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ANÁLISE DOS DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS EMPRESARIAIS: VERTICAL, HORIZONTAL, DO TAMANHO COMUM, E POR ÍNDICES OU QUOCIENTES RESUMO O artigo busca refletir sobre as principais análise dos demonstrativos financeiros empresariais, quais sejam: a análise vertical, a análise horizontal, a análise do tamanho comum, e a análise por índices ou quocientes. Tem como objetivo explanar de forma propedêutica, especialmente para estudantes iniciantes nesse tema, o passo a passo da realização de cada uma das referidas análises. Para tanto, utilizou-se o método hipotético- dedutivo como o seu eixo lógico e o método crítico-dialético como o seu eixo epistemológico, historicizando tal fenômeno; e como eixo técnico foi adotada uma pesquisa observacional não participante, do tipo bibliográfico, com base em pesquisadores renomados do tema como Brigham e Ehrhardt (2012), Assaf Neto (2012), Marion (2009), Júnior, Rigo e Cherabim (2010), dentre outros autores. Conclui que a saúde financeira da empresa, verificada por meio da apuração do resultado do exercício contábil, de indicadores financeiros mestres tais como a liquidez, a lucratividade, a rentabilidade, a rotatividade, dentre outros, depende das análises econômico-financeiras adequadamente realizadas. Portanto, tais análises deixaram de ser luxo empresarial, tornando-se uma necessidade para a adequada tomada de decisões no mundo corporativo. PALAVRAS-CHAVE: Análise vertical. Análise horizontal. Análise do tamanho comum. Análise por índices ou quocientes. ANALYSIS OF FINANCIAL STATEMENTS BUSINESS: VERTICAL, HORIZONTAL, COMMON SIZE, AND BY OR INDICES QUOTIENTS ABSTRACT The article seeks to reflect on the major analysis of corporate financial statements, as follows: a vertical analysis, horizontal analysis, analysis of common size, and analysis for indices or ratios. It aims to explain the workup way, especially for beginning students on this issue, step by step realization of each of these analyzes. For this, we used the hypothetical-deductive method as its logical axis and the critical-dialectical method as its epistemological axis, historicizing this phenomenon; and coach axis was adopted an observational research nonparticipating, the bibliographical, based on renowned researchers theme as Brigham and Ehrhardt (2012), Assaf Neto (2012), Marion (2009), Junior, Rigo e Cherabim (2010), among other authors. It concludes that the financial health of the company, verified by calculating the results of the accounting period, financial indicators masters such as liquidity, profitability, profitability, turnover, among others, depends on the economic-financial analysis carried out properly. Therefore, such analyzes are no longer luxury business, becoming a necessity for proper decision-making in the corporate world. KEYWORDS: Vertical analysis. Horizontal analysis. Analysis of common size. Analysis ratios or quotients. 1 INTRODUÇÃO Este artigo tem como tema as principais análises dos demonstrativos financeiros empresariais, quais sejam: a análise vertical, a análise horizontal, a análise do tamanho comum, e a análise por índices ou quocientes. Imprescindível é a realização da análise econômico-financeira empresarial para a tomada de decisões de investimentos ou de desinvestimentos (MARION, 2009; ASSAF NETO, 2012; GIFTED, 2014). Esse tema se justifica pelos seguintes fatores: a) a necessidade de um estudo propedêutico sobre as principais análises dos demonstrativos financeiros empresariais; b) a necessidade de uma demonstração de cada uma dos passos de cada uma das análises para a adequada compreensão das mesmas (ASSAF NETO, 2012; MORAN, 2009). A questão que move essa pesquisa é compreender os procedimentos da realização de cada uma das quatro principais análises dos demonstrativos financeiros empresariais. O complexo e dinâmico mundo corporativo demanda decisões bem tomadas, fundamentadas em análises econômico-financeiras e de mercado muito bem realizadas. No aspecto financeiro, é fundamental realizar as análises vertical, horizontal, do tamanho comum, e a por índices ou quocientes para se apurar a estado da saúde financeira empresarial e, com essa informação, tomar decisões importantes tais como uma reestruturação, a aquisição de um empréstimo, a aquisição de ou a fusão com um novo negócio, etc. (GIFTED, 2014, 2015; ASSAF NETO, 2012; LYNCH, 1994; BULGARELLI, 1998). Para tanto, foram selecionados dois trabalhos acadêmicos (GIFTED, 2014; 2015), e quatorze livros (BRIGHAM; EHRHARDT; 2012; ASSAF NETO; 2012; GITMAN, 2004; JUNIOR; RIGO; CHEROBIM, 2010; LYNCH, 1994; BULGARELLI, 1998; GIL, 1999, 2010; MARION, 2009; MARCONI; LAKATOS, 2007; RODRIGUES, 2007; MARTINS, 2008; OLIVEIRA, 1997; BÊRNI; FERNANDEZ, 2012). Para a escolha das fontes selecionadas foram considerados os seguintes critérios: a) conteúdo específico das análises dos demonstrativos financeiros; b) viabilidade de acesso e análise dos materiais selecionados. Todas as fontes foram observadas; os dados foram coletados, organizados, sistematizados, analisados, e apresentados de acordo com os procedimentos técnicos de pesquisa para levantamento bibliográfico e documental apresentados por Gil (1999; 2010) e Marconi e Lakatos (2007). Meu interesse por pesquisar o fenômeno concentracionista empresarial nasceu junto com meus estudos pós graduados, cujo princípio ocorreu enquanto eu cursava o MBA em Finanças e Controladoria na Universidade Bráz Cubas, em 2014, em São Paulo, capital. O tema do meu TCC do referido MBA foi A ANÁLISE DOS DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS NO PROCESSO DE FUSÕES E DE CONSOLIDAÇÕES EMPRESARIAIS, cujo resumo eu apresentei na forma de painel (pôster) no V Encontro Científico da Universidade Bráz Cubas (V ENCIBRAC) e na 67ª Semana Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Daí partiu em mim grandes motivações para continuar minhas pesquisas sobre os vários aspectos deste fenômeno, dentre eles as análises econômico-financeiras empresariais, em outros cursos de graduação e pós graduação, inclusive e em especial no mestrado e no doutorado. A análise dos demonstrativos financeiros é tão antiga quanto a própria Contabilidade, remontando a um início provável de cerca