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ECONOMIA: Compreensão e Conceitos Fundamentais 
Apostila : Prof. Grando
O estudo dos aspectos econômicos faz parte de uma das mais abrangentes categorias do conhecimento humano, as ciências sociais. A economia centra atenção nas condições da prosperidade material, na acumulação da riqueza e na distribuição aos que participaram do esforço social de produção. A economia estuda a ação econômica do homem, envolvendo essencialmente o processo de produção, a geração e a apropriação da renda, o dispêndio e a acumulação.
O objetivo do estudo da Ciência Econômica é o de compreender os problemas econômicos e formular soluções para resolvê-los, de forma a melhorar nossa qualidade de vida. Na Grécia Antiga, Aristóteles cunhou o termo economia (OIKOSNOMOS: de OIKOS, casa e NOMOS, lei), que pode ser interpretada como administração da casa ou do Estado. Outros autores também definiram economia. Entre eles Mankiw: “é o estudo da forma pela qual a sociedade administra seus recursos escassos...”; Wessels: “estudo de como as pessoas alocam seus recursos escassos”; Troster e Mochón “a economia estuda a maneira como se administram os recursos escassos, com o objetivo de produzir bens e serviços e distribuí-los para seu consumo entre os membros da sociedade”; Vasconcellos e Garcia – “é a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem (escolhem) empregar (alocar) recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade a fim de satisfazer as necessidades humanas”.
Como ciência social a economia observa que nos deparamos com questões, como aumento de preços, desemprego, valorização ou desvalorização da moeda, setores que crescem mais que outros, crise no balanço de pagamentos, diferenças de rendas entre as regiões, taxas de juros, elevação de impostos e tarifas, etc. Decorrente destas questões uma família pode se deparar com questões como quais tarefas cabem a cada membro e o que cada um recebe em troca. Quem lava a louça ou quem faz o jantar? Quem estuda em escola pública ou privada? Enfim a família deve alocar os recursos escassos entre seus vários membros, levando em conta a capacidade, esforços e desejos de cada um. 
Como as famílias, a sociedade se depara com muitas decisões. Deve decidir quais tarefas serão executadas e por quem. Precisa de gente para produzir alimentos, fabricar bens etc. Uma vez que a sociedade tenha alocado as pessoas (aqui incluímos terra, trabalho, prédios, máquinas e capital) entre as várias tarefas, deve alocar também, os bens e serviços que elas produziram. Deve decidir quem comerá caviar e quem comerá as batatas. Quem andará de Rolls Royce e quem, andará de ônibus.
A administração dos recursos da sociedade é importante porque estes são escassos. Escassez significa que a sociedade tem menos a oferecer do que aquilo que as pessoas desejam ter. Enfim, uma família ou uma sociedade deve alocar os recursos escassos entre os vários membros, levando em conta a capacidade, esforços e os desejos de cada um e decidir quais tarefas serão executadas e por quem. A escassez sempre existirá porque as necessidades são superiores aos meios disponíveis para satisfazê-los e os recursos (máquinas, trabalho, capital, petróleo, etc.) estão disponíveis em quantidades limitadas. Com esses recursos, mesmo escassos, produzem-se bens e serviços (alimentos, automóveis, saúdes, lazer etc), a escassez sempre existirá porque as necessidades são superiores aos meios disponíveis para satisfazê-los. 
Os recursos são limitados e necessidades são virtualmente ilimitadas e sempre se renovam, pois a maioria das pessoas deseja muito mais do que seus recursos lhes permitem adquirir: isto é escassez. Elas precisam alimentar-se, vestir-se, receber educação, entre outros, e para isso há recursos, mas a renda é insuficiente na hora de conseguir todos os bens e serviços desejados para satisfazer suas necessidades. Ainda, a sociedade tem necessidades coletivas, tais como: estradas, defesa, justiça, etc. Outro aspecto importante é o fato de existir muito pouco de um bem não quer dizer que ele é escasso. Ele tem que ser desejável. Também não se deve confundir escassez com pobreza. Até mesmo os muito ricos querem mais. Pobreza significa ter poucos bens. Escassez significa mais desejos do que bens para satisfazê-los, mesmo que haja muitos bens. Assim como uma família não pode dar a seus membros tudo o que estes desejam, a sociedade não poder dar a cada pessoa o padrão de vida mais alto ao qual ela aspira.
A escassez como o Problema Econômico
O problema econômico por excelência é a escassez. Esta surge porque as necessidades humanas são virtualmente ilimitadas e os recursos econômicos escassos. Este não é um problema tecnológico e sim de disparidade entre os desejos humanos e os meios disponíveis para satisfazê-los. A escassez é um conceito relativo, pois existe o desejo de adquirir uma quantidade de bens e serviços maior que sua disponibilidade. Por exemplo, existem países em que a população possui níveis de vida mais elevados do que em outros. Nesses países, há alimentos e bens materiais abundantes, enquanto em outros países atrasados existem milhões de pessoas vivendo na mais absoluta pobreza e muitos chegam a morrer de fome. Tendo em conta essa situação, parece estranho à economia abordar a escassez como um problema universal. Isto é, como um problema que afeta todas as sociedades. Isso se acontece porque a economia considerara o problema como de escassez relativa, uma vez que os bens e serviços são escassos em relação ao desejo dos indivíduos.
O conceito de necessidade humana incorpora a sensação de carência de algo. O fato que a economia enfrenta é que em todas as sociedades (tanto ricas como pobres) os desejos dos indivíduos não podem ser completamente satisfeitos. Nesse sentido, bens escassos são aqueles que nunca tem em quantidade suficiente para satisfazer os desejos dos indivíduos.
Para a satisfação das necessidades humanas é necessário produzir bens e serviços. Para isso, exige-se o emprego de recursos produtivos e de bens elaborados, são os fatores de produção. Tradicionalmente, esses fatores se dividem em três categorias:
Terra: em economia, é utilizado no sentido amplo, indicando não só a terra cultivável e urbana, mas também os recursos naturais que contém como, por exemplo, os minerais. Tipo de remuneração: aluguel.
Trabalho: refere-se às faculdades físicas e intelectuais dos seres humanos que intervêm no processo produtivo. O trabalho é o fator de produção básico. Os trabalhadores se servem das matérias-primas obtidas na natureza. Com a ajuda da maquinaria necessária, transformam-nas até convertê-las em matérias básicas, aptas a outros processo ou bens de consumo. Tipo de remuneração: salário.
Capital: compreende as edificações, as fábricas, a maquinaria e os equipamentos, a existências de meios elaborados e demais meios utilizados no processo produtivo. Tipo de remuneração: Juros.
Alguns autores também considerem como fatores de produção:
Tecnologia: Tipo de remuneração: royalties (Direitos autorais).
Capacidade empresarial: Tipo de remuneração: lucro.
De que se ocupa a economia: A despeito da complexa teia de relações sociais e da multiplicidade de fatores condicionantes que envolvem a ação econômica, existe um conjunto destacado de aspectos particulares da realidade social que gravitam, mas especificamente no campo de interesse da economia. Um deles é o polinômio produção-distribuição-dispêndio-acumulação, destacado por J.B.Say, um dos mais reconhecidos teóricos da economia clássica. Outro é o trinômio riqueza-pobreza-bem-estar, destacado por outro mestre notável. A Marshall, ou, então, outro binômio, crescimento-desenvolvimento, citado por Kuznets. Outro ainda é o trinômio, recursos-necessidades-prioridades. Assim, uma relação de grande temas de que se ocupa a economia, incluiria: Escassez, Emprego, Produção, Agentes, Trocas, Valor, Moeda, Preços, Mercados, Concorrência,Remunerações, Agregados, Transações, Crescimento, Equilíbrio, Organização. 
Necessidades 
Necessidade humana: é a sensação de carência de algo unida ao desejo de satisfazê-la.
Características das necessidades 
 a) as necessidades são ilimitadas em número; 
b) as necessidades são limitadas em capacidade; 
c) as necessidades são concorrentes; 
d) as necessidades são complementares.
Tipos de necessidades: 
 Segundo o requerente - ( Necessidades do indivíduo)
Natural : por exemplo, comer
Social: decorrente da vida na sociedade; por exemplo, festa de casamento.
Necessidades da sociedade
Coletivas: partem do indivíduo e passam a ser da sociedade; por exemplo, o transporte.
Públicas: surgem da mesma sociedade, por exemplo, a ordem pública.
Segundo sua natureza
Necessidades vitais ou primárias: destas depende a conservação da vida; por ex, os alimentos.
Necessidades civilizadas ou secundárias: são as que tendem a aumentar o bem-estar do indivíduo e variam no tempo, segundo o meio cultural, econômico e social em que se desenvolvem os indivíduos; por exemplo, o turismo.
A satisfação de necessidades materiais (alimentos, roupas ou habitação) e não-materiais ( educação, lazer etc) de uma sociedade obriga seus membros a se ocuparem de determinadas atividades produtivas. Por intermédio dessas atividades, produzem os bens e serviços de que necessitam, e que posteriormente se distribuem para seu consumo entre os membros da sociedade. Nesse processo de produção e consumo, surgem e são solucionados muitos problemas de caráter econômico: problemas nos quais se utilizam diversos meios para se conseguir uma série de fins ou objetivos.
Na produção, por exemplo, a empresa tem de decidir que bens vai produzir e que meios utilizará para produzi-los. No caso de uma empresa que produz automóveis, os gerentes têm de decidir o modelo de automóvel a ser lançado no mercado e se irão produzi-lo com uma tecnologia robotizada ou com uma em que se emprega mais mão-de-obra.
Em relação ao consumo, as famílias têm de decidir como vão gastar a renda familiar entre diferentes bens e serviços, para a satisfação das necessidades. 
