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Resumo Farmacologia (Farmacodinâmica e Farmacocinética)

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Gabriela Carvalho Abreu 
1 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conceito: A farmacologia é o estudo das substâncias que interage com os sistemas 
vivos por meio de processos químicos, especialmente por ligação a moléculas 
reguladoras e ativação ou inibição de processos corporais normais. Tais substâncias 
são produtos químicos administrados para se obter um efeito terapêutico benéfico 
sobre algum processo no paciente, ou por seus efeitos tóxicos sobre processos 
reguladores em parasitas que infectam o paciente. 
 
Absorção: é a chegada até a corrente sanguínea, onde a substância é levada até o local 
de ação e chegue ao seu alvo. Lá a substância se liga quimicamente para ser ativada. 
 
Droga/medicamento/fármaco: Pode ser definido como qualquer substância química 
que altera a função biológica por meio de suas ações químicas. Na maioria dos casos, a 
molécula do fármaco interage como um agonista (ativador) ou um antagonista 
(inibidor), com uma molécula específica no sistema biológico que desempenha este 
papel regulador (esta molécula alvo é chamada de receptor). A origem das drogas, 
medicamentos ou fármacos é mineral, vegetal, animal ou laboratorial. Exemplo: 
mineral (sulfato ferroso) / vegetal (morfina). Podem ser sólidos a temperatura 
ambiente, líquidos ou gasosos. 
Fármacos podem ser sintetizados dentro do corpo (hormônios) ou podem ser produtos 
químicos não sintetizados no corpo (xenobióticos). 
 
Por fim, é preciso enfatizar que nenhum fármaco age com especificidade total. Assim, 
os antidepressivos triciclicos atuam bloqueando os transportadores de monoaminas, 
mas são famosos por produzirem efeitos colaterais (como por exemplo, a boca seca), 
relacionados com a sua capacidade de bloquear diversos receptores. Em geral, quanto 
menor a potência de um fármaco, e maior a dose necessária, maior será a 
probabilidade de que outros sítios de ação, diferentes do sítio primário, ganhem 
importância. Em termos clínicos, esse fato está frequentemente associado ao 
aparecimento de efeitos colaterais indesejados, dos quais nenhum fármaco está livre. 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
2 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
Uso geral dos medicamentos 
• Reposição - fornecimento de elementos carentes no organismo 
• Profilaxia - prevenção de doença ou infecção 
• Quimioterápicos - combate a infecções e tumores malignos, atuando no organismo 
invasor 
• Bloqueio temporário de alguma função 
• Correção de uma função orgânica desregulada 
• Agentes auxiliares em diagnóstico 
 
Vias de administração 
 
 ENTERAL (recebe a substância via trato gastrointestinal - sistêmica): oral, bucal, 
sublingual, retal, dental, intracanal, etc. 
 PARENTERAL (sistêmica): intravenosa, intra-arterial, inalatória, intramuscular, 
subcutânea, cutânea, intraperitoneal, etc. 
 TÓPICA (local): inalatória, epidérmica, colírio, gotas otológicas, intranasal, 
enema (injeção de líquido no ânus para facilitar evacuação), etc. 
 
Para interagir com o receptor a molécula do fármaco deve ter o tamanho, a carga 
elétrica, o formato e a composição química adequada. Além disto, frequentemente um 
fármaco é administrado longe de seu sítio de atuação, portanto, um medicamento útil 
deve ter propriedades necessárias para ser transportado de seu sítio de administração 
para seu sítio de ação. Finalmente, um fármaco prático deve ser inativado ou 
excretado do corpo em uma velocidade razoável, de modo que suas ações tenham 
duração apropriada. 
 
Curiosidade: fármacos muito grandes (ex: proteínas) devem ser administrado 
diretamente no compartimento onde tem seu efeito, pois eles não se difundem de 
imediato entre compartimentos do corpo. 
 
Formato dos fármacos: o fenômeno da quiralidade (estereoisomerismo) é tão comum 
em biologia, que mais da metade dos fármacos úteis são moléculas quirais, isto é, 
existem em pares enantioméricos. Na maioria dos casos, um desses enantiômeros é 
mais potente do que o seu enantiômero imagem de espelho, refletindo um melhor 
encaixe à molécula do receptor. O enantiômero mais ativo em um tipo de sítio 
receptor pode não ser o mais ativo em outro, que pode, por exemplo, ser responsável 
por algum outro efeito. Infelizmente ainda muitos fármacos são vendidos como 
misturas racêmicas. Por fim, como as enzimas em geral são esterosseletivas, um 
enantiômero de um fármaco com frequência é mais suscetível do que o outro a 
enzimas metabolizadoras de fármacos. Em consequência, a duração da ação de um 
enantiômero pode ser bastante diferente da do outro. De modo semelhante, os 
transportadores de fármacos podem ser esterosseletivos. 
Exemplos: Talidomida: o levógiro é teratogênico (ainda usado no tratamento para 
hanseníase). Ambos (levo e destro tem efeito antiemético) 
 
 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
3 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
FARMACODINÂMICA 
As ações da droga sobre o organismo são conhecidas como processos 
farmacodinâmicos. A farmacodinâmica pode ser definida como o estudo dos efeitos 
bioquímicos e fisiológicos das drogas e de seus mecanismos de ação 
Curiosidade: O sono causado pelo Dramin e Polaramine se trata de um efeito 
farmacológico e não um efeito colateral. Medicamentos como a Nimesulida além de 
seu efeito anti-inflamatório causam azia e dores de estômago por inibirem a 
prostaglandina e alterarem a produção de HCl. É uma classe medicamentosa pró-
ulcerativa. 
As drogas atuam através de interações com proteínas alvos: receptores, canais iônicos, 
enzimas e moléculas transportadoras. Conceitualmente quimioterápico age em um 
organismo que não é próprio, ou seja, ele inibe o invasor, seja ele quem for. O 
antibiótico é um tipo de quimioterápico. 
 Mediados por receptores: a maioria dos fármacos 
 Não mediados por receptores: ex.: antiácidos (atua no HCl) 
 
 
Receptores: 
Para iniciar um efeito em qualquer célula, a maioria dos fármacos combina-se com 
alguma estrutura molecular na superfície ou no interior da célula. A combinação do 
fármaco com o receptor resulta em modificações moleculares no receptor que 
desencadeiam uma série de eventos que levam a uma resposta. Assume-se que todos 
os receptores aos quais as drogas se combinam existam para atuar como receptores 
para substâncias endógenas. 
Receptor: entidade celular – alvo que se adapta ao ligante. Componente 
macromolecular funcional do organismo com o qual o agente químico 
presumivelmente interage. Apresenta propriedades funcionais especializadas em 
reconhecer e responder a moléculas sinalizadoras individuais. Logo suas funções são 
reconhecimento e propagação de sinais. 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
4 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
 Receptores determinam largamente as relações quantitativas entre dose ou 
concentração de fármacos e efeitos farmacológicos. 
 Os receptores são responsáveis pela seletividade da ação do fármaco. 
 Os receptores medeiam as ações de agonistas e antagonistas farmacológicos. 
 
