um oncologista. E se tivermos dois profissionais com o mesmo conhecimento técnico? O juiz tem que fazer análise de forma absoluta, pois senão vai cair em subjetividade tal que não dará parâmetro ao juiz. O art.4º, inciso I traz presunção absoluta que não permite posição em contrário, e a situação se resolve com isso. No caso do art.4º, inciso I, não cabe prova em contrário alegando que não é vulnerável. O simples fato de alegar que tem um grande conhecimento jurídico, ainda assim será considerado consumidor pela posição que ocupa naquele momento, pois é destinatário final de um produto ou de um serviço. Se não fosse assim, haveria uma insegurança muito grande para o juiz. Vulnerabilidade Jurídica – não deixa de ser uma espécie de vulnerabilidade técnica, mas voltada ao direito. Da mesma forma que o anterior, não se pode concluir que se a pessoa tem conhecimento jurídico não pode ser considerado vulnerável. Aplica-se a mesma ideia da vulnerabilidade técnica. Posso ter alguém que está nas três situações de vulnerabilidade: pobre, compra um computador que dá defeito. No financiamento pode haver inserção de determinada cláusula que é abusiva. Basta uma das possibilidades de vulnerabilidade eu está sempre associada à posição que o consumidor ocupa na relação de consumo. INTERVENÇÃO ESTATAL - nas relações de consumo, diante da complexidade, o Estado precisa intervir (diferentemente do direito do trabalho). Importante lembrar o autor Lacordaire (citado por Orlando Gomes em Contratos): “entre o forte e o fraco a liberdade escraviza e a lei liberta”, tratando dos trabalhadores. A intervenção do Estado é que vai reequilibrar essa relação. Só o Estado é suficientemente forte para intervir nas questões de ordem econômica, tendo que zelar pela defesa do Consumidor (art.170 da CF). A interferência não pode ser excessiva. O mercado de consumo deve ser regulado pela boa-fé (art.4º inciso III), chamada de BOA-FÉ OBJETIVA, é diferente da existente no CC de 1916. Ela é distinta da subjetiva. A boa–fé subjetiva é aquela que leva em consideração a ignorância, desconhecimento de determinado fato. Ex. usucapião, ignorância de quem transmitiu a propriedade e não tinha direitos sobre ela. Acredita que a transmissão foi válida. Outro caso está relacionado ao casamento. Uma das hipóteses é o casamento putativo. Os nubentes imaginam que não há impedimento. Na Boa-fé objetiva não basta a pessoa dizer que não sabe, que desconhece a situação para dizer que está de boa-fé. No art.23 do CDC encontramos a afirmativade que fornecedor não pode alegar ignorância. Para ter a boa-fé objetiva ele tem que ser diligente, tem que ter comportamento ativo, ter me certificado, por exemplo, que busquei a melhor peça para colocar no avião, ter uma manutenção regular etc. Boa-fé objetiva como regra inserida em todo e qualquer contrato ( comportamento ativo, ser diligente. Boa-fé no CC atual de 2002 tem tanto a objetiva (contratos) quanto a subjetiva. A boa fé tem que existir em todas as relações contratuais, sejam civis ou de consumo. TRANSPARÊNCIA é reflexo, dever do fornecedor e é decorrente do princípio da boa-fé. Todo fornecedor tem que ser transparente com o consumidor (art.10, §1º do CDC, que trata do recall, por exemplo). O princípio da transparência tem limites, pois não tem o fornecedor dever de conselho, ou seja, nenhum fornecedor é obrigado a agir contra seus próprios interesses, p.ex. aconselhar cliente a comprar em outra loja. Boa-fé existe também para os consumidores e não somente para os fornecedores. Quando o consumidor age de má-fé, não há razão que aprove a fundamentação do artigo 49. HARMONIZAÇÃO NAS RELAÇÕES DE CONSUMO parte do pressuposto que os fornecedores e consumidores têm interesses convergentes e não necessariamente divergentes. O CDC existe para reequilibrar a relação jurídica, mas nem sempre há divergência. Se há consumo, se há demanda essa será suprida por um fornecedor. O mercado se ajusta conforme há demanda. O problema esta na pratica equivocada de uma empresa e não na atividade que desenvolve EDUCAÇÃO PARA O CONSUMO é basicamente transversal, não existindo no ensino médio, fundamental, porém essa preocupação tem que haver em todos os níveis de ensino. Unir conceitos, teoria com prática, adaptando a linguagem ao público. Maneira formal de se ensinar sobre o consumo. Preocupação de ser um consumidor consciente. Forma indireta de educar para o consumo: distribuição de cartilhas; intervalos comerciais em TVs educativas, públicas etc. Educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo. MEIOS PARA O CONTROLE DE QUALIDADE E SEGURANÇA - um dos objetivos básicos (do fornecedor) que se tem na produção dos bens de consumo, é conseguir qualidade e segurança, mesmo que seja uma produção de camisetas, por exemplo, feita com uma tinta que cause alergia ou de tecido frágil que se deteriora rapidamente (perdeu a razão de uso). IDEC faz pesquisas frequentes para verificar a qualidade dos produtos. Incentivo aos fornecedores para a busca de um padrão mínimo de qualidade. MECANISMOS ALTERNATIVOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS – no início do CDC falou-se muito em Arbitragem. Acordos que evitam a ida ao PJ. Podemos imaginar os SACs como mecanismos, que evitam que exista uma demanda, havendo bom atendimento. Outra ideia é o Ouvidor (Ombudsman) que aponta os problemas que existem naquela relação de consumo. Serve como mediador entre fornecedor e consumidor PROTEÇÃO DA PROPRIEDADE INTELECTUAL – resolve direitos autorais e a propriedade intelectual. O CDC faz alusão apenas à propriedade industrial (marcas e registros) mas nada impede a inclusão do direito autoral. A CF protege no art.5º inciso 29, 30 direito autoral, propriedade intelectual. QUALIDADE NOS SERVIÇOS PÚBLICOS - Não haveria sentido do Estado exigir qualidade do particular e não oferecer qualidade. Com base no art.22 temos os serviços do Estado e também aqueles que estão em sistema de concessão (Ecovias, p.ex.), permissionárias (amplia esse entendimento do Estado). ESTUDO CONSTANTE DAS MODIFICAÇÕES NO MERCADO DE CONSUMO - temos um órgão do Ministério da Justiça subordina DPDC – Depto de Proteção e Defesa do Consumidor responsável por elaborar as politicas públicas voltadas à proteção do consumidor e estudar as politicas públicas. Mercado de consumo em constante mudança A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento às necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhora da sua qualidade de vida, bem com a transparência e harmonia das relações de consumo (art.4º, caput do CDC). AULA – 07/03/2012 Instrumentos da Política Nacional das Relações de Consumo Direitos Básicos do Consumidor (arts. 6º e 7º do CDC) Noções Resoluções 39.248/85 (ONU) Direitos básicos que não foram previstos no art.6º do CDC Direito a ser ouvido Direito ao consumo sustentável Aula anterior – política nacional das relações de consumo – os princípios lá previstos são de todo o direito do consumidor (art.4º do CDC) Art.5º do CDC – Instrumentos da política nacional das relações de consumo envolvem tanto a sociedade (por meio das associações) como o Poder Judiciário e o Poder Executivo (por meio da Defensoria Pública, delegacias especializadas e MP, que não integra o Poder Executivo). Programa de ação governamental – conjunto de objetivos que dão forma à ação governamental, onde temos o Poder Executivo, e ele vai implantar a política nacional das relações de consumo, porque ele que vai buscar melhoria de qualidade nos serviços públicos. Não é o único poder envolvido Art.5º do CDC – traz a previsão dos instrumentos que serão usados pelo Poder Executivo, ou com os quais ele conta. Inciso I - manutenção da assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente. A CF teve como princípio simples, o acesso à justiça, porém, esbarrou no problema de estrutura do PJ. Para atender a demanda, o PJ precisava de estrutura. Para garantir acesso à justiça, outra questão é ter profissionais que representem os consumidores. Se o valor da causa for pequeno, isso não é problema. O que existe é a dificuldade de se ter profissionais para dar assistência jurídica, a qual não se confunde com a assistência judicial. O conceito de assistência jurídica diz respeito tanto à existência de um advogado para a assistência de um consumidor, a leitura de um contrato até questões mais complexas. Esse conceito diz respeito também à atuação de órgãos que são públicos, como a Defensoria Pública. Outro embate diz respeito aos advogados dativos. A OAB é autarquia especial. O Procon trata de litígios individuais e transindividuais. Em questões individuais ele presta assistência jurídica, pois aproxima as partes e tenta uma composição. Inciso II – instituição de Promotorias de defesa do consumidor, no âmbito do MP (há 06 promotores na Comarca de SP). Comarcas pequenas há um promotor ou promotorias que cuidam de tudo (vai fazer o júri, vai atuar como fiscal da lei, atua na defesa do consumidor, questões de família etc). Paralelo com o que ocorre no PJ, porque temos no inciso IV (criação de JECs de pequenas causa e Varas Especializadas) desse artigo a previsão das varas especializadas para a resolução de litígios de consumo. A ideia do legislador de obter a especialização é importante, mas nem sempre ela pode ser executada. Inciso III – a mesma ideia de especialização do inciso anterior vale para as delegacias. Essas delegacias foram substituídas por equipes de investigação que cuidam de crimes contra a ordem econômica (art.7º da Lei 8.137/90). A ideia é que as sanções sejam cada vez mais efetivas, pois o fornecedor poderá ter que responder por infrações penais. Tínhamos solução adequada das delegacias especializadas. As infrações são de menor potencial lesivo no CDC, e na lei 8.137/90 (Crimes contra a ordem tributária)no art.7,º as penas são mais rigorosas. Inciso IV, primeira parte - Criação de JEC de pequenas causas, hoje os Juizados Especiais Cíveis e Criminais. O termo “pequenas causas” sempre foi criticado, porque existe inserido nesse tema a ideia de distinção entre causas que não tem grande relevância e das que tem maior relevância. O consumidor tem foro privilegiado e pode escolher o local de propositura da ação. Isso por extensão, daria direito à escolha da circunscrição judiciaria que lhe formelhor. Os juizados especiais tem vinculação direta com a defesa dos direitos do consumidor. AULA – 10/03/2012 (aula reposição – Sábado) FALTEI – matéria Mirandola Instrumentos da política nacional Direitos básicos do consumidor Diálogo das fontes Proteção da saúde Espécies de defeito (concepção, fabricação, Periculosidade inerente, presumida, etc Dentro do instrumento da política de consumos existe a busca por varas especializadas, buscando que a população se aproxime de seus direitos. Existindo para isso o estimulo às associações de defesa do consumidor, que veio com a lei da ação civil pública, tendo a ideia de proteger o consumidor. A associação representa a sociedade e o Estado está presente por meio do MP. Esses estímulos acontecem por meio de renúncia