A microeconomia é a parte da teoria econômica que estuda o comportamento das unidades, tais como os consumidores, as indústrias e empresas, e suas inter-relações. 
A macroeconomia estuda o funcionamento da economia em seu conjunto. Seu propósito é obter uma visão simplificada da economia que, porém, ao mesmo tempo, permita conhecer e atuar sobre o nível da atividade econômica de um determinado país ou de um conjunto de países.
Problema Econômico e os bens econômicos
O problema econômico por excelência é a escassez. Esta surge porque as necessidades humanas são virtualmente ilimitadas e os recursos econômicos escassos. Nesse sentido, bens escassos são aqueles que nunca se têm em quantidade suficiente para satisfazer os desejos dos indivíduos. Bens econômicos caracterizam-se pela utilidade, pela escassez e por serem transferíveis. Os bens livres – como, por exemplo, o ar – são aqueles cuja quantidade é suficiente para satisfazer a todo o mundo. Em sentido econômico, são todos aqueles objetos relativamente escassos, suscetíveis de posse e que servem, direta ou indiretamente, para a satisfação das nossas necessidades.
Características de bens econômicos e conceito de valor: uma aproximação
Os bens econômicos se apresentam sob a forma material ou de serviços. Os bens materiais podem destinar-se ao consumo ou possuir maior duração, constituindo os capitais fixos. Também podem ser considerados bens livres, presentes, futuros, ativos e passivos etc. Valor é a relação entre coisas permutáveis e escassas. Ë uma estima, uma importância atribuída a um bem. Bem, em sentido econômico, será algo capaz de satisfazer uma necessidade humana ou ainda, é tudo aquilo que satisfaz direta ou indiretamente os desejos e necessidades dos seres humanos. Bens materiais – os bens que ocupam espaço físico. Imateriais, são os não-reais e que não ocupam espaço (virtude, inteligência, etc). O valor de cada bem é representado pela utilidade contida nesse mesmo bem ou objeto. Mas a noção do valor econômico não se fundamenta apenas na utilidade, mas principalmente na relação existente entre a utilidade e a quantidade do bem econômico no mercado. 
A EVOLUÇÃO DA ECONOMIA: NOÇÕES SOBRE PENSAMENTO CLÁSSICO, MARXISTA, A ESCOLA NEOCLÁSSICA, KEYNES E OS DESENVOLVIMENTOS PÓS-KEYNESIANOS.” 
Prof. Paulo Jonas Grando em 26/02/2008
1. O LIBERALISMO CLÁSSICO: ASPECTOS CENTRAIS 
Em meados do século XVIII os primeiros economistas procuraram explicar cientificamente as relações econômicas. Questões sobre como governos deviam atuar, como as leis seriam produzidas, como as pessoas deveriam se relacionar em suas relações sociais de produção e na distribuição dos bens necessários à existência foram expostas de tal maneira que se tornaram a explicação dominante. Estas explicações foram agrupadas em um conjunto teórico denominado de liberalismo econômico.
Na Idade Média as instituições medievais pulverizaram o poder político. A ética cristã organizava a vida estimulando o sentimento de solidariedade. Os religiosos se preocuparam com a economia tendo como base de reflexão o critério moral de justiça nas trocas. O dinheiro pouco circulava, o comércio era apenas tolerado, reprova-se o acúmulo de riquezas e a escravidão condenada. O trabalho era visto como atividade digna enquanto que a ganância, a avareza, o egoísmo e o materialismo eram severamente condenados. Entre 1200/1500, ocorreram avanços tecnológicos como a primeira revolução agrícola que introduziu o sistema de três rotações, o arado de metal, o cavalo, adubos e carroças. A produção aumentou em 50%, o que ampliou a população e gerou excedentes de mão-de-obra que melhoraram as estradas e a navegação. O comércio renasceu, surgiram cidades mercantis e junto com a atividade financeira estimulou-se o surgimento do mercantilismo.
Os Estados mercantilistas criaram monopólios comerciais para proteger a economia interna e conquistar mercados externos a fim de ampliar reservas de ouro e preta, vistos como elemento de poder. Para isso, os Estados estimulavam os monopólios privados e promulgavam leis para controlar as empresas. O conflito latente no mercantilismo era como submeter as empresas a respeitarem normas e regulamentos para garantir o interesse do país e, ao mesmo tempo viabilizar a harmonia social e dar liberdade para permitir a competição pelos lucros. O conflito foi vencido pelas empresas que obrigaram os governantes a se submeter a constituições feitas por seus representantes. O individualismo conquistou os comerciantes que se sentiam tolhidos pela intervenção estatal e o liberalismo se tornaria a doutrina econômica e política e, com isto o Estado passou a atuar segundo o interesse dos comerciantes. 
O principal responsável pela construção de um discurso eficiente e uma de teoria capaz de revolucionar esta área do conhecimento foi Adam Smith. Na obra A Riqueza das Nações, em 1776, Smith estruturou um discurso poderoso que permitiu à burguesia partir para o conflito, derrotar o Estado Mercantilista e os privilégios das companhias de comércio e das corporações de artesões. A idéia central era de que a proteção do Estado produzia custos adicionais e, ao garantir privilégios apenas a uma minoria, o Estado produzia ineficiência e custos adicionais a toda sociedade. Para Smith, uma sociedade livre, onde cada um buscasse suprir seu auto-interesse, seria mais eficiente e mais bens seriam produzidos para melhorar a vida de todos. Com isso, os países seriam mais prósperos.
O discurso econômico individualista insistia em conceder maior liberdade de ação aos comerciantes, industriais e banqueiros... e em reduzir a intervenção dos governos sobre a economia, pois mais riqueza seria produzida se houvesse maior liberdade para cada um aumentar seus lucros. Os valores da teoria liberal estão impressos no comportamentohumano egoísta e interesseiro, relacionado à necessidade de autopreservação do individuo. Sua razão de ser estaria no princípio de que todo homem tem direito a independência, à autodeterminação, à autonomia e a liberdade, enfim de ser um indivíduo autônomo. Na origem deste argumento estaria a idéia de que o homem é egoísta, frio e calculista, inerte e atomista, sendo governado por dois princípios: o prazer e a dor. A razão permite avaliar de forma eficiente as escolha e cada homem tende, racionalmente a escolher menos dor e maior quantidade de prazer. 
Decorrente dos argumentos apresentados, o interesse pessoal em melhorar as próprias condições de existência pode ser estimulado num mercado competitivo onde compradores e produtores são colocados em oposição, cada um procurando tirar vantagens de sua posição. Isto seria conseguido em um mercado livre em que preços, quantidades produzidas e consumidas flutuem livremente ao sabor da competição/concorrência no e pelo mercado. Uma sociedade, na qual, todos pudessem se dedicar ao lucro devia assegurar direitos de propriedade e os contratos deveriam ser respeitados. Esta deveria ser a missão do Estado, proteger quem se dispunha a fazer investimentos que, em tese, melhorariam a vida de todos. Por isso, o liberalismo rejeita o Estado, considerado um mal necessário. O mercado deve ser o mais livre possível da intervenção do governo, o qual deveria exercer apenas três funções: proteger o país de invasões externas, manter os tribunais abertos e fazer determinadas obras que não produziriam lucros se fossem feitas por atores privados. Neste diapasão, a economia seria comandada por indivíduos egoístas que, na ausência de mecanismos coercitivos, movidos pelo desejo egoísta de obter mais lucros competiriam para atender seus desejos e necessidades. Esta competição seria mais eficiente e salutar que a mais bem intencionada intervenção estatal pudesse produzir. 
O mercado livre da intervenção do Estado era a instituição mais eficiente para viabilizar a produção e a distribuição de mercadorias, vistas como o principal objetivo das pessoas, pois elas permitem maximizar prazer. Isso viabilizava o crescimento ou expansão da economia, pois buscando atingir seus próprios interesses as pessoas agiriam da melhor forma possível a fim de aumentar a qualidade e a produtividade do seu trabalho ou atividade. Estas idéias estão na base do sistema capitalista que foi estimulado pela pelas revoluções burguesas e conquistou sua hegemonia com a Primeira Revolução Industrial.
2. A CRÍTICA MARXISTA AO LIBERALISMO
		A proposta liberal construiu um sistema econômico muito eficiente em produzir bens e serviços. A concorrência, competição entre atores econômicos, permite gerar ganhos significativos de eficiência o que possibilita ampliar a produtividade e a produção a níveis maiores que qualquer sistema econômico já inventado. Contudo, Marx na sua obra O Capital observa que o capitalismo também produz o seu oposto: se é eficiente ao produzir riquezas é ineficiente ao distribuí-las, pois o capitalismo liberal concentra riqueza e capital. Este aspecto é derivado da concorrência. Por um lado, a competição permite avanços e mais eficiência o que possibilita produzir mais. Por outro, a concorrência implica em concentração, pois ao competir pessoas e empresas necessitam concentrar riquezas para não serem excluídos do processo concorrencial, elemento fundamental nesta teoria.
		Ao estudar as conseqüências da evolução do Capitalismo e da Primeira Revolução Industrial, Marx chegou a esta conclusão ao refletir de forma diferente que os liberais. Para ele a sociedade e não o individuo, é o centro da análise. Usando a análise dialética e materialista, Marx concebe as relações sociais como decorrentes da necessidade das pessoas em produzir suas vidas materiais. Nesse sentido, a base econômica era a força mais poderosa a influenciar as decisões individuais e determinaria as demais instituições da vida social e das idéias. Diferente de outros pensadores, Marx não partia do mundo das idéias (como as coisas seriam ou deveriam ser segundo cada sistema de pensamento) mas do mundo real: do concreto pensado.