de 4000 a.C., numa forma primitiva em que o homem fazia inventários de seus rebanhos, visto que o pastoreio era a principal atividade econômica da época (MARION, 2009). Ao longo da história da administração financeira e da contabilidade gerencial, consolidou-se a expressão Análise de Balanços porque, segundo Marion (2009, p. 7): [...] a Demonstração de Resultado do Exercício foi conhecida, em certo período, como Balanço Econômico (Balanço de Resultado). A denominação Fluxo de Caixa já foi conhecida como Balanço Financeiro; então, tudo era Balanço. O desenvolvimento da análise dos demonstrativos financeiros, também denominados demonstrativos contábeis, tomou impulso sobretudo com o surgimento dos Bancos Governamentais extremamente interessados na situação econômico- financeira das empresas tomadoras de financiamentos (MARION, 2009). No processo de fusões e consolidações empresariais é imprescindível analisar a saúde financeira da empresa a que se pretende unir. Os demonstrativos financeiros são, destarte, instrumentos úteis e necessários, utilizados por acionistas, credores efetivos e potenciais bem como administradores da empresa para conhecer, através de índices financeiros, a posição e a evolução financeira da empresa (JÚNIOR; RIGO; CHEROBIM, 2010). Júnior, Rigo e Cherobim (2010, p. 76) aponta o Balanço Patrimonial e o Demonstrativo de Resultado de Exercício como os principaisdemonstrativos no processo de análise financeira empresarial, apontando as cinco principais espécies de análise utilizadas em tal processo, a saber: Análise por meio de padrões históricos: a) históricas, que fazem a comparação da evolução dos índices de períodos anteriores com o período em análise; b) prospectivas, que comparam os resultados projetados em função de objetivos e hipóteses de trabalho utilizados no processo de planejamento financeiro da empresa, com os resultados atuais e, até mesmo, anteriormente obtidos, indicando evoluções passíveis de serem aceitas ou não; Análise por meio de padrões setoriais: envolvem a comparação dos índices financeiros da empresa com a média do seu setor de atividade. A análise indica se a empresa apresenta resultados compatíveis com os obtidos pela empresas que atuam no mesmo setor de atividade; Análise horizontal: compara, em períodos de tempos consecutivos, a evolução dos valores das contas que compõem as demonstrações financeiras em análise como, por exemplo, a evolução dos valores das contas a receber nos últimos cinco anos em valores constantes; Análise vertical: compara, em períodos de tempos consecutivos, a evolução da composição percentual dos principais conjuntos de contas das demonstrações financeiras em análise, como, por exemplo, os índices de liquidez. Análise do tamanho comum: todos os ítens do DRE são divididos pelo valor das vendas, e todos os ítens do BP são divididos pelo valor do ativo total. Esse é um tipo de análise bastante empregado pelos gestores e muito fácil de se calcular e apresentar por meio de planilhas e gráficos. As análises horizontal e vertical são consideradas por Assaf Neto "um instrumental intermediário de análise" (2012, p. 195), ao passo que a análise econômico- financeira, também denominada na literatura de análise por índices ou quocientes, é considerada pelo mesmo um instrumental avançado de análise. Interessante salientar que a análise horizontal é denominada "análise de tendências" por Brigham e Ehrhardt (2012, p. 102) e "análise de séries temporais" por Gitman (2004, p. 44). Este artigo foi organizado em quatro capítulos. O primeiro se refere à introdução, na qual são apresentados o tema, a justificativa, o problema, os objetivos, a contribuição, a metodologia, o percurso do aluno, o referencial teórico, e a organização do artigo. O segundo capítulo se refere ao desenvolvimento, o qual foi subdividido em quatro tópicos, o primeiro abordando a análise vertical, o segundo a análise horizontal, o terceiro a análise do tamanho comum, e o quarto a análise por índices ou quocientes. O terceiro capítulo foi dedicado à explanação de todas as metodologias utilizadas para a elaboração do artigo. E, no quarto capítulo, são apresentadas as considerações finais. Daí, por último, mas não menos importante, no intuito de finalizar de forma completa, o artigo apresenta as referências consultadas. 2 AS ANÁLISES Conforme ressaltado anteriormente, as literaturas contábeis, econômicas e administrativas apresentam diversos tipos de análise dos demonstrativos financeiros, sendo, contudo, fundamentias para fins de fusões e consolidações as que são destacadas a seguir: 2.1 Análise Vertical Sobre a análise vertical, Assaf Neto (2012, p. 113) passa a dizer: A análise vertical é também um processo comparativo, expresso em porcentagem, que se aplica ao se relacionar uma conta ou grupo de contas com um valor afim ou relacionável, identificado no mesmo demonstrativo. A análise vertical pode ser aplicada tanto na avaliação das contas patrimoniais como na das contas de resultado, conforme exemplificado por Assaf Neto (2012, p. 113) do seguinte modo: Quadro 7.5 – Análise vertical dos balanços da Cia. Fracasso Ativo/Passivo 31-12-X1 AV (%) 31-12-X2 AV (%) 31-12-X3 AV (%) Ativo Circulante 100000 17,8 110000 16,1 95000 13 Ativo Não Circulante (+) Ativo Real. a Longo Prazo 160000 28,6 184000 26,9 192000 26,2 (+) Ativo Permanente 300000 53,6 390000 57 445000 60,8 (=)TOTAL 60000 100 684000 100 732000 100 (-) Passivo Circulante 70000 12,5 90300 13,2 106400 14,5 (-) Passivo Exig. a Longo Prazo 150000 26,8 200000 29,2 235000 32,1 (=) Patrimônio Líquido 340000 60,7 393700 57,6 390600 53,4 Fonte: ASSAF NETO (2012, p. 113). Elaboração pŕopria. Quadro 7.6 – Análise vertical do Demonstrativo de Resultado de Exercício da Cia. Francisco31-12-X1 AV (%) 31-12-X2 AV (%) 31-12-X3 AV (%) Receita de Vendas 830000 100 1260000 100 2050000 100 (-) CMV 524160 63,2 840500 66,7 1594600 77,8 (=) Lucro Bruto 305833 36,8 419500 33,3 455400 22,2 (-) Despesas Operacionais 139500 16,8 190000 15,1 277500 13,5 (-) Despesas Financeiras 88000 10,6 140000 11,1 186000 9, 1 (=) Resultado Operacional 78333 9,4 89500 7,1 8100 0, 4 (-) Provisão para IR 31333 3,8 35800 2,8 - - (=) Resultado Líquido 47000 5,6 53700 4,3 8100 0, 4 Fonte: ASSAF NETO (2012, p. 113). Elaboração própria. 