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1 ÍNDICE PROCESSO PENAL .............................................................................................. 6 COMPETÊNCIA .................................................................................................... 6 1. JURISDIÇÃO ................................................................................................. 6 1.1 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DOS CONFLITOS ......................................................... 6 1.2 PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL ............................................................................... 7 1.3 LEI PROCESSUAL QUE ALTERA AS REGRAS DE COMPETÊNCIA: ............................ 7 1.5 CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO....................................................................... 7 2. COMPETÊNCIA ............................................................................................. 7 2.1 ESPÉCIES DE COMPETÊNCIA ................................................................................. 8 2.2 CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA ........................................................... 9 2.3 DETERMINAÇÃO DO FORO COMPETENTE ......................................................... 12 2.4 COMPETÊNCIA CRIME CONTINUADO E PERMANENTE – Art. 71 CPP ....................... 13 2.5 COMPETÊNCIA PELO DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA DO RÉU – Art. 72, 73 CPP ...... 14 Foro de eleição em processo penal ............................................................................ 14 2.6 DA COMPETÊNCIA PELA NATUREZA DA INFRAÇÃO ............................................... 17 2.7 DA COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO ................................................................ 18 2.8 CAUSAS MODIFICADORAS DA COMPETÊNCIA (CONEXÃO OU CONTINÊNCIA) ......... 18 2.8.1 COMPETÊNCIA POR CONEXÃO – Art. 76 ................................................. 18 2.8.2 COMPETÊNCIA POR CONTINÊNCIA – Art. 77 ........................................... 20 2.9 FORO PREVALENTE ............................................................................................ 21 2.10 DA COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO .................................................................. 24 2.11 COMPETÊNCIA POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO ............................................... 24 2.12 COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – Art. 102, § I, “b” e “c”, CF/88 26 2.13 COMPETÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA – Art. 105, I, “a”, CF/88 ..... 26 2.14 COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS – Art. 108, I, “a”, CF/88 ... 26 2.15 COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS DE JUSTIÇA – Art. 96, III, CF/88 ........................ 27 2.16 COMPETÊNCIA PARA JULGAR PREFEITOS – Art. 29, X, CF/88 ............................... 27 2.17 COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL ............................................................... 31 JUSTIÇA FEDERAL .................................................................................................... 31 2.18 COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR ................................................................. 38 2 2.19 COMPETÊNCIA CRIMINAL DA JUSTIÇA ELEITORAL ............................................. 38 2.20 JUSTIÇA POLÍTICA OU EXTRAORDINÁRIA .......................................................... 39 2.21 RESTRIÇÃO AO FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO ..................................... 39 2.22 MARCO PARA O FIM DO FORO .......................................................................... 39 2.23 COMPETÊNCIA PARA CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA PRATICADOS COM VIOLÊNCIA DOMÉSTICA ........................................................................................... 40 2.24 CRIME DE MOEDA FALSA .................................................................................. 40 2.25 JUSTIÇA ESTADUAL ..................................................................................... 40 LEIS ESPECIAIS ................................................................................................ 42 JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL......................................................................... 42 1. MANDAMENTO CONSTITUCIONAL ......................................................................... 42 2. PRINCÍPIO DA DISCRICIONARIEDADE REGRADA .................................................... 42 2.1 Medidas Despenalizadoras ................................................................................... 43 2.2 Medida Descarcerizadora ..................................................................................... 44 3. FORMAÇÃO DO JEC .............................................................................................. 44 4. INFRAÇÃO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO ........................................................ 44 Atenção: Para se chgar aos dois anos (máximo das infrações de menor potencial ofensivo) devemos considerar as causas de aumento e diminuição de pena. As agravantes e atenuantes não são consideradas. .......................................................................... 45 5. COMPETÊNCIA ..................................................................................................... 45 5.1 Competência Territorial ....................................................................................... 45 5.2 Questões Pontuais sobre Competência ................................................................. 46 6. PRINCÍPIOS ......................................................................................................... 48 7. ATOS PROCESSUAIS ............................................................................................. 49 7.1 Comunicação dos Atos Processuais ...................................................................... 50 8. FASE PRELIMINAR ................................................................................................ 51 8.1 Audiência Preliminar ........................................................................................... 52 8.2 Composição Civil dos Danos ................................................................................ 53 8.3 Transação Penal ................................................................................................. 53 8.4 Nova Oportunidade de Conciliação ....................................................................... 56 3 9. AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO .......................................................... 57 10. RECURSO .......................................................................................................... 57 11. EXECUÇÃO ......................................................................................................... 59 12. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO – art. 89 da Lei 9.099/95 ..................... 59 LEI DE DROGAS - LEI Nº 11.343/06 ................................................................. 63 1. RETROSPECTIVA .................................................................................................. 63 2. CARACTERÍSTICAS ............................................................................................... 64 3. Seria possível a combinação de Leis? Entre a 6.368/76 e a Lei 11.343/06 .................. 64 4. USUÁRIO ............................................................................................................. 65 5. TRÁFICO PROPRIAMENTE DITO ............................................................................ 66 6. BEM JURÍDICO TUTELADO .................................................................................... 66 7. SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO ..................................................................... 66 8. CRIME COM MUITOS VERBOS ............................................................................... 67 9. ELEMENTO NORMATIVO INDICATIVO DA ILICITUDE .............................................. 68 10. QUANTIDADE DE DROGAS: USO OU TRÁFICO ...................................................... 68 11.TRÁFICO ............................................................................................................ 69 11.1 CONSUMAÇÃO .................................................................................................. 69 11.2 OUTRAS FIGURAS E O TRÁFICO ........................................................................ 69 11.3 TRÁFICO PRIVILEGIADO ................................................................................... 70 11.3.1 NATUREZA HEDIONDO DO TRÁFICO PRIVILEGIADO ............................ 71 12. PARTE PROCESSUAL ........................................................................................... 