		Marx argumentava que o modo de produção da vida material, ou seja, o Modo de Produção, formado pelas relações de produção (relações sociais entre os homens) e pelas forças materiais (ferramentas, fábricas, habilidades...) constituía a base da vida social, política, jurídica, religiosa... No processo de ampliar e aperfeiçoar a produção para satisfazer a demanda social ocorre modificações nas forças produtivas, as quais gerariam um sem número de conflitos sociais, políticos e econômicos. O comportamento e a evolução do Modo de Produção geram conflitos devido a luta dos homens para organizar o processo produtivo e redistributivo. Com isso, a luta de classes atuaria como motor das transformações sociais e produziria a destruição do sistema, pois todos são necessários no processo produtivo. Isso aconteceria porque, devido a concorrência, nem todos recebem na proporção que contribuíram para a produção dos bens durante sua distribuição. Neste contexto Marx critica o capitalismo destacando que neste sistema econômico todos estão submetidos à sua lógica, ou seja, todas as pessoas devem agir segundo os ditames da competição. Marx usou o termo alienação para explicar porque os homens se submetiam a ditadura do capital. O trabalho humano seria forçado porque submete os homens, não a satisfazerem uma necessidade física ou espiritual, mas à lógica da acumulação imposta pelo sistema.
		Marx cria a teoria do valor trabalho e da mais valia para explicar que, ao se submeterem à lógica da competição, os homens passam a explorarem-se mutuamente. Seguindo a explicação dos liberais clássicos, principalmente as idéias de David Ricardo, Marx argumenta que o valor de qualquer bem é resultado da quantidade de trabalho necessário para sua produção. A exploração entre os homens acontece quando alguns passam a controlar os meios de produção e “obrigam” os que não detêm formas de propriedade a se assalariarem para sobreviver. A mais valia implica na parcela de trabalho não pago que viabiliza o processo de acumulação capitalista. Este, uma vez iniciado a partir da acumulação primitiva, tornou-se a força motriz do sistema. Por isso, acossados pela concorrência, os capitalistas são obrigados a, continuamente, acumular mais capital. Caso isto não aconteça, os competidores imprensariam os concorrentes até os levarem a ruína. É neste contexto que o capital subordina as empresas e as pessoas a sua lógica: todos os esforços e todas as ações são válidos para vencer a luta competitiva por mercados e por lucros. Neste processo, a concentração de renda e de riquezas se torna fundamental e condiciona o comportamento de toda sociedade.
		Como a luta competitiva contamina todo tecido econômico da sociedade, a ação das empresas visam a concentrar forças para se manterem competindo no mercado. Dois procedimentos interdependentes não fundamentais neste processo: a luta por maiores taxas de lucro e o constante investimento em tecnologias mais eficientes. Os lucros são fundamentais para se investir a fim de poder competir e a tecnologia que será utilizada é função da taxa de lucro, a qual depende da capacidade competitiva. Neste contexto, trabalho e capital estão submetidos a um processo frenético de inovação, geração de mais produtividade e competição que, ao mesmo tempo em que eleva a produção, diminui o número de produtores. Como a renda também se concentra enquanto a produção aumenta, gera-se excesso de produção que pode produzir crises econômicas.
		As crises econômicas, para o marxismo, decorrem do excesso de produção de mercadorias em situação de mercado. A concorrência força o excesso de produção, ao mesmo tempo em que concentra a riqueza ao diminuir o número de empresas e ao aumentar a capacidade produtiva das que se mantiveram no mercado. Isso diminui o número de empregos, reduzindo a possibilidade de consumodos trabalhadores. Nesse contexto, o sistema capitalista avança produzindo excedentes de mercadorias, mas causando crises setoriais e econômicas constantes. São as crises cíclicas do capitalismo ou as fazes de crescimento e de recessão.
A instabilidade acontece porque a concorrência faz com que milhares de empresas competindo no e pelo mercado atuem de forma antagônica. Como as empresas são interdependentes e complementares, suas ações individuais afetam as congêneres. A enorme dimensão técnico-produtiva dos equipamentos e das empresas leva muito tempo para ser instalado e precisa funcionar em grau elevado de produção para poder ser amortizado. Devido as oscilações do mercado, esses fatores não permitem que a oferta seja adequada rapidamente à demanda. Além disso, nenhuma economia pode crescer infinitamente sem suscitar pontos de estrangulamento que forçam o encarecimento da produção com a redução de investimentos e dos lucros.
		Em Marx se observa que as principais questões estão submetidas ao processo de acumulação de capital. Neste contexto o Estado dos liberais teria função de atuar para beneficiar a acumulação e não as pessoas em geral. No lugar de defender o país, o Estado atuaria para abrir mercador no exterior. Manter tribunais abertos implica em garantir o direito de propriedade, os contratos e arbitrar conflitos entre os capitalistas. Por fim, edificar obras públicas que não dão lucros implica em fazer obras que beneficiariam, em primeiro plano, as empresas e o processo de acumulação do capital, e depois a sociedade em geral. 
Uma sociedade organizada desta maneira seria compelida a aumentar, incessantemente, a capacidade de produzir mercadorias, tanto de bens materiais como simbólicos. No limite tudo seria transformado em mercadorias e o sistema seria compelido a ampliar o espaço geográfico para que mais riquezas e mais populações participem: no limite todo planeta seria capitalista. O sistema deve criar permanentemente novos bens e novas necessidades para sustentar a acumulação ilimitada de riqueza abstrata, necessidades voltadas para a fantasia, que é ilimitada. Marx percebeu que o capital amplia a capacidade de acumulação pela forma D–D’, no qual existiria como riqueza abstrata. É o que ocorre hoje com a disparada da acumulação financeira global. Marx anteviu que quando essa forma se tornasse dominante, a civilização do capital entraria em crise. Ao repudiar o trabalho e a atividade produtiva e afastar-se do mundo real, a acumulação de capital deixaria de ser o eixo que organiza a vida social. Marx dizia que mantida sob o comando do capital e aprisionada nos sucessivos arranjos da forma-mercadoria, a criatividade humana poderia ser colocada a serviço da liberdade ao abolir o trabalho físico, cansativo, mecânico e alienado, ou ser usada para a destruição, com a escalada do desemprego e da guerra. 
César Benjamin diz que o capitalismo venceu. Para ele estamos em um sistema global onde tudo é mercadoria, em que se produz loucamente para se consumir mais loucamente, e se consome loucamente para se produzir mais loucamente. Produz-se por dinheiro, especula-se por dinheiro, mata-se por dinheiro, corrompe-se por dinheiro, organiza-se toda a vida social por dinheiro, só se pensa em dinheiro. Cultua-se o dinheiro, o verdadeiro deus da nossa época – um deus indiferente aos homens, inimigo da arte, da cultura, da solidariedade, da ética, da vida do espírito, do amor. Um deus que se tornou imensamente mediocrizante e destrutivo. E que é insaciável: pois a acumulação de riqueza abstrata é, por definição, um processo sem limites. 
Da crítica marxista emergem teorias que enfatizam o imperialismo, explicado pelo expansionismo de um Estado sobre outros Estados ou países via anexação territorial, ou domínio político-econômico. O país ou Estado subjugado pelo dominador vive uma situação permanente de dependência política, econômica e tecnológica e se subordina a decisões cujos interesses são impostos pelo dominador externo.
Para Hobson, o imperialismo seria a luta pela dominação política e econômica de regiões povoadas por raças inferiores onde as empresas encontrariam mercados consumidores. Sua causa estaria na insuficiência de demanda interna, devido a má distribuição da renda nacional, que só poderia ser revertida por reformas radicais. Para Rosa Luxemburg, o imperialismo era a “expressão política da acumulação de capital” para apoderar-se de regiões não capitalistas. Sua causa seria o subconsumo e acontece porque os gastos de trabalhadores e capitalistas não são suficientes para extrair a mais-valia no longo prazo. Para evitar crises o capital precisava se expandir para outras áreas do mundo, submetendo-as ao seu controle. A autora erra ao apontar que as novas áreas forneciam a demanda adicional para o sistema não entrar em crise, pois elas ainda não seriam capitalistas. Para comprar e vender, estes lugares, primeiro, teriam de ser convertidas ao sistema, ou seja, serem dominadas. Ao submeter áreas não-capitalistas pela força, as empresas auferiam demanda devido as compras do setor militar-estatal. Era deste aspecto que provinha a demanda adicional para a economia não entrar em crise: compras governamentais para manter conquistas ou para guerras de dominação. Lênin observou isso em 1916, quando os bancos assumiram um papel central no processo ao adquirir o controle sobre parte importante das empresas. Lênin manteve a análise de Marx de que o principal problema do capitalismo era a tendência de queda da taxa de lucro no plano nacional. O imperialismo decorria da necessidade das empresas exportarem capitais, na forma de investimentos, para evitar o excesso de mercadorias no mercado interno, fator que reduzia seus lucros. O capital excedente seria exportado para lugares onde o lucro potencial fosse maior, desde que tivessem mão-de-obra abundante e barata, recursos naturais e mercados para serem explorados. No processo, a elite internacional se aliava a elite interna de cada país para viabilizar a dominação e garantir os lucros. Como os próprios grupos imperialistas lutavam entre si para conquistar ou manter domínios, a rivalidade produzia guerras e conflitos entre os países avançados e conflitos nacionais ou revoluções nos países que lutavam para se livrar da dominação imperialista.
