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PROCESSUAL PENAL DESMEMBRADO - AULA 07/11

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Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
Exercícios Comentados 
Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 
1 
Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
Olá amigos, 
Bom dia! 
Boa tarde! e 
Boa noite! 
Nosso objetivo de hoje: 
Aula 7: 
Jurisdição; competência; conexão e continência; prevenção; 
Questões e procedimentos incidentes. 
Competência da justiça federal, dos tribunais regionais 
federais, do STJ e do STF, conflito de competência. 
Antes, porém, conforme prometido no fim da aula passada, 
vamos a orientação para resposta do questionamento deixado. 
Lembra-se da pergunta? Vamos rememorar. 
“Questão discursiva: Explique e justifique o modo natural 
e legal de se elaborar a investigação de infrações penais de 
menor potencial ofensivo, informando o conteúdo mínimo 
desse meio investigativo.” 
Sobre o tema propomos a seguinte abordagem: 
O termo circunstanciado de ocorrência é um substituto legal do 
inquérito policial no caso de apuração de infrações penais de menor 
potencial ofensivo. 
Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
Exercícios Comentados 
Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 
2 
Trata-se de peça de atribuição exclusiva da autoridade policial, 
ou seja, do Delegado de Polícia. 
Assim, o panorama é o seguinte: 
Se o crime que será apurado tiver pena superior a 2 anos 
(crimes de médio e maior potencial ofensivo) o meio de 
investigação na natural será o Inquérito Policial. 
Por outro lado, caso o crime a ser apurado tiver pena não 
superior a 2 anos ou for uma contravenção (infrações penal de 
menor potencial ofensivo) o meio natural de investigação criminal 
será o Termo Circunstanciado de Ocorrência. 
O Termo Circunstanciado de Ocorrência é tratado no seguinte 
artigo da lei 9099/95: 
 Art. 69. A autoridade policial que tomar 
conhecimento da ocorrência lavrará termo 
circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao 
Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-
se as requisições dos exames periciais necessários. 
 Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a 
lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao 
juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, 
não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. 
Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, 
como medida de cautela, seu afastamento do lar, 
domicílio ou local de convivência com a vítima. (Redação 
dada pela Lei nº 10.455, de 13.5.2002) 
O Termo Circunstanciado de Ocorrência deverá conter: 
1) O local onde foi elaborado; 
2) Data e hora do Fato; 
Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
Exercícios Comentados 
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3) Data e hora da Comunicação; 
4) Local e natureza da ocorrência; 
5) Nome e qualificação do condutor com o resumo de suas 
declarações; 
6) Nome e qualificação de outras testemunhas com o resumo 
de suas declarações; 
7) Nome e qualificação do autor do fato com o resumo de suas 
declarações (se ele prestá-las);1
8) Indicação das diligências determinadas; 
9) E a colheita dos compromissos de autor e vítima do fato, no 
caso de impossibilidade de imediato encaminhamento ao Juizado 
Especial Criminal. 
10) Data 
11) Autenticação (Assinatura da Autoridade Policial 
responsável). 
Abordada a questão da aula passada vamos aos temas da aula 
de hoje. 
2010 – CESPE – TRE/MT – Analista 
A competência é, de regra, determinada pelo lugar em que se 
consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for 
praticado o último ato de execução. 
Certo 
Comentário: 
A questão trata da literalidade do art. 70 do CPP. 
 
1 NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. Volume 2. São Paulo: 
Editora RT, 2012, 6ª edição, p. 441/442. 
Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
Exercícios Comentados 
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4 
Cespe - A competência jurisdicional não é determinada 
em função 
A) da prevenção. 
B) da distribuição. 
C) do lugar da infração. 
D) do domicílio ou residência da vítima. 
Comentário: 
Conforme dispõe o CPP, não é critério utilizado para fixação de 
competência o domicílio da vítima, mas sim o domicílio do réu. A letra 
a ser marcada será a D, que não condiz com nenhum critério utilizado 
pelo CPP, nos moldes do art. 69. 
Questão Simulada: 
Marque a alternativa incorreta: 
a) A competência do Tribunal de Justiça para julgar Prefeitos 
não se restringe aos crimes de competência da Justiça comum 
estadual. 
b) A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece 
sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente 
pela Constituição estadual. 
c) Compete a justiça federal processar e julgar prefeito 
municipal por desvio de verba sujeita a prestação de contas perante o 
órgão federal. 
d) Compete a justiça estadual processar e julgar prefeito por 
desvio de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal. 
Comentário: 
A letra A está errada, conforme dispõe a Súmula 702 do STF. 
A letra B está correta, conforme dispõe a Súmula 721 do STF. 
A letra C está correta, conforme dispõe a Súmula 208 do STJ. 
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A letra D está correta, conforme dispõe a Súmula 209 do STJ. 
CESPE - Questão 26 – Prova de Juiz Federal – TRF 5ª 
Região. 
No que concerne à competência processual penal, 
assinale a opção correta. 
a) A prerrogativa de foro de deputado estadual acusado de 
crime contra o SFN submete-o ao tribunal de justiça do estado, e 
não, ao TRF. 
b) Não compete à justiça federal processar e julgar crime 
praticado por funcionário público por equiparação, no exercício de 
suas funções, ainda quando em detrimento do patrimônio da União. 
c) Mostra-se incompatível com a CF o deslocamento para a 
assembleia legislativa local, ainda que mediante emenda à 
constituição do estado, do processo e julgamento dos conselheiros do 
tribunal de contas estadual, nas infrações político-administrativas. 
d) Compete à justiça federal o julgamento de ação que apure 
uso de carteira de trabalho e previdência social falsa em demanda 
judicial que objetive a obtenção de benefício previdenciário do INSS, 
e o fato de o autor da ação previdenciária dela desistir altera a 
competência penal, deslocando-a para a justiça comum estadual. 
e) O crime de roubo cometido no interior de aeronave que se 
encontre em solo não atrai a competência da justiça federal para 
processá-lo e julgá-lo. 
Gabarito: C 
Justificativas da própria Banca Cespe: 
“Por discordar do gabarito preliminar oficial, pugna o candidato pela anulação da questão, ao 
argumento de que ―(...) comporta duas alternativas corretas, uma vez que a alternativa ―E‖ da prova 
modelo contém questão correta, visto que a competência para processar e julgar o crime de roubo a bordo 
de aeronave não é pura e simplesmente da justiça federal, esteja a aeronave em solo ou não, uma vez que 
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a Justiça Especializada Militar também o é, quando se trate de crimes militares. Considerando que a 
questão não apresentou esta ressalva, nada se pode afirmar sobre a competência da justiça federal, o que 
torna a opção indicada também correta. Assim, a questão deve ser anulada.‖Não assiste razão ao 
recorrente, que faz interpretação forçada da assertiva ―E‖, cuja redação é a seguinte: 
―O crime de roubo cometido no interior de aeronave que se encontre em solo não atrai 
a competência da justiça federal para processá-lo e julgá-lo.‖ A afirmação está 
incorreta. Nos termos do art. 109, IX, da CF/88, é competente a justiça federal para 
processar e julgar os delitos cometidos a bordo de aeronaves, independentemente de 
elas se encontrarem no solo. Nesse sentido: STJ – HC 108.478-SP, Rel. Min. Adilson 
Vieira Macabu (Desembargador convocado do TJRJ), julgado em 22/02/2011. Nesse 
contexto, a ressalva de que fala o recorrente, relativa à competência da justiça militar, 
não foi prevista pela opção―E‖, não tendo, ainda, o condão de tornar essa assertiva 
correta.2 Grifos acrescidos”3
Na oportunidade, visando ampliar o estudo e abarcar possíveis 
questionamentos, passamos a fazer considerações teóricas sobre a 
matéria: 
Jurisdição e Competência 
Para a correta apresentação da ação penal, é necessário 
conhecer as normas definidoras da competência criminal, já que está 
delimita o exercício da jurisdição penal. 
Sobre o tema a obra lapidar mais moderna sobre o assunto, 
com certeza é a do professor Renato Brasileiro de Lima, que acabou 
por elaborar um tratado a respeito do assunto. 
Com base nas lições exaradas pelo ilustre professor e o estudo 
de obras especializadas no assunto, passamos a expor as 
 