75 12.1 PROCEDIMENTOS ............................................................................................. 75 12.1.1 PROCEDIMENTO ESPECIAL DA LEI Nº 11.343/06 ................................. 75 12.2 ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA ..................................................................................... 77 12.3 QUESTÕES PONTUAIS ...................................................................................... 77 ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA E COLABORAÇÃO PREMIADA .............................. 86 LEI DE TORTURA ............................................................................................ 106 1. PONTOS HISTÓRICOS ........................................................................................ 106 1.1 Tortura no Brasil .............................................................................................. 106 2. TRATADOS INTERNACIONAIS RATIFICADOS PELO BRASIL .................................... 108 4 3. AÇÃO PENAL E COMPETÊNCIA ............................................................................ 108 4. TORTURA .......................................................................................................... 109 5. TIPOS PENAIS NA LEI DE TORTURA .................................................................... 110 5.1 Tipo Penal Básico (art. 1º, I) ............................................................................. 110 5.2 Segunda Figura Delituosa (art. 1º, II) ................................................................ 113 5.3 Terceira Figurada Delituosa (art. 1º, § 1º) .......................................................... 113 5.4 Quarta Figura Delituosa (art. 1º, § 2º) ............................................................... 115 5.5 Circunstâncias Qualificadoras e de Aumento de Pena (art. 1º, § 3º e § 4º) ............ 116 6. CONDENAÇÃO E CUMPRIMENTO DE PENA ........................................................... 117 6.1 Efeitos da Condenação ...................................................................................... 117 6.2 Anistia, Graça e Indulto ..................................................................................... 118 6.3 Livramento Condicional ..................................................................................... 118 6.4 Regime de Cumprimento de Pena ...................................................................... 118 6.5 Princípio da Extraterritorialidade ........................................................................ 119 6.6 Prisão Temporária ............................................................................................ 119 LEI ANTITERRORISMO - Lei 13.260/2016 ..................................................... 120 1. DIREITO INTERNACIONAL .................................................................................. 120 2. CONCEITO DE TERRORISMO ............................................................................... 121 3. TERRORISTA SOLITÁRIO: ................................................................................... 121 4. ELEMENTOS CARACTERIZADORES DO TERRORISMO: ........................................... 121 4.1 Atos de Violência .............................................................................................. 122 4.2 Elemento Teleológico ........................................................................................ 122 4.3 Elemento Teatral .............................................................................................. 122 4.4 Elemento de Ausência de Arrependimento ou culpa ............................................. 122 5. TERRORISMO NACIONAL E INTERNACIONAL ........................................................ 122 6. CRIME HEDIONDO .............................................................................................. 123 7. ATOS DE TERRORISMO....................................................................................... 123 8. CUMULAÇÃO DE PENAS ...................................................................................... 125 9. CAUSA DE ATIPICIDADE FORMAL ........................................................................ 125 10. ORGANIZAÇÃO TERRORISTA ............................................................................. 125 5 11. ATOS PREPARATÓRIOS .................................................................................... 126 12. FINANCIAMENTO DO TERRORISMO .................................................................. 126 13. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO POSTERIOR ........................... 127 14. COMPETÊNCIA E ATRIBUIÇÃO: ......................................................................... 127 15. MEDIDAS ASSECURATÓRIAS ............................................................................ 128 16. ADMINISTRADOR JUDICIAL ............................................................................. 129 APLICAÇÃO DE OUTRAS LEGISLAÇÕES .......................................................... 130 17. PRISÃO TEMPORÁRIA ...................................................................................... 130 LEI DE CRIMES HEDIONDOS - Lei n. 8.072/90 ............................................. 131 ESTATUTO DO DESARMAMENTO - Lei 10.826 22 DE DEZEMBRO DE 2013 ..... 145 LEI MARIA DA PENHA - Lei 11.340/2006 ....................................................... 163 6 PROCESSO PENAL COMPETÊNCIA 1. JURISDIÇÃO Conceitos: Poder atribuído, com exclusividade ao Judiciário, para decidir um determinado litígio segundo as regras legais existentes. É o poder das autoridades judiciárias, regularmente investidas no cargo, para, diante do caso concreto, dizer o direio. Juris - dição: dizer o direito. Não se pode confundir a jurisdição com a competência, sendo que esta é uma limitação daquela. Competência seria a parte da jurisdição que cada órgão jurisdicional pode legalmente exercer. 1.1 MECANISMOS DE SOLUÇÃO DOS CONFLITOS Autotutela: caracteriza-se pelo emprego da força para satisfação de interesses. A autotutela é vedada, salvo em hipóteses excepcionais, como a legítima defesa, estado de necessidade e prisão em flagrante; Autocomposição: caracteriza-se pela busca do consenso dos conflitantes. Doutrinadores antigos não admitem isso no processo penal. Hoje não há como negar que a autocomposição é o objetivo dos Juizados Especiais, conforme menciona o Art. 98, I da CF que trata da autocomposição por meio da transação penal, nos casos de infrações de menor potencial ofensivo (art. 61 da Lei 9.099/95). 7 1.2 PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL • Art. 5º da CF. • XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção; • LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente 1.3 LEI PROCESSUAL QUE ALTERA AS REGRAS DE COMPETÊNCIA: Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior. 1.5 CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO • Substitutividade: a Jurisdição é a atividade desenvolvida pelo órgão judicial em substituição as partes. • Inércia: Não há, como regra, prestação jurisdicional de ofício. O Poder Judiciáriodeve ser provocado. ▪ Exceção: Concessão de HC de ofício. • Coisa Julgada: impossibilidade de decisão judicial se revista por órgão estranho ao poder judiciário. 2. COMPETÊNCIA Conceito • Competência é a delimitação do poder jurisdicional (fixa os limites dentro dos quais o juiz pode prestar jurisdição). 8 • Competência é a medida e o limite de jurisdição dentro dos quais o órgão jurisdicional poderá dizer o direito. • A jurisdição é una, é única, é uma só. No entanto, não pode se imaginar um único juiz exercendo a jurisdição, então, divide-se em competências para cada juiz. 2.1 ESPÉCIES DE COMPETÊNCIA A doutrina tradicional distribui a competência considerando os seguintes aspectos diferentes: a) ratione materiae: estabelecida em razão da natureza do crime praticado. b) ratione personae: em razão da qualidade das pessoas acusadas. c) ratione loci (art. 69, I e II): em razão do local. d) competência absoluta e competência relativa Competências Absolutas e Relativas: Competência Absoluta Competência Relativa Regra de competência criada com base no interesse público. Regra de competência criada com base no interesse preponderantemente das partes. A regra de competência absoluta não pode ser modificada, ou seja, cuida-se de competência improrrogável ou imodificável. A regra de competência relativa pode ser modificada, ou seja, cuida-se de competência prorrogável ou modificável. Pode ser reconhecida ex officio pelo magistrado, enquanto não esgotada sua jurisdição pela prolação da sentença. Pode ser reconhecida ex officio pelo magistrado, porém somente até o início da instrução processual, em virtude da adoção do princípio da identidade física do juiz (Art. 399, §2º CPP). Não se aplica ao processo penal a Súmula nº 33 do STJ. Exemplos: ratione materiae, ratione personae e competência funcional. Exemplos: ratione loci, competência por distribuição, competência por prevenção (Súmula 706 do STF), conexão e continência. 