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História da Filosofia textos complementares

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FELIPE, Sônia T. O caso do filme Sommersby. In: A violência das mortes por 
decreto. Editora da Ufsc: Florianópolis, 1998. 
 
 
O CASO DO FILME SOMMERSBY 
 Sônia T. Felipe 
 
1) A execução. Toda a comunidade assiste. Muitos o abençoam. O padre reza a 
oração de encomenda da alma a Deus. Jack está nervoso. Ele não pode morrer, sem ter, 
antes, visto sua mulher junto à comunidade reunida. Ela vem, finalmente, abrindo 
espaço por entre as pessoas que esperam a execução. Ele olha, nervoso, à procura do seu 
rosto. Ela consegue passar até a primeira fila e vê seu olhar inquieto. Chama-o pelo 
nome “Jack!”, o nome que ele tomara do amigo morto, como tomara sua esposa, sua 
propriedade em ruínas para restaurá-la, beneficiando, assim, toda a comunidade. Por 
isso, os concidadãos o abençoam, quando ele sobe o cadafalso. Ela grita, sim, esse 
nome, o do seu marido, o nome pelo qual ele agora tinha de pagar com a própria vida. 
“Jack, estou aqui!" Seu rosto finalmente se ilumina, aliviado. Seus olhos a vêem, 
sorriem. Os carrascos lhe cobrem a cabeça, ajeitam a corda e o conduzem à tampa falsa. 
Tiram-na de debaixo de seus pés. Está morto, executado em nome da Lei, condenado 
por homicídio. 
A pena de morte contra um homicida fora aplicada. Mas, quem o condenou? 1) 
O Estado, com suas Leis? 2) O juiz negro, num momento histórico no qual os 
partidários da manutenção da escravidão dos africanos na América 
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haviam perdido a guerra e toda a propriedade sobre a vida e os corpos desses negros? 3) 
A comunidade, ao afirmar que reconhecia nesse homem o antigo proprietário, 
desaparecido por seis anos na Guerra da Secessão, e que retorna, de súbito, mudado? 4) 
O rival do desaparecido, por ser o pretendente à mão da mulher, para quem ele 
trabalhara duramente nas terras, ao longo do tempo em que o marido dela sumira? 5) 
Ou, ainda, o proprietário vizinho, líder da Ku Klux Klan que, inconformado, agredira a 
um dos ex-escravos de Jack, a quem Horace-Jack concedera o direito de adquirir a 
propriedade, desde que pagasse por ela, como todos os demais brancos o fariam? 6) Ou, 
ainda, a mesma comunidade, antes despossuída, por não ser dona nem de terras, nem de 
escravos e que, com a volta de Jack, tivera a chance de vir a possuir a terra, desde que 
investisse na produção do tabaco, até que a hipoteca fosse paga? 
 
Todos os antigos trabalhadores da terra do pai de Jack estavam lá, naquela noite, 
reunidos num salão, quando Jack-Horace, vendo a miséria e a absoluta impossibilidade 
de refazer a propriedade a partir do cultivo do algodão, sem os braços negros, propôs 
que passassem todos a cultivar o tabaco. Mas, para começar, todos, incluindo o ex-
escravo Joseph, deveriam penhorar o que tivessem de mais valioso para obter o dinheiro 
necessário à compra das primeiras sementes, caríssimas e raras, àquela época. Ouro, 
jóias, prataria, objetos de arte, baixelas, armas, tudo fora encaixotado e levado, por 
Jack-Horace, à Virgínia, para trocar pelas primeiras sementes preciosas da planta 
cobiçada. 
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2) O contrato. Reunida a comunidade, Jack-Horace toma a palavra e propõe: l) 
Que todos os interessados, indiscriminadamente, poderão adquirir a certidão de 
propriedade de uma parte das terras, quando a hipoteca estiver paga junto ao banco 
credor. 2) Que, para vir a ser proprietário das terras, o interessado deverá entregar ao 
proprietário, atual hipotecário, metade do plantio colhido, a fim de que a hipoteca possa 
vir a ser paga. 3) Que todos têm de contribuir com o que tiverem de mais valioso para a 
compra das sementes. 4) Que todos têm de aceitar a Lei, que diz que os ex-escravos 
africanos podem ser proprietários da terra, desde que paguem por ela, como qualquer 
outro cidadão. 5) Que todos devem começar a preparar a terra para a semeadura, já. 6) 
Que ele, Jack-Horace, levará à cidade o tesouro constituído dos bens pessoais mais 
valiosos de cada um dos contratantes para trocá-lo por dinheiro e esse por sementes da 
planta do tabaco. 7) Que todos poderão adquirir a preço razoável, liberada a hipoteca, a 
parcela das terras que julgarem poder cultivar com eficiência. 
 