O processo de transdução que liga a ocupação de receptores por fármaco e a resposta 
farmacológica costuma ser designado como acoplamento 
 
Receptor + Fármaco  Efeito farmacológico (alterações moleculares). 
Receptores de reserva: diz-se que receptores são de reserva para uma dada resposta 
farmacológica se for possível provocar uma resposta biológica máxima em uma 
concentração de agonista, que não resulta na ocupação completa dos receptores 
disponíveis (são receptores que não funcionam, mas que por algum motivo passaram a 
funcionar, aumentando a sensibilidade à droga). 
Ligações químicas: 
Fármacos interagem com receptores por meio de forças químicas ou ligações. Estas 
são de três tipos principais: covalentes, eletrostáticas e hidrofóbicas. 
As ligações podem ser reversíveis ou irreversíveis, dependendo da natureza da ligação.Os fármacos combinam-se com os receptores de várias formas e diversos tipos de 
ligações químicas participam na formação inicial do complexo fármaco-receptor. Entre 
elas, ligações covalentes, iônicas, de pontes de hidrogênio e van der Waals. 
Ligação covalente: É mais forte e estável. É responsável pela estabilidade na maioria 
das moléculas orgânicas. É irreversível à temperatura corporal e só pode ser desfeita 
com muita energia ou na presença de um agente catalítico, como uma enzima. Estão 
presentes em ligações de certos fármacos anticancerígenos e quelantes. 
Ligação iônica: Resulta da atração eletrostática que ocorre entre íons de cargas 
opostas. A força dessa ligação é bem menor que a da ligação covalente. A maioria dos 
receptores macromoleculares apresenta vários grupamentos que se ionizam e 
interagem com fármacos ionizados. 
Ligação de pontes de hidrogênio: É muito positiva, podendo se ligar a um átomo 
fortemente negativo e, ainda assim, aceitar mais um elétron de outro átomo doador 
eletronegativo como o nitrogênio ou oxigênio. Forma-se, assim, uma ponte com esses 
átomos doadores. São forças fracas, mas se forem muitas, podem estabelecer uma 
reação estável – embora reversível – entre o fármaco e o receptor. Parece 
desempenhar um papel importante na definição da seletividade e especificidade das 
ligações fármaco-receptor. 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
5 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
Forças de van der Waals: São muito fracas, mas parecem ser importantes na 
determinação da especificidade fármaco-receptor. 
Inicialmente, o fármaco forma ligações iônicas com o receptor que conferem certa 
estabilidade ao complexo. Essa ligação é reforçada por ligações do tipo van der Waals 
e pontes de hidrogênio antes que ocorra uma ativação significativa do receptor. A não 
ser que tenham sido formadas ligações covalentes, o complexo fármaco-receptor 
dissocia-se. Neste momento, a ação do fármaco cessa. 
A natureza específica de uma ligação particular de receptor de fármaco tem menor 
importância prática do que o fato de que fármacos que se prendem por meio de 
ligações fracas aos seus receptores geralmente são mais seletivos do que fármacos que 
se prendem por meio de ligações muito fortes. Isso ocorre, pois, ligações fracas 
requerem um encaixe muito preciso do fármaco ao receptor para que a interação 
aconteça. Assim, caso se desejasse desenhar um fármaco de ação curta altamente 
seletivo para um receptor específico seriam evitadas as moléculas altamente reativas 
como as que constituem as ligações covalentes. 
Interação Fármaco – Receptor: 
D x R DR DR* 
DR: não ativo (antagonista) 
DR*: ativo (agonista) 
As substâncias que interagem com um receptor e, com isso, desencadeiam uma 
resposta celular, são chamadas agonistas. Se a interação for do tipo agonista, no caso 
de canais iônicos, eles serão ativados e ocorrerá um potencial de ação com posterior 
produção de respostas. 
Outras substâncias interagem com o receptor, mas não são capazes de induzir uma 
alteração no receptor necessária para sua ativação. Mas, por ocupar o sítio ativo do 
receptor, a substância inibe a interação do mesmo. Sendo chamado de antagonista. 
Logo, antagonista não permite que canais se abram, como por exemplo, canais iônicos, 
onde o mesmo permanecerá no estado inativado. 
Fármacos agonistas: se ligam aos receptores fisiológicos e simulam os efeitos dos 
compostos endógenos. 
Fármacos antagonistas: se ligam aos receptores fisiológicos, mas não possuem efeito 
regulador, apenas impedem o acoplamento do agonista. Alguns antagonistas ligam-se 
fortemente ao sítio receptor, de modo irreversível ou pseudoirreversível, e não podem 
ser deslocados pelo aumento da concentração do agonista. 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
6 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
Dizem que fármacos que se ligam a mesma molécula do receptor, mas não impedem a 
ligação do agonista, atuam alostericamente e podem ampliar ou inibir a ação do 
agonista. A inibição alostérica não é superada pelo aumento da dose do agonista. 
Efeito agonista e antagonista é a denominação usada apenas para classificar o estado 
ativo ou inativo que irá ser produzido após a interação da droga com o receptor. 
Os fármacos com alta potência geralmente apresentam alta afinidade pelos receptores 
e consequentemente, ocupam uma porcentagem significativa de receptores, mesmo 
em baixas concentrações. Os agonistas também possuem alta eficácia, enquanto os 
antagonistas apresentam, no caso mais simples, eficácia zero. Os fármacos que 
apresentam níveis de eficácia intermediários, ou seja, que desencadeiam uma resposta 
tecidual submáxima, mesmo quando 100% dos receptores estão ocupados, são 
conhecidos como agonistas parciais, e se distinguem dos agonistas plenos, cuja eficácia 
é suficiente para desencadear uma resposta tecidual máxima. 
Exemplos dados em sala: 
 Transporte normal: molécula se liga ao transportador permitindo que o 
transporte ocorra. 
 Inibidor: bloqueio do transporte por competição de outra molécula pelo local 
de encaixe da molécula com o transportador. Ex: omeprazol (antagonista), 
inibidor da bomba de Na+/K+ ATPase 
 Cocaína: inibidor da receptação neuronal de noradrenalina (estimula o 
aumento de noradrenalina na fenda), fazendo com que mais vezes ocorra a 
ligação com o receptor e gere estímulos. 
 
Variáveis da farmacodinâmica: 
Afinidade: Mede a força de ligação entre droga e receptor e é determinada pelos tipos 
e número de ligações químicas. Reflete a tendência de um fármaco de se ligar ao 
receptor. A afinidade se relaciona com o tempo necessário para a droga fazer efeito e 
a velocidade com que a interação é realizada. Não pode ser analisada nos gráficos 
concentração x efeito, pois nem sempre a resposta farmacológica é proporcional a 
ocupação dos receptores. 
Eficácia: Ou “efeito máximo”, é a resposta máxima produzida pelo fármaco. Depende 
de quantos complexos fármaco-receptor são formados e da eficiência com que o 
receptor ativado produza a ação celular. Ou seja, enquanto a afinidade é a tendência 
de um fármaco se ligar ao receptor, a eficácia é a tendência de, uma vez ligado, esse 
fármaco modificar a função do receptor desencadeando uma resposta. 
Independentemente da concentração do fármaco, atinge-se um ponto além do qual 
não ocorre mais nenhum incremento na resposta. Tem-se, aí, resposta ou efeito 
máximo. 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
7 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
Potência: Ou sensibilidade, é a medida de quanto fármaco é necessário para 
desencadear uma 50% da resposta máxima. Quanto menor a dose necessária para 
gerar tal resposta, mais potente é o fármaco. É calculada pela dose de fármaco que 
desencadeia 50% da resposta máxima (EC50 [effective concentration 50%] ou DE50). 
Em geral, os fármacos de alta potência apresentam alta afinidade pelos receptores, 
ocupando uma proporção significativa destes, mesmo em baixas concentrações. 
Contudo, a capacidade da molécula de um fármaco de ativar um receptor, é na 
verdade, uma característica que se manifesta de modo gradual, e não, como um 
processo de tudo ou nada. Quando um grupo de fármacos agonistas quimicamente 
afins que atua sobre os mesmos receptores, com a mesma afinidade é testado em um 
determinado sistema biológico, constata-se com frequência que a resposta máxima (a 
maior resposta que pode ser produzida por aquele fármaco em alta concentração) 
difere de um fármaco para outro. Alguns compostos, conhecidos como agonistas 
plenos, são capazes de produzir uma resposta máxima (a maior resposta que o tecido 
é capaz de dar), ao passo que outros, os agonistas parciais, produzem apenas uma 
resposta submáxima. A diferença essencial está no fato de que aresposta, para 
qualquer porcentagem de ocupação, é muito menor para o agonista parcial, que é 
incapaz de produzir uma resposta máxima, mesmo quando a ocupação dos receptores 
é de 100%. Isso pode ser expresso de modo quantitativo, em termos de eficácia—força 
do complexo agonista-receptor em desencadear resposta tecidual. A eficácia, descreve 
a tendência do complexo fármaco-receptor a adotar o estado ativo (DR*) em vez do 
estado de repouso (DR). Um fármaco com eficácia zero não apresenta nenhuma 
tendência a desencadear a ativação dos receptores e não leva a uma resposta tecidual. 
Um fármaco com eficácia máxima (igual a 1) é um agonista pleno, enquanto os 
agonistas parciais estão situados no intervalo de 0 a 1. 
Tipos de Alvos: 
Cinco mecanismos básicos de sinalização transmembrana são bem compreendidos. 
Cada um usa uma estratégia diferente para contornar a barreira representada pela 
dupla camada lipídica da membrana plasmática. Essas estratégias usam: um ligante 
lipossolúvel que cruza a membrana e age sobre um receptor intracelular, uma proteína 
receptora transmembrana cuja atividade enzimática intracelular é regulada de 
maneira alostérica por um ligante que se prende a um sítio no domínio extracelular da 
proteína, um receptor transmembrana que se liga e estimula uma proteína 
tirosinocinase, um canal iônico transmembrana com portão de ligante que pode ser 
induzido a se abrir ou fechar pela ligação, uma proteína do receptor transmembrana 
que estimula uma proteína transdutora de sinal ligadora de GTP (proteína G), a qual 
por sua vez modula a produção de um mensageiro secundário intracelular. 
 