9 2.2 CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA Não sendo hipótese de foro por prerrogativa da função, deve-se estabelecer critério para fixação da competência. Nesse particular, necessário seguir os seguintes passos de forma articulada: 1º) Identificar qual a Justiça Competente 2º) Identificar o foro competente 3º) Identificar o Juízo competente Guia de fixação da competência (Fernando Capez) • Competência originária – o acusado tem foro por prerrogativa de função? • Competência de jurisdição – qual é a justiça competente? • Competência territorial – qual a comarca competente? • Competência de juízo – qual a vara competente? • Competência interna – qual o juiz competente? • Competência recursal – para onde vai o recurso? Em relação à matéria, existe, basicamente, as de competência das Justiças Especiais (Justiça Militar e Justiça Eleitoral) e da Justiça Comum (Federal e Estadual). Nesse sentido, em primeiro lugar, deve-se verificar se o crime é da Justiça Especial Militar; num segundo momento, se não for da competência da Justiça Militar, analisar se é da competência da Justiça Eleitoral; para somente ao final, em não sendo da competência de nenhuma das justiças especializadas, passar à análise se é da competência da Justiça Comum Federal ou Estadual. 10 QUESTÃO 03 - XXII Exame Na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, Maurício iniciou a execução de determinada contravenção penal que visava atingir e gerar prejuízo em detrimento de patrimônio de entidade autárquica federal, mas a infração penal não veio a se consumar por circunstâncias alheias à sua vontade. Ao tomar conhecimento dos fatos, o Ministério Público dá início a procedimento criminal perante juízo do Tribunal Regional Federal com competência para atuar no local dos fatos, imputando ao agente a prática da contravenção penal em sua modalidade tentada, oferecendo, desde já, proposta de transação penal. Maurício conversa com sua família e procura um(a) advogado(a) para patrocinar seus interesses, destacando que não tem interesse em aceitar transação penal, suspensão condicional do processo ou qualquer outro benefício despenalizador. Com base apenas nas informações narradas e na condição de advogado(a) de Maurício, responda: A) Considerando que a contravenção penal causaria prejuízo ao patrimônio de entidade autárquica federal, o órgão perante o qual o procedimento criminal foi iniciado é competente para julgamento da infração penal imputada? Justifique. (Valor: 0,65) B) Qual argumento de direito material deverá ser apresentado para evitar a punição de Maurício? Justifique. (Valor: 0,60) Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação. QUESTÃO 03 - XIV EXAME OAB Daniel, Ana Paula, Leonardo e Mariana, participantes da quadrilha “X”, e Carolina, Roberta, Cristiano, Juliana, Flavia e Ralph, participantes da quadrilha “Y”, fazem parte de grupos criminosos especializados em assaltar agências bancárias. Após intensos estudos sobre divisão de tarefas, locais, armas, bancos etc., ambos os grupos, sem ciência um do outro, planejaram viajar até a pacata cidade de Arroizinho com o intuito de ali realizarem o roubo. Cumpre ressaltar que, na cidade de Arroizinho, havia apenas duas únicas agências bancárias, a saber: uma agência do Banco do Brasil, sociedade de economia mista, e outra da Caixa Econômica Federal, empresa pública federal. No dia marcado, os integrantes da quadrilha "X" praticaram o crime objetivado contra o Banco do Brasil; os integrantes da quadrilha "Y" o fizeram contra a Caixa Econômica Federal. Cada grupo, com sua conduta, conseguiu auferir a vultosa quantia de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). 11 Nesse caso, atento tão somente aos dados contidos no enunciado, responda fundamentadamente de acordo com a Constituição: A) Qual a justiça competente para o processo e julgamento do crime cometido pela quadrilha "Y"? (Valor: 0,65) B) Qual a justiça competente para o processo e julgamento do crime cometido pela quadrilha "X"? (Valor: 0,60) QUESTÃO 1 - EXAME 2010-03 Caio, na qualidade de diretor financeiro de uma conhecida empresa de fornecimento de material de informática, se apropriou das contribuições previdenciárias devidas dos empregados da empresa e por esta descontadas, utilizando o dinheiro para financiar um automóvel de luxo. A partir de comunicação feita por Adolfo, empregado da referida empresa, tal fato chegou ao conhecimento da Polícia Federal, dando ensejo à instauração de inquérito para apurar o crime previsto no artigo 168-A do Código Penal. No curso do aludido procedimento investigatório, a autoridade policial apurou que Caio também havia praticado o crime de sonegação fiscal, uma vez que deixara de recolher ICMS relativamente às operações da mesma empresa. Ao final do inquérito policial, os fatos ficaram comprovados, também pela confissão de Caio em sede policial. Nessa ocasião, ele afirmou estar arrependido e apresentou comprovante de pagamento exclusivamente das contribuições previdenciárias devidas ao INSS, pagamento realizado após a instauração da investigação, ficando não paga a dívida relativa ao ICMS. Assim, o delegado encaminhou os autos ao Ministério Público Federal, que denunciou Caio pelos crimes previstos nos artigos 168-A do Código Penal e 1º, I, da Lei 8.137/90, tendo a inicial acusatória sido recebida pelo juiz da vara federal da localidade. Após analisar a resposta à acusação apresentada pelo advogado de Caio, o aludido magistrado entendeu não ser o caso de absolvição sumária, tendo designado audiência de instrução e julgamento. Com base nos fatos narrados no enunciado, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinenteao caso. a) Qual é o meio de impugnação cabível à decisão do Magistrado que não o absolvera sumariamente? (Valor: 0,2) b) A quem a impugnação deve ser endereçada? (Valor: 0,2) c) Quais fundamentos devem ser utilizados? (Valor: 0,6) 12 QUESTÃO 3 – EXAME 2010-03 Jeremias é preso em flagrante pelo crime de latrocínio, praticado contra uma idosa que acabara de sacar o valor relativo à sua aposentadoria dentro de uma agência da Caixa Econômica Federal e presenciado por duas funcionárias da referida instituição, as quais prestaram depoimento em sede policial e confirmaram a prática do delito. Ao oferecer denúncia perante o Tribunal do Júri da Justiça Federal da localidade, o Ministério Público Federal requereu a decretação da prisão preventiva de Jeremias para a garantia da ordem pública, por ser o crime gravíssimo e por conveniência da instrução criminal, uma vez que as testemunhas seriam mulheres e poderiam se sentir amedrontadas caso o réu fosse posto em liberdade antes da colheita de seus depoimentos judiciais. Ao receber a inicial, o magistrado decretou a prisão preventiva de Jeremias, utilizando-se dos argumentos apontados pelo Parquet. Com base no caso acima, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso, indique os argumentos defensivos para atacar a decisão judicial que recebeu a denúncia e decretou a prisão preventiva. 2.3 DETERMINAÇÃO DO FORO COMPETENTE Estabelecida a Justiça competente, deve-se, agora, proceder à análise do foro competente, que se traduz na competência em razão do lugar. Art. 69. Determinará a competência jurisdicional: I - o lugar da infração: II - o domicílio ou residência do réu; III - a natureza da infração; IV - a distribuição; V - a conexão ou continência; VI - a prevenção; VII - a prerrogativa de função. 13 REGRA GERAL – Art. 70 CPP Para a determinação da competência lugar do crime é o lugar da consumação, ou seja, onde terminam por se reunir todos os elementos da definição do crime. No caso de tentativa, a competência é determinada “pelo lugar em que for praticado o último ato de execução” (art. 70, caput, segunda parte). Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. § 1o Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução. § 2o Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado. § 3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção. 2.4 COMPETÊNCIA CRIME CONTINUADO E PERMANENTE – Art. 71 CPP Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção (art. 71). Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção. Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver 14 antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa 2.5 COMPETÊNCIA PELO DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA DO RÉU – Art. 72, 73 CPP Duas são as hipóteses: A primeira delas encontra-se no art. 72, caput: Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu. A Segunda hipótese refere-se à ação privada exclusiva, em que o querelante poderá preferir o foro do domicílio ou residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração (art. 73, caput). Foro de eleição em processo penal Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração. Não sendo possível a aplicação das regras acima mencionadas por não ter o réu domicílio ou residência certa, sendo ignorado o seu paradeiro, é competente o juiz que primeiro tome conhecimento do fato (art. 72, § 2º). Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu. § 1o Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela prevenção. § 2o Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato. 15 QUESTÃO 3 - XVII EXAME Ruth voltava para sua casa falando ao celular, na cidade de Santos, quando foi abordada por Antônio, que afirmou: “Isso é um assalto! Passa o celular ou verá as consequências!”. Diante da grave ameaça, Ruth entregou o telefone e o agente fugiu em sua motocicleta em direção à cidade de Mogi das Cruzes, consumando o crime. Nervosa, Ruth narrou o ocorrido para o genro Thiago, que saiu em seu carro, junto com um policial militar, à procura de Antônio. Com base na placa da motocicleta anotada por Ruth, Thiago localizou Antônio, já em Mogi das Cruzes, ainda na posse do celular da vítima e também com uma faca em sua cintura, tendo o policial efetuado a prisão em flagrante. Em razão dos fatos, Antônio foi denunciado pela prática do crime previsto no Art. 157, § 2º, inciso I, do Código Penal, perante uma Vara Criminal da comarca de Mogi das Cruzes, ficando os familiares do réu preocupados, porque todos da região sabem que o magistrado, em atuação naquela Vara, é extremamente severo. A defesa foi intimada a apresentar resposta à acusação. Considerando que o flagrante foi regular e que os fatos são verdadeiros, responda, na qualidade de advogado(a) de Antônio, aos itens a seguir. A) Que medida processual poderia ser adotada para evitar o julgamento perante a Vara Criminal de Mogi das Cruzes? Justifique. (Valor: 0,65) B) No mérito, caso Antônio confesse os fatos durante a instrução, qual argumento de direito material poderia ser formulado para garantir uma punição mais branda do que a pleiteada na denúncia? Justifique. (Valor: 0,60) QUESTÃO 2 – EXAME 2010-03 Caio, residente no município de São Paulo, é convidado por seu pai, morador da cidade de Belo Horizonte, para visitá-lo. Ao dirigir-se até Minas Gerais em seu carro, Caio dá carona a Maria, jovem belíssima que conhecera na estrada e que, ao saber do destino de Caio, o convence a subtrair pertences da casa do genitor do rapaz, chegando a sugerir que ele aguardasse o repouso noturno de seu pai para efetuar a subtração. Ao chegar ao local, Caio janta com o pai e o espera adormecer, quando então subtrai da residência uma televisão de plasma, um aparelho de som e dois mil reais. Após encontrar-se com Maria no veículo, ambos se evadem do local e são presos quando chegavam ao município de São Paulo. 16 Com base no relatado acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. a) Caio pode ser punido pela conduta praticada e provada? (Valor: 0,4) b) Maria pode ser punida pela referida conduta? (Valor: 0,4) c) Em caso de oferecimento de denúncia, qual será o juízo competente para processamento da ação penal? (Valor: 0,2) QUESTÃO 01 - XII EXAME Carolina foi denunciada pela prática do delito de estelionato, mediante emissão de cheque sem suficiente provisão de fundos.Narra a inicial acusatória que Carolina emitiu o cheque número 000, contra o Banco ABC S/A, quando efetuou compra no estabelecimento “X”, que fica na cidade de “Y”. Como a conta corrente de Carolina pertencia à agência bancária que ficava na cidade vizinha “Z”, a gerência da loja, objetivando maior rapidez no recebimento, resolveu lá apresentar o cheque, ocasião em que o título foi devolvido. Levando em conta que a compra originária da emissão do cheque sem fundos ocorreu na cidade “Y”, o ministério público local fez o referido oferecimento da denúncia, a qual foi recebida pelo juízo da 1ª Vara Criminal da Comarca. Tal magistrado, após o recebimento da inicial acusatória, ordenou a citação da ré, bem como a intimação para apresentar resposta à acusação. Nesse sentido, atento(a) apenas às informações contidas no enunciado, responda de maneira fundamentada, e levando em conta o entendimento dos Tribunais Superiores, o que pode ser arguido em favor de Carolina. (Valor: 1,25) QUESTÃO 01 - XXI EXAME Paulo e Júlio, colegas de faculdade, comemoravam juntos, na cidade de São Gonçalo, o título obtido pelo clube de futebol para o qual o primeiro torce. Não obstante o clima de confraternização, em determinado momento, surgiu um entrevero entre eles, tendo Júlio desferido um tapa no rosto de Paulo. Apesar da pouca intensidade do golpe, Paulo vem a falecer no hospital da cidade, tendo a perícia constatado que a morte decorreu de uma fatalidade, porquanto, sem que fosse do conhecimento de qualquer pessoa, Paulo tinha uma lesão pretérita em uma artéria, que foi violada com aquele tapa desferido por Júlio 17 e causou sua morte. O órgão do Ministério Público, em atuação exclusivamente perante o Tribunal do Júri da Comarca de São Gonçalo, denunciou Júlio pelo crime de lesão corporal seguida de morte (Art. 129, § 3º, do CP). Considerando a situação narrada e não havendo dúvidas em relação à questão fática, responda, na condição de advogado(a) de Júlio: A) É competente o juízo perante o qual Júlio foi denunciado? Justifique. (Valor: 0,65) B) Qual tese de direito material poderia ser alegada em favor de Júlio? Justifique. (Valor: 0.60) Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação. 2.6 DA COMPETÊNCIA PELA NATUREZA DA INFRAÇÃO Art. 74. A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de organização judiciária, salvo a competência privativa do Tribunal do Júri. § 1º Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos nos arts. 121, §§ 1º e 2º, 122, parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código Penal, consumados ou tentados. § 2o Se, iniciado o processo perante um juiz, houver desclassificação para infração da competência de outro, a este será remetido o processo, salvo se mais graduada for a jurisdição do primeiro, que, em tal caso, terá sua competência prorrogada. § 3o Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para outra atribuída à competência de juiz singular, observar-se-á o disposto no art. 410 (atual 419 do CPP); mas, se a desclassificação for feita pelo próprio Tribunal do Júri, a seu presidente caberá proferir a sentença (art. 492, § 2o). Art. 492, § 1o Se houver desclassificação da infração para outra, de competência do juiz singular, ao presidente do Tribunal do Júri caberá proferir sentença em seguida, aplicando-se, quando o delito resultante da nova tipificação for considerado pela lei como infração penal de menor potencial ofensivo, o disposto nos arts. 69 e seguintes da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9099.htm#art69 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9099.htm#art69 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11689.htm#art1 18 § 2o Em caso de desclassificação, o crime conexo que não seja doloso contra a vida será julgado pelo juiz presidente do Tribunal do Júri, aplicando-se, no que couber, o disposto no § 1o deste artigo 2.7 DA COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO Art. 75. A precedência da distribuição fixará a competência quando, na mesma circunscrição judiciária, houver mais de um juiz igualmente competente. Parágrafo único. A distribuição realizada para o efeito da concessão de fiança ou da decretação de prisão preventiva ou de qualquer diligência anterior à denúncia ou queixa prevenirá a da ação penal. 2.8 CAUSAS MODIFICADORAS DA COMPETÊNCIA (CONEXÃO OU CONTINÊNCIA) 2.8.1 COMPETÊNCIA POR CONEXÃO – Art. 76 Art. 76. A competência será determinada pela conexão: I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas (simultaneidade), ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar (por concurso) , ou por várias pessoas, umas contra as outras (por reciprocidade); II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas; (lógica ou material) III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração. (probatória) A conexão existe quando duas ou mais infrações estiverem entrelaçadas por um vínculo, um nexo, um liame que aconselha a junção dos processos, propiciando, assim, ao julgador perfeita visão do quadro probatório. 19 São efeitos da conexão: a reunião das ações penais em um mesmo processo e a prorrogação da competência. I) CONEXÃO INTERSUBJETIVA – Art. 76, I a) CONEXÃO INTERSUBJETIVA POR SIMULTANEIDADE Diante da primeira parte do art. 76 (CONEXÃO INTERSUBJETIVA POR SIMULTANEIDADE), há conexão se, ocorrendo duas ou mais infrações, “houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas”. NÃO HÁ LIAME PSICOLÓGICO. Ex. o exemplo clássico é o de diversos expectadores de um jogo de futebol, ocasionalmente reunidos, praticarem depredações no estádio. b) CONEXÃO INTERSUBJETIVA POR CONCURSO Pelo art. 76, I, 2ª parte, há conexão se as infrações forem praticadas “por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e lugar”. É a hipótese de concurso de pessoas em várias infrações. Ex. quadrilha que trafica entorpecentes em vários pontos da cidade. c) CONEXÃO INTERSUBJETIVA POR RECIPROCIDADE Pelo art. 76, I, última parte, há conexão se os crimes forem praticados “por várias pessoas, umas contra as outras”. EX: agressões entre componentes de dois grupos de pessoas em um baile. II) CONEXÃO OBJETIVA, LÓGICA OU MATERIAL: Art. 76, II Nos termos do artigo 76, II, a competência é determinada pela conexão se, no caso de várias infrações, “houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas”. III) CONEXÃO INSTRUMENTAL OU PROBATÓRIA – Art. 76, III Conforme o art. 76, III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração. 