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Aula 26 Legislacao Especial Aula 02

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Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 1 
CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL – TEORIA E EXERCÍCIOS 
PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL 
PROFESSOR PEDRO IVO 
AULA 2 - TRÁFICO ILÍCITO E USO INDEVIDO DE 
SUBSTÂNCIAS ENTORPECENTES - LEI N° 11.343/2006 –
PARTE 02
Futuros Aprovados, 
Hoje vamos continuar a tratar sobre a Lei de Drogas. Assim, finalizaremos este 
importante tema que, com certeza, estará na próxima PROVA para a Polícia 
Federal. 
Como vocês devem ter percebido, a lei é de fácil entendimento, mas o 
conhecimento dos detalhes é o que fará a diferença. 
Iniciaremos esta aula com a continuação dos crimes. Depois trataremos de 
alguns institutos penais e, finalizaremos dando atenção especial ao rito 
processual. 
Por ser continuação, seguirei a numeração da aula anterior para facilitar o 
entendimento e a organização das folhas. 
Dito isto, vamos ao que interessa? 
Bons estudos! 
*************************************************************** 
 
1.6 DA REPRESSÃO À PRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA E AO 
TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS 
 1.6.6 INFORMANTE EVENTUAL 
Uma grande inovação trazida pela nova Lei foi a criação de uma figura 
autônoma para o chamado informante colaborador com o tráfico. 
Mas o que é esse tal da “informante colaborador”? 
Com certeza, você já leu notícias de operações policiais que fracassaram 
graças a informações que “vazaram” do interior da corporação. 
Normalmente isso ocorre pela presença de “informantes” que levam a 
notícia para os infratores, antes da realização das ações policiais. 
 
 
 
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Antes da Lei de Drogas, o informante era considerado partícipe no crime e 
recebia a mesma pena que o autor, ou seja, não havia um preceito legal 
que tratasse unicamente desta figura. 
Diferentemente, com a nova Lei, pode-se tipificar a conduta do autor e do 
informante, que respondem por tipos penais diferentes. Observe o que 
dispõe a Lei de Drogas no seu artigo 37: 
Art.37. Colaborar, como informante, com grupo, organização 
ou associação destinados à prática de qualquer dos crimes 
previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de 
300 (trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa. 
É importante ressaltar que o informante não integra efetivamente o grupo e 
não toma parte no tráfico, apenas passa informações aos seus integrantes. 
A lei dita que para a caracterização do delito a informação deve ser dirigida 
a grupo, organização ou associação. 
PARA LEMBRAR!!!
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor 
à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, 
ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem 
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar. 
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: 
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, 
fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, 
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-
prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas; 
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima 
para a preparação de drogas; 
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, 
administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que 
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas. 
Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a 
qualquer título, possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário, 
aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação, preparação, produção 
ou transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo com determinação legal 
ou regulamentar. 
 
 
 
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Vamos ver o que diferencia uma das outras: 
DENNOMINAAÇÃÃ O DDEFFIINNIIÇÃO
GRRUUPPOO 
QQUUAALLQQUUEER R GGRRUUPPAAMMEENNTTO O DDEE 
PEESSSOASS , SSE M MMAIOOR 
OORRGGAANNIIZZAAÇÇÃÃO O IINNTTEERRNNAA.. 
OORGGAANIZAÇÇÃO 
EESSPPÉÉCCIIE E DDE E GGRRUUPPO O CCOOMM 
ESSTRUUTUURAAÇÃÃ O INNTERNNA A MAAISS 
DEFFINNIDDAA.. 
AASSOOCIAÇÇÃO 
UUNNIIÃÃO O DDE E DDUUAAS S OOU U MMAAIISS 
PESSSOAASS , DDE E MANNEEIRRA 
EESSTTÁÁVVEEL L E E PPEERRMMAANNEENNTTEE.. 
Passemos agora a uma análise mais detalhada do delito: 
1 – Objeto Jurídico Î O delito atinge a saúde pública (objeto jurídico 
principal) e a tranquilidade das pessoas (objeto jurídico secundário). 
2 – Sujeito Ativo Î Trata-se de crime comum, podendo ser cometido 
por qualquer pessoa. 
3 – Sujeito Passivo Î É a coletividade. 
4 – Conduta Típica Î Consiste em colaborar, como informante, com 
grupo, organização ou associação destinados à prática de qualquer dos 
crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 da Lei de Drogas. 
5 – Elemento Subjetivo Î O crime é doloso, exigindo-se a consciência 
de estar colaborando como informante com grupo, associação ou 
organização destinada à prática de qualquer dos crimes previstos nos 
arts. 33, caput e § 1o, e 34 da Lei de Drogas. 
 
 
 
 
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6 – Qualificação Doutrinária Î Trata-se de crime doloso, comum, de 
mera conduta, de perigo abstrato e coletivo. 
7 – Consumação e Tentativa Î A consumação ocorre com a 
colaboração. A tentativa será possível, ocorrendo quando a informação é 
encaminhada por escrito. 
Agora que você já sabe definir a atuação delituosa do informante, vamos 
analisar uma situação que, inclusive, já foi objeto de exigência e PROVAS: 
 1.6.7 PRESCRIÇÃO OU MINISTRAÇÃO CULPOSA 
Para o correto entendimento deste crime, precisamos recorrer à redação 
anterior, prevista na antiga Lei de Drogas, a fim de compreendermos a 
correta extensão da nova norma. Observe o antigo texto legal: 
PARA PENSAR 
Você já sabe que o legislador tipificou somente a atuação do informante 
colaborador de grupo, organização ou associação. 
Mas e se o informante colaborar com um traficante que “trabalha” 
sozinho? Ele vai ser punido com base nos preceitos definidos no art. 37 
da Lei de Drogas ou, como na lei anterior, será considerado partícipe do 
delito? 
Observe que, conforme os arts. 33 e 34, caso seja considerado partícipe 
do delito, o indivíduo será punido com uma sanção mais pesada que a 
prevista para o crime do informante. 
Assim, teríamos a seguinte incongruência: Se o informanteavisa para 
grupo, organização ou associação, é punido com uma pena mais leve do 
que se informa somente para um indivíduo. 
Desta forma, com base na analogia in bonam partem, aceita em nosso 
ordenamento jurídico, entendem os Tribunais e o CESPE que a 
tipificação prevista no art. 37 da lei nº 11.343/06, apesar de só tratar de 
grupo, associação ou organização, também se aplica no caso em que o 
informante avisa só uma pessoa. 
 
 
 
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Art. 15. Prescrever ou ministrar culposamente, o médico, 
dentista, farmacêutico ou profissional de enfermagem substância 
entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, 
em de dose evidentemente maior que a necessária ou em 
desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Agora compare com a nova redação: 
Art.38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que 
delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou 
em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento 
de 50 (cinqüenta) a 200 (duzentos) dias-multa 
Perceba que o art. 38, diferentemente da redação anterior, não especifica 
exatamente quem pode cometer o crime, ou seja, não trata 
especificamente do “médico, dentista, farmacêutico ou profissional 
de enfermagem”. 
Assim, logo quando surgiu a lei nº 11.343/06, o comentário de muitos foi: 
“Legal, agora o crime de prescrição ou ministração culposa não é mais um 
crime próprio!!!”. 
Ocorre, entretanto, que o parágrafo único do art. 38 dispõe: 
Art. 38. [...] 
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho 
Federal da categoria profissional a que pertença o agente. 
Ora, se a lei prevê que o Juiz deverá comunicar a condenação ao Conselho 
Federal da categoria profissional, é claro que o legislador não retirou a 
obrigatoriedade de que o agente do delito seja da área biomédica, mas 
apenas não especificou quais seriam estes profissionais. 
Desta forma, podemos afirmar que o crime de prescrição ou ministração 
culposa trata-se de um crime próprio dos profissionais da área 
biomédica e que só pode ser praticado na modalidade culposa por quem 
prescreva ou ministre substância entorpecente ou que determine 
dependência física ou psíquica, sem que delas necessite o paciente. 
 
