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Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Corynebacterium spp Prof. Marcos JP Gomes ETIMOLOGIA Grego s. korune, uma clava; Latim s. bacterium, um bastonete e em biologia, uma bactéria e assim chamada, pois as primeiras observações possuíam a forma de bastonetes; substantivo latino cujo significado seria bactéria clavada. INTRODUÇÃO Atualmente (2013), na “List of Prokaryotic names with Standing in Nomenclature”, segundo organizador e pesquisador J.P. Euzéby cita 112 espécies e 11 subespécies no gênero Corynebacterium spp, conforme o site www.bacterio.cict.fr/c/corynebacterium.html As espécies incluídas mais recentemente no gênero são: C. humireducens (Wu et al. 2011); C. marinum (Du et al. 2010); C. mustelae (Funke et al. 2010); C. pilbarense (Aravena-Roman et al. 2010); C. pyruviciproducens (Tong et al. 2010); C. nuruki (Shin et al. 2011); C. deserti (Zhou et al. 2012); C. epidermidicanis (Frischmann et al. 2012); CARACTERÍSTICAS GERAIS As espécies do gênero Corynebacterium são bastonetes Gram positivos, curtos, pleomórficos, imóveis, não esporulados com alto conteúdo de G + C no ADN. O gênero pertence à classe Actinobacteria dos quais fazem parte os gêneros Corynebacterium, Mycobacterium e Nocardia. As bactérias deste grupo possuem parede celular, contendo ácidos graxos de cadeia longa que são os ácidos micólicos. Os ácidos micólicos dos corines possuem cadeias curtas com 28-40 carbonos. As espécies do gênero Corynebacterium estão distribuídas em uma ampla gama de ambientes ecológicos como: solo, esgoto e superfície de plantas, sendo que algumas delas patógenos para os animais e o homem. Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 As espécies do gênero Corynebacterium que são importantes para os animais estão listadas na Tabela 1 abaixo. Outras espécies, incluindo as: C. aquilae, C. capitovis, C. caspium, C. ciconiae, C. falsenii, C. felinum, C. phocae, C. sphenisci, C. spheniscorum e o C. testudinoris foram isoladas de animais, mas a sua associação com doença não está clara. Esfregaços corados revelam grupos de célula em paralelo (“em paliçada”) ou células em forma angular ou em “escrita chinesa”. Muitas espécies possuem grânulos metacromáticos (polifosfato com alta energia), sendo mais bem observados no C. diphteriae. Os corines não formam esporos, não são álcool-ácido-resistentes (aar); são catalase positivos; são oxidase negativos; são facultativamente anaeróbios e os patógenos animais são imóveis. Anaeróbios facultativos, requerendo meios ricos compostos de soro ou sangue. As colônias são convexas e semi-opacas com a superfície fosca. Quimiorganotróficas com metabolismo fermentativo, sendo que a maioria das espécies produz ácido sem gás, da glicose e outros carboidratos. Catalase positivos, freqüentemente reduzem o nitrato e o telurito. Raramente acidificam a lactose ou rafinose ou liquefaz a gelatina. O R. equi pode se apresentar com morfologia variável, ou seja, de cocos a bastonetes; Gram positivos. Capsulado e, algumas vezes, levemente AAR. O gênero Corynebacterium spp é um parasito preferencialmente obrigatório das mucosas ou pele de mamíferos. Ocasionalmente são encontrados em outras fontes, alguns são patogênicos para os mamíferos, possuindo um grande número de espécies; muitos habitats, incluindo importantes patógenos para os animais e para o homem. O critério básico e antigo para a inclusão no gênero Corynebacterium spp era a aparência. As bactérias típicas do gênero são bastonetes Gram positivos, pleomórficos que se coram irregularmente, formando arranjos de forma angular ou em paliçada. Alargamento em uma ou nas duas extremidades é característico para o gênero. Estudos realizados na estrutura da parede celular e homologia de ADN revelaram que a aparência morfológica foi um critério taxonômico inadequado para estes microrganismos. A maioria dos taxonomistas acredita que somente aquelas espécies que possuem ácido diaminopimélico, galactose, Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 arabinose, ácido micólico com cadeia de 22 a 38 átomos de carbono deveriam ser incluídas no gênero Corynebacterium spp. Muitas espécies saprófitas e, algumas espécies patogênicas, foram transferidas para outros gêneros. MUDANÇAS TAXONÔMICAS Nome Prévio Nome Presente__________________________ Corynebacterium equi → Rhodococcus equi Corynebacterium murium → Corynebacterium kutscheri Corynebacterium ovis → Corynebacterium pseudotuberculosis C. pyogenes → Actinomyces pyogenes → Arcanobacterium pyogenes→Trueperella pyogenes no final de 2011. Corynebacterium suis→ Actinomyces suis →Eubacterium sui→ Actinobaculum suis C. renale Tipo I → C. renale } C. renale Tipo II → C. pilosum }→ Grupo C. renale C. renale Tipo III → C. cystitidis} __________________________________________________________________ O C. diphtheriae é o agente causador da difteria humana e a espécie típica do gênero. As outras espécies deste mesmo gênero são denominadas de “difteróides”. As espécies associadas às doenças animais são: C. renale, C. pseudotuberculosis, C. bovis (comensal ou não do úbere bovino). Outras espécies, ocasionalmente isoladas são: C. pilosum (urina eqüina) e o C. ulcerans (mastite bovina). Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Tabela 1. Espécies do gênero Corynebacterium associadas às Enfermidades Animais. Espécies Hosp 1 ario Doença Hosp 2 ario Doença C. amycolatum Homem Bac/Endoc/Artrite Bovino Mastite C. auriscanis Cães Otite Externa Homem Ferida C. bovis Bovinos Mastite Hom/coelho Absc/hiperkerat C. camporealensis Ovinos Mastite C. cystitidis Bovinos Cistite/Pielonefrite C. felinum Felinos selv Desconhecida C. glucuronolyticum Hom/Suinos Infec Gen-urinária C. jeikeium Homem Endoc/Bac/Sep Felino Infec. urinária Mening/Oosteom C. kutscheri Roed lab Absc/Pneumonia Hom/cd Artrite séptica Pseudotuberculose Coloniz assintomática C. mastiditis Ovinos Mastite C. matruchotii Eqüinos Cistite C. minutissimum Homem Infecção Pele Bovino Mastite C. pilosum Bovinos Cistite/Pielonefrite Hom/eq Endocardite C.pseudotuberculosis Ov Cap Eq LC/Pericardite Hom/alpaca Linfoad/Abscesso Pleurite/Celulite Bov/camelo Mastite Cervos/sui C. renale Bovinos Cistite/Pielonefrite Ov/cap Cistite/Pielonefr Cervos Osteomielite Roedores lab C. suicordis Suínos Pericardite C. ulcerans Homem Faring/Sinus fer/pele Prim/camel Doença Respirat Ferimento/Pele Fel/bov LC/Mastite Foca/esquilo C. urealyticum Homem Cistite/Pielonefrite Cães/gatos C. xerosis Suínos Artrite/Abscessos Caprinos Paratuberculose Gêneros Corynebacterium, Rhodococcuse Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Quadro 1. Características bacteriológicas diferenciais entre espécies não lipofílicas do gênero Corynebacterium em Veterinária. Testes/ Espécies Nitrato Urease Hidrólise esculina Pirazina- midase Fosfatase alcalina Glicose* Maltose* Sacarose* CAMP C. auriscanis - - d - + + - - - C. amycolatum d d - + + + d D - C. camporealensis - - - + + +** - - + C. cystitidis - + - + + + - - - C. diphtheriae d - - - - + + - - C. minutissimum - - - + + + + D - C. pilosum + + - + + + - - - C. pseudotuberculosis d + - - d + + D Reverso + C. renale - + - + - + - - + C. ulcerans - + - - + + + - Reverso d Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Grupo Corynebacterium renale (C. renale, C. pilosum e C. cystitidis) Prof. Marcos Gomes Pielonefrites Cistites INTRODUÇÃO O grupo C. renale era conhecido, antigamente como C. renale imunotipos: I, II e III. Estudos de homologia de ADN e análise numérica fenotípica revelaram que eram espécies distintas e que foram renomeadas como: C. renale, C. pilosum e C. cystitidis. Estas três espécies podem ser diferenciadas bioquimicamente pelas características listadas abaixo: Do grupo renale, o C. renale é o microrganismo mais isolado de casos de cistites, uretrites e pielonefrites bovinas. O C. renale, preferencialmente acomete fêmeas bovinas, produzindo inflamação diftérica na bexiga, no ureter, na pelve e tecido renal. As lesões são produzidas em vacas e, ocasionalmente em éguas e ovelhas. A doença é conhecida como pielonefrite bacilar dos bovinos, pielonefrite específica ou pielonefrite infecciosa dos bovinos. CARACTERÍSTICAS MORFOTINTORIAIS O C. renale é um difteróide grande (0,5 X 1,3-2,6 m). Os organismos na sua morfologia são curtos, grossos e mais abaulados nas extremidades (em uma ou nas duas). No exsudato e no cultivo são encontrados como agregados (poucos até centenas). Não são esporulados, imóveis e não capsulados. São fortemente Gram positivos. Possuem grânulos quando corados pelo azul de metileno. O C. renale é piliado, mas possui um número menor do que o C. pilosum ou o C. cystitidis. Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 CARACTERÍSTICAS CULTURAIS E BIOQUÍMICAS O crescimento do C. renale, C. pilosum, C. cystitidis em meios comuns é melhorado pela adição de sangue ou soro. As colônias de C. renale são opacas, de cor marfim ou amareladas com bordos irregulares. A colônia do C. pilosum pode ser creme ou amarela, pálida e circular, opaca e com aproximadamente 1 mm de diâmetro. A colônia do C. cystitidis é branca, inteiramente circular, semitransparente e puntiforme. Tabela 1. Diferenciação entre algumas espécies do gênero Corynebacterium spp. G r u p o C. r e n a l e Característica(s) C. renale C. cystitidis C. pilosum C. pseudotuberculosis C. bovis Hemólise - - - + - Catalase + + + + + Liquefação soro - - - - - Hidrólise caseína + - - - - Pigmento amarelada - amarelas - - Grânulos + + + + - Ácido glicose + + + + - Ácido xilose - + - - - Ácido amido - + + + - Redução nitrato + - + +/- - Produção urease + + + + - + = reação positiva - = reação negativa Quando os corines são cultivados em caldo eles produzem uma discreta opacidade, mas o crescimento aparece sob a forma de um sedimento granular. A característica constante no C. renale é observada no litmus milk. Inicialmente, há redução do meio no fundo do tubo Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 seguido da formação de um coágulo macio que é lentamente digerido. O meio permanece sempre alcalino. O meio separa-se em duas fases; um fluido vermelho intenso e o sedimento pesado. Somente o C. renale produz caseinase, uma enzima responsável pela reação no litmus milk. A ação da caseinase é visualizada no agar leite desnatado. Há bom crescimento no soro coagulado ou gelatina, mas o C. renale não produz proteólise. O microrganismo multiplica-se na urina estéril bovina, tornando-a fortemente alcalina pela produção de amônia a partir da uréia. ANTÍGENOS Cada espécie do grupo C. renale possui antígenos específicos de superfície que são utilizados na imunodifusão para o estabelecimento dos tipos imunogênicos: I, II, e III. A proteína pilosa é antigênica e diferente para cada espécie. PATOGENIA Os corines são bactérias piogênicas e responsáveis por uma variedade de quadros piogênicos. A virulência desse grupo está atribuída à toxina hemolítica que possui atividade de fosfolipase para os fosfolipídios da parede celular. O R equi pode sobreviver intracelularmente pelo bloqueio da fusão fagolisossomial. Produz o “equi factor” difusível (fosfolipase C e colesterol oxidase) que junto com a cápsula e os constituintes da parede celular contribuem com a patogenia. Broncopneumonia supurativa nos potros por R. equi é frequente, onde há grande aglomeramento de eqüinos. O agente é comensal do intestino de animais adultos, podendo multiplicar-se no solo enriquecido com fezes eqüinas. A rapidez com que as cepas do grupo C. renale degeneram fora dos meios de cultivo demonstram que a resistência aos fatores físico-químicos no ambiente é pequena. Cada espécie está adaptada ao trato urinário dos bovinos e ovinos. A transmissão ocorre quando gotículas de urina contaminada de um portador são espalhadas na área vulvar de outro animal suscetível. Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 A aderência ao epitélio vulvar é mediada pela estrutura pilosa. A penetração e colonização do trato urinário são reforçadas pela habilidade do C. renale em aderir às células epiteliais da bexiga. Entretanto, outros fatores predisponentes (parto, prenhez) podem contribuir para o aparecimento da doença. O C. renale é freqüentemente isoladode casos de pielonefrite. O agente pode ser isolado de animais saudáveis em propriedades infectadas. O C. pilosum pode ser isolado na urina e vagina (aproximadamente 4%) de vacas saudáveis e, só raramente, de casos de cistites e pielonefrites. Esta bactéria é bem menos virulenta para camundongos do que o C. renale. O C. cystitidis está amplamente distribuído, causando pielonefrite seguida de cistite. O agente foi isolado de vacas saudáveis, sendo comensal do prepúcio de 90% dos reprodutores bovinos machos. Embora bem adaptado ao trato urinário de machos, o agente é pouco adaptado ao trato genital feminino, causando doença grave, após a transmissão venérea ou urinária. Nos casos de doença natural, a bexiga é envolvida, incluindo um ou os dois ureteres ou os rins. A parede da bexiga torna-se espessada com a mucosa ulcerada e coberta com uma secreção composta de resto celular e fibrina. Petéquias e hemorragias são evidenciadas na parede da bexiga e pequenos coágulos de sangue encontram-se no conteúdo da bexiga. Os ureteres afetados tornam-se distendidos e a mucosa possui áreas de necrose. Os rins aumentam de volume, a porção pélvica é aumentada, região papilar necrótica e formação de abscessos por toda a estrutura renal. O conteúdo é cinza, lodoso, sem cheiro, composto de exsudato misturado à fibrina, coágulo, tecido necrótico e material calcário. Numerosos bastonetes com características difteróides são encontrados livres ou ligados aos fragmentos de tecido necrótico. Eles estão arranjados em grupos ou em paliçada e freqüentemente estreptococos estão presentes. A urina é eliminada com freqüência, mas em pequenas quantidades causada pela irritação vesical. A urina possui aumento na concentração de albumina, leucócitos, fibrina, restos celulares e hemácias. A doença é raramente observada em ovinos. O agente está relacionado com a postite ovina causada pelo efeito irritante dentro do prepúcio pela liberação de amônia pela urease. Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL COLETA DE AMOSTRAS Pus ou exsudato são colhidos de quadros com supuração. No caso de urina, a coleta deve ser realizada, durante a metade da micção, especialmente para isolamento do grupo C. renale. A técnica do lavado traqueal, geralmente é utilizada para coleta de amostras de potros com suspeita da infecção (rodococose eqüina). ISOLAMENTO O isolamento é obtido no AS e MacConkey na identificação das bactérias Gram positivas ou negativas presentes. As placas devem ser incubadas a 37º C por 24 - 48 horas. IDENTIFICAÇÃO Morfologia Colonial O C. bovis possui colônias pequenas, creme ou claras, secas não hemolíticas lipofílicas que tendem a crescer na área gordurosa da secreção láctea inoculada. O C. kutscheri possui colônias pequenas, esbranquiçadas que se parece com as de C. pseudotuberculosis. Ocasionalmente algumas cepas são hemolíticas. O C. pseudotuberculosis possui colônias pequenas, brancas e secas. São envolvidas por uma pequena zona de hemólise que aparecem, geralmente após 48-72 horas de incubação. Após vários dias de incubação, as colônias podem atingir 3 mm de diâmetro, parecendo secas e creme. Desintegram-se com facilidade. O C. renale possui colônias não hemolíticas, muito pequenas, após 24 horas de incubação. Tornam-se opacas e amareladas com a idade. O C. pilosum possui colônias assemelham-se as do C. renale, mas tornam-se creme ou amarela com o tempo. O C. cystitidis possui colônias pequenas e semelhantes às anteriores, mas tornam-se transparentes ou brancas com a idade. Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 O R equi possui colônias pequenas, lisas, brilhantes; não hemolíticas, após 24 horas de incubação. Tornam-se maiores e mucóides e de coloração rosa-salmão com a idade. O meio de cultivo que favorece a formação de pigmentos do R. equi é formulado com: extrato de levedura 10,0 g; glicose 10,0 g; agar 15,0 g em 1 litro de água da torneira. TESTE DE CAMP O CAMP pode ser utilizado como um teste rápido na identificação do C. pseudotuberculosis, R equi e o C. renale que interagem com o S. aureus produtor de beta hemolisina, conforme Tabela 2. Tabela 2. O teste de CAMP em espécies do gênero Corynebacterium e Rhodococcus spp. Espécies β hemolisina do S. aureus ________________________________________________________________________________ C. pseudotuberculosis Inibição C. ulcerans Inibição R. equi Sinergismo C. renale Sinergismo TESTES BIOQUÍMICOS A identificação definitiva dos corines e do R. equi está baseada nos testes bioquímicos diferenciais, conforme a Tabela 3. Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Tabela 3. Diferenciação bioquímica entre alguns corines e o R. equi. C. bovis C. kutscheri C. pseudotuberculosis C. renale R.. equi ________________________________________________________________________________________ Beta hemólise - v + - - Hidrólise esculina - + - - - Redução nitrato - + v* v + Urease - + +(>18h) +(<1h) +(>18h) Digestão caseína - - - v - Glicose + + + + - Maltose - + + - - Sacarose - + - - - _______________________________________________________________________________________ + =Reação positiva; - = reação negativa; v = reação variável; v* = cepas eqüinas positivas e cepas ovinas negativas. COLETA DE AMOSTRAS Os sinais de pielonefrite são característicos, na maioria das vezes. A amostra de urina deve ser colhida em frasco estéril e enviada ao laboratório para confirmação. Se a urina contiver coágulos de sangue ou resíduos celulares pode ser feito esfregaços e coloração de Gram. A presença de agrupamentos de bastonetes curtos é evidência da presença deste organismo. A amostra deve ser inoculada em AS. Podemos centrifugar a urina e realizar o processo laboratorial. A diferenciação entre as espécies de grupo C. renale é mostrada na Tabela 4. Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Tabela 4. Diferenciação do grupo C. renale C. renale C. pilosum C. cystitidis ________________________________________________________________________________ Coloração colonial (48h) amarelada amarela branca Crescimento Caldo pH 5,4 + - - Redução Nitrato - + - Digestão da Caseína + - - Hidrólise do Tween 80 - - + Ácido da Xilose - - + Ácido doAmido - + + ________________________________________________________________________________ + = reação positiva; - = reação negativa. TESTE DE SENSIBILIDADE AOS ANTIMICROBIANOS (TSA) O grupo C. renale são sensíveis à penicilina, à estreptomicina, à canamicina, à eritromicina e à polimixina B. C. renale e o C. cystitidis são sensíveis à tetraciclina (10 µg/mL) enquanto que o C. pilosum é resistente a esta concentração. Penicilina em grandes doses pode ser o tratamento de escolha, se administrada antes do avanço da doença. Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Corynebacterium pseudotuberculosis Prof. Marcos JP Gomes Linfadenite caseosa (LC) Linfangite exsudativa (LE) INTRODUÇÃO O C. pseudotuberculosis é a espécie associada às infecções animais e com maior impacto econômico. O C. pseudotuberculosis é um patógeno intracelular facultativo que acomete principalmente pequenos ruminantes (ovinos e caprinos), causando linfadenite caseosa (LC). A LC ocorre em todo o mundo, mas é preocupante em regiões criatórias da Europa, Austrália, Nova Zelândia, África do Sul, América do Norte e países da América do Sul, principalmente Argentina, Sul do Brasil, Chile e Uruguai. Na América do Sul, uma doença similar ocorre em criações de lhamas e alpacas. A doença causa impacto econômico na ovinocaprinocultura, principalmente pela redução na produção carne, leite, lã e couro; baixa eficiência reprodutiva; aumento na eliminação de animais afetados; condenação da carcaça; mortalidade pelo envolvimento interno de abscessos. A classificação do C. pseudotuberculosis foi originalmente baseada nas características morfológicas e bioquímicas, mas a quimiotaxonomia revelou que o ácido meso-diaminopimélico; peptidioglicano, arabinose e galactose são os principais açúcares da parede celular e ácidos micólicos de cadeia curta (ácidos corinomicólicos, 22-36 átomos de carbono de comprimento) também estão presentes. Os resultados de hibridização do ADN-ADN bem como as seqüências rARN 16S mostraram que essa bactéria pertence ao grupo C. diphteriae constituído pelos C. diphteriae, C. pseudotuberculosis e C. ulcerans. O teste de redução de nitratos permite definir dois biovares do C. pseudotuberculosis; o biovar Equi, nitrato redutase positivo, isolado de cavalo e bovino e o biovar Ovis, nitrato Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 redutase negativo, isolado de pequenos ruminantes, bovinos, e excepcionalmente, o cavalo. A existência desses dois biovares foi confirmada pelos estudos genéticos de polimorfismo de restrição do ADN pela ribotipagem. Segundo Hommez et al. (1999), algumas cepas nitrato redutase positivas isoladas de mastite dos bovinos podem representar um terceiro biovar caracterizada por seu habitat, pela patogenicidade e suas características bacteriológicas que utilizaremos como Biovar 3. A diferenciação entre o C. pseudotuberculosis, o C. ulcerans e o C. diphtheriae é a produção de fosfolipase D (FLD). O C. pseudotuberculosis e C. ulcerans produzem LPD. O C. diphtheriae produz a toxina diftérica e algumas cepas do C. ulcerans. O C. pseudotuberculosis inicialmente foi classificado em 2 biótipos de acordo com sua habilidade de clivar o nitrato (Biberstein et al., 1971). Posteriormente, outros testes confirmaram a presença dos biovares Equi e Ovis (Songer et al. 1988). Esta descoberta foi confirmada pela análise do ADN ribossomal 16S. Análises filogenéticas revelaram que o C. pseudotuberculosis e o C. ulcerans pertencem a um grupo monofilético, mas que os biovares Equi e Ovis não deveriam ser classificados como subespécies, pois possuem alta semelhança genômica. MORFOLOGIA e COLORAÇÃO O C. pseudotuberculosis é um bastonete pleomórfico; Gram positivo; imóvel; não esporulado; possui tamanho de 0,5 a 0,6 mm de diâmetro e 1,0 a 3,0 mm de comprimento; apresentam formas em clavas e granulações metacromáticas; aeróbios-anaeróbios; catalase positiva, não lipofílicos (crescimento não estimulado por 1 % de Tween 80 no meio de cérebro-coração agar). O C. pseudotuberculosis é um bastonete curto geralmente confundido com coco. Ocorre como bastonetes, especialmente no pus caseoso colhido dos linfonodos. É imóvel, não esporulado, retém o Gram, mas não é AAR. CARACTERÍSTICAS CULTURAIS O C. pseudotuberculosis é cultivado a 20°C, não necessitam adição de Tween-80 ou soro para seu crescimento. No agar com sangue de ovinos incubados em 24h em Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 temperatura de 37° C, em atmosfera normal, as colônias são minúsculas e não hemolíticas. Após 48h, as colônias formadas pelos biovares Equi e Ovis terão um diâmetro de 1 mm, são brancas ou levemente amareladas, secas, convexas, e de contorno regular. As cepas do biovar 3 são ligeiramente maiores variando entre 1 e 2 mm de diâmetro e seu aspecto é mais seco. As colônias dos três biovares são contornadas por uma estreita zona de beta causada pela produção de fosfolipase D. No meio de Tinsdale, raramente utilizado em medicina veterinária, as colônias são enegrecidas pela redução do telurito de potássio e circundadas por um halo marrom graças à presença de uma cistinase. No caldo o crescimento é fraco e traduzido pela presença de sedimento de discreta opacidade na superfície. O C. pseudotuberculosis cresce nos meios chamados comuns, embora lentamente. A colônia (creme ou amarelada) precisa de vários dias para atingir o tamanho máximo (37º C). Apresenta um centro papiliforme rodeado de anéis concêntricos que correm paralelamente à margem irregular. A colônia pequena pode ser deslocada (escorrega) na superfície do meio pela grande quantidade de lipídio da parede celular. O C. pseudotuberculosis produz hemólise no agar-sangue. CARACTERÍSTICAS BIOQUÍMICAS Resposta positiva aos testes de: Hidrólise da ureia; Vermelho de Metila; Fermentação da frutose; galactose; Maltose e da Manose. Resposta negativa para os testes de: Hidrólise da esculina; Hidrólise do hipurato; Hidrólise da tirosina; Hidrólise da caseína; Pirazinamidase; Fosfatase; Fermentação (do Amido, da Lactose; do Manitol, da rafinose, da rhamnose, da salicina, da trealose e da xilose). Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Resposta variável aos testes de: Redução de Nitratos; acidificação (da arabinose, da dextrina e da sacarose). HABITAT O habitat do C. pseudotuberculosis não é completamente conhecido, mas a bactéria é capaz de uma sobrevivência prolongada (até 55 dias) sem multiplicar-se no ambiente externo. VIA DE TRANSMISSÃO A transmissão está relacionada com a contaminação de feridas; por terra ou por instrumentos contaminados. Os animais com abscessos pulmonares podem contaminar os animais sadios (papel de tosse). Nos ovinos, os jovens são infectados, através do contato com as mães. O papel dos artrópodes (vetores passivos) é freqüentemente mencionado. O C. pseudotuberculosiscausa infecção em numerosas espécies animais especialmente no cavalo, nas ovelhas, nas cabras e nos bovinos. Contaminação no homem é possível, mas rara. Ela foi descrita na Austrália em indivíduos com contato direto ou indireto com esses ruminantes É, portanto, uma zoonose profissional pouco freqüente, mas não pode ser subestimada. PATOGENIA O C. pseudotuberculosis causa infecções em muitas espécies animais, incluindo ovinos, caprinos, eqüinos e bovinos. A LC se espalha de um abscesso fistulado e infecta outro hospedeiro, através de abrasões cutâneas. O C. pseudotuberculosis sobrevive pouco tempo no ambiente, podendo ocorrer transmissão em locais infectados. O microrganismo pode penetrar, através da mucosa bucal ou é inalado, desenvolvendo abscesso pulmonar. O agente adota uma atitude de parasito intracelular facultativo, após a penetração no hospedeiro. Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Muitos fatores contribuem com a sobrevivência ou na formação do abscesso no ovino e caprino: 1-A fosfolipase D aumenta a permeabilidade vascular; 2- Um fator piogênico estável que atrai leucócitos e 3- A presença de lipídios na superfície que são tóxicos para os leucócitos. Os lipídios permitem que o agente sobreviva ileso dentro das células fagocíticas do hospedeiro, produzindo abscessos nos linfonodos regionais ou levados pelos linfáticos para outros órgãos internos. A doença é uma infecção cutânea que inicia com inflamação local, atingindo lentamente os linfonodos regionais e formação de abscessos. O pus é inodoro e acinzentado. O C. pseudotuberculosis é causa de linfangite ulcerativa em eqüinos, uma condição semelhante ao garrotilho. Eqüinos Nos eqüinos, são reconhecidas 2 formas clínicas: 1-linfangite ulcerativa e 2- abscessos na derme. 1-A Linfangite ulcerativa é uma doença crônica que resulta na presença de nódulos, abscessos, úlceras e feridas localizadas na extremidade inferior dos membros. A infecção está associada à inflamação não supurativa de vasos e linfonodos. 2-Os abscessos subcutâneos têm uma evolução crônica e estão localizados principalmente na região peitoral e ventral. Esta forma particular de infecção é conhecida como a "febre do pombo". Os cavalos infectados podem também apresentar bacteremia, abscessos internos (pulmão, pericárdio, peritônio, rins, útero, mesentério, diafragma etc) e, mais raramente, abortos. A infecção é acompanhada de febre, perda de peso, taxa de mortalidade, podendo chegar a 40,5 %, na presença de abscessos internos. Pequenos Ruminantes Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 C. pseudotuberculosis é o agente etiológico da linfadenite caseosa (LC), uma forma particular da doença dos abscessos de caprinos e ovinos, pois outros agentes podem estar associados à formação de abscessos nos pequenos ruminantes, especialmente o S. aureus subsp anaerobius. A linfadenite caseosa foi descrita em todos os países onde a criação de ovinos é importante. Ela é caracterizada pela formação de piogranulomas localizados, principalmente nos linfonodos superficiais (linfonodos parotídeos, mandibulares, retrofaríngeos, pré-escapulares, pré-femorais, poplíteos, retromamários) nos linfonodos profundos e nos pulmões. Mais raramente são observados no escroto, coração e úbere. A contaminação precoce nos animais jovens pelas mães conduz às pequenas lesões que podem passar despercebidas. Essas lesões evoluem lentamente e a manifestação clínica evidente é observada nos adultos (animais com mais de um ano). Em Geral, os percentuais de animais portadores de grandes abscessos aumentam com o tempo como resultado de re- infecção ou reativação do processo, causando um estado de hipersensibilidade do tipo IV (hipersensibilidade alérgica tardia). Os piogranulomas contem um pus de cor verde pálido a amarelo cremoso, inicialmente semilíquido, depois ele vai espessando até adquirir a consistência caseosa, especialmente nas lesões antigas. O pus está fechado e envolvido por uma cápsula de tecido conjuntivo. A presença de abscessos superficiais pouco altera a saúde dos animais, enquanto que a presença de abscessos profundos e/ou abscesso pulmonares estão associados ao emagrecimento progressivo (caquexia). Os prejuízos econômicos além da perda de peso estão relacionados à diminuição da produção de lã e leite, entrave à comercialização, desvalorização do couro e às condenações no matadouro. Casos de mastites clínicas e subclínicas, com eliminação do agente no leite, foram descritas, mas raras. Bovinos Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Nos bovinos, o C. pseudotuberculosis tem muitas apresentações clínicas, incluindo abscessos subcutâneos; linfangite ulcerativa; infecções viscerais acompanhadas ou não de abscessos subcutâneos; abscessos subcutâneos acompanhados ou não de mastites; ou mastite sem outro sinal clínico. Na mastite sozinha, geralmente estão associados ao "biovar Equi" enquanto que nos demais casos estão associados ao "biovar Ovis". Os abscessos subcutâneos possuem um tamanho 15 a 20 cm de diâmetro (variação entre 1 e 50 cm). Eles localizam-se geralmente na cabeça, pescoço, ombros, flancos e membros. Os abscessos possuem consistência dura que fistulam, deixando verter um exsudato sanguinolento ou purulento (amarelado) com estrias de sangue que evolui para a formação de lesões ulcerosas. Os linfonodos da região atingida aumentam de volume (adenomegalia), mas não mostram lesões específicas. Os animais não sofrem qualquer outro problema e a produção de leite não é afetada. As formas viscerais são raras e caracterizadas pela presença de abscessos no trato respiratório e nos linfonodos internos. As mastites podem ser subclínicas ou clínicas. Nas formas graves, o úbere é o local de inflamação importante e a secreção láctea pode adquirir um aspecto purulento, mas o estado geral dos animais não é necessariamente alterado. Zoonose O C. pseudotuberculosis pode infectar o homem. Em 1979, na Austrália, foram descritos 10 casos de linfadenite humana causadas pelo C. pseudotuberculosis. Alguns deles estavam associados aos pastores de ovelhas e magarefes. Em 1979, outro relato de infecção foi realizado em um estudante de medicina veterinária com 28 anos que evidenciou um tipo especial de pneumonia eosinofílica adquirido no laboratório. C. pseudotuberculosis foi isolado do aspirado transtraqueal e lavado bronquial. Em 1981, nos Estados Unidos, foi descrito em um americano urbano com uma história de ingestão de leite cru. Em 1995, na Espanha foi descrito um caso de um pastor de ovelhas com 34 anos. Em 1997, na Austrália, foram descritos mais 10 casos de infecção humana. Em 2004, na Espanha, foi descrito um caso em uma jovem. Em 2005, em Hong Kong há o registro de Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 um raro caso de infecção oftálmica devido ao C. pseudotuberculosis. Em 2006, na França, e há o relato de uma jovem com 12 anos de idade que apresentoulinfadenite necrotizante causada pelo C. pseudotuberculosis. A excisão cirúrgica dos linfonodos afetados é o procedimento básico e a terapia com ATMs é o tratamento complementar. O diagnóstico pode ser tardio em alguns pacientes e em outros tem um curso clinico prolongado ou recorrente e / ou recuperação lenta. A linfadenite humana pelo número de relatos da literatura não seria tão rara, mas uma zoonose profissional. FATORES DE VIRULÊNCIA Uma das características mais importantes do C. pseudotuberculosis é sua poderosa exotoxina. Ela foi caracterizada, pela primeira vez, por Carne, em 1940, como uma fosfolipase D (FLD). Esta enzima funciona como uma esfingomielinase específica que catalisa a dissociação da esfingomielina (um fosfolipídio importante na composição da parede celular dos vasos), em fosfato de ceramida e colina (Bernheimer et al. 1980). A difusão da doença entre os mesmos hospedeiros depende da produção da FLD. Esta exotoxina tem propriedades