20 2.8.2 COMPETÊNCIA POR CONTINÊNCIA – Art. 77 Diz que há continência quando uma coisa está contida em outra, não sendo possível a separação. Art. 77. A competência será determinada pela continência quando: I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração; (cumulaçãosubjetiva) II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos º, 53, segunda parte, e 54 do Código Penal. (cumulação objetiva – concurso de crimes) I) CONTINÊNCIA EM RAZÃO DO CONCURSO DE PESSOAS – Art. 77, I (cumulação subjetiva) Justifica-se a junção de processos contra diferentes réus, desde que eles tenham cometido o crime em conluio, com unidade de propósitos, tornando único o fato a ser apurado. Difere da conexão por concurso, porque nesta há vários agentes praticando vários fatos. II) CONTINÊNCIA EM RAZÃO DO CONCURSO FORMAL DE CRIMES – Art. 77, II (cumulação objetiva) Ps.: A referência feita aos art. 51, 52, 53 e 53 do CP, atualmente corresponde aos art. 70, 73 e 74 do CP. O art. 70 refere-se ao concurso formal de crimes, em que, com uma mesma conduta o agente pratica dois ou mais crimes. O art. 73, 2ª parte refere-se ao erro de execução (aberratio ictus), em que, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, além de atingir a pessoa que pretendia ofender lesa outra. O art. 74, 2ª parte, refere-se ao resultado diverso do pretendido (aberratio criminis), em que fora da hipótese anterior, o agente além do resultado pretendido, causa outro. Em todos os casos, está-se diante de concurso formal, razão pela qual, na essência, o fato a ser apurado é um só, embora existam dois ou mais resultados. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art51 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art53 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art54 21 2.9 FORO PREVALENTE I) COMPETÊNCIA PREVALENTE DO JÚRI – Art. 78, I Dispõe o art. 78, I: “no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a competência do júri”. II) JURISDIÇÃO DA MESMA CATEGORIA – Art. 78, II Considera-se jurisdição da mesma categoria aquela que une magistrados aptos a julgar o mesmo tipo de causa. Ocorre, porém, que pode haver um conflito real entre esses magistrados. Ex: furto e receptação (conexão instrumental). Cada inquérito foi distribuído a um juiz diferente. Havendo conexão instrumental, torna-se viável que sejam julgados por um único juiz. Como ambos são de idêntica jurisdição, estabelecem-se regras para escolha do foro prevalente: A) FORO ONDE FOI COMETIDA A INFRAÇÃO MAIS GRAVE Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as seguintes regras: (...) Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria: a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave; (...) Tendo em vista que o primeiro critério de escolha é o referente ao lugar da infração, é possível que existam dois delitos sendo apurados em foros diferentes, tendo em vista que as infrações originaram-se em locais diversos (como no furto e receptação). Assim, elege-se qual é o mais grave para a escolha do foro prevalente: se for um furto qualificado e uma receptação simples, fixa-se o foro do furto qualificado (pena mais grave) como o competente. 22 B) FORO ONDE FOI COMETIDO O MAIOR NÚMERO DE INFRAÇÕES Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as seguintes regras: (...) Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria: (...) b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se as respectivas penas forem de igual gravidade; (...) Ex: Imagine-se que três delitos de furto simples (art. 155 do CP) estejam sendo apurados em Santa Maria/RS, enquanto um delito de receptação simples (art. 180 do CP), praticados, em tese, em conexão, esteja sendo apurado em Santa Cruz do Sul/RS. Embora a pena do furto e da receptação sejam idênticas, o julgamento dos quatro crimes deve ser realizado em Santa Maria/RS, onde foi praticado maior número de infrações. C) FORO RESIDUAL ESTABELECIDA PELA PREVENÇÃO Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as seguintes regras: (...) Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria: (...) c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos; Neste caso, havendo magistrados de igual jurisdição em confronto e não sendo possível escolher pela regra da gravidade do crime (ex: furto simples e receptação simples), nem pelo número de delitos (em ambas as comarcas foram praticados um delito), elege-se o juiz pela prevenção, isto é, aquele que primeiro conhecer de um dos processos torna-se competente para julgar ambos, avocando da Comarca ou Vara vizinha o outro. Não haverã unidade de processo: 23 Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento, salvo: I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar; II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores. § 1o Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a algum co-réu, sobrevier o caso previsto no art. 152. (doença mental) § 2o A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver co-réu foragido que não possa ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461. - No caso de concurso de agentes onde um apresente uma doença mental superveniente ocorrerá suspensão do processo para o doente e prosseguimento para os demais. - No caso da citação editalícia - artigo 366 do CPP, um dos acusados citado por edital não comparece e nem constitui advogado (o processo ficará suspenso em relação a ele, prosseguindo para os demais). Separação Facultativa Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados e para não Ihes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação. Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda que no processo da sua competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir sentença absolutória ou que desclassifique a infração para outra que não se inclua na sua competência, continuará competente em relação aos demais processos. Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a competência por conexão ou continência, o juiz, se vier a desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver o acusado, de maneira que exclua a competência do júri, remeterá o processo ao juízo competente. https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10645869/artigo-366-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 24 Avocação do Processo Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados processos diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva. Neste caso, a unidade dos processos só se dará, ulteriormente, para o efeito de soma ou de unificação das penas. 2.10 DA COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3o, 71, 72, § 2o, e 78, II, c). 2.11 COMPETÊNCIA POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO INTRODUÇÃO Determinadas pessoas, por exercerem funções específicas, possuem a prerrogativa de serem julgadas originariamente por determinados órgãos. Atenção: Importante atentar acerca de decisão recente do STF, a qual trouxe alterações significativas ao firmar o entendimento de que o foro por prerrogativa de função conferidoaos deputados federais e senadores se aplica apenas a crimes cometidos no exercício do cargo e em razão das funções a ele relacionadas. Ainda, o relator da respectiva Ação Penal (AP 937), ministro Luís Roberto Barroso, estabeleceu que, após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para apresentação de alegações finais, a competência para processar e julgar ações penais não será mais afetada em razão de o agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo. 25 Legislação Aplicável Art. 84. A competência pela prerrogativa de função é do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, dos Tribunais Regionais Federais e Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, relativamente às pessoas que devam responder perante eles por crimes comuns e de responsabilidade. (Redação dada pela Lei nº 10.628, de 24.12.2002) § 1o (Vide ADIN nº 2797) – continuidade do foro § 2o (Vide ADIN nº 2797) – ações de improbidade Exceção da Verdade Art. 85. Nos processos por crime contra a honra, em que forem querelantes as pessoas que a Constituição sujeita à jurisdição do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais de Apelação, àquele ou a estes caberá o julgamento, quando oposta e admitida a exceção da verdade. Legislação Aplicável Art. 86. Ao Supremo Tribunal Federal competirá, privativamente, processar e julgar: I - os seus ministros, nos crimes comuns; II - os ministros de Estado, salvo nos crimes conexos com os do Presidente da República; III - o procurador-geral da República, os desembargadores dos Tribunais de Apelação, os ministros do Tribunal de Contas e os embaixadores e ministros diplomáticos, nos crimes comuns e de responsabilidade. Art. 87. Competirá, originariamente, aos Tribunais de Apelação o julgamento dos governadores ou interventores nos Estados ou Territórios, e prefeito do Distrito Federal, seus respectivos secretários e chefes de Polícia, juízes de instância inferior e órgãos do Ministério Público. 