3) A escrítura. Jack-Horace, o homem que nem sequer é o proprietário real 
dessas terras hipotecadas pelo banco, devido à falência do modo de produção 
dependennte da escravização dos africanos, escreve uma declaração, um contrato de 
compra e venda, e a assina, com a mão esquerda, antes de entregá-la a cada um. Só 
Joseph, o ex-escravo, teme pela não-validade daquele pedaço de papel, no qual está 
escrita a promessa de venda de parte dessa propriedade que ele, enfIm, poderá adquirir 
após ter trabalhado nela toda sua vida. Jack, por não ser Jack, não pode 
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assinar com a mão direita. Usa a esquerda. Mas a entrega do pedaço de papel é feita sob 
as vistas de todos e vale como recibo do contrato firmado verbalmente. 
 
Jack, conforme acordado, parte levando toda a riiqueza que sobrara depois das 
pilhagens do exército, feita nas propriedades daqueles que eram contra o fim da 
escravização dos africanos nos Estados Unidos da América do Norte. Horace, o homem 
que parte, é procurado pela polícia por estelionato cometido contra uma outra 
comuniidade, onde reunira dinheiro suficiente para a construção de uma nova escola. 
Horace é, de fato, professor... e estelionatário. Horace não é, porém, homicida. Parte 
levando tudo o que cada um daqueles homens e cada uma daquelas mulheres entregara, 
como sinal para a aquisição de propriedade. 
 
O filho de Jack, um garoto de uns dez anos, é o último a entregar àquele homem 
seu tesouro: um canivete "bem afiado" e uma pele de cobra belíssima. É sua 
contribuição pessoal para que o projeto dê certo. Que Horace-Jack poderia também, 
então, dar o "golpe do baú" é possível. Ninguém fica tranqüilo durante sua prolongada 
ausência. Mas a esposa de Jack que não recebe, nem ela, nenhuma notícia dele, afirma 
sempre, a cada um, que seu marido voltará. Enquanto esperam, todos preparam a terra 
para a semeadura. O tempo transcorre. Horace-Jack volta. 
 
O plantio e todos os problemas típicos da cultura do tabaco são resolvidos, um a 
um, ora pelo ex-escravo Joseph, que conhece muito bem os segredos da lavoura, ora 
pelo ex-pretendente à mão da esposa abandonada, o pastor Orin, 
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que praticamente salva a empresa coletiva, ao descobrir um meio de combater a praga 
que devora as folhas do tabaco, coisa que Joseph desconhecia, por nunca ter cultivado o 
fumo. 
 
Homens maltrapilhos, ex-confederados, vêm à terra de Jack em busca de 
trabalho. Vêem, no entanto, que Jack não é Jack, mas um impostor. Bêbados, relatam na 
vila que alguém está se fazendo passar por Jack. É a chance. Orin, o rival enciumado, e 
alguns vizinhos, não afeitos à idéia de terem como co-proprietário das terras um negro, 
têm agora a possibilidade de aliviar seu ódio, eliminando o homem. Juntam-se e 
formam a Ku Klux Klan. Orin, o homem que quer ficar com a mulher de Jack, vai ao 
rancho onde este está construindo o espaço para secagem do tabaco, com o propósito de 
matá-lo. Tenta incendiar o rancho, agride Horace-Jack e coloca-lhe uma corda em volta 
do pescoço. Ele está, desde esse momento, condenado à morte pela forca, mas não por 
ter matado um homem depois de receber um tiro no peito. Ele está condenado à forca 
não pelas Leis do Estado, mas pelo ciúme e inveja de um homem que frustrado por 
perder a mulher cobiçada e por ter de reconhecer a superioridade empresarial do 
impostor, que salva, com sua idéia audaciosa de trocar de cultura no momento certo, a 
terra do desaparecido. Horace está condenado a morrer com a corda em volta do 
pescoço por ter dado chance a Joseph de se tornarum cidadão e de adquirir, em 
igualdade de condições, a terra que pode cultivar com sua própria força de trabalho, sem 
escravizar nenhum outro homem. Horace trai Jack, um confederado, proprietário de 
escravos que desaparecera por unir-se às forças contrá- 
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rias à libertação dos africanos e ao reconhecimento do seu direito de gozar da cidadania 
norte-americana. 
 
Jack-Horace foi efetivamente executado pela forca. Não a forca feita pelo rival, 
ali, no auge da luta corporal, não a forca feita com uma corda privada, mas uma forca 
pública, feita com uma corda comprada com o imposto de todos os cidadãos que 
concordam em condenar a morrer pela forca todo aquele que tirar a vida de outro. 
 