 
 
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Também incide neste tipo penal os profissionais acima citados quando 
prescrevem doses excessivas em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar. 
Podemos resumir o delito da seguinte forma: 
CONDUTAS QUE CARACTERIZAM O CRIME DE PRESCRIÇÃO OU 
MINISTRAÇÃO CULPOSA DE DROGAS (CRIME PRÓPRIO) 
• PRESCREVER OU MINISTRAR DROGAS SEM QUE DELAS NECESSITE
O PACIENTE; 
• PRESCREVER OU MINISTRAR EM DOSES EXCESSIVAS; 
• PRESCREVER OU MINISTRAR EM DESACORDO COM
DETERMINAÇÃO LEGAL OU REGULAMENTAR. 
Obs.: O crime se consuma com a entrega do receituário (prescrever) ou com a
introdução no organismo da droga (ministrar). Como é um crime culposo, não
admite tentativa. 
1.6.8 CONDUÇÃO DE EMBARCAÇÃO OU AERONAVE SOB INFLUÊNCIA 
DE DROGA
O legislador inovou em relação à antiga Lei de Drogas ao prever expressa 
criminalização à conduta do agente que conduz embarcação ou aeronave 
após o consumo de droga, expondo a dano potencial a incolumidade de 
outrem. Observe o dispositivo em análise: 
PARA PENSAR 
E o médico-veterinário? Pode também incidir neste tipo penal? 
Entende a jurisprudência que não, pois ele tem autorização para 
ministrar drogas somente em animais. 
E se ele prescrever drogas para um animal e este vier a morrer? 
Ai é outro caso, que não cai na sua PROVA!!! 
 
 
 
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Art.39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de 
drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da 
apreensão do veículo, cassação da habilitação respectiva ou 
proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena privativa de 
liberdade aplicada, e pagamento de 200 (duzentos) a 400 
(quatrocentos) dias-multa. 
A condução de embarcação ou aeronave após o consumo de drogas trata de 
um crime de perigo concreto, sendo que para perfazer o tipo não basta a 
condução de embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, é 
necessário que essa ação exponha a dano potencial a incolumidade 
de outrem. 
“Mas, professor... Como assim?” 
Vamos exemplificar: 
Imagine que Mévio, após consumir drogas, resolve conduzir sua lancha em 
uma praia particular sem a presença de qualquer pessoa. Neste caso, estará 
caracterizado o delito? 
A resposta é negativa, pois a condução da lancha em uma praia deserta não 
expõe a dano potencial a incolumidade de outrem. Assim, não haverá 
crime. 
Vamos agora tratar de outro ponto importante do crime: 
Imaginemos que Tício adquire a aula de Legislação Especial no Ponto dos 
Concursos e pensa o seguinte: “Bom, se o artigo 39 fala só de embarcação 
ou aeronave, caso um indivíduo consuma drogas e pegue um veículo 
terrestre, como um automóvel, por exemplo, não estará cometendo 
nenhum crime”. 
A afirmação de Tício está correta? Claro que não! 
O art. 39 fala sobre a condução de embarcação ou aeronave, mas não cita o 
veículo automotor. Isto ocorre porque existe uma lei específica para 
veículos terrestres, que é o Código de Trânsito Brasileiro. Essa lei trata 
de aspectos relacionados com as drogas e com o álcool. 
Já as embarcações e aeronaves aparecem no art. 39 da lei das Drogas em 
relação ao uso de drogas, mas e quanto ao álcool, está tudo liberado? 
Evidente que não. Nesse caso, a pena virá da lei de contravenções penais. 
 
 
 
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Portanto, são utilizadas três leis diferentes para normatizar os veículos 
aéreos, marítimos e terrestres, como mostra o quadro abaixo. Ressalto que 
o que importa para você são os aspectos relacionados com a LEI DE 
DROGAS: 
MEIO ALCOOL DROGA
VEÍCULO TERRESTRE ART. 306 DO CTB ART. 306 DO CTB 
AERONAVE 
ART. 35 DA LEI DE 
CONTRAVENÇÕES 
PENAIS 
ART. 39 DA LEI DE DROGAS 
EMBARCAÇÃO 
ART. 34 DA LEI DE 
CONTRAVENÇÕES 
PENAIS 
ART. 39 DA LEI DE DROGAS 
Passemos agora a uma análise mais detalhada do delito: 
1 – Objeto Jurídico Î Diferentemente de TODOS os crimes que vimos 
até agora, neste caso o bem juridicamente protegido não é a saúde 
pública, mas a incolumidade pública. 
2 – Sujeito Ativo Î Trata-se de crime comum, podendo ser cometido 
por qualquer pessoa. 
3 – Sujeito PassivoÎ É a coletividade. 
4 – Conduta Típica Î Consiste em conduzir embarcação ou aeronave 
após o consumo de drogas, expondo a dano potencial a incolumidade 
pública 
5 – Elemento Subjetivo Î O crime é doloso, não se exigindo finalidade 
especial. 
 
6 – Qualificação Doutrinária Î Trata-se de crime doloso, comum, 
material, de perigo concreto e coletivo. 
 
 
 
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7 – Consumação e Tentativa Î A consumação ocorre com a produção 
do perigo. A tentativa não é possível. 
Finalizando, vale citar que, no caso de transporte coletivo de passageiros, o 
art. 39 determina que se cumulem as penas de prisão e de multa, 
tornando-as mais severas, como não poderia deixar de ser: 
Art. 39 
[...] 
Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas 
cumulativamente com as demais, serão de 4 (quatro) a 6 (seis) 
anos e de 400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias-multa, se 
o veículo referido no caput deste artigo for de transporte coletivo 
de passageiros. 
 1.6.8 CAUSAS DE AUMENTO DE PENA
O art. 40, que vamos analisar agora, traz a previsão de diversas causas que 
possibilitam o aumento de pena. Observe o texto legal: 
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são 
aumentadas de um sexto a dois terços, se: 
I - a natureza, a procedência da substância ou do produto 
apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem a 
transnacionalidade do delito; 
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função 
pública ou no desempenho de missão de educação, poder 
familiar, guarda ou vigilância; 
III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou 
imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou 
hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, 
culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais 
de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem 
espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços 
de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção 
social, de unidades militares ou policiais ou em transportes 
públicos; 
 
 
 
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IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave 
ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de 
intimidação difusa ou coletiva; 
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou 
entre estes e o Distrito Federal; 
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou 
adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, 
diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e 
determinação; 
VII - o agente financiar ou custear a prática do crime. 
Este artigo apresenta sete incisos referentes aos casos em que as penas 
podem ser aumentadas. Vamos analisá-los: 
• A NATUREZA, A PROCEDÊNCIA DA SUBSTÂNCIA OU DO PRODUTO APREENDIDO E AS 
CIRCUNSTÂNCIAS DO FATO EVIDENCIAREM A TRANSNACIONALIDADE DO DELITO (INCISO I): 
Para a incidência desta causa de aumento de pena (tráfico 
internacional), basta que fique comprovada a finalidade do 
agente, não sendo necessário que o agente consiga entrar ou 
sair do país com a droga. Observe interessante julgado: 
ATENÇÃO 
AS CAUSAS DE AUMENTO DE PENA A QUE SE REFEREM ESTE ARTIGO SÃO 
IMPOSTAS APENAS AOS CRIMES QUE MANTÊM RELAÇÃO COM O TRÁFICO E NÃO 
PODEM SER APLICADAS AOS CRIMES EM QUE A INTENÇÃO DO AGENTE É O 
CONSUMO, POIS, COMO VOCÊ JÁ SABE, A INTENÇÃO DESTA LEI É PUNIR MAIS 
SEVERAMENTE O TRAFICANTE E NÃO O USUÁRIO/DEPENDENTE. 
Não se exige que haja a efetiva entrada ou saída do objeto material do 
território nacional, mas que fique demonstrado que ele se destinava à 
importação ou à exportação proibida, como quando ocorre a sua 
interceptação em zona de fiscalização alfandegária ou nas áreas de 
embarque internacional (TRF / Apelação Criminal nº 6570, DJ 
03.09.2009) 
 
 
 
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• CARACTERIZADO O TRÁFICO ENTRE ESTADOS DA FEDERAÇÃO OU ENTRE ESTES E O 
DISTRITO FEDERAL (INCISO V): 
Além do tráfico internacional, o tráfico interestadual também é causa de 
aumento de pena. 
• O AGENTE PRATICAR O CRIME PREVALECENDO-SE DE FUNÇÃO PÚBLICA OU NO 
DESEMPENHO DE MISSÃO DE EDUCAÇÃO, PODER FAMILIAR, GUARDA OU VIGILÂNCIA 
(INCISO II): 
Revelando especial atenção ao agente que, traindo a sociedade, se 
prevalece da função pública ou social para exercer uma prática 
criminosa, o legislador atribui aumento de pena para duas situações: 
A primeira refere-se à função pública, ou seja, atinge policiais, peritos, 
juizes, escrivães, promotores de justiça etc. 
A segunda atinge os que possuem missão de educação, poder familiar, 
guarda ou vigilância, tais como o pai de uma criança que pratica o tráfico 
em casa, o responsável de um almoxarifado de hospital que desvia morfina 
etc. 
• A INFRAÇÃO TIVER SIDO COMETIDA NAS DEPENDÊNCIAS OU IMEDIAÇÕES DE 
ESTABELECIMENTOS PRISIONAIS, DE ENSINO OU HOSPITALARES, DE SEDES DE ENTIDADES 
ESTUDANTIS, SOCIAIS, CULTURAIS, RECREATIVAS, ESPORTIVAS, OU BENEFICENTES, DE 
LOCAIS DE TRABALHO COLETIVO, DE RECINTOS ONDE SE REALIZEM ESPETÁCULOS OU 
DIVERSÕES DE QUALQUER NATUREZA, DE SERVIÇOS DE TRATAMENTO DE DEPENDENTES 
DE DROGAS OU DE REINSERÇÃO SOCIAL, DE UNIDADES MILITARES OU POLICIAIS OU EM 
TRANSPORTES PÚBLICOS (INCISO III): 
A enumeração dos locais em que ocorre a causa de aumento de pena
é taxativa, ou seja, não é admitida a ampliação por analogia. Segundo o 
texto legal, caberá o aumento nos casos em que a infração for cometida nas 
dependências ou imediações de: 
1. Estabelecimentos Prisionais; 
2. Estabelecimentos de Ensino; 
3. Estabelecimentos Hospitalares; 
4. Sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, 
esportivas, ou beneficentes ; 
5. Locais de Trabalho Coletivo; 
6. Recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer 
natureza; 
 
