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e o vento levou resenha sobre a questão relativa a escravidão

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Resenha do livro “E o vento levou” de Margaret Mitchell 
Aluna: Ana Julia Gomes de Oliveira
profa: Paula Cristiane. 
 
 A obra resenhada “E o vento levou” Vol. I de Margaret Mitchell (1900-1949) teve sua primeira publicação em 1936. Sendo esta a sua primeira edição de bolso no Brasil, com publicação em 2013 pela BestBolso com a tradução de Marilene Tombini. No ano seguinte a sua publicação, em 1837 foi ganhador do premio Pulitzer de ficção, trata-se de romance que se tornou mundialmente conhecido, ganhando uma versão cinematográfica em 1939, com Vivien Leigh e Clark Gable, o qual foi premiado com oito Oscar. 
 O romance inicia-se na Geórgia sul dos EUA em 1861, período em que a guerra civil America esta prestes a começar. Na fazenda Tara, a jovem Scarlett O’hara, após uma desilusão por não conseguir casar-se com Ashley Wilkes, a quem dedica seu amor por dois anos, torna-se uma mulher disposta a tudo para conseguir o que deseja, e é então que se envolve com um aventureiro, Rhett Butler, com que vivera um romance bastante conturbado, a guerra prossegue e os fortes ataques dos ianques, deixa a fazenda em uma situação de crise marcada pela fome e desespero. 
 O livro divide-se em três partes e trinta capítulos, Dentre os diversos temas que estão presentes ao longo das 527 paginas do livro, destacarei agora um que de fato pode passar despercebido entre a maioria dos leitores da obra, no entanto se torna fundamental quando analisado o contexto histórico, a escravidão, visto que esta era uma das principais questões entre o norte e o sul dos EUA, que os levaram para uma sangrenta guerra civil, visto que o norte era contra este tipo de trabalho, e isso principalmente pelo modelo econômico fabril que possuíam e por dizer que era anticristão, e o sul a favor, também devido ao seu modelo econômico de grandes fazendas e plantações voltadas para exportação de produtos. A situação se agrava quando o norte se vê favorecido no senado, pelo ingresso de novos estados na união, já que antes, ambos os lados tinham o mesmo numero de senadores. E ainda pela vitoria de Abrahan Lincoln, que defendia os diretos do norte. 
 Devido o sul, local onde a história é ambientada, se mostrar enquanto sociedade escravocrata, percebemos durante todo o livro algumas características das relações dos escravos com os senhores e homens brancos e entre eles próprios e são a essas relações que darei um foco maior neste trabalho. Já na primeira pagina nos deparamos com a primeira referencia a escravidão, quando falando da escrava Mammy, era uma escrava de casa, alem de governanta, também ajudava na educação das filhas mulheres, veio com Ellen O´hara, mãe de Scarlett quando se casara com Gerald, esta mesma personagem apresenta-se em diversos outros momentos, demonstrando diversas características dessas relações, é descrita como “uma negra retinta, africana pura, dedicada ate ultima gota de sangue aos O’hara, esteio de Ellen, desespero de suas filhas, terror dos outros criados da casa” (pag. 29), esta personagem retrata bem o que podemos ver entre muitos escravos personagens, o orgulho quase tão elevado quanto o de seus senhores brancos, “Mammy era negra, mas seu código de conduta e seu senso de orgulho eram tão elevados quanto e de seus senhores, ou ate mais” (pag.29), particularidade mostrada em diversos momentos, mesmo e principalmente em relação a outros escravos, expondo certo desejo de superioridade e mesmo arrogância, como se sua condição fosse melhor que a dos demais mesmo sendo negro e escravo, assim como podemos ver representado nas falas desta mesma personagem com outros escravos da casa, “— ocê Rosa!! Me joga o xale da sinhazinha Scarlet. – depois mais alto. – nêga desapiedada! Nunca ta onde pode ajuda os otro. Agora eu merma tenho que subi lá.” (Pag.30). 
 Mesmo em relação aos homens brancos de poucas posses e mais ainda pelos escravos que a estes pertenciam, os negros escravos de senhores ricos mostravam desdém e arrogância, como se seu status se afirmasse em relação aos bens que seu senhor possuía, podemos claramente perceber isto na figura de Jeems, um escravo de companhia, que pertencia aos gêmeos Brant e Stuart, que afirma em sua fala “Como pode os branco ordinário Pobre comprá mais nêgo? Ele nunca teve mais de quatro, quando muito.” (Pag.24) ou como ainda expresso pela autora “Havia desdém na voz de Jeems. Seu próprio status social estava garantido porque os Tarleton possuíam uma centena de negros e, como todo escravo das grandes fazendas, ele desprezava os pequenos fazendeiros que tinham poucos escravos” (pag. 24). E ainda em relação aos negros que pertenciam a estes homens de menos posses, percebemos todo desprezo em uma conversa que este escravo tem com seus senhores “— empiná o nariz? Eu empiná o nariz pros nêgo barato? Não, eu tenho mais modo. A sinhá biatris num me ensino os modo que nem ensino procês tudo?” (pag, 24).