 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
8 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
Receptores: 
 
 Ionotrópicos - resposta farmacológica é a alteração da concentração iônica 
e, portanto, estão acoplados a canais iônicos. 
 Metabotrópicos - resposta farmacológica está associada à ativação direta 
de segundo mensageiro, promovendo a ativação da cascata de sinalização. 
 Podem ser intra ou extracelulares. 
 Alguns receptores podem ter afinidade por enantiômetros, o que pode 
causar problemas. A solução para isso é a enantio seletividade. 
 Receptores ionotrópicos dão respostas muito mais rápidas, pois estão 
associados ao potencial de ação, já as respostas dos receptores 
metabotrópicos são ditas intermediárias, uma vez que dependem de 
alterações metabólicas intracelulares. 
 Regulação a curto prazo - dessensibilização. 
 Regulação a longo prazo - aumento ou diminuição da expressão de 
receptores. 
 
Canais iônicos: 
 
 Receptores ionotrópicos. 
 Controlado por ligante ou por voltagem. 
 A interação com o fármaco pode ser indireta, envolvendo proteína G e outros 
mecanismos intermediários, ou direta, onde o próprio fármaco se liga a 
proteína do canal e altera a sua conformação. 
Enzima (Sistema enzimático): 
Enzima + Substrato  Produto 
 Substrato falso - redução da formação de um produto a partir de uma enzima 
que está com a atividade exacerbada, o fármaco se liga à enzima no sítio de 
ligação do substrato. 
 
Ex.: Substrato falso 
Angiotensinogênio (Renina)  Angiotensina I (Eca – enzima conversora de 
angiotensina)  Angiotensina II 
Neste caso, o substrato falso faz com que a ECA atue tanto sobre a angiotensina I 
quanto no substrato falso fazendo assim com que ocorra uma diminuição na 
conversão para angiotensina II. O substrato falso ele gera a produção de um falso 
agonista (produto sem atividade). 
 Pró-droga - ativa a enzima em locais que normalmente estaria inativa em 
determinado local 
 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
9 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
 Inibidor - o fármaco age como um substrato análogo competindo pelo sítio de 
ligação. A molécula da droga é um sistema análogo que atua como inibidor 
competitivo da enzima de maneira reversível ou irreversível. 
Receptor + Inibidor  Inibição da reação normal (reação enzimática) 
Receptor + Substrato falso  Produção metabólica anormal 
Receptor + pró-droga  Produção de droga ativa (libera a droga no local que ela deve 
agir) 
Transportador: 
 
 Antagonismo 
 Competição 
 Ativação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. Receptor intracelular 
2. Proteína transmembrana com atividade enzimática 
3. Receptor ligado à tirosinocinase 
4. Canal iônico 
5. Receptor acoplado à proteína G 
 
Receptor intracelular 
 
 Receptores nucleares - regulam a transcrição gênica. 
 Hormônios esteroides e tireoidianos, ácido retinóico e vitamina D. 
 
Droga com grande lipossolubilidade  atravessa a membrana plasmática  liga-se ao 
receptor citoplasmático  complexo D-R migra para o núcleo  estimula ou suprime 
a expressão gênica. 
 
1. Os efeitos só são observados após um período de defasagem de 30 minutos, 
tempo necessário para que a síntese protéica aconteça. 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
10 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
2. Os efeitos podem persistir por horas ou dias após a utilização dos agonistas, pois a 
rotatividade das enzimas e proteínas é relativamente lenta, podendo permanecer 
ativadas na célula por horas ou dias após serem sintetizadas. 
 
Muitos desses receptores atuam como sensores de lipídios e estão intimamente 
envolvidos na regulação do metabolismo lipídico dentro da célula. 
O receptor está no citosol, mas após a interação com a droga vai ocorrer migração 
para o núcleo. Para isto, a droga deve possuir características que permitem a 
passagem pela membrana, sendo assim normalmente lipossolúvel. 
Mecanismo de ação: DR (droga-receptor) muda de conformação, facilitando sua 
ligação as sequências específicas do DNA nuclear situadas próximos aos genes que 
serão regulados. Assim, será possível induzir ou reprimir genes específicos e, por 
conseguinte, ocorrer a estimulação ou não da transcrição de genes selecionados. 
Receptores nucleares: regulam a transcrição gênica. 40% são receptores órfãos 
(receptores que não possuem ligantes conhecidos). Transduzem os sinais através de 
modificação da transcrição gênica. Receptores estimulam a transcrição de genes por 
ligação a sequências específicas do DNA próximas do gene cuja expressão deve ser 
regulados. 
Receptor ligado à tirosinocinase e a guanilato quinase 
 
 Insulina, fator de crescimento epidérmico, fator de crescimento derivado de 
plaquetas, peptídeo natriurético atrial, fator de transformação de crescimento 
beta, etc. 
 
Esses receptores são polipeptídeos, consistindo em um domínio extracelular de ligação 
de hormônio e de um domínio citoplasmático, que pode ser uma tirosinocinase, uma 
serinocinase ou guaniliciclase. 
 
 Receptores proteínas cinases 
 Receptores proteína tirosinacinase 
 Receptores de guanililciclase 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
11 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
Ligação da droga no domínio extracelular  alteração da conformação do receptor 
causa a ligação de duas moléculas receptoras uma à outra (dimerização)  união dos 
domínios tirosinocinase, que se tornam enzimaticamente ativos  fosforilação dos 
domínios tirosinocinase e das proteínas de sinalização ligadas a eles  cascata de 
quinases (Ras-Raf)  alteração da transcrição gênica. 
 
Detalhamento: Receptores de tirosinacinase: A via de sinalização do receptor 
tirosinocinase começa com a ligação de um ligante no domínio extracelular. A 
alteração de conformação do receptor resultante causa a ligação de duas moléculas 
receptoras uma a outra (dimerização), o que por sua vez junta os domínios da 
tirosinocinase, que se tornam enzimaticamente ativos e fosforilam um ao outro, bem 
como proteínas de sinalização adicionais e jusante. Após isto, vai haver estimulação de 
uma proteína intracelular que vai migrar para estimularo resíduo de tirosina e assim 
ativar uma cascata de quinases, que ativará fatores de transcrição. Esses vão para o 
núcleo onde levarão a repressão ou ativação do DNA para determinado produto. 
 
 
Regulação para baixo - a ligação do ligante induz a endocitose acelerada de receptores 
de superfície celular, seguida da degradação desses receptores e de seus ligantes. 
Quando esse processo ocorre em velocidade mais rápida que a síntese de novos 
receptores, o número total de receptores na superfície é reduzido e, com isso, a 
capacidade de resposta da célula ao ligante também é diminuída. 
 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
12 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
Curiosidade: a insulina, por exemplo, usa uma classe única de receptores para 
desencadear o aumento da captação de glicose e aminoácidos e para regular o 
metabolismo do glicogênio e triglicerídeos na célula. De modo similar, cada um dos 
fatores de crescimento inicia um programa complexo de eventos celulares em suas 
células-alvo específicas, variando desde alteração do transporte de íons e metabólitos 
na membrana até mudanças na expressão de muitos genes. Tem aumentando o uso 
de inibidores das tirosinocinases em transtornos neoplásicos, nos quais a sinalização 
excessiva de fator de crescimento com frequência está envolvida. 
 