2
Disponível em: 
http://www.cespe.unb.br/concursos/TRF5JUIZ2011/arquivos/TRF_5_JUSTIFICATIVAS_DE_MANUTEN____O_DE_ALTERA__
__O_DE_GABARITOS_FINAL.PDF 
3 CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. No prelo a 1ª edição. Rio de Janeiro: Grupo 
Gen: Forense, 2013, no prelo. 
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considerações otimizadas a respeito do tema e que reputamos 
adequadas à previsão do edital. 
“A jurisdição é repartida em competências, com o objetivo de 
melhor operacionalizar a administração da Justiça. Segundo a 
doutrina, competência é o limite e a medida da jurisdição, é uma 
delimitação do poder jurisdicional. 
Competência, nesse contexto, é a quantidade de poder 
conferida por lei a um juiz ou a um tribunal. 
Na fixação da competência criminal devemos observar os 
critérios relacionados à matéria, à pessoa, à função e ao território. 
Avaliando os mencionados critérios precisamos visualizar a seguinte 
esquematização: 
Dizer que essas três regras de competência (material, pessoal e 
funcional) são de cunho absoluto, significa afirmar que elas são 
improrrogáveis (ou seja, não podemos admitir que um juiz 
absolutamente incompetente venha, por qualquer razão, a se tornar 
competente); assim, uma vez vulneradas essas regras os atos então 
praticados estarão eivados de nulidade absoluta (insanáveis). 
A competência territorial tem natureza relativa, isto é, trata-se 
de regra de competência prorrogável, que conduzirá à nulidade 
relativa (sanável). Segundo a maioria da doutrina a competência 
territorial também seria conhecida de ofício pelo juízo, ou seja, no 
Processo Penal não só as hipóteses de competência absoluta, mas 
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também as hipóteses de competência relativa seriam conhecidas de 
ofício pelo juízo. Isso ocorreria por força do artigo 109 do Código de 
Processo Penal, que nos diz que o juiz poderá, até a entrega da 
prestação jurisdicional, declarar-se incompetente de ofício. Como 
esse dispositivo não estabelece qualquer distinção entre competência 
em razão da matéria, competência territorial, competência por 
prerrogativa da função e competência funcional, entende-se 
(majoritariamente4) que a regra do artigo 109 do CPP estender-se-ia 
a toda e qualquer competência, inclusive à competência territorial, 
que tem natureza relativa. 
Art. 109 - Se em qualquer fase do processo o juiz reconhecer 
motivo que o torne incompetente, declará-lo-á nos autos, haja 
ou não alegação da parte, prosseguindo-se na forma do artigo 
anterior. 
Portanto, essa seria uma grande distinção a separar o Processo 
Civil do Processo Penal, visto que no Processo Civil o juízo 
incompetente relativamente, para que se declare incompetente, 
carece de provocação das partes, enquanto no Processo Penal não 
careceria, uma vez que ele poderia de ofício declarar-se incompetente 
(mesmo que relativamente). Por conta desse diferencial entre 
Processo Civil e Penal, há autores, como GERALDO PRADO e 
AFRÂNIO SILVA JARDIM, que chegam a mencionar que no 
Processo Penal todas as regras de competência seriam absolutas, 
visto que todas podem ser conhecidas de ofício pelo juízo. No 
entanto, essa assertiva é minoritária, pois em que pese esse ponto de 
 
4
Existe entendimento no sentido contrário e o maior referencial doutrinário dessa discussão é TOURINHO FILHO. Esse segundo 
entendimento, aderido por MARCELLUS POLASTRI, já foi abordado pelo Superior Tribunal de Justiça, onde se concluiu que a 
competência territorial, por ser relativa, também não poderia ser conhecida de ofício pelo juízo (visto que careceria de provocação 
da parte), ou seja, para o STJ o mesmo raciocínio do Processual Civil deve ser aplicado no Processo Penal. 
Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
Exercícios Comentados 
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contato entre competência absoluta e relativa, outras diferenças 
subsistiriam a legitimar essa distinção. Essas diferenças seriam: 
● As regras de competência absoluta se mostram 
improrrogáveis (não convalidáveis com o decurso do tempo), 
enquanto as de competência relativa se mostram prorrogáveis 
(convalidáveis com o decurso do tempo); 
● As regras de competência absoluta geram nulidade 
absoluta do processo, enquanto as de competência relativa geram 
nulidade relativa. 
Portanto, uma vez que se manteriam conservadas essas 
diferenças, a distinção entre competência absoluta e relativa continua 
sendo adequada. E nesse sentido o Supremo Tribunal Federal, nos 
diz, categoricamente, que a competência por prevenção (competência 
territorial) tem natureza relativa. 
Súmula 706 STF- É relativa a nulidade decorrente da 
inobservância da competência penal por prevenção. 
Outro ponto de destaque é o cuidado ao se ler o artigo 567 do 
Código de Processo Penal. Este dispositivo afirma que a 
incompetência do juízo anularia somente os atos decisórios. Se 
estivermos diante de uma hipótese de incompetência relativa não 
teremos maiores dificuldades porque, como os atos processuais, até 
então praticados, são plenamente sanáveis, nada exigiria que eles 
viessem a ser ratificados e essa ratificação retroagiria à data da 
realização do ato. Porém, se estivermos diante atos de competência 
absoluta deveríamos concluir que tais atos estariam eivados de 
nulidade absoluta ou seja, esses atos mostrar-se-ão 
completamente insanáveis. Diante disso, sendo o primeiro ato 
decisório praticado pelo juiz no processo o recebimento da inicial, 
Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
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supondo que seja nulo esse recebimento, serão nulos todos os 
demais atos processuais, pois todos os atos processuais 
subsequentes têm como premissa o recebimento da denúncia. É o 
que nos diz o artigo 573, parágrafo primeirodo CPP. 
Art. 567 - A incompetência do juízo anula somente os atos 
decisórios, devendo o processo, quando for declarada a 
nulidade, ser remetido ao juiz competente. 
Art. 573 - Os atos, cuja nulidade não tiver sido sanada, na 
forma dos artigos anteriores, serão renovados ou retificados. 
§ 1º - A nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos 
atos que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. 
§ 2° - O juiz que pronunciar a nulidade declarará os atos a que 
ela se estende. 
Quanto aos atos instrutórios, estes não precisariam ser 
desconsiderados, podendo ser aproveitados, porque embora os atos 
instrutórios não tenham sido realizados perante um juízo 
rigorosamente competente, é certo que todos esses atos foram 
realizados publicamente, na presença de um juiz (incompetente), de 
um promotor (possivelmente sem atribuição), mas na presença 
também da defesa. Então, em se tratando de atos instrutórios, não 
seria razoável desconsiderá-los inteiramente, portanto eles poderão 
ser ratificados. 
Fazendo temperamentos sobre a questão à luz do princípio da 
identidade física do juiz, aponta Renato Brasileiro: Ora, se doravante 
o juiz que presidir a instrução deve proferir a sentença, como se 
pode, então, admitir que a prova colhida perante o juízo 
incompetente seja reaproveitada perante seu juízo natural? A nosso 
juízo, portanto, uma vez reconhecida a incompetência absoluta ou 
relativa, há de ser reconhecida a nulidade dos atos probatórios, 
Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
Exercícios Comentados 
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renovando-se a instrução perante o juiz natural da causa, em fiel 
observância ao princípio da identidade física do juiz.5
Ainda sobre a competência criminal devem ser expostas lições 
atreladas ao princípio do juiz natural. Vejamos: 
O princípio do juiz natural pode ser entendido, com base nas 
lições de Renato Brasileiro de Lima, como o direito que cada cidadão 
tem de saber, previamente, a autoridade que irá processá-lo e julgá-
lo caso venha a praticar uma conduta definida como infração penal 
pelo ordenamento jurídico. E ainda, segundo o referido autor, Juiz 
natural, ou juiz legal, dentre outras denominações, é aquele 
constituído antes do fato delituoso a ser julgado, mediante regras 
taxativas de competência estabelecidas pela lei.6
A sede do referido princípio se encontra no Art. 5º, inciso 
XXXVII, da Constituição Federal que preceitua que não haverá juízo 
ou tribunal de exceção e no inciso LIII do mesmo dispositivo que 
afirma: ninguém será processado nem sentenciado senão pela 
autoridade competente. 
Antonio Scarance Fernandes, citado por Renato Brasileiro, 
informa que embora dúplice a garantia do juiz natural, a expressão 
ampla dessas garantias desdobra-se em “três regras de proteção: 
1) só podem exercer jurisdição os órgãos instituídos pela 
Constituição; 
2) ninguém pode ser julgado por órgão instituído após o fato; 
3) entre os juízes pré-constituídos vigora uma ordem taxativa 
de competências que exclui qualquer alternativa deferida à 
discricionariedade de quem quer que seja.”7”8
 