 
 
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7. Estabelecimento de serviços de tratamento de dependentes de 
drogas ou de reinserção social; 
8. Unidades militares ou policiais 
9. Transportes públicos 
• O CRIME TIVER SIDO PRATICADO COM VIOLÊNCIA, GRAVE AMEAÇA, EMPREGO DE ARMA 
DE FOGO OU QUALQUER PROCESSO DE INTIMIDAÇÃO DIFUSA OU COLETIVA (INCISO IV): 
Em virtude de cada vez mais as atividades ligadas ao 
narcotráfico se valerem de violência física e de grave 
ameaça para a consecução de seus ilícitos, esta causa de 
aumento de pena visa reprimir de forma mais pesada tais 
atitudes. 
Ressalta-se que o dispositivo legal trata da violência física empregada 
contra a pessoa, não alcançando a violência contra “coisa” 
• SUAPRÁTICA ENVOLVER OU VISAR ATINGIR CRIANÇA OU ADOLESCENTE OU A QUEM 
TENHA, POR QUALQUER MOTIVO, DIMINUÍDA OU SUPRIMIDA A CAPACIDADE DE 
ENTENDIMENTO E DETERMINAÇÃO (INCISO II): 
O agente que, no crime de tráfico, envolver ou visar crianças, adolescentes 
e pessoas detentoras de uma situação com capacidade de entendimento e 
determinação reduzida, também incidirá em causa de aumento de pena. 
ATENÇÃO!!! 
NA VIGÊNCIA DA LEI ANTERIOR (6.368/76), SE O AGENTE, NO 
CRIME DE TRÁFICO, ENVOLVESSE OU VISASSE IDOSOS, 
TAMBÉM INCIDIRIA EM UMA CAUSA DE AUMENTO DE PENA. 
PORÉM, TAL CAUSA DEIXOU DE EXISTIR COM A LEI NOVA. 
DESTA FORMA, CARO ALUNO, PERGUNTO: PODEMOS 
AFIRMAR QUE O DELITO PRATICADO CONTRA IDOSO NUNCA 
SERÁ ABRANGIDO POR UMA HIPÓTESE DE AUMENTO DE 
PENA? 
É CLARO QUE NÃO, POIS, POR EXEMPLO, SE O IDOSO TIVER 
SUA CAPACIDADE DE ENTENDIMENTO E DETERMINAÇÃO 
REDUZIDA, ESTARÁ INCLUÍDO NESTE CASO. 
O QUE PODEMOS AFIRMAR É QUE NEM TODA OCORRÊNCIA 
ENVOLVENDO IDOSOS INCIDIRÁ EM CAUSA DE AUMENTO DE 
PENA. 
 
 
 
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• O AGENTE FINANCIAR OU CUSTEAR A PRÁTICA DO CRIME. 
A ação do agente consistente em financiar ou custear a prática do crime 
demonstra um particular domínio seu sobre as operações do narcotráfico, 
além de facilitar a própria atividade, que não sobrevive sem financiamento. 
“Mas professor... Agora enrolou tudo... Qual a diferença entre a causa de 
aumento de pena que estamos analisando e o crime previsto no art. 36 que 
já estudamos?” 
Excelente pergunta... O art. 36 visa alcançar aquele que fica “por trás das 
cortinas”, financiando a conduta criminosa de terceiros. Atinge aquele que 
não atua diretamente no ilícito, mas financia o desempenho da atividade 
por outros. 
Já a causa de aumento de pena atinge aquele que desenvolve a atividade 
criminosa diretamente e, além disso, acrescenta valores. 
 1.6.9 DELAÇÃO PREMIADA
Neste ponto trataremos da chamada delação premiada, instituto 
este importantíssimo dentro do nosso País. Vamos compreender: 
O legislador, consciente da necessidade de estimular a delação 
como uma forma de combater o crime organizado, premia o agente 
que “denuncia” seus comparsas com uma diminuição de pena. 
Esta ação já se encontra nos códigos brasileiros em diversos dispositivos, 
mas o legislador fez questão de incluí-lo na Lei de Drogas. Observe: 
Art.41. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente 
com a investigação policial e o processo criminal na identificação 
dos demais co-autores ou partícipes do crime e na recuperação 
total ou parcial do produto do crime, no caso de condenação, terá 
pena reduzida de um terço a dois terços. (grifo nosso) 
Para que o benefício seja concedido, faz-se necessário o cumprimento de 
alguns requisitos. São eles: 
 
 
 
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1.6.10 CIRCUNSTÂNCIAS PREPONDERANTES 
Circunstâncias preponderantes são requisitos usados no nosso sistema 
penal que auxiliam o Magistrado na mensuração da pena a ser aplicada ao 
agente infrator. 
A individualização da pena é preceito constitucional e, visando atender ao 
regramento da Carta Magna, preceitua a Lei nº. 11.343/06: 
Art.42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com 
preponderância sobre o previsto no art. 59 do Código Penal, a 
natureza e a quantidade da substância ou do produto, a 
personalidade e a conduta social do agente. 
Do exposto, percebe-se que bastaria que o legislador fizesse consignar que, 
na análise das circunstâncias do art. 59 do Código Penal, o juiz deveria 
considerar preponderantes a natureza e a quantidade da substância ou 
do produto, a personalidade e a conduta social do agente, pois nas 
circunstâncias do art. 59 já há previsões que enquadram as situações aqui 
expostas. 
Entretanto, ele preferiu ser mais específico e deixou claro que a natureza, 
ou seja, se é droga natural ou sintética, se causa dependência física ou 
psíquica, bem como a quantidade da substância devem ter especial 
destaque na fixação das penas cabíveis. 
 1.6.11 VEDAÇÃO DE BENEFÍCIOS
11 - - CCOOLLAABBOORRAAÇÇÃÃO O VVOOLLUUNNTTÁÁRRIIAA; ; EE 
22 - - AAS S IINNFFOORRMMAAÇÇÕÕEES S PPAASSSSAADDAAS S PPEELLO O AAGGEENNTTE E NNEECCEESSSSAARRIIAAMMEENNTTEE 
DDEEVVEEMM IIMMPPLLIICCAAR R NNA A IIDDEENNTTIIFFIICCAAÇÇÃÃO O DDOOS S DDEEMMAAIIS S EENNVVOOLLVVIIDDOOS S NNOO 
CCRRIMEE, , BE M CCOMM O NN A RREECCUUPPERAÇÇÃÃ O DDE E AALLGUUM M PRRODDUUTT O DO 
DDEELLITOO (REECUUPERRAÇÃÃO O TOOTA L OO U PARCCIAL)).. 
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à 
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, 
bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e 
suficiente para reprovação e prevenção do crime. 
 