Receptores de citocinas - usam um mecanismo semelhante ao dos receptores de 
tirocinocinases. Ao invés da proteína tirocinocinase há uma proteína tirocinocinase 
separada, pertencente a família Janus-cinase (JAK). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Citocinas ligam-se ao receptor  formação de dímeros  ativação das JAKs  
fosforilação dos resíduos de tirosina no receptor  resíduos de tirosina fosforilados 
ligam-se as STATs (transdutoras de sinal e ativadoras de transcrição)  dimerização 
das STATs  dímero STAT/STAT dissocia-se do receptor e migra para o núcleo  
regulação da transcrição gênica. 
 
Canais iônicos regulados por ligantes 
 
 Acetilcolina, serotonina, GABA e glutamato (neurotransmissores) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
13 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
 
A interação do ligante com o receptor promove alteração na conformação da estrutura 
do canal, o que aumenta a condutância transmembrana do íon relevante e, assim, 
alterando o potencial elétrico da membrana. O tempo decorrido entre a ligação do 
agonista e a resposta celular é mensurado em milissegundos, o que é fundamental 
para a transmissão momento a momento por meio de sinapses. 
 
Canais iônicos regulados por voltagem - são controlados pelo potencial de membrana. 
 
 
Ex: Acetilcolina – receptor nicotínico. 
A placa terminal de uma fibra muscular esquelética, por exemplo, contém uma grande 
quantidade de receptores com afinidade para o neurotransmissor acetilcolina. 
Receptores, que são chamados nicotínicos são parte de um canal na membrana pós-
sináptica que controla o movimento intracelular de íons Na+. Em repouso, esta 
membrana pós-sináptica é relativamente impermeável ao Na+. Contudo, quando o 
nervo é estimulado, ele libera, na placa terminal, acetilcolina que combina-se com os 
receptores nicotínicos e modifica-os de tal forma que os canais se abrem e o Na+ flui 
para o interior da célula muscular. Quanto mais acetilcolina existir na região da placa 
terminal, mais receptores serão ativados e mais canais se abrirão. Quando o número 
de canais abertos atinge um nível crítico e o Na+ entrar com rapidez suficiente para 
perturbar o equilíbrio iônico da membrana, ocorre uma despolarização localizada. Essa 
despolarização localizada dispara a ativação de grande número de canais de Na+ 
dependentes de voltagem e gera a despolarização conduzida, conhecida como 
potencial de ação. O potencial de ação provoca a liberação – para o citosol – de Ca+2 a 
partir de seus locais de ligação intracelular (particularmente, retículos 
endoplasmáticos e mitocôndrias). Este Ca+2 interage com proteínas contráteis, 
gerando um encurtamento da célula muscular. 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
14 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
O receptor nicotínico, por exemplo, é composto de 5 subunidades (duas α, uma β, uma 
γ e uma δ) que circundam uma depressão central, que corresponde ao canal 
transmembranoso de Na+. Quando a acetilcolina se liga ao receptor (na subunidade 
α), o canal central é aberto, permitindo a passagem de Na+. 
 
Receptor acoplado à proteína G 
 
Muitos ligantes extracelulares atuam aumentando as concentrações intracelulares de 
segundos mensageiros, como: monofosfato cíclico de adenosina 3 (AMPc), íon cálcio 
ou fosfoinositídeos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ligante extracelular é detectado por um receptor da superfície celular  ativação de 
uma proteína G, localizada na face citoplasmática da membrana  alteração da 
atividade de um elemento efetor, geralmente uma enzima ou um canal iônico  
modificação da concentração do segundo mensageiro intracelular. 
 
As proteínas G consistem de 3 subunidades( α , β e γ). No estágio de repouso a 
proteina G aparece como um trímero αβγ não ligado, com o GDP ocupando o sitio na 
subunidade α. Quando um receptor acoplado a proteína G é ativado por uma molécula 
agonista, ocorre uma mudança conformacional envolvendo o domínio citoplasmático 
do receptor levando-o a adquirir uma alta afinidade para αβγ. A associação de αβγ 
com o receptor força a dissociação do GDP ligado e sua substituição por GTP, o que por 
sua vez, causa a dissociação do trímero da proteína G, liberando as subunidades α – 
GTP e βγ; estas, são as formas ativas da proteína G, que se difundem na membrana e 
podem se associar a diversas enzimas e canais iônicos, levando a ativação do alvo. A 
associação das subunidades α com enzimas- alvo pode causar inibição ou ativação, 
dependendo de qual proteína G esteja envolvida. A sinalização é concluída quando a 
hidrólise de GTP para GDP ocorre pela atividade de GTPase da subunidade alfa. O α – 
GDP resultante então, se dissocia do efetor e se religa com βγ, completando o ciclo. O 
que a ligação da subunidade alfa a uma molécula efetora faz na verdade, é aumentar a 
sua atividade de GTPase. Por ser a hidrólise do GTP a etapa que abole a capacidade da 
subunidade alfa de produzir seu efeito, a regulação de sua atividade de GTPase pela 
proteína efetora significa que a ativação do efetor tende a ser autolimitante. O 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
15 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
mecanismo, no entanto resulta em amplificação do sinal, porque um único complexo 
receptor- agonista pode ativar varias moléculas de proteína G de uma vez, e cada uma 
delas, pode permanecer associada a enzima efetora, por tempo suficiente para 
produzir muitas moléculas de produto. O produto é frequentemente um segundo 
mensageiro e ocorre amplificação adicional antes da resposta celular final ser 
produzida. 
As proteínas G utilizam um mecanismo molecular que envolve a ligação e a hidrólise 
de GTP. Esse mecanismo permite que o sinal traduzido seja amplificado, o que explica 
a sinalização por proteína G produzir o fenômeno dos receptores de reserva. 
 
Características do receptor 
 
 Sete domínios transmembrana. 
 3º alça pode variar entre os receptores (mediadora da interação do receptor 
com a proteína G). 
 As sequências de aminoácidos das terminações Nterminal e COOHterminal 
podem variar entre os receptores. 
 São capazes de funcionar como monômeros. 
 
Proteína G 
 
 Três subunidades: alfa, beta e gama. 
 Beta e gama estão ligadas à membrana e ao receptor. 
 Alfa é intracelular e no estado de repouso está ligada ao GDP. 
 A proteína G pode ter ação em dois alvos intracelulares. 
 Várias famílias funcionalmente diversas, cada uma da qual medeia efeitos de 
um conjunto particular de receptores paraum grupo distinto de efetores. 
 Alvos: adenilato ciclase, fosfolipase C, canais iônicos e RhoA/Rho quinase 
 Tipos: 
o Gs  estimula a enzima adenilato ciclase, aumentando a concentração 
de AMPc 
o Gi  inibe a enzima adenilato ciclase, diminuindo a concentração de 
AMPc 
o Gq  estimula a fosfolipase C, aumentando o IP3, Diacilglicerol o que 
aumenta a concentração de cálcio intracelular 
 
A atuação da proteína G foi descoberta pelo estudo das toxinas 
 
Toxina colérica - age sobre a proteína Gs e causa ativação persistente. 
Toxina da coqueluche - age sobre a proteína Gi e impede a dissociação do trímero da 
proteína. 
 
 
 
 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
16 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
Monofosfato cíclico de adenosina (AMPc) 
 
A formação do AMPc a partir da desfosforilação 
do ATP promove a fosforilação para proteínas de 
substrato apropriadas, geralmente enzimas. 
A especificidade dos efeitos do AMPc reside nos 
substratos protéicos distintos de cinases, 
expressos em células diferentes. 
Adenilato ciclase síntese de AMPc a partir de 
ATP. 
Fosfodiesterases de nucleotídeo cíclicas 
degradação de AMPc em 5'-AMP. 
 
 
 
 
 
 
 
Fosfoinositídeos e cálcio 
 
 
 
Receptores acoplados à proteína G ou a 
tirocinocinases receptoras. 
Etapa crucial: estimulação de uma enzima de 
membrana fosfolipase C (PLC)  degradação 
de um fosfolipídio menor de membrana 
plasmática, bifosfato de fosfatidilinositol-4,5 
(PIP2)  formação de dois segundos 
mensageiros: diacilglicerol (DAG) e trifosfato 
de ionositol 1,4,5 (IP3 ou InsP3). 
 
 
 DAG: é confinado à membrana plasmática onde ativa a proteinocinase C, 
sensível a lipídios e cálcio. 
 IP3: é hidrossolúvel e se difunde para o citoplasma onde promove a abertura 
de canais de cálcio relutados por ligantes, presente nas membranas das 
vesículas de armazenamento internas, o que promove o aumento da 
concentração de cálcio citoplasmático, favorecendo a ligação de cálcio com a 
calmodulina, que regula a atividade de outras enzimas, como a proteinocinase 
C. 
 