5
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal, vol. I, Niterói, RJ: Impetus, 2011, p. 447. 
6
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal, vol. I, Niterói, RJ: Impetus, 2011, p. 52. 
7
Scarance, Processo Penal constitucional. 3ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais. 2008. P. 65 apud LIMA, Renato 
Brasileiro de. Manual de Processo Penal, vol. I, Niterói, RJ: Impetus, 2011, p.55. 
8 CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. No prelo a 1ª edição. Rio de Janeiro: Grupo 
Gen: Forense, 2013, no prelo, p. 381/390. 
Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
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12 
Conexão 
“No processo penal a conexão é uma forma de reunião de 
processos pautada na relação de direito material existente entre as 
infrações penais. 
São espécies de conexão: 
a) Intersubjetiva – pluralidade de sujeitos 
a.1) Por simultaneidade – art. 76, I, primeira parte – a 
ligação entre os crimes é a circunstância objetiva do tempo e 
do lugar. Ex.: diversas infrações num estádio de futebol, 
cometidas por várias pessoas ao mesmo tempo (não pode ser 
rixa, que configura um só delito, não havendo lugar para se 
falar em conexão). 
a.2) Por concurso – art. 76, I, segunda parte – importa o 
elemento subjetivo, de modo a permitir a atribuição de 
responsabilidade a todos por todos os crimes. O dado essencial 
é a existência de concurso de agentes na prática de várias 
infrações. Há uma ligação entre duas ou mais infrações 
ocasionada pela prática de várias infrações por duas ou mais 
pessoas previamente ajustadas que praticam a conduta em 
circunstancias de tempo e lugar distintos. 
a.3) Por reciprocidade – art. 76, I, terceira parte – ponto 
de afinidade é a motivação. Ex.: delitos praticados, ao longo do 
tempo, entre famílias adversárias, com relação de causa e 
conseqüência. 
b) Material ou teleológica – um crime é praticado com a 
finalidade de garantir a impunidade, a ocultação ou a vantagem 
de crime anterior. Pode ou não haver pluralidade de sujeitos. 
Art. 76, II. 
Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
Exercícios Comentados 
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13 
c) Probatória – quando a prova de uma infração puder influir 
na prova das demais. Pode ou não haver pluralidade de 
sujeitos. Art. 76, III. 
Nota característica de todas as modalidades de conexão: 
pluralidade de condutas (e não só de resultados). 
Continência 
A continência por sua vez, impõe a reunião dos processos em 
virtude da amplitude dos elementos de uma ação penal (partes, 
pedido e causa de pedir) envolver, abranger, os elementos de outra 
demanda. 
Registre-se, porém, a observação de Eugênio Pacelli de 
Oliveira, no sentido de não se verificar, no processo penal, nenhuma 
relação de continente e conteúdo, ou identidade de partes, restando 
possível relação de continência somente no que tange à causa de 
pedir. 
Hipóteses: 
Concurso de agentes, uma infração (art. 77, I) 
Concurso formal de crimes (art. 70, CP), aberratio ictus (art. 73 do 
CP) e aberratio criminis (art. 74 do CP) – art. 77, II, do CPP. 
Nota característica da continência: unidade de conduta, embora em 
alguma delas possa ocorrer concurso de crimes, em razão do 
resultado lesivo a mais de um bem jurídico. 
 O limite temporal para reunião dos processos por conexão ou 
continência é a prolação de sentença em um deles. Após esse 
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14 
momento, os processos serão reunidos apenas para efeito de 
soma/unificação de penas, pelo juiz da execução. . 
A reunião de processos pode se dar por iniciativa das partes ou de 
ofício.”9
Ainda sobre a competência em matéria criminal, importa listar 
os dispositivos relacionados ao tema e que podem ser cobrados tanto 
na prova de processo penal quanto na de constitucional, vejamos: 
“Competência penal do STF, do STJ, dos TRFs, dos Juízes Federais e dos Juizados 
Especiais Federais: Arts. 102, 105, 108, 109 e 98, inciso I e parágrafo 1 (todos da Constituição 
Federal) e arts. 60 e 61 da lei 9099 e art. 2 da Lei 10.259. 
E ainda os artigos 68 a 83 do CPP.” 
 
9 CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. No preloa 1ª edição. Rio de Janeiro: Grupo 
Gen: Forense, 2013, no prelo, p. 391/392. 
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15 
Ponto importante: 
Registre em sua mente a seguinte sistematização: 
”Sistematização da competência por prerrogativa de função (STF; STJ; TRF e 
TJ) prevista na Constituição Federal. 
STF 
Art. 102 da CF 
Infrações Penais Comuns 
Infrações Penais Comuns e 
Crimes de Responsabilidade 
Presid. Rep., Vice Pres., Dep. 
Federal, Senadores, Min. do 
STF, Proc. Geral da República e 
AGU. 
Min. de Estado, Comandantes das 
F. Armadas, Min. dos Tribunais 
Superiores, TCU e Chefes de missão 
diplomática permanente. 
Se o crime de 
responsabilida
de for conexo 
com o do PR e 
Vice 
Se o crime de 
responsabilida
de for conexo 
com o do PR e 
Vice 
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16 
TRF 
(art. 108) 
PREFEITOS 
MUNICIPAIS
que pratiquem 
crime federal 
(Sumula 702, 
STF) 
DEPUTADOS 
ESTADUAIS 
OU 
DISTRITAIS
que praticam 
crime federal 
Obs. isso é 
entendimento do 
STF desde 2002. 
JUIZES 
FEDERAIS 
MEMBROS DO 
MINISTÉRIO 
PÚBLICO DA UNIÃO
que atuam em 1º grau. 
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17 
Observando o edital da Polícia Federal, percebemos atenção 
especial (como não poderia ser diferente) à competência criminal da 
Justiça Federal, razão pela qual passamos a tecer breves 
considerações sobre o tema pautadas nas lições exaradas em nosso 
Processo Penal Sistematizado: 
“Competência da Justiça Federal Comum de 1ª Instancia 
A priori é importante registrar que a competência da Justiça Federal tem caráter 
absoluto, haja vista sua forma expressa de fixação no texto constitucional. A competência da 
justiça federal, desse modo, não pode ser ampliada por lei infraconstitucional.10
Vejamos a sequência constitucional: 
Art. 109 da CF: 
IV – julgar os crimes políticos 
Entende-se por crime político aquela tem aptidão para afetar as instituições 
democráticas e a base do Estado. Entretanto, para que se fale em crime político não basta a 
finalidade de desestabilizar as instituições democráticas, pois, em virtude do princípio da 
taxatividade penal, a finalidade deve ser materializada em uma daquelas previstas na lei – Lei 
7170/83 - crimes contra a segurança nacional. 
Desse modo se poderia sintetizar a definição de crime político11 da seguinte forma: é 
aquele que tem por objetivo desestabilizar a estrutura do Estado e as instituições democráticas, 
exigindo-se qualquer uma das finalidades expressas na Lei 7170/83. 
Art. 109 da CF: 
IV – crimes contra 
bens (moveis ou imóveis, listados no art. 20 da CF), 
serviços (o serviço está vinculado a prestação publica federal) ou 
interesse (é um conceito vago, mas interesse federal vem sendo interpretado 
pelo Supremo como a finalidade do órgão – vinculo teleológico) da 
 
10
Nesse sentido: ADI 2.473-MC, Rel. Min. Néri da Silveira, julgamento em 13-9-01, DJ de 7-11-03. 
11
Interessante observar, no contexto dos crimes políticos, que o sistema recursal é diferenciado, sendo que caberá recurso ordinário 
constitucional para o STF das decisões que condenarem ou absolverem os envolvidos nesses crimes, servindo assim, nossa côrte 
constitucional, como segundo grau dos julgamentos de crime político. 
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18 
União ou de suas 
entidades autárquicas ou 
empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da 
Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; 
Pela leitura do dispositivo acima se percebe que a Justiça Federal não julga 
contravenção, mas somente crime! Por isso se costuma afirmar que, excetuada a hipótese em 
que a contravenção tenha alguma relação de conexão a um crime federal, seu julgamento, regra 
geral, se dará pelo juízo estadual. 
Embora a afirmação acima seja rotineira na doutrina, ainda se poderia aventar a 
possibilidade de um servidor público federal, detentor de foro por prerrogativa de função, 
praticar uma contravenção penal, nesse caso, estando a competência determinada no art. 108 da 
CF/88, poderia se concluir que, a justiça federal de segunda instancia, pode sim, 
excepcionalmente, julgar uma contravenção penal, haja vista a ausência de exclusão expressa 
das contravenções penais pelo referido dispositivo constitucional: 
“Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais: 
I - processar e julgar, originariamente: 
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da 
Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do 
Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;” 
Segundo o STJ os crimes praticados contra ou por funcionário publico federal no 
exercício das funções serão julgados pela justiça federal. Nesse sentido: Súmula 147 do STJ: 
Compete a justiça federal processar e julgar os crimes praticados contra funcionário publico federal, 
quando relacionados com o exercício da função. 
Na análise do presente inciso se verifica que, embora o assunto seja aprofundado pelo 
direito administrativo, o criminalista precisa ter uma mínima noção da natureza jurídica do 
órgão prejudicado pelo crime para então fixar corretamente a competência. Nesse desiderato 
listo as entidades mais frequentemente cobradas em provas e exames: 
Autarquias: Banco Central, INSS, Agências Reguladoras, IBAMA. 
Empresas públicas: Correios e CEF (Entretanto, se um assalto atingir uma casa 
lotérica, o crime será julgado na justiça estadual, pois tal prestação é veiculada pela iniciativa 
privada, se caracterizando uma concessão de serviço). 
Fundações: FUNAI. 
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19 
No contexto do presente inciso estariam excluídos da competência da Justiça Federal, 
os delitos praticados contra os seguintes entes: Sociedades de Economia Mistas12 como o 
Banco do Brasil e a Petrobras; os Sindicatos; e as Entidades particulares de ensino superior13. 
Problemática é a questão da competência criminal nas hipóteses em que um Conselho 
de Fiscalização profissional figurar como sujeito passivo da infração penal. Tal discussão se 
pautava na natureza jurídica desse entes, pois, por um bom tempo considerados entes 
autárquicos federais, perderam referida natureza com a edição da lei 9649/98, que em seu 
artigo 58 estipulava: 
Art. 58. Os serviços de fiscalização de profissões regulamentadas serão exercidos em caráter 
privado, por delegação do poder público, mediante autorização legislativa. (Vide ADIN nº 
1.717-6) 
 § 1o A organização, a estrutura e o funcionamento dos conselhos de fiscalização de 
profissões regulamentadas serão disciplinados mediante decisão do plenário do conselho federal 
da respectiva profissão, garantindo-se que na composição deste estejam representados todos seus 
conselhos regionais. (Vide ADIN nº 1.717-6) 
 § 2o Os conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas, dotados de personalidade 
jurídica de direito privado, não manterão com os órgãos da Administração Pública qualquer 
vínculo funcional ou hierárquico. (Vide ADIN nº 1.717-6) 
 § 3oOs empregados dos conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas são regidos 
 