 
 
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Sobre o tema “vedação de benefícios, prevê a Lei de Drogas, com amparo 
constitucional, que: 
Art.44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37
desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, 
indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de 
suas penas em restritivas de direitos. 
Vamos, a partir de agora, analisar as particularidades referentes a cada 
vedação prevista no supracitado dispositivo legal: 
1. GRAÇA, ANISTIA E INDULTO Î Os crimes de tráfico ilícito não estão 
sujeitos a graça, anistia e indulto. Vimos este tema na nossa aula 
demonstrativa. Vamos relembrar: 
A Anistia significa o esquecimento de certas infrações penal. Como se 
exprime Aurélio Leal: a finalidade da anistia é o esquecimento do fato ou 
dos fatos criminosos que o poder público teve dificuldades de punir ou 
achou prudente não punir. 
Juridicamente os fatos deixam de existir; Passa-se uma esponja sobre 
eles. A graça e o indulto excluem a punibilidade, tendo o primeiro 
instituto caráter individual e o segundo caráter coletivo. 
2. LIBERDADE PROVISÓRIA Î Embora haja intensa discussão quanto a 
este ponto, o entendimento que deve ser levado para a sua PROVA é o 
do STF segundo o qual: 
DDIICCIIOONNÁÁRRIIOO DDOO CCOONNCCUURRSSEEIIRROO
SURRSSIISS
É UM INSTITUTO DE DIREITO PENAL COM A FINALIDADE DE PERMITIR QUE O 
CONDENADO NÃO SE SUJEITE À EXECUÇÃO DE PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE DE 
PEQUENA DURAÇÃO, OU SEJA, PERMITE QUE, MESMO CONDENADA, UMA PESSOA 
NÃO FIQUE NA CADEIA. 
SE O JUIZ, POR EXEMPLO, DEFINE O PRAZO DE DOIS ANOS PARA O SURSIS, O 
CONDENADO FICARÁ DURANTE ESSE PERÍODO EM OBSERVAÇÃO. SE NÃO PRATICAR 
NOVA INFRAÇÃO PENAL E CUMPRIR AS DETERMINAÇÕES IMPOSTAS PELO JUIZ, 
ESTE, AO FINAL DO PERÍODO DE PROVA, DETERMINARÁ O FIM DA PENA.Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 16 
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STJ – HC 161.806/MG – DJ 27.05.2010 
1. O art. 2o., II da Lei 8.072/90 que trata da negativa de concessão de 
fiança aos acusados pela prática de crimes hediondos ou equiparados, 
não contraria a ordem constitucional, pelo contrário, deriva do próprio 
texto constitucional (art. 5o., inciso XLIII), que impõe a 
inafiançabilidade das referidas infrações penais. Precedentes. 2. A 
vedação de concessão de liberdade provisória, na hipótese de 
acusados da prática de tráfico ilícito de entorpecentes, encontra 
amparo no art. 44 da Lei 11.343/06 (nova Lei de Drogas), que é 
norma especial em relação ao parágrafo único do art. 310 do CPP e à 
Lei de Crimes Hediondos, com a nova redação dada pela Lei 
11.464/07. Referida vedação legal é, portanto, razão idônea e 
suficiente para o indeferimento da benesse, de sorte que prescinde de 
maiores digressões a decisão que indefere o pedido de liberdade 
provisória, nestes casos. 
Entenda: 
Segundo a atual redação do art. 2º da lei nº 8.072/90, não é mais 
vedado ao autor de crime hediondo ou equiparado a obtenção da 
liberdade provisória sem fiança. Apesar disso, a citada norma proíbe 
concessão de fiança para os delitos relacionados com o tráfico de drogas. 
O STF, de maneira coerente decidiu que continua em vigor a proibição de 
concessão de liberdade provisória para os autores de crimes hediondos e 
equiparados, haja vista a proibição emanar da própria constituição (art. 
5º, XLIII). Segundo o STF, inconstitucional seria a legislação ordinária 
que viesse a conceder liberdade provisória a delitos em relação aos quais 
a Constituição Federal veda a fiança (STF, HC nº 93.940/SE, DJ 
06.05.2008). 
No que tange especificamente ao art. 44, o STJ já se pronunciou da 
seguinte forma: 
STF, HC 102.364/SP, DJ 25.05.2010 
A vedação à liberdade provisória para o delito de tráfico de drogas 
advém da própria Constituição,a qual prevê a sua inafiançabilidade 
(art. 5º, XLIII). 
A Lei nº 11.343/06 veda, em seu art. 44, a concessão de liberdade 
provisória. 
 
 
 
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3. CONVERSÃO DAS PENAS EM RESTRITIVA DE DIREITOS Î Este 
também é um tema bem controvertido, todavia, o entendimento atual 
apresentado pelos Tribunais (informativo 579 do STF e 427 do STJ) é 
pelo CABIMENTO da conversão. Observe o texto do informativo 579 que 
elucida bem a questão: 
 1.6.12 LIVRAMENTO CONDICIONAL
O livramento condicional consiste na antecipação da liberdade ao 
condenado que cumpre pena privativa de liberdade, desde que cumpridas 
determinadas condições durante certo tempo. 
Serve como estímulo à reintegração na sociedade daquele que aparenta ter 
experimentado uma suficiente regeneração. 
STF, INFORMATIVO 579, 15 a 19 de março de 2010 
O STF iniciou julgamento de habeas corpus, afetado ao Pleno pela 1ª 
Turma, em que condenado à pena de 1 ano e 8 meses de reclusão 
pela prática do crime de tráfico ilícito de entorpecentes (Lei 
11.343/2006, art. 33, § 4º) questiona a constitucionalidade da 
vedação abstrata da substituição da pena privativa de 
liberdade por restritiva de direitos disposta no art. 44 da citada 
Lei de Drogas (“Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 
37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, 
anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em 
restritivas de direitos.”). 
Sustenta a impetração que a proibição, no caso de tráfico de 
entorpecentes, da substituição pretendida ofende as garantias da 
individualização da pena (CF, art. 5º, XLVI), bem como aquelas 
constantes dos incisos XXXV e LIV do mesmo preceito constitucional 
— v. Informativo 560. 
O Min. Ayres Britto, relator, concedeu parcialmente a ordem e 
declarou incidentalmente a inconstitucionalidade da expressão 
“vedada a conversão em penas restritivas de direitos”,
constante do citado § 4º do art. 33, e da expressão “vedada a 
conversão de suas penas em restritivas de direitos”, contida no 
também aludido art. 44, ambos dispositivos da Lei 11.343/2006. (STF, 
HC 97256/RS, rel. Min. Ayres Britto, 18.3.2010). 
 
 
 
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Traduz-se na última etapa do cumprimento da pena privativa de liberdade 
no sistema progressivo, representando uma transição entre o cárcere e a 
vida livre. 
A lei nº 11.343/06 dispõe sobre o livramento condicional da seguinte forma: 
Art.44 
[...] 
Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo, dar-
se-á o livramento condicional após o cumprimento de dois terços 
da pena, vedada sua concessão ao reincidente específico. 
O parágrafo único deste art. 44 está quase que em plena consonância com 
o art. 83 do Código Penal, o qual, versando sobre o mesmo tema, 
estabelece em seu inciso V que: 
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao 
condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 
(dois) anos, desde que: 
[...] 
V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de 
condenação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito 
de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado não 
for reincidente específico em crimes dessa natureza. 
O diferencial é que o Código Penal exige o cumprimento de “MAIS DE 
2/3”, enquanto a Lei de Drogas estabelece ser necessário o 
cumprimento de “2/3”. 
1.6.13 ISENÇÃO DE PENA
Caro(a) aluno(a), você já percebeu no decorrer da aula que o principal 
objetivo dessa lei é, basicamente, punir severamente quem incide no crime 
de tráfico ilícito e amparar aqueles que estão no uso e dependência das 
drogas. Neste mesmo sentido, prevê o art. 45: 
 
 
 
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Art.45. É isento de pena o agente que, em razão da 
dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou 
força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, 
qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente 
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se 
de acordo com esse entendimento. 
Do supra-exposto dispositivo legal, podemos resumir: 
CAUSAS DE ISENÇÃO DE PENA 
1. QUANDO O RÉU, EM RAZÃO DE DEPENDÊNCIA, ERA, AO TEMPO DA 
AÇÃO OU OMISSÃO CRIMINOSA, INTEIRAMENTE INCAPAZ DE 
ENTENDER O CARÁTER ILÍCITO DO FATO OU DE DETERMINAR-SE DE 
ACORDO COM ESSE ENTENDIMENTO. 
2. SE O RÉU, POR ESTAR SOB EFEITO DE SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE 
OU QUE DETERMINE DEPENDÊNCIA FÍSICA OU PSÍQUICA, 
PROVENIENTE DE CASO FORTUITO, ERA, AO TEMPO DA AÇÃO OU 
OMISSÃO CRIMINOSA, INTEIRAMENTE INCAPAZ DE ENTENDER O 
CARÁTER ILÍCITO DO FATO OU DE DETERMINAR-SE DE ACORDO COM 
ESSE ENTENDIMENTO. 
3. QUANDO O RÉU, POR ESTAR SOB EFEITO DE SUBSTÂNCIA 
ENTORPECENTE OUQUE DETERMINE DEPENDÊNCIA FÍSICA OU 
PSÍQUICA PROVENIENTE DE FORÇA MAIOR, ERA, AO TEMPO DA AÇÃO 
OU OMISSÃO CRIMINOSA, INTEIRAMENTE INCAPAZ DE ENTENDER O 
CARÁTER ILÍCITO DO FATO OU DE DETERMINAR-SE DE ACORDO COM 
ESSE ENTENDIMENTO. 
Nas três hipóteses acima, caso seja pericialmente comprovada a 
inimputabilidade do réu, qualquer que tenha sido o crime cometido 
regido pela Lei de Drogas, o juiz deverá absolvê-lo e submetê-lo a 
tratamento médico. 
************************************************************ 
Futuros Policiais Federais, 
Aqui encerramos a parte predominantemente penal da 
Lei nº 11.343/2006. 
A partir de agora adentraremos nos aspectos 
procedimentais da norma legal. Sendo assim, respire 
fundo, recarregue as energias e vamos em frente!!! 
 