A inativação do IP3 ocorre por desfosforilação. Já a do DAG pode ser por fosforilação a 
ácido fosfatídico, por conversão de volta a fosfolipídios ou perda da didáctila para 
gerar ácido arquidônico. O cálcio é removido do citoplasma ativamente por bombas de 
cálcio. 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
17 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
Monofosfato de guanosina (GMPc) 
 Mucosa intestinal e músculo liso vascular. 
Peptídeo natriurético (receptor transmembrana ligado à guanilato ciclase) e NO 
(guanilato ciclase citoplasmática) --- relaxamento do músculo liso por desfosforilação 
das cadeias leves de miosina. 
Mecanismo: ligantes detectados por receptores de superfície celular estimulam a 
guanilato ciclase ligada à membrana a produzir GMPc, o GMPc estimula as 
proteinocinases dependentes de GMPc. As ações do GMPc são terminadas por 
degradação enzimática do nucleotídeo cíclico e por desfosforilação dos substratos de 
cinase. 
 
 
Taquifilaxia: administração repetida da mesma dose de um fármaco que resulta em 
redução do efeito deste com o decorrer tempo 
Dessensibilização: diminuição da capacidade de um receptor de responder à 
estimulação por um fármaco ou ligante. 
 Homóloga: diminuição da resposta a um único receptor 
 Heteróloga: diminuição da resposta a dois ou mais tipos de receptores 
 
A dessensibilização pode ser homóloga, quando a perda de capacidade de resposta 
refere-se exclusivamente aos receptores expostos à ativação repetida ou mantida do 
agonista, ou heteróloga, quando o processo de dessensibilização de um receptor por 
seus agonistas também resulta em dessensibilização de outro receptor que não tenha 
sido ativado diretamente pelo agonista em questão. 
 
 
 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
18 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
Pode ocorrer por: 
 
 Alteração nos receptores: O estado dessensibilizado, muito comum entre os 
receptores diretamente acoplados a canais iônicos, é causado por uma 
alteração conformacional do receptor, que produz uma estreita ligação da 
molécula do agonista com o receptor, sem que ocorra abertura do canal iônico. 
A fosforilação de regiões intracelulares da proteína receptora consiste em um 
mecanismo secundário, mais lento, que interfere na capacidade de receptor de 
ativar as cascatas dos segundos mensageiros, embora o receptor ainda seja 
capaz de se ligar a molécula agonista. 
 Perda de receptores: A exposição prolongada a agonistas muitas vezes causa 
uma diminuição gradual do número de receptores expressos na superfície das 
células, como consequência da internalização desses receptores por endocitose 
de porções da membrana, um processo que também depende da fosforilação 
do receptor. Trata-se de um processo mais lento do que o desacoplamento 
descrito anteriormente. 
 Depleção de mediadores: Em alguns casos, a dessensibilização esta associada a 
depleção de uma substância intermediária essencial. 
 Alteração no metabolismo dos fármacos: A administração repetida da mesma 
dose leva a uma redução progressiva da concentração plasmática do fármaco 
em virtude do aumento de sua degradação metabólica. 
 Adaptação fisiológica: Pode ocorrer diminuição do efeito de um fármaco 
quando esse efeito é anulado por uma resposta homeostática. Por exemplo, o 
efeito redutor da pressão arterial exercido pelos diuréticos tiazidicos é limitado 
por causa da gradual ativação do sistema renina- angiotensina. 
Inativacāo: perda da capacidade de um receptor de responder à estimulação de um 
fármaco ou ligante. 
Refratariedade: após a estimulação de um receptor é necessário certo período de 
tempo para que a próxima interação fármaco receptor produza efeito. É empregado 
principalmente em relação a perda da eficácia terapêutica 
Tolerância: é convencionalmente empregado para descrever uma diminuição mais 
gradual da responsividade a um fármaco, que leva dias ou semanas para se 
desenvolver. 
Resistência a um fármaco: é uma expressão utilizada para descrever a perda de 
eficácia de fármacos antimicrobianos ou antitumorais 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
19 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
As respostas a fármacos e agonistas hormonais mediadas por proteína G com 
frequência se atenuam com o tempo, pois após alcançar um alto nível inicial, a 
resposta diminui ao longo de segundos ou minutos, mesmo na presença do agonista. O 
que costuma ser rapidamente reversível com uma segunda exposição ao agonista, se 
feita poucos minutos depois do término da primeira exposição. 
Motivo: muitos receptores acoplados à proteína G são regulados por fosforilação. A 
alteração de conformação do receptor induzida pelo agonista faz com que ele se ligue, 
ative e sirva de substrato para uma família de cinases receptoras específicas, 
chamadas de cinases acopladas à proteína G (GRK). 
 
Dose 
 
Representa a quantidade de medicamento no local de ação (biofase) necessária para 
produzir o efeito desejado. Dose=180mg. 
 
Posologia 
 
Descreve a quantidade de um medicamento que deve ser administrada de uma só vez 
ou de modo fracionado em um determinado intervalo de tempo para que a dose seja 
alcançada. Posologia=180mg uma vez ao dia por 15 dias. 
 
Amoxicilina ------ 500 mg (dose) 
2 vezes ao dia durante 10 dias (posologia) 
 
Biodisponibilidade 
 
É a fração de um fármaco administrado que é levado à circulação sistêmica (quanto de 
princípio ativo vai atingir um alvo) 
A biodisponibilidade pode ser classificada como relativa ou absoluta. A 
biodisponibilidade absoluta se refere à droga que é transportada na corrente 
sanguínea livre. A biodisponibilidade relativa se refere à droga que é transportada na 
corrente sanguínea ligada à proteína plasmática. Nesse caso o efeito farmacológico 
depende da força deinteração entre a droga e a proteína, uma vez que quanto mais 
forte a ligação menor a concentração da droga na corrente sanguínea, logo mais difícil 
será a possibilidade da droga de interagir com o receptor. A força de ligação entre a 
droga e a proteína plasmática depende: afinidade, concentração de droga e 
concentração de proteína. 
 
Bioequivalência 
 
Quando um fármaco pode ser substituído por outro sem consequências clínicas 
adversas. 
 
Estado de equilíbrio estável: Indica quando o fármaco atinge a concentração 
terapêutica 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
20 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
(Na corrente sanguínea chega uma quantidade muito menor que a dose inserida, 
sendo que é ela que terá a possibilidade de chegar até o alvo, exceto se a via for 
endovenosa). 
 
500mg (droga)  via oral  estômago (500mg)  (absorção)  corrente sanguínea 
(menor que 500mg)  tecido alvo (distribuição/biodisponibilidade) 
Genérico 
 
Tem que se apresentar da mesma forma e ter a mesma biodisponibilidade. Além disto, 
são necessários testes de bioequivalência. O que faz com que alguns médicos não 
indiquem genéricos é a janela biológica (janela terapêutica) em relação ao da 
referência. (É possível chegar ao mesmo resultado, porém o tempo demora um pouco 
mais). 
 D + R (Vk) DR (antagonista) (Vx) DR* (agonista) 
 (afinidade) 
(drogas que passam a ter um efeito muito rápido) 
Vx  eficácia 
Eficácia 0 -1 
 E=0 (antagonista) 
 E=1 (agonista pleno) 
 E= 0 < x < 1 (agonista parcial) 
 
Medicamento de referência: ®, possui patente. Inovador, resultado de anos de 
pesquisa, o tempo de patente depende de quão inovador o medicamento é e do 
quanto foi gasto durante seu desenvolvimento. 
 
Medicamento genérico: G, fabricado por outro laboratório que não o que o 
desenvolveu após a queda da patente, portanto possui o mesmo princípio ativo e o 
mesmo efeito, no entanto é mais barato, pois não precisa compensar pelo o que foi 
gasto durante a pesquisa. 
 