12
Súmula 42 do STJ: compete a justiça comum estadual processar e julgar as causas cíveis em que é parte sociedade de economia 
mista e os crimes praticados em seu detrimento. Grifos acrescidos. 
13 Com a ressalva das instituições integrantes do sistema federal de ensino, conforme se verifica da seguinte decisão do STF: HC 
93938 / SP - SÃO PAULO - HABEAS CORPUS - Relator(a): Min. LUIZ FUX 
Julgamento: 25/10/2011 Órgão Julgador: Primeira Turma – Publicação DJe-222 DIVULG 22-11-2011 PUBLIC 23-11-2011 
EMENT VOL-02631-01 PP-00147 ... 
Ementa: PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO, FALSIDADE 
IDEOLÓGICA E USO DE DOCUMENTO FALSO. DIPLOMA E CERTIFICADO DE CONCLUSÃO DE CURSO SUPERIOR 
EM INSTITUIÇÃO PRIVADA DE ENSINO FALSOS. APRESENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE 
REGISTRO PROFISSIONAL NO CONSELHOREGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO – CRA. COMPETÊCIA DA JUSTIÇA 
FEDERAL. INFRAÇÕES PRATICADAS EM DETRIMENTO DE SERVIÇOS E INTERESSES DA UNIÃO (ART. 109, IV, 
DA CF). INSTITUIÇÕES PRIVADAS DE ENSINO SUPERIOR INTEGRANTES DO SISTEMA FEDERAL DE ENSINO 
(ARTS. 16, II, E 21, II, DA LEI N. 9.394/96). SUJEITAS, PORTANTO, À AUTORIZAÇÃO, FISCALIZAÇÃO, 
SUPERVISÃO, CONTROLE E AVALIAÇÃO DO PODER PÚBLICO FEDERAL. ORDEM INDEFERIDA. 1. O uso de 
documento falso de instituição privada de ensino superior, com o fato de apresentá-lo ao órgão de fiscalização profissional federal, é 
delito cognoscível pelajustiça federal, que ostenta, para o caso concreto, competência absoluta. 2. É que a Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação (Lei n. 9.394/96) explicita que a educação superior está inserida no gênero educação escolar, bem como prevê que as 
instituições de ensino superior criadas e mantidas pela iniciativa privada também integram o sistema federal de ensino, nos termos 
dos artigos 21, inciso II, e 16, inciso II, respectivamente. 3. Outrossim, o artigo 109, inciso IV, da Constituição Federal determina 
que “Aos juízes federais compete processar e julgar: (...) IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de 
bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada 
a competência da JustiçaMilitar e da Justiça Eleitoral” (Sem grifos no original). 4. In casu: (i) discute-se acompetência para 
processar e julgar delitos relacionados à falsificação de diploma e de certidão de conclusão de curso superior em instituição privada 
de ensino, para fins de obtenção de registro profissional perante o Conselho Regional de Administração (CRA), cuja natureza 
jurídica é de autarquia federal; (ii) o paciente foi denunciado, por esses fatos, perante a 3ª Vara Federal Criminal do Estado de São 
Paulo como incurso nas sanções dos artigos 297, 299 e 304 do Código Penal; (iii) a defesa opôs exceção de incompetência, 
pleiteando a remessa do autos à Justiça Estadual, sob o argumento de que, embora o documento dito falso tenha sido apresentado a 
autarquia federal, a credibilidade que teria sido abalada é a da instituição de ensino particular, pois seria ela quem estaria atestando a 
inexistente formatura do acusado, e não a seriedade do Conselho Regional de Administração. 5. Considerando que o diploma 
falsificado diz respeito a instituição de ensino superior, incluída no Sistema Federal de Ensino, conforme a Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação (Lei n. 9.394/96), resta patente que o delito narrado na denúncia foi praticado em detrimento de interesse 
da União, a atrair a competência da Justiça Federal (art. 109, IV, CRFB), mesmo porque se operou o seu uso, sendo que 
consta que a referida autarquia teria descoberto a fraude e negado a emissão do registro. 6. Ordem indeferida. 
Decisão: Por maioria de votos, a Turma denegou a ordem de habeas corpus, nos termos do voto do Relator, vencido o Senhor 
Ministro Marco Aurélio. Presidência da Senhora Ministra Cármen Lúcia. 1ª Turma, 25.10.2011. Grifos acrescidos 
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20 
pela legislação trabalhista, sendo vedada qualquer forma de transposição, transferência ou 
deslocamento para o quadro da Administração Pública direta ou indireta. 
 § 4o Os conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas são autorizados a fixar, 
cobrar e executar as contribuições anuais devidas por pessoas físicas e jurídicas, bem como preços 
de serviços e multas, que constituirão receitas próprias, considerando-se título executivo 
extrajudicial a certidão relativa aos créditos decorrentes. (Vide ADIN nº 1.717-6) 
 § 5o O controle das atividades financeiras e administrativas dos conselhos de fiscalização 
de profissões regulamentadas será realizado pelos seus órgãos internos, devendo os conselhos 
regionais prestar contas, anualmente, ao conselho federal da respectiva profissão, e estes aos 
conselhos regionais. (Vide ADIN nº 1.717-6) 
 § 6o Os conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas, por constituírem serviço 
público, gozam de imunidade tributária total em relação aos seus bens, rendas e serviços. (Vide 
ADIN nº 1.717-6) 
 § 7o Os conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas promoverão, até 30 de junho 
de 1998, a adaptação de seus estatutos e regimentos ao estabelecido neste artigo. (Vide ADIN nº 
1.717-6) 
 § 8o Compete à Justiça Federal a apreciação das controvérsias que envolvam os conselhos de 
fiscalização de profissões regulamentadas, quando no exercício dos serviços a eles delegados, 
conforme disposto no caput. (Vide ADIN nº 1.717-6) 
 § 9o O disposto neste artigo não se aplica à entidade de que trata a Lei no 8.906, de 4 de 
julho de 1994. 
Entretanto, o STF, na ADI 1717 reconheceu a natureza autárquica federal dos 
referidos conselhos, declarando a inconstitucionalidade do artigo mencionado acima, in verbis: 
ADI 1717 / DF - DISTRITO FEDERAL - AÇÃO DIRETA DE 
INCONSTITUCIONALIDADE - Relator(a): Min. SYDNEY SANCHES - 
Julgamento: 07/11/2002 - Órgão Julgador: Tribunal Pleno - Publicação DJ 28-03-
2003 PP-00061 EMENT VOL-02104-01 PP-00149... 
EMENTA: DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO 
DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 58 E SEUS PARÁGRAFOS 
DA LEI FEDERAL Nº 9.649, DE 27.05.1998, QUE TRATAM DOS SERVIÇOS DE 
FISCALIZAÇÃO DE PROFISSÕES REGULAMENTADAS. 1. Estando prejudicada 
a Ação, quanto ao § 3º do art. 58 da Lei nº 9.649, de 27.05.1998, como já decidiu o 
Plenário, quando apreciou o pedido de medida cautelar, a Ação Direta é julgada 
procedente, quanto ao mais, declarando-se a inconstitucionalidade do "caput" e dos § 
1º, 2º, 4º, 5º, 6º, 7º e 8º do mesmo art. 58. 2. Isso porque a interpretação conjugada 
dos artigos 5°, XIII, 22, XVI, 21, XXIV, 70, parágrafo único, 149 e 175 da 
Constituição Federal, leva à conclusão, no sentido da indelegabilidade, a uma 
entidade privada, de atividade típica de Estado, que abrange até poder de 
polícia, de tributar e de punir, no que concerne ao exercício de atividades 
profissionais regulamentadas, como ocorre com os dispositivos impugnados. 3. 
Decisão unânime.14 Grifos acrescidos 
No que tange à OAB se pode concluir que, mesmo enquadrando a referida entidade 
como não autárquica (conforme se depreende do julgamento da ADI 3026), a OAB exerceria 
um serviço público independente, função de interesse da República Federativa do Brasil, haja vista 
 