fiscal, de destinação de verbas públicas para as associações. Direitos básicos do consumidor: art. 5º, CDC. São considerados essenciais para que o consumidor conheça os seus direitos. Esses direitos começaram a ser falados no discurso do presidente Kennedy e dão origem à Resolução 39.248/85 da ONU, servindo, portanto, como um parâmetro para as legislações e com a nossa constituição de 88 isso ganhou força e nós passamos a ter então limites para a atuação das empresas. Mas é importante destacar que existem princípios que constam na resolução da ONU, porém não foram mencionados no nosso CDC como, por exemplo: Que o consumidor pudesse ser ouvido quanto a um determinado projeto, onde a intenção foi evitar que os consumidores não fossem atingidos por meio de uma representação mais massifica das empresas. É o direito ao consumo sustentável, porém existe uma norma constitucional que protege essa necessidade de preservar o meio ambiente por via indireta como cláusula abusiva ou publicidade abusiva. Existem também direitos que não são previsto na resolução da ONU, porém foram mencionados no nosso CDC como, por exemplo, a inversão do ônus da prova, gerando muita polêmica porque os juristas estrangeiros que aqui estiveram não aceitavam essa ideia, porém hoje podemos verificar que nossa lei já estava à frente das demais. Art. 6º – São direitos básicos do consumidor: Inciso I – a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos (os produtos nocivos normalmente são considerados como produtos que não necessariamente eram perigosos em sua origem, mas tornaram-se no decorrer do tempo, como por exemplo, produtos vencidos). Inciso II – a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações (quando nós temos aqui a educação e a divulgação, isso é um direito do consumidor e um dever do fornecedor, porque o consumidor só vai poder ser igualado ao consumidor por meio de lei, porém um outro ponto importante é o consumidor ser bem informado para alcançar a liberdade de escolha e tenha a real noção do valor a ser pago). Inciso III – a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem (logo o dever de informar do fornecedor tem que ser dado com muita clareza e adequação da composição aliadas com os riscos que apresentam, pois a ideia é o melhor consumo daquele produto juntamente com o preço). Inciso IV – a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços (em todas as fases até aqui nós temos aquilo que antecede ao contrato, evitando métodos desleais e coercitivos). Inciso V – a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas; (quanto às prestações desproporcionais, temos que se eu só coloco as deveres do consumidor e quanto ao caso de serem excessivamente onerosas, onde os valores devidos serão muito maiores). Inciso VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos (é a indenização pelos danos sofridos). Inciso VII – o acesso aos órgãos judiciários e administrativos, com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção jurídica, administrativa e técnica aos necessitados (então garante-se essa assistência, buscando que tanto o judiciário quanto os órgãos administrativos devem propiciar essa segurança e o fácil acesso de seus direitos aos consumidores). Inciso VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências (essa inversão do ônus da prova entende que é provável do dano ter acontecido e quanto a hipossuficiência temos que é aquele inferior economicamente). Inciso IX – (VETADO) – é o direito de ser ouvido. Inciso X – a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral (racionalização e melhoria do serviço público). O Diálogo das Fontes existente é tratado no art. 7º, caput, CDC, onde delimita-se que a aplicabilidade do CDC nem sempre é existente, pois podem existir normas (oriundas de tratados, de outras leis ou de normas infraconstitucionais) que sejam mais favoráveis ao consumidor do que o próprio CDC. A lei 1.060/1950 estabelece normas para a concessão da assistência judiciária aos necessitados. A referida lei foi recepcionada pela CF. Não há, portanto, qualquer incompatibilidade entre a Lei e o inciso LXXIV do art.5º da CF, pois este regula a assistência judiciária integral e gratuita, aquela nos arts.1º ao 4º, apenas a assistência judiciária relativa à isenção de taxas, custas e despesas processuais. Nesta se exige comprovação da insuficiência de recursos; naquela basta a afirmação dessa insuficiência. Art. 7º (Teoria do Diálogo das Fontes) – Os direitos previstos neste Código não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e equidade (equidade é a justiça no caso concreto, onde o juiz só pode julgar pela equidade quando estiver expressamente autorizado na lei). O parágrafo único do mesmo artigo trata da responsabilidade solidária dos fornecedores, onde o consumidor pode escolher em face de quem vai propor a ação de reparação de danos. Parágrafo único – Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo. Proteção da Saúde e segurança do consumidor: art. 8º ao 10 do CDC. Noções: o artigo 8º traz o dever de segurança pertinente a cada produto. Art. 8º – Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito (o pressuposto é de que o uso deve ocorrer segundo a natureza, mas deve vir escrito na embalagem do produto o risco existente, ou seja, mais uma vez falamos no dever de informar. Ex.: tesoura, lâmina de barbear). Parágrafo único – Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as informações a que se refere este artigo, através de impressos apropriados que devam acompanhar o produto (é ter o cuidado de informar preferencialmente por escrito). Espécie de periculosidade: Inerente = são osobjetos que são perigosos já pela sua função. Ex.: removedor, ácido muriático – para limpar rejunte do piso e facas; Adquirida = às vezes o produto não é perigoso, mas às vezes na linha de produção ele se torna perigoso. Ex.: ratazana dentro da seleta de legumes; Presumida = o produto industrializado deve ser acompanhado de informações. Ex.: dizer na embalagem a idade da criança para se utilizar dos brinquedos. Outro exemplo é o uso de sacolas plásticas que podem levar ao sufocamento. Espécies de defeitos: Concepção = trata-se do desenho ou o projeto de um determinado produto que pode ser defeituosa, portanto, toda a linhagem terá o problema. Fabricação = o projeto está perfeito, porém em um determinado momento da linha de produção acontece o erro, saindo um lote com defeito. Comercialização = os defeitos de comercialização eventualmente podem surgir, como é o caso do produto que contem glúten e surgem problemas pela falta de avisos no momento da comercialização. AULA – 14/03/2012 Proteção da Saúde e Segurança do Consumidor Escala de periculosidade Chamamento (“recall”) Responsabilidade Civil do Fato do Produto e Serviço Noções Espécies de fornecedores (real, aparente e presumido) Do art.8º ao 10 do CDC – em todos os produtos deve se ter preocupação com a segurança e o dever de informar do fornecedor. No artigo 10 temos o tratamento da retirada do produto ou recall. Recall (Chamamento) – pode haver apenas ????? Art.8º caput e par único – coloca deveres do fornecedor que no caso é o de informar através de impressos próprios alertas sobre as características e segurança daquele produto. Em principio a responsabilidade é do fabricante porque temos situações em que o comerciante tem o dever de informar (ex. informar que o produto está próximo à data de vencimento, colocando o valor da promoção que está sendo realizada). Em principio está na lei que a responsabilidade é do fabricante (par único) No caput do art.8º ( o que consta é que nenhum produto ou serviço de modo geral, pode acarretar risco de segurança ao consumidor, mas existe limite do aceitável, que é uma exceção. Sempre há o dever de informar do fornecedor, mas os considerados “.... considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese....” cabe a quem consome o produto, manipula-lo com maior ou menor cuidado (ex. produto tóxico). Há uma expectativa, por exemplo, o dever de informar que o produto não contem glúten no caso dos portadores de intolerância (art.6º, inciso III do CDC). Considerar situações de culpa exclusiva da vítima. Produtos potencialmente perigosos e nocivos à vida e segurança – nesses produtos existe a necessidade (argumento para que sejam comercializados é que nem sempre causam danos) de serem acompanhados de informações ostensivas e adequadas, mesmo que escritas em letra normal, mas pressupõe o uso de letras grandes e fotos (art.9º do CDC). O art. 9º do CDC é importante porque se pararmos e o compararmos com o art.10 do CDC em que temos produtos que precisam ser retirados do mercado, no art. 9º temos aqueles que são permitidos (ex. o cigarro, que é potencialmente lesivo à saúde, apesar de estar comprovado que são lesivos e não só potencialmente, e nos obrigaria retira-los do mercado). O cigarro pode ser comercializado, desde que acompanhado de advertência, que passou a existir no Brasil a partir de 1988. Após 1996 tivemos a lei 9294/96 que estabeleceu que a veiculação desses produtos só poderia passar das 21h00 às 6h00. A partir de 2.000 a publicidade ficou restrita ao ponto de venda, não havendo proibição de fazer propaganda porque seria inconstitucional violando o art.???. a partir de 2001 começou a colocar no verso do maço fotos que ilustram situações que podem ocorrer no caso de consumo do cigarro. Nosso sistema adotou a mesma solução da legislação Canadense. A tese central da indústria do tabaco é a culpa exclusiva da vítima. O art.9º coloca a necessidade de informar. Hipóteses de responsabilização da indústria do tabaco foram infrutíferas. Em relação a esse artigo, qualquer produto, o fornecedor tem que avisar se o produto é potencialmente perigoso. O artigo 10 parte de pressuposto totalmente diferente do art.9º - Antes o fornecedor não sabia, agiu de boa fé ao colocar o produto ou serviço no mercado, passou por todos os testes etc. Começam a constatar um problema no produto ou serviço (ex. automóvel). O consumidor costuma, no caso do carro, procurar o fornecedor, e então ele sabe que o produto começou a apresentar problemas. O fornecedor auferiu lucro, a responsabilidade é dele. A responsabilidade do fornecedor está fundamentada na TEORIA DO RISCO CRIADO. Crítica da teoria XXX – hoje em dia, o que vigora é a Teoria do Risco Criado, pelo simples fato de desenvolver atividade de risco sou obrigado a indenizar se causar dano ao consumidor. O fornecedor cria uma séria de campanhas para divulgar RECALL (art.10, §1º do CDC) - Traz o dever para o fornecedor de recolher o produto, ou no caso de produto compósito (carro) substituir as peças avariadas (art.10, §1º do CDC). Já existia nos anos 70-80, mas era algo voluntário do fornecedor, usado como “peça” de marketing. Com o CDC passou a ser obrigatório, e se o fornecedor souber do problema e não tomar providência, além das sanções civis, terá que responder pelas sanções penais, pois deixou de informar sobre a periculosidade do produto. O §3º do art.10 - coloca que o Estado, em sentido amplo (União, Estados, Municípios e DF), se o fornecedor não informou, passa a ter, os entes federados, a obrigação de informar, recolhendo o produto, mas todos esses gastos poderão ser cobrados regressivamente do fornecedor. §3º art.10 - Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços à saúde ou segurança dos consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão informá-los a respeito. É dever do Estado em sentido amplo defender o consumidor, é cláusula pétrea. Em um primeiro momento por meio de mensagens publicitárias o fornecedor terá que informar a todos sobre os riscos e periculosidade do produto, além de envio de mensagens individuais para o consumidor proprietário. Importante dizer que o fato de realizar recall elimina ou reduz a responsabilidade do ponto de vista transindividual, mas se ocorreu dano individual (acidente de carro) e teve origem no defeito do automóvel produzido pela empresa, a culpa persiste, continua. A contagem de prazo é de 05 anos a contar da data do dano (defeito no automóvel se manifesta nesse período, o dano que ocorreu ainda é de responsabilidade do fornecedor). O recall pode ser de bicicletas, de liquidificador etc. Quando o produto é único, pode ser recolhido no caso de ter apresentado dano. O art.10, caput do CDC traz a expressão “sabe ou deveria saber” que é discutida pela doutrina, porque no direito penal as normas do direito do consumidor são de perigo abstrato e não concreto. Deveria saber, porque há certa circunstância que implica na diminuição de conhecimento do fornecedor e tem necessidade de cada vez mais desenvolver a determinada técnica e se apresenta periculosidade, passa a ter responsabilidade de recolher o produto. Art.11 do CDC - VETADO. Isso porque a redação ficou muito radical quando vetou produtos nocivos e perigosos de serem comercializados, o que seria impossível, por ex., no caso de corantes, tintas, inseticidas, ácidos, que são perigosos, mas úteis. O veto foi esse, que vários produtos essenciais no cotidiano deixariam de ser comercializados. Em relação ao art.12 do CDC que começa o FATO DO PRODUTO E FATO DO SERVIÇO é na verdade uma aplicação da proteção da saúde e segurança do consumidor. O fato do produto é mais frequente, mas o fato do serviço também tem a mesma lógica, temos nas duas situações o chamado ACIDENTE DE CONSUMO (ex. queda de avião, estouro de forno, batida de ônibus, sufocamento por conta da circulação de arde um hotel). O que há sempre, quando falamos de FATO é que temos um DANO À INCOLUMIDADE FÍSICO PSIQUICA DE ALGUÉM, que tem a sua saúde atingida por causa de um fato. No vício do produto e vício do serviço o dano é exclusivamente patrimonial. Se tivermos um VÍCIO DO PRODUTO, afirma-se que nesse caso o problema está interiorizado ao produto, não se exterioriza e, o fato do produto se expande e atinge tudo que está em volta. O exemplo clássico no FATO DO PRODUTO é a situação do consumidor que resolve instalar um fogão na sua casa, ao ligar o fogão explode, ele é hospitalizado. Exemplo do VÍCIO DO PRODUTO é a instalação do fogão, que não funciona e não consigo esquentar a minha comida. A gravidade do FATO DO PRODUTO é muito maior porque afeta questões físicas e psíquicas. Fato do produto o dano atingiu tudo que estava ao redor. Na situação do vício do produto, está limitada ao aparelho que não atingiu a sua finalidade (ex. forno tem que esquentar, faca tem que cortar, geladeira tem que gelar). Vício do produto – art.18 do CDC Fato do produto – art. 12 do CDC Distinção entre VÍCIO e DEFEITO – art. 12 e art. 14 do CDC trazem essas duas expressões. É excesso dizer que há diferença entre os dois. Começou a surgir linha de raciocínio diferente no direito do consumidor baseada em que o defeito tem relação com o fato do produto e fato do serviço (James Marins sustenta isso). Professor discorda, e se formos ao art.58 do CDC encontramos três situações: Vício de quantidade – produto deveria ter determinado nº de unidades, determinado peso etc; Vício de qualidade por inadequação – o produto tem que ser adequado ao fim ao qual se destina; Vício de qualidade por insegurança – Essa visão das diferenças entre Fato e do Vício foi uma construção doutrinária. O problema é que na fase de tramitação do CDC houve pressão para que não fosse aprovado da forma como estava. Queriam um CDC só para constar. A doutrina (Luiz Daniel Pereira Cintra) menciona a discussão no CDC de que o §6º, inciso II do art.18 traz o dano potencial e, portanto ainda é vício. Interessante observar como esse dispositivo foi colocado ali. Foi técnica de legislar, prevendo que poderia ser vetado o art.12, o que garantiu assim a hipótese do fato de produto no art.18, CDC. Se tiver fato do produto, o forno explode. Se tiver vício do produto, o forno não esquenta. A ideia central que devemos ter é que quando temos um problema desse tipo, é que na base temos sempre um vício, porque o produto não funcionou bem, o problema é de grau. Quando falamos do fato, é que a circunstância causou um dano, que pode ser, p. ex. somente psíquico. No serviço também podemos ter dano (tiroteio no banco, escorregou em poça de água dentro do supermercado). Existe o dever de informar, usar o material mais apropriado, buscando a solução mais adequada para que o consumidor não sofra dano. O que se quer proteger por meio do fato do produto e fato do serviço é também a integridade psíquica. Espécies de Fornecedores no Fato do Produto – art.12 do CDC Fornecedores reais (Antônio Hermann Benjamim) são classificados em (responsabilidade objetiva independente de culpa): Construtor – porque fornecedor é de bens móveis ou de bens imóveis. Ex. desmoronamento de imóvel, com responsabilidade civil da construtora do ponto de vista Civil no caso do Palace II. Prazo de 05 anos no CDC para detectar o problema e mais 05 anos para ingressar com a ação (art.27 do CDC) de responsabilização da construtora por reparar danos por fato do produto ou fato do serviço. Situações em que houve culpa exclusiva da vítima ou se passou desse prazo (ex. desmoronamento dos prédios no RJ, atrás do Teatro Municipal). Nesse caso a responsabilidade não é do construtor; Produtores nacionais e estrangeiros – o produtor é o responsável pelo produto in natura (ex. leite, frutas etc) Fabricantes – é a maior parte dos casos (ex. eletrodomésticos, refrigerantes, carros etc). Fornecedor Aparente – é aquele que coloca sua marca sobre determinado produto, desde que não seja falsificado. Se o produto foi fabricado por ele, mesmo que em outro país, ele terá que ser responsabilizado. Aparência está associada à segurança. Compro produto que conheço. Ex. marca própria de supermercado; Fornecedor Presumido – é o importador e está na lei (art.12). O importador traz ao mercado brasileiro o produto. Ex. La Pastina que importa molho de tomate, mostarda etc. Responsabilidade objetiva – independentemente de culpa Responsabilidade subsidiária dos comerciantes – art.13 do CDC AULA – 28/03/2012 RESPONSABILIDADE CIVIL Pelo fato do produto Pelo fato do serviço Art.12 e seguintes do CDC Responsabilidade Subsidiária do comerciante Responsabilidade civil pelo fato do serviço Responsabilidade subjetiva dos profissionais liberais Excludentes de responsabilidade civil no fato do produto e do serviço Fato do Produto – espécies de fornecedores: reais (construtores, fabricantes e produtores – estes últimos produtos in natura), fornecedores aparentes (colocam a sua marca sobre o produto - marca própria,) e o presumidos (em relação àquele que importa e traz ao mercado brasileiro e o comerciante) – responde pelo art.12 e não pelo art. 13, CDC. Responsabilidade dos comerciantes Em regra, a responsabilidade no CDC é solidária (art.7º e 25 § 1ºCDC). Havendo mais que um causador a obrigação é solidária, que não pode ser presumida, tendo origem ou na vontade das partes ou na lei. Essa hipótese do CDC, a origem, é decorrente da lei. Encontramos espécie subsidiária dos comerciantes, que é intermediário, como exceção. É a responsabilidade subsidiária. Se o comerciante havia conservado adequadamente o produto, ele dizia que não podia ser responsabilizado e sim o fabricante. Nessa época não havia o CDC. Agência de viagens é intermediária de serviços de serviço prestado por cia aérea ou hotel. Nesse caso a responsabilidade é idêntica entre todos. Responsabilidade subsidiária do comerciante – primeiro responde o fabricante ou produtor, e se não houver essa possibilidade, responde o comerciante, isso pela leitura isolada do art. 13 do CDC, mas temos que tomar cuidado, pois não é bem assim!!! É diferente do que acontece, p.ex., na fiança, em que o locatário.... Não podemos esquecer o art.88, CDC, que faz menção expressa ao art.13 e, além disso, o parágrafo único desse mesmo dispositivo diz que se o comerciante for responsabilizado e não for dele que tenha surgido o dano, terá o direito, nos mesmos autos ou em ação própria, de promover ação regressiva contra o verdadeiro causador do dano. Ex. tenho uma ação e estava em dúvida contra quem mover, e fica provado que o problema era do fabricante e não do comerciante. Resolve-se a questão com o pgto da indenização pelo comerciante e naqueles pps autos ou em ação a parte, pede direito de regresso (parágrafo único do art.13 CDC). O art.88 do CDC proíbe intervenção de terceiros, a denunciação da lide, pois isso vai gerar uma tentativa de passar a responsabilidade para outro, gerando “jogo de empurra” entre as empresas, e sendo da forma como está, o consumidor sai de cena e a discussão é entre o fabricante e o comerciante. O CDC adota outro termo, chamamento ao processo (art101, II do CDC) como EXCEÇÃO. Diz esse artigo 101, II do CDC que o causador do dano pode chamar a seguradora (diferente do que tenho no art. 88 que busca evitar transferência de responsabilidade e nesse caso do art. 101, quer se assegurar que o consumidor irá receber, através do seguro pago pela seguradora). Essa situação é importante, porque tem juízes que esquecem da situação do 88, e lembram apenas do 13 e julgam usando apenas o CC. O art. 13 coloca a responsabilidade subsidiária, mas existe a responsabilidade do comerciante quando: Não existir a possibilidade de se identificar o fabricante ou produtor (ex. no Carrefour aparece um fruto que pode ter a marca, um selo, com o nome de uma fazenda, mas se não constar oselo, comprei aquele produto no mercado, então o produtor não é identificado; o mesmo serve para o produto industrializado, que é às vezes oferecido sem embalagem e nome do fabricante); O fabricante ou o produtor não podem ser localizados, o que é situação distinta da anterior. Se tivermos fabricante que coloca nome, CNPJ e endereço. O oficial de justiça vai ao local e não consegue localizar ninguém. Me antecipo e já movo a ação em face dos dois, com litisconsórcio passivo. No caso, o comerciante irá responder; O Comerciante não conserva adequadamente o produto. Ex. desliga o balcão refrigerado da loja, deteriorando o produto que saiu em perfeito estado da fábrica. Logo, a responsabilidade é do comerciante. A responsabilidade