Tipos de Agonistas 
Agonista Total  Complexo droga-receptor vem para o estado ativo e atinge o 
máximo que o sistema pode dar (E=1) [máximo que tecido pode dar de resposta]. 
Muitos fármacos agonistas quando administrados em concentrações suficientes para 
saturar o pool receptor, ativam seus sistemas receptor-efetor à extensão máxima da 
capacidade do sistema, isto é, causam um desvio de quase todo o pool receptor para o 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
21 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
pool Receptor ativo - Fármaco. Tais fármacos são os agonistas totais. Drogas agonistas 
totais quando administrados em concentrações suficientes são capazes de saturar 
todos os receptores do sistema, fornecendo resposta farmacológica máxima. 
Agonista Parcial  E > 0 e E < 1. Outros fármacos, chamados agonistas parciais ligam-
se a receptores e os ativam do mesmo modo, mas não evocam uma resposta tão 
grande, não importa quão grande seja sua concentração. Agonistas parciais não 
estabilizam a configuração Receptor ativo - Fármaco tão completamente como 
agonistas totais, de modo que uma fração significativa de receptores existe no pool 
Receptor inativo – Fármaco. Diz-se que tais fármacos têm baixa eficácia intrínseca. 
Drogas agonistas parciais quando administradas não geram resposta farmacológica 
máxima, mesmo que saturem todos os receptores. 
Agonista Inverso  Um fármaco tem muito mais afinidade pelo estado Receptor 
inativo do que o estado Receptor ativo, neste cenário, o fármaco reduzirá qualquer 
atividade constitutiva, resultando assim em efeitos opostos aos produzidos por 
agonistas convencionais daquele receptor. Tais fármacos têm sido designados como 
agonistas inversos. 
 Ex: Histamina (agonista) 
 H + RH (h1, h2, h3, h4) 
H + RH1 HR (h1) HR* (h1) (Vasodilatação) 
Processo alérgico  Libera histamina, o que faz com que ocorra ainda mais formação 
de complexos em direção ao estado ativo. Ocasionando um processo alérgico. 
Anti-alérgico (antagonista) H + RH1 AHRH1 (não vai para forma ativa) 
Agonista inverso  Drogas que se ligam ao complexo D-R* e o transforma em 
complexo D-R, ou seja, a droga atua sobre um complexo ativo inativando-o. 
Misto  Pode atuar como antagonista dependendo do receptor a que se liga. Os 
agonistas parciais inibem de forma competitiva as respostas produzidas pelos 
agonistas totais. 
 
EFICÁCIA: 
E = 0: não há ativação - Antagonista 
0 > E > 1: há ativação parcial - Agonista 
parcial 
E = 1: há ativação total - Agonista total 
E < 0: inativação dos complexos ativos - 
Agonista inverso 
 
Nem sempre a resposta farmacológica 
máxima é necessária. 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
22 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
 
POTÊNCIA: capacidade da droga de atingir 
50% da resposta farmacológica, com 
determinada dose. Tem maior potência a 
droga que com menor concentração leva à 
50% da resposta máxima. 
 
A, B, C: agonistas totais 
D, E: agonistas parciais 
 
 
CURVA DOSE RESPOSTA QUANTAL: Dose mínima para que determinado objetivo seja 
alcançado. A "curva dose resposta quantal" é útil para drogas que possuem efeito 
tudo ou nada. 
 
CURVA DOSE GRADUAL 
A medida que aumenta 
a concentração 
aumenta-se a resposta. 
 
Chega a um ponto que mesmo aumentando a dose, a resposta farmacológica não 
altera. Isso se deve ao fato de que todos os receptores estão ocupados. 
 
Ambas as curvas, quantal e gradual, fornecem informações relativas à potência e 
seletividade dos fármacos; a curva de dose-resposta gradual indica a eficácia máxima 
de um fármaco, e a de dose-efeito quantal, a variabilidade potencial da capacidade 
de resposta entre indivíduos. 
 
Lei de ação das Massas 
 
 A ligação dos fármacos aos receptores obedece necessariamente à lei de 
ação das massas (a velocidade de uma reação química é proporcional ao 
produto das concentrações dos reagentes). 
 No equilíbrio, a ocupação dos receptores está relacionada à concentração 
do fármaco. 
 Quanto maior a afinidade do fármaco pelo receptor, menor a concentração 
do fármaco na qual ele produz um determinado nível de ocupação. 
 Os mesmos princípios são válidos quando dois ou mais fármacos competem 
entre si pelos mesmos receptores; um tem o efeito de reduzir a afinidade 
aparente do outro. 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
23 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
Em uma reação química: A + B ↔ C + D 
 
(Esta reação ocorre espontaneamente dependendo da afinidade e da concentração 
molar dos reagentes, o que também aumentará a velocidade da reação). 
Tanto para a reação para a direita quando a sua inversa, para a esquerda, haverá uma 
constante de equilíbrio que determinará a reação. A constante é aquela que irá 
determinar a afinidade. Se a afinidade entre droga receptor for muito forte, o K da 
reação inversa será muito próximo de zero ou será zero. Se a afinidade for muito 
baixa, esse K será alto. 
Obs: no caso, para deslocar a reação em sistemas biológicos não é possível aumentar a 
quantidade de droga e reagente, pois o receptor é um componente endógeno. 
 
Agonista Total: Afinidade > 1 
Agonista Parcial: Afinidade >1 
Antagonista: Afinidade > 1 
 
Índice Terapêutico 
 
 Dose efetiva: dose que produz a resposta desejada na população ED50% (dose 
que protege 50% dos animais). 
 Dose letal: caracteriza o efeito tóxico da droga cujo final é a morte LD50% (dose 
que mata 50% dos animais). Concentração da droga que induz morte em 50% 
dos indivíduos. 
 Concentração efetiva: concentração da droga que induz um efeito clínico 
específico em 50% dos indivíduos. 
 
Obs1: Fala-se que uma droga é mais potente que outra se forem ambas da mesmaclasse farmacológica. 
Obs2: Em seres humanos trabalha-se com índices de toxicidade e não de letalidade 
(pois não são feitos testes de letalidades em seres humanos). 
 
INDÍCE TERAPÊUTICO 
Correlaciona a dose de um fármaco 
necessária à produção de um efeito 
desejado com aquela que produz um 
efeito indesejado. 
Permite avaliar a variabilidade 
potencial da capacidade de resposta 
entre indivíduos. 
 
Margem de segurança = ED50 - LD50 
 
Margem de segurança: DL/DE99 
(Margem entre a dose terapêutica e a 
dose letal) 
 
 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
24 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
Via oral 
Parte ascendente: absorção 
Pico: concentração plasmática 
máxima, igualdade entres as taxas 
de absorção e excreção 
Parte descendente: metabolização e 
excreção 
Área abaixo do gráfico fornece a 
biodisponibilidade absoluta = área 
da via oral/ área da via endovenosa 
 
 
 
 
 
Via endovenosa 
Caso a via fosse a endovenosa no gráfico teria caráter descendente a partir do pico de 
concentração plasmática máxima, ou seja, não estaria representada a absorção. Na via 
endovenosa a dose administrada corresponde ao pico de concentração plasmática 
máxima. (A quantidade de remédio injetado é a mesma quantidade de remédio que 
chega até a corrente sanguínea). Biodisponibilidade é 100%. 
 
 
Antagonismo de drogas 
 
Com frequência, o efeito de um fármaco é diminuído ou completamente abolido na 
presença de outro fármaco. Um dos mecanismos, o antagonismo competitivo, foi 
discutido anteriormente; uma classificação mais completa engloba os seguintes 
mecanismos: 
 
- Antagonismo químico 
- Antagonismo farmacocinético 
- Antagonismo fisiológico ou funcional 
- Antagonismo competitivo (reversível ou irreversível) 
- Antagonismo não competitivo (bloqueio da relação receptor-efetuador) 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
25 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
 Antagonista químico - O antagonismo químico refere-se a uma situação 
pouco comum, na qual duas substâncias (agonista e antagonista) se 
combinam em solução o que envolve uma interação química direta de modo 
que o efeito da droga agonista é perdido. Exemplo disso inclui o uso de 
agentes quelantes que se ligam aos metais pesados e, dessa forma, reduzem 
sua toxicidade. O fármaco interage diretamente com a molécula, impedindo 
que ela se ligue aos seus alvos. 
 