26 Passa-se, agora, à análise de algumas hipóteses de foro por prerrogativa de função: 2.12 COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – Art. 102, § I, “b” e “c”, CF/88 O STF já firmou entendimento de que a expressão “infrações penais comuns” do art. 102, I, “b” e “c” abrange todas as modalidades de infrações penais, inclusive os crimes eleitorais, militares e as contravenções penais. 2.13 COMPETÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA – Art. 105, I, “a”, CF/88 Nos termos do artigo 105, inciso I, “a”, da CF/88, compete ao Superior Tribunal de Justiça processar e julgar, originariamente, nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais. 2.14 COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS – Art. 108, I, “a”, CF/88 Aos Tribunais Regionais Federais competem processar e julgar originariamente os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral. Na parte final do artigo 108, inciso I, “a”, contém a ressalva em relação aos crimes eleitorais, de modo que, se um desses agentes praticar um crime eleitoral, será julgado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). 27 2.15 COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS DE JUSTIÇA – Art. 96, III, CF/88 Nos termos do artigo 96, inciso III, da CF/88, compete aos Tribunais de Justiça dos Estados julgar juízes estaduais e do Distrito Federal, bem como os membros do Ministério Público dos Estados. Contudo, a Constituição faz expressa ressalva à Justiça Eleitoral, de modo que, se qualquer desses agentes praticar crime eleitoral, será julgado no TRE. Os magistrados e os membros do MP devem ser julgados pelo Tribunal ao qual estão vinculados, pouco importando o lugar da infração, seguindo-se a competência estabelecida na Constituição Federal. Assim, caso um juiz estadual cometa um delito de competência da justiça federal será julgado pelo TJ do seu Estado. O mesmo se dá com o juiz federal que cometa um crime da esfera estadual: será julgado pelo TRF da sua área de atuação. Frise-se que pouco importa o lugar da infração penal. Se um juiz estadual de São Paulo cometer um delito no Estado do Amazonas, será julgado pelo TJ de São Paulo. Em se tratando de crime de competência do Tribunal do Júri continua prevalecendo a competência por prerrogativa de função, pois também prevista na Constituição Federal, ou seja, o Juiz que praticar crime doloso contra a vida será julgado pelo Tribunal de Justiça. 2.16 COMPETÊNCIA PARA JULGAR PREFEITOS – Art. 29, X, CF/88 Se o prefeito cometer um crime de competência de Justiça Comum Estadual, será julgado no Tribunal de Justiça. Contudo, se praticar um crime eleitoral, será julgado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Se o delito for de competência da Justiça Federal será julgado pelo Tribunal Regional Federal (TRF). É o que se extrai da Súmula 702 do STF: “A competência do Tribunal de Justiça para julgar prefeitos restringe-se aos crimes de competência da Justiça 28 Comum Estadual; nos demais casos, a competência originária caberá ao respectivo tribunal de segundo grau”. Ver, ainda, as Súmulas 208 e 209 do STJ. Atenção – Casos Especiais Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas territoriais da República, ou nos rios e lagos fronteiriços, bem como a bordo de embarcações nacionais, em alto-mar, serão processados e julgados pela justiça do primeiro porto brasileiro em que tocar a embarcação, após o crime, ou, quando se afastar do País, pela do último em que houver tocado. Art. 90. Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro do espaço aéreo correspondente ao território brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de aeronave estrangeira, dentro do espaço aéreo correspondente ao território nacional, serão processados e julgados pela justiça da comarca em cujo território se verificar o pouso após o crime, ou pela da comarca de onde houver partido a aeronave. QUESTÃO 4 - IX EXAME Laura, empresária do ramo de festas e eventos, foi denunciada diretamente no Tribunal de Justiça do Estado “X”, pela prática do delito descrito no Art. 333 do CP (corrupção ativa). Na mesma inicial acusatória, o Procurador Geral de Justiça imputou a Lucas, Promotor de Justiça estadual, a prática da conduta descrita no Art. 317 do CP (corrupção passiva). A defesa de Laura, então, impetrou habeas corpus ao argumento de que estariam sendo violados os princípios do juiz natural, do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa; arguiu, ainda, que estaria ocorrendo supressão de instância, o que não se poderia permitir. Nesse sentido, considerando apenas os dados fornecidos, responda, fundamentadamente, aos itens a seguir. A) Os argumentos da defesa de Laura procedem? (Valor: 0,75) B) Laura possui direito ao duplo grau de jurisdição? (Valor: 0,50) 29 QUESTÃO 3 - IV EXAME Na cidade de Arsenal, no Estado Z, residiam os deputados federais Armênio e Justino. Ambos objetivavam matar Frederico, rico empresário que possuía valiosas informações contra eles. Frederico morava na cidade de Tirol, no Estado K, mas seus familiares viviam em Arsenal. Sabendo que Frederico estava visitando a família, Armênio e Justino decidiramcolocar em prática o plano de matá-lo. Para tanto, seguiram Frederico quando este saía da casa de seus parentes e, utilizando-se do veículo em que estavam, bloquearam a passagem de Frederico, de modo que a caminhonete deste não mais conseguia transitar. Ato contínuo, Armênio e Justino desceram do automóvel. Armênio imobilizou Frederico e Justino desferiu tiros contra ele, Frederico. Os algozes deixaram rapidamente o local, razão pela qual não puderam perceber que Frederico ainda estava vivo, tendo conseguido salvar-se após socorro prestado por um passante. Tudo foi noticiado à polícia, que instaurou o respectivo inquérito policial. No curso do inquérito, os mandatos de Armênio e Justino chegaram ao fim, e eles não conseguiram se reeleger. O Ministério Público, por sua vez, munido dos elementos de informação colhidos na fase inquisitiva, ofereceu denúncia contra Armênio e Justino, por tentativa de homicídio, ao Tribunal do Júri da Justiça Federal com jurisdição na comarca onde se deram os fatos, já que, à época, os agentes eram deputados federais. Recebida a denúncia, as defesas de Armênio e Justino mostraram-se conflitantes. Já na fase instrutória, Frederico teve seu depoimento requerido. A vítima foi ouvida por meio de carta precatória em Tirol. Na respectiva audiência, os advogados de Armênio e Justino não compareceram, de modo que juízo deprecado nomeou um único advogado para ambos os réus. O juízo deprecante, ao final, emitiu decreto condenatório em face de Armênio e Justino. Armênio, descontente com o patrono que o representava, destituiu-o e nomeou você como novo advogado. Com base no cenário acima, indique duas nulidades que podem ser arguidas em favor de Armênio. Justifique com base no CPP e na CRFB. (Valor: 1,25) Competência nos Casos de Crimes de Homicídio. 30 Exceção: em crimes contra a vida, a competência será determinada pela teoria da ATIVIDADE. Assim, no caso de crimes contra a vida (dolosos ou culposos), se os atos de execução ocorreram em um lugar e a consumação se deu em outro, a competência para julgar o fato será do local onde foi praticada a conduta (local da execução). Esse é o entendimento do STJ e do STF: (...) Nos termos do art. 70 do CPP, a competência para o processamento e julgamento da causa, será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumou a infração. 2. Todavia, a jurisprudência tem admitido exceções a essa regra, nas hipóteses em que o resultado morte ocorrer em lugar diverso daquele onde se iniciaram os atos executórios, determinando-se que a competência poderá ser do local onde os atos foram inicialmente praticados. 3. Tendo em vista a necessidade de se facilitar a apuração dos fatos e a produção de provas, bem como garantir que o processo possa atingir à sua finalidade primordial, qual seja, a busca da verdade real, a competência pode ser fixada no local de início dos atos executórios. (...) (HC 95.853/RJ, Rel. Min. Og Fernandes, Sexta Turma, julgado em 11/09/2012) Qual é a razão de se adotar esse entendimento? Explica Guilherme de Souza Nucci: “(...) é justamente no local da ação que se encontram as melhores provas (testemunhas, perícia etc.), pouco interessando onde se dá a morte da vítima. Para efeito de condução de uma mais apurada fase probatória, não teria cabimento desprezar-se o foro do lugar onde a ação desenvolveu-se somente para acolher a teoria do resultado. Exemplo de ilogicidade seria o autor ter dado vários tiros ou produzido toda a série de atos executórios para ceifar a vida de alguém em determinada cidade, mas, unicamente pelo fato da vítima ter-se tratado em hospital de Comarca diversa, onde faleceu, deslocar-se o foro competente para esta última. As provas teriam que ser coletadas por precatória, 31 o que empobreceria a formação do convencimento do juiz.” (Código de Processo Penal Comentado. 