3. A ESCOLA ECONÔMICA NEOCLÁSSICA: ASPECTOS GERAIS 
Como uma possível reação à crítica marxista surge a escola neoclássica ou marginalista em meados do século XIX. Esta é um revigoramento da visão econômica clássica esposada por Adam Smith e seus seguidores. Os pressupostos que embasam sua concepção de economia (maneira como a sociedade e a economia estariam organizadas) é de uma economia formada por um grande número de pequenas empresas e consumidores que sozinhos não podiam influenciar o comportamento e/ou as decisões do mercado. Nenhuma empresa sozinha teria condições de exercer influência significativa sobre o mercado, pois a produção e o consumo seriam tais que preços e as quantidades produzidas são determinadas pelas preferências manifestadas por um sem número de produtores e consumidores que buscavam maximizar seu auto-interesse em um mercado competitivo. Os marginalistas não associavam a concentração do capital à livre competição entre as empresas e imaginavam um mundo em que o comportamento das empresas era simétrico ao comportamento do consumidor: ambos procuravam maximizar a utilidade, tanto ao produzir quanto ao consumir.
A noção de utilidade é o centro de reflexão desta escola e foi produzido com a intenção de superar a crítica marxista. A idéia é a de negar a formulação teórica de Marx no aspecto que ela tem de mais controverso: a teoria do valor, mesmo que para isto tivessem que negar vários aspectos da teoria liberal. Com propriedade os marginalistas argumentam que o valor dos bens não é resultado do custo de produção, mas uma função da demanda dada pela utilidade do bem segundo as preferências subjetivas dos consumidores.
O principal pressuposto da doutrina neoclássicapara o valor decorre da utilidade das mercadorias, determinada pela necessidade subjetiva de cada pessoa em maximizar prazer e evitar a dor. É nesta condição que mercadorias serão produzidas e consumidas, pela sua utilidade em maximizar o prazer de quem as consome. O consumo implica, portanto, no interesse individual do consumidor em maximizar a utilidade de uma mercadoria. Isso permite quantificar o valor. O princípio de utilidade marginal foi produzido com a finalidade de definir teoricamente o valor de uma mercadoria ou bem. Sua definição é dada pelo acréscimo da utilidade derivada da última unidade de mercadoria consumida ou produzida, sendo equivalente ao acréscimo de utilidade produzida ou consumida em relação a outras mercadorias juntas. Quando a disposição ou o ganho com o consumo ou a produção de uma mercadoria ou bem for julgado inferior ao anterior a utilidade se reduziu e os preços devem ser rebaixados. Por esta explicação o preço de um bem é dado pelo potencial da demanda que o mercado vai impor ao produtor. No caso da demanda ser reduzida ou ampliada, os preços irão variar conforme a oferta e procura agirem. 
Para os neoclássicos, a idéia básica é que a demanda e a oferta se encontram ao longo da curva e em situação normal de mercado atingem o equilíbrio. Nesta situação, haveria a melhor eficiência possível, pois para esta escola o mercado aloca recursos escassos com mais eficiência que os governos, por exemplo. Por isso haveria a melhor combinação possível de mercadorias, pois os fatores de produção seriam mobilizados pelas empresas de tal forma que a produção seria àquela demandada pelos consumidores. Para que isto acontecesse o mercado deveria ser o mais livre possível, ou seja, a intervenção governamental devia ser mínima ou apenas a indispensável. Desta forma, a relação de produção e consumo seria sempre uma combinação ótima em relação a preços e quantidades, o que permitia a consumidores e empresas maximizar ganhos mútuos: pagar o menor preço possível ao consumir e a empresa auferir o maior lucro para retomar a produção.
Contudo, na prática concreta o sistema econômico não é caracterizado pela concorrência perfeita, pois alguns compradores e vendedores concentram poder a ponto de definir o comportamento dos preços e das quantidades produzidas. Outro aspecto é que o mercado não faz tudo: não produz alguns bens que são essenciais porque não dão lucro: estradas, escolas, segurança, saúde... No mesmo sentido alguns tipos de mercadorias têm seu custo de produção maior que o seu custo social: automóveis, drogas como o cigarro... Por fim, outro ponto complicado é que a liberdade de mercado irrestrita gera instabilidades que acarreta imensos desperdícios sociais. Para os neoclássicos, mesmo assim, é melhor que estes problemas ocorram do que permitir a intervenção governamental. Se esta vier a acontecer deve ser nos limites do mercado: como medidas fiscais e monetárias ou ações para produzir uma concorrência praticável. São exemplos medidas antitrustes e agências reguladoras para disciplinar as ações das grandes corporações como, por exemplo, o código do consumidor. Nada mais que isso, pois poderiam levar ao mau funcionamento da lei da oferta e da procura e causar mais problemas do que soluções.
4. A TEORIA ECONÔMICA KEYNESIANA: A REGULAÇÃO DO CAPITALISMO VIA O PLENO EMPREGO 
A crise de 1929 resultou do extraordinário crescimento econômico nos EUA. Naquele país 85 mil empresas faliram e 5 mil bancos suspenderam operações, o produto industrial caiu 50% e o desemprego atingiu 1/4 dos trabalhadores. Causa: excesso de produção e concentração da riqueza. Durante dez anos de crise, o desemprego atingiu níveis estratosféricos no mundo: 1/3 na Inglaterra e França e mais de 40% na Alemanha e Itália, fator que justificou o totalitarismo de Hitler e Mussolini. Keynes explicou a crise e apontou soluções. A força do seu sistema teórico construiu uma doutrina própria: o keynesianismo. 
A teoria Keynes baseava-se na explicação do fluxo circular: na produção capitalista as empresas compram bens e serviços e o valor do que foi produzido deve ser igual a renda gerada no decorrer da produção mais o lucro das empresas. Keynes concebe uma economia em que custos de uns são as rendas de outros. Para que a produção possa ser retomada continuamente todas as rendas devem ser gastas na compra de bens e serviços. Mas, o processo não é automático, parte da renda não é gasta, pois a economia apresenta vazamentos: Keynes identificou tres fontes de vazamento em seu fluxo circular: a poupança, as importações e os impostos. 
Para evitar crises os bancos poderiam emprestar os recursos poupados para que outros consumissem a crédito ou investissem em novos negócios, o governo deveria usar o dinheiro dos impostos para comprar bens e serviços, e as exportações contrabalançariam as importações. Contudo, Keynes percebeu que as classes altas poupavam mais que consumiam e estendeu sua análise à toda sociedade. A conclusão lógica é que uma parte da renda era sempre transformada em poupança e com o tempo esta seria proporcionalmente crescente. Consequentemente, os investimentos empresariais teriam que crescer num ritmo que pudessem absorver toda essa poupança. Isso é difícil de acontecer porque há um limite para investimentos que gerem oportunidades de lucros. Assim os gastos em bens e serviços sempre cairiam abaixo da capacidade de produção e as empresas passariam a produzir num nível abaixo da sua capacidade o que gera desemprego e restringe ainda mais a produção. Desta maneira, as crises econômicas seriam inevitáveis.
Em sua análise, Keynes observava que a economia pode apresentar um estado de equilíbrio entre a oferta e procura mesmo com elevadas taxas de desemprego e capacidade produtiva ociosa, isto devido ao excesso de poupança e falta de demanda. Nesse caso, a produção e a renda social se reduzem podendo ocorrer recessão. Diante da análise que Keynes apresentou: para recuperar uma economia em depressão é preciso elevar a demanda, o que ampliaria o consumo e a expansão da produção, gerando mais empregos, maiores salários, mais impostos... Como seria impossível redistribuir a riqueza poupada pela classe mais abastada, caberia ao Estado evitar as crises econômicas. Na eminência de crises na economia os governos deveriam gastar mais do que arrecadassem, mesmo que esta ação produzisse alguma inflação. Isso rebaixaria o valor nominal dos salários, inibiria o excesso de poupança. Essa política anticíclica seria capaz de reativar a demanda, pois forçava o aumento dos níveis de emprego, e a elevação das taxas de lucros para possibilitar a retomada do processo de acumulação de capital.
Decorrente do uso da teoria econômica keynesiana entre meados de 1945/1970, a longa prosperidade do pós-guerra permitiu que a produção crescesse ininterruptamente por cerca de 25 anos. As crises que ocorreram neste período eram suáveis, pois controladas pelo suporte estatal à acumulação de capital. A intervenção do Estado na economia também contribuiu para gerar intensa inovação tecnológica, aumento real nos salários e maciça exportação de capitais, principalmente nos países desenvolvidos. Via enorme expansão dos gastos públicos para estimular a acumulação de capital (geralmente interpretada como ações para estimular o crescimento econômico), os fatores da prosperidade oriunda das políticas keynesianas anti-cíclicas permitiram produzir maior redistribuição de renda, pois o Estado estimulou o equilíbrio das relações capital-trabalho, a generalização de novos bens de consumo e o atendimento de um grande número demandas sócio-políticas como seguros saúde, férias, descanso semanal remunerado, sistema de aposentadorias e pensões, formação profissional, etc. No mesmo sentido, os gastos dos governos no setor militar e aeroespacial tinham esta finalidade: geravam demanda, empregos, inovação tecnológica e atuavam como uma forma de protecionismo disfarçado ao inibir importações por razões de segurança nacional.
Contudo, em determinadomomento histórico (por volta dos anos de 1970) os governos se viram incapazes de continuar a fazer gastos para estimular a expansão da economia. Os gastos feitos pelos governos, tomando emprestados os recursos poupados pela população, explodiram a dívida pública. Com isto, esta forma de estimular a economia e evitar as crises não pôde continuar, pois agora os governos tinham mais um problema: administrar a imensa dívida criada para viabilizar a acumulação de capital.
Assim, em meados da década de 1970 inicia-se a crise do capitalismo keynesiano contemporâneo, nos países desenvolvidos. Entre suas causas estão a diminuição na produtividade do trabalho, devido a insatisfação dos trabalhadores com a rotina nas fábricas e a intensificação da jornada de trabalho, ainda que bem paga. A situação redundava em excessivas faltas no trabalho, greves seguidas e acentuada queda nos lucros empresariais, além do crescente endividamento público para dar suporte à expansão da demanda keynesiana. 
