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Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 1 Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Olá amigos, Bom dia! Boa tarde! e Boa noite! Nosso objetivo de hoje: Aula 7: Jurisdição; competência; conexão e continência; prevenção; Questões e procedimentos incidentes. Competência da justiça federal, dos tribunais regionais federais, do STJ e do STF, conflito de competência. Antes, porém, conforme prometido no fim da aula passada, vamos a orientação para resposta do questionamento deixado. Lembra-se da pergunta? Vamos rememorar. “Questão discursiva: Explique e justifique o modo natural e legal de se elaborar a investigação de infrações penais de menor potencial ofensivo, informando o conteúdo mínimo desse meio investigativo.” Sobre o tema propomos a seguinte abordagem: O termo circunstanciado de ocorrência é um substituto legal do inquérito policial no caso de apuração de infrações penais de menor potencial ofensivo. Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 2 Trata-se de peça de atribuição exclusiva da autoridade policial, ou seja, do Delegado de Polícia. Assim, o panorama é o seguinte: Se o crime que será apurado tiver pena superior a 2 anos (crimes de médio e maior potencial ofensivo) o meio de investigação na natural será o Inquérito Policial. Por outro lado, caso o crime a ser apurado tiver pena não superior a 2 anos ou for uma contravenção (infrações penal de menor potencial ofensivo) o meio natural de investigação criminal será o Termo Circunstanciado de Ocorrência. O Termo Circunstanciado de Ocorrência é tratado no seguinte artigo da lei 9099/95: Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando- se as requisições dos exames periciais necessários. Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima. (Redação dada pela Lei nº 10.455, de 13.5.2002) O Termo Circunstanciado de Ocorrência deverá conter: 1) O local onde foi elaborado; 2) Data e hora do Fato; Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 3 3) Data e hora da Comunicação; 4) Local e natureza da ocorrência; 5) Nome e qualificação do condutor com o resumo de suas declarações; 6) Nome e qualificação de outras testemunhas com o resumo de suas declarações; 7) Nome e qualificação do autor do fato com o resumo de suas declarações (se ele prestá-las);1 8) Indicação das diligências determinadas; 9) E a colheita dos compromissos de autor e vítima do fato, no caso de impossibilidade de imediato encaminhamento ao Juizado Especial Criminal. 10) Data 11) Autenticação (Assinatura da Autoridade Policial responsável). Abordada a questão da aula passada vamos aos temas da aula de hoje. 2010 – CESPE – TRE/MT – Analista A competência é, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. Certo Comentário: A questão trata da literalidade do art. 70 do CPP. 1 NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. Volume 2. São Paulo: Editora RT, 2012, 6ª edição, p. 441/442. Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 4 Cespe - A competência jurisdicional não é determinada em função A) da prevenção. B) da distribuição. C) do lugar da infração. D) do domicílio ou residência da vítima. Comentário: Conforme dispõe o CPP, não é critério utilizado para fixação de competência o domicílio da vítima, mas sim o domicílio do réu. A letra a ser marcada será a D, que não condiz com nenhum critério utilizado pelo CPP, nos moldes do art. 69. Questão Simulada: Marque a alternativa incorreta: a) A competência do Tribunal de Justiça para julgar Prefeitos não se restringe aos crimes de competência da Justiça comum estadual. b) A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição estadual. c) Compete a justiça federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeita a prestação de contas perante o órgão federal. d) Compete a justiça estadual processar e julgar prefeito por desvio de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal. Comentário: A letra A está errada, conforme dispõe a Súmula 702 do STF. A letra B está correta, conforme dispõe a Súmula 721 do STF. A letra C está correta, conforme dispõe a Súmula 208 do STJ. Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 5 A letra D está correta, conforme dispõe a Súmula 209 do STJ. CESPE - Questão 26 – Prova de Juiz Federal – TRF 5ª Região. No que concerne à competência processual penal, assinale a opção correta. a) A prerrogativa de foro de deputado estadual acusado de crime contra o SFN submete-o ao tribunal de justiça do estado, e não, ao TRF. b) Não compete à justiça federal processar e julgar crime praticado por funcionário público por equiparação, no exercício de suas funções, ainda quando em detrimento do patrimônio da União. c) Mostra-se incompatível com a CF o deslocamento para a assembleia legislativa local, ainda que mediante emenda à constituição do estado, do processo e julgamento dos conselheiros do tribunal de contas estadual, nas infrações político-administrativas. d) Compete à justiça federal o julgamento de ação que apure uso de carteira de trabalho e previdência social falsa em demanda judicial que objetive a obtenção de benefício previdenciário do INSS, e o fato de o autor da ação previdenciária dela desistir altera a competência penal, deslocando-a para a justiça comum estadual. e) O crime de roubo cometido no interior de aeronave que se encontre em solo não atrai a competência da justiça federal para processá-lo e julgá-lo. Gabarito: C Justificativas da própria Banca Cespe: “Por discordar do gabarito preliminar oficial, pugna o candidato pela anulação da questão, ao argumento de que ―(...) comporta duas alternativas corretas, uma vez que a alternativa ―E‖ da prova modelo contém questão correta, visto que a competência para processar e julgar o crime de roubo a bordo de aeronave não é pura e simplesmente da justiça federal, esteja a aeronave em solo ou não, uma vez que Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 6 a Justiça Especializada Militar também o é, quando se trate de crimes militares. Considerando que a questão não apresentou esta ressalva, nada se pode afirmar sobre a competência da justiça federal, o que torna a opção indicada também correta. Assim, a questão deve ser anulada.‖Não assiste razão ao recorrente, que faz interpretação forçada da assertiva ―E‖, cuja redação é a seguinte: ―O crime de roubo cometido no interior de aeronave que se encontre em solo não atrai a competência da justiça federal para processá-lo e julgá-lo.‖ A afirmação está incorreta. Nos termos do art. 109, IX, da CF/88, é competente a justiça federal para processar e julgar os delitos cometidos a bordo de aeronaves, independentemente de elas se encontrarem no solo. Nesse sentido: STJ – HC 108.478-SP, Rel. Min. Adilson Vieira Macabu (Desembargador convocado do TJRJ), julgado em 22/02/2011. Nesse contexto, a ressalva de que fala o recorrente, relativa à competência da justiça militar, não foi prevista pela opção―E‖, não tendo, ainda, o condão de tornar essa assertiva correta.2 Grifos acrescidos”3 Na oportunidade, visando ampliar o estudo e abarcar possíveis questionamentos, passamos a fazer considerações teóricas sobre a matéria: Jurisdição e Competência Para a correta apresentação da ação penal, é necessário conhecer as normas definidoras da competência criminal, já que está delimita o exercício da jurisdição penal. Sobre o tema a obra lapidar mais moderna sobre o assunto, com certeza é a do professor Renato Brasileiro de Lima, que acabou por elaborar um tratado a respeito do assunto. Com base nas lições exaradas pelo ilustre professor e o estudo de obras especializadas no assunto, passamos a expor as 2 Disponível em: http://www.cespe.unb.br/concursos/TRF5JUIZ2011/arquivos/TRF_5_JUSTIFICATIVAS_DE_MANUTEN____O_DE_ALTERA__ __O_DE_GABARITOS_FINAL.PDF 3 CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. No prelo a 1ª edição. Rio de Janeiro: Grupo Gen: Forense, 2013, no prelo. Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 7 considerações otimizadas a respeito do tema e que reputamos adequadas à previsão do edital. “A jurisdição é repartida em competências, com o objetivo de melhor operacionalizar a administração da Justiça. Segundo a doutrina, competência é o limite e a medida da jurisdição, é uma delimitação do poder jurisdicional. Competência, nesse contexto, é a quantidade de poder conferida por lei a um juiz ou a um tribunal. Na fixação da competência criminal devemos observar os critérios relacionados à matéria, à pessoa, à função e ao território. Avaliando os mencionados critérios precisamos visualizar a seguinte esquematização: Dizer que essas três regras de competência (material, pessoal e funcional) são de cunho absoluto, significa afirmar que elas são improrrogáveis (ou seja, não podemos admitir que um juiz absolutamente incompetente venha, por qualquer razão, a se tornar competente); assim, uma vez vulneradas essas regras os atos então praticados estarão eivados de nulidade absoluta (insanáveis). A competência territorial tem natureza relativa, isto é, trata-se de regra de competência prorrogável, que conduzirá à nulidade relativa (sanável). Segundo a maioria da doutrina a competência territorial também seria conhecida de ofício pelo juízo, ou seja, no Processo Penal não só as hipóteses de competência absoluta, mas Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 8 também as hipóteses de competência relativa seriam conhecidas de ofício pelo juízo. Isso ocorreria por força do artigo 109 do Código de Processo Penal, que nos diz que o juiz poderá, até a entrega da prestação jurisdicional, declarar-se incompetente de ofício. Como esse dispositivo não estabelece qualquer distinção entre competência em razão da matéria, competência territorial, competência por prerrogativa da função e competência funcional, entende-se (majoritariamente4) que a regra do artigo 109 do CPP estender-se-ia a toda e qualquer competência, inclusive à competência territorial, que tem natureza relativa. Art. 109 - Se em qualquer fase do processo o juiz reconhecer motivo que o torne incompetente, declará-lo-á nos autos, haja ou não alegação da parte, prosseguindo-se na forma do artigo anterior. Portanto, essa seria uma grande distinção a separar o Processo Civil do Processo Penal, visto que no Processo Civil o juízo incompetente relativamente, para que se declare incompetente, carece de provocação das partes, enquanto no Processo Penal não careceria, uma vez que ele poderia de ofício declarar-se incompetente (mesmo que relativamente). Por conta desse diferencial entre Processo Civil e Penal, há autores, como GERALDO PRADO e AFRÂNIO SILVA JARDIM, que chegam a mencionar que no Processo Penal todas as regras de competência seriam absolutas, visto que todas podem ser conhecidas de ofício pelo juízo. No entanto, essa assertiva é minoritária, pois em que pese esse ponto de 4 Existe entendimento no sentido contrário e o maior referencial doutrinário dessa discussão é TOURINHO FILHO. Esse segundo entendimento, aderido por MARCELLUS POLASTRI, já foi abordado pelo Superior Tribunal de Justiça, onde se concluiu que a competência territorial, por ser relativa, também não poderia ser conhecida de ofício pelo juízo (visto que careceria de provocação da parte), ou seja, para o STJ o mesmo raciocínio do Processual Civil deve ser aplicado no Processo Penal. Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 9 contato entre competência absoluta e relativa, outras diferenças subsistiriam a legitimar essa distinção. Essas diferenças seriam: ● As regras de competência absoluta se mostram improrrogáveis (não convalidáveis com o decurso do tempo), enquanto as de competência relativa se mostram prorrogáveis (convalidáveis com o decurso do tempo); ● As regras de competência absoluta geram nulidade absoluta do processo, enquanto as de competência relativa geram nulidade relativa. Portanto, uma vez que se manteriam conservadas essas diferenças, a distinção entre competência absoluta e relativa continua sendo adequada. E nesse sentido o Supremo Tribunal Federal, nos diz, categoricamente, que a competência por prevenção (competência territorial) tem natureza relativa. Súmula 706 STF- É relativa a nulidade decorrente da inobservância da competência penal por prevenção. Outro ponto de destaque é o cuidado ao se ler o artigo 567 do Código de Processo Penal. Este dispositivo afirma que a incompetência do juízo anularia somente os atos decisórios. Se estivermos diante de uma hipótese de incompetência relativa não teremos maiores dificuldades porque, como os atos processuais, até então praticados, são plenamente sanáveis, nada exigiria que eles viessem a ser ratificados e essa ratificação retroagiria à data da realização do ato. Porém, se estivermos diante atos de competência absoluta deveríamos concluir que tais atos estariam eivados de nulidade absoluta ou seja, esses atos mostrar-se-ão completamente insanáveis. Diante disso, sendo o primeiro ato decisório praticado pelo juiz no processo o recebimento da inicial, Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 10 supondo que seja nulo esse recebimento, serão nulos todos os demais atos processuais, pois todos os atos processuais subsequentes têm como premissa o recebimento da denúncia. É o que nos diz o artigo 573, parágrafo primeirodo CPP. Art. 567 - A incompetência do juízo anula somente os atos decisórios, devendo o processo, quando for declarada a nulidade, ser remetido ao juiz competente. Art. 573 - Os atos, cuja nulidade não tiver sido sanada, na forma dos artigos anteriores, serão renovados ou retificados. § 1º - A nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2° - O juiz que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se estende. Quanto aos atos instrutórios, estes não precisariam ser desconsiderados, podendo ser aproveitados, porque embora os atos instrutórios não tenham sido realizados perante um juízo rigorosamente competente, é certo que todos esses atos foram realizados publicamente, na presença de um juiz (incompetente), de um promotor (possivelmente sem atribuição), mas na presença também da defesa. Então, em se tratando de atos instrutórios, não seria razoável desconsiderá-los inteiramente, portanto eles poderão ser ratificados. Fazendo temperamentos sobre a questão à luz do princípio da identidade física do juiz, aponta Renato Brasileiro: Ora, se doravante o juiz que presidir a instrução deve proferir a sentença, como se pode, então, admitir que a prova colhida perante o juízo incompetente seja reaproveitada perante seu juízo natural? A nosso juízo, portanto, uma vez reconhecida a incompetência absoluta ou relativa, há de ser reconhecida a nulidade dos atos probatórios, Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 11 renovando-se a instrução perante o juiz natural da causa, em fiel observância ao princípio da identidade física do juiz.5 Ainda sobre a competência criminal devem ser expostas lições atreladas ao princípio do juiz natural. Vejamos: O princípio do juiz natural pode ser entendido, com base nas lições de Renato Brasileiro de Lima, como o direito que cada cidadão tem de saber, previamente, a autoridade que irá processá-lo e julgá- lo caso venha a praticar uma conduta definida como infração penal pelo ordenamento jurídico. E ainda, segundo o referido autor, Juiz natural, ou juiz legal, dentre outras denominações, é aquele constituído antes do fato delituoso a ser julgado, mediante regras taxativas de competência estabelecidas pela lei.6 A sede do referido princípio se encontra no Art. 5º, inciso XXXVII, da Constituição Federal que preceitua que não haverá juízo ou tribunal de exceção e no inciso LIII do mesmo dispositivo que afirma: ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente. Antonio Scarance Fernandes, citado por Renato Brasileiro, informa que embora dúplice a garantia do juiz natural, a expressão ampla dessas garantias desdobra-se em “três regras de proteção: 1) só podem exercer jurisdição os órgãos instituídos pela Constituição; 2) ninguém pode ser julgado por órgão instituído após o fato; 3) entre os juízes pré-constituídos vigora uma ordem taxativa de competências que exclui qualquer alternativa deferida à discricionariedade de quem quer que seja.”7”8 5 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal, vol. I, Niterói, RJ: Impetus, 2011, p. 447. 6 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal, vol. I, Niterói, RJ: Impetus, 2011, p. 52. 7 Scarance, Processo Penal constitucional. 3ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais. 2008. P. 65 apud LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal, vol. I, Niterói, RJ: Impetus, 2011, p.55. 8 CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. No prelo a 1ª edição. Rio de Janeiro: Grupo Gen: Forense, 2013, no prelo, p. 381/390. Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 12 Conexão “No processo penal a conexão é uma forma de reunião de processos pautada na relação de direito material existente entre as infrações penais. São espécies de conexão: a) Intersubjetiva – pluralidade de sujeitos a.1) Por simultaneidade – art. 76, I, primeira parte – a ligação entre os crimes é a circunstância objetiva do tempo e do lugar. Ex.: diversas infrações num estádio de futebol, cometidas por várias pessoas ao mesmo tempo (não pode ser rixa, que configura um só delito, não havendo lugar para se falar em conexão). a.2) Por concurso – art. 76, I, segunda parte – importa o elemento subjetivo, de modo a permitir a atribuição de responsabilidade a todos por todos os crimes. O dado essencial é a existência de concurso de agentes na prática de várias infrações. Há uma ligação entre duas ou mais infrações ocasionada pela prática de várias infrações por duas ou mais pessoas previamente ajustadas que praticam a conduta em circunstancias de tempo e lugar distintos. a.3) Por reciprocidade – art. 76, I, terceira parte – ponto de afinidade é a motivação. Ex.: delitos praticados, ao longo do tempo, entre famílias adversárias, com relação de causa e conseqüência. b) Material ou teleológica – um crime é praticado com a finalidade de garantir a impunidade, a ocultação ou a vantagem de crime anterior. Pode ou não haver pluralidade de sujeitos. Art. 76, II. Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 13 c) Probatória – quando a prova de uma infração puder influir na prova das demais. Pode ou não haver pluralidade de sujeitos. Art. 76, III. Nota característica de todas as modalidades de conexão: pluralidade de condutas (e não só de resultados). Continência A continência por sua vez, impõe a reunião dos processos em virtude da amplitude dos elementos de uma ação penal (partes, pedido e causa de pedir) envolver, abranger, os elementos de outra demanda. Registre-se, porém, a observação de Eugênio Pacelli de Oliveira, no sentido de não se verificar, no processo penal, nenhuma relação de continente e conteúdo, ou identidade de partes, restando possível relação de continência somente no que tange à causa de pedir. Hipóteses: Concurso de agentes, uma infração (art. 77, I) Concurso formal de crimes (art. 70, CP), aberratio ictus (art. 73 do CP) e aberratio criminis (art. 74 do CP) – art. 77, II, do CPP. Nota característica da continência: unidade de conduta, embora em alguma delas possa ocorrer concurso de crimes, em razão do resultado lesivo a mais de um bem jurídico. O limite temporal para reunião dos processos por conexão ou continência é a prolação de sentença em um deles. Após esse Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 14 momento, os processos serão reunidos apenas para efeito de soma/unificação de penas, pelo juiz da execução. . A reunião de processos pode se dar por iniciativa das partes ou de ofício.”9 Ainda sobre a competência em matéria criminal, importa listar os dispositivos relacionados ao tema e que podem ser cobrados tanto na prova de processo penal quanto na de constitucional, vejamos: “Competência penal do STF, do STJ, dos TRFs, dos Juízes Federais e dos Juizados Especiais Federais: Arts. 102, 105, 108, 109 e 98, inciso I e parágrafo 1 (todos da Constituição Federal) e arts. 60 e 61 da lei 9099 e art. 2 da Lei 10.259. E ainda os artigos 68 a 83 do CPP.” 9 CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. No preloa 1ª edição. Rio de Janeiro: Grupo Gen: Forense, 2013, no prelo, p. 391/392. Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 15 Ponto importante: Registre em sua mente a seguinte sistematização: ”Sistematização da competência por prerrogativa de função (STF; STJ; TRF e TJ) prevista na Constituição Federal. STF Art. 102 da CF Infrações Penais Comuns Infrações Penais Comuns e Crimes de Responsabilidade Presid. Rep., Vice Pres., Dep. Federal, Senadores, Min. do STF, Proc. Geral da República e AGU. Min. de Estado, Comandantes das F. Armadas, Min. dos Tribunais Superiores, TCU e Chefes de missão diplomática permanente. Se o crime de responsabilida de for conexo com o do PR e Vice Se o crime de responsabilida de for conexo com o do PR e Vice Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 16 TRF (art. 108) PREFEITOS MUNICIPAIS que pratiquem crime federal (Sumula 702, STF) DEPUTADOS ESTADUAIS OU DISTRITAIS que praticam crime federal Obs. isso é entendimento do STF desde 2002. JUIZES FEDERAIS MEMBROS DO MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO que atuam em 1º grau. Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 17 Observando o edital da Polícia Federal, percebemos atenção especial (como não poderia ser diferente) à competência criminal da Justiça Federal, razão pela qual passamos a tecer breves considerações sobre o tema pautadas nas lições exaradas em nosso Processo Penal Sistematizado: “Competência da Justiça Federal Comum de 1ª Instancia A priori é importante registrar que a competência da Justiça Federal tem caráter absoluto, haja vista sua forma expressa de fixação no texto constitucional. A competência da justiça federal, desse modo, não pode ser ampliada por lei infraconstitucional.10 Vejamos a sequência constitucional: Art. 109 da CF: IV – julgar os crimes políticos Entende-se por crime político aquela tem aptidão para afetar as instituições democráticas e a base do Estado. Entretanto, para que se fale em crime político não basta a finalidade de desestabilizar as instituições democráticas, pois, em virtude do princípio da taxatividade penal, a finalidade deve ser materializada em uma daquelas previstas na lei – Lei 7170/83 - crimes contra a segurança nacional. Desse modo se poderia sintetizar a definição de crime político11 da seguinte forma: é aquele que tem por objetivo desestabilizar a estrutura do Estado e as instituições democráticas, exigindo-se qualquer uma das finalidades expressas na Lei 7170/83. Art. 109 da CF: IV – crimes contra bens (moveis ou imóveis, listados no art. 20 da CF), serviços (o serviço está vinculado a prestação publica federal) ou interesse (é um conceito vago, mas interesse federal vem sendo interpretado pelo Supremo como a finalidade do órgão – vinculo teleológico) da 10 Nesse sentido: ADI 2.473-MC, Rel. Min. Néri da Silveira, julgamento em 13-9-01, DJ de 7-11-03. 11 Interessante observar, no contexto dos crimes políticos, que o sistema recursal é diferenciado, sendo que caberá recurso ordinário constitucional para o STF das decisões que condenarem ou absolverem os envolvidos nesses crimes, servindo assim, nossa côrte constitucional, como segundo grau dos julgamentos de crime político. Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 18 União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; Pela leitura do dispositivo acima se percebe que a Justiça Federal não julga contravenção, mas somente crime! Por isso se costuma afirmar que, excetuada a hipótese em que a contravenção tenha alguma relação de conexão a um crime federal, seu julgamento, regra geral, se dará pelo juízo estadual. Embora a afirmação acima seja rotineira na doutrina, ainda se poderia aventar a possibilidade de um servidor público federal, detentor de foro por prerrogativa de função, praticar uma contravenção penal, nesse caso, estando a competência determinada no art. 108 da CF/88, poderia se concluir que, a justiça federal de segunda instancia, pode sim, excepcionalmente, julgar uma contravenção penal, haja vista a ausência de exclusão expressa das contravenções penais pelo referido dispositivo constitucional: “Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais: I - processar e julgar, originariamente: a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;” Segundo o STJ os crimes praticados contra ou por funcionário publico federal no exercício das funções serão julgados pela justiça federal. Nesse sentido: Súmula 147 do STJ: Compete a justiça federal processar e julgar os crimes praticados contra funcionário publico federal, quando relacionados com o exercício da função. Na análise do presente inciso se verifica que, embora o assunto seja aprofundado pelo direito administrativo, o criminalista precisa ter uma mínima noção da natureza jurídica do órgão prejudicado pelo crime para então fixar corretamente a competência. Nesse desiderato listo as entidades mais frequentemente cobradas em provas e exames: Autarquias: Banco Central, INSS, Agências Reguladoras, IBAMA. Empresas públicas: Correios e CEF (Entretanto, se um assalto atingir uma casa lotérica, o crime será julgado na justiça estadual, pois tal prestação é veiculada pela iniciativa privada, se caracterizando uma concessão de serviço). Fundações: FUNAI. Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 19 No contexto do presente inciso estariam excluídos da competência da Justiça Federal, os delitos praticados contra os seguintes entes: Sociedades de Economia Mistas12 como o Banco do Brasil e a Petrobras; os Sindicatos; e as Entidades particulares de ensino superior13. Problemática é a questão da competência criminal nas hipóteses em que um Conselho de Fiscalização profissional figurar como sujeito passivo da infração penal. Tal discussão se pautava na natureza jurídica desse entes, pois, por um bom tempo considerados entes autárquicos federais, perderam referida natureza com a edição da lei 9649/98, que em seu artigo 58 estipulava: Art. 58. Os serviços de fiscalização de profissões regulamentadas serão exercidos em caráter privado, por delegação do poder público, mediante autorização legislativa. (Vide ADIN nº 1.717-6) § 1o A organização, a estrutura e o funcionamento dos conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas serão disciplinados mediante decisão do plenário do conselho federal da respectiva profissão, garantindo-se que na composição deste estejam representados todos seus conselhos regionais. (Vide ADIN nº 1.717-6) § 2o Os conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas, dotados de personalidade jurídica de direito privado, não manterão com os órgãos da Administração Pública qualquer vínculo funcional ou hierárquico. (Vide ADIN nº 1.717-6) § 3oOs empregados dos conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas são regidos 12 Súmula 42 do STJ: compete a justiça comum estadual processar e julgar as causas cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento. Grifos acrescidos. 13 Com a ressalva das instituições integrantes do sistema federal de ensino, conforme se verifica da seguinte decisão do STF: HC 93938 / SP - SÃO PAULO - HABEAS CORPUS - Relator(a): Min. LUIZ FUX Julgamento: 25/10/2011 Órgão Julgador: Primeira Turma – Publicação DJe-222 DIVULG 22-11-2011 PUBLIC 23-11-2011 EMENT VOL-02631-01 PP-00147 ... Ementa: PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO, FALSIDADE IDEOLÓGICA E USO DE DOCUMENTO FALSO. DIPLOMA E CERTIFICADO DE CONCLUSÃO DE CURSO SUPERIOR EM INSTITUIÇÃO PRIVADA DE ENSINO FALSOS. APRESENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE REGISTRO PROFISSIONAL NO CONSELHOREGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO – CRA. COMPETÊCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. INFRAÇÕES PRATICADAS EM DETRIMENTO DE SERVIÇOS E INTERESSES DA UNIÃO (ART. 109, IV, DA CF). INSTITUIÇÕES PRIVADAS DE ENSINO SUPERIOR INTEGRANTES DO SISTEMA FEDERAL DE ENSINO (ARTS. 16, II, E 21, II, DA LEI N. 9.394/96). SUJEITAS, PORTANTO, À AUTORIZAÇÃO, FISCALIZAÇÃO, SUPERVISÃO, CONTROLE E AVALIAÇÃO DO PODER PÚBLICO FEDERAL. ORDEM INDEFERIDA. 1. O uso de documento falso de instituição privada de ensino superior, com o fato de apresentá-lo ao órgão de fiscalização profissional federal, é delito cognoscível pelajustiça federal, que ostenta, para o caso concreto, competência absoluta. 2. É que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei n. 9.394/96) explicita que a educação superior está inserida no gênero educação escolar, bem como prevê que as instituições de ensino superior criadas e mantidas pela iniciativa privada também integram o sistema federal de ensino, nos termos dos artigos 21, inciso II, e 16, inciso II, respectivamente. 3. Outrossim, o artigo 109, inciso IV, da Constituição Federal determina que “Aos juízes federais compete processar e julgar: (...) IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da JustiçaMilitar e da Justiça Eleitoral” (Sem grifos no original). 4. In casu: (i) discute-se acompetência para processar e julgar delitos relacionados à falsificação de diploma e de certidão de conclusão de curso superior em instituição privada de ensino, para fins de obtenção de registro profissional perante o Conselho Regional de Administração (CRA), cuja natureza jurídica é de autarquia federal; (ii) o paciente foi denunciado, por esses fatos, perante a 3ª Vara Federal Criminal do Estado de São Paulo como incurso nas sanções dos artigos 297, 299 e 304 do Código Penal; (iii) a defesa opôs exceção de incompetência, pleiteando a remessa do autos à Justiça Estadual, sob o argumento de que, embora o documento dito falso tenha sido apresentado a autarquia federal, a credibilidade que teria sido abalada é a da instituição de ensino particular, pois seria ela quem estaria atestando a inexistente formatura do acusado, e não a seriedade do Conselho Regional de Administração. 5. Considerando que o diploma falsificado diz respeito a instituição de ensino superior, incluída no Sistema Federal de Ensino, conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei n. 9.394/96), resta patente que o delito narrado na denúncia foi praticado em detrimento de interesse da União, a atrair a competência da Justiça Federal (art. 109, IV, CRFB), mesmo porque se operou o seu uso, sendo que consta que a referida autarquia teria descoberto a fraude e negado a emissão do registro. 6. Ordem indeferida. Decisão: Por maioria de votos, a Turma denegou a ordem de habeas corpus, nos termos do voto do Relator, vencido o Senhor Ministro Marco Aurélio. Presidência da Senhora Ministra Cármen Lúcia. 1ª Turma, 25.10.2011. Grifos acrescidos Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 20 pela legislação trabalhista, sendo vedada qualquer forma de transposição, transferência ou deslocamento para o quadro da Administração Pública direta ou indireta. § 4o Os conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas são autorizados a fixar, cobrar e executar as contribuições anuais devidas por pessoas físicas e jurídicas, bem como preços de serviços e multas, que constituirão receitas próprias, considerando-se título executivo extrajudicial a certidão relativa aos créditos decorrentes. (Vide ADIN nº 1.717-6) § 5o O controle das atividades financeiras e administrativas dos conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas será realizado pelos seus órgãos internos, devendo os conselhos regionais prestar contas, anualmente, ao conselho federal da respectiva profissão, e estes aos conselhos regionais. (Vide ADIN nº 1.717-6) § 6o Os conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas, por constituírem serviço público, gozam de imunidade tributária total em relação aos seus bens, rendas e serviços. (Vide ADIN nº 1.717-6) § 7o Os conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas promoverão, até 30 de junho de 1998, a adaptação de seus estatutos e regimentos ao estabelecido neste artigo. (Vide ADIN nº 1.717-6) § 8o Compete à Justiça Federal a apreciação das controvérsias que envolvam os conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas, quando no exercício dos serviços a eles delegados, conforme disposto no caput. (Vide ADIN nº 1.717-6) § 9o O disposto neste artigo não se aplica à entidade de que trata a Lei no 8.906, de 4 de julho de 1994. Entretanto, o STF, na ADI 1717 reconheceu a natureza autárquica federal dos referidos conselhos, declarando a inconstitucionalidade do artigo mencionado acima, in verbis: ADI 1717 / DF - DISTRITO FEDERAL - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - Relator(a): Min. SYDNEY SANCHES - Julgamento: 07/11/2002 - Órgão Julgador: Tribunal Pleno - Publicação DJ 28-03- 2003 PP-00061 EMENT VOL-02104-01 PP-00149... EMENTA: DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 58 E SEUS PARÁGRAFOS DA LEI FEDERAL Nº 9.649, DE 27.05.1998, QUE TRATAM DOS SERVIÇOS DE FISCALIZAÇÃO DE PROFISSÕES REGULAMENTADAS. 1. Estando prejudicada a Ação, quanto ao § 3º do art. 58 da Lei nº 9.649, de 27.05.1998, como já decidiu o Plenário, quando apreciou o pedido de medida cautelar, a Ação Direta é julgada procedente, quanto ao mais, declarando-se a inconstitucionalidade do "caput" e dos § 1º, 2º, 4º, 5º, 6º, 7º e 8º do mesmo art. 58. 2. Isso porque a interpretação conjugada dos artigos 5°, XIII, 22, XVI, 21, XXIV, 70, parágrafo único, 149 e 175 da Constituição Federal, leva à conclusão, no sentido da indelegabilidade, a uma entidade privada, de atividade típica de Estado, que abrange até poder de polícia, de tributar e de punir, no que concerne ao exercício de atividades profissionais regulamentadas, como ocorre com os dispositivos impugnados. 