vasodilatadoras que levam as bactérias, através do sistema linfático. A FLD contribui como fator de virulência, através da dermonecrose, da toxicidade aos fagócitos, na lise de hemácias dependente do Complemento e letalidade quando em grandes doses. A atividade da FLD pode ser utilizada na identificação do C. pseudotuberculosis, ou seja, há uma hemólise sinérgica com a enzima colesterol-oxidase do R equi e uma hemólise reversa pela inibição da β hemolisina do S. aureus (Baird e Fontaine, 2007). Macrófagos de caprinos e roedores podem ser danificados ou destruídos pela ação da PLD. Infecção de macrófagos em caprinos resultou na vacuolização do citoplasma, dano mitocondrial, dilatação do retículo endoplasmático e morte em menos de 20 horas após a infecção. A expressão da PLD dentro de macrófagos tem um papel pequeno, mas significativo na viabilidade dessa célula após a infecção, demonstrando que a regulação do Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 gene pld é complexa, mas pode permitir a adaptação do agente às mudanças ambientais durante a infecção, durante a migração e no manutenção da doença ativa. O gene (pld) da fosfolipase D (PLD) foi excluído, utilizando mutação sítio- específica. Ensaios com infecção de ovinos indicaram que a cepa PLD negativa (Toxminus) foi incapaz de induzir LC, mesmo com dose 2 log superior àquelas em que a cepa do tipo selvagem produziu doença, estabelecendo que a PLD como o principal fator de virulência. A vacinação de ovinos com a cepa PLD-negativa (Toxminus) provoca forte reação celular e humoral, protegendo os animais das do tipo selvagem. O C. pseudotuberculosis sofreu outra mutação, utilizando ácido fórmico e expresso na E. coli. O alvo da mutação foi a região de codificação da pld, de modo a produzir apenas um ou um número limitado de mutações pontuais. Os mutantes foram selecionados para as propriedades enzimáticas e imunológicas da PLD. Um clone produziu uma proteína que foi enzimaticamente inativa, mas comparável a PLD selvagem em tamanho e antigenicidade. O seqüenciamento da mutante pld revelou mudança em uma única base e conseqüentemente, o códon para His20 foi convertida em Tyr, sugerindo que His20 faz parte do sítio ativo da molécula da PLD. Se esta proteína fosse imunogênica em ovinos poderia tornar-se a base de uma vacina geneticamente inativada. Macrófagos de caprinos e roedores podem ser destruídos ou danificados pela FLD. A comparação das seqüências da FLD, a partir, de cepas do biovar Equi e Ovis revelou diferenças entre os aminoácidos das proteínas esperadas. Entretanto não está claro se essas diferenças possam diferenciar os biovares, pois somente os genes de cada um dos 2 biovares foi seqüenciado. Os genes de resposta ao choque térmico foram caracterizados em muitos organismos. Tais genes são induzidos não somente após o estresse térmico, mas na seqüência de outros estresses. Os genes do choque térmico nas bactérias patogênicas são geralmente induzidos, durante o processo de infecção inicial. A identificação de outros genes regulados durante o choque térmico, além dos genes de choque térmico clássico, como as do operón dnaK e operón groEL, pode fornecer informações sobre outras respostas Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 celulares, como a remodelação da membrana e utilização de nutrientes que podem ser importantes nos estágios iniciais da infecção. A análise de microarranjos identificou genes que são estimulados (por exemplo, clpB dnaK) ou reprimidos (por exemplo, fagC, FAS) "in vitro" após um choque térmico. O principal fator de virulência, fosfolipase D, mostrou-se altamente diminuída. A produção da FLD é diminuída, durante o choque térmico (43° C), e aumentada pela densidade celular e expressa em macrófagos infectados. Os lipídios da parede celular já foram considerados fator de virulência desde que sua citotoxicidade foi demonstrada há mais de 50 anos (Carne et al. 1956). Eles protegem as bactérias da destruição intrafagocitária, mas induz necrose hemorrágica e abscedação crônica. A aquisição de ferro é vital para o C. pseudotuberculosis. O operón fagBCD codifica um sistema de captação de ferro e proposto como um fator de virulência. Não houve alteração na utilização do ferro por um mutante fagB (C) "in vitro", mas este mutante reduziu a capacidade de induzir abscedação em caprinos. Recentemente, foi desenvolvido um sistema de repórter promotor para o C. pseudotuberculosis com base na expressão da proteína verde fluorescente (GFP) de gene da mãe dágua (Aequorea Victoria). O vetor pSM20, contendo o gene gfp foi construído e os promotores foram inseridos ao longo do gene da GFP. Após a transformação do C. pseudotuberculosis, uma fluorescência pode ser visualizada por microscopia de fluorescência e a força desse promotor medida por citometria de fluxo. A utilidade deste sistema para medir as mudanças na expressão gênica foi demonstrada pela medição dos níveis de fluorescência de C. pseudotuberculosis estressados pelo calor e carregando um promotor dnaK. A replicação do C. pseudotuberculosis dentro de macrófagos J774 pode ser monitorada por microscopia de fluorescência. A criação do sistema permitiu a utilização da fluorescência para identificar genes que apresentam estímulo positivo na regulação de macrófagos, após a infecção. Foram identificados genes que codificam para uma peptídeo- Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 sintetase não-ribossômica e a cadeia beta de uma propionil CoA carboxilase que demonstraram maior atividade após a infecção de macrófagos pelo C. pseudotuberculosis. Um sistema baseado nos transposons denominado TnFuZ foi utilizado na identificação de genes que codificam proteínas secretadas do C. pseudotuberculosis. Dos 1.500 mutantes, 34 produziram atividade de fosfatase alcalina identificou genes que codificam proteínas exportadas, que estão sendo avaliadas como importantes na virulência e potenciais alvos para o desenvolvimento de novas vacinas atenuadas. COLETA DE AMOSTRAS A aparência das lesões nos caprinos e ovinos é característica, podendo ser isolados de abscessos, sem dificuldade. O isolamento de colônias de aparênciaseca e hemolítica. Animais com abscessos na superfície dos linfonodos e mais profundamente em suas cavidades corporais é um achado importante no diagnóstico da doença. DIAGNÓSTICO CLÌNICO Anamnese, Apresentação e Sinais Clínicos. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL O diagnóstico laboratorial “gold standard” tem como base o isolamento do agente. A caracterização bioquímica do C. pseudotuberculosis pode ser alcançada, segundo os testes bioquímicos apresentados no Quadro 1 abaixo Quadro I. Características Bioquímicas do C. pseudotuberculosis. Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 IMUNIDADE E VACINAÇÃO A resposta primária à infecção pelo C. pseudotuberculosis é complexa e mediada por interações celulares e citocinas. As reações secundárias ocorrem, através de múltiplas vias. O principal complexo de histocompatibilidade (MHC) da classe II identifica macrófagos e várias subpopulações de linfócitos que estão organizadas em três regiões distintas, identificadas no interior das lesões encapsuladas onde há o recrutamento contínuo de linfócitos como uma característica da LC crônica. O gama interferon (γ-IFN) e o receptor 3 do Complemento (CR3) desempenham um papel importante no controle da infecção primária pelo C. pseudotuberculosis em camundongos. O γ-IFN, CR3 e o Fator de Necrose Tumoral alfa (FNT - α) são importantes na resposta do hospedeiro frente às infecções secundárias. Produção de Ácido Hidrólise -------------------------------------------------------------------------------------------------------- Glucose + Esculina – Arabinose d Hipurato – Xilose – Uréia + Ramnose – Tirosina – Frutose + Caseina – Galactose + Manose + Fosfatase + Lactose – Pirazinamidase – Maltose + Verm metila + Sacarose d Red. Nitrato d Trealose – Catalase + Rafinose – Oxidase – Salicina – Lipofilia – Dextrina d Amido – --------------------------------------------------------------------------------------------------------- +: mais de 90% são positivos; d: 21–89% são positivos; –: mais de 90% são negativos ou resistentes. Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 A LC permanece predominante no campo, apesar da disponibilidade das vacinas comerciais por um longo tempo. As vacinas comerciais estão disponíveis em várias regiões do mundo. Vacinas combinadas da série Glanvac ™ , agora comercializadas pela Pfizer, na Austrália, são eficazes nas condições australianas, mas menos eficazes na Grã-Bretanha. A vacinação de caprinos, com Glanvac resultou em proteção significativa contra o desafio, evidenciado por uma diminuição do número de lesões. Nos Estados Unidos, vacinas para LC são produzidas, pela Colorado Serum Company e denominadas Caseosa D-T ™ e a Case-Bac. A Fort Dodge Saúde Animal também produz uma vacina (Biodectin ®). No Brasil, uma cepa viva atenuada do C. pseudotuberculosis foi desenvolvida pela Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (www.ebda.ba.gov.br) e licenciada para uso como uma vacina contra LC. Diversas vacinas experimentais têm sido investigadas. Cepas atenuadas, a partir da qual foi excluído pld (Hodgson et al 1992), ofereceu alguma proteção, mas a eficácia foi melhorada com a inserção genética da toxina FLD e assim produzir uma imunidade anti FLD. A cepa atenuada Toxminus tem sido avaliada como um vetor vivo na entrega dos antígenos heterólogos. Vacinas vivas ou atenuadas foram produzidas contra outros agentes patogênicos, excluindo genes por via biossintética, através da exclusão de aminoácidos aromáticos. Esta mesma abordagem foi testada no C. pseudotuberculosis com um mutante aroQ, mas esta estirpe mutante não ofereceu nenhuma proteção útil. A imunização em larga escala com vacina de ADN foi realizada em ovinos para investigar se a resposta imune foi aumentada e acelerada para o antígeno alvo pela CTLA- 4. A imunização com a fosfolipase D geneticamente detoxificada foi eficaz, pelo menos parcialmente, contra o C. pseudotuberculosis. A CTLA-4 liga-se a B7 nas células apresentadoras de antígenos direcionando os antígenos de fusão para os locais de indução de imunidade. Foi demonstrado que a segmentação PLD como uma proteína de fusão CTLA-4 aumentou significativamente a velocidade, intensidade e longevidade da resposta de anticorpos em relação ao obtido com o DNA de codificação PLD. Todo o grupo de ovinos vacinados com ADN que codifica a PLD ofereceu melhor proteção contra o desafio Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 experimental com o C. pseudotuberculosis quando comparado àqueles imunizados com um plasmídio irrelevantes ou não imunizados (Chaplin et al. 1999 ). A bactéria íntegra e o sobrenadante do cultivo do C. pseudotuberculosis foram estudados por eletroforese em gel de poliacrilamida (SDS-PAGE) e Western blotting (immunoblotting). A análise de SDS-PAGE de bactérias integra solubilizada pelo detergente revelou mais de 20 bandas em géis corados pela prata. As proteínas solúveis em SDS que estavam presentes em todos os isolados puderam ser divididas em quatro grupos: (i) proteínas de alto peso molecular que são maiores que 119 kDa, (ii) um conjunto de três proteínas com massa molecular de 84, 64 e 58 kDa, (iii) uma parelha composta de proteínas de massa molecular 33-30 kDa, e (iv) proteínas de baixo peso molecular de 25-20 kDa. A análise por SDS-PAGE do sobrenadante concentrado pelo sulfato de amônio demonstrou mais de sete bandas em géis corados pela prata cuja massa molecular variou entre 64 e 14 kDa. As amostras de soros de caprinos com LC experimental foram utilizadas como sonda de immunoblots na eletroforese de proteínas solúveis em SDS. Foram reconhecidas mais de 10 proteínas solúveis com peso molecular, variando de 119 a 20 kDa pelos anticorpos em soros de caprinos naturalmente infectados. Estes soros também reconheceram até cinco moléculas variando 64-30 kDa, em immunoblots do sobrenadante concentrado pelo sulfato de amônio do C. pseudotuberculosis. Detectou-se anticorpos para 7 antígenos de um lisado de C. pseudotuberculosis com massa molecular entre 22 a 120 (kDa) em amostras de soro de 40 ovinos e caprinos infectados com C. pseudotuberculosis. Três antígenos de cerca de 120, 68, e 31,5 kDa foram consistentemente detectados com o soro de todos os animais e 22 amostras de soro continham anticorpos para 64, 43, 40 e 22 kDa antígenos. Nenhuns destes antígenos foram detectados no soro de 160 ovelhas em um rebanho de investigação livre de C. pseudotuberculosis. Um extrato do C pseudotuberculosis tratado pelo NaCl continha uma proteína principal de cerca de 31,5 kDa e quatro proteínas menores de 68, 64, 43 e 22 kDa de massa molecular quando coradas pelo Azul de Coomassie. Análise pelo immunoblot demonstrou que os três antígenos identificados no extrato de células inteiras estavam contidos no extrato de NaCl. A proteína de 31,5 kDa foi purificada de um extrato Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGSProf. Marcos JP Gomes 2013 de C. pseudotuberculosis em NaCl pela gel filtração de proteínas por cromatografia líquida. A proteína purificada de 31,5 kDa apresentou atividade de fosfolipase D, como indicado pela hemólise sinérgica com o R. equi e atividade de esfingomielinase. A proteína de 31,5 kDa reagiram com anticorpos no soro de ovinos naturalmente infectados com C. pseudotuberculosis. Estes soros apresentaram também atividade neutralizante para a fosfolipase D. A técnica chamada de “Three-Phase Partitioning” (TPP) foi utilizada para isolar / concentrar proteínas secretadas pelo C. pseudotuberculosis cultivado em meio líquido complexo. A técnica utilizou vários parâmetros (15, 30, ou 60% de sulfato de amônio; pH de 4,0, 5,5, 7,0 e vários isômeros do solvente butanol) para extração das melhores proteínas imunogênicas. A extração pela TPP com sulfato de amônio 30% e um pH inicial de 4,0 deu a melhor resposta celular e humoral para a LC. Foi identificada também duas outras proteínas (16 e 125 kDa) que não tinham sido encontradas por outros métodos de extração. Estes antígenos podem ser úteis no diagnóstico e vacinas, mas ainda não foram investigados. Aplicação dos recentes avanços no seqüenciamento do genoma completo proporcionará novas oportunidades na identificação de novos determinantes da virulência que possibilitarão o desenvolvimento de novas estratégias para o desenvolvimento de vacinas. TESTE DE SENSIBILIDADE AOS ANTIMICROBIANOS (TSA) O C. pseudotuberculosis é sensível à penicilina G, à amoxacilina, aos macrolídeos, às tetraciclinas, às cefalosporinas, à lincomicina, ao cloranfenicol, à associação sulfamida- trimetoprima e à rifampicina. A sensibilidade aos aminoglicosídeos é variável, diferindo segundo os biovares. Geralmente as linhagens do biovar Ovis são mais resistentes do que o biovar Equi. Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 A localização intracelular do organismo; a ligação dos antimicrobianos às proteínas no pus e a formação de uma espessa cápsula, favorecem a sobrevivência do agente contra os antimicrobianos. O tratamento com ATMs parece inútil em abscessos subcutâneos os quais devem ser tratados cirurgicamente. O uso de ATMs pode ser considerado em cavalos com linfangite ou abscessos internos. A escolha de um fármaco leva em conta o teste de sensibilidade, o local da infecção (abscesso endurecido) e a toxicidade de certos ATMs para os eqüinos, especialmente à lincomicina, à rifampicina, aos macrolídeos e às tetraciclinas. Na prática, os macrolídeos, especialmente a eritromicina dão bons resultados. Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Corynebacterium bovis Prof. Marcos Gomes Mastite Infecciosa Bovina Mastite Ambiental INTRODUÇÃO O C bovis é o colonizador primário da teta da fêmea (vaca) e geralmente considerado um microrganismo menos patogênico. Entretanto ele pode ser contagioso sendo, muitas vezes, transmitido, através do equipamento de ordenha contaminado. O C bovis causa, ocasionalmente infecções do úbere com discreto aumento de células somáticas e discreta redução na produção leiteira. O agente é, algumas vezes, o único microrganismo isolado na amostra de secreção láctea de vacas com mastite clinica, mas há uma questão aberta se ele é o patógeno primário ou seria um achado acidental devido a sua localização. A colonização do C. bovis, segundo alguns autores pode proteger a glândula mamária contra a infecção pelo S. aureus, mas outros pesquisadores não concordam com essa afirmativa. O agente está associado ao leite da glândula mamária saudável, mas também do trato reprodutivo de vacas e touros. Ele é comensal do úbere, estimulando uma discreta leucocitose que tem como função, a proteção da glândula mamária contra a infecção de agentes mais patogênicos como o S. aureus. Entretanto, algumas vezes, pode ser agente primário de surtos de mastite. O C. bovis possui a clássica morfologia difteróide, sendo diferenciado, segundo a Tabela 1. O C. bovis é lipofílico, requerendo meios basais enriquecidos para os estudos bioquímicos. Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Tabela 1. Características Diferenciais entre espécies do gênero Corynebacterium spp 1) C. auriscanis; 2) C. bovis; 3) C. falsenii; 4) C. jeikeium; 5) C. suicordis; 6) C. terpenotabidum; 7) C. urealyticum; 8) C. variabile 1 2 3 4 5 6 7 8 Crescimento em Anaerobiose + - +f - + - - - Lipofílico - + - + - - + - Redução nitratos - - - - - - - + Glicose* + d (+) + - - - - Maltose* - - d -** - - - - Ribose* - - + + - - Trealose* d + - - Fosfatase alcalina + + + + + d - Pirazinamidase - d +f + + + + Pirrolidonil arilamidase + d - - - - Urease - d*** (+) - + + + + Lipase C14 d d + - + Leucina arilamidase + d + - + β-Galactosidase - + - - - - 1 2 3 4 5 6 7 8 1) C. auriscanis; 2) C. bovis; 3) C. falsenii; 4) C. jeikeium; 5) C. suicordis; 6) C. terpenotabidum; 7) C. urealyticum; 8) C. variabile + : Reação positiva +f : Reação fracamente positiva (+) : Reação tardiamente positiva - : Reação negativa * : Acidificação ** : Resposta variável segundo Funke, G.; Von Graevenitz, A.; Clarridge III, JE.; Bernard, K. Clinical microbiology of coryneform bacteria. Clin. Microbiol. Rev., v. 10, p.125-159, 1997. *** : Resposta negativa segundo Funke, G.; Von Graevenitz, A.; Clarridge III, JE.; Bernard, K. Clinical microbiology of coryneform bacteria. Clin. Microbiol. Rev., v. 10, p.125-159, 1997. Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Actinobaculum suis Prof. Marcos JP Gomes Cistites, Pielonefrites SINÔNIMOS: C. suis, Eubacterium suis, Actinomyces suis, Actinobaculum suis. ATUALIDADE Atualmente (2013), na “List of Prokaryotic names with Standing in Nomenclature” do pesquisador J.P. Euzéby há citação de 4 espécies e nenhuma subespécie, conforme http://www.bacterio.cict.fr/a/actinobaculum.html 1-A. massiliense (Greub and Raoult, 2006); 2-A. schaalii (Lawson et al. 1997); 3-A. suis (Wegienek and Reddy 1982; Lawson et al. 1997) Espécie típica do gênero 4-A. urinale (Hall et al. 2003). HISTÓRICO Em 1957, Soltys e Spratling isolaram da urina, bexiga e dos rins de suínos portadores de cistites, uma bactéria Gram positiva, preferencialmente anaeróbia que foi chamada de Corynebacterium suis. Esta denominação foi baseada nos critérios morfológicos do gênero Corynebacterium. Em 1982, Wegienek e Reddy propuseram incluir esta bactéria dentro do gênero Eubacterium com o nome de Eubacterium suis tendo como base as características fenotípicas e percentuais de G + C. Os resultados das análises filogenéticas (seqüência de ARNr 16S) publicadas em 1992, conduziram a Ludwig e colaboradores a transferir E. suis para o gênero Actinomyces sob a denominação de A. suis. Pascual Ramos ecolaboradores, em 1997, provaram que o A. suis era filogeneticamente mais próximos ao gênero Arcanobacterium do que do Actinomyces bovis Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 (espécie tipo do gênero Actinomyces) e, esses mesmos autores propuseram que o A. suis deveria ser colocado em outro gênero. Lawson e colaboradores, em 1997, publicaram um estudo com cinco cepas da bactéria coriniforme de origem humana, isoladas do sangue e da urina. O estudo do ARNr 16S revelou que as linhagens de origem humana e a amostra do Actinomyces suis formavam um grupo distinto dentro da família Actinomycetaceae. As percentagens de homologia entre o ARNr 16S das cepas humanas e o ARNr 16S da cepa tipo Actinomyces suis não excediam 94%, se bem que a cepa de origem humana constitui uma espécie distinta. Lawson e colaboradores propuseram então reclassificar o Actinomyces suis num outro gênero chamado Actinobaculum (Actinobaculum suis comb. nov.) e colocando as amostras humanas dentro de outra espécie A. schaalii. Em 2003, o gênero Actinobaculum incluiu outra espécie, o A. urinale, desprovido de interesse veterinário. CARACTERÍSTICAS GERAIS O A. suis é um bastonete imóvel; não esporulado; polimorfo, com cerca de 1 a 3 µm de comprimento e 0,5 µm de diâmetro; Gram positivo (mas pode se descorar nos cultivos velhos), não AAR; não capsulado (no ME é possível ver microcápsula); se apresentam de maneira isolada, aos pares ou em pequenos agrupamentos; anaeróbios (mas o microrganismo cresce pouco em 7 dias na presença de 6% CO2), metabolismo estritamente fermentativo. CARACTERÍSTICAS BIOQUIMICAS E CULTURAIS Apresenta reação positiva aos testes de: Hidrólise da Uréia (reação fortemente positiva); Hidrólise do Hipurato; β- galactosidase; Fermentação do (Amido, Glicogênio e Maltose). Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Apresentam reação negativa aos testes de: Catalase; Nitrato Redutase; Produção de Indol; VP; H2S; Hidrólise (da Gelatina e Esculina; Lipase; Lecitinase; Fermentação do Adonitol; Amidalina; Arabinose; Celobiose; Dulcitol; Eritritol; Esculina; Frutose; Galactose; Glicose; Glicerol; Inositol; Inulina; Lactose; Manitol; Manose; Melezitose; Melobiose; Rafinose; Ramnose; Sacarose; Salicina; Sorbitol; Trealose e Xilose. O crescimento é obtido em temperaturas que variam entre 30 a 43°C (ótima 37°C) e o pH ótimo entre 7 e 8. Algumas linhagens podem crescer em um pH inferior a 5 ou numa temperatura inferior ou igual a 22° C. Após 48 horas de incubação a 37ºC numa atmosfera anaeróbia, as colônias no AS com sangue de carneiro não são hemolíticas; possuem um tamanho de 3,0 X 0,5mm. São brancas, circulares, granulosas e freqüentemente apresentam um centro elevado (ovo frito) por 3 mm. Após uma semana de incubação, as colônias tornam-se chatas e com tamanho de 3 a 5 mm. HABITAT E PATOGENICIDADE A. suis faz parte da flora prepucial do cachaço e responsável pelas cistites. Nas porcas, o agente pode ser isolado de animais hígidos, mas é causa de cistites e pielonefrites, especialmente nas criações intensivas. Ingesta insuficiente de água constitui um dos fatores predisponentes para a manifestação clínica da infecção. SINAIS CLÌNICOS As infecções causadas pelo A. suis foram identificadas em muitos paises, incluindo Alemanha, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, Dinamarca, Finlândia, França, Holanda, Hong Kong, Hungria, Noruega, Portugal, RU, Suíça, Rússia, Estados Unidos etc, mas o número de casos publicados é pequeno em contraste com a freqüência de infecções urinárias de criações suínas. Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 As fêmeas apresentam anorexia e polidipsia, urina de cor escura, odor fétido e seu pH fortemente alcalino (pH 9). Nas formas agudas estão associadas a abortamentos, hematúria, piuria e morte freqüente. As porcas que resistem à infecção apresentam perda de peso e a síndrome de poliúria-polidipsia, infertilidade e perda de valor econômico. Nas formas graves, a doença é de aparecimento súbito, podendo causar a morte animais a qualquer momento. As lesões estão localizadas no trato urinário. A parede da bexiga está espessada a mucosa é hemorrágica e o conteúdo da bexiga freqüentemente apresenta um exsudato purulento e cálculo. As lesões de pielonefrites são bilaterais ou unilaterais e se caracterizam por rins distendidos com conteúdo de pus ou sangue. DIAGNÓSTICO BACTERIOLÓGICO O isolamento do A. suis é complicado, pois ele vem acompanhado com outros microrganismos Gram positivos, especialmente estreptococos cuja multiplicação é favorecida pela elevação do pH urinário. Podemos utilizar um meio seletivo com a finalidade de limitar o crescimento de contaminantes, incluindo Proteus spp. Esse meio seletivo é composto de agar Columbia, contendo colistina (10 mg / L) e ácido nalidíxico (15 mg / L) o qual deve ser incubado em anaerobiose. As chances de isolamento aumentam quando o cultivo é realizado no local ou a partir do cultivo da amostra em meio de transporte como o meio de Cary Blair para anaeróbios. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL A identificação precisa do A. suis é difícil, mas o histórico clínico; evidencia de um bastonete anaeróbio de morfologia difteróide é suficiente para orientar o diagnóstico o qual deve ser complementado pelas características culturais, evidenciando o teste da urease e a fermentação de açúcares, conforme Tab.1. Tabela 1. Características diferenciais entre o A. suis das outras espécies do gênero Actinomyces spp isoladas de suínos. Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 1) Actinobaculum suis 2) Actinomyces-like groupe III; 3) Actinomyces hyovaginalis; 4) Actinomyces suimastitidis; 5) "Actinomyces suis" Franke 19736) Trueperella pyogenes Espécies 1 2 3 4 5 6 Tipo respiratório Anaeróbio Aeróbio Anaeróbios Aeróbio Anaeróbio Aeróbio Anaeróbio Aeróbio Anaeróbio Aeróbio Anaeróbio Catalase - - - - - - Nitrato Redutase - Geral m - + - + - Hemólise (sangue ovino) d + (fraco) - - + Gelatinase - - - - - + Hidról. Esculina - + + + - Urease ++ - - - - - Hidról. Tween 80 + + - Hidról. Hipurato + - + - d Arabinose* - + + + (fraco) - - Celobiose* - + D - Maltose* + + + d + d Salicina* - + + + - Trealose* - - - - + - D-xilose* - + + + d + Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 TESTE DE SENSIBILIDADE AOS ATMs O A. suis é geralmente sensível ao cloranfenicol, ao florfenicol, às pleuromutilinas, à tilosina, à clindamicina, à lincomicina, à eritromicina, aos beta-lactâmicos e às tetraciclinas. Possui sensibilidade variável às fluoroquinolonas (flumequina, enrofloxacina, ofloxacina), mesmo que a maioriadas cepas seja sensível a marbofloxacina. Geralmente são resistentes aos aminosídeos com exceção da espectinomicina. Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gênero Rhodococcus spp Prof. Marcos JP Gomes ATUALIDADE Atualmente (2013), na “List of Prokaryotic names with Standing in Nomenclature” do J.P. Euzéby há citação de 48 espécies e nenhuma subespécie no gênero Rhodococcus spp, conforme www.bacterio.cict.fr/qr/rhodococcus.html. As últimas espécies incluídas foram: R. artemisiae (Zhao et al. 2012); R. cercidiphylli (Li et al. 2012); Rhodococcus nanhaiensis (Li et al. 2012); CARACTERÍSTICAS GERAIS DO GÊNERO Bastonetes até micélios vegetativos ramificados. Em todas as amostras, o ciclo morfogenético é iniciado com cocos ou bastonetes curtos com diferentes organismos, mostrando uma sucessão de estágios morfológicos complexos pelo qual o estágio de desenvolvimento é concluído. Cocos podem germinar em bastonetes curtos formando filamentos com projeções laterais, mostrando brotamento elementar ou, na maioria das formas diferenciadas, produz grande quantidade de hifas ramificadas. A próxima geração de cocos ou bastonetes curtos pode ser formada pela fragmentação dos bastonetes, filamentos ou hifas. Algumas amostras produzem hifas (aéreas microscópicas) que podem ser ramificadas ou filamentosas, as quais coalescem e projetam-se para cima. As colônias podem ser rugosas, lisas ou mucóides. Podem ter coloração creme, amarela, laranja ou vermelhas, muito embora, variantes incolores possam ocorrer. São Gram positivos, parcialmente AAR e aeróbios. Não contem micobactina. Sensível a lisozima. Distribuídos no solo e nas fezes de herbívoros. Algumas amostras são patogênicas para os animais. Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 O gênero Rhodococcus pertence à ordem Actinomycetales, possuindo espécies associadas ao solo e tendo em comum a produção de um pigmento vermelho. O R. equi anteriormente conhecido como Corynebacterium equi foi transferido para um gênero novo, tendo como base, os estudos da taxonomia com critérios numéricos, genéticos, químicos e ecológicos. Entre as espécies do gênero somente o R. equi tem sido associado com lesões nos animais, incluindo a Pneumonia purulenta, Linfadenite mesentérica, Artrite em potros e Lesões tuberculóides em linfonodos cervicais de suínos e bovinos. Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Rhodococcus equi Prof. Marcos JP Gomes Pneumonia Granulomatosa Purulenta, Linfadenite Mesentérica, Artrite em Potros HISTÓRICO Em 1923, o R. equi foi descrito, pela primeira vez, por Magnusson, como agente causador de pneumonia purulenta em potros, no Sul da Suécia. Mais tarde, novos casos foram descrito na Austrália, Estados Unidos e Índia. Em suínos foi relatado em 1940. O agente foi isolado em duas vacas com piometra; de búfalas que abortaram e de ovinos com pneumonia crônica, na Austrália. CARACTERÍSTICAS MORFOTINTORIAIS O R. equi é um microrganismo grande com pleomorfismo acentuado (cocos até bastonetes). No meio sólido, geralmente mostram-se cocos; no meio líquido, geralmente tornam-se bastonetes ou apresentam-se em cadeias. Grânulos metacromáticos podem ser visualizados, especialmente quando cultivados em leite; Gram positivos variavelmente AAR; Coram-se facilmente por outros corantes; Não formam esporos; Possuem cápsula de polissacarídeo. CARACTERÍSTICAS CULTURAIS E BIQUÍMICAS Cresce bem em meios comuns. As colônias possuem tamanho de 1-3 mm após 48 horas de incubação. As colônias são brancas, úmidas, elevadas, translúcidas e regulares. Posteriormente, torna-se salmão ou rosa salmão. As colônias mais velhas são róseas, especialmente aquelas crescidas em meio contendo batata. O R. equi cresce pouco no leite nem muda sua composição. São catalase e urease positivos, geralmente citocromo oxidase negativo; não fermentam carboidratos; reduzem nitratos; não formam indol e não são hemolíticos. Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Produzem fosfolipase e uma oxidase do colesterol que interage com a fosfolipase D do C. pseudotuberculosis e a beta hemolisina do S. aureus e a hemolisina da Listeria monocytogenes que hemolisa completamente as hemácias de ovinos, bovinos e coelhos. Este fenômeno (CAMP) tem sido utilizado como base na identificação rápida do R. equi. ANTÍGENOS O R. equi possui cápsula de polissacarídeo em diferentes configurações antigênicas. Em 1981, Prescott identificou seis sorotipos capsulares em uma série de 97 amostras nos Estados Unidos. Em outro estudo, com um número maior de amostras (americanas e japonesas) evidenciou uma grande diversidade. Antígenos extraídos de amostras de R. equi isoladas de eqüinos, suínos e bovinos revelaram que há uma espécie-especificidade. A maioria das amostras pertencia a quatro grupos principais e que estes grupos continham 14 tipos sorológicos. Amostras do trato genital de éguas, de feto abortado, de casos de pneumonia de potros e de linfonodos submaxilares de suínos pertenciam ao mesmo grupo sorológico. Nos Estados Unidos, 60% das amostras do R. equi pertenciam ao sorotipo capsular 1 e outros 26% pertencia ao grupo capsular 2. No Japão, o sorotipo 3 predomina nas amostras de potros. RESISTÊNCIA O R equi é muito resistente. Ele é destruído quando exposto à temperatura de 60ºC, durante 1 hora. Resiste a 2,5% de ácido oxálico por uma hora. O tratamento pelo ácido oxálico pode ser utilizado no isolamento do R. equi, especialmente nos tecidos contaminados. Resiste a extremos de pH. Resiste a 0,01% de azida sódica; 0,5% de formol; a luz solar direta e a dessecação. PATOGENIA O R. equi é um organismo do solo. É comum no solo, fezes de herbívoros em solos contaminados; não é encontrado nas fezes de animais estabulados que não pastejam. O agente multiplica-se nas fezes. Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 Gêneros Corynebacterium, Rhodococcus e Trueperella spp FAVET-UFRGS Prof. Marcos JP Gomes 2013 A pneumonia causada pelo R. equi é endêmica em algumas propriedades e esporádicas em outras. A maioria das fazendas está livre da doença. Os fatores que envolvem a penetração do organismo no trato respiratório não estão ainda totalmente conhecidos. A via de infecção, geralmente é respiratória, muito embora alguns pesquisadores acreditem que as lesões intestinais seriam anteriores às lesões pulmonares. O agente, após a chegada aos alvéolos pulmonares é fagocitado por macrófagos superficiais. Há infiltração de macrófagos e células gigantes multinucleadas no espaço alveolar. Focos de necrose alveolar se desenvolvem no grupo de macrófagos carregados com bactérias, causando degeneração. O agente é um parasito intracelular por sua capacidade de sobrevivência. Há resposta granulomatosa inicial ao processo de
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