8ª ed., São Paulo: RT, 2008, p. 210) 2.17 COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL JUSTIÇA FEDERAL A competência da Justiça Federal é residual em relação às especiais; prevalece, por outro lado, sobre a Justiça Estadual, nos termos do art. 78, III , do CPP e Súmula 122 do STJ. Art. 78, III do CPP - no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de maior graduação; Súmula 122 STJ - Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, “a”, do Código de Processo Penal) A competência da Justiça Federal está prevista no artigo 109 da Constituição Federal. São órgãos da Justiça Federal Segundo art. 106 da CF Tribunais Regionais Federais Juízes Federais 32 I) Os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da união ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da justiça militar e da justiça eleitoral – art. 109, IV, da CF/88 Qualquer delito que atinja bens jurídicos de interesse da união será da competência da Justiça Federal. Não abrange as contravenções. Dispõe-se a súmula 38 do STJ que “compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição de 1988, o processo por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços ou interesses da União ou de suas entidades”. Desse modo, mesmo que haja conexão entre um crime federal e uma contravenção penal, prevalece a regra constitucional, indicando a necessidade do desmembramento do processo, não se aplicando neste caso o teor da Súmula 122 do STJ. Há que se ressaltar o previsto na Súmula 147 do STJ no sentido de que é competente a Justiça Federal para processar e julgar os crimes praticados contra funcionário federal, quando relacionados com o exercício da função. Evidentemente, por lesarem serviços da União, são também da competência da Justiça Federal os crimes praticados por funcionários federais no exercício da função. Por se limitar o art. 109, IV, da CF, às autarquias e empresas públicas, assentou-se no STJ que “compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar causas cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento” (Súmula 42 do STJ). Por isso, não são da competência da Justiça Federal, mas da Justiça Estadual, os crimes praticados contra o Banco do Brasil, por exemplo. Crimes contra os Correios: 33 ▪ Exploração direta pela ECT: JF ▪ Franquia: Justiça Estadual Fundação Pública Federal – FURG ▪ Justiça Federal Bens Tombados ▪ Depende de quem tombou. • Crimes Contrabando e Descaminho – Justiça Federal do local da apreensão dos bens. • STJ Súmula nº 140 - Competência - Crime - Índios - Processo e Julgamento • Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que o indígena figure como autor ou vítima. Crimes Políticos – Previstos na Lei de Segurança Nacional – Lei 7.170/83 São aqueles previstos na Lei de Segurança Nacional – Lei 7.170/83. Antes da CF/88, por força do disposto no art. 30 da mencionada Lei, a competência era da Justiça Militar da União. Tal dispositivo não foi recepcionado pela CF (art. 109, IV) Exemplos de crime político: Art. 11 - Tentar desmembrar parte do território nacional para constituir país independente. Pena: reclusão, de 4 a 12 anos. 34 Art. 20 - Devastar, saquear, extorquir, roubar, seqüestrar, manter em cárcere privado, incendiar, depredar, provocar explosão, praticar atentado pessoal ou atos de terrorismo, por inconformismo político ou para obtenção de fundos destinados à manutenção de organizações políticas clandestinas ou subversivas. Pena: reclusão, de 3 a 10 anos. Recurso contra decisão que julgou o Crime Político Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal,precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: II - julgar, em recurso ordinário: b) o crime político; II) Crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando teve a execução iniciada no Brasil, consumando-se ou devendo consumar-se no exterior, ou vice-versa – Art. 109, V, da CF/88 Compete, ainda, à Justiça Federal o processo e julgamento dos “crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no país, o resultado tenha ou devesse Ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente” (art. 109, V). Ex: Súmula 522 do STF: “Salvo ocorrência de tráfico para o Exterior, quando, então, a competência será da Justiça Federal, compete à Justiça dos Estados o processamento dos crimes relativos a entorpecentes”. 35 Rol exemplificativo de crimes previstos em tratado e convenção internacional (art. 109, v da CF: • Tráfico internacional de armas de fogo: de acordo com o Art. 18, da Lei 10.826/03 - Estatuto do Desarmamento, que trata da conduta de importar, exportar armas de fogo, tendo como competência a justiça federal; • Tráfico internacional de pessoas: o Art. 231 do CP tem como alvo homens, mulheres e crianças, sendo a competência da justiça federal; • Transferência ilegal de criança ou adolescente para o exterior: previsto no Art. 239 do ECA, sendo a competência da justiça federal; • Pornografia infantil e pedofilia por meio da internet: previsto no Art. 241-A do ECA, sendo de competência da justiça federal. Mas, para que a competência seja da justiça federal, deve ficar demonstrado que o início da execução ocorreu no Brasil e que a consumação da infração tenha ou devesse ter ocorrido no exterior, ou vice-versa. Quanto à competência territorial, a consumação ocorre no local de onde emanaram as imagens, pouco importando a localização do provedor. E o simples fato de armazenar fotos já é considerado crime de pedofilia. III) Causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º do art. 109 – Art. 109, V-A, CF/88 Estipula o parágrafo 5º que nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal Nesta hipótese, o deslocamento de um crime para a Justiça Federal somente deve dar-se quando realmente houver grave violação de direitos humanos, de caráter coletivo (como, por exemplo, um massacre produzido por policiais contra vários indivíduos). 36 Tal medida teria a finalidade de assegurar o desligamento do caso das questões locais, mais próprias da Justiça Estadual, levando-o para a esfera federal, buscando, inclusive, elevar a questão à órbita de interesse nacional e não somente regional. IV) Crimes contra a organização do trabalho, quando envolver interesses coletivos dos trabalhadores – Art. 109, VI, da CF/88 Compete à justiça FEDERAL processar e julgar o crime de redução à condição análoga à de escravo (art. 149 do CP). O tipo previsto no art. 149 do CP caracteriza-se como crime contra a organização do trabalho e, portanto, atrai a competência da justiça federal (art. 109, VI, da CF/88). STF. Plenário. RE 459510/MT, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em 26/11/2015 (Info 809). V) Crimes contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira – Art. 109, VI, da CF/88 Como previsto no art. 26, caput, da Lei 7.492/86. Também compete à Justiça Federal apreciar “os crimes contra organização do Trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômica e financeira” (art. 109, VI, da CF). VI) Crimes cometidos a bordo de navios e aeronaves, excetuados o da Justiça Militar – Art. 109, IX, da CF/88 • Navio – é a embarcação apta para a navegação em alto mar; • Aeronave – é todo aparelho manobrável em voo, que possa sustentar-se e circular no espaço aéreo, mediante reações aerodinâmicas, apto a transportar pessoas ou coisas. Segundo o STF e STJ, navios são embarcações de grande cabotagem ou de grande capacidade de transporte de passageiros, aptas a realizar viagens internacionais. Logo, somente as embarcações de grande porte envolvem a Justiça Federal. As demais (lanchas, botes, iates, etc) ficam na esfera da justiça estadual. 37 Os crimes cometidos a bordo de aeronaves terão competência sempre da Justiça Federal, pois a CF mencionou os crimes cometidos a bordo de aeronaves e não de aviões de grande porte. Areonave em solo - Competência STF - RHC 86998 - STJ - HC 108.478 STJ Pouco importa se a aeronave está em solo ou voando. 