 No que diz respeito ao que os homens brancos ordinários pensavam sobre os negros de senhores ricos, não era uma visão mais amistosa, alguns deles chegavam a odia-los por sentirem-se ofendidos pelo seu desprezo, ao mesmo tempo em que de certo modo e principalmente dos escravos domésticos alimentam uma certa inveja, de como se alimentam, se vestiam e mesmo dos cuidados que recebiam, e principalmente da estabilidade que tinham por pertencerem a uma família que tivesse um nome de prestígio. Na visão do personagem Tom Slattery “...Ele odiava especialmente os negros arrogantes dos ricos. Os negros das casas de condado se consideravam superiores aos brancos ordinários e, ao mesmo tempo que o visível desprezo deles o ofendia, a posição mais segura que tinham na vida lhe instigava inveja. Em oposição á sua miserável existência, eles eram bem alimentados, bem vestidos e assistidos na doença e na velhice. Tinham orgulho dos bons nomes de seus donos e, na maior parte, eram orgulhosos de pertencer a pessoas de qualidade, enquanto ele era desprezado por todos...” (pag. 57) 
 Entre os senhores e seus escravos havia uma relação de intimidade, principalmente os escravos de casa, que por fim tinham total confiança de seus donos, e em alguns casos dedicavam a estes seu carinho e respeito, havia na maioria das vezes uma relação amigável e de lealdade, um exemplo alem de Mammy, já citada acima, vemos Pork, mordomo, e um negro doméstico experiente, ele fazia toda supervisão dos criados, estava com Gerald desde antes do casamento e por isso acabou adaptando-se ao jeito descansado do senhor, ele acompanhou todo crescimento de Scarlet e de suas duas irmãs, e por tal razão, acabou dedicando grande carinho a estas, como também e mostrado como um escravo querido por seus donos, como visto quando Scarlet volta para Fazenda Tara – “sinhá Scarlett! sinhá scarlett! –gritou. Scarlett o agarrou pelos braços. Pork, parte essencial de Tara, tão querido quanto os tijolos e frios corredores! Ela sentiu a lagrima dele correndo por suas mãos, enquanto lhe dava tapinhas desajeitados, exclamando: -- Ah, que bão tê sinhazinha de volta! Ah, que bão...” (pag. 417).
Havia ainda uma certa distinção entre os negros de casa e os do campo e que viviam em senzalas, mesmo entre os de mesmo dono, estes serviços eram vistos como impróprios mesmo pelos escravos que eram destinados aos afazeres de casa, como se eles por viverem na casa de condado e terem supostamente serviços mais leves, mesmo sendo escravos pertenciam a um status mais elevado, rejeitando a todo custo estes serviços “ Ela pretendia que os negros fizessem o trabalho do campo, enquanto ela e as convalescentes cuidassem da casa, mas nisso foi confrontada com sentimento de castas ainda maior fortes que o se próprio. Pork, Mammy e Prissy, fizeram a maior balburdia diante da ideia de trabalhar no campo. Reiterando que eram negros de serviços domésticos, não trabalhadores do campo. Mammy,principalmente declarou com veemência que nunca sequer fora negra de senzala...” (pag. 466).
 O livro resenhado embora literário, contem diversos aspectos que podem serrelevantes para historiadores, visto que ao ser ambientado durante a guerra civil americana apresenta-nos diversos aspectos dessa, desde a preparação, convocação ao próprios cercos dos ianques, como também percebemos aspectos sociais presentes no período, a relação da escravidão, entre os homens, os efeitos da guerra, e ainda da situação econômica e política, mesmo que estes aspectos devem ser cuidadosamente analisados já que este é também uma obra de ficção e muito do seu conteúdo não tem teor verídico, mesmo assim pode ser útil para compreensão da sociedade do sul dos EUA, na década de 1860.
 A autora Margaret Mitchell, nasceu em 1900 em Atlanta na Geórgia, era formada em jornalismo, mais após casar-se abandou a carreira, sua obra “E o vento Levou” foi a única publicada enquanto ainda estava viva, em 1937 foi ganhadora do premio Pulitez de ficção, ela morreu em 1949 aos 49 anos de idade, sua obra se tornou um dos mais famosos romances da literatura mundial, considera pela The new York Times, um dos 100 maiores romances norte-americanos.
 Ana Julia Gomes de oliveira, acadêmica do curso de licenciatura plena em história da Universidade Regional do Cariri – URCA, centro de humanidades, departamento de história, V semestre.

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