4) A pena de morte e os interesses que ela representa. Na tradição contratualista 
bem representada nesse filme, o valor maior, acima do qual nada pode ser colocado, é o 
da Vida. Como uma Lei de Natureza, afirmam Hobbes, Locke e Rousseau, o impulso 
mais primitivo, antes do qual nada se inicia, é o da vida. Em segundo lugar: vem a 
preservação do Estado, e a conseqüente garantia da Propriedade1.1 É a propriedade que 
assegura a preservação do 
 
1 Vejamos o que os contratualistas definem como propriedade. "Também todo soberano deve fazer que a 
justiça seja ensinada, o que (consistindo esta em não tirar a nenhum homem aquilo que é dele) é o mesmo 
que dizer que deve fazer que os homens sejam ensinados a não despojar, por violência ou fraude, os seus 
vizinhos de qualquer coisa que seja deles pela autoridade do soberano. Entre as coisas tidas em 
propriedade, aquelas que são mais caras ao homem são sua própria vida e membros, e no grau seguinte 
(na maior parte dos homens) aquelas que se referem à afeição conjugal, e depois delas as riquezas e os 
meios de vida. Portanto o povo deve ser ensinado a abster-se de violência para com as pessoas dos outros 
por meio de vinganças pessoais; de violação da honra conjugal; e de rapina violenta e de subtração 
fraudulenta dos bens uns dos outros." Thomas Hobbes, Leviatã, cap. XXX, p. 203-4. John Locke define 
sucintamente, no Segundo tratado sobre o governo, o que é propriedade: a vida, liberdade e os bens, (cf. 
parág. 87 e 123) e declara o corpo como sua base. "(0) homem, sendo senhor de si próprio e proprietário 
de sua pessoa e das ações ou do trabalho que executa, teria ainda em si mesmo a base da propriedade." 
(cf. parág. 44). Rousseau, embora não usando claramente o conceito de propriedade, estabelece como 
finalidade da criação do Estado sua preservação para garantir o interesse de todos os cidadãos: "Encontrar 
uma forma de associação que defenda e proteja a pessoa e os bens de cada associado com toda a força 
comum, e pela qual cada um, unindo-se a todos, só obedece contudo a si mesmo, permanecendo assim tão 
livre quanto antes." Do contrato social, Livro Primeiro, capo VI, p. 32. 
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primeiro valor, o da vida. E é o Estado que define o que é próprio de cada um. Usurpar a 
propriedade de outrem é tirar-lhe os meios necessários para manter-se vivo e gozar 
desse benefício. É em nome desse valor que os contratualistas justificam as Penas. Elas 
devem servir para manter unidos os cidadãos, para assegurar a paz e, finalmente, para 
demover aqueles que têm um impulso muito forte de atacar outros para obter 
ilegalmente seus bens, dos seus impulsos2. 
 
Hobbes enfatiza a função da espada como garantia do respeito recíproco pela 
vida, sem o qual o estado civil não se distinguiria do estado de natureza. É por temer a 
morte violenta, legitimada na vontade de todos, que o homem desiste de ameaçar o 
outro de morte. No estado de natureza, pode-se morrer por ação de qualquer um. No 
estado civil, só se deve morrer por ação da natureza. E, 
 
2 Desde Sócrates que perdura a idéia de que as penas devem servir para corrigir a natureza, e não para 
realizar qualquer espécie de vingança. "(A) just penalty disciplines us and makes us more just and cures 
us of evil." Plato, Gorgias, in: EZORSKY, Gertrude, Philosophical perspectives on punishment, p. 37. 
Também Hobbes declara ser pedagógica a finalidade da punição: "A punishment, is an Evill inflicted by 
public Authority, on him that hath done, or omitted that which is Judged by the same Authority to be a 
Transgression of the Law; to the end that the will of men may thereby the better be disposed to 
obedience." Leviathan, in: EZORSKY, Gertrude. Op. cit., p. 3. John Stuart Mill defende a pena capital 
para crimes horrendos, argumentando que nenhuma pena deve ser infligida com o intuito de garantir um 
sofrimento perene ao criminoso para o resto da sua vida. Assim, em vez de condená-lo aos trabalhos 
forçados, o que significaria vingar-se do seu ato até o último dia da sua vida, o Estado o elimina, num 
instante, do rol dos vivos, sem acrescentar-lhe mais nenhuma dor. Ver: Speech in favour of capítal 
punishment 1868, in: Ibid., p. 271 -278. 
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aqui, só se pode morrer por um ato civil, da Lei, se se tirou a vida de outro. A pena de 
morte deve ser mantida para recuperar a moralidade perdida com a prática do ato 
violento, pensam Hobbes, Locke, Rousseau e John Stuart Mill. É essa a sua principal 
fmalidade. 
 