 
 
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1.7 PROCEDIMENTO PENAL 
 1.7.1 INTRODUÇÃO
A partir de agora, trataremos da parte da Lei nº 11.343/06 que determina 
as etapas e procedimentos relativos aos processos cabíveis aos crimes nela 
tipificados. 
Em seu primeiro artigo referente a este título, o legislador determina 
claramente que o procedimento relativo aos crimes previstos na Lei de 
Drogas será regido por normas processuais diferenciadas encontradas em 
seu próprio texto. 
Deixa claro também que, excepcionalmente, nos casos em que a Lei nº 
11.343/06 for omissa, a lacuna será suprida pelo preconizado no Código 
Processual Penal (CPP) e na Lei de Execução Penal (LEP). 
Observe o texto legal: 
Art.48. O procedimento relativo aos processos por crimes 
definidos neste Título rege-se pelo disposto neste Capítulo, 
aplicando-se, subsidiariamente, as disposições do Código de 
Processo Penal e da Lei de Execução Penal 
Para que você possa compreender bem essa parte da lei em estudo, deve 
ter em mente que, no caso dos procedimentos penais, dois ritos distintos 
regem os tipos penais previstos: 
1. RITO PREVISTO PARA AS INFRAÇÕES PREVISTAS NOS ARTS. 28, 
CAPUT E § 1°, 33, § 3° E 38 Î Como são infrações de menor potencial 
ofensivo, devem ser processadas pelo rito SUMARÍSSIMO dos Juizados 
Especiais Criminais. 
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo 
pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será 
submetido às seguintes penas: 
[...] 
§ 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe 
plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar 
dependência física ou psíquica. 
Art. 33 [...] 
§ 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para 
juntos a consumirem. 
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo 
em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar. 
 
 
 
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Relembrando: O que são crimes de menor potencial ofensivo? 
2. RITO PARA OS CRIMES DISPOSTOS NOS ARTS. 33, CAPUT E § § 
1° E 2°, 34, 35, 36, 37, 39, PARÁGRAFO ÚNICO, QUE SE REFEREM 
AOS CRIMES DE TRÁFICO, CULTIVO, AUXÍLIO, MAQUINÁRIOS, 
ASSOCIAÇÃO, FINANCIAMENTO, COLABORAÇÃO E CONDUÇÃO DE 
VEÍCULO MARÍTIMO OU AÉREO, NAS FORMAS SIMPLES E 
QUALIFICADA Î Será aplicado o procedimento especial previsto na 
própria lei aqui estudada (art. 50 a 59), com utilização subsidiária do rito 
comum do Código de Processo Penal. Neste ponto deve haver uma 
grande atenção!!! 
CRIMES DE 
MENOR 
POTENCIAL 
OFENSIVO 
CONHECER PARA ENTENDER 
O procedimento no caso das infrações não ligadas ao tráfico, e, portanto, 
com menor potencial ofensivo, passou a ser o sumaríssimo, ou seja, 
procedimento preponderantemente informal, consensual e oral, devendo 
ser processadas pelo rito dos Juizados Especiais Criminais. 
O acusado, se estiver presente à audiência, já sairá dali citado e intimado 
da data da audiência de instrução e julgamento. 
Os recursos têm 05 dias para serem interpostos e a apelação com prazo de 
10 dias e por escrito, já com as razões, que será julgada por Turma 
Recursal, composta por três juízes em exercício no primeiro grau de 
jurisdição. 
Como você pode ver, rápido e simples! 
 
 
 
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 1.7.2 PRISÃO EM FLAGRANTE
Como você deve estar notando ao analisar esta Lei, fica claro o interesse 
em separar usuários e dependentes dos traficantes de drogas. “Mas 
professor, você já repetiu isso mais de 1000 vezes!!!”...Sim, e daqui a 
pouco vou repetir de novo para que você não esqueça!!! 
O legislador se preocupou em afastar, ao máximo, o usuário das Delegacias 
de Polícia, evitando-se estigmatiza-lo, estando esta concepção totalmente 
em sintonia com o espírito que permeia toda a Lei, ou seja, separar o 
usuário do traficante, tratando-os de maneira totalmente diversa. 
Dentro desse contexto, vamos ver agora como fica o usuário detido em 
flagrante. 
Pela Lei, não se lavrará auto de prisão em flagrante para usuário 
apreendido com drogas. No seu lugar, deverá ser elaborado termo 
circunstanciado, que nada mais é do que um relato do fato tido como de 
menor potencial ofensivo, constando os elementos para uma compreensão 
do ocorrido. Observe: 
Art.48 
[...] 
§ 2o Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta Lei, não se 
imporá prisão em flagrante, devendo o autor do fato ser 
imediatamente encaminhado ao juízo competente ou, na falta 
deste, assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se 
termo circunstanciado e providenciando-se as requisições dos 
exames e perícias necessários. 
É claro que uma vez sendo mantida a criminalização das condutas de 
adquirir, guardar, transportar, ter em depósito e trazer consigo drogas, ou 
ainda, semear, cultivar ou colher plantas destinadas à preparação de 
pequena quantidade de droga, não há proibição a que se realize a 
apreensão ou detenção do agente que estiver em situação de 
flagrante, estando, entretanto, VVEEDDAADDAA a sua prisão em flagrante, 
no sentido de “REECOOLHHIIMEENNTT O À PPRRIISSÃO”. 
Assim, apreendido o agente e a droga, o condutor deverá apresentá-lo 
imediatamente ao juízo competente. 
Art. 48 
[...] 
 
 
 
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§ 3o Se ausente a autoridade judicial, as providências previstas 
no § 2o deste artigo serão tomadas de imediato pela autoridade 
policial, no local em que se encontrar, vedada a detenção do 
agente. 
Quando a autoridade judicial estiverausente, a autoridade policial, no local 
em que se encontrar, deverá lavrar termo circunstanciado sobre o 
comparecimento ao juízo competente e também deverá providenciar as 
requisições dos exames e perícias necessários. 
É importante ressaltar que este parágrafo não atribui novas 
competências à autoridade policial, muito menos atribui poderes 
exclusivos das autoridades judiciárias, simplesmente impede a 
inércia policial. 
Terminados os procedimentos acima, o agente deve passar por exame de 
corpo delito, se assim o desejar ou se alegar ter sofrido alguma violência 
ou, ainda, se quaisquer das autoridades citadas suspeitarem de violência 
não alegada. Em seguida, após o exame, o agente será liberado. 
Mas e nos demais casos não enquadrados no artigo 28? 
Nos outros casos, o artigo 50 da lei define o rito procedimental a ser 
seguido no caso de flagrante. Observe: 
Art.50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia 
judiciária fará, imediatamente, comunicação ao juiz competente, 
remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do qual será dada vista ao 
órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e quatro) horas. 
A lei nº 11.343/06, embasada em regra constitucional, leciona que o Juiz 
competente deverá ser imediatamente comunicado da prisão e o auto 
(documento com todos os depoimentos e assinaturas) deverá ser remetido 
ao Magistrado no prazo de 24 horas. 
Recebido o auto, deve ser este disponibilizado para vistas ao Ministério 
Público. 
Mas quem é o responsável pela confecção do auto e comunicação ao Juiz? 
Observe que o art. 50 utiliza a expressão “autoridade de polícia 
judiciária”. Vamos compreender: 
A polícia exerce dois tipos de funções distintas: a administrativa ou de 
segurança e a judiciária. 
 