subsidiária será discutida depois, pois se o comerciante provar que conservou adequadamente, mas o produto causou dano, ele deve pagar ao consumidor e depois vai buscar ressarcimento junto ao fabricante. Persiste a responsabilidade do fabricante, nesse caso, em um momento posterior. O comerciante vai usar o CC para processar o fabricante. Nesse caso, o CC tem responsabilidade objetiva, tem principio da boa fé objetiva, contrato de adesão, mas não tem inversão do ônus da prova. É possível mesmo para as empresa usar o CC e obter alguma vantagem. Responsabillidade Civil pelo Fato do Serviço Mais comum encontrarmos em livro fato do produto do que fato do serviço. Ambos são acidentes de consumo. Temos basicamente isso. O vício do produto e do serviço (arts. 18 e 19) dizem respeito ao patrimônio. Acidente de consumo voltado para o serviço – temos casos comuns que envolvem transporte aéreo (ex. acidentes TAM, GOL), serviços de planos de saúde, advocacia, parques de diversões (ex. Hopi Hari), instituições bancárias (ex. Bradesco). Regra na responsabilidade civil pelo fato do serviço: é a responsabilidade objetiva, independente de culpa (art.14 do CDC) e não há distinção quanto ao intermediário que, responde junto com aquele que prestou o serviço. A agência de viagens vai responder junto com o hotel, com a empresa aérea, caso seja demandada, logo, a responsabilidade é solidária. Exceção: é a responsabilidade subjetiva para os profissionais liberais, em serviços médicos, de advocacia, de odontologia, geram responsabilidade diante do CDC. Especial atenção dada pelo legislador, o profissional liberal responderá mediante culpa. No Brasil, o profissional liberal responde sempre com base no CDC. O advogado responde nos dois casos por culpa (OAB e CDC), mas no CDC tem inversão do ônus da prova e terá que provar que não foi negligente, imperito ou imprudente. Essa é a diferença dele para as normas da OAB. Quem é o profissional liberal? Três situações distintas, pensando em serviço: Responsabilidade da PJ - Profissional que instala a TV a cabo na minha casa. Vem como alguém que é preposto da empresa (Net, p. ex.). Tem todas as características de contrato de trabalho (onerosidade, habitualidade etc). Responsabilidade é da PJ. Responderá baseado na culpa. Profissional autônomo (aquele que não tem subordinação, ex. marceneiro, eletricista, encanador etc). Nelson Neri Jr – comenta que profissional liberal é aquele que tem relação em que não há subordinação, que é uma definição incompleta. Também está sujeito à responsabilidade subjetiva. Propõe que tenha o mesmo tratamento. Não responderá baseado no risco. Pessoa física responde subjetivamente, para Nelson Neri. Não é liberal, mas responde da mesma forma. Profissional liberal (definição: não só não tem subordinação, como tem formação em curso superior e inscrição em órgão de classe. Ex. medicina – CRM, psicólogo – CRP, engenheiro - CREA). Todos os profissionais liberais estão sujeitos ao CDC. Responderá baseado na culpa. O atual código de ética médico, que não tem relevância legal, diz que a atividade médica não está sujeita ao CDC, mas isso não tem nenhum valor jurídico. Quando falamos de sociedade de advogados (registro no órgão seccional dos Advogados), das clínicas médicas (registro no Cartório de Registro das PJs), escritórios de engenharia, clínicas de odontologia, e das associações de advogados não há que se falar em profissional liberal, pois temos pessoa jurídica. O registro é feito no Cartório das Pessoas Jurídicas, no caso das clínicas. A responsabilidade é objetiva nesses casos. A pessoa vai procurar a clínica e não um médico, ou então vai procurar o Pinheiro Neto no escritório de advocacia, então não dá para dizer que se trata de profissional liberal. Temos atividade econômica organizada e, portanto, deve responder objetivamente. Excludentes de reponsabilidade civil, do fato do produto e do serviço Quando temos as excludentes, temos um rol claramente taxativo. Como podemos saber se o rol é taxativo ou exemplificativo? A pp lei estabelece, como nos casos dos arts.12 e 14 do CDC. Quando o rol for exemplificativo constará as expressões: “dentre outras”, “entre as quais”. Se tivermos um rol fechado, basta que não tenha nenhuma dessas expressões (ex. “o fornecedor não será responsabilizado quando....”, o legislador colocou tb, “o fornecedor não será responsabilizado só...´”). Art.12 – o adjetivo exclusiva não está ali por acaso e tem um significado. Na culpa concorrente, reduz o valor da indenização. Rizzatto Nunes propõe que o valor tem que ser integral (a maior parte da jurisprudência segue a doutrina civilista e defende que tem que reduzir o valor da indenização). A linha do Rizzatto é que se há culpa concorrente, a indenização tem que ser integral. Ex. pessoa tomou choque porque conectou a tomada em 220 volts, e havia aviso. Culpa exclusiva. Vamos supor que constava a informação, mas somente no manual, devendo ter a leitura do consumidor (se ocorrer o choque, a culpa é concorrente). Ex2. Sofri intoxicação ao consumir Coca-Cola. Coca-Cola faz contraprova e fica provado que a intoxicação foi por massa de tomate. Nesse caso comprova-se culpa de terceiro. Coca-Cola faz contraprova de que não houve problema, defeito com o produto. A Coca-Cola não tem como saber. Defeito do produto inexiste, e pode ser comprovada. Se temos comprovação de que o defeito não foi causado pelo fornecedor, inexiste, e tem a ver, por exemplo, única e exclusivamente com falsificação e, como o fabricante não pode ser responsabilizado, temos o sentido do legislador de que não pode ser usada a força maior e o caso fortuito. O que foi colocado com relação ao fato do produto, não pode ser aplicado ao fato do serviço. Ex. pessoa que foi fazer serviço usando macacão de uma empresa, mas não era funcionário dessa empresa. A empresa não irá responder pelo fato. Comprovação de que inexiste defeito no serviço – ex. dedetização e pessoa é contaminada, mas o prestador do serviço tomou todos os cuidados necessários, e o consumidor que não se preocupou, a responsabilidade é da pp pessoa. Nesse caso não há responsabilidade do fornecedor. STJ – pessoa que pulou em uma piscina vazia, quando estava alcoolizado e ficou tetraplégico. O STJ decidiu como culpa exclusiva da vítima e não do hotel na qual ela estava hospedada. Culpa exclusiva da vítima Culpa de terceiro AULA – 04/04/2012 Fato do Produto e do Serviço Excludentes que não estão previstas expressamente no CDC Prazo prescricional Vício do Produto e do Serviço (art.18 e ss do CDC) Noções Espécies de vício do produto Espécies de vícios do serviço Prazo para conserto no vício do produto Art.12 §3º e art.14 §3º rol taxativo. Excludentes não previstas no CDC: Controle administrativo Risco do desenvolvimento Caso fortuito e força maior Controle Administrativo Está vinculado a um padrão de qualidade estabelecido pelo Estado – art.39, IV prática abusiva, produzir produto em desacordo com a normatização. Os adeptos do contrato administrativo dizem que o fornecedor não pode ser responsabilizado quando segue o que o Estado determina e sim o Estado. A empresa deve adotar padrões mais seguros.O controle administrativo só terá sentido se o Estado obrigasse a produção de determinada forma, impedindo que fossem aprimorados. No nosso sistema não é aceito. Se fosse seria caso de culpa exclusiva de terceiro. Risco de desenvolvimento Não está na nossa lei e sim numa diretiva Europeia. É a tentativa de eximir o fornecedor da responsabilidade quando investe em pesquisa para não impedir o desenvolvimento. É falha porque a responsabilidade objetiva, ela parte do pressuposto de que o risco é de quem desenvolve a atividade econômica. Art.12 §2º e §3º - o produto tem que observar os padrões de segurança da época. Ex. cinto de segurança dos automóveis. O produto não é defeituoso porque outro mais seguro foi lançado no mercado. Na diretiva art.6º do CDC tem expresso o risco do desenvolvimento. No Brasil chegou essa discussão, mas não é adotada. Nos anos 50 foi inventada a talidomida que combatia enjoos. Não era conhecido o defeito de má formação fetal. Não foi retirado imediatamente do mercado. Hoje é comercializado com tarja preta. Se adotássemos o risco do desenvolvimento, as indústrias farmacêuticas não responderiam. Princípio da Prevenção – o risco é conhecido. Ex. lançar petróleo na bacia hidrográfica. Princípio da Precaução – o risco é desconhecido. Ex. produtos transgênicos. Caso fortuito / Força Maior O próprio CC adota a posição de que mesmo que ocorra dano, a pessoa pode assumir a responsabilidade (art.927, CC). Os que consideram que sempre deve ser aplicado entendem que é regra de Teoria Geral do Direito, mas isso é resquício da época em que a responsabilidade era fundada na culpa. Art.14 Lei 6931 – Responsabilidade objetiva Três correntes: - Rizzatto e Senise – o rol é taxativo e não se aplica caso fortuito e força maior. - Dentro do CDC temos duas correntes: Fabio Ulhôa e Arruda Alvim: separam o momento que ocorre o caso fortuito e a força maior. Se ocorrer antes da colocação no mercado, a empresa responde, mas se foi após a colocação no mercado, o fabricante não pode ser apenado. Ex. enchente no mercado após a entrega do iogurte; Zelmo Dinari entendeu que pode incluir caso fortuito e força maior no CDC quando comprova que o defeito inexiste e que ocorreu força maior e caso fortuito. Posição majoritária em SP: existe caso fortuito e força maior. Prazo Prescricional (art.27 do CDC): Prevê prazo de 05 anos a contar do dano ou da ciência de que causou o dano. O CC de 1916 não diferenciava a prescrição da decadência. Prescrição é perda da pretensão. Art.26 do CDC – obsta-se o prazo decadencial. Vício do produto e do serviço (art.18 e ss) Envolve lesão exclusivamente patrimonial. O vício de qualidade por inadequação. Ex. fogão que não esquenta; geladeira que não gela; cadeira que não reclina num voo certo (vicio de serviço). Síndrome da classe econômica – atinge integridade física do consumidor. Fato do serviço – alergia desenvolvida em razão do excesso de cloro na piscina do hotel. Vício do serviço – água da piscina que não esquenta. Não existem excludentes expressas no vício, mas como há excludentes expressas para o que é mais grave (Fato). AULA – 11/04/2012 Vício do Produto e do Serviço – art.18 e ss do CDC (continuação). Prazo para conserto Alternativas em favor do consumidor no vício do produto Uso imediato das alternativas Alternativas em favor do consumidor no vício do serviço Prazo decadencial Possibilidade de obstar o prazo decadencial Espécies de vício do produto São descritos no vício de quantidade e qualidade (nesse caso da qualidade, fala da inadequação e não da insegurança: imagem ruim da TV, geladeira que não gela). Quantidade – falta de determinado componente. Ex. falta de cabo da TV, falta do controle remoto. Há quem sustente o vício por disparidade de informações como uma espécie, como o professor Senise. Existem situações assim que levam ao mau uso ou manipulação indevida daquele produto, por exemplo, falta a