 Se houver alimentação rica em cálcio 
 
 Tetraciclina e cálcio são excretados 
 
 
 
 Antagonismo farmacocinético - descreve a situação na qual o antagonista 
reduz de modo efetivo a concentração do fármaco ativo em seu sítio de ação, 
o que pode ocorrer de várias maneiras: aumento da velocidade de 
degradação metabólica do fármaco (aumento do metabolismo hepático, por 
exemplo). Redução da velocidade de absorção do fármaco ativo pelo trato 
gastrointestinal ou a velocidade de eliminação renal pode ser aumentada. 
 
Exemplo: Warfarina + Fenobarbital (acelera a produção e ação de enzimas hepáticas) 
Efeito: A Warfarina é um anticoagulante que precisa passar pelo fígado e sofrer 
transformações para ser excretado, ao utilizar junto com o fenobarbital, a warfarina 
será excretada de maneira extremamente rápida e consequentemente fazendo com 
que o nível de droga ativa se reduza também rapidamente, reduzindo seu efeito. 
 
 Antagonista fisiológico - É uma expressão livremente utilizada para descrever 
a interação entre dois fármacos, cujas ações opostas no organismo tendem a 
se anular mutuamente. (Refere-se à interação de dois agonistas que atuam 
independente um do outro, mas causam efeitos opostos). 
 
Exemplo: A histamina age sobre receptores das células parietais da mucosa gástrica 
estimulando a secreção ácida, enquanto o omeprazol bloqueia esse efeito por meio 
da inibição da bomba de prótons. 
O próprio organismo atua contra a medicação, fazendo, por exemplo, no caso de 
medicamentos que abaixam a pressão, retorná-la para o estado antigo, que se 
apresentava alto (por considerar este o padrão normal). 
 
 Antagonista competitivo reversível - O grau de inibição depende da 
concentração do antagonista e a resposta farmacológica depende da 
concentração do agonista. É preciso que haja antagonista na forma livre para 
que o efeito possa ser mantido. O antagonismo competitivo descreve a 
situação comum na qual um fármaco se liga de modo seletivo a um tipo de 
Tetraciclina (--) Bactéria (++) 
Tetraciclina (--) + Cálcio (++) Bactéria (++/--) 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
26 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
receptor sem ativá-lo, mas impedindo que um agonista se ligue a ele. Há com 
frequência alguma similaridade entre a estrutura química da molécula do 
agonista e do antagonista. Os dois fármacos competem entre si, uma vez que 
o receptor só consegue se ligar a uma molécula de fármaco por vez. Para em 
uma determinada concentração do agonista, a ocupação dos receptores por 
esse agonista será reduzida na presença do antagonista. Contudo, pelo fato 
de os dois estarem em competição, a elevação da concentração do agonista 
pode restaurar a ocupação dos receptores por esse agonista (e como 
consequência, a resposta tecidual). Por essa razão, diz-se que o antagonismo 
é superável, ao contrário de outros tipos de antagonismo, nos quais o 
aumento da concentração do agonista, não é capaz de suplantar o efeito 
bloqueador. Uma análise teórica simples prediz, que na presença de uma 
concentração fixa do antagonista, a curva do logaritmo da concentração X 
efeito do agonista será deslocada para a direita, sem qualquer alteração na 
inclinação ou no valor máximo — a marca registrada do antagonismo 
competitivo. O deslocamento é expresso na forma de uma relação, a razão 
de dose (valor para o qual a concentração do agonista deve ser aumentada 
na presença do antagonista para que um determinado nível de resposta seja 
restaurado). A teoria prediz que a razão de dose aumenta linearmente com a 
concentração do antagonista. As características importantes do antagonismo 
competitivo são: 
 
1. Desvio da curva do logaritmo da concentração X efeito do agonista para a 
direita, sem alteração da inclinação ou do valor máximo. 
2. Relação linear entre a razão de dose do agonista e a concentração do 
antagonista. 
3. Evidências de competição a partir de estudos de ligação. 
As características do antagonismo competitivo reversível descrita anteriormente 
refletem o fato de que a velocidade de dissociação das moléculas do antagonista é alta 
o suficiente para que um novo equilíbrio seja rapidamente estabelecido com a adição 
do agonista. De fato, o agonista é capaz de deslocar as moléculas do antagonista dos 
receptores, embora ele não possa, evidentemente, remover as moléculas do 
antagonista que estão ligadas. O deslocamento ocorre porque, ao ocupar certa 
quantidade de receptores vazios, o agonista reduz a velocidade de associação das 
moléculas do antagonista; como consequência, a velocidade de dissociação excede 
temporariamente o de associação, e ocorre uma queda na ocupação total de 
receptores pelo antagonista. 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
27 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
 
 
[O]: curva do agonista 
[1], [10], [100], [1000]: curva agonista e antagonista 
 
Obs: reduz a potência e assim aumenta-se a concentração de agonista para atingir o 
efeito máximo. As ligações entre antagonistas e receptores são fracas permitindo 
que o antagonismo seja reversível e o efeito máximo possa ser atingido. 
 
Antagonista competitivo irreversível - A ligação entre o antagonista e o receptor é 
muito forte, com isso a ação promovida não depende da velocidade de eliminação do 
antagonista, mas depende da velocidadede reposição dos receptores. Como o 
complexo D-R é mantido por um período de tempo considerável, não é preciso que 
haja antagonista na forma livre para que o efeito possa ser mantido. O antagonismo 
competitivo irreversível ocorre quando o antagonista se dissocia muito lentamente, ou 
mesmo, não se dissocia dos receptores. Como consequência não ocorre uma alteração 
na ocupação dos receptores pelo antagonista, quando o agonista é adicionado. O 
antagonismo competitivo irreversível ocorre com fármacos dotados de grupos reativos 
que formam ligações covalentes com o receptor. 
 
 
 
Obs: As ligações entre antagonistas e receptores são fortes não permitindo que um 
aumento da dose do agonista supere o efeito da ligação e gere um efeito máximo. 
 
 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
28 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
 
(A) Antagonismo competitivo reversível 
(B) Antagonismo competitivo irreversível 
 
Do ponto de vista terapêutico, os antagonistas irreversíveis apresentam vantagens e 
desvantagens distintas. Quando houver ocupado o receptor, o antagonista irreversível 
não precisará estar presente na forma não ligada para inibir respostas ao agonista. Em 
consequência, a duração da ação de tal antagonista irreversível será relativamente 
independente de sua própria velocidade de eliminação e mais dependente da 
velocidade de renovação das moléculas receptoras. 
 
 Antagonismo não competitivo - Descreve a situação na qual o antagonista 
bloqueia, em algum ponto, a cadeia de eventos que leva a produção de uma 
resposta pelo agonista. Por exemplo, fármacos como o verapamil e a 
nifedipina impedem o influxo de cálcio através da membrana celular e, dessa 
forma, bloqueiam de modo inespecífico a contração do músculo liso 
produzida por outros fármacos. Via de regra, o efeito será o de reduzir a 
inclinação e o valor máximo da curva do logaritmo da concentração X 
resposta, embora seja bastante possível também a ocorrência de algum grau 
de desvio para a direita. 
 
 Moduladores alostéricos - substâncias químicas que alteram a atividade de 
um receptor sem interferir na ligação destes com os agonistas, aumentando 
ou diminuindo o efeito desses. Os modulares se ligam a sítios diferentes aos 
dos agonistas. 
Interação medicamentosa (associação entre drogas) 
A interação farmacodinâmica causa modificação do efeito bioquímico ou fisiológico do 
medicamento. Geralmente ocorre no local de ação dos medicamentos (receptores 
farmacológicos) ou através de mecanismos bioquímicos específicos, sendo capaz de 
causar efeitos semelhantes (sinergismo) ou opostos (antagonismo). 
1. Antagonismo (negativo) / Efeito (positivo) 
2. Sinergismo (positivo) / Efeito (positivo) 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
29 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
Sinergismo: é um tipo de resposta farmacológica obtida a partir da associação de dois 
ou mais medicamentos, cuja resultante é maior do que simples soma dos efeitos 
isolados de cada um deles. O sinergismo pode ocorrer com medicamentos que 
possuem os mesmos mecanismos de ação (aditivo); que agem por diferentes modos 
(somação) ou com aqueles que atuam em diferentes receptores farmacológicos 
(potencialização). 
 