 
 
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A primeira tem um caráter preventivo, garantindo a ordem pública e 
impedindo a prática de fatos que possam por em perigo os bens individuais 
ou coletivos. 
A segunda tem caráter repressivo, e tem como função recolher elementos 
que elucidem uma infração penal logo após ela acontecer, para que possa 
ser instaurada a competente ação penal contra os autores de fato. 
Como a Carta Magna determina que somente a Polícia Federal e a Polícia 
Civil exercem a função de polícia judiciária da União e do Estado, a 
Lei de Drogas apenas explicitou a idéia já contida na Constituição, 
impedindo, assim, a Polícia Militar de, por exemplo, lavrar um auto de 
prisão em flagrante. 
Ainda sobre o flagrante, para a lavratura do auto de prisão e 
estabelecimento do delito, é suficiente o laudo de constatação da natureza e 
quantidade da droga. 
A lei determina ainda que, caso não haja no momento da lavratura um 
“especialista” no assunto, o laudo poderá ser realizado por “pessoa 
idônea”. 
Art. 50 
[...] 
§ 1o Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e 
estabelecimento da materialidade do delito, é suficiente o laudo 
de constatação da natureza e quantidade da droga, firmado por 
perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea. 
 1.7.3 PROTEÇÃO A TESTEMUNHAS
Todos nós sabemos que é de suma importância a participação de 
testemunhas no combate ao tráfico ilícito de drogas. No entanto, sabemos 
também que esses crimes normalmente são praticados por grupos que se 
impõem perante a sociedade através da força e da intimidação e que a 
simples omissão de endereço ou mudança de hábitos não são medidas 
capazes de garantir segurança a uma testemunha. 
Desta forma, a lei, no artigo 49, tenta ampliar as garantias aplicáveis 
àqueles que se prestem a testemunhar. Veja: 
Art.49. Tratando-se de condutas tipificadas nos arts. 33, caput e 
§ 1o, e 34 a 37 desta Lei, o juiz, sempre que as circunstâncias o 
recomendem, empregará os instrumentos protetivos de 
 
 
 
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colaboradores e testemunhas previstos na Lei no 9.807, de 13 de 
julho de 1999
A Lei de Drogas estabelece que se empreguem os instrumentos protetivos 
previstos na Lei 9.807/99, aplicando-se à testemunha de qualquer delito, 
especificando as medidas para proteção à vítima e à testemunha, bem 
como aos seus familiares e dependentes. 
 
1.7.4 PRAZOS DO INQUÉRITO POLICIAL
O inquérito policial tem o escopo de fornecer ao legitimado ativo (Ministério 
Público, caso a ação seja pública; ou o particular, caso a ação seja privada) 
elementos idôneos para que a parte possa oferecer a denúncia ou a queixa. 
A nova legislação antitóxico, seguindo a tradição das leis 6.376/76 e 
10.409/02, apresenta prazos diferentes dos existentes no art. 10 do Código 
de Processo Penal para a conclusão dos inquéritos policiais. 
Par que isto fique claro, observe o artigo 10 do CPP e logo em seguida o 
Art. 51 da Lei nº. 11.343/2006: 
Art. 10 - O inquérito deverá terminar no prazo de 10 (dez) dias, 
se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso 
preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia 
CONHECER PARA ENTENDER - LEI 9.807/99 
A lei 9.807/99 estabelece normas para a organização e a manutenção 
de programas especiais de proteção a vítimas e testemunhas 
ameaçadas, institui o “Programa Federal de Assistência a Vítimas e a 
Testemunhas Ameaçadas” e dispõe sobre a proteção de acusados ou 
condenados que tenham voluntariamente prestado efetiva colaboração 
à investigação policial e ao processo criminal. Veja o Art. 1º da referida 
lei: 
Art. 1o As medidas de proteção requeridas por vítimas ou por 
testemunhas de crimes que estejam coagidas ou expostas a grave 
ameaça em razão de colaborarem com a investigação ou processo 
criminal serão prestadas pela União, pelos Estados e pelo Distrito 
Federal, no âmbito das respectivas competências, na forma de 
programas especiais organizados com base nas disposições desta Lei. 
 
 
 
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em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 
(trina) dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela. 
Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de 30 
(trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) 
dias, quando solto. 
Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem ser 
duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante pedido 
justificado da autoridade de polícia judiciária. 
Assim, de forma coerente com o princípio da razoabilidade, a lei nº 
11.343/06 prevê o prazo de 30 dias (três vezes superior ao CPP) para o 
fim do inquérito, estando o indiciado preso, e o prazo de 90 dias (também 
três vezes o do CPP) para o término do instrumento investigatório, estando 
o investigado solto. 
É importante ressaltar que tais prazos comportam prorrogação. Para 
ocorrer a prorrogação, pelo juiz, do prazo para conclusão do inquérito 
policial, deve haver o requerimento da autoridade policial judiciária e, alémdisso, deve ser ouvido o Ministério Público. 
Assim podemos resumir: 
O art.52 define procedimentos a serem realizados após o término do prazo 
previsto no artigo anterior. 
Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a 
autoridade de polícia judiciária, remetendo os autos do inquérito 
ao juízo: 
I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando 
as razões que a levaram à classificação do delito, indicando a 
PRAZOS PARA A CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL:
1. INDICIADO PRESO Î 30 DIAS + 30 DIAS. 
2. INDICIADO SOLTO Î 90 DIAS + 90 DIAS. 
 
 
 
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quantidade e natureza da substância ou do produto apreendido, o 
local e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa, as 
circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os 
antecedentes do agente; ou 
II - requererá sua devolução para a realização de diligências 
necessárias. 
A autoridade de polícia judiciária deve, ao remeter os autos do inquérito ao 
Juiz, preencher todos os itens que constam nos incisos do artigo 
supracitado, já que são necessários para um perfeito entendimento do juiz. 
Dito isto, podemos resumir: 
NNOO S AAUUTT O DDO O INQQUUÉRRITTO O A A AAUUTOORIIDDADD E DDEEVVEE: 
1. JUSTIFICAR AS RAZÕES QUE A LEVARAM A CLASSIFICAR O DELITO NO 
TIPO APONTADO. 
2. RELATAR SUMARIAMENTE AS CIRCUNSTÂNCIAS DO FATO. 
3. INDICAR A QUANTIDADE E A NATUREZA DA SUBSTÂNCIA APREENDIDA. 
4. INDICAR O LOCAL E AS CONDIÇÕES DA AÇÃO CRIMINOSA. 
5. INDICAR AS CIRCUNSTÂNCIAS DA PRISÃO. 
6. INFORMAR SOBRE A CONDUTA DO INDICIADO. 
7. INFORMAR A QUALIFICAÇÃO DO INDICIADO. 
8. INFORMAR SOBRE OS ANTECEDENTES DO INDICIADO. 
Caso, após o inquérito, ainda fique alguma dúvida sobre a ação ilícita, 
poderá ocorrer o requerimento de diligências complementares para se 
esclarecer fatos, sem alterar a remessa dos autos. 
O resultado dessas diligências deverá ser encaminhado ao juízo competente 
até 3 (três) dias antes da audiência de instrução e julgamento. Observe: 
 
 
 
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Art. 52 
[...] 
Parágrafo único. A remessa dos autos far-se-á sem prejuízo de 
diligências complementares: 
I - necessárias ou úteis à plena elucidação do fato, cujo resultado 
deverá ser encaminhado ao juízo competente até 3 (três) dias 
antes da audiência de instrução e julgamento; 
II - necessárias ou úteis à indicação dos bens, direitos e valores 
de que seja titular o agente, ou que figurem em seu nome, cujo 
resultado deverá ser encaminhado ao juízo competente até 3 
(três) dias antes da audiência de instrução e julgamento 
AS DILIGÊNCIAS COMPLEMENTARES 
NÃO IMPEDEM A REMESSA DOS AUTOS. 
 1.7.5 PROCEDIMENTOS INVESTIGATÓRIOS ESPECIAIS 
A fim de tornar mais eficiente o processo de investigação dos crimes 
previstos na lei nº 11.343/06, foram definidos alguns procedimentos 
investigatórios especiais. Estes podem ser implementados, desde que com 
autorização judicial e ouvido o MP. 
O art. 53 traz nos seus incisos os tipos de procedimentos cabíveis que 
veremos a seguir. 
Art.53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos 
crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além dos previstos em 
lei, mediante autorização judicial e ouvido o Ministério Público, os 
seguintes procedimentos investigatórios: 
I - a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de 
investigação, constituída pelos órgãos especializados pertinentes; 
II - a não-atuação policial sobre os portadores de drogas, seus 
precursores químicos ou outros produtos utilizados em sua 
produção, que se encontrem no território brasileiro, com a 
finalidade de identificar e responsabilizar maior número de 
integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo 
da ação penal cabível. 
 