14
Disponível em: 
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28ADI%24%2ESCLA%2E+E+1717%2ENUME%2E%29
+OU+%28ADI%2EACMS%2E+ADJ2+1717%2EACMS%2E%29&base=baseAcordaos 
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21 
ser uma função constitucionalmente privilegiada e indispensável à Administração da Justiça, o 
que mantém o acento da competência criminal na justiça federal. 15
Por fim devemos registrar recente decisão do STJ que se refere à interpretação do 
presente inciso. Segundo a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça A Justiça estadual 
deve processar e julgar suposto golpe de falsa premiação que usava o nome da Rede Record de Televisão. 
Para a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o mero depósito de valores pela vítima 
em conta da Caixa Econômica Federal (CEF) indicada pelo criminoso não justifica levar o caso à 
Justiça Federal. ... Para o ministro Marco Aurélio Bellizze, apenas a vítima foi mantida em erro e ela 
também arcou sozinha com o prejuízo. Não haveria risco de lesão a bens, serviços ou 
interesses da CEF – e, portanto, da União – que justificasse a transferência do processo 
para a Justiça Federal.16 Grifos acrescidos. 
Art. 109 da CF: 
V – os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada 
a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou 
reciprocamente; 
Inicialmente se poderia indagar: É necessário apenas a previsão em tratado ou 
convenção internacional para que esse crime seja julgado pela Justiça Federal? A resposta 
fatalmente será negativa, pois alem da previsão em tratado ou convenção internacional é 
necessário que o delito transcenda o território brasileiro. É nesse sentido que se informa a 
exigência de uma fator objetivo para que o delito seja julgado no âmbito federal, qual seja: o 
caráter de internacionalidade do delito. 
Exemplificando: O trafico de drogas, em regra, é competência da justiça estadual, 
entretanto o trafico internacional de drogas é de competência da justiça federal. Assim, são de 
competência da justiça federal: o tráfico internacional de drogas, o tráfico internacional de 
armas e o tráfico internacional de crianças. 
Art. 109 da CF: 
V-A – as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo; 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
Aqui se tem que os crimes previstos em tratados ou convenção internacional que 
afetem direitos humanos fundamentais são da competência da justiça federal. 
 
15
No mesmo sentido são as lições de Renato Brasileiro de Lima em seu Manual de Processo Penal, vol. I, Niterói, RJ: Impetus, 
2011, p. 583. 
16
“Segundo a investigação, o estelionatário afirmava que a vítima havia ganho um prêmio em promoção da Rede Record, que não 
existia na verdade. A única condição para obter o prêmio seria o depósito de R$ 257 em conta indicada pelo golpista. Para o juiz 
estadual de Caucaia (CE), a questão trataria de saque irregular em conta da CEF. Por isso, a competência seria da Justiça Federal. O 
juiz federal, porém, entendeu que apenas a vítima teve prejuízo com o golpe, o que manteria o processo na Justiça estadual. 
Conforme a investigação, a vítima depositou espontaneamente os valores, a partir de uma lotérica em Mogi Mirim (SP), sem 
estabelecer nenhuma relação contratual com a CEF.” Disponível em: 
http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=108535 
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Ocorre que ao se aprofundar o estudo se percebe que todo crime atinge um direito 
humano fundamental, haja vista o reconhecimento do princípio da fragmentariedade17 do 
direito penal. Desse modo a primeira condicionante para a definição da competência federal 
exige que o crime esteja previsto em tratado ou convenção internacional. 
A segunda condicionante se refere à subsidiariedade da competência estabelecida para a 
justiça federal, pois, conforme se percebe, o inciso faz remissão ao § 5º do art. 109. 
Desse modo, a competência não foi originalmente estabelecida já que o Procurador 
Geral da República poderá instaurar um incidente de deslocamento de competência. Ora, se há 
necessidade de deslocamento de competência é porque esta não é originária. Tal incidente será 
de competência do STJ, que, verificando a morosidade da persecução estadual, poderá 
determinar a remessa do processo à justiça federal. 
Detalhando os nuances da situação, se tem que: 
Quem julga crimes que violem gravemente direitos humanos? => Regra: Justiça 
Estadual; Exceção: Justiça Federal; 
Quem tem legitimidade para requerer o incidente de deslocamento de competência 
para a justiça federal? => Procurador Geral da República; 
Quem julga o incidente de deslocamento de competência para a justiça federal? => 
Superior Tribunal de Justiça; 
Quem julga crime que viola gravemente direitos humanos em hipótese de 
deslocamento deferido pelo STJ? => Justiça Federal. 
Por derradeiro deve observar o leitor que, neste inciso, não se exige o caráter de 
transnacionalidade do delito. 
Art. 109 da CF: 
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por 
lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; 
a) crimes contra a organização do trabalho (arts. 197 a 207 do CP) 
 
17
Por esse princípio se tem que o direito penal não se preocupa com qualquer bem jurídico, mas somente com os bens jurídicos 
mais relevantes, tendo em vista a brutalidade natural da intervenção penal. 
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a 
finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de 
direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de 
Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para 
a Justiça Federal.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Grifos acrescidos 
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23 
Para o STJ não basta apenas que o crime seja contra a organização do trabalho, é 
fundamental que afete uma coletividade18 de trabalhadores. À contratio sensu se entende que se 
afetar o trabalhador de forma individual a competência será da justiça estadual. 
b) crimes contra o sistema financeiro 
Inicialmente se deve indagar: O que é o sistema financeiro? A resposta passa pela 
definição legal de instituição financeira dada pela Lei 7492/86. Nessa ótica se pode definir 
sistema financeiro pelo complexo formado pelas atividades financeiras e seus executores, 
bancos e instituições financeiras equiparadas, sejam públicas ou privadas, que auxiliam e 
exploram a circulação de recursos financeiros. 
Para que um crime contra o sistema financeiro seja julgado pela justiça federal é 
fundamental que a lei ordinária que o discipline faça essa previsão. 
A lei que faz essa previsão é a Lei 7492/86. Essa lei trata dos crimes comumente 
denominados crimes de colarinho branco. 
Cuidado se deve ter ao se afirmar que todos os crimes contra o sistema financeiro são 
de competência da justiça federal, pois a lei 4595/64, apesar de prever crime contra o sistema 
financeiro19, não prevê a competência da justiça federal. 
c) crimes contra a ordem econômico-financeira 
Conforme já afirmado é fundamental que a Lei ordinária que disciplina a matéria 
preveja a competência da justiça federal, caso contrário a competência será da justiça estadual, 
ressalvada a incidência de outro incisoque atraia a competência da justiça federal. 
As leis que tratam de crimes contra a ordem econômico-financeira são, basicamente, as 
leis 8137/90 e 8176/91. 
Essas duas leis não fazem previsão de competência da justiça federal, logo, diante do 
silencio legal a competência será da justiça estadual. Nesse diapasão eis súmula do STF que 
 