3. Decisão unânime.14 Grifos acrescidos No que tange à OAB se pode concluir que, mesmo enquadrando a referida entidade como não autárquica (conforme se depreende do julgamento da ADI 3026), a OAB exerceria um serviço público independente, função de interesse da República Federativa do Brasil, haja vista 14 Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28ADI%24%2ESCLA%2E+E+1717%2ENUME%2E%29 +OU+%28ADI%2EACMS%2E+ADJ2+1717%2EACMS%2E%29&base=baseAcordaos Aula 7– Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 21 ser uma função constitucionalmente privilegiada e indispensável à Administração da Justiça, o que mantém o acento da competência criminal na justiça federal. 15 Por fim devemos registrar recente decisão do STJ que se refere à interpretação do presente inciso. Segundo a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça A Justiça estadual deve processar e julgar suposto golpe de falsa premiação que usava o nome da Rede Record de Televisão. Para a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o mero depósito de valores pela vítima em conta da Caixa Econômica Federal (CEF) indicada pelo criminoso não justifica levar o caso à Justiça Federal. ... Para o ministro Marco Aurélio Bellizze, apenas a vítima foi mantida em erro e ela também arcou sozinha com o prejuízo. Não haveria risco de lesão a bens, serviços ou interesses da CEF – e, portanto, da União – que justificasse a transferência do processo para a Justiça Federal.16 Grifos acrescidos. Art. 109 da CF: V – os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; Inicialmente se poderia indagar: É necessário apenas a previsão em tratado ou convenção internacional para que esse crime seja julgado pela Justiça Federal? A resposta fatalmente será negativa, pois alem da previsão em tratado ou convenção internacional é necessário que o delito transcenda o território brasileiro. É nesse sentido que se informa a exigência de uma fator objetivo para que o delito seja julgado no âmbito federal, qual seja: o caráter de internacionalidade do delito. Exemplificando: O trafico de drogas, em regra, é competência da justiça estadual, entretanto o trafico internacional de drogas é de competência da justiça federal. Assim, são de competência da justiça federal: o tráfico internacional de drogas, o tráfico internacional de armas e o tráfico internacional de crianças. Art. 109 da CF: V-A – as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Aqui se tem que os crimes previstos em tratados ou convenção internacional que afetem direitos humanos fundamentais são da competência da justiça federal. 15 No mesmo sentido são as lições de Renato Brasileiro de Lima em seu Manual de Processo Penal, vol. I, Niterói, RJ: Impetus, 2011, p. 583. 16 “Segundo a investigação, o estelionatário afirmava que a vítima havia ganho um prêmio em promoção da Rede Record, que não existia na verdade. A única condição para obter o prêmio seria o depósito de R$ 257 em conta indicada pelo golpista. Para o juiz estadual de Caucaia (CE), a questão trataria de saque irregular em conta da CEF. Por isso, a competência seria da Justiça Federal. O juiz federal, porém, entendeu que apenas a vítima teve prejuízo com o golpe, o que manteria o processo na Justiça estadual. Conforme a investigação, a vítima depositou espontaneamente os valores, a partir de uma lotérica em Mogi Mirim (SP), sem estabelecer nenhuma relação contratual com a CEF.” Disponível em: http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=108535 Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 22 Ocorre que ao se aprofundar o estudo se percebe que todo crime atinge um direito humano fundamental, haja vista o reconhecimento do princípio da fragmentariedade17 do direito penal. Desse modo a primeira condicionante para a definição da competência federal exige que o crime esteja previsto em tratado ou convenção internacional. A segunda condicionante se refere à subsidiariedade da competência estabelecida para a justiça federal, pois, conforme se percebe, o inciso faz remissão ao § 5º do art. 109. Desse modo, a competência não foi originalmente estabelecida já que o Procurador Geral da República poderá instaurar um incidente de deslocamento de competência. Ora, se há necessidade de deslocamento de competência é porque esta não é originária. Tal incidente será de competência do STJ, que, verificando a morosidade da persecução estadual, poderá determinar a remessa do processo à justiça federal. Detalhando os nuances da situação, se tem que: Quem julga crimes que violem gravemente direitos humanos? => Regra: Justiça Estadual; Exceção: Justiça Federal; Quem tem legitimidade para requerer o incidente de deslocamento de competência para a justiça federal? => Procurador Geral da República; Quem julga o incidente de deslocamento de competência para a justiça federal? => Superior Tribunal de Justiça; Quem julga crime que viola gravemente direitos humanos em hipótese de deslocamento deferido pelo STJ? => Justiça Federal. Por derradeiro deve observar o leitor que, neste inciso, não se exige o caráter de transnacionalidade do delito. Art. 109 da CF: VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; a) crimes contra a organização do trabalho (arts. 197 a 207 do CP) 17 Por esse princípio se tem que o direito penal não se preocupa com qualquer bem jurídico, mas somente com os bens jurídicos mais relevantes, tendo em vista a brutalidade natural da intervenção penal. § 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Grifos acrescidos Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 23 Para o STJ não basta apenas que o crime seja contra a organização do trabalho, é fundamental que afete uma coletividade18 de trabalhadores. À contratio sensu se entende que se afetar o trabalhador de forma individual a competência será da justiça estadual. b) crimes contra o sistema financeiro Inicialmente se deve indagar: O que é o sistema financeiro? A resposta passa pela definição legal de instituição financeira dada pela Lei 7492/86. Nessa ótica se pode definir sistema financeiro pelo complexo formado pelas atividades financeiras e seus executores, bancos e instituições financeiras equiparadas, sejam públicas ou privadas, que auxiliam e exploram a circulação de recursos financeiros. Para que um crime contra o sistema financeiro seja julgado pela justiça federal é fundamental que a lei ordinária que o discipline faça essa previsão. A lei que faz essa previsão é a Lei 7492/86. Essa lei trata dos crimes comumente denominados crimes de colarinho branco. Cuidado se deve ter ao se afirmar que todos os crimes contra o sistema financeiro são de competência da justiça federal, pois a lei 4595/64, apesar de prever crime contra o sistema financeiro19, não prevê a competência da justiça federal. c) crimes contra a ordem econômico-financeira Conforme já afirmado é fundamental que a Lei ordinária que disciplina a matéria preveja a competência da justiça federal, caso contrário a competência será da justiça estadual, ressalvada a incidência de outro incisoque atraia a competência da justiça federal. As leis que tratam de crimes contra a ordem econômico-financeira são, basicamente, as leis 8137/90 e 8176/91. Essas duas leis não fazem previsão de competência da justiça federal, logo, diante do silencio legal a competência será da justiça estadual. Nesse diapasão eis súmula do STF que 18 AgRg no CC 105026 / MT - AGRAVO REGIMENTAL NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA - 2009/0081893-2 - S3 - TERCEIRA SEÇÃO - DJe 17/02/2011 - REPDJe 21/02/2011. Relator: Ministro GILSON DIPP. AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CRIME DE REDUÇÃO A CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. APLICAÇÃO DO ENUNCIADO DA SÚMULA 122, DESTA CORTE. RECURSO DESPROVIDO. I - Compete à Justiça Federal processar e julgar o crime de redução a condição análoga à de escravo, pois qualquer violação ao homem trabalhador e ao sistema de órgãos e instituições que preservam, coletivamente, os direitos e deveres dos trabalhadores enquadra-se na categoria de crime contra a organização do trabalho, desde que praticada no contexto da relação de trabalho. II - Acerca das demais imputações formuladas cuja competência para apuração é da Justiça Estadual, incide o enunciado da Súmula 122, desta Corte. III - A insurgência do agravante traduz mero inconformismo com a declaração de competência da Justiça Federal, o que não pode ensejar o conhecimento do recurso. IV - Agravo regimental desprovido. Grifo acrescido 19 Art. 34, inciso I e § 1º. Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério Público Federal, perante a Justiça Federal. Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 24 reflete o raciocínio: Súmula 498 - Compete à justiça dos estados, em ambas as instâncias, o processo e o julgamento dos crimes contra a economia popular. Art. 109 da CF: VII e VIII – Habeas Corpus e Mandado de Segurança VII - os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição; VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais; Ponto fundamental é a definição da autoridade coatora em dois aspectos. 1º) Se a mesma a autoridade coatora esta vinculada à jurisdição federal; ou 2º) Se a matéria veiculada é da competência da justiça federal. Na compreensão do presente inciso insta visualizar as prerrogativas mencionadas nos itens 5.5 e 5.6, para fim de exclusão da competência por prerrogativa de função na interpretação em cometo. Art. 109 da CF: IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar; Inicialmente deve-se perquirir o princípio da territorialidade da lei penal brasileira. O mesmo está encartado no art. 5º do Código Penal. No contexto do dispositivo acima transcrito importa registrar o conceito território brasileiro. Assim, nosso território é composto: Territorialidade Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 25 - pelos limites de nossas fronteiras; - pelo espaço aéreo (até a camada atmosférica), - mar territorial (0 a 12 milhas contadas na maré baixa) Ilustrativa é a figura abaixo, não só para visualização do mar territorial, como para conceitos também exigidos em outras disciplinas: Figura 1: corte transversal e vista do Mar Territorial, ZEE e Plataforma Continental, com a respectiva dimensão. Fonte: Marinha do Brasil. 20 Sintetizando o dispositivo antes mencionado, teremos o território nacional por equiparação nas seguintes situações: Navios e Aeronaves: * Públicos de bandeira brasileira: é território brasileiro em qualquer lugar do mundo. * Privados de bandeira brasileira: é território brasileiro quando estiverem no Brasil e em alto mar. * Privados estrangeiros: é território brasileiro quando estão em nosso território. Navio é espécie do gênero embarcação. Embarcação, à luz da legislação marítima é toda construção utilizada como meio de transporte por água, e destinada à indústria da navegação, quaisquer que sejam as suas características e lugar de tráfego21. 20 FERREIRA NETO, Walfredo Bento. O Direito do Mar e a fronteira marítima brasileira. A importância dos conceitos jurídicos de Mar Territorial, Zona Contígua, Zona Econômica Exclusiva e Plataforma Continental para o desenvolvimento nacional. Jus Navigandi, Teresina, ano 15, n. 2657, 10 out. 2010. Disponível em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/17519>. Acesso em: 13 out. 2010. 21 Art. 11 da Lei 2180/54. O referido dispositivo ainda equipara em seu Parágrafo único: Ficam-lhe equiparados: a) os artefatos Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 26 Doutrinariamente se costuma definir navio como aquelas embarcações de grande porte que tenham capacidade para fazer viagem internacional. Estariam excluídas quaisquer outras embarcações de pequeno porte e aquelas que não têm capacidade para fazer viagem em alto mar. No que tange à aeronave não é necessária a caracterização como veículo de grande porte. Desse modo, dispõe o Código Brasileiro de Aeronáutica em seu art. 106: Considera-se aeronave todo aparelho manobrável em vôo, que possa sustentar-se e circular no espaço aéreo, mediante reações aerodinâmicas, apto a transportar pessoas ou coisas. Art. 109 da CF: X – crime de ingresso ou permanência irregular do estrangeiro. A conduta de ingressar ou permanecer irregularmente no Brasil ainda não foi tipificada pela legislação brasileira o que torna ainda inaplicável o dispositivo. Tal situação ainda é tratada somente como infração administrativa pelo Estatuto do Estrangeiro (Lei 6815/80). Nesse contexto, a competência da justiça federal vai se estabelecer para os crimes praticados pelo estrangeiro com vistas ao ingresso ou permanência em nosso país. Assim, se deve verificar o vínculo teleológico entre os crimes previstos em nossa legislação e a conduta de ingressar ou permanecer em nosso país. Como exemplo se teria a falsificação de passaporte para entrar no Brasil. Art. 109 da CF: XI - a disputa sobre direitos indígenas. Nesta situação se compreende que o crime deve envolver disputa sobre direitos indígenas. Ausente esta circunstância a competência se define na justiça estadual, conforme se verifica no verbete sumular 140do STJ: Compete a justiça comum estadual processar e julgar crime em que o indígena figure como autor ou vítima. Segundo Nestor Távora seria condicionante da referida competência a afetação da coletividade indígena, assim segundo o autor, lesões pontuais praticadas contra um índio específico seriam da competência da Justiça estadual.22”23 flutuantes de habitual locomoção em seu emprêgo; b) as embarcações utilizadas na praticagem, no transporte não remunerado e nas atividades religiosas, cientificas, beneficentes, recreativas e desportivas; c) as empregadas no serviço público, exceto as da Marinha de Guerra; d) as da Marinha de Guerra, quando utilizadas total ou parcialmente no transporte remunerado de passageiros ou cargas; e) as aeronaves durante a flutuação ou em vôo, desde que colidam ou atentem de qualquer maneira contra embarcações mercantes. f) os navios de Estados estrangeiros utilizados para fins comerciais. (Incluído pela Lei nº 9.578, de 1997). 22 TÁVORA, Nestor. Curso de Direito Processual Penal, 7ª edição. 2012. Juspodivm. p. 262-263. 23 CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. No prelo a 1ª edição. Rio de Janeiro: Grupo Gen: Forense, 2013. Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 27 2013 – CESPE – PC/BA – DELEGADO A autoridade policial que, na fase de investigação criminal, desconfiar da integridade mental do acusado, poderá, sem suspender o andamento do inquérito policial, determinar, de ofício, que o acusado se submeta a exame de sanidade mental, a ser realizado por peritos oficiais. Errado Comentário: A autoridade policial deverá pedir o exame ao juiz. Leitura do CPP: Art. 149. Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz ordenará, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do curador, do ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja este submetido a exame médico-legal. § 1o O exame poderá ser ordenado ainda na fase do inquérito, mediante representação da autoridade policial ao juiz competente. 2013 – CESPE – PC/BA – DELEGADO A restituição de coisas apreendidas em poder do investigado, no âmbito do inquérito policial, pode ser ordenada pela autoridade policial, desde que não haja vedação legal à restituição das coisas e inexista importância à prova da infração ou desde que a restituição não sirva à reparação do dano causado pelo crime e seja induvidoso o direito do reclamante, após oitiva obrigatória do MP. Certo Comentário: A questão adota a literalidade do § realçado abaixo: Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 28 CPP: Art. 120. A restituição, quando cabível, poderá ser ordenada pela autoridade policial ou juiz, mediante termo nos autos, desde que não exista dúvida quanto ao direito do reclamante. § 1o Se duvidoso esse direito, o pedido de restituição autuar- se-á em apartado, assinando-se ao requerente o prazo de 5 (cinco) dias para a prova. Em tal caso, só o juiz criminal poderá decidir o incidente. § 2o O incidente autuar-se-á também em apartado e só a autoridade judicial o resolverá, se as coisas forem apreendidas em poder de terceiro de boa-fé, que será intimado para alegar e provar o seu direito, em prazo igual e sucessivo ao do reclamante, tendo um e outro dois dias para arrazoar. § 3o Sobre o pedido de restituição será sempre ouvido o Ministério Público. § 4o Em caso de dúvida sobre quem seja o verdadeiro dono, o juiz remeterá as partes para o juízo cível, ordenando o depósito das coisas em mãos de depositário ou do próprio terceiro que as detinha, se for pessoa idônea. § 5o Tratando-se de coisas facilmente deterioráveis, serão avaliadas e levadas