Sommersby, Jack, foi executado por homicídio, não um ato horrendo, mas um 
ato cometido em meio a uma briga de bêbados. A Lei foi cumprida. Mas, o que resulta 
dessa execução é a legitimação da certidão de propriedade, daquele pedaço de papel que 
promete a propriedade a todos aqueles que contribuírem com riqueza e esforços 
pessoais, para restaurar o valor à terra condenada à decadência. A corda em volta do 
pescoço de Horace, o homem que não cometera o homicídio do qual é acusado, mas que 
tomara o nome e a posição do real assassino, representa o acesso à propriedade para 
aqueles que contrataram com ele a empreitada. A propriedade não poderia ser garantida 
a nenhum deles, caso Horace se reconhecesse e fosse re- 
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conhecido apenas como Horace. O papel assinado com a mão esquerda nada valeria. É 
preciso que Horace mantenha sua palavra de que é Jack Sommersby e assuma seu 
dominium com total responsabilidade civil e política pelos seus atos. Se ele escapar da 
acusação de homicídio, isto é, se ele se declarar Horace e assumir apenas a 
responsabiliidade sobre o estelionato praticado contra a outra comunidade, todos serão 
destituídos da propriedade. Orin deve desistir, definitivamente, da mulher que ama, pois 
ela ama Horace e tem uma filha dele. Se ele escapa da identidade Jack Sommersby, sua 
filhinha será a filha de um estelionatário e a mãe, uma mulher sem princípios, que aceita 
em sua cama um estranho e o faz passar por marido. Qualquer juiz tiraria dela não só o 
mátrio poder como também a propriedade, que ela, no caso de Horace ser executado por 
manter a identidade de Jack, poderia vender aos que nela investiram. 
 
Horace é o único que vislumbra as conseqüências da revelação da sua 
identidade. Ele ensinava letras e línguas. Ele tem noção da História e dos Direitos nos 
quais as Leis se fundam para assegurar a unidade do Estado. Ele, o estelionatário, o que 
obtivera uma vez, por vias escusas, a posse dos bens alheios, é o homem que quer dar a 
si mesmo a grande chance de restituir uma imagem digna de ser lembrada e agradecida 
por todos. Sua vida em troca da propriedade que garante a vida com qualidade a todos 
os que apostaram no seu projeto e confiaram na sua honestidade. A vida em troca de 
outros valores: propriedade, honra, respeito, reconhecimento público, dignidade, amor. 
Mas isso, justamente, mesmo quando praticado pelo Estado, põe 
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em questão a aftrmação máxima do jusnaturalismo, qual seja, a de que nada, 
absolutamentenada, deve estar acima da vida e de que a pena de morte existe para que 
esse princípio seja lembrado e realizado. 
 
Jack-Horace-Sommersby nos diz que o mesmo Estado permite o logro na pena 
de morte. Ela pode, sim, ser usada para afirmar outros valores. Ela pode ser usada para 
assegurar a propriedade. Ela pode representar ser algo que não é. Ela pode ser executada 
para tirar a vida de alguém que não ameaçara ninguém de morte, para tirar a vida de um 
inocente desse crime. Ela serve para satisfazer outras necessidades e interesses 
particulares, que se garantem com o extermínio daquele que comete um crime. E, assim, 
ela serve como um benefício a outros, ferindo um princípio do próprio contratualismo, 
que, sem trair Aristóteles3, afirma que a punição não pode servir para colocar a vítima 
numa situação melhor do que a anterior ao ato sofrido, nem para recompensá-la com a 
vingança. A pena de morte deve ter a função de: 1) recuperar o bem moral perdido com 
o ato violento e 2) servir como exemplo para demover outros de praticarem o mesmo 
ato. Mas, da execução de um homem não pode resultar nenhum ganho para os demais 
cidadãos, apenas o restabelecimento da unidade do poder do Estado que existe para 
garantir a paz entre os cidadãos. A pena não pode representar acréscimo de patrimônio 
para ninguém, nem para o Estado, nem para os herdeiros do criminoso, nem para os 
 
3 Aristóteles defende a aplicação da justiça corretiva como meio para restabelecer a igualdade perdida por 
uma das partes, quando agredida pela outra. Ver mais de perto a teoria da Justiça exposta no Livro V da 
Ética a Nícômaco. 
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da vítima, nem para a comunidade. O que recebe a pena deve perder algo, o privilégio 
de compartilhar da vida com os demais, dado que não soube dar o devido valor à vida. 
Mas sua perda não pode significar lucro para ninguém. 
 
Jack Sommersby foi enforcado para que todos obtivessem algo que fora assinado 
com a mão esquerda. Seu sangue serviu de lacre e confirmou a propriedade de todos, e 
garantiu a honra e o bom nome da mulher e dos seus dois filhos. Sua vida executada 
garantiu a Orin a posse daquelas terras que lhe couberam e, quem sabe, da bela mulher 
que ele cobiçara. A pena de morte, como no caso do filme analisado, pode existir para 
assegurar ganhos a muitos. E os que a desejam não o fazem, necessariamente, por ser 
essa penalidade a garantia da paz no âmbito da vida civil.

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