18
AgRg no CC 105026 / MT - AGRAVO REGIMENTAL NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA - 2009/0081893-2 - S3 - 
TERCEIRA SEÇÃO - DJe 17/02/2011 - REPDJe 21/02/2011. Relator: Ministro GILSON DIPP. 
AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CRIME DE REDUÇÃO A CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE 
ESCRAVO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. APLICAÇÃO DO ENUNCIADO DA SÚMULA 122, DESTA CORTE. 
RECURSO DESPROVIDO. 
I - Compete à Justiça Federal processar e julgar o crime de redução a condição análoga à de escravo, pois qualquer violação ao 
homem trabalhador e ao sistema de órgãos e instituições que preservam, coletivamente, os direitos e deveres dos trabalhadores 
enquadra-se na categoria de crime contra a organização do trabalho, desde que praticada no contexto da relação de trabalho. 
II - Acerca das demais imputações formuladas cuja competência para apuração é da Justiça Estadual, incide o enunciado da Súmula 
122, desta Corte. 
III - A insurgência do agravante traduz mero inconformismo com a declaração de competência da Justiça Federal, o que não pode 
ensejar o conhecimento do recurso. 
IV - Agravo regimental desprovido. Grifo acrescido 
19
Art. 34, inciso I e § 1º. 
Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos 
nesta lei, será promovida pelo Ministério 
Público Federal, perante a Justiça Federal.
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reflete o raciocínio: Súmula 498 - Compete à justiça dos estados, em ambas as instâncias, o processo e o 
julgamento dos crimes contra a economia popular. 
Art. 109 da CF: 
VII e VIII – Habeas Corpus e Mandado de Segurança 
VII - os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua competência ou quando o 
constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a 
outra jurisdição; 
VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade 
federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais; 
Ponto fundamental é a definição da autoridade coatora em dois aspectos. 
1º) Se a mesma a autoridade coatora esta vinculada à jurisdição federal; ou 
2º) Se a matéria veiculada é da competência da justiça federal. 
Na compreensão do presente inciso insta visualizar as prerrogativas mencionadas nos 
itens 5.5 e 5.6, para fim de exclusão da competência por prerrogativa de função na 
interpretação em cometo. 
Art. 109 da CF: 
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a 
competência da Justiça Militar; 
Inicialmente deve-se perquirir o princípio da territorialidade da lei penal brasileira. O 
mesmo está encartado no art. 5º do Código Penal. 
No contexto do dispositivo acima transcrito importa registrar o conceito território 
brasileiro. Assim, nosso território é composto: 
Territorialidade 
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de 
direito internacional, ao crime cometido no território nacional. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 1984) 
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as 
embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo 
brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações 
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no 
espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) 
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves 
ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no 
território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar 
territorial do Brasil.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) 
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- pelos limites de nossas fronteiras; 
- pelo espaço aéreo (até a camada atmosférica), 
- mar territorial (0 a 12 milhas contadas na maré baixa) 
Ilustrativa é a figura abaixo, não só para visualização do mar territorial, como para 
conceitos também exigidos em outras disciplinas: 
Figura 1: corte transversal e vista do Mar Territorial, ZEE e Plataforma Continental, 
com a respectiva dimensão. 
Fonte: Marinha do Brasil. 20
Sintetizando o dispositivo antes mencionado, teremos o território nacional por 
equiparação nas seguintes situações: 
Navios e Aeronaves: 
* Públicos de bandeira brasileira: é território brasileiro em qualquer lugar do mundo. 
* Privados de bandeira brasileira: é território brasileiro quando estiverem no Brasil e 
em alto mar. 
* Privados estrangeiros: é território brasileiro quando estão em nosso território. 
Navio é espécie do gênero embarcação. Embarcação, à luz da legislação marítima é toda 
construção utilizada como meio de transporte por água, e destinada à indústria da navegação, quaisquer 
que sejam as suas características e lugar de tráfego21. 
 
20
FERREIRA NETO, Walfredo Bento. O Direito do Mar e a fronteira marítima brasileira. A importância dos conceitos 
jurídicos de Mar Territorial, Zona Contígua, Zona Econômica Exclusiva e Plataforma Continental para o desenvolvimento 
nacional. Jus Navigandi, Teresina, ano 15, n. 2657, 10 out. 2010. Disponível em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/17519>. 
Acesso em: 13 out. 2010. 
21
Art. 11 da Lei 2180/54. O referido dispositivo ainda equipara em seu Parágrafo único: Ficam-lhe equiparados: a) os artefatos 
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Doutrinariamente se costuma definir navio como aquelas embarcações de grande porte 
que tenham capacidade para fazer viagem internacional. Estariam excluídas quaisquer outras 
embarcações de pequeno porte e aquelas que não têm capacidade para fazer viagem em alto 
mar. 
No que tange à aeronave não é necessária a caracterização como veículo de grande 
porte. Desse modo, dispõe o Código Brasileiro de Aeronáutica em seu art. 106: Considera-se 
aeronave todo aparelho manobrável em vôo, que possa sustentar-se e circular no espaço aéreo, mediante 
reações aerodinâmicas, apto a transportar pessoas ou coisas. 
Art. 109 da CF: 
X – crime de ingresso ou permanência irregular do estrangeiro. 
A conduta de ingressar ou permanecer irregularmente no Brasil ainda não foi tipificada 
pela legislação brasileira o que torna ainda inaplicável o dispositivo. Tal situação ainda é 
tratada somente como infração administrativa pelo Estatuto do Estrangeiro (Lei 6815/80). 
Nesse contexto, a competência da justiça federal vai se estabelecer para os crimes 
praticados pelo estrangeiro com vistas ao ingresso ou permanência em nosso país. Assim, se 
deve verificar o vínculo teleológico entre os crimes previstos em nossa legislação e a conduta 
de ingressar ou permanecer em nosso país. Como exemplo se teria a falsificação de passaporte 
para entrar no Brasil. 
Art. 109 da CF: 
XI - a disputa sobre direitos indígenas. 
Nesta situação se compreende que o crime deve envolver disputa sobre direitos 
indígenas. Ausente esta circunstância a competência se define na justiça estadual, conforme se 
verifica no verbete sumular 140do STJ: Compete a justiça comum estadual processar e julgar crime 
em que o indígena figure como autor ou vítima. 
Segundo Nestor Távora seria condicionante da referida competência a afetação da 
coletividade indígena, assim segundo o autor, lesões pontuais praticadas contra um índio 
específico seriam da competência da Justiça estadual.22”23
 
flutuantes de habitual locomoção em seu emprêgo; b) as embarcações utilizadas na praticagem, no transporte não remunerado e 
nas atividades religiosas, cientificas, beneficentes, recreativas e desportivas; c) as empregadas no serviço público, exceto as da 
Marinha de Guerra; d) as da Marinha de Guerra, quando utilizadas total ou parcialmente no transporte remunerado de 
passageiros ou cargas; e) as aeronaves durante a flutuação ou em vôo, desde que colidam ou atentem de qualquer maneira contra 
embarcações mercantes. f) os navios de Estados estrangeiros utilizados para fins comerciais. (Incluído pela Lei nº 9.578, de 1997). 
22
TÁVORA, Nestor. Curso de Direito Processual Penal, 7ª edição. 2012. Juspodivm. p. 262-263. 
23 CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. No prelo a 1ª edição. Rio de Janeiro: Grupo 
Gen: Forense, 2013. 
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27 
2013 – CESPE – PC/BA – DELEGADO 
A autoridade policial que, na fase de investigação criminal, 
desconfiar da integridade mental do acusado, poderá, sem suspender 
o andamento do inquérito policial, determinar, de ofício, que o 
acusado se submeta a exame de sanidade mental, a ser realizado por 
peritos oficiais. 
Errado 
Comentário: 
A autoridade policial deverá pedir o exame ao juiz. 
Leitura do CPP: 
Art. 149. Quando houver dúvida sobre a integridade mental do 
acusado, o juiz ordenará, de ofício ou a requerimento do Ministério 
Público, do defensor, do curador, do ascendente, descendente, irmão 
ou cônjuge do acusado, seja este submetido a exame médico-legal. 
§ 1o O exame poderá ser ordenado ainda na fase do 
inquérito, mediante representação da autoridade policial ao 
juiz competente. 
2013 – CESPE – PC/BA – DELEGADO 
A restituição de coisas apreendidas em poder do investigado, 
no âmbito do inquérito policial, pode ser ordenada pela autoridade 
policial, desde que não haja vedação legal à restituição das coisas e 
inexista importância à prova da infração ou desde que a restituição 
não sirva à reparação do dano causado pelo crime e seja induvidoso o 
direito do reclamante, após oitiva obrigatória do MP. 
Certo 
Comentário: 
A questão adota a literalidade do § realçado abaixo: 
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28 
CPP: Art. 120. A restituição, quando cabível, poderá ser 
ordenada pela autoridade policial ou juiz, mediante termo nos autos, 
desde que não exista dúvida quanto ao direito do reclamante. 
§ 1o Se duvidoso esse direito, o pedido de restituição autuar-
se-á em apartado, assinando-se ao requerente o prazo de 5 (cinco) 
dias para a prova. Em tal caso, só o juiz criminal poderá decidir o 
incidente. 
§ 2o O incidente autuar-se-á também em apartado e só a 
autoridade judicial o resolverá, se as coisas forem apreendidas em 
poder de terceiro de boa-fé, que será intimado para alegar e provar o 
seu direito, em prazo igual e sucessivo ao do reclamante, tendo um e 
outro dois dias para arrazoar. 
§ 3o Sobre o pedido de restituição será sempre ouvido o 
Ministério Público. 
§ 4o Em caso de dúvida sobre quem seja o verdadeiro dono, o 
juiz remeterá as partes para o juízo cível, ordenando o depósito das 
coisas em mãos de depositário ou do próprio terceiro que as detinha, 
se for pessoa idônea. 
§ 5o Tratando-se de coisas facilmente deterioráveis, serão 
avaliadas e levadas a leilão público, depositando-se o dinheiro 
apurado, ou entregues ao terceiro que as detinha, se este for pessoa 
idônea e assinar termo de responsabilidade. 
Sobre o tema afirma Guilherme de Souza Nucci: 
“sempre que alguém ingressar com pedido de restituição 
de coisa apreendida, seja duvidosa ou não a propriedade, 
deve-se colher o parecer do Ministério Público, até porque é 
importante saber se o objeto é útil ao processo. O titular da 
ação penal é parte mais indicada a pronunciar-se a esse 
Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
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29 
respeito. Portanto, havendo inquérito, remete o delegado os 
autos a juízo, para que seja ouvido o Ministério o promotor. 
No caso de processo, a abre-se imediatamente vista ao 
representante do Ministério Público. Somente após, um ou 
outro (delegado ou juiz) determina a devolução ou a 
indefere”24 (grifamos). 
A questão se torna problemática se se considerar a seguinte 
afirmação, que já foi dada como correta pela própria banca Cespe –
MPE/ES – 2010 – Promotor de Justiça: 
A restituição de coisas apreendidas, inexistindo dúvidas 
ou óbices sobre o direito do reclamante, pode ser determinada 
pela autoridade policial, mediante termo nos autos do 
inquérito policial, sendo dispensáveis a manifestação do órgão 
do MP e decisão do juízo criminal.25
Gabarito Oficial e Definitivo: Certo26
Assim, sugerimos ao candidato ficar com o entendimento 
previsto na prova mais recente, que foi a primeira comentada por nós 
(realizada esse ano – 2013), que, inclusive, importa em posição 
dominante na doutrina e conta com a literalidade legal. 
Para demonstrar o entendimento prevalente, mas a não 
pacificidade do tema, expomos mais algumas opiniões sobre o tema: 
“Como a lei não estabelece qualquer distinção, prevalece na 
doutrina o entendimento de que a oitiva do órgão ministerial é 
necessária tanto nas hipóteses de mero pedido de restituição quanto 
 