2.2 Análise Horizontal Sobre a análise horizontal, Assaf Neto (2012, p. 105) passa a dizer: A análise horizontal é a comparação que se faz entre os valores de uma mesma conta ou grupo de contas, em diferentes exercícios sociais. É basicamente um processo de análise temporal, desenvolvido por meio de números-índices, sendo seus cálculos processados de acordo com a seguinte expressão: Número-índice = (Vd/Vb)*100. Considerando Vd o valor de uma conta contábil (ou grupo de contas) em determinada data, e Vb o valor da mesma conta contábil (ou grupo de contas) obtida em um data fixada como base, Assaf Neto (2012, p. 106) exemplifica admitindo que as vendas de certa empresa, relativos a um período de X5 a X8 sejam os seguintes: Anos X5 X6 X7 X8 Vendas 104899 100434 103044 113925 Lucro Líquido 31777 23896 49150 53658 Fonte: ASSAF NETO (2012, p. 106). Elaboração própria. Nesse caso, tomando-se como o base o ano de X5, os números-índices das vendas e dos lucros nos períodos X5, X6, X7 e X8 são, consoante Assaf Neto (2012, p. 105), calculados da forma como se segue: X6/X5 Vendas: (100434/104899)*100 = 95,7 Lucro Líquido: (23896/31777)*100 = 75,2 X7/X6 Vendas: (103044/104899)*100 = 98,2 Lucro Líquido: (49150/31777)*100 = 154,7 X8/X7 Vendas: (113925/104899)*100 = 108,6 Lucro Líquido: (53658/31777)*100 = 168,9 Fonte: ASSAF NETO (2012, p. 105). Elaboração própria. A análise horizontal evidencia tendências passadas e futuras de cada valor contábil empresarial (ASSAF NETO, 2012, p. 109). 3.3 Análise do Tamanho Comum A análise do tamanho comum, bastante empregada na prática corporativa, descrita por Brigham e Ehrhardt (2012, p. 102) do modo como se segue: Em uma análise do tamanho comum, todos os itens da demonstração de resultado são divididos pelas vendas, e todos os itens do balanço patrimonial são divididos pelo total do ativo. Dessa forma, uma demonstração do resultado do tamanho comum mostra cada ítem como uma porcentagem do ativo total. Exemplificando a análise do tamanho comum para a empresa fictícia MicroDrive, Brigham e Ehrhardt (2012, p. 103) apresentam os seguintes quadros: MICRODRIVE: Demonstrativo do Resultado do Tamanho Comum 2010 2010 2009 1 Receita Líquida 100,00% 100,00% 100,00% 2 (-) Custos operacionais 87,60% 87,20% 87,60% 3 (=)EBITIDA/ LAJIDA 12,40% 12,90% 12,40% 4 (-) Depreciação e amortização 2,80% 3,30% 3,20% 5 (=) EBIT 9,60% 9,50% 9,20% 6 (-) Menos juros 1,80% 2,90% 2,10% 7 (=) EBT 8,30% 6,50% 7,10% 8 (-) Impostos (40%) 3,30% 2,60% 2,80% 9 (-) Lucro Líquido antes de divid. preferenciais 5,00% 3,90% 4,30% 10 (-) Dividendos preferenciais 0,00% 0,10% 0,10% 11 (=) Lucro Líquido disponível para os acionistas ordinários (margem de lucro) 5,00% 3,80% 4,20% Fonte: BRIGHAM e EHRHARDT (2012,p. 103). Elaboração própria. MICRODRIVE: Balanço Patrimonial de Tamanho Comum 2010 2010 2009 1 ATIVO 2 Caixa e equivalentes de caixa 1,00% 0,50% 0,90% 3 (+) Aplicação de curto prazo 2,20% 0,00% 3,90% 4 (+) Contas a receber 17,80% 18,80% 18,80% 5 (+) Estoques 19,80% 30,80% 24,70% 6 (=) Total do ativo circulante 40,80% 50,00% 48,20% 7 (+) Imobilizado líquido 59,20% 50,00% 51,80% 8 (=) Total dos ativos 100,00% 100,00% 100,00% 9 10 PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO 11 Contas a pagar 1,80% 3,00% 1,80% 12 (+) Títulos a pagar 4,40% 5,50% 3,60% 13 (+) Provisões 3,60% 7,00% 7,70% 14 (=) Total do passivo circulante 9,80% 15,50% 13,10% 15 (+) Obrigações de longo prazo 30,20% 37,70% 34,50% 16 (=) Total do passivo 40,00% 53,20% 47,60% 17 (+) Ações preferenciais 0,00% 2,00% 2,40% 18 (+) Total do Patrimônio Líquido 60,00% 44,80% 50,00% 19 (=) Total do Passivo e Patrimônio Líquido 100,00% 100,00% 100,00 Fonte: BRIGHAM e EHRHARDT (2012, p. 103). Elaboração própria. 2.4 Análise por Índices ou Quocientes Sobre a análise por índices ou quocientes, Assaf Neto (2012, p. 199) define como “a análise da estrutura financeira de uma empresa envolve o estudo de um conjunto de indicadores operacionais que refletem todas as decisões tomadas com relação ao capital de giro e seu equilíbrio financeiro”. Por essa razão ela é também denominada de análise econômico-financeira. A avaliação do desempenho financeiro e econômico de uma empresa aborda analiticamente a rentabilidade, a liquidez, a lucratividade, a rotatividade, a estrutura patrimonial, a gestão da dívida, o valor de mercado, a solvência e o retorno sobre os investimentos. Para facilitar a avaliação econômico-financeira empresarial, a literatura comumente classifica os índices ou quocientes em dois grandes grupos, quais sejam: 1) indicadores ou quocientes (micro)financeiros, que são mais interessantes para os gerentes e diretores empresariais; 2) indicadores ou quocientes (micro)econômicos, que são mais interessantes para os acionistas. A seguir apresenta-se os principais indicadores ou quocientes de cada categoria mencionada: 1) Indicadores ou quocientes (micro)financeiros: a) Liquidez Geral = (AC+ARLP)/(PC+PNC) b) Liquidez Seca = (AC-EST)/PC c) Liquidez Corrente = AC/PC d) Liquidez Imediata = DISP/PC e) Imobilização do ANC = (ANC/PL)*100 f) Capacidade de Endividamento (CE) = PC/(PC+PNC)*100 g) Endividamento Geral (EG ou PCT) = CT/(CT+CP)*100 = (PC+PNC)/ (PC+PNC+PL)*100 h) Capacidade Total de Capital Próprio = CT/CP = [(PC+PNC)/PL]*100 i) Prazo Médio de Estocagem = (EST/CMV)*100 j) Prazo Médio de Recebimento de Vendas = (CLIENTES/RV)*360 dias k) Prazo Médio de Pagamento de Compras = (FORN/COMPRAS)*360 dias l) Posição Relativa = PMRV/PMPC m) Posição de Atividade = (PME+PMRV)/PMPC n) Índice de Endividamento = (PC+PNC)/AT o) Índice de dívida/patrimônio = (PC+PNC)/(AT-PC-PNC) p) Índice de endividamento de mercado = (PC+PNC)/(AT+valor de mercado do patrimônio) q) Índice de Cobertura de Juros (ICJ) = EBIT/Despesas com juros r) Índice do Cobertura do EBITIDA = (EBITIDA+Pagto de arrendamento)/ (Juros+Pagto do principal+Pagto de arrendamento) s) PE operacional = CF/MC unitária t) PE econômico = (CF+Retorno desejado)/ MC unitária u) PE financeiro = (CF- DEPREC)/MC unitária v) PE contábil = CF/MC unitária w) MC unitária = PV – CV x) NCG = AO – PO y) Nota Geral da Empresa = 0,4*NE+0,2*NL+0,4*NR, sendo: NE = Nota de Estrutura = 0,1*IRNC IRNC = Índice de Rot. do NC = ANC/(PL+PNC) NL = Nota da liquidez = 0,3*LG+0,5*LC+0,2*LS NR = Nota da rentabilidade = 0,2*GA+0,1*ML+0,1*RA+0,6*RPL z) Nota Geral da Empresa = 0,3*NL+0,4*NR+0,3*NE, sendo: NL = Nota da liquidez = 0,3*LC+0,3*LS+0,2*LG+0,1*LI NR = Nota da rentabilidade = 0,6*RPL+0,4*RA NE = Nota da estrutura = 0,5*PCT+0,5*CE 2) Indicadores ou quocientes (micro)econômicos: a) Giro do Ativo = VENDAS/AT b) Margem EBITIDA = EBITIDA/RL c) Rentabilidade do PL (RPL ou ROE) = LL/PL d) Rentabilidade do Ativo (RA ou ROI) = LL/AT e) Margem de Vendas (ML ou ROS) = LL/VENDAS f) Grau de Alavancagem Financeira (GAF) = ROE/ROI g) Taxa de crescimento do LL (Pay out) = DIVIDENDOS/LL h) Lucro por Ação (LA) = LL/ Nº de ações i) Valor patrimonial da ação (VPA) = PL/Nº de ações j) Índice de preço/lucro = VPA/LA k) Índice de preço/fluxo de caixa = VPA/FC por ação l) Índice de valor de mercado/valor contábil = Preço de Mercado por ação/VPA m) Grau de Alavancagem Operacional (GAO) = Variação LAJIR (%)/Variação RV (%) n) Modelo de Altman o) Modelo de Kanitz 3. METODOLOGIA Neste capítulo, faz-se uma explanação de cada um dos pilares, ou eixos, do presente trabalho, quais sejam: o seu pilar (ou eixo) epistemológico, o seu pilar (ou eixo) lógico e o seu pilar (ou eixo) técnico. 3.1 Pilar epistemológico Devido à necessidade de se historicizar o objeto de pesquisa, levando-se em considerações que ele abarca questões de ordem econômica, política, tecnológica, cultural, cívica, moral, etc., selecionou-se o enfoque crítico-dialético como o eixo epistemológico do presente estudo. O enfoque, ou também corretamente denominado método, crítico-dialético, também conhecido como histórico-estrutural, visa também explorar um fenômeno, mas buscando explicar as suas variações, sejam elas causas ou efeitos, em função das mudanças da sociedade, sejam elas de caráter econômico, tecnológico, cultural, político, religioso, etc.. Por essa razão, esse enfoque considera a ação como a categoria epistemológica fundamental para a sua explicação científica. Sobre em que tipo de situação utilizá-lo, Teixeira (2012, p. 127) ressalta: Se o problema de pesquisa aponta para uma inter-relação do todo com as partes e vice-versa, dos elementos micro com os macro, os elementos históricos (quais elementos históricos, políticos e sociais estão implicados no fracasso escolar? Como vem se dando o fracasso escolar na primeira série?), o pesquisador deverá adotar o enfoque crítico-dialético. Considera a ação como a categoria epistemológica fundamental para a explicação científica. Similarmente aos outros dois eixos epistemológicos, o enfoque crítico-dialético, possui um conjunto de elementos lógicos e pressupostos gnosiológicos e ontológicos que precisam ser levados em consideração mormente quando do seu uso. Sobre esse aspecto, Vergara (2012, p. 132-133) apresenta a seguinte tabela: Nº Nível/Aspecto Características definidoras 1 Nível Técnico Utilização de todas as técnicas do enfoque fenomenológico- hermenêutico e também a pesquisa-ação e a pesquisa participante. 2 Nível Teórico (comrelação aos autores) Privilegia estudos sobre experiências, práticas pedagógicas, processos históricos, discussões filosóficas ou análises contextualizadas a partir de um prévio referencial teórico. 3 Nível Teórico ( com relação ao tipo de críticas e de propostas de mudança) Questionam fundamentalmente a visão estática da realidade implícita nas abordagens anteriores. É marcadamente crítica e tem a pretensão de desvendar o conflito dos interesses. Têm um interesse transformador e por práticas participativas de mudanças social e política. 4 Nível Epistemológico (critérios de cientificidade) Fundamentam-se na lógica interna do processo e nos métodos que explicitam a dinâmica e as contradições internas (razão transformadora). 5 Nível A ciência, como produto da ação do homem, é tida como uma Epistemológico (concepção de ciência) categoria histórica e a produção científica uma construção. Retoma as concepções anteriores (explicação e compreensão), de forma crítica, para superá-las. 6 Pressupostos Gnosiológicos (concepção de objeto e de sujeito e sua relação) Processo centralizado na relaçãodinâmica sujeito-objeto: concreticidade. Esta se constrói na síntese objeto-sujeito. 7 Pressupostos Ontológicos (noção de homem) O homem é tido tanto como ser social e histórico, determinado pelos múltiplos contextos como criador e transformador de múltiplos contextos. Educá-lo é formá-lo socialmente. 8 Pressupostos Ontológicos (noção de história) Preocupação diacrônica: vê a dinâmica do objeto estudado, o movimento (o filme do real). 9 Concepção de realidade e visão de mundo Visão dinâmica, conflitiva, heterogênea. Uma percepção organizada da realidade que se constrói através da prática cotidiana do pesquisador e das condições concretas de sua existência. Tabela única. Elementos lógicos e pressupostos do enfoque crítico-dialético. Elaborada pelo autor. Fonte: TEIXEIRA, 2012, p. 132-133. 3.2 Pilar lógico Adotou-se, para o presente estudo, como seu pilar lógico, a base estrutural de pensamento hipotético-dedutiva porque o ponto de partida do mesmo se deu por meio do levantamento da hipótese de que o BPM se constitui como um método científico e uma disciplina técnica bastante relevante para a identificação, a modelagem, a análise e a otimização dos processos organizacionais cada vez mais globalizados e, por essa razão, cada vez mais complexos. A base estrutural dedutiva consiste no método de estrutura de pensamento mais utilizada, aceita, respeitada e defendida pelos cientistas racionalistas, devido ao nível de certeza por ela produzido. Originalmente desenvolvida pelo renomado filósofo Aristóteles, essa base vem sendo comumente utilizada por meio da estrutura formal do raciocínio silogístico. E, como todos os demais métodos, apresenta vantagens e desvantagens (BÊRNI e FERNANDEZ, 2012). Cientificamente, o método dedutivo sempre foi o mais aceito e, em especial a partir do surgimento da ciência moderna, com o desenvolvimento do método experimental por Newton. Historicamente, esse método originou outros dois bem parecidos no que tange à estrutura de pensamento: o axiomático-dedutivo e o hipotético-dedutivo. Sobre esses aspectos, Bêrni e Fernandez (2012, p. 49) ratificam: No método dedutivo, o caminho é inverso àquele seguido no método indutivo, uma vez que, partindo de alguns