 
 
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Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo, a 
autorização será concedida desde que sejam conhecidos o 
itinerário provável e a identificação dos agentes do delito ou de 
colaboradores. 
Analisando: 
• A INFILTRAÇÃO DE AGENTES POLICIAIS, que consiste em uma 
técnica de investigação através da qual um ou mais agentes da polícia 
são infiltrados em grupos, organizações criminosas ou mesmo perante 
pessoas isoladamente consideradas. 
• A ENTREGA VIGIADA OU REPASSE CONTROLADO, que consiste em 
autorizar que os policiais deixem de agir ou de autuar em flagrante o 
suspeito e apreender as drogas, com a finalidade de identificar e 
responsabilizar as demais pessoas envolvidas na respectiva operação de 
tráfico e distribuição. 
Temos aí o caso de FLAGRANTE PRORROGADO OU RETARDADO. A 
autorização para esse caso só é dada quando são conhecidos o 
itinerário provável e a identificação dos agentes do delito ou de 
colaboradores. 
 1.7.6 INSTRUÇÃO CRIMINAL
A instrução criminal é o rito processual propriamente dito, e vamos analisá-
la da forma mais simples possível para um perfeito entendimento e fixação. 
Por ser uma matéria muito extensa, e com itens sem importância, vamos 
nos deter aos pontos realmente relevantes e importantes para a sua 
PROVA. Iniciaremos com a análise do artigo 54: 
Art. 54. Recebidos em juízo os autos do inquérito policial, de 
Comissão Parlamentar de Inquérito ou peças de informação, dar-
se-á vista ao Ministério Público para, no prazo de 10 (dez) dias, 
adotar uma das seguintes providências: 
I - requerer o arquivamento; 
II - requisitar as diligências que entender necessárias; 
III - oferecer denúncia, arrolar até 5 (cinco) testemunhas e 
requerer as demais provas que entender pertinentes. 
 
 
 
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Nesse artigo, o legislador expõe de forma clara as principais formas de o 
Ministério Público receber as informações sobre crimes vinculados ao 
narcotráfico: 
1 – INQUÉRITO POLICIAL Î FORMA MAIS TRADICIONAL; 
2 - INQUÉRITOS PROVENIENTES DE COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO; 
3 – PEÇAS DE INFORMAÇÕES PRODUZIDAS DE FORMA LÍCITA. 
Após o recebimento dos autos, diferentemente do previsto no CPP, o 
Ministério Público terá o prazo de 10 dias (independentemente de o 
indiciado encontrar-se solto ou preso) para adotar uma das seguintes 
providências: 
1 – SOLICITAR O ARQUIVAMENTOÎ É REQUERIDO, POR EXEMPLO, QUANDO NÃO 
HÁ JUSTA CAUSA PARA A RESPECTIVA AÇÃO PENAL, PELA INEXISTÊNCIA DE 
TIPICIDADE, PELA NÃO IDENTIFICAÇÃO DA AUTORIA OU QUANDO OCORRER 
ALGUMA CAUSA DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. 
2 – SOLICITAR NOVAS DILIGÊNCIASÎ SÃOREQUISITADAS QUANDO NÃO HÁ 
ELEMENTOS SUFICIENTES PARA A APRESENTAÇÃO DA DENÚNCIA. 
3- DETERMINAR A INSTAURAÇÃO DA AÇÃO PENAL PÚBLICA (DENÚNCIA)Î OCORRE 
QUANDO O ÓRGÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO SE CONVENCE DA EXISTÊNCIA DE 
INDÍCIOS DE AUTORIA OU PARTICIPAÇÃO. 
PODEMOS ESQUEMATIZAR: 
INQUÉRITO 
POLICIAL 
CPI 
PEÇAS 
LÍCITAS 
ARQUIVAMENTO 
NOOVAASS 
DDIILIGÊNNCCIIAAS 
DENÚNCIA 
 
 
 
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 1.7.7 DEFESA PRÉVIA
Visando diminuir o número de processos existentes e assim garantir a 
celeridade do sistema judiciário, o legislador, seguindo procedimento 
adotado em diversos países, garante através do art. 55 da lei nº 11.343/06 
uma filtragem das ações penais propostas. Observe a norma: 
Art. 55. Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação do 
acusado para oferecer defesa prévia, por escrito, no prazo de 10 
(dez) dias. 
 [...] 
§ 5o Se entender imprescindível, o juiz, no prazo máximo de 10 
(dez) dias, determinará a apresentação do preso, realização de 
diligências, exames e perícias. 
Essa defesa preliminar tem por finalidade possibilitar ao Juiz a rejeição da 
denúncia apresentada. Assim, para determinados casos, não precisará o 
magistrado dar início ao processo. 
Nesta fase, devem ser arroladas testemunhas (até 05) e requeridas provas. 
É importante saber que a omissão em arrolar testemunhas ou requerer 
provas dá ensejo à preclusão de tal direito, entretanto, a autoridade 
judiciária, caso considere necessário, poderá permitir a produção das 
provas. 
§ 1o Na resposta, consistente em defesa preliminar e exceções, o 
acusado poderá argüir preliminares e invocar todas as razões de 
defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas 
que pretende produzir e, até o número de 5 (cinco), arrolar 
testemunhas. 
Mas e se o indivíduo não apresentar a defesa? Aplica-se o parágrafo 3º da 
Lei de Drogas: 
§ 3o Se a resposta não for apresentada no prazo, o juiz nomeará 
defensor para oferecê-la em 10 (dez) dias, concedendo-lhe vista 
dos autos no ato de nomeação. 
E se for apresentada? 
 
 
 
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§ 4o Apresentada a defesa, o juiz decidirá em 5 (cinco) dias. 
As decisões cabíveis são: 
 1.7.8 RECEBIMENTO DA DENÚNCIA 
Quando for recebida a denúncia, o Juiz designará dia e hora para a 
audiência de instrução e julgamento (AIJ), que é a fase mais importante de 
todo o processo. 
Também determinará a citação dos acusados, seguindo os princípios do 
devido processo legal e do contraditório, e determinará a intimação do 
Ministério Público, do assistente, se for o caso, e requisitará os laudos 
periciais. 
A Lei determina em seu art. 56, §1°, que, no caso de o agente ser 
funcionário público, o juiz poderá decretar o afastamento de suas atividades 
para os delitos relacionados com tráfico de drogas. Veja: 
Art.56[...] 
§1o Tratando-se de condutas tipificadas como infração do 
disposto nos arts.33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei, o juiz, ao 
receber a denúncia, poderá decretar o afastamento cautelar do 
denunciado de suas atividades, se for funcionário público, 
comunicando ao órgão respectivo. 
Receber a 
Denúncia 
Determinar 
Novas 
Diligências 
Rejeitar a 
Denúncia 
055 DDIAASS 
Vou 
apresentar 
minha defesa! 
O que vou 
fazer com 
essa defesa? 
 
 
 
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Trata-se de uma medida cautelar já tradicional no processo penal brasileiro, 
decorrente da preservação do princípio da moralidade, que pode ser 
praticada de ofício pelo juiz ou, também, por provocação do Ministério 
Público. 
OBSERVAÇÃO Î Não se aceita Recurso, nem Habeas Corpus e nem 
Mandado de Segurança contra a imposição do afastamento, só em 
caso de presença de ilegalidade. 
1.7.9 OBRIGATORIEDADE DO RECOLHIMENTO Á PRISÃO PARA 
APELAR?
Observe o texto legal: 
Art.59. Nos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 
34 a 37 desta Lei, o réu não poderá apelar sem recolher-se 
à prisão, salvo se for primário e de bons antecedentes, 
assim reconhecido na sentença condenatória. 
De acordo com o artigo em questão, ao ocorrer um crime de tráfico ilícito, a 
única hipótese da prisão cautelar não acontecer é quando a sentença 
condenatória de 1ª instância reconhecer que o réu é primário e tem bons 
antecedentes. ENTRETANTO, esta regra, segundo a jurisprudência, 
não tem mais aplicabilidade. 
Segundo o STF, a regra que proíbe a possibilidade de apelar de sua 
condenação sem recolher-se à prisão é incompatível com a Constituição 
Federal atual. O argumento levou a corte, inclusive, a afastar a vigência do 
artigo 595 do Código de Processo Penal. 
 1.7.10 CONSOLIDAÇÃO DAS REGRAS PROCEDIMENTAIS
Caro(a) aluno(a), neste tópico consolidaremos o que já vimos e 
apresentaremos os últimos aspectos procedimentais. 
São diversas regras e, a fim de tornar mais fácil seu entendimento, vou 
apresentá-las da seguinte forma: Inicialmente trarei a reprodução dos 
artigos, incisos e parágrafos que, pela importância, não podem deixar de ser 
lidos. 
Posteriormente, apresentarei um esquema com o rito procedimental 
completo. Você verá que iniciaremos com o já visto artigo 55. Isto é para 
que possamos manter a linha de raciocínio. 
 