A reação empresarial, naquela situação, produziu aumento de preços e exportação de capital, o que gerava aumento da inflação, da dívida pública, queda nos impostos, déficits comerciais e das exportações O resultado foi a diminuição da ação dos governos e aumento do poder das multinacionais. Com isso, em meados da década de 1980 inicia-se uma nova política de regulação do capitalismo via o retorno ao liberalismo, ou aos pressupostos da escola clássica. A retirada do Estado da regulação da vida econômica logrou deter a inflação a custa da eliminação dos controles estatais sobre o capital, mas de resultados sociais pouco animadores até o presente. Neste contexto, a economia da demanda keynesiana foi substituída pela economia da oferta, regulada pelo mercado, segundo pressupostos neoclássicos de Estado mínimo e da maior eficiência dos mercados. 
Neste contexto, ressurge a teoria neoclássica, agora com o nome de neoliberalismo. Para seus adeptos a principal questão é o problema da intervenção do Estado na economia. Seu receituário teórico implica na redução do papel do Estado via privatizações, gestão e redução de sua dívida, controle da inflação e a adoção do mercado (mesmo com suas imperfeições) como agente de regulação das necessidades humanas. Desta forma, no período atual, a teoria econômica destaca que cabe a cada agente (produtores e consumidores) definir suas preferências em funções de suas necessidades (novo neologismo para definir a maximização da utilidade) e, em condições de mercado, agir para garantir sua viabilização. Na prática, o que se observa é um discurso de reformas que, num primeiro momento, não melhora as condições de existência das pessoas. Isto porque um sem número de direitos sociais, duramente conquistados, estão sendo revistos por esta nova visão de como a economia explica o mundo.
Texto 02: importante pela qualidade da análise
A CRISE ECONÔMICA: A RECESSÃO NO CENTRO DO IMPÉRIO
Resumido de Jorge Beinstein em 11/02/2008 de Buenos Aires *
A recessão já se instalou no centro do Império e o debate gira em torno da sua profundidade, duração e alcance mundial. Os admiradores do capitalismo global já não negam a crise, mas tentam diminuir seu caráter dramático e reduzir suas raízes e extensão. Alguns deles ensaiam explicações anedóticas, outros dizem tratar-se de uma "crise cíclica" - quer dizer passageira - e a maior parte usa uma explicação simplista que reduz o fenômeno a uma grande perturbação financeira combinada com um surto pessimista dos consumidores norte-americanos, provocado por devedores inadimplentes nos EUA (aqueles que não pagam seus créditos imobiliários) e por aqueles que deram a eles empréstimos generosos demais. Para esse pessoal, os problemas serão superados pela intervenção da Reserva Federal, da Casa Branca e das autoridades políticas e monetárias das outras grandes potências.
Crédito, consumo e dívidas
Já que a crise está circunscrita ao estouro da "bolha imobiliária" norte-americana e aos seus impactos colaterais nos EUA e no resto do mundo, a "solução" parece clara: estimular os consumidores e investidores, aumentar o gasto público e injetar liquidez no mercado. É isso que estão fazendo o governo Bush e a Reserva Federal: o presidente acabou de promover uma redução de impostos e aumentou o gasto público. Isso vai gerar um déficit fiscal gigantesco e a dívida pública logo vai superar os U$S10 trilhões de. As reduções fiscais de Bush beneficiam basicamente os ricos e a classe média alta, o aumento do gasto público privilegia as Forças Armadas, que terão o maior orçamento de toda a história dos EUA: o gasto militar total dos Estados Unidos chegou, em 2008, a quase 1,2 trilhões de dólares (se somarmos verbas do Departamento de Defesa e dos outros setores do Estado). Por sua vez, a Reserva Federal reduz ainda mais a taxa de juros.
O que eles estão fazendo agora é uma espécie de repetição, em condições infinitamente mais graves, do que já fizeram em 2001. Eles não têm nenhum roteiro diferente. Só que naquela época a dívida pública norte-americana chegava a 5,7 trilhões de dólares e agora está muito próxima de 9,2 trilhões e se somarmos a isso o resto do endividamento dos setores públicos e privados chegaremos aos 50 trilhões de dólares (equivalente ao Produto Bruto Mundial). E ainda é preciso acrescentar a acumulação de déficit fiscais e comerciais e um volume de gastos militares totais que em 2009 poderia chegar a representar 10% do PIB norte-americano.
Em 2001 a situação era difícil, mas havia margem econômica e política para permitir ao país (devido o atentado terrorista) sair da recessão acelerando a hipertrofia especulativa, concentração de renda, consumismo (com forte queda da poupança pessoal), crescimento das dívidas públicas e privadas e keynesianismo militar. Mas, todos esses aspectos foram ficando exacerbados nos últimos sete anos, as aventuras coloniais na área euro-asiática terminaram num impasse (o aparato militar aparece agora como uma pesada máquina, tão sofisticada e cara quanto incompetente) enquanto o Estado e a população estão afogados em dívidas.
A recessão norte-americana é mais uma crise de dívida do que uma depressão causada pela retração do consumo; a primeira é o fundamento da segunda. A dívida estatal chegou a um ponto tal que sua expansão entrou no círculo vicioso que entrelaça de modo perverso as emissões de títulos públicos e os dólares cada vez mais desvalorizados, a alternativa estaria em que o Estado reduzisse seus gastos e/ou aumentasse a arrecadação fiscal, o que poderia afundar a economia em uma recessão ainda mais profunda. 
Por sua vez, a população de média e baixa renda sofre as conseqüências do congelamento e/ou queda de seus salários reais, pois a renda familiar média atual é menor que em 2000. Quando a "bolha imobiliária" começou a se formar, com uma avalanche de créditos baratos, ela estava restringindo a solvência a médio prazo de uma grande massa de devedores e acabou mordendo o próprio rabo: em meados de 2006 o mercado imobiliário estava saturado, os preços de imóveis começaram a cair e, em 2007, explodiu a inadimplência. No auge da expansão econômica, o tema do esgotamento da expansão econômica norte-americana, sobrecarregada por dívidas, foi ignorado e/ou negado por jornalistas, especialistas, grandes empresários e dirigentes políticos dos país. Os negócios iam bem e quem teria ousado, nesse período, dizer que os grandes lucros da época seriam a base do próximo desastre? Os poucos que ousaram foram marginalizados e ridicularizados, apontados como catastrofistas, pessoas amargas ou amantes dos terremotos.
Para reduzir ou evitar a crise, Joseph Stiglitz prepôs aumentar o gasto público para reabilitar o consumo, expandindo o déficit fiscal e a dívida. Segundo essa proposta, os beneficiários não seriam os militares e os ricos, mas os desempregados, os programas de infra-estrutura, educacionais, de saúde, de economia de energia e de redução da contaminação ambiental. Esta aspirina é incompatível com oatual sistema de poder dos EUA e a repetição conservadora não passa de pequenos band-aids impotentes diante da realidade. 
A Recessão e a inflação
A recessão chegou ao centro da economia mundial e suas autoridades entraram em pânico. Elas percebem que suas ações são ineficazes e/ou contraproducentes. Medidas anti-recessão, como redução de impostos, queda drástica nas taxas de juro e aumento do gasto público, trarão mais déficit e dívidas e, caso cheguem a ter algum sucesso, mesmo que seja medíocre, aumentarão a inflação. Em todos os casos, impulsionam a desvalorização internacional do dólar. 
A recessão e a inflação chegam juntas porque a crise financeira converge com a crise energética que faz subir o preço do petróleo, puxando para cima um amplo leque de matérias-primas. Os custos de produção aumentam não só quando a economia mundial cresce, fazendo aumentar a demanda por esses produtos, mas também quando ela fica parada, ou mesmo quando sofre quedas. Isso ocorre porque a extração de petróleo no mundo está chegando ao seu nível máximo e, logo atrás dela, as de outros recursos energéticos não renováveis, como o carvão e o urânio, que seguirão o mesmo caminho a mais longo prazo, mas bem antes de meados do século XXI. E, como já sabemos, a substituição do petróleo pelos biocombustíveis leva a um rápido encarecimento generalizado da produção agrícola, especialmente de alimentos. Em síntese, as autoridades norte-americanas sabem que se tentarem reverter a recessão reanimando o mercado estarão dando fôlego à inflação e à queda do dólar, o que, cedo ou tarde, trará mais recessão; mas também sabem que se tentarem conter a inflação esfriando a economia, a recessão vai se aprofundar: um beco sem saída.
Alguns especialistas começam a alimentar ilusões com a possibilidade de uma paralisação prolongada mas ordenada, sem explosões sociais nem crises institucionais graves. O modelo para isto seria o Japão dos anos 1990, mas eles esquecem que se tratava de uma potência de segunda ordem que contou, nesse momento, com duas tábuas de salvação externas que ajudaram a suavizar a aterrissagem: as "bolhas" de prosperidade do leste da Ásia, que deram fôlego ao Japão até a crise de 1997, e, principalmente, os EUA, seu principal cliente comercial, cujo mercado absorveu exportações e investimentos japoneses. Mas os EUA são um país grande demais, não existe uma tábua de salvação externa à sua medida. O resto do mundo vinha amortecendo seus desajustes fiscais e comerciais, acumulando montanhas de papeis dolarizados que a cada dia valem menos, mas essa capacidade está quase esgotada.
A ilusão do descolamento
Há muita discussão em torno do possível "descolamento" entre os EUA e as outras potências industriais que, deste modo, ficariam distanciadas do naufrágio do irmão maior. Até hoje, a globalização era apresentada pela propaganda neoliberal como uma rede da qual ninguém podia escapar. Agora, sem maiores explicações, dizem o contrário: pelo visto, a rede global permite que uma ampla variedade de países fuja do desastre. Dirigentes e comunicadores de algumas economias desenvolvidas incluem seus países na lista de sobreviventes e inclusive em muitos países periféricos as mídias locais tentam tranqüilizar suas populações explicando que, graças ao nível das suas reservas (em dólares), à natureza das suas exportações, à sua localização geográfica ou a outra benção do destino, essa nação não será afetada pela recessão norte-americana (ou será muito pouco).