a leilão público, depositando-se o dinheiro apurado, ou entregues ao terceiro que as detinha, se este for pessoa idônea e assinar termo de responsabilidade. Sobre o tema afirma Guilherme de Souza Nucci: “sempre que alguém ingressar com pedido de restituição de coisa apreendida, seja duvidosa ou não a propriedade, deve-se colher o parecer do Ministério Público, até porque é importante saber se o objeto é útil ao processo. O titular da ação penal é parte mais indicada a pronunciar-se a esse Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 29 respeito. Portanto, havendo inquérito, remete o delegado os autos a juízo, para que seja ouvido o Ministério o promotor. No caso de processo, a abre-se imediatamente vista ao representante do Ministério Público. Somente após, um ou outro (delegado ou juiz) determina a devolução ou a indefere”24 (grifamos). A questão se torna problemática se se considerar a seguinte afirmação, que já foi dada como correta pela própria banca Cespe – MPE/ES – 2010 – Promotor de Justiça: A restituição de coisas apreendidas, inexistindo dúvidas ou óbices sobre o direito do reclamante, pode ser determinada pela autoridade policial, mediante termo nos autos do inquérito policial, sendo dispensáveis a manifestação do órgão do MP e decisão do juízo criminal.25 Gabarito Oficial e Definitivo: Certo26 Assim, sugerimos ao candidato ficar com o entendimento previsto na prova mais recente, que foi a primeira comentada por nós (realizada esse ano – 2013), que, inclusive, importa em posição dominante na doutrina e conta com a literalidade legal. Para demonstrar o entendimento prevalente, mas a não pacificidade do tema, expomos mais algumas opiniões sobre o tema: “Como a lei não estabelece qualquer distinção, prevalece na doutrina o entendimento de que a oitiva do órgão ministerial é necessária tanto nas hipóteses de mero pedido de restituição quanto 24 NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. São Paulo: RT, 2012, 11ª ed., p. 327/328. 25 http://www.cespe.unb.br/concursos/MPE_ES2010/arquivos/MPEES10_001_1.pdf 26 http://www.cespe.unb.br/concursos/MPE_ES2010/arquivos/MPEES10_Gab_Definitivo_001_1.PDF Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 30 nos casos de instauração de incidente de restituição de coisa apreendidas. (Hidejalma Muccio apud Renato Brasileiro de Lima) Sem embargo de opiniões em sentido contrário, parece-nos que a necessidade de oitiva do Parquet está condicionada apenas às hipóteses em que for instaurado o incidente de restituição de coisas apreendidas ou quando o pedido de restituição for formulado no curso do processo penal. Com efeito, se não há qualquer dúvida quanto ao direito do interessado, daí por que a própria autoridade policial pode proceder à restituição dos bens no curso do inquérito policial, nos termos do art. 120, caput, do CPP, independentemente de autorização judicial, não vemos motivos para se exigir prévia manifestação do órgão ministerial.” (Lima, Renato Brasileiro de. Curso de Processo Penal, Volume Único, Impetus, 2013, p. 1111.) “O pedido de restituição poderá ser apreciado até mesmo pela autoridade policial quando inexistirem quaisquer dúvidas quanto à propriedade da coisa, e, assim, ao direito do reclamante ou requerente. Saliente-se, então, que a possibilidade franqueada à autoridade policialhá de se revelar estreme de qualquer dúvida razoável, uma vez que a prova produzida na fase pré-processual destina-se ao Ministério Público. Se duvidoso o direito, o pedido será autuado em apartado, perante o Juiz Criminal competente para a apreciação da ação penal relativa à apreensão, assinando-se o prazo de cinco dias ao requerente para a produção da prova de suas alegações. (...) Tratando-se de incidente a ser solucionado pela autoridade judicial, deverá ser ouvido o Ministério Público.” (Oliveira, Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal / Eugênio Pacelli de Oliveira. -15.ed.,rev. e atual. - Rio de Janeiro :Lúmen Juris, 2011, p. 315.) Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 31 Na oportunidade, visando ampliar o estudo e abarcar possíveis questionamentos, passamos a fazer considerações teóricas sobre a matéria: Questões e processos incidentes. Questão prejudicial é a situação antecedente que condiciona uma solução subsequente. No contexto do presente estudo deve se diferencia a questão prejudicial da questão preliminar. Assim, “são diferenças entre a questão prejudicial e a questão preliminar: Prejudiciais Preliminares Direito Material Direito Processual O mérito da pretensão acusatória é atingido Pressupostos processuais e condições da ação: o julgamento da preliminar não afeta o mérito da pretensão acusatória Autônomas Vinculadas: nunca poderiam ser objeto em processo autônomo Juízo penal ou extrapenal Somente juízo penal Sistema de Soluções das Questões Prejudiciais: Quando a questão principal é penal e a questão prejudicial também é penal (prejudicialidade homogênea) reconhece-se a conexão instrumental ou probatória como regra de prorrogação da jurisdição, o que determina a reunião dos processos perante o juízo provocado inicialmente. Quanto à prejudicial heterogênea (questão extrapenal), se vislumbram os seguintes sistemas: 1) Sistema da cognição incidental ou do predomínio da jurisdição penal: Nesse sistema se parte do dogma de que Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 32 quem conhece a ação deve conhecer a exceção. Destarte, o juiz criminal é competente para apreciar toda e qualquer questão prejudicial apresentada, até mesmo a heterogênea (não penal). Tal sistema apresenta o benefício da celeridade processual, mas pode fragilizar o princípio do juiz natural. Trata-se de sistema tido como ultrapassado, não sendo ma mais aplicado. 2) Sistema da prejudicialidade obrigatória ou separação jurídico-penal absoluta: De acordo com esse sistema, o juiz criminal nunca é competente para decidir a prejudicial heterogênea. Há aqui um tratamento absoluto do princípio do juiz natural; 3) Sistema da prejudicialidade facultativa ou da remessa facultativa: Segundo esse sistema, o juiz criminal pode, ou não, decidir a questão prejudicial heterogênea. Assim, há uma faculdade na remessa da prejudicial ao juiz naturalmente competente. No que tange às questões prejudiciais relacionadas ao estado civil das pessoas, mesmo nesse sistema, se respeitará a peculiaridade que demanda a prejudicialidade obrigatória dessas questões (dever de remeter a referida questão ao juiz civil). Por outro lado, as demais questões serão submetidas à prejudicialidade facultativa. Segundo Nestor Távora: os defensores dessa solução propõem que a remessa ou não da prejudicial ao juízo cível deve levar em conta a prevalência cível ou criminal sobre a questão sob apreciação27; 27 TÁVORA, Nestor. Curso de Direito Processual Penal, 7ª edição. 2012. Juspodivm. p. 321. Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 33 4) Sistema eclético ou misto: As prejudiciais podem ser decididas tanto pelo juiz penal quanto pelo extrapenal. É o sistema adotado pelo Brasil.”28 Processos incidentes. Os processo incidentes estão previstos do art. 95 ao 154 do CPP. São, na verdade, procedimentos incidentais onde se alegam determinados fatos processuais referentes a pressupostos processuais ou condições da ação, objetivando assim a extinção do processo ou sua simples dilação. -EXCEÇÕES. (art.95 a 111, CPP.) Em sentido amplo as exceções refletem o direito processual subjetivo do acusado em se defender, ora combatendo diretamente a pretensão do autor, ora deduzindo matéria que impede o conhecimento do mérito, ou, ao menos, enseja a prorrogação do curso do processo. Em sentido estrito podem ser conceituadas como meios pelos quais o acusado pretende a extinção do processo sem o conhecimento do mérito, ou, pelo menos um retardo em seu andamento. Recaem sobre os pressupostos processuais ou as condições da ação. Espécies de exceções: a) Peremptórias: quando acolhidas, põe termo a causa, extinguindo o processo. São exceções peremptórias, a de litispendência, a de coisa julgada e também a de ilegitimidade. 28 CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. No prelo a 1ª edição. Rio de Janeiro: Grupo Gen: Forense, 2013, p. 619. Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 34 b) Dilatórias: acarretam apenas a prorrogação no curso do processo, procrastinando-o, ou transferindo o seu exercício, Das cinco modalidades do art. 95 são dilatórias a: de suspeição (o impedimento e a incompatibilidade seguem o mesmo procedimento da suspeição), a de incompetência de juízo e a de ilegitimidade de parte. No caso da exceção de ilegitimidade, alguns autores à enquadram como exceção dilatória (Fernando Capez e Júlio Mirabete), contudo tal entendimento é minoritário, já que, em havendo reconhecimento da ilegitimidade, o processo será extinto. Desse modo o entendimento majoritário é de que apenas a exceção de suspeição e incompetência são exceções dilatórias. Em regra, as exceções são processadas em autos apartados e não suspendem o andamento do processo. Art. 111. As exceções serão processadas em autos apartados e não suspenderão, em regra, o andamento da ação penal. Com relação à exceção de suspeição, caso a parte contrária reconheça a procedência da arguição, o curso do processo poderá ser suspenso, conforme dispõe o art. 102 do CPP: Quando a parte contrária reconhecer a procedência da arguição, poderá ser sustado, a seu requerimento, o processo principal, até que se julgue o incidente da suspeição. Como o juiz pode apreciar as questões de ofício, mesmo que a exceção tenha sido arguida de maneira incorreta o juiz não estará impedido de apreciá-las. Exceção de Suspeição29: Segue o mesmo procedimento das exceções de impedimento30 ou incompatibilidade31. 29 Suspeição: Em regra, as hipóteses de suspeição referem-se a uma relação externa ao processo (Ex.: relação de amizade ou de inimizade). Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes: I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles; II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia; III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou afim, atéAula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 35 O ônus da prova da suspeição é da parte que faz a sua arguição, ou seja, do excipiente. Sobre suspeição o Conselho Nacional de Justiça regulamentou a denominada suspeição por foro íntimo. Vejamos: RESOLUÇÃO Nº 82, de 09 de junho de 2009. Regulamenta as declarações de suspeição por foro íntimo. O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, no uso de suas atribuições, Considerando que durante Inspeções realizadas pela Corregedoria Nacional de Justiça foi constatado um elevado número de declarações de suspeição por motivo de foro íntimo; Considerando que todas as decisões dos órgãos do Poder Judiciário devem ser fundamentadas (art. 93, IX, da CF); Considerando que é dever do magistrado cumprir com exatidão as disposições legais (art. 35, I, da LC 35/1979), obrigação cujo observância somente pode ser aferida se conhecidas as razões da decisão; Considerando que no julgamento do relatório da Inspeção realizada no Poder Judiciário Estadual do Amazonas foi aprovada a proposta de edição de Resolução, pelo Conselho Nacional de Justiça, para que a as razões da suspeição por motivo íntimo, declarada pelo magistrado de primeiro e de segundo grau, e que não serão mencionadas nos autos, sejam imediatamente remetidas pelo magistrado, em caráter sigiloso, para conhecimento pelo Tribunal ao qual está vinculado; Considerando que a sistemática de controle é adotada, com êxito, há vários anos, por alguns Tribunais do País. R E S O L V E: Art. 1º. No caso de suspeição por motivo íntimo, o magistrado de primeiro grau fará essa o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes; IV - se tiver aconselhado qualquer das partes; V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes; VI - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo. A suspeição tem como consequência a nulidade absoluta do ato. Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: I - por incompetência, suspeição ou suborno do juiz. 30 Impedimento: Em regra, as hipóteses de impedimento referem-se a uma relação interna com o processo. Estas causas são taxativas. Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que: I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito; (neste caso fica no processo quem atuou primeiro) II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha; III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão; IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito. A consequência da prática de atos jurisdicionais por um juiz impedido será, para a doutrina, a declaração de inexistência do ato. Já a jurisprudência entende que seria caso de nulidade absoluta. 31 As causas de incompatibilidade são aquelas previstas nas leis de organização judiciária e no CPP (art. 253) que não estão elencadas entre as causas de suspeição e impedimento. Como consequência tem-se a nulidade absoluta dos atos. Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 36 afirmação nos autos e, em ofício reservado, imediatamente exporá as razões desse ato à Corregedoria local ou a órgão diverso designado pelo seu Tribunal. Art. 2º. No caso de suspeição por motivo íntimo, o magistrado de segundo grau fará essa afirmação nos autos e, em ofício reservado, imediatamente exporá as razões desse ato à Corregedoria Nacional de Justiça. Art. 3º. O órgão destinatário das informações manterá as razões em pasta própria, de forma a que o sigilo seja preservado, sem prejuízo do acesso às afirmações para fins correcionais. Art. 4º. Esta resolução entrará em vigor na data de sua publicação. Ministro GILMAR MENDES Procedimento da exceção de suspeição: É possível o juiz declarar-se suspeito, impedido ou incompatível de ofício. O que ocorre quando o juiz se declara suspeito e há dúvida quanto à suspeição? Caso o substituto não concorde com a decisão do juiz, deve comunicar o fato ao Conselho Superior da Magistratura. Isso somente para fins de eventual punição, porque o juiz não pode ser obrigado a julgar o caso se se declarar suspeito de ofício. Arguição da exceção de suspeição pelas partes: 1) petição escrita dirigida ao juiz. Não há exceção de suspeição oral. Todas as outras exceções podem ser feiras oralmente, exceto a de suspeição. 2) a arguição deve se dar na primeira oportunidade em que a parte aparecer no processo (se for o MP ou o Querelante, no momento do oferecimento da peça acusatória; se quem está arguindo a suspeição é o acusado, deverá ser apresentada na Resposta Escrita à Acusação – art. 396-A CPP); 3) deve ser assinada pela parte ou pelo advogado que deverá ter procuração com poderes especiais. 4) a arguição é dirigida ao juiz. A primeira possibilidade é o acolhimento pelo juiz. Uma vez acolhida a exceção Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 37 de suspeição, os autos são remetidos ao substituo legal. Também pode ocorrer de o juiz acolher a exceção. Se ele acolhe a suspeição, automaticamente os autos serão remetidos ao seu substituto e contra esta decisão não caberá recurso. Obs. As exceções, em geral são julgadas pelo juiz, exceto no caso de exceção de suspeição ou de impedimento. Sobre o tema vale a transcrição de dois dispositivos do CPP: Art. 99. Se reconhecer a suspeição, o juiz sustará a marcha do processo, mandará juntar aos autos a petição do recusante com os documentos que a instruam, e por despacho se declarará suspeito, ordenando a remessa dos autos ao substituto. Art. 100. Não aceitando a suspeição, o juiz mandará autuar em apartado a petição, dará sua resposta dentro em três dias, podendo instruí-la e oferecer testemunhas, e, em seguida, determinará sejam os autos da exceção remetidos, dentro em vinte e quatro horas, ao juiz ou tribunal a quem competir o julgamento. § 1o Reconhecida, preliminarmente, a relevância da arguição, o juiz ou tribunal, com citação das partes, marcará dia e hora para a inquirição das testemunhas, seguindo-se o julgamento, independentemente de mais alegações. § 2o Se a suspeição for de manifesta improcedência, o juiz ou relator a rejeitará liminarmente. Caso o juiz não acolha a exceção de suspeição, autua em apartado a exceção, oferece resposta em três dias e remete os autos ao Tribunal, no prazo de 24 horas. No Tribunal, duas coisas podem ocorrer: 1. rejeição liminar em caso de manifesta improcedência; 2. se houver uma verossimilhança na alegação, o Tribunal ouve as testemunhas e profere a decisão. Aula 7 – Delegado da Polícia Federal – 2013 Exercícios Comentados Pablo Farias Souza Cruz www.pontodosconcursos.com.br 38 De acordo com o CPP, contra essa decisão do Tribunal, não cabe recurso. No entanto, a doutrina entende que nada impede que o réu se utilize de habeas corpus
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