informação de que o DVD não é bivolt (art.20 do CDC temos a menção da disparidade, que no serviço pode ser absorvida em uma ou em outra situação). Ex. mudança de palestrante em um evento, em que o palestrante era originalmente um profissional sênior, experiente, por outro que é jovem e inexperiente (disparidade na qualidade). Espécie de Vício do Serviço (art.20 do CDC) Qualidade Disparidade na quantidade – curso que iria durar 07 dias e na verdade durou 05 dias. Deve implicar na redução de custo do curso. Disparidade no serviço – piscina em hotel cinco estrelas e que está desativada. Pode ser observado como falta de item de qualidade ou de serviço, implicando em abatimento de preço. Falta equipe de recreação em hotel ou clube, podemos falar em vício de qualidade, eventualmente, ou de quantidade, dependendo das circunstâncias. Equipe de recreação que leva ao acidente e falecimento de uma criança (fato do serviço). Disparidade no caso de serviços – temos absorção pela qualidade ou pela quantidade. Prazo para conserto – um dos mitos que existem é que podemos trocar na hora o produto, e isso, em regra, não acontece. Se um produto apresentou um defeito que não seja de natureza grave, não seja essencial, não comprometa o uso naquele momento, primeiro deve ser levado à assistência técnica, que dirá se tem condições de conserto, e ai sim, haverá a possibilidade de exercer o direito de acordo com a alternativa (necessidade de respeitar prazo para conserto). No estabelecimento comercial o consumidor não poderá exercer o direito de arrependimento, somente se houver cláusula prevista em contrato, pois se não for isso, terá que ser fora do estabelecimento comercial. O direito de arrependimento terá que ser realizado fora do estabelecimento comercial (em casa, pela internet, pelo correio, pelo telefone etc). No estabelecimento, só quando houver disposição contratual. Prazo de 30 dias para conserto do produto – prazo legal para conserto. Pode parecer longo, mas devemos lembrar que temos diversidade de produtos no mercado. Dentro desse prazo podemos ter o conserto de eletrodomésticos simples, bem como de um bem de consumo mais complexo, como iate, navio, avião. A situação, se não estiver em cláusula contratual, será o mesmo para todos. O prazo pode ser ajustado entre 07 dias a 180 dias, não podendo a cláusula exceder este intervalo. O máximo é 180 dias. Mas em relação ao oposto, o prazo menor de 07 dias, teremos diferença nesse aspecto. Prazo menor de 07 dias - a interpretação deve ser teleológica pensando se beneficia ou prejudica o consumidor (consertarmos o seu produto em 02 dias; consertamos o produto na hora). Outro ponto importante é que a responsabilidade é solidaria. Mandei para a assistência técnica e quero trocar o produto, a responsabilidade não é só do fabricante é também do comerciante. Quando temos essa possibilidade o uso dessas alternativas, tanto faz que se troque o celular na fabricante Nokia ou nas Lojas Americanas, que é o comerciante, por ex. Responsabilidade subsidiária – fato do produto, em regra. O consumidor tem direito à troca e, por produto de melhor qualidade ou mais barato. Tudo fica a critério do consumidor, não é o fornecedor que vai escolher por ele. Uso imediato das alternativas existe. Posso optar por qualquer uma das alternativas, como por exemplo, devolução do valor pago com perdas e danos. Ex. compra de TV LCD, coloquei na parede e ia inaugurar no dia de uma festa de bodas de ouro dos pais e quando vou ligar para ver um filme com a família e a TV não liga). Somente poderemos pleitear os danos se houver a devolução do valor pago (questão a ser verificada e questionável pelo art.6º do CDC ???). Alternativas em favor do consumidor no vício do produto: Se o produto tiver as características essenciais comprometidas ou o seu preço – automóvel Zero KM apresenta problema no motor que é uma parte essencial do produto; problema em relação à tela de uma TV (rachadura).Há uma conjunção alternativa, em que o produto pode ser considerado como essencial ou não. Por ex. o celular nos dias de hoje. Hoje temos os celulares em todas as classes sociais, com diferentes perfis de consumo. Se o celular apresenta defeito, a questão não é apenas de um bem que pode ser usado em situação esporádica, e sim, para determinadas pessoas de renda inferior, o utilizam como telefone fixo. Pode ser considerado como produto essencial. O que hoje é considerado como essencial, amanhã pode ser considerado como supérfluo, como por exemplo, o fax que hoje está praticamente em extinção. O legislador não diz quais são os produtos essenciais, não é definido por ele. Disponibilizar ao consumidor um aparelho similar durante o período em que o dele estiver em conserto, é uma opção que pode ser dada pela assistência técnica. Complementação da quantidade – não existe quando falamos de vícios de quantidade. Se o consumidor opta por essa alternativa, vai optar pela complementação do preço, se julgar interessante. Respeitam-se as variações decorrentes do próprio produto (ex. variações atmosféricas que interferem no peso). Ex. caixa de vinhos que deveria conter 12 garrafas e continha 10. Ex. palitos de fósforo, palitos de dente – normalmente tem número aproximado, e tenho vício de quantidade, por isso que na embalagem consta “em torno de”, “aproximadamente”, para evitar que haja vício de quantidade. A informação quanto à quantidade varia de acordo com setor. Abatimento de preço Devolução de valor pago Alternativas em favor do consumidor no Vício de serviço: Abatimento de preço; Devolução de valor pago; Reexecução do Serviço – não fez direito na primeira vez e tem que fazer novamente e direito. Pode o fornecedor contratar terceiro para executar o serviço, mas esse fornecedor manterá a sua responsabilidade civil perante o consumidor. Ex. enfermeiro – cuidador disponibilizado pelo plano de saúde e que é contratado como terceiro pelo plano. Possibilidade que terceiro execute, mas não muda. Ex. vício de serviço: serviço de dedetização ineficaz – na prova não adianta colocar serviço de dedetização, isso porque se causa intoxicação deve explicar que é fato do serviço. Havendo vício na quantidade, deve complementar. Ex. dias previstos para um curso que era de 07 e foram 05, deve complementar com os 02 restantes. Não temos aplicação isolada do CDC, mas sempre com um conjunto de normas. No contrato de prestação de serviços educacionais existe liberdade de cátedra, de programação educacional o que o torna diferente. Direito adquirido à grade – aluno sai do curso, tranca a matricula por 02 anos e quando volta quer cursar as mesmas matérias que tinha quando saiu. O Judiciário Estadual, Federal, sempre encontramos decisões no sentido de que não existe direito adquirido à grade, seja em ensino particular ou público. Aplica-se o CDC, mais a CF, lei de diretrizes e bases, Lei 9870 etc. Não adianta apenas dizermos que o aluno tem direito à educação. Instituição pública ( não se aplica o CDC. Aluno não pode obter o diploma sem pagar as mensalidades. No caso de serviços educacionais temos que ter a noção de qualidade e de quantidade (ex.curso de 07 dias em que tivemos apenas 05 dias). Devemos sempre avaliar a situação de acordo com um conjunto de normas. Carga horária de 40 horas e conteúdo programático de 80 horas não é vício de quantidade – está dentro da autonomia universitária. Excludentes de Responsabilidade Civil – não temos excludentes expressas nem nos arts.18, 19 ou 20 do CDC. O que dá ensejo à divergência doutrinária: Não há excludentes porque não tem previsão (Zelmo Dinari). Primeira corrente - não há excludente porque não é caso de responsabilidade civil (João Batista de Almeida). Temos situação que não é de verdadeira responsabilidade civil. Somente subsidiariamente temos hipóteses de perdas e danos. Segunda corrente - outros autores não concordam com esse posicionamento (Roberto Senise) – o dispositivo não falando, não permite interpretação analógica, o que prejudicaria o consumidor. Terceira corrente (professor concorda com essa) – se em situação mais grave existe excludente, não faria sentido que na situação menos grave não houvesse excludente. Ex. pessoa fica presa em sauna e em interpretação por analogia cabe excludente. Pessoa vai em sauna que não esquenta, não cabe excludente. Art.12 e art. 14 – expressão “independente de culpa” (responsabilidade objetiva) nesses dispositivos, mas essa ideia não aparece com essa redação nos artigos 18, 19 e 20 do CDC. Não pode nos levar à conclusão de que a responsabilidade não é fundada na culpa. Sempre é situação de exceção. Prazo Decadencial – primeiro temos perda do direito (decadência). Art.27, CDC – 05 anos da data do dano ou da ciência de quem causou o dano – prescrição. A contagem dos prazos pode variar se tivermos vício aparente ou de fácil constatação ou se for vício oculto. Vício aparente (é aquele que salta aos olhos, ex. porta de geladeira riscada) – a partir do recebimento do bem. Vício fácil constatação (ex. olho as gavetas da geladeira, mas depois de alguns dias de uso verifico que uma delas não funciona). O prazo começa com a aquisição do produto. Vício oculto - a partir do momento em que o vício se manifesta. O prazo só começa a correr da constatação do vício. Produtos: Duráveis (90 dias). Ex. geladeira, TV, apartamento. Não duráveis (30 dias). Ex. sabonete, shampoo, comida para viagem etc. Serviços: Não duráveis (ex.lavanderia, agência de viagens) – 30 dias se o problema for de vício de qualidade e se for vício do serviço 05 anos. Duráveis (atrelados a produtos duráveis, ex. mecânica de automóvel, assistência técnica de um produto) – 90 dias. Defeitos ocultos – também gera divergência doutrinária. AULA – 18/04/2012 Oferta (art.30 a 35 CDC) Noções de Oferta Contrato entre presentes e entre ausentes Espécies de Oferta Determinada Individual Coletiva Indeterminada Características da Oferta ao Público (indeterminada) Indeterminação pessoal do destinatário Fungibilidade da pessoa do futuro contraente utilização de um meio público de difusão A oferta como cláusula integrante do contrato de consumo A informação na Oferta Oferta de componentes e peças de reposição Oferta fora do estabelecimento comercial Solidariedade do ofertante com os prepostos ou representantes autônomos Causas de exclusão ou limitação da obrigatoriedade da oferta Interrupção Reservas Termo A Oferta é importante e envolve o que se chama de FASE PRÉ-CONTRATUAL descrita no art.29 do CDC (ATENÇÃO: cai na OAB os conceitos de consumidor no CDC apresentados no art. 29 + art.2º caput). Temos 04 conceitos de consumidores e o quarto é o do art.29: pessoas dispostas à prática previstas a seguir... Art.35 e 36 CDC temos a Oferta. Práticas abusivas podem acontecer na fase anterior ao contrato. Contratos entre presentes e entre ausentes O interesse principal pela oferta está no contrato entre ausentes, porque entre presentes há o consenso de imediato, naquele momento e tem que cumprir o contrato a partir daquele momento. A proximidade física nem sempre ocorre e, pode acontecer de termos