24 NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. São Paulo: RT, 2012, 11ª ed., p. 
327/328. 
25 http://www.cespe.unb.br/concursos/MPE_ES2010/arquivos/MPEES10_001_1.pdf 
26 http://www.cespe.unb.br/concursos/MPE_ES2010/arquivos/MPEES10_Gab_Definitivo_001_1.PDF 
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30 
nos casos de instauração de incidente de restituição de coisa 
apreendidas. (Hidejalma Muccio apud Renato Brasileiro de Lima) 
Sem embargo de opiniões em sentido contrário, parece-nos que 
a necessidade de oitiva do Parquet está condicionada apenas às 
hipóteses em que for instaurado o incidente de restituição de coisas 
apreendidas ou quando o pedido de restituição for formulado no 
curso do processo penal. Com efeito, se não há qualquer dúvida 
quanto ao direito do interessado, daí por que a própria autoridade 
policial pode proceder à restituição dos bens no curso do inquérito 
policial, nos termos do art. 120, caput, do CPP, independentemente 
de autorização judicial, não vemos motivos para se exigir prévia 
manifestação do órgão ministerial.” (Lima, Renato Brasileiro de. 
Curso de Processo Penal, Volume Único, Impetus, 2013, p. 1111.) 
“O pedido de restituição poderá ser apreciado até mesmo pela 
autoridade policial quando inexistirem quaisquer dúvidas quanto à 
propriedade da coisa, e, assim, ao direito do reclamante ou 
requerente. Saliente-se, então, que a possibilidade franqueada à 
autoridade policialhá de se revelar estreme de qualquer dúvida 
razoável, uma vez que a prova produzida na fase pré-processual 
destina-se ao Ministério Público. Se duvidoso o direito, o pedido será 
autuado em apartado, perante o Juiz Criminal competente para a 
apreciação da ação penal relativa à apreensão, assinando-se o prazo 
de cinco dias ao requerente para a produção da prova de suas 
alegações. (...) Tratando-se de incidente a ser solucionado pela 
autoridade judicial, deverá ser ouvido o Ministério Público.” (Oliveira, 
Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal / Eugênio Pacelli de 
Oliveira. -15.ed.,rev. e atual. - Rio de Janeiro :Lúmen Juris, 2011, p. 
315.) 
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31 
Na oportunidade, visando ampliar o estudo e abarcar possíveis 
questionamentos, passamos a fazer considerações teóricas sobre a 
matéria: 
Questões e processos incidentes. 
Questão prejudicial é a situação antecedente que condiciona 
uma solução subsequente. 
No contexto do presente estudo deve se diferencia a questão 
prejudicial da questão preliminar. Assim, “são diferenças entre a 
questão prejudicial e a questão preliminar: 
Prejudiciais Preliminares 
Direito Material Direito Processual 
O mérito da pretensão 
acusatória é atingido 
Pressupostos processuais e 
condições da ação: o 
julgamento da preliminar não 
afeta o mérito da pretensão 
acusatória 
Autônomas Vinculadas: nunca poderiam 
ser objeto em processo 
autônomo 
Juízo penal ou extrapenal Somente juízo penal 
Sistema de Soluções das Questões Prejudiciais: 
Quando a questão principal é penal e a questão prejudicial 
também é penal (prejudicialidade homogênea) reconhece-se a 
conexão instrumental ou probatória como regra de prorrogação da 
jurisdição, o que determina a reunião dos processos perante o juízo 
provocado inicialmente. 
Quanto à prejudicial heterogênea (questão extrapenal), se 
vislumbram os seguintes sistemas: 
1) Sistema da cognição incidental ou do predomínio da 
jurisdição penal: Nesse sistema se parte do dogma de que 
Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
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32 
quem conhece a ação deve conhecer a exceção. Destarte, o 
juiz criminal é competente para apreciar toda e qualquer 
questão prejudicial apresentada, até mesmo a heterogênea 
(não penal). 
Tal sistema apresenta o benefício da celeridade processual, 
mas pode fragilizar o princípio do juiz natural. 
Trata-se de sistema tido como ultrapassado, não sendo ma 
mais aplicado. 
2) Sistema da prejudicialidade obrigatória ou separação 
jurídico-penal absoluta: De acordo com esse sistema, o juiz 
criminal nunca é competente para decidir a prejudicial 
heterogênea. Há aqui um tratamento absoluto do princípio 
do juiz natural; 
3) Sistema da prejudicialidade facultativa ou da remessa 
facultativa: Segundo esse sistema, o juiz criminal pode, ou 
não, decidir a questão prejudicial heterogênea. Assim, há 
uma faculdade na remessa da prejudicial ao juiz 
naturalmente competente. No que tange às questões 
prejudiciais relacionadas ao estado civil das pessoas, mesmo 
nesse sistema, se respeitará a peculiaridade que demanda a 
prejudicialidade obrigatória dessas questões (dever de 
remeter a referida questão ao juiz civil). Por outro lado, as 
demais questões serão submetidas à prejudicialidade 
facultativa. Segundo Nestor Távora: os defensores dessa 
solução propõem que a remessa ou não da prejudicial ao 
juízo cível deve levar em conta a prevalência cível ou 
criminal sobre a questão sob apreciação27; 
 
27
TÁVORA, Nestor. Curso de Direito Processual Penal, 7ª edição. 2012. Juspodivm. p. 321. 
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33 
4) Sistema eclético ou misto: As prejudiciais podem ser decididas 
tanto pelo juiz penal quanto pelo extrapenal. É o sistema adotado 
pelo Brasil.”28
Processos incidentes. 
Os processo incidentes estão previstos do art. 95 ao 154 do 
CPP. São, na verdade, procedimentos incidentais onde se alegam 
determinados fatos processuais referentes a pressupostos 
processuais ou condições da ação, objetivando assim a extinção do 
processo ou sua simples dilação. 
-EXCEÇÕES. (art.95 a 111, CPP.)
Em sentido amplo as exceções refletem o direito processual 
subjetivo do acusado em se defender, ora combatendo diretamente a 
pretensão do autor, ora deduzindo matéria que impede o 
conhecimento do mérito, ou, ao menos, enseja a prorrogação do 
curso do processo.
Em sentido estrito podem ser conceituadas como meios pelos 
quais o acusado pretende a extinção do processo sem o 
conhecimento do mérito, ou, pelo menos um retardo em seu 
andamento. 
Recaem sobre os pressupostos processuais ou as condições da 
ação. 
Espécies de exceções:
a) Peremptórias: quando acolhidas, põe termo a causa, 
extinguindo o processo. São exceções peremptórias, a de 
litispendência, a de coisa julgada e também a de ilegitimidade. 
 