Mas acontece que - para desgraça dos neoliberais - eles têm razão: as interdependências econômicas mundiais são tão densas que não há maneira de "descolar" as sacudidas norte-americanas (bancárias, da bolsa, etc.) do funcionamento financeiro internacional. A "bolha imobiliária" norte-americana foi a vanguarda de uma variada série de outras bolhas parecidas em diversos lugares do planeta, países como Espanha, Inglaterra, Holanda, Austrália, Irlanda e Nova Zelândia fizeram parte ativa desta festa. Na Espanha, a bolha já começou a murchar: recentemente, Carlos March, cabeça de um dos grupos financeiros decisivos desse país, declarou que “a crise imobiliária (espanhola) vai durar muito tempo, pelo menos três anos". Por outro lado, numerosos bancos europeus e asiáticos estão sendo atingidos pela desvalorização de títulos norte-americanos atrelados a dívidas hipotecárias de alto risco, que compraram por atacado em pleno auge especulativo. A recessão norte-americana já afeta o Japão, intimamente associado à superpotência nos níveis comercial, financeiro, político-militar, etc. O Japão e os EUA compram o grosso das exportações industriais da China e são a coluna vertebral da sua prosperidade econômica, a qual, por outro lado, acumula mais de 1,4 trilhões de dólares e papéis dolarizados em suas reservas e também tem suas próprias bolhas (da bolsa, imobiliária, etc.).
Muito mais fortes são as inter-relações entre a União Européia e os Estados Unidos... o que não impediu o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, de declarar (no início de fevereiro de 2008 e sem mexer um só músculo da cara) que “na Europa não há risco de recessão, ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos”.
Economista argentino, professor na Universidade de Buenos Aires. É autor, entre outros livros, de "Capitalismo senil, a grande crise da economia global". Tradução: Naila Freitas / Verso Tradutores
Texto 03: importante pelas informações de jornal sobre o custo da crise finenceira
Ação contra crise já custou US$ 2,6 tri aos EUA
Publicada em 09/10/2008 às 00h17m
O Globo em http://oglobo.globo.com/economia/mat/2008/10/09/acao_contra_crise_ja_custou_us_2_6_tri_aos_eua-548632459.asp
WASHINGTON - O governo dos EUA já comprometeu nada menos do que US$ 2,6 trilhões nas duas últimas semanas para tentar neutralizar a crise financeira desatada pelo rombo no sistema hipotecário e agravada pela extrema restrição do crédito em geral. O valor é equivalente a quase todo o orçamento federal para este ano (US$ 3 trilhões), mostra reportagem do correspondente José Meirelles Passos, publicado nesta quinta-feira pelo jornal O Globo.
O Departamento do Tesouro reservou US$ 700 bilhões para o pacote de compra de títulos hipotecários podres e mais US$ 200 bilhões para salvar a Fannie Mae e a Freddie Mac, duas firmas do ramo. Por sua vez, o Fed (Federal Reserve, banco central), já injetou este ano US$ 800 bilhões no sistema financeiro e separou mais US$ 900 bilhões, dois dias atrás, para emprestar a bancos e financeiras.
A perspectiva de tal socorro se tornar num saco sem fundo, agravando ainda mais o déficit público dos EUA, foi ampliada pelo compromisso do Fed, anunciado terça-feira passada, em utilizar "fundos ilimitados" para a compra de dívidas de curto prazo de bancos e outras empresas, a fim de lhes propiciar capital de giro
Inglaterra anuncia pacote de até US$ 1 trilhão
Publicada em 08/10/2008 às 23h47m
O Globo http://oglobo.globo.com/economia/mat/2008/10/08/inglaterra_anuncia_pacote_de_ate_us_1_trilhao-548632122.asp
LONDRES - O primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown anunciou nesta quarta-feira que seu governo pretende colocar nada menos que cerca de US$ 1 trilhão, montante equivalente a um terço da produção econômica anual britânica, estará potencialmente à disposição dos oito principais bancos do país, informa reportagem do correspondente Fernando Duarte, publicada nesta terça-feira pelo jornal O Globo. A cifra ultrapassa os US$ 700 bilhões despejados no mercado pelo governo americano.
De acordo com os termos principais do pacote, os bancos contemplados (Abbey National, Barclays, Halifax, HSBC, Lloyds TSB, Nationwide, Royal Bank of Scotland e Standard Chartered) terão imediatamente à disposição cerca de US$ 100 bilhões a título de recapitalização. Outros US$ 400 bilhões ficarão disponíveis para empréstimos a curto prazo. O governo ainda injetará no mercado US$ 500 bilhões para garantir empréstimos interbancários.
América Latina enfrenta "tempestade perfeita"Plantão | Publicada em 08/10/2008 às 22h17m
Reuters/Brasil Online
Por Walter Brandimarte em http://oglobo.globo.com/economia/mat/2008/10/08/america_latina_enfrenta_tempestade_perfeita_-548630217.asp
NOVA YORK (Reuters) - A América Latina está lutando contra uma "tempestade perfeita" causada pela crise financeira global, uma brusca redução do crescimento econômico e a queda no preço das commodities, disse o economista-chefe do Banco Mundial para a região na quarta-feira.
A crise, que vem devastando os mercados financeiros do continente nos últimos dias, ameaça as incipientes tendências de crescimento da região, disse Augusto de la Torre à Reuters em uma entrevista por telefone.
"Nós acompanhamos isso com um sentimento de frustração porque a América Latina não é culpada em nenhuma forma por essa crise", disse ele.
"A crise chega à América Latina a partir de fora em uma hora em que a América Latina está começando a desenvolver um ambiente de crescimento mais robusto."
Segundo ele, a crise financeira traz mais preocupações porque espalha-se pelo mundo "apesar das formidáveis e inéditas intervenções dos governos dos países ricos".
"Isso criou um sentimento de pânico", disse de la Torre. "As pessoas não sabem o que vem depois, onde as perdas podem ocorrer, onde os acidentes estão esperando. Isso se reflete em um vôo para a qualidade e na aversão ao risco, que está começando a atingir a América Latina.
"Apesar do enxugamento dos mercados de crédito, que coloca um desafio maior para pequenas companhias na região, o Banco Mundial não vê evidências de queda em investimentos externos diretos na América Latina.
Além disso, a região deve manter um crescimento maior do que o dos países ricos nos próximos anos, mesmo com a economia global se desacelerando, segundo o banco.
Mas alguns países latino-americanos estão mais bem preparados do que outros para enfrentar a desaceleração econômica, disse de la Torre.
"O melhor lugar para se encontrar seria no quadrante onde você tem prêmios de baixo risco e um índice de crescimento maior", disse ele, acrescentando a essa categoria países como Colômbia, Peru, Panamá, Chile, Brasil e Uruguai.
Equador e Belize, por outro lado, estão entre os países em posição mais delicada na região, afirmou.
Países como a Venezuela, a Argentina e a República Dominicana devem enfrentar dificuldades para restituir seu acesso aos mercados de capitais por causa de sua percepção de risco, mas pelo menos eles conseguiram um crescimento mais rápido nos últimos anos.
Segundo de la Torre, a mudança no cenário econômico está também alterando as prioridades dos formuladores de políticas na região, deixando os bancos centrais mais inclinados a cortar taxas de juros, uma vez que os temores com a inflação caem, enquanto os relacionados ao crescimento aumentam.
Nesse ambiente, os países da América Latina devem "revisar" sua resistência a financiamentos de organismos multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional, disse o economista.
"Uma vez que os países acham mais caro comprar nos mercados internacionais... eles devem olhar para essas agências multilaterais como fontes de um financiamento que é estável, de preço razoável e que estabelecem proteção."
Entenda a disparada do dólar e seus efeitos
Plantão | Publicada em 08/10/2008 às 18h03m
BBC� INCLUDEPICTURE "http://server-uk.imrworldwide.com/cgi-bin/count?url=&rnd=1223527256899&cid=&ref=http%3A//oglobo.globo.com/economia/todasasmaterias.asp&sr=sr1280x800:cd32:lgpt-BR:jey:cky:tz-2:ctna:hpna" \* MERGEFORMATINET ��� http://oglobo.globo.com/economia/mat/2008/10/08/entenda_disparada_do_dolar_seus_efeitos-548621801.asp
Apesar dos esforços do Banco Central, o dólar continua variando muito e se valorizando no mercado brasileiro.
A moeda americana chegou a passar de R$ 2,40 nesta quarta-feira 8, para depois baixar após leilões do BC. Desde a cotação mais baixa, em agosto, quando valia R$ 1,57 o dólar já chegou a se valorizar quase 50%.
A seguir a BBC Brasil responde a uma série de perguntas para explicar por que a moeda americana vem oscilando tanto e quais são as conseqüências para a economia em geral.
Por que o dólar está subindo tanto?
Um dos principais motivos é o fato de empresas e bancos brasileiros estarem buscando a moeda americana. "Em geral, são esses dois grupos que têm dívidas em dólar e, portanto, precisam comprar moeda estrangeira para honrar seus compromissos", diz o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini. A crise financeira fez secar as fontes de crédito internacional, reduzindo a liquidez (dinheiro disponível) no mercado.
A grande procura pela moeda faz aumentar sua cotação. Um outro agravante é que, em função da instabilidade, algumas empresas e instituições bancárias acabam comprando dólares a mais, por precaução. Cria-se, assim, uma profecia auto-realizável: o dólar sobe, as empresas se assustam, compram mais do que o necessário - e acabam forçando a cotação para cima.
