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O Direito Ocidental é universal? (Ensaio)

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Gustavo Augusto Sant’Ana Fonseca - Turma D
Por meio da Declaração dos Direitos do Homem em 1789 e posteriormente com a divulgação da Declaração Universal dos Direitos Humanos pela ONU em 1948, observa-se a tentativa ocidental de definir conceitos - intrinsecamente relacionados ao direito - que consigam abarcar toda humanidade¹. Em meio a esse contexto, a proposta desse ensaio é analisar a seguinte questão: será o Direito Ocidental um conceito universal?
Definindo primeiramente universal como algo de maior abrangência possível, percebe-se que o cerne dessa questão se trata da total globalidade e internacionalidade de todas nações e culturas. Contudo, ao analisar determinadas culturas como a chinesa, indiana e também as culturas islâmicas, já se constata que, na prática, os conceitos de Direitos do Homem (Direitos Humanos, Direitos Fundamentais, dentre outros nomes) foram construídos no seio da cultura ocidental em meio a um processo histórico baseada nos pilares do cristianismo, razão grega e direito romano e que nem todos compartilham os mesmos ideais.
Alain Supiot, por exemplo, define os Direitos Humanos como a tentativa de definição de “Religião para a Humanidade” e constata que tratar os Direitos Humanos como conceitos universais, pode abrir margem para interpretações fundamentalistas como, por exemplo, o messianismo que implica imposição cultural, o comunitarismo e as teses cientificistas.² Por sua vez, François Julien realiza a contraposição entre os Direitos do Homem universalizáveis e universalizantes.³ O primeiro possui caráter principalmente teórico e, perigosamente, pode ser considerado por muitas vezes pretensamente abusivo, fraudulento e ilegítimo, por muitas vezes tentar se impor como verdade universal - ou fundamentalista. O segundo, por sua característica mais ativa, prática e operatória, é valorado pelos seus atos, efeitos e consequências, sendo um conceito ainda em construção.
Dessa forma, é possível concluir que para que os direitos humanos sejam de fato uma busca universal sem imposição de valores e conceitos - liberdade, igualdade, direitos fundamentais, individuo e etc - é preciso que se evitem os choques culturais (como os messianismos armados) e haja espaço para diferentes interpretações, abertas e construtivas, desse “Direito Universal” com base nas diferentes culturas e na pluralidade de valores.
1- JULLIEN, François. Os direitos do homem são mesmo universais?, Le monde diplomatique
2-SUPIOT, Alain. Homo Juridicus. Cap. 6 Unir a humanidade. Do uso correto dos direitos do Homem
3-JULLIEN, François. Os direitos do homem são mesmo universais?, Le monde diplomatique

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