distância entre os contratantes, por ex. um deles está em Manaus e outro em SP, para a venda de uma casa. Um manifesta a vontade, há consenso naquele momento. Contrato entre ausentes pode até haver proximidade física entre os contratantes, por ex. vizinho quer comprar algo seu, mas não está em casa. Existe um intervalo entre o momento em que foi feita a oferta e que foi aceita, gerando uma controvérsia sobre qual o momento de que houve a concordância. Teoria da Expedição (Dir Civil) – critica de que talvez não seja mais justa, porque o contratante somente se vincularia quando a mercadoria estivesse entregue. Há discussão desse assunto no CDC. O CC de 1916 tratava mais a relação entre iguais. A oferta no CDCvincula desde o momento em que foi colocada no mercado de consumo (ex. outdoor, TV). A Oferta pode ser dividida em: Indeterminada – é ao público, sem destinatário final. Policitação. Quando é feito esse convite a contratar, não interessa quem contrata, mas sim que essa pessoa tem os recursos para contratar. Determinada – pode ser coletiva ou individual. Oferta determinada Individual – situação mais restritiva, convite feito diretamente àquela pessoa específica (ex. Viagem internacional, Programa de Milhagem e pessoa recebeu convite específico de jantar gratuito com acompanhante porque tem 200.000 milhas, é uma oferta, somente acompanhante paga). É relação de consumo. Oferta determinada Coletiva - atinge um grupo determinado de consumidores. Ex. desconto em parque de diversões para quem for cliente da Net, desconto em lanchonete. Os outros consumidores, não podem pretender isso, porque é direcionado aos clientes da Net. Isso pode acontecer também em relação aos estudantes de faculdades (ex. Santander, com conta universidade para os alunos da FMU). Mais frequente que tenhamos discussões com relação à oferta indeterminada. Características da Oferta ao Público Indeterminada O fornecedor é obrigado a contratar, em princípio, e se recusar, usa-se o art. 84 do CDC (Ação de Cumprimento de Obrigação de Fazer); Indeterminação pessoal do destinatário (chamada oferta ao público, penso no consumidor em geral); Fungibilidade do futuro contraente (tanto faz se a pessoa é A ou B, algumas ressalvas podem ser feitas. Ex. pessoa que não tem recurso para abrir conta em banco, teremos restrição, mas se tivermos uma situação como uma instituição de ensino superior, onde temos uma campanha em que você ingressa na faculdade e ganha um tablet.). A fungibilidade existe dentro daquele grupo, é determinada restrição, no caso do tablet, ou quem quer ter a conta em banco. Pensando que a pessoa tem recursos, tanto faz se é A ou B, vencida a etapa dos requisitos exigidos; Utilização de meio público de difusão – imagina-se o rádio, a TV, as revistas, o cinema, mas podemos incluir a internet. Interessante da internet é que às vezes é site aberto, mas cai em questão determinada, no caso de sites coletivos, ou se você é cliente da AMEX, pode comprar ingresso com desconto para ver determinado show (discussão, por órgãos do consumidor, se é válida ou não a reserva de espaços a esses clientes). Oferta como cláusula integrante de um contrato de consumo (art. 30 do CDC) - a oferta é considerada como cláusula contratual que integra o contrato de consumo, por isso que é bom não jogar fora nenhum tipo de anúncio. O produto pode ser móvel ou imóvel. Ex. casas que foram vendidas como sendo em condomínio fechado, mas não estavam. Constava nos anúncios que foram publicados, mas não constava como cláusula contratual, e os folhetos podiam ser usados como prova. Nesse caso, aplica-se a regra da boa fé. Ex. consumidor foi para comprar uma geladeira, e não havia mais o produto, mas para não perder a viagem, leva outro produto. O empresário já investia nisso, usando o produto inicial como “isca” e o consumidor comprava outro produto, em valor até maior. Essa prática que não deixa de ser abusiva, norteou o art. 30 do CDC. Não pode haver prática abusiva, o abuso de direito, é coibido pelo art. 187 do CC. Essa garantia dada pelo legislador, estabelecendo que o fornecedor é obrigado a contratar, levou a alguns abusos. Quando for erro grosseiro de preço, há má-fé. O erro grosseiro não admite cumprimento forçado da oferta. Informação na oferta (art.31 do CDC) – diz respeito à composição, preço, características gerais do produto e do serviço, garantia, prazo de validade (diz respeito à segurança) e origem, tem que ser em bom português. Não podemos ter expressões como Sale, Off para promoção. A rotulagem exige que tenhamos a composição, com letras e texto em português, sobre os avisos em qualquer outro idioma. Informações tem que ser corretas, precisas, claras, ostensivas (destaque), em língua portuguesa. A questão do preço é muito importante, porque às vezes, a pessoa não contrata com base no preço elevado. A lei não exige o local em que tem que ser afixado (caso dos restaurantes). Parte final do art.31 do CDC – “bem como sobre os riscos de segurança e de saúde que podem trazer ao consumidor”. Restaurante colocou aviso que não se responsabilizava pela ostra servida no restaurante, e estava em inglês (rede de restaurante americana, que se instalou no Brasil e montou loja padrão). Tipo de aviso não se aplica ao Brasil, conforme art.51 do CDC. No parágrafo único do art.31 CDC – trata de produtos refrigerados, em que a informação tem que ser colocada de forma indelével para que não se apague, pois a mudança da temperatura pode levar ao apagamento da tinta. Chamar atenção ao prazo de validade. Oferta de componentes e peças de reposição - a lei não estabelece prazo para que se invoque o vício oculto. Como há diversidade em produtos no mercado de consumo, jogou-se para norma infralegal ou jurisprudência. Art.32 CDC – tem três correntes: subsidiariamente usaremos o art.118 e os 180 dias para o vício oculto; sustenta outra corrente (Paulo Lobo) deveria utilizar-se do prazo contratual, se dado por um ano pode alegar nesse prazo a reclamação do vício do produto; tempo de vida útil do produto é a terceira corrente, de adesão pelo professor, deve ser calculado pelo tempo médio (Antônio Hermann Benjamin, art. 32 do CDC), usar normas infralegal, o tempo de vida útil do produto, é um tempo médio e não elevado. Decreto 2181/87 art.13 Ver art.32 do CDC – produto compósito ( Obsolescência programada – produto é fabricado para ter curta duração. Produtos duravam mais no passado. Dentro do tempo de vida razoável a que foi programado, tem que se colocar à disposição as peças de reposição. Oferta fora do estabelecimento comercial (art.33 do CDC) – por telefone, internet, reembolso postal, deve constar nome do fabricante e endereço e todos os impressos usados para a divulgação. Isso para não cair no problema do art.13 do CDC, em não conseguir saber quem é, não conseguir localizar o fornecedor. Na internet tem que colocar o endereço físico, não bastando o site. Parágrafo único – proibida a divulgação por telefone quando onerosa ao consumidor. Solidariedade do ofertante com os prepostos ou representantes autônomos (art.34 do CDC) – há contrato de prestação de serviço e não contrato de trabalho, por isso que se prevê esse aspecto. Quando há uma venda de um produto de porta em porta (Natura, Avon etc) e aparece uma consultora, dá o preço e se o consumidor comprar, existe responsabilidade dessa consultora, responsabilidade solidária de forma expressa (art.7º par único e art.25§1º do CDC); Causas de Exclusão ou limitação da obrigatoriedade da oferta (art.35 do CDC) – existem alternativas na oferta: cumprimento forçado, substituição do produto por outro. Não podemos ter o ofertante dizendo que não há o serviço e aqui está o seu dinheiro de volta (ex. empresa de viagens chama os consumidores e diz que não haverá mais viagem e quer devolver o dinheiro. O consumidor que deve escolher e não o fornecedor). A escolha é sempre do consumidor, e o fornecedor não pode decidir por ele. Limitação da obrigatoriedade de oferta – erro grosseiro, interrupção na disponibilização da oferta etc. Ex. empresa pede cancelamento de anúncio que vem sendo veiculado em horário nobre de emissora de TV, alegando que não tem mais o produto para oferecer. Interrompeu o processo de formação da oferta é diferente da propaganda enganosa (crime de perigo abstrato, basta a mera conduta). É possível para o ofertante interromper a oferta perante público consumidor. Reserva – oferecer o produto e dizer que estará disponível até o término do estoque e indicar o número de unidades e o termo final (“até o término de nossos estoques ou até o dia 20 de abril de 2012, o que ocorrer primeiro”, indicando as causasde exclusão) AULA – 25/04/2012 Publicidade (arts.36 a 38 do CDC) Noções Publicidade e Propaganda Sujeitos (Lei 4.680/65) CONAR Espécies de Publicidade: Clandestina (ou Simulada) Enganosa Abusiva Termos publicitários e sua repercussão diante do consumidor Inversão automática do ônus da prova A contrapropaganda Oferta publicitária e não publicitária – publicitária apresenta elementos que visam estimular consumo (ex. fato de termos uma informação não publicitária da venda de veículo, FORD Eco Sport 50 mil e coloca o nome da concessionaria. Se coloco slogan, cachoeira no fundo, trabalho com a criação de uma necessidade para que seja considerado essencial ao individuo). Vimos que o direito do consumidor é uma resposta do Estado ao advento do consumo. Pressupõe consumo em massa de bens que são produzidos em grande volume. Um dos problemas surge na sociedade de consumo, que é tb decorrente de uma vantagem que é a produção em massa, que faz cair o custo do produto. Diante disso, quando mencionamos a sociedade de consumo a ideia de ganho de escala de ganho de economia, o único meio para que haja consumo desse volume é o consumo Função da pubicidade e criar falsas necessidades, ficando difícil separar o que é essencial e o que é supérfluo. Conceito econômico, jurídico, psicológico. A abordagem psicológica é estudada nos cursos de publicidade, porque tem que atingir o consumidor no aspecto emocional, porque no racional ele verá que o produto é dispensável. A publicidade mudou o enfoque, se aprimorou, surgindo necessidade de controle das técnicas, porque o produto era baseado apenas na qualidade, divulgação boca a boca, a publicidade massificada mudou isso. (Filomeno) Economista, prof de Harvard e embaixador dos EUA na India, John Kennedy ?? Criticava visão liberal que dizia que o consumidor era igual ao eleitor, que tal como, escolhe por meio de voto o seu candidato, o consumidor tb escolhe o produto. Ele subestima o consumidor dessa forma. O consumidor desnutrido não pode ser persuadido entre escolher entre o pão e o circo, e o consumidor bem nutrido pode. Em países pobres essas questões são mais complicadas. Dentro dessa ideia, são muitas as pessoas que não tem o básico e optam por adquirir o supérfluo, como um rapaz que compra um tênis e mora em favela. O poder da publicidade é muito grande na nossa sociedade e o sistema jurídico tem que responder a este aspecto. A publicidade surgiu como