 
 
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Assim, entendendo o gráfico, você estará compreendendo o texto legal e, 
consequentemente, não errará na sua PROVA. Dito isto, vamos em frente. 
Art. 55. Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação do acusado para 
oferecer defesa prévia, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. 
§ 1o Na resposta, consistente em defesa preliminar e exceções, o acusado 
poderá argüir preliminares e invocar todas as razões de defesa, oferecer 
documentos e justificações, especificar as provas que pretende produzir e, até 
o número de 5 (cinco), arrolar testemunhas. 
§ 2o As exceções serão processadas em apartado, nos termos dos arts. 95 a 
113 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo 
Penal. 
§ 3o Se a resposta não for apresentada no prazo, o juiz nomeará defensor
para oferecê-la em 10 (dez) dias, concedendo-lhe vista dos autos no ato de 
nomeação. 
§ 4o Apresentada a defesa, o juiz decidirá em 5 (cinco) dias.
§ 5o Se entender imprescindível, o juiz, no prazo máximo de 10 (dez) dias, 
determinará a apresentação do preso, realização de diligências, exames e 
perícias. 
Art. 56. Recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora para a audiência deinstrução e julgamento, ordenará a citação pessoal do acusado, a intimação do 
Ministério Público, do assistente, se for o caso, e requisitará os laudos periciais. 
§ 1o Tratando-se de condutas tipificadas como infração do disposto nos arts. 
33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei, o juiz, ao receber a denúncia, poderá 
decretar o afastamento cautelar do denunciado de suas atividades, se for 
funcionário público, comunicando ao órgão respectivo. 
§ 2o A audiência a que se refere o caput deste artigo será realizada dentro dos 
30 (trinta) dias seguintes ao recebimento da denúncia, salvo se determinada 
a realização de avaliação para atestar dependência de drogas, quando se 
realizará em 90 (noventa) dias. 
Art. 57. Na audiência de instrução e julgamento, após o interrogatório do 
acusado e a inquirição das testemunhas, será dada a palavra, sucessivamente, 
ao representante do Ministério Público e ao defensor do acusado, para 
sustentação oral, pelo prazo de 20 (vinte) minutos para cada um, 
prorrogável por mais 10 (dez), a critério do juiz. 
Parágrafo único. Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das partes se 
restou algum fato para ser esclarecido, formulando as perguntas 
correspondentes se o entender pertinente e relevante. 
Art. 58. Encerrados os debates, proferirá o juiz sentença de imediato, ou o 
fará em 10 (dez) dias, ordenando que os autos para isso lhe sejam conclusos. 
Agora vamos esquematizar e realmente consolidar os supracitados 
dispositivos: 
 
 
 
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INQQUÉÉRIITO PPOLLICIALL 30 DIAS SÎÎ IINVVESSTIIGGADDO 
PRREESO 
90 DIAS SÎÎ IINVVESSTIIGGADDO 
SSOOLLTTOO 
PPOOSSSSIIBBIILLIIDDAADDEE DDEE 
PPRORROGAÇÃOO 
ARQQUIIVAAMENTO 
DEVVOLUUÇÇÃ O PARAA 
DDIILLIIGGÊÊNNCCIIAASS 
DEENÚÚNCIA 
DDILLIGÊNNCIAS 
SSUUPPLLEEMMEENNTTAARREESS 
NNOOTTIIFFIICCAAÇÇÃÃO O DDOO 
DDEENNUUNNCCIIAADDO O PPAARRAA 
DEFFESS A PRREELIMINARR 
DEFFESS A PRREELIMINARR 
PPRRAAZZOO: : 110 0 DDIIAASS 
AAPPRREESSEENNTTAARR DDEEFFEESSAA,, 
ARGGÜI IRR EEXCCEÇÇÕÕEES, , SSUSSCITAR 
NULIDADEE S, REQQUUEEREER 
PPRODUÇÃ ÃO D DE PPRROVVAS 
CCONNSTTITUUIÇÇÃ O DE 
AADVOGA DO OU NOMEEAÇÇÃÃO 
DDEE U UMM DDEEFFEENNSSOOR R DDAATTIIVVOO DDECCIISSÃ O DE E REJEIIÇÇÃÃ O DDA 
DDEENNÚÚNNCCIIAA 
DDEECCIISSÃÃO O DDE E RREECCEEBBIIMMEENNT TOO DDAA 
DDENNÚÚNCIIA 
CCAAS SOO IIMMPPRREESSCCIINNDDÍÍVVEEL L EEM M 1100 
DDIIAAS S SSEERRÁÁ:: 
1-APPRRESSENNTAAD O O PPRRESSO 
2-RREAALIIZADAAS S DIILIGÊÊNCCIAAS 
33--EEXXAAMMEES S EE PPEERRÍÍCCIIAASS 
AAFASTAAMMEN TOO CCAAUTELLAR SSE 
FFUUNNCCIIOONNÁÁRRI IOO PPÚÚBBLLIICCOO 
REEQUISIIÇÇÃÃ O DE 
LAUDDOOS S PERRICIAIS 
DESIIGGNAAÇÇ ÃO DE AUDIIÊÊNCIIA((AIJ ) E 
CCIITTAÇÇÃO 
REALIIZZAÇÇÃ O DDA 
AAIJJ 
AAIJ JÎÎ 30 DIAS SÎÎ RREEGRAA 
AAIIJ JÎÎ 9 900 DDIIAAS SÎÎ E EMM CCAAS SOO D DEE EEXXAAMMEE 
DDEE DDEEPEENDÊÊNCIIAA 
1 - INTTERRROGAATÓÓRIIOO 
2 - IINNQQUUIIRRIÇÇÃ O DAS 
TTEESSTTEEMMUUNNHHAAS S DDEE 
AACUSAÇÃO O E DEFESSA 
3 - DDEBBATTES S ORAIIS 
4 – SENNTEENÇAA 
(IIMEDDIIAATA A OOU U EE M 1 0 DIAS)) 
 
 
 
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1.8 APREENSÃO E DESTINAÇÃO DOS BENS 
 1.8.1 APREENSÃO DO PRODUTO OU PROVEITO DOS CRIMES
O artigo 60 e seus §§ tratam das medidas cautelares patrimoniais, fazendo 
uma extensão aos dispositivos do Código Processual Penal, que são o 
seqüestro (arts 125 a 132 do CPP), a especialização de hipoteca legal
(arts. 134 a 136 do CPP) e o arresto (art. 137 do CPP). 
Art.60. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou 
mediante representação da autoridade de polícia judiciária, 
ouvido o Ministério Público, havendo indícios suficientes, poderá 
decretar, no curso do inquérito ou da ação penal, a apreensão e 
outras medidas assecuratórias relacionadas aos bens móveis e 
imóveis ou valores consistentes em produtos dos crimes previstos 
nesta Lei, ou que constituam proveito auferido com sua prática, 
procedendo-se na forma dos arts. 125 a 144 do Decreto-Lei no
3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal.
Neste artigo, o que importa para a sua PROVA é que fica determinado que a 
autoridade judiciária poderá decretar a apreensão ou o seqüestro dos 
produtos ou bens que constituam proveito dos crimes tipificados na Lei de 
Drogas. A ordem poderá ser dada de ofício, a requerimento do 
Ministério Público ou diante de representação da autoridade policial. 
 1.8.2 UTILIZAÇÃO DO PRODUTO OU PROVEITO DO CRIME
O artigo 61 traz disposições pertinentes à destinação dos bens apreendidos 
ou seqüestrados que constituam produto ou proveito dos crimes previstos 
pela Lei. 
Art.61. Não havendo prejuízo para a produção da prova dos 
fatos e comprovado o interesse público ou social, ressalvado o 
disposto no art. 62 desta Lei, mediante autorização do juízo 
competente, ouvido o Ministério Público e cientificada a Senad, os 
bens apreendidos poderão ser utilizados pelos órgãos ou pelas 
entidades que atuam na prevenção do uso indevido, na atenção e 
reinserção social de usuários e dependentes de drogas e na 
repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas, 
exclusivamente no interesse dessas atividades. 
 
 
 
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Os bens apreendidos poderão ser cedidos a qualquer órgão ou entidade 
que atue na prevenção do uso indevido de drogas, na atenção e reinserção 
social de usuários e dependentes de drogas, na repressão à produção não 
autorizada e ao tráfico ilícito de drogas. Como você pode ver, trata-se de 
medida que pode contribuir na estruturação material de entidades de 
apoio. 
Podemos ver no diagrama como deve funcionar o procedimento: 
Vale citar que antes da Lei de Drogas as disposições específicas sobre os 
produtos do crime seguiam as normas gerais do CPP, quanto à apreensão e 
ao seqüestro, e do Código Penal quanto ao perdimento, ou seja, não havia 
previsão de sua utilização por órgãos ou entidades na pendência da 
ação penal. 
Nesta linha, a originalidade do art.61 está em ampliar as hipóteses 
previstas para alcançar também a utilização dos produtos e proveitos 
auferidos com o crime. Com isso, atendeu plenamente à disposição 
constitucional que determina o confisco de todo e qualquer bem de valor 
econômico apreendido em decorrência do tráfico de drogas. 
Não havendo prejuízo 
para a produção da 
prova. 
Comprovado interesse 
público ou social. 
JUIZ
Ministério 
Público 
SENAD
Utilização pelos 
órgãos ou pelas 
entidades que atuam 
contra as drogas 
Finalidade Vinculada 
(uso dos bens 
exclusivamente no

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