1ª Turma reconhece competência da justiça federal para crimes cometidos a bordo de aeronaves A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) negou provimento (arquivou) ao Recurso Ordinário em Habeas Corpus (RHC) 86998, reconhecendo a competência da Justiça Federal para processar e julgar crimes cometidos a bordo de navios e aeronaves, conforme expresso no artigo 109, IX, da Constituição Federal. O recurso relata o roubo de numerário de dentro de um avião, ocorrido no aeroporto de Congonhas, em São Paulo (SP). O relator, ministro Marco Aurélio, afirmou que este roubo teria ocorrido quando a aeronave ainda estava no solo. E que poderia ter acontecido durante o deslocamento do carro da firma de transporte de valores. Para ele, o inciso IX tenta “definir o juízo competente ante o espaço aéreo e as águas territoriais. Não é a proteção do deslocamento em si verificado mediante navios e aeronaves, porquanto surgiria o paradoxo em não englobar o transporte ferroviário e rodoviário”. Marco Aurélio ressalta que a norma constitucional busca estabelecer a área geográfica da prática criminosa e, portanto, a comarca competente para o julgamento. “O preceito não envolve situação concreta em que o crime ocorra enquanto atracado o navio ou estacionada a aeronave no aeroporto”, diz o ministro. Destaca que, nestes casos, tem-se como definir a competência, “e esta é a do juízo situado quer na área do porto, quer na localidade em que esteja o aeroporto”. Dessa forma, Marco Aurélio votou para prover o RHC e conceder a ordem, fixando a competência da justiça estadual onde verificado o roubo. Ele foi acompanhado pelo ministro Ricardo Lewandowski. 38 Para a ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, no entanto, o dispositivo constitucional é taxativo e não deixa dúvidas, ao afirmar que cabe à Justiça Federal julgar e processar “crimes cometidos a bordo de navios e aeronaves”. A ministra abriu divergência e votou pela negação do provimento, sendo acompanhada pelos ministros Carlos Ayres Britto e Sepúlveda Pertence. Assim, por maioria, acompanhando o voto da ministra Cármen Lúcia, a Primeira Turma negou provimento ao RHC 86998. 2.18 COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR • JMU – Art. 124 da CF • Crimes militares praticados por quaquer pessoas (inclusive civil) • JME – Art. 125 da CF Crime militares praticados apenas por militares dos estados (nunca julgará civil) Julga também questões civeis relacionadas a punição disciplinares (§ 4º do art. 125 da CF) 2.19 COMPETÊNCIA CRIMINAL DA JUSTIÇA ELEITORAL É fixada em razão da matéria, cabendo a Justiça Eleitoral o processo e julgamento dos crimes eleitorais. Os crimes eleitorais são aqueles previstos no Código Eleitoral e os que a lei, eventual e expressamente, defina como eleitorais. Questão: Quem julga crime eleitoral conexo a crime doloso contra a vida? O crime eleitoral é julgado pela Justiça Eleitoral e o crime doloso contra a vida será julgado pelo Tribunaldo Júri, porque a competência desses crimes está prevista na CF. 39 2.20 JUSTIÇA POLÍTICA OU EXTRAORDINÁRIA Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; Atenção 2.21 RESTRIÇÃO AO FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO As normas da Constituição de 1988 que estabelecem as hipóteses de foro por prerrogativa de função devem ser interpretadas restritivamente, aplicando-se apenas aos crimes que tenham sido praticados durante o exercício do cargo e em razão dele. Assim, por exemplo, se o crime foi praticado antes de o indivíduo ser diplomado como Deputado Federal, não se justifica a competência do STF, devendo ele ser julgado pela 1ª instância mesmo ocupando o cargo de parlamentar federal. Além disso, mesmo que o crime tenha sido cometido após a investidura no mandato, se o delito não apresentar relação direta com as funções exercidas, também não haverá foro privilegiado. Foi fixada, portanto, a seguinte tese: O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas. STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018 (Info 900) 2.22 MARCO PARA O FIM DO FORO Término da instrução: Após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para apresentação de alegações finais, a competência para processar e julgar ações penais não será mais afetada em razão de o agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo. STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018 (Info 900). 40 2.23 COMPETÊNCIA PARA CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA PRATICADOS COM VIOLÊNCIA DOMÉSTICA A Lei de Organização Judiciária poderá prever que a 1ª fase do procedimento do júri seja realizada na Vara de Violência Doméstica em caso de crimes dolosos contra a vida praticados no contexto de violência doméstica. Não haverá usurpação da competência constitucional do júri. Apenas o julgamento propriamente dito é que, obrigatoriamente, deverá ser feito no Tribunal do Júri. STF. 2ª Turma. HC 102150/SC, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 27/5/2014 (Info 748) 2.24 CRIME DE MOEDA FALSA Em regra, é de competência da Justiça Federal, pois é de competência da União emitir moeda (Art. 21, VII da CF). E mesmo se a falsificação for de moeda estrangeira, a competência continua da Justiça Federal, porque compete ao Banco Central fiscalizar a circulação de moeda estrangeira em território nacional. Entretanto, quando a falsificação de moeda é grosseira, não se trata de crime de moeda falsa, pois se a falsificação é capaz de enganar alguém e se obteve a vantagem ilícita trata-se de crime de estelionato, logo, é de competência da justiça estadual, no teor da Súmula 73 do STJ. 2.25 JUSTIÇA ESTADUAL É a competência mais residual de todas, pois o crime somente será julgado na Justiça Estadual quando não for da competência da Justiça Especial (Militar ou Eleitoral) e da Justiça Comum Federal. A propósito, havendo conflito entre a Justiça Comum Federal e Estadual, prevalece a Justiça Federal, nos termos do art. 78, III, CPP e Súmula 122 do STJ. 41 Súmula 122 do STJ: “Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do Art. 78, II, "a", do Código de Processo Penal.” Questões Pontuais Crimes contra a honra praticados pelas redes sociais da internet: competência da JUSTIÇA ESTADUAL (regra geral) STJ. CC 121.431-SE, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 11/4/2012. Crime praticado em Banco Postal: Compete à Justiça Estadual (e não à Justiça Federal) processar e julgar ação penal na qual se apurem infrações penais decorrentes da tentativa de abertura de conta corrente mediante a apresentação de documento falso em agência do Banco do Brasil (BB) localizada nas dependências de agência da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) que funcione como Banco Postal. STJ. 3ª Seção. CC 129.804-PB, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 28/10/2015 (Info 572). 42 LEIS ESPECIAIS JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL 1. MANDAMENTO CONSTITUCIONAL Os Juizados Especiais estão previstos na Constituição Federal, em seu artigo 98, inciso I: 2. PRINCÍPIO DA DISCRICIONARIEDADE REGRADA A Lei nº 9099/95 entra em vigor para inaugurar a denominada jurisdição consensual no âmbito criminal. No princípio da discricionariedade regrada, estando presentes os requisitos do art. 76, o Ministério Público pode ofertar uma proposta de transação penal ao invés de oferecer a denúncia. Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau; Requisitos (art. 76 da Lei 9099/95) Deve haver representação do ofendido ou ser caso de ação penal pública incondicionada Não pode ser caso de arquivamento 43 2.1 Medidas Despenalizadoras ❖ Composição Civil dos Danos: gera a renúncia ao direito de queixa na ação penal privada ou a renúncia à representação na ação penal pública condicionada, com a consequente extinção da punibilidade (art. 74, parágrafo único, da Lei 9099/952). Essa medida inibe a instauração do processo criminal. ❖ Transação Penal: autoriza o cumprimento imediato de uma pena restritiva de direitos ou multa, em contrapartida evita a instauração do processo criminal (art. 76 da Lei no 9099/953). ❖ Representação nos Delitos de Lesões Corporais Leves e Lesões Culposas: a lei no 9099/95 cria essa condicionante para esses crimes de forma que a não apresentação da representação no prazo de 6 (seis) meses a contar da ciência do autor dos fatos gera a decadência, que é uma causa extintiva da punibilidade (art. 88 da Lei no 9099/95). Antes da Lei 9099/95, os crimes de lesão corporal leve e lesão culposa eram de ação penal pública incondicionada. ❖ Suspensão Condicional do Processo: se houver acordo com o acusado, depois de recebida a denúncia, o magistrado suspende o andamento da ação penal e da prescrição. Em contrapartida, durante determinado lapso temporal (período de prova), o acusado é submetido a certas condições. Encerrado o período de prova sem a ocorrência de qualquer alteração, o magistrado declara extinta a punibilidade (art. 89 da Lei 9099/95). Vale ainda destacar que o instituto da suspensão condicional do processo não se limita aos delitos de menor potencial ofensivo da Lei 9099/95, ou melhor, vale para todo e qualquer delito que preencha os requisitos do art. 89 da Lei 9099/95. Atenção para os Casos de Conexão e Continência. Art. 60, § único. Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes da aplicação das regras de conexão e continência, observar-se-ão os institutos da transação penal e da composição dos danos civis. 44 2.2 Medida Descarcerizadora É uma medida que evita o encarceramento. Trata-se do Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), um instrumento investigatório mais simplificado quando comparado com o Inquérito Policial. 3. FORMAÇÃO DO JEC Art. 60. O Juizado Especial
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