regulamentada nos anos 60. O grande debate surgiu nos anos 90 com a publicação do CDC. Um dos primeiros a comentar isso foi o Antonio Hermann Benjamim que dizia que a propaganda tem sentido ideológico, politico, difundir uma ideia, mas não tem conteúdo empresarial que caracteriza a publicidade. Ex. propaganda para avisar sobre a vacinação. Esse conceito relativizado por Rizzatto Nunes que vai na etimologia – propagar significa difundir, e publicar é tornar publico. A etimologia das palavras é a mesma. O texto legal usa o termo publicidade (arts 36 a 38) no artigo 60 temos o uso do termo contrapropaganda, que serve para neutralizar os efeitos de uma publicidade enganosa, abusiva, afirmação falsa em uma propaganda. As distinções desses termos existem, mas não estão no texto legal. Regulamentação da atividade publicitária na lei 4.680/65. Sujeitos da relação: publicitário (PF), agência de publicidade ou de propaganda, anunciante (responsável pelo produto ou pelo serviço, ex. Coca-Cola, TAM) e temos os veículos de comunicação (de comunicação, tanto emissoras de rádio, como de TV) O CDC trata da responsabilidade dos três primeiros, porque os veículos de comunicação respondem com base na culpa porque a responsabilidade civil precisa ser expressa. O art.927, par único é pouco usado. Muitos juízes julgam usando o CC. A responsabilidade é subjetiva dos veículos de comunicação. Responsabilidade do publicitário como pessoa física, no âmbito penal. Responsabilidade anunciantes, pessoa física (diretores) porque a PJ não responde e temos apenas a responsabilidade em crimes contra o meio ambiente. Responsabilidade civil de todos os envolvidos. Não são todos que concordam com isso, Essa lei passou a regular a matéria. Código Nacional de Auto-Regulamentação Publicitaria – CONAR e CONAR (tb para o conselho também ) – não é lei, é texto de auto regulamentação aprovado no ano de 1980, não é nem lei infraconstitucional. Não há obrigatoriedade de seguir o código, ainda que os publicitários achem que deveriam responder apenas diante do CONAR. Sanções do CONAR – retirada da publicidade do ar, advertência, é algo muito frágil em termos de sanção se comparado ao CDC. Tem que responder perante a lei. E não podem responder apenas pelo CONAR. Art.220 da CF – fala da liberdade de expressão. A liberdade de imprensa deve ser exercida tendo-se em conta o art.5º, inciso V e o art.5º inciso X da CF. O CDC é visto como instrumento de opressão contra a liberdade, nos cursos de Publicidade. O Juiz pode usar o CONAR para buscar maior precisão nos conceitos relativos à Publicidade, para fundamentar a sua decisão. Espécies de Publicidade (art.36 do CDC) Clandestina (ou Simulada) – é pouco lembrada por quem não estudou a matéria. É aquela que não pode imediata e facilmente ser reconhecida como tal, como peça publicitária. Acontece com muita frequência naquilo que se chama de merchandising. Dentro do próprio programa de TV ou filme, coloca-se o anunciante. É necessário que o consumidor saiba que isso não é uma publicidade comum, e que está em uma inserção comercial fora do intervalo. O merchandising é mais agressivo, porque nem sempre conseguimos perceber que é uma inserção publicitária. Evento esportivo patrocinado por empresas de tabaco (equipe de F1) - quando o evento tem origem no exterior, com o consumidor pode ser alertado? Lei 9294 – possibilidade de informar antes do programa, com inserções antes e durante (30 segs). Durante a programação, colocam-se sinais sonoros a cada 15 minutos, durante a corrida. Essa solução da lei 9.294 pode servir para o merchan nas telenovelas, programas femininos etc. No momento da inserção publicitária, poderia avisar ao consumidor, de que é um anúncio, uma inserção publicitária. Na telenovela, poderia usar o mesmo sistema que se usa antes do telejornal. O cinema coloca agradecimentos no final do filme. Enganosa – é aquela que atribui a um produto qualidades que ele não possui. Ex. produto que faz crescer cabelo. A enganosidade pode ser por ação ou por omissão. Ex. medicamento é eficiente para gripe e não para dor de cabeça. Abusiva – é aquela que atenta contra valores básicos da sociedade (contra o gênero, igualdade racial, contra a liberdade religiosa, o idoso, o meio ambiente, a criança). Ex. comercial da Benetton (padre beijando freira, criança negra ao lado de criança negra a branca com anjinho e a negra como demônio). Abusividade direcionada às crianças – instituto Alana que protege as crianças que são mais suscetíveis. Termos publicitários: Puffing – exagero publicitário. Em princípio não se responde por ele. Interpretação conjunta do art. 30 com o art. 37 do CDC – a oferta publicitária tem que ser suficientemente precisa. O ponto mais difícil é saber o limite. Toda vez que tenho algo preciso, tenho vinculação. Teaser – trabalha com elemento surpresa, e dentro dessa ideia reforça expectativa com relação a um produto que ninguém sabe o que é. Ex. dentro de 07 dias a sua vida vai melhorar. Após esses 07 dias, sai outro dizendo lançamento imperdível, 03 dormitórios em Perdizes. Não há enganosidade. Vamos supor que no dia do lançamento dizem produto revolucionário que traz todos os seus fios de cabelo de volta. Pode ser situação de enganosidade pura ou não. A responsabilidade seria a mesma, se houver enganosidade. Devemos examinar o contexto. AULA – 02/05/2012 Práticas Abusivas (arts. 39 a 41 do CDC) Noções Hipóteses legais Assistência TécnicaTabelamento de preço Cobrança de Dívidas (arts.42 e 42-A do CDC) Noções Hipóteses de cobrança abusiva de dívidas no CDC Cadastro de Consumidores e Banco de Dados (art.43 e 44 do CDC) Noções Cadastro negativo de consumidores e fornecedores Cadastro positivo de consumidores e fornecedores (Lei 12.414/11) Na inversão judicial o juiz pode inverter desde que preenchidos os requisitos do art.6º, VIII do CDC. No art.31 dever legal – inverter o ônus da prova. Classificação de João Batista - práticas abusivas na comercialização são mais frequentes, art.39, VIII do CDC é a fabricação do produto em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos competentes. Não pode ser aceito o controle administrativo porque o Estado apenas estabelece o patamar mínimo de qualidade. Ex. espessura de chapa de automóvel. Art.12,§3º e art.14,§3º do CDC - rol taxativo porque sem prejuízo do consumidor. Art.39 do CDC - tem rol exemplificativo para beneficiar o consumidor, porque o juiz pode constatar situação de abusividade porque não existia quando o CDC foi editado (ex. internet – spam é prática abusiva). Antes a doutrina dizia que não era necessário modificar o caput do art.39 porque era para beneficiar, mas pela hermenêutica precisa haver expressão que indique que o rol é exemplificativo. O CDC não traz de forma expressa o caso fortuito e a força maior. Práticas Abusivas - Venda casada ou prestação de serviços conjugados. Não pode condicionar a aquisição de um produto a outro. Ex. para levar a geladeira tem que comprar também o pinguim. Ex. para ter acesso à banda larga tem que contratar o provedor de conteúdo. Art.39 do CDC Inciso I parte final – o estabelecimento pode limitar a quantidade quando esta fazendo promoção. Inciso II – é um desdobramento do inciso I porque temos uma oferta com cláusula de reserva. A partir do momento em que acaba o estoque desde que informado que se vinculava a este, o fornecedor não está obrigado. Inciso III – envio de mercadorias não solicitadas. Se o consumidor não pediu, ele não é obrigado a comprar. Antigamente o CC entendia que o silêncio caracterizava aceitação. Hoje, se não pediu e recebeu, caracteriza amostra grátis. Inciso IV – prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor. Ex. operador de telemarketing da Editora Abril que, ligava para uma senhora muito idosa, passando-se por amigo dela e pedindo para que assinasse várias revistas. Inciso V – exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva, em regra, não se aplica a contratos aleatórios. Ex. de seguros. Inciso VI – para executar serviços sem prévia elaboração do orçamento e autorização. O art. 40 do CDC diz que o orçamento tem validade de 10 dias, contado de seu recebimento pelo consumidor. Se várias vezes o fornecedor já prestou os serviços e agora o consumidor não quer pagar, o fornecedor tem como se defender. Inciso VII – repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos; propositura de ação não é coação e sim exercício regular de direito. Inciso IX – Inciso X – elevar sem justa causa o preço de produto ou serviços; se os custos aumentaram o aumento do preço é válido. Ex. aumento abusivo da taxa de cemitério. Inciso XII – o fornecedor pode estabelecer prazo iniciado ou final, mas não pode começar o serviço ou deixar de prestá-lo a seu bel prazer. Incisos XI a XIII – Lei das mensalidades escolares Os reajustes podem ser estabelecidos em contrato, mas é preciso demonstrar através de planilhas que o aumento é justificado. Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos; II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes; III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço; IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços; V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva; VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes; VII - repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos; VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro); IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação regulados em leis especiais; X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços. XI - Dispositivo incluído pela MPV nº 1.890-67, de 22.10.1999, transformado em inciso XIII, quando da converão na Lei nº 9.870, de 23.11.1999 XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério. XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido. Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obrigação de pagamento. Art.41 – proíbe que seja cobrado valor em desacordo com a tabela dos serviços que são controlados. Cobrança de Dívidas É regular, em princípio, o credor tem direito a cobrar. O prazo é de 05 anos. O problema está no meio utilizado para cobrança. Ex. empresa de cobrança que incomoda o consumidor no seu trabalho, lazer. Ex. contratação de banda de música. Se a banda não recebe não pode ficar tocando na porta do devedor. Art.42-A - necessidade de identificar quem cobra. Cadastro de Consumidor e banco de Dados O direito do credor de receber é protegido constitucionalmente e infraconstitucional. - SPC, Serasa - Existem cadastros de fornecedores - STJ sustenta que o prazo é de 05 anos, independente se a dívida é fundada em título de crédito. Cadastro Positivo (Lei 12.414/11) Para ter acesso a financiamento, o consumidor tem que concordar em entrar no cadastro positivo. As entidades de defesa do consumidor ficaram preocupadas e foi colocado prazo máximo de 15 anos, informações sensíveis (sexo, religião tem que ser resguardadas), exigência de concordância. AULA – 16/05/2012 Proteção Contratual do Consumidor (art.46 e ss do CDC) Vinculação do consumidor ao contrato de consumo Vinculação do fornecedor ao contrato de consumo A interpretação do contrato de consumo A venda fora do estabelecimento comercial Garantia contratual complementar à legal Cláusulas abusivas Contratos de adesão Não cai pontos que não ministrou e pontos remanescentes do fichamento (aspectos penais e processuais da defesa do consumidor em juízo). 