enunciados de caráter universal, inferem-se enunciados particulares. Como fruto do desenvolvimento conjunto da lógica e da matemática, a partir do final do século XIX, o método dedutivo pode ser aplicado a dois esquemas, historicamente mais recentes, que são o axiomático-dedutivo e o hipotético-dedutivo. O primeiro caso é útil quando as premissas de partida são axiomas, não demonstráveis, como no caso das ciências formais. No segundo, ilustrado pelas ciências empíricas, os melhores resultados emergem de situações em que as premissas sejam hipóteses que se refiram a algum aspecto da realidade. [...] Tanto no caso do modelo axiomático-dedutivo como no modelo hipotético-dedutivo, não mais se pressupóe que o conhecimento científico se inicie na experiência, tal como Bêrni e Fernandez (2012, p. 50) salientam: [...] Dados todos os problemas lógicos enfrentados pela ideia de que seria possível acessar o universal a partir do particular, passou-se a supor que o conhecimento já começa no nível abstrato e teórico. Ou seja, supõe-se que o ponto de partida da explicação científica seja algum tipo de conhecimento prévio intelectualmente estruturado sobre o assunto, que pode ser científico ou não. Popper, por exemplo, quando tratou dessa questão, referiu-se a esse conhecimento prévio como “nossos mitos e preconceitos”. Sem tal estrutura mentalmente preconcebida sobre como deve se comportar o mundo, nem sequer seria possível reconhecer algo na realidade dos fatos como um “problema” a ser explicado, ou como uma sentença do tipo explanandum. Somando-se a isso, seria necessário também o engenho criativo do cientista, sem o qual uma hipótese interessante e inovadora jamais poderia ser aventada. Com base nos pressupostos apresentados, deduz-se que o método dedutivo é a base mais confiável, razoável, e, portanto, segura de se estruturar o pensamento no processo de produção de conhecimento (BÊRNI e FERNANDEZ, 2012). 3.3 Pilar técnico Como pilar (ou eixo) técnico adotou-se, por sua vez: a abordagem qualitativa, por se tratar de levantamento de dados predominantemente qualitativos e linguagem predominantemente alfabética; a base procedimental observacional não participante, também dita indireta, que é aquela em que o objeto é investigado por meio de consulta à literatura crítica, “à distância” por assim dizer; o levantamento bibliográfico enquanto técnica; a leitura científica, como subté 3.3.1 Abordagem qualitativa Sobre a abordagem qualitativa de pesquisa, autoridades do tema emprentam-nos suas ideias, conforme apresentadas a seguir: (TRIVIÑOS, 1987, p. 124): No campo dos que trabalham em enfoques qualitativos estas têm recebido outras denominações, além de serem conhecidas como estudos etnográficos. A pesquisa qualitativa é conhecida também como “estudo de campo”, “estudo qualitativo”, “interacionismo simbólico”, “perspectiva interna”, “intrepretativa”, “etnometodologia”, “ecológica”, “descritiva”, “observação participante”, “entrevista qualitativa”, “abordagem de estudo de caso”, “pesquisa participante”, “pesquisa fenomenológica”, “pesquisa-ação”, “pesquisa naturalista”, “entrevista em profundidade”, “pesquisa qualitativa e fenomenológica”, e outras que apontaremos posteriormente. Naturalmente, não pretendemos ser exaustivos na busca das denominações da pesquisa qualitativa. E tampouco vamos definir aquele tipo de pesquisa que melhor representaria o enfoque qualitativo. Sob esses nomes, em geral, não obstante, devemos estar alertas em relação, pelo menos, a dois aspectos. Alguns desses enfoques rejeitam total ou parcialmente o ponto de vista quantitativo na pesquisa educacional; e outros denunciam, claramente, os suportes teóricos sobre os quais elaboraram seus postulados interpretativos da realidade. (RODRIGUES, 2007, p. 38): Qualitativa é a pesquisa que - predominantemente - pondera, sopesa, analisa e interpreta dados relativos à natureza dos fenômenos, sem que os aspectos quantitativos sejam a sua preocupação precípua, a lógica que conduz o fio do seu raciocínio, a linguagem que expressa as suas razões. Também não denota filiação teórico-metodológica, nem implica o uso de hipótese, de experimentação ou de qualquer outro detalhe. Sintetizando: qualitativa é a denominação dada à pesquisa que se vale da razão discursiva. [...] Concernente aos usos dessa abordagem de pesquisa, Soares (2003, p. 19) cita: a) Descrever a complexidade de determinada hipótese ou problema. b) Analisar a intenção entre variáveis. c) Compreender e classificar processos dinâmicos experimentados por grupos sociais. d) Apresentar contribuições no processo de mudança, criação ou formulação de opiniões de determinado grupo. e) Permitir, em maior grau de profundidade, a interpretação das particularidades dos comportamentos ou atitudes dos indivíduos. f) Interpretar dados, fatos, teorias e hipóteses, etc. Explanando em que situações de pesquisa cabe a abordagem qualitativa, Soares (2003, p. 19) usa os seguintes dizeres: 1. Situações em que se faz necessário substituir uma informação estatística por dados qualitativos. 2. Situações em que as observações qualitativas são usadas como indicadores do funcionamento de estruturas sociais. 3. Situações em que se manifesta a importância de uma abordagem qualitativa para efeito de compreender aspecto psicológico, cujos dados não podem ser coletados de modo completo por outrosmétodos devido à complexidade que envolve a pesquisa. 