Existe algum tipo de movimento especulativo?
Não há consenso. Na realidade, não há como saber se determinada empresa está comprando dólar porque precisa da moeda estrangeira ou porque pretende "apostar" na valorização. Na avaliação de Agostini, é muito pouco provável que haja especulação. "Não vejo hoje uma desconfiança em relação à moeda brasileira, como já aconteceu no passado", diz. Entre os fatores que contribuíram para uma maior credibilidade em relação ao real estão o equilíbrio das contas externas e um "colchão" de dólares razoável, na forma de reservas internacionais.
A saída de investidores estrangeiros também está pressionando o dólar?
Sim. Nos três primeiros dias de outubro, a diferença entre entrada e saída de investimentos estrangeiros na Bovespa ficou negativa em R$ 1,4 bilhão. Em outubro do ano passado, esse valor ficou positivo em R$ 1,4 bilhão em todo o mês.
Esse movimento é comum em momentos de instabilidade financeira, com os investidores buscando aplicações que consideram mais seguras. E apesar de a crise vir dos Estados Unidos, os títulos do tesouro americano e o dólar são vistos como um porto seguro pelo investidor, valorizando ainda mais a moeda americana.
Qual a relação do câmbio com a inflação?
Uma extensa lista de produtos consumidos no Brasil tem seu preço influenciado pelo dólar, como por exemplo o petróleo. Logo, dólar mais caro significa produtos também mais caros nas prateleiras, pressionando a inflação para cima. Estima-se que 33% dos itens do IPCA sofram influência da moeda americana. Por esse motivo é que o dólar em alta preocupa tanto o Banco Central.
Como o dólar mais caro afeta as empresas?
O câmbio é um fator extremamente relevante para as empresas que participam do comércio internacional, seja como exportadoras ou importadoras. O dólar em alta favorece as exportadoras, pois suas receitas são em moeda estrangeira. Já as importadoras sofrem nesse cenário, pois seus custos são calculados em dólar.
As grandes empresas costumam se proteger das variações cambiais, por meio das chamadas operações de hedge. A empresa fixa um valor para o dólar e, se a moeda subir (ou descer) até esse patamar, a companhia está segurada. Algumas empresas, porém, não imaginavam que o dólar fosse subir tanto, em tão pouco tempo. Foi o que aconteceu recentemente com a Sadia e com a Aracruz, que perderam dinheiro por causa da subida da moeda americana. Para os analistas de mercado, é provável que outras empresas também tenham sofrido com a oscilação brusca do dólar.
É provável que algumas empresas, que realizaram um seguro cambial insuficiente e estavam expostas à alta do dólar, estejam também em busca da moeda.
O dólar pode chegar a R$ 3?
Os economistas dizem que essa é, atualmente, "a pergunta de US$ 1 milhão". O comentário é de que não é impossível, mas também não é provável. Além da crise financeira, que pode se agravar, existe ainda um importante fato político no caminho: a eleição presidencial nos Estados Unidos. Após esse evento, os analistasde mercado acreditam que é possível o dólar recuar, voltando ao patamar de R$ 2 até o final do ano.
O governo pode "mexer" na taxa de câmbio?
A taxa de câmbio no Brasil é flutuante e, portanto, definida livremente pelo mercado. No entanto, o Banco Central costuma agir sempre que existe uma grande volatilidade. Nesses casos, a autoridade monetária realiza leilões - seja de compra ou de venda. Nos últimos dias o BC vinha realizando leilões de venda de dólar no mercado futuro - os chamados leilões de swap cambial. Diante da disparada do dólar frente ao real, o Banco Central optou, nesta quarta-feira, 8, por uma operação ainda mais dura: a venda de dólares no mercado à vista, algo que a autoridade não fazia há cinco anos. O objetivo é fornecedor dólares ao mercado e, assim, amenizar a alta. O Banco Central diz, porém, que não existe meta para a taxa de câmbio.
Volvo vai cortar mais 3.300 empregos
Plantão | Publicada em 08/10/2008 às 13h05m
Reuters/Brasil Online http://oglobo.globo.com/economia/mat/2008/10/08/volvo_vai_cortar_mais_3_300_empregos-548615772.asp
ESTOCOLMO (Reuters) - A Volvo Car, controlada pela norte-americana Ford, informou nesta quarta-feira que planeja cortar 3.300 empregos além das reduções anunciadas mais cedo neste ano por causa da drástica queda dos mercados de veículos.
A montadora sueca, que está enfrentando dificuldades diante da fraca demanda e disparada dos custos com matérias-primas, informou que 2.700 empregos serão cortados na Suécia e 600 serão eliminados em outras regiões.
"Para combater os efeitos da rápida deterioração da situação dos mercados na indústria automotiva, a equipe de administração da Volvo Car Corporation decidiu iniciar novas mudanças estruturais em todas as partes dos negócios", informou a companhia em comunicado.
Em junho, a Volvo Cars revelou planos para cortar 2.000 empregos e encerrar o terceiro turno na fábrica de automóveis de Torslanda, na Suécia, no final deste ano.
"O total de ações que devem ser iniciadas envolve 6.000 pessoas no mundo, dos quais 1.200 são consultores", informou a Volvo.
"O ambiente econômico instável resultou em uma situação muito imprevisível e a crise na indústria global de automóveis é mais drástica que o esperado", afirmou o presidente-executivo da Volvo Car, Stephen Odell, em comunicado. Ajuda a Fannie Mae e Freddie Mac frusta eleitores dos EUA
Plantão | Publicada em 09/09/2008 às 20h51m disp in http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2008/09/09/ajuda_fannie_mae_freddie_mac_frusta_eleitores_dos_eua
Por James B. Kelleher para a Reuters/Brasil Online
CHICAGO (Reuters) - A ajuda do governo Bush para as gigantes do setor hipotecário Fannie Mae e Freddie Mac frustrou diversos eleitores que temem que isto se torne um precedente ruim e que executivos bem pagos saiam ilesos. "Isso reforça a minha teoria de que se o mundo fosse liderado por garçonetes aposentadas, nós todos estaríamos em uma situação melhor", afirmou Mellisa Reddington, 46, organizadora de eventos na Filadélfia. 
Nas eleições presidenciais e parlamentares norte-americanas em 4 de novembro, Reddington reflete a opinião de muitos outros em todo o país que afirma que a ajuda veio "pois banqueiros preocupados ligaram para banqueiros preocupados" e não porque Washington finalmente sentiu as dores de endividados comuns. "Eu não gosto do fato de que nós deixamos chegar a um ponto em que tivemos que fazer isso", disse William Hawk, vendedor de produtos médicos aposentados de 69 anos na Carolina do Sul. "Nós deveríamos ter feito isto há muito tempo". 
Eleitores prevêem que executivos não serão afetados enquanto contribuintes pagarão 200 bilhões de dólares para salvar duas companhias privadas que fornecem fundos para três quartos das novas moradias nos Estados Unidos. "Eles causaram todo este estrago e agora eles não querem pagar por isso", Kappa Horn, dono de restaurante em Nova Orleans, disse sobre os diretores das empresas. 
AS FABRICANTES DE AUTOS 
Alguns temem que a ajuda se torne um precedente que pode ser explorado por outras empresas como as três grandes fabricantes de automóveis de Detroit, que querem 50 bilhões de dólares em empréstimos de baixo custo do governo para desenvolver carros de baixo consumo. 
"Aqui o nosso governo está começando a ajudar empresas privadas", disse Sharon Ward-Fore, agente do Estado em Illinois. "Onde isto irá parar? Onde a linha final será marcada? Eles precisam ajudar as pequenas pessoas como eu que não ganham dinheiro nenhum há dois anos", disse. 
O presidente George W. Bush afirmou que a ação foi necessária pois os problemas da Fannie Mae e Freddie Mac, que detêm dívidas de 1,6 trilhão de dólares, colocavam "um risco inaceitável para o sistema financeiro mais amplo e nossa economia". O secretário do Tesouro, Henry Paulson, afirmou que não pode estimar o tamanho da carga da ajuda do governo às duas companhias sobre os contribuintes. 
Craig High, 47, que trabalha com estudantes universitários deficientes em Austin, Texas, afirmou que "infelizmente, eu vejo a ajuda para Fannie Mae e Freddie Mac como apenas mais uma peça de dominó caindo em uma tendência de baixas financeiras em que os Estados Unidos parecem estar". 
Natham Pierce, 31, mensageiro de moto descansando perto da Biblioteca Pública de Los Angeles, acusou a administração de Bush de falta de supervisão. 
Mas Pierce, que acaba de comprar uma casa, afirmou que espera que a ação faça pelo menos o que o seus arquitetos prometeram: arrume o mercado imobiliário e levante a economia em geral. 
(Reportagem adicional de Lisa Baertlein, Tim Gaynor, Andrea Hopkins e Julie Steenhuysen) 
Wall Street Journal: déficit do governo americano mais que dobra com ajuda a hipotecárias
Plantão | Publicada em 09/09/2008 às 23h56m Globo Online
RIO - A Comissão de Orçamento do governo americano informou nesta terça-feira que o déficit do governo americano deve atingir US$ 407 bilhões em 2008, mais do que o dobro do ano anterior, devido aos gastos com a guerra e o enfraquecimento da economia. É o que mostra uma matéria publicada pelo Wall Street Journal, em sua versão online. 
Em 2008, o déficit cresceu para 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB), bem mais que o 1,2% registrado em 2007, quando o déficit do governo americano foi de US$ 161 bilhões. 
Em 2009, os números devem avançar ainda mais. A comissão prevê que os gastos no ano fiscal que começa em outubro vão chegar a US$ 438 bilhões, com a tomada do controle das hipotecárias Fannie Mae e Freddie Mac, anunciada neste domingo. 