03 questoes; sem consulta; limite de linhas. Alguns autores falam que o direito do consumidor é um capítulo do direito civil, mas o professor discorda disso, porque o direito do consumidor não é só contrato, pois temos aspectos penais da defesa do consumidor em juízo e administrativos, sem esquecer dos aspectos processuais. Professor acredita na autonomia desse ramo O termo proteção contratual é usado porque nós temos relação entre desiguais. Quando falamos do CC existe igualdade entre contratantes, o que não ocorre na relação do consumidor e nado trabalho (intervenção do Estado) Isso fica claro no artigo 46 do CDC – em relação ao contrato não podemos ter a mesma interpretação de antes do CDC, porque nessa época vivíamos situação difícil para o consumidor no Brasil ex. as cláusulas não vinham todas à disposição do consumidor quando em um contrato. Ex. contrato do Bradesco dizia que regulava o financiamento de bem móvel, na clausula I e na clausula II dizia que as demais estavam disponíveis em determinado cartório de imóveis, e isso não pode mais acontecer nos dias de hoje com o CDC. Quando o consumidor tinha acesso às cláusulas do contrato, havia dificuldade de leitura pois as letras eram minúsculas e o texto era rebuscado em demasia. Esse artigo traz o que se chama de Autonomia Privada (auto-regulamentação do interesse) e não autonomia da vontade. Uma determinada pessoa vai contratar e estará vinculada se for dada a oportunidade prévia de ter contato com o contrato e também se for redigida de forma destacada ostensiva (em negrito), clara. Ex. cláusula que fala da via arbitral. O consumidor só estará obrigado a cumprir se o contrato é claro, ele leu, assinou foi dado o devido destaque. Oposto dentro da relação jurídica de consumo que é o fornecedor, e temos então norma em sentido oposto. Em relação a este, tem dever legal, é obrigado a cumprir tudo o que colocou no contrato, isso porque a maioria dos contratos colocados à disposição no meio de consumo são os Contrat de Adesão e outros são os Contratos Paritários (há igualdade na discussão das tratativas). Resumivelmente o fornecedor só pode colocar cláusulas que o favoreçam e se colocou cláusula que não conseguirá cumprir o problema é dele (art.48 do CDC – prometeu, cumpriu). Tudo o que o fornecedor promete tem que cumprir (vinculação do fornecedor). Pode haver duvidas quando se interpreta o contrato de consumo com relação ao que o fornecedor prometeu. Ex. cláusula alternativa (e/ou), em contrato com agencia de viagens, hospedagem em hotel 05 estrelas e jantar na cidade. Enseja dúvida quanto se alternativo ou não. Nesse caso, decide-se a favor do consumidor, e isso é dever do Juiz, não faculdade. Dever legal do Juiz decidir dessa forma, a favor do consumidor. Visão do professor Senise: assim como no direito de penal temos o indubio pro reu, temos o indubio pro consumidor, ou seja, a decisão sempre tem que ser em favor do consumidor, mais benéfica. Esses três artigos são a base da contratação (art.46 a 48 do CDC) Direito de Arrependimento ( venda fora do estabelecimento comercial (art.49 do CDC) – venda não em loja física (venda por telefone, por via postal, TV etc) o consumidor tem direito de arrependimento Dentro dos 07 dias, a contar do momento em que a pessoa recebe o produto em sua casa, temos o inicio do Prazo de Reflexão para que se possa evitar a compra por impulso, e não tem nada a ver com o vício do produto no qual ele apresenta defeito (arts. 18 e 26 do CDC). Aqui o produto pode funcionar perfeitamente, mas o consumidor pergunta se realmente aquilo é necessário e exercita do direito de arrependimento. O problema no direito de arrependimento está na utilidade do produto e não na qualidade. Na venda por impulso o consumidor tende a comprar algo totalmente inútil. A pessoa não pensa e essa é a aposta do fornecedor ao “bombardear” o consumidor com informações. Em relação a esse prazo de 07 dias, muitos acreditam que em toda e em qualquer situação há direito de arrependimento, o que não é verdade. Quando temos alguém comprando em estabelecimento comercial, não vale esse prazo de reflexão. As únicas possibilidades nesse caso são: se constar em cláusula contratual ou se estiver no aviso da promoção da loja, que pode ser pedida a devolução (conforme o caso aplica-se o art.48 ou o art.30, CDC). Quando o fornecedor devolve o dinheiro ou troca a mercadoria no caso da compra em estabelecimento comercial (loja física), isso ocorre por mera liberalidade, porque ele não é obrigado a fazê-lo. Trocam para não perderem o direito. Não existe dever legal de troca no caso da venda feita em estabelecimento comercial (loja física), somente quando a venda é feita fora do estabelecimento comercial é que se aplica do direito de arrependimento (art.49 do CDC). Há proposta de nova redação do art.49 do CDC para contemplar a venda pela internet. Quando a lei foi publicada em 1990 não havia internet no Brasil. Venda fora do estabelecimento comercial pode abranger tanto as pessoas que tiveram contato físico com o bem, como aqueles que não tiveram. Tem situações em que ter ou não contato físico com o produto não tem relevância no arrependimento. Ex. vendedor de enciclopédias de porta em porta, em que as pessoas tinham contato com o bem e se arrependiam. Não é verdade que a venda fora do estabelecimento comercial contempla a internet (não se aplica analogia), pois um autor de peso seguiu linha oposta durante certo tempo (Fábio Ulhôa Coelho). Ele dividiu o estabelecimento comercial em Físico (real) e Virtual, ex. Lojas Americanas. Muitas vezes para comprar na internet, a pessoa pensa muito mais do que de outra forma. Não há pressão do vendedor. Ex. compra da beca pela internet em que houve arrependimento e não usou o produto. Pode devolver. Ex. compra de automóvel pela internet. Usou o automóvel para viajar até o RJ e depois quis devolver o veículo. Princípio da boa-fé é bilateral (consumidor e fornecedor) – art. 4º. O consumidor não agiu de boa-fé, portanto, não pode requerer o direito do art.49. Há também enriquecimento sem causa e abuso de direito (Código Civil) nesse exemplo. Art.50 CDC – traz garantia contratual como garantia complementar à garantia legal. O prazo que vigorava antes era da corrente de contagem simultânea, ou seja, o prazo da lei era contato simultaneamente com o contratual. Segunda corrente (Rizzatto Nunes) o prazo contratual deveria ser somado ao prazo legal. Nenhum desses está na lei. O que está na lei é que o prazo contratual deve ser contato a partir do prazo legal, no caso de vício aparente e de fácil constatação. Na ocntagem simultânea o fornecedor dava os 90 dias e se terminasse o prazo legal, não estava nem aí. Rizzatto Nunes em livro lançado em 1992 escreveu que o prazo contratual tem que ser somado ao prazo legal. Onde está escrito “complementar” (art.50 do CDC) temos o sentido de soma, o prazo tem que ser somado. Ex. se dado prazo de 90 dias pelo fornecedor, temos que somá-lo ao prazo legal de 90 dias, então temos o prazo de 180 dias, ou 90 dias mais 30 dias, dão 120 dias de prazo de garantia ao consumidor. Antes – contagem do prazo é simultâneo (era posição majoritária) Hoje (visão que prevalece) – prazo deve ser somado (hoje é adotado esse posicionamento pelo STJ e outros Tribunais). Hoje a forma de se ver essa questão é pela soma dos prazos. Visão que prevalece. Há outra visão (Edgar Moreira) que defendeu dissertação de mestrado na PUC, e dizia que na verdade o art.50 quando fala de “complementar”, o legislador queria dizer que era a adequação legal do artigo 24, garantia de que o produto vai funcionar, e não questão de prazo. Essa visão não foi adotada pela jurisprudência. A interpretação deve ser atrelada ao 24 e não ao 26. Soma de prazo e não contagem simultânea é o que prevalece. Cláusulas Abusivas são todas as cláusulas manifestamente opressivas ou excessivamente onerosas inseridas em um contrato de consumo. (CC de 1916 trazia cláusulas potestativas – um tem o poder e outro se sujeita a ele; cláusula chamada de Leonina. No CC Art.51 traz rol de cláusulas abusivas (rol meramente exemplificativo): Inciso I – vedação da cláusula de não indenizar. Ex. estacionamento que não se responsabiliza por nenhum dano causado no veículo; cláusula que reduz o valor, dizendo que responsabiliza-se por danos até 50% do valor do serviço, é nula porque limita a responsabilidade civil. Exceção no caso de contarto enter pessoa jurídica consumidora e fornecedora , em que pode haver redução ou excusão daresponsabilidade, mas em casos justificáveis. Deve ser visto no caso concreto se a exceção é admissive ou nça Inciso VII - Vedação da imposição de cláusula de arbitragem. Essa cláusula é nula de pleno direito porque impôs ao consumidor esse uso. Inciso XIV - Vedada cláusula que permita violação ao meio ambiente. Clausula nula de pleno direito, sem valor legal; Decreto 2181 de 1997 no art.56 – estabeleceu que o rol de cláusulas abusivas seria anualmente complementado por normas oriundas por Portaria da Secretaria de Direito Econômico que congrega o depto de proteção e defesa do consumidor e o CADE. Ex. exigir cheque caução; condicionar aquisição de material escolar para ingresso em sala de aula exigindo a compra na escola; Vedada cláusula de eleição de foro - consumidor tem foro privilegiado para propositura da ação (inciso I do art. 101, CDC – ação civil) – discussão se o consumidor poderia ou não optar pelo foro, cláusula de eleição de foro. Não tem valor jurídico nenhum, esta no rol de cláusula abusiva. Art.52 e 53 interligados – 52 traz possibilidade de redução proporcional de juros, diante de pagamento antecipado (multa caiu de 10% para 2% quando do atraso). Na alienação fiduciária, p.ex., o consumidor não pode ter a retenção de todas as parcelas pelo fornecedor. O Procon olha a valorização do bem. Ex. automóvel financiado, pode ter valor a pagar ou a receber. O que não pode acontecer é do consumidor perder as parcelas pagas e ainda ficar devendo mais três automóveis. Contrato de Adesão (art.54 do CDC) – constitui talvez a situação mais frequente de contratação. O CDC não adotou a distinção entre contrato de adesão (existe monopólio, temos só um fornecedor, ex. Sabesp) e o contrato por adesão (há pluralidade de fornecedores, ex. contrato de financiamento que posso contratar com BB, Itaú, mas terei contrato onde tudo está pré determinado e só posso aderir e não posso transforma-lo em contrato paritário e escolher as cláusulas. O que temos no CDC é o contrato de adesão, e estabelece todos os requisitos (art,54, art,46 e ss). O consumidor tem que poder ler. Histórico até Proteção contratual do consumidor (art.54 do CDC). Estudar os artigos 55 em diante (Sanções administrativas).