3.3.2 Base procedimental observacional não participante A base procedimental observacional indica que o meio técnico utilizado para a coleta de dados é a observação e os meios instrumentais a ela inerentes. Por observação entende-se a técnica de coleta de dados em que o pesquisador observa o objeto investigado, quer participe ou não desse processo. Quando o observador-pesquisador participa do processo de investigação, diz-se que se trata de uma pesquisa observacional participante; quando, entretanto, o observador-pesquisador não participa do processo de investigação, diz-se que se trata de uma pesquisa observacional não participante. A observação participante (OP) visa coletar dados primários, enquanto a observação não participante (ONP), dados secundários. Por essa razão, na OP podem ser realizadas a pesquisa-ação, os estudos de caso, as biografias participantes e as etnografias participantes. Já na ONP podem ser realizadas as pesquisas bibliográficas, as pesquisas documentais, as biografias não participantes e as etnografias não participantes. Neste diapasão, Bêrni e Fernandez (2012, p. 176-177) explanam: Os dados primários obedecem ao delineamento de um estudo que gerará a base informacional nos estilos alternativos de condução de experimentos ou de obtenção de informações por meio do questionamento direto dos agentes envolvidos com o fenômeno. Tal é o caso, seguindo o exemplo, das testemunhas de um acidente de trânsito. Entre os dados primários a ser coletados, destacam-sea observação direta ou participante, a entrevista formal ou informal, a entrevista estruturada por meio de questionário, a entrevista livre baseada em roteiro, a discussão em grupo (distinguindo-se a construção de grupos focais), a consulta a documentos pessoais, diários, correspondência ativa e passiva, histórias de vida. [...] Se precisar de mais informação secundária, o pesquisador deverá recorrer a estatísticas previamente disponíveis em livros técnicos, relatórios de pesquisa, artigos em revistas técnicas, anais de congressos, documentos oficiais (censos, inquéritos, resoluções, informes), documentos pessoais, correspondência ativa e passiva, história de vida, diários publicados ou privados, documentos administrativos, contábeis e jurídicos. Com base nos pressupostos apresentados, deduz-se que a base procedimental observacional é parcialmente empírica (OP) e parcialmente não empírica (ONP), dessemelhantemente das demais bases procedimentais, que são todas completamente empíricas. Além disso, deduz-se que ela é a mais utilizada por parte dos pesquisadores em geral, por causa da facilidade da sua compreensão e, especialmente, do seu uso. Por fim, deduz-se também que toda pesquisa teórica, ou básica, baseia-se nos procedimentos observacionais, valendo-se de seus meios técnicos e instrumentais. 3.3.3 Técnica observacional de pesquisa Levantamento bibliográfico (técnica) O levantamento bibliográfico, também denominado pesquisa bibliográfica, revisão bibliográfica ou revisão literária, visa a coleta de dados secundários, ou seja, aqueles que já foram submetidos a algum tipo de manipulação, denominados literatura crítica. Ele é utilizado para a revisão da literatura e, portanto, necessário a todas as espécies de pesquisa. Configura-se na técnica de coleta de dados dos livros e dos trabalhos acadêmicos em geral, tais como TCC’s, monografias, dissertações, teses, artigos científicos, resenhas científicas, etc. Os seus instrumentos fundamentais são as bibliografias. O levantamento bibliográfico oferece meios que auxiliam na definição e resolução dos problemas já conhecidos, como também permite explorar novas áreas onde os mesmos ainda não se cristalizaram suficientemente. Permite também que um tema seja analisado sob novo enfoque ou abordagem, produzindo novas conclusões. Além disso, permite a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla, mormente em se tratando de pesquisa cujo problema requeira a coleta de dados muito dispersos no espaço. Sobre essa técnica de pesquisa para coleta de dados, Rodrigues (2007, p. 43) assinala: Bibliográfica é a pesquisa limitada à busca de informações em livros e outros meios de publicação. É o oposto da pesquisa de campo, distinguindo-se também e igualmente por oposição da pesquisa in victro. Geralmente, a pesquisa bibliográfica integra o âmbito da pesquisa ex-post-facto, pelo simples fato de que os livros e artigos de revista ou periódico qualquer tratam, via de regra, de fatos consumados, não sendo habitual a pesquisa bibliográfica baseada em leitura do tipo futurologia. O levantamento bibliográfico pressupõe trabalhos anteriores que servem como fonte ou lente teórica para embasamento de estudos mais abrangentes e ou aprofundados. Sobre esse aspecto, Severino (2007, p. 122) destaca: A pesquisa bibliográfica é aquela que se realiza a partir do registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses, etc. Utiliza- se de dados ou de categorias teóricas já trabalhados por outros pesquisadores e devidamente registrados. Os textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados. O pesquisador trabalha a partir das contribuições dos autores dos estudos analíticos constantes dos textos. Realmente, toda pesquisa acadêmica requer em algum momento a realização de trabalho que possa ser considerado como levantamento bibliográfico. Prova disso é que nas dissertações e teses da atualidade, em sua maioria, há um capítulo especial dedicado à revisão bibliográfica cuja finalidade principal é fundamentar o trabalho acadêmico teórica e consistentemente, identificando, não raro, o estágio atual do conhecimento referente ao tema. Gil (2010, p. 29) explana sobre tal tipo de pesquisa com os seguintes dizeres: A pesquisa bibliográfica é elaborada com base em material já publicado. Tradicionalmente, esta modalidade de pesquisa inclui material impresso, como livros, revistas, jornais, teses, dissertações e anais de eventos científicos. Todavia, em virtude da disseminação de novos formatos de informação, estas pesquisas passaram a incluir outros tipos de fontes, como discos, fitas magnéticas, CDs, bem como o material disponibilizado pela internet. Ressaltando a relevância de tal tipo de pesquisa, Gil (2010) destaca que ela permite ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente, em especial quando o problema de pesquisa requer dados muito dispersos pelo espaço. Entretanto, não se esquece de salientar que, como fontes secundárias, as bibliografias podem apresentar dados coletados ou processados de forma equivocada, tornando possível a reprodução e/ou ampliação desses erros em trabalhos nelas fundamentadas. Por essa razão, Gil (2010, p. 30) fornece sugestões úteis para reduzir tal possibilidade, dizendo: Para reduzir essa possibilidade, convém aos pesquisadores assegurarem-se das condições em que os dados foram obtidos, analisar em profundidade cada informação para descobrir possíveis incoerências ou contradições e utilizar fontes diversas, cotejando-as cuidadosamente. De acordo com Gil (2010), não existem regras fixas para a realização de pesquisas bibliográficas, mas algumas tarefas que a