Texto interessante para quem quer apreender mais sobre o assunto e a disciplina
CAPITALISMO EM CRISE
A derrocada dos bancos americanos e seus efeitos no mundo
A queda dos gigantescos bancos hipotecários e de investimento americanos e alguns europeus acelera o declínio do dólar e põe em xeque a hegemonia americana. Na Ásia bancos só balançaram; nenhum caiu. No Brasil, os bancos jogaram os riscos para as empresas e algumas vão quebrar. A análise é de Bernardo Kucinski.
Bernardo Kucinski In, http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=15283 acesso 12/10/08
O terremoto financeiro americano já derrubou seis de seus grandes bancos de financiamento habitacional, três dos cinco maiores bancos de investimento e sua maior seguradora. Seis desses gigantes sumiram do mapa, engolidos por outros bancos. Quatro foram estatizados. Um cenário desolador com prejuízos de 200 bilhões de dólares a cidadãos e bancos comerciais , pânico e perda de confiança no sistema financeiro. Tentando estancar uma corrida generalizada a bancos, o governo Bush elevou de 100 mil dólares para 250 mil a garantia para depósitos pessoais e já fala em mais estatizações. (1)
Os bancos de investimento americanos eram os reis da selva financeira, sugando e reaplicando milhões de todo o mundo, de bilionários, de outros bancos, e de fundos de pensão. Os únicos sobreviventes, Goldman Sachs e o Morgan Stanley, ficaram tão mal que o governo autorizou suatransformação em conglomerado financeiro, forma disfarçada de permitir que tenham acesso a linhas de crédito do FED. (2)
O terremoto atingiu com intensidade o mercado financeiro londrino, o maior importante da Europa e o mais ligado ao sistema financeiro americano, reverberando no continente, embora a Inglaterra não tenha aderido ao Euro. A economia da Inglaterra já estava deprimida, com queda de quase 30% nos valor dos imóveis desde janeiro. Além da estatização parcial do grande banco hipotecário Bradford& Bingley e venda de suas agências ao Santander numa operação de 733 milhões de Euros, outro banco de financiamento da habitação, o HBOS foi absorvido pelo Lloyds TBS por cerca de US$ 20 bilhões. 
Na terça-feira, dia 9, quando rumores de quebra atacaram o Stanley Morgan- Chase nos Estado Unidos e o Banco Real da Escócia, a Europa entrou em pânico. As ações dos principais bancos ingleses desabaram e o governo anunciou o pacote de salvamento maior do que o de Bush, e com mais ênfase na estatização parcial dos bancos (3): o pacote destina 50 bilhões de libras (cerca de 90 bilhões de dólares) à compra de ações de bancos, ou seja estatização parcial, 200 bilhões de libras a empréstimos aos bancos, e mais 250 bilhões para garantia de empréstimos de curto e longo prazo.
Antes, a onda de choque já havia derrubado bancos isolados do Norte e do centro da Europa metidos na especulação com o mercado imobiliário e com os fundos do Merril Lynch e do Lehman. A pequena Islândia estatizou todos os seus três bancos: o Glitnir, o Kaupthing e o Landsbanki Islands. Estima-se que 300 mil ingleses aplicavam pela internet no banco virtual do Landsbanki, chamado Icesave. 
Na Holanda quebrou o grande banco de investimento Fortis, de atuação mundial, na Alemanha quebrou o hipotecário Hypo Real State e na Bélgica o franco-belga Dexia. Os três estão em processo de estatização ou absorção parciais (4). Embora pesadas, essas quebras não haviam abalado o sistema financeiro europeu, reforçado semanas antes por algumas injeções do banco Central europeu, e as medidas de cada governo foram tomadas em separado. A proposta de Sarkozy de criar um fundo conjunto europeu de salvamento foi barrada pela chanceler alemã, Ângela Merkel.
Mas depois do tremor do Real Banco da Escócia, governos europeus entraram em pânico. Acharam que a onde de choque havia mudado de direção e coordenaram cortes generalizados nas taxas de juros, e novas injeções no sistema financeiro, além de novos pacotes de salvamento em vários países. A filosofia geral das intervenções na Europa tem sido a de injetar o máximo possível de liquidez no mercado e estatizar o mínimo necessário para salvar o sistema. (5) 
Até agora, nenhum banco quebrou no cinturão mediterrâneo da Espanha, Portugal, Itália, e Grécia, assim como nenhum banco suíço (6). Houve fusões preventivas. Na Dinamarca, o Banco de Roskilde foi absorvido por outros bancos do país e da Suécia. Na França, a financeira do grupo Rotschild vendeu 20% de suas ações ao Banco da China e dois dos principais bancos mútuos (em que os clientes são também acionistas) o Caísse d Épargne e o Banque Populaire, decidiram fundir-se, frente à tormenta que os balançava. Essa fusão cria o segundo maior grupo bancário francês. 
Espanha e Itália anunciaram a criação de fundos de emergência para comprar ações de bancos. Na Espanha, o prejuízo total dos bancos com papéis americanos foi estimado entre 1 e 2,5 bilhões de euros, facilmente assimiláveis pelo sistema bancário. O Santander deve amargar 500 milhões de euros em perdas com papéis do Lehman, que pode tirar de letra, graças inclusive aos lucros fabulosos que obtém no Brasil. E mais: está aproveitando a crise para crescer, comprando fatias do Bradford & Bingley Stanley. Os demais bancos espanhóis perderam quantias menores.
Na Rússia, agora capitalista mas com um sistema bancário ainda frágil, o governo antecipou-se estatizando os bancos Svyaz Bank e Kit Finance de São Petesburgo e injetando em duas etapas o equivalente a 57 bilhões de dólares no mercado financeiro para dar liquidez (20 e depois mais 37). Putin sentiu-se suficientemente forte para diagnosticar que a liderança econômica dos Estados Unidos ficou “arruinada para sempre.” Acusou o governo americano de incapaz. E num ousado movimento em separado, o governo russo convidou as potências mundiais a discutirem um tratado que proíba o uso da força nas relações internacionais.
Na Ásia e Oriente Médio, a onda de choque chegou bem arrefecida. Bancos amargaram prejuízos, mas nenhum quebrou nesta fase. Corridas a um banco na Índia e outro em Hong Kong, foram estancadas com facilidade. O grupo indiano Tata aproveitou a crise para abocanhar por US$ 505 milhões uma unidade financeira local do grupo americano Citicorp.
O maior banco da China, o Industrial and Commercial Bank, ICBC, tinha US$ 158 milhões em bônus do Lehman, e outro banco o China Merchants Bank tinha US$ 70 milhões. O governo chinês entrou comprando no mercado de ações, cancelou uma taxa sobre transações em bolsa e criou uma linha de financiamento de exportações para pequenas empresas. 
Na Austrália, praticamente todos os bancos vão perder, mas o prejuízo total estimado em US$ 800 milhões com a quebra da AIG e mais US$ 500 milhões com a do Lehman são facilmente absorvíveis. Representam apenas 0,9% dos 130 bilhões do patrimônio dos bancos envolvidos e menos de 5% do seus lucros do ano passado (7). Todos estão chiando porque querem abocanhar recursos de um Fundo Futuro, criado pelo governo para financiar aumentos do funcionalismo.
No Japão, a exposição total dos bancos, foi estimada em pouco mais de US$ 2 bilhões, dos quais US$ 1,2 pelo Mitsubishi, 463 milhões pelo Aozora Bank e 382 milhões pelo Mizuho Bank. Tudo facilmente absorvível pela banca japonesa, com a ajuda do Banco Central, que injetou US$ 200 bilhões no sistema até o final de setembro. 
Assim como o Santander espanhol, o Mitsubishi, apesar do seu próprio prejuízo, aproveitou a crise para comprar 21% das ações do grande banco americano Morgan Stanley ( não confundir com o J. P. Morgan Chase) . 
Em países mais receptores do que emissores de investimentos especulativos ou com economias em crescimento, como Chile, Argentina, Uruguai e África do Sul, não foram informados prejuízos importantes em bancos até agora. No Brasil, há apenas a notícia do fechamento preventivo da financeira do banco Credibel, voltada a financiamentos de automóveis e o fechamento, inclusive para saques, do fundo GWI-FI, um fundo muito exclusivo, de pouca gente, que sistematicamente rendia mais do que os outros. 
Acontece que o juro que o nosso Tesouro paga por seus papéis, de 13,7% ao ano, é tão sedutor, que permite o retorno um mês e sem nenhum risco do que lá fora levaria um ano. Mas alguns bancos, mais agressivos, brasileiros ricos e até empresas podem ter aplicado no Brasil através de uma triangulação via fundos de investimento de fora, já que o imposto de renda, é isento para investidores estrangeiros (8). Se os bancos estrangeiros gestores desses fundos quebrarem vai dar prejuízo aqui.
Os bancos brasileiros negam ou não revelam envolvimento com títulos dos bancos americanos. Uma exceção é a sociedade entre o Unibanco e a AIG formando uma empresa de “private equity”, ou seja criada para investir em projetos empresariais. Mas, a decisão do Banco Central de liberar parte do depósito compulsório dos bancos desde que o dinheiro seja aplicado na compra de carteiras de titulo de bancos pequenos, denota que há dificuldades entre pequenos bancos.
A principal conseqüência da crise entre nós tem sido o grande prejuízo de algumas empresas que se deixaram seduzir por um novo “derivativo”, inventado pelos bancos, quando o Banco Central começou a baixar a taxas da Selic em 2007. Por esse derivativo, eles ofereciam a empresas empréstimo a um juro abaixo da média do mercado, e em troca a empresa se comprometia a pagar um juro maior, se a cotação do dólar ultrapasse um determinado valor. Com isso o

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