28 CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. No prelo a 1ª edição. Rio de Janeiro: Grupo 
Gen: Forense, 2013, p. 619. 
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34 
b) Dilatórias: acarretam apenas a prorrogação no curso do 
processo, procrastinando-o, ou transferindo o seu exercício, Das cinco 
modalidades do art. 95 são dilatórias a: de suspeição (o impedimento 
e a incompatibilidade seguem o mesmo procedimento da suspeição), 
a de incompetência de juízo e a de ilegitimidade de parte.
No caso da exceção de ilegitimidade, alguns autores à 
enquadram como exceção dilatória (Fernando Capez e Júlio 
Mirabete), contudo tal entendimento é minoritário, já que, em 
havendo reconhecimento da ilegitimidade, o processo será extinto. 
Desse modo o entendimento majoritário é de que apenas a 
exceção de suspeição e incompetência são exceções dilatórias.
Em regra, as exceções são processadas em autos apartados e 
não suspendem o andamento do processo. Art. 111. As exceções 
serão processadas em autos apartados e não suspenderão, em regra, 
o andamento da ação penal.
Com relação à exceção de suspeição, caso a parte contrária 
reconheça a procedência da arguição, o curso do processo poderá ser 
suspenso, conforme dispõe o art. 102 do CPP: Quando a parte 
contrária reconhecer a procedência da arguição, poderá ser sustado, 
a seu requerimento, o processo principal, até que se julgue o 
incidente da suspeição.
Como o juiz pode apreciar as questões de ofício, mesmo que a 
exceção tenha sido arguida de maneira incorreta o juiz não estará 
impedido de apreciá-las.
Exceção de Suspeição29: Segue o mesmo procedimento das 
exceções de impedimento30 ou incompatibilidade31. 
 
29 Suspeição: Em regra, as hipóteses de suspeição referem-se a uma relação externa ao processo (Ex.: 
relação de amizade ou de inimizade). Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser 
recusado por qualquer das partes: I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles; II - se 
ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre 
cujo caráter criminoso haja controvérsia; III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou afim, atéAula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 
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35 
O ônus da prova da suspeição é da parte que faz a sua 
arguição, ou seja, do excipiente. 
Sobre suspeição o Conselho Nacional de Justiça regulamentou a 
denominada suspeição por foro íntimo. Vejamos:
RESOLUÇÃO Nº 82, de 09 de junho de 2009. 
Regulamenta as declarações de suspeição por foro íntimo.
O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, no uso de suas 
atribuições, Considerando que durante Inspeções realizadas pela 
Corregedoria Nacional de Justiça foi constatado um elevado número de 
declarações de suspeição por motivo de foro íntimo;
Considerando que todas as decisões dos órgãos do Poder Judiciário 
devem ser fundamentadas (art. 93, IX, da CF);
Considerando que é dever do magistrado cumprir com exatidão as 
disposições legais (art. 35, I, da LC 35/1979), obrigação cujo 
observância somente pode ser aferida se conhecidas as razões da 
decisão;
Considerando que no julgamento do relatório da Inspeção realizada no 
Poder Judiciário Estadual do Amazonas foi aprovada a proposta de 
edição de Resolução, pelo Conselho Nacional de Justiça, para que a as 
razões da suspeição por motivo íntimo, declarada pelo magistrado de 
primeiro e de segundo grau, e que não serão mencionadas nos autos, 
sejam imediatamente remetidas pelo magistrado, em caráter sigiloso, 
para conhecimento pelo Tribunal ao qual está vinculado;
Considerando que a sistemática de controle é adotada, com êxito, há 
vários anos, por alguns Tribunais do País. 
R E S O L V E:
Art. 1º. No caso de suspeição por motivo íntimo, o magistrado de 
primeiro grau fará essa
 
o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por 
qualquer das partes; IV - se tiver aconselhado qualquer das partes; V - se for credor ou devedor, tutor ou 
curador, de qualquer das partes; VI - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada 
no processo. A suspeição tem como consequência a nulidade absoluta do ato. Art. 564. A nulidade 
ocorrerá nos seguintes casos: I - por incompetência, suspeição ou suborno do juiz. 
30 Impedimento: Em regra, as hipóteses de impedimento referem-se a uma relação interna com o 
processo. Estas causas são taxativas. Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que: 
I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o 
terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, 
auxiliar da justiça ou perito; (neste caso fica no processo quem atuou primeiro) II - ele próprio houver 
desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha; III - tiver funcionado como juiz de 
outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão; IV - ele próprio ou seu cônjuge 
ou parente, consangüíneo ou afim em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou 
diretamente interessado no feito. 
A consequência da prática de atos jurisdicionais por um juiz impedido será, para a doutrina, a declaração 
de inexistência do ato. Já a jurisprudência entende que seria caso de nulidade absoluta. 
31 As causas de incompatibilidade são aquelas previstas nas leis de organização judiciária e no CPP (art. 
253) que não estão elencadas entre as causas de suspeição e impedimento. Como consequência tem-se a 
nulidade absoluta dos atos. 
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36 
afirmação nos autos e, em ofício reservado, imediatamente exporá as 
razões desse ato à Corregedoria local ou a órgão diverso designado pelo 
seu Tribunal.
Art. 2º. No caso de suspeição por motivo íntimo, o magistrado de 
segundo grau fará essa afirmação nos autos e, em ofício reservado, 
imediatamente exporá as razões desse ato à Corregedoria Nacional de 
Justiça.
Art. 3º. O órgão destinatário das informações manterá as razões em 
pasta própria, de forma a que o sigilo seja preservado, sem prejuízo do 
acesso às afirmações para fins correcionais. 
Art. 4º. Esta resolução entrará em vigor na data de sua publicação. 
Ministro GILMAR MENDES 
Procedimento da exceção de suspeição: É possível o juiz 
declarar-se suspeito, impedido ou incompatível de ofício.
O que ocorre quando o juiz se declara suspeito e há dúvida 
quanto à suspeição? Caso o substituto não concorde com a decisão 
do juiz, deve comunicar o fato ao Conselho Superior da Magistratura. 
Isso somente para fins de eventual punição, porque o juiz não pode 
ser obrigado a julgar o caso se se declarar suspeito de ofício.
Arguição da exceção de suspeição pelas partes:
1) petição escrita dirigida ao juiz. Não há exceção de 
suspeição oral. Todas as outras exceções podem ser 
feiras oralmente, exceto a de suspeição. 
2) a arguição deve se dar na primeira oportunidade em 
que a parte aparecer no processo (se for o MP ou o 
Querelante, no momento do oferecimento da peça 
acusatória; se quem está arguindo a suspeição é o 
acusado, deverá ser apresentada na Resposta Escrita à 
Acusação – art. 396-A CPP); 
3) deve ser assinada pela parte ou pelo advogado que 
deverá ter procuração com poderes especiais. 
4) a arguição é dirigida ao juiz. A primeira possibilidade é 
o acolhimento pelo juiz. Uma vez acolhida a exceção 
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37 
de suspeição, os autos são remetidos ao substituo 
legal.
Também pode ocorrer de o juiz acolher a exceção. Se ele 
acolhe a suspeição, automaticamente os autos serão remetidos ao 
seu substituto e contra esta decisão não caberá recurso. 
Obs. As exceções, em geral são julgadas pelo juiz, exceto no 
caso de exceção de suspeição ou de impedimento.
Sobre o tema vale a transcrição de dois dispositivos do CPP: 
Art. 99. Se reconhecer a suspeição, o juiz sustará a marcha do 
processo, mandará juntar aos autos a petição do recusante com os 
documentos que a instruam, e por despacho se declarará suspeito, 
ordenando a remessa dos autos ao substituto. 
Art. 100. Não aceitando a suspeição, o juiz mandará autuar em 
apartado a petição, dará sua resposta dentro em três dias, podendo 
instruí-la e oferecer testemunhas, e, em seguida, determinará sejam 
os autos da exceção remetidos, dentro em vinte e quatro horas, ao 
juiz ou tribunal a quem competir o julgamento. 
§ 1o Reconhecida, preliminarmente, a relevância da arguição, o juiz 
ou tribunal, com citação das partes, marcará dia e hora para a 
inquirição das testemunhas, seguindo-se o julgamento, 
independentemente de mais alegações. 
§ 2o Se a suspeição for de manifesta improcedência, o juiz ou relator 
a rejeitará liminarmente.
Caso o juiz não acolha a exceção de suspeição, autua em 
apartado a exceção, oferece resposta em três dias e remete os autos 
ao Tribunal, no prazo de 24 horas. 
No Tribunal, duas coisas podem ocorrer: 
1. rejeição liminar em caso de manifesta improcedência; 
2. se houver uma verossimilhança na alegação, o Tribunal ouve 
as testemunhas e profere a decisão. 
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De acordo com o CPP, contra essa decisão do Tribunal, não 
cabe recurso.
No entanto, a doutrina entende que nada impede que o réu se 
utilize de habeas corpus

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