experiência demonstra serem importantes. Dessa forma, seguiu-se o seguinte roteiro de trabalho: a) Exploração das fontes bibliográficas: livros, revistas científicas, teses, relatórios de pesquisa entre outros, que contêm não só informação sobre determinados temas, mas indicações de outrasfontes de pesquisa; b) Leitura do material: conduzida de forma seletiva, retendo as partes essenciais para o desenvolvimento do estudo, e analítica, avaliando a qualidade das informações coletadas; c) Elaboração de fichas: foram elaborados fichas de citações, de resumo e bibliográficas, contendo as partes mais relevantes dos materiais consultados; d) Ordenação e análise das fichas: organizadas e ordenadas de acordo com o seu conteúdo, conferindo sua confiabilidade; e) Conclusões: obtidas a partir da análise qualitativa e quantitativa dos dados. Com base nos pressupostos apresentados, deduz-se que o levantamento bibliográfico é a técnica própria e principal (mestra) para o embasamento teórico baseado em fontes secundárias. 3.3.4 Subtécnicas observacionais de pesquisa Leitura científica A leitura científica é a principal subtécnica de investigação científica, utilizada em todos os tipos de pesquisa sobretudo quando da revisão da literatura específica do tema. Ela é últil para coletar, organizar, sistematizar e analisar/interpretar o dados. Desse modo, devido ao seu uso multifuncional nesse processo, ela pode ser adequadamente denominada de a subtécnica mestra da investigação científica. Sobre esta subtécnica de pesquisa, Diniz e Da Silva (2008, p. 3) passam a dizer que Apesar do avanço tecnológico referente aos recursos audiovisuais, todos precisam ler, porque o conhecimento é adquirido através da leitura, e para obtê-lo é necessário ler muito e ler bem. A leitura possibilita a ampliação de conhecimentos e a reflexão sobre o mundo. Para que a leitura seja proveitosa e eficaz deve-se estar atento ao que está sendo lido, evitando desconcentração e distração. O leitor deve sentir-se atraído pela leitura e desenvolver uma velocidade adequada na leitura, não devendo ler vagarosamente, para não esquecer o que foi lido no final do parágrafo, ou muito veloz propiciando a incompreensão do que foi lido. Para a correta compreensão e o adequado uso dessa subtécnica, faz sentido conhecer – e sem dúvida é imprescindível – os diversos tipo de leitura, tais como Diniz e Da Silva (2008, p. 5-6) apresentam: a) pré-leitura ou leitura de reconhecimento, fase preliminar da leitura informativa, a qual permite ao leitor o documento ou a obra que poderá ser aproveitada no seu trabalho e também obter uma visão geral do tema abordado. b) leitura seletiva, que consiste na leitura integral de um livro, tentando selecionar as informações imprescindíveis, ou seja, escolher o material que realmente interessa à pesquisa. c) leitura crítica ou reflexiva, que é aquela em que o leitor se concentra nos aspectos mais relevantes do texto, sendo capaz de separar as ideias secundárias da ideia central. d) leitura interpretativa, que é uma leitura mais complexa, visando identificar quais as intenções do autor e o que ele afirma sobre o tema, suas hipóteses, metodologia, resultados, discussões e conclusões, bem como relacionar as afirmações do autor com os problemas para os quais se está procurando equacionar. Entretanto, a leitura científica trata-se de, não meramente uma simples leitura, comum, curriqueira, cotidiana, mas sim uma sistemática e rigorosa sequência de procedimentos capazes de extrair dos dados qualitativos o máximo de informações neles contidas. Por essa mesma razão é que Diniz e Da Silva (2008, p.7) explanam, em seguida, os procedimentos necessários para uma leitura científica adequada, com os seguintes dizeres: Quando o texto for selecionado, faz-se sua leitura completa, para ter uma visão geral do todo. Em seguida deve-se reler o texto e assinalar palavras ou expressões desconhecidas, que devem ser consultadas em dicionário. Esclarecidas as dúvidas, fazer uma nova leitura para a compreensão do todo. Tornar a ler, procurando a ideia central, que pode estar implícita ou explícita no texto. Localizar acontecimentos ou ideias, comparando-as entre si e procurando semelhanças e diferenças existentes. Agrupá-los pelo menos por semelhança importante e organizá-los por ordem hierárquica de importância. Interpretar as ideias do autor e descobrir suas conclusões. (DINIZ e DA SILVA, 2008, p. 7) Conforme apresentada, a leitura científica é uma subtécnica multifuncional utilizada para a coleta (pré-leitura, ou leitura de reconhecimento), a organização (leitura seletiva), a sistematização (leitura crítica ou reflexiva) e análise/interpretação (leitura interpretativa) dos dados. Por essa razão, ela é, por excelência, a subtécnica mestra da pesquisa científica. Análise de Discurso (AD) A análise de conteúdo é uma subtécnica de análise, ou interpretação, de dados específica para a abordagem qualitativa. Ela está atrelada à metodologia das pesquisas observacionais, sendo bastante utilizada no campo das ciências sociais, visando descobrir fatos e causas do comportamento humano bem como compreender as interações humanas. Sobre tal técnica, Martins (2008, p. 55 e 58) elucida: [...] Ao perseguir o desafio de construir interpretações, a Análise do Dicurso (AD) parte do pressuposto de que em todo discurso há um sentido oculto que pode ser captado, o qual, sem uma técnica apropriada, permanece inacessível. [...] A AD permite conhecer o significado tanto do que está explícito na mensagem quanto do que está implícito - não só o que se fala, mas também como se fala. [...] A Análise do Discurso pode demonstrar que o que é lido não é a realidade, mas apenas um relato da realidade propositadamente construído de determinado modo, por determinado sujeito. Ao longo da história da ciência, na medida em que os métodos e as técnicas de pesquisa foram evoluindo, a AD foi dividida em duas grandes linhas, a anglo-saxã e a européia. Sobre esse aspecto, Martins (2008, p. 56-57) pontua: A AD pode ser dividida em duas amplas linhas que, embora apresentem diferenças metodológicas e teóricas, surgem, ambas, da necessidade imposta pela Linguística de definir uma nova unidade de análise que ultrapasse os limites da frase: o texto. Na linha anglo-saxã, ao contrário do que ocorre na corrente europeia, a AD não é afetada pela dicotomia saussuriana língua e fala e constitui, assim, mera extrapolação da gramática. [...] A linha europeia da AD segue a tradição, mais especificamente francesa, de atrelar uma perspectiva histórica ao estudo reflexivo dos textos. [...] A diferença fundamental entre a AD e a AC e que a primeira é utilizada para analisar e interpretar dados qualitativos, ao passo que a segunda, dados quantitativos (MARTINS, 2008). 3.3.5 Instrumento observacional de pesquisa Protocolo observacional O protocolo observacional é o instrumento próprio das pesquisas observacionais. Trata-se de um meio para se registrar as informações produzidas durante a observação. Pode ser um caderno, um bloco de anotações, ou mesmo uma página para rascunho. O objetivo é planificar tudo o que foi observado sobre o objeto de pesquisa, suas características, suas variações, as possíveis causas e os possíveis efeitos das variações, o que foi feito durante a observação, o que não foi feito durante ela e o (s) seu (s) respectivo (s) porquê (s). Comumente, o registro das informações no protocolo observacional é separado em notas descritivas (aquilo que se observa de fato) e notas reflexivas (as interpretações ou reflexões daquilo que se observa). Sobre esses aspectos, Creswell (2010, p. 2015) ratifica: [...] Os pesquisadores com frequência se engajam em observações múltiplas no decorrer de um estudo qualitativo e usam um protocolo observacional para registrar as informações. Ele pode ser de uma única página, com uma linha dividindo-a ao meio no sentido longitudinal para separar as notasdescritivas (retratos dos participantes, reconstrução de diálogo, descrição do local físico, relatos de determinados eventos ou atividades) das notas reflexivas (os pensamentos pessoais do observador, tais como “especulação, sentimentos, problemas, ideias, palpites, impressões e preconceitos” [...]). Também podem ser escritas dessa forma as informações demográficas sobre o tempo, o local e a data do local de campo onde ocorreu a observação. [...] Com base nos pressupostos apresentados, deduz-se que o protocolo observacional é instrumento fundamental nas pesquisas observacionais e que, para não dificultar ou mesmo impedir a sua adequada execução, ele só pode ser inutilizado quando substituído por outro instrumento equivalente, tal como o diário de campo. 4 CONCLUSÕES O complexo e dinâmico mundo corporativo demanda decisões bem tomadas, fundamentadas em análises econômico-financeiras e de mercado muito bem realizadas. No aspecto financeiro, é fundamental realizar as análises vertical, horizontal, do tamanho comum, e a por índices ou quocientes para se apurar a estado da saúde financeira empresarial e, com essa informação, tomar decisões importantes tais como uma reestruturação, a aquisição de um empréstimo, a aquisição de ou a fusão com um novo negócio, etc. Hoje, num cenário em que as combinações de negócios deixaram de ser luxo e tornaram-se uma necessidade para a competitividade e para a sobrevivência empresarial no mercado, as análises econômico-financeiras tornaram a rotina mestra para a manutenção da vida empresarial. A saúde financeira da empresa, verificada por meio da apuração do resultado do exercício contábil, de indicadores financeiros mestres tais como a liquidez, a lucratividade, a rentabilidade, a rotatividade, dentre outros, depende das análises econômico-financeiras adequadamente realizadas. Muito mais ainda na tomada de decisões de investimentos em fusões e consolidações, necessário é realizar as referidas análises nos demonstrativos financeiros das empresas que pretendem se combinar, num momento anterior à combinação, e num outro momento, posterior à mesma, a fim de apurar o correto valor financeiro empresarial das empresas combinantes, sem e com as sinergias bem como os gastos envolvidos na transação. No cenário corporativo atual, nenhuma decisão é tomada sem se considerar os seus efeitos na lucratividade dos negócios, razão da existência da empresa. A maximização dos ganhos e a minimização dos gastos resultam de um gestão financeira de excelência, com folga financeira, elevado grau de liquidez, moderado nível de rotatividade, razoável nível de rentabilidade. Contudo, as análises econômico-financeiras precisam ser realizadas por profissionais preparados em finanças e controladoria empresarial, tais como contadores, especialistas em finanças e ou controladoria, especialistas em auditoria e ou perícia contábil, ou administradores com bastante experiência profissional na área de finanças e controladoria. REFERÊNCIAS ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico- financeiro. São Paulo: Atlas, 2012. 337 p. BÊRNI, Duilio de Avila; FERNANDEZ, Brena Paula Magro. Métodos e técnicas de pesquisa: modelando as ciências empresariais. São Paulo: Saraiva, 2012. 440 p. BRIGHAM, Eugene F.; EHRHARDT, Michael C.. Administração financeira: teoria e prática. 2ª edição. São Paulo: Cengage Learning, 2012. 1010 p. BULGARELLI, Waldírio. Fusões, incorporações e cisões de sociedades. 3ª edição. São Paulo: Atlas, 1998. 287 p. CRESWELL, John W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. Tradução Magda Lopes. 3ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2010. 296 p. DINIZ, Célia Regina; DA SILVA, Iolanda Barbosa. Leitura: análise e interpretação. Natal: UEPB/UFRN, 2008. 20 p. Disponível em <www.ead.uepb.edu.br/ava/.../Met_Cie_ A06_M_WEB_310708.pdf>. Acessado em 13 de agosto de 2014 às 14h35. GIFTED, Álaze Gabriel. Análise dos demonstrativos financeiros no processo de fusões e consolidações empresariais. São Paulo: UBC, 2014. 47 p. _____________. O processo de terceirização das atividades financeiras, bancárias e de telecomunicações do setor bancário brasileiro. Anteprojeto apresentado no processo seletivo de mestrado do Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção (PPGEP) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). São Carlos: PPGEP/UFSCar, 2015. 11 p. GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5ª edição. São Paulo: Atlas, 1999. 206 p. _____________. Como elaborar projetos de pesquisa. 5ª edição. São Paulo: Atlas, 2010. 184p. GITMAN, Lawrence Jeffrey. 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