Antagonismo: a resposta farmacológica de um medicamento é suprimida ou reduzida 
na presença de outro, muitas vezes pela competição destes pelo mesmo sítio receptor. 
São tipos de interações que podem gerar respostas benéficas. 
FARMACOCINÉTICA 
Os processos farmacocinéticos de absorção, distribuição e eliminação determinam 
com que rapidez e por quanto tempo o fármaco aparecerá no órgão – alvo. 
Trajeto que a droga percorre no organismo até alcançar o local de ação (desde a via 
de entrada). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Biodisponibilidade é definida como fração do fármaco inalterado que alcança a 
circulação sistêmica logo depois da administração por qualquer via. A área sob a curva 
(ASU) do tempo de concentração no sangue é proporcional à extensão da 
biodisponibilidade de um fármaco, se a eliminação for de primeira ordem. Para dose 
intravenosa, presume-se que a biodisponibilidade seja igual à unidade. No caso de um 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
30 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
fármaco administrado por via oral, a biodisponibilidade pode ser menos de 100% por 
duas razões principais: extensão incompleta da absorção através da parede intestinal e 
eliminação na primeira passagem pelo fígado. 
 
VIAS DE ADMINISTRAÇÃO: 
 
 
 
As vias de administração tratam do método pelo qual os fármacos são introduzidos no 
organismo. Basicamente para se optar entre uma via e outra, leva-se em consideração 
o efeito do fármaco: se é local ou sistêmico. A droga injetada em via sistêmica nunca 
apresentará um trajeto ou destino definido, ou seja, é inevitável que o fármaco se 
distribua por todo o sistema (salvo no SNC em que há a barreira hematoencefálica). 
Deve-se ressalvar que só é considerado via sistêmica quando o fármaco alcança artéria 
aorta. 
Forma inicial  desintegração  dissolução  solubilização  absorção 
Vias enterais (oral, sublingual e retal) 
Via oral: É a via de administração mais segura, conveniente e dispendiosa, a maior 
parte das medicações são realizadas por esta via. As medicações para administração 
oral são distribuídas de muitas formas terapêuticas (soluções, sólido, granulações, 
emulsão, suspensão). As medicações orais são algumas vezes prescritas em doses 
maiores que seus equivalentes parenterais. Porque após absorção através do trato 
gastrointestinal, elas são imediatamente metabolizas no fígado, antes de atingir a 
concentração sistêmica, diminuindo assim efeitos adversos. 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
31 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
Via oral  tratogastrointestinal  absorção  chega na corrente sanguínea  
biodisponibilidade  distribuição nos tecidos  interação D x R  metabolismo ou 
biotransformação  excreção ou eliminação da droga 
 Subdivisões: 
FF sólidos: 
o Pós: alguns tem dificuldade extrema de solubilizar em água, para 
facilitar a solubilização pode-se fazer uso de grânulos 
o Cápsula 
o Drágea 
o Comprimido: usa-se normalmente comprimido para medicamentos que 
tem cheiro e odor característicos 
 Comprimido revestido, comprimido gastrorresistente, 
comprimento sublingual, comprimido de liberação prolongado 
(grânulos) 
 
 
Via Sublingual: Permite a retenção de fármaco por um tempo mais prolongado. 
Propicia absorção rápida de pequenas doses de alguns fármacos, devido ao 
suprimento sanguíneo e a pouca espessura da mucosa absortiva, permitindo a 
absorção direta na corrente sanguínea. 
É quase remota a possibilidade de o fármaco sofrer efeito de primeira passagem por 
essa via. É útil quando: 
 O fármaco é instável em pH gástrico 
 Existe necessidade de resposta rápida, embora seja uma região pequena, é 
bastante vascularizada, o que faz com que o fármaco entre na sua totalidade 
imediatamente pela via sistêmica sem que haja um efeito de primeira 
passagem no fígado. Com isso, a biodisponibilidade de fármacos administrados 
via sublingual é quase que totalmente constante, salvo em casos de deglutição 
de parte do medicamento. 
Para ter absorção por via sublingual o medicamento deve ficar no mínimo de 4 a 5 
minutos debaixo da língua. Não há problema em usar medicamento sublingual por via 
oral, porém o contrário não é indicado (principalmente devido ao tamanho do 
fármaco). 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
32 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
Via Retal: É utilizada em pacientes que apresentam vômitos, estão inconscientes ou 
não sabem deglutir. As formas farmacêuticas empregadas são soluções, suspensões e 
supositórios. Suas maiores limitações de uso são: incômodo de administração,possibilidade de efeitos irritativos para mucosa e absorção errática devido à pequena 
superfície absortiva e incerta retenção no reto. 
É usada para fármacos que devem produzir um efeito local (por exemplo, anti-
inflamatórios utilizados no tratamento da colite ulcerativa) ou efeitos sistêmicos. A 
absorção após a administração retal não é confiável. É usada para administrar 
diazepam a crianças que se encontram em estado de mal epiléptico, nas quais é difícil 
estabelecer um acesso venoso. 
Pela via retal, há 50% de possibilidade de o fármaco sofrer efeito de primeira 
passagem, dependendo da rota venosa que o fármaco pode levar. 
Vias Parenterais 
Via parenteral direta: depositado no organismo de forma que não seja no trato 
gastrointestinal, mas por meio de uma injeção subcutânea, intramuscular, intravenosa 
e intratecal. 
Obs.: Via endovenosa é a via de emergência 
Administração por injeção: A via intravenosa é a via mais rápida e confiável de 
administração de um fármaco. A injeção em bolus produz uma concentração muito 
alta do fármaco, primeiro no coração direito e nos pulmões, e depois na circulação 
sistêmica. A concentração máxima alcançada nos tecidos depende criticamente da 
velocidade da injeção. A administração intravenosa por infusão constante evita as 
incertezas da absorção em outros locais e das altas concentrações plasmáticas 
causadas pela injeção em bolus. 
A injeção de fármacos por via subcutânea ou intramuscular geralmente produz um 
efeito mais rápido do que a administração oral, mas a velocidade de absorção depende 
muito do local de injeção e do fluxo sanguíneo local (a absorção aumenta quando o 
fluxo sanguíneo aumenta, ou quando a difusão através do tecido aumenta. O primeiro 
fator é prejudicado em pacientes com insuficiência respiratória, enquanto o segundo 
pode ser potencializado pela hialuronidase - uma enzima que degrada a matriz 
extracelular e aumenta assim, a difusão). 
Via intratecal: Injeção de um fármaco no espaço subaracnóideo. Muito utilizado no 
tratamento de leucemias na infância para prevenir recidivas no SNC, infecções do 
sistema nervoso etc. 
 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
33 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
Vias parenterais diretas: 
 
 
Via parenteral indireta  depositado no organismo de forma que não seja no trato 
gastrointestinal sem o uso de injeções. Epitélios e inalação. 
Obs: A maior parte da absorção normalmente ocorre no intestino devido a sua maior 
superfície de contato. 
A via inalatória dá uma absorção extremamente rápida, sendo esta absorção muito 
próxima da endovenosa. 
Sprays nasais: Acredita-se que a absorção ocorra através da mucosa que recobre o 
tecido linfoide nasal. Ela é semelhante a mucosa que recobre as placas de Peyer no 
intestino delgado, que também é singularmente permeável. 
Colírios: Muitos fármacos são aplicados como colírio, dependendo da absorção através 
do epitélio do saco conjuntival para produzir seus efeitos. Efeitos locais desejáveis 
podem ser alcançados sem causar efeitos colaterais sistêmicos; por exemplo a 
dorzolamida, é um inibidor da anidrase carbônica administrada na forma de colírio 
para reduzir a pressão ocular em pacientes com glaucoma. Esse efeito é alcançado sem 
afetar os rins, evitando assim a acidose causada pela administração oral da 
acetazolamida. Entretanto, ocorre uma certa absorção sistêmica nos olhos, resultando 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
34 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
em efeitos indesejáveis (por exemplo, broncoespasmo em pacientes asmáticos usando 
o colírio timolol para glaucoma). 
Administração por inalação: É usada para anestésicos voláteis e gasosos, sendo o 
pulmão o local tanto de administração quanto de eliminação. Fármacos utilizados 
pelos seus efeitos nos pulmões também são administrados por inalação, geralmente 
na forma de aerossol. Glicocorticoides e broncodilatadores, por exemplo, são 
administrados por essa via para atingir altas concentrações locais, minimizando os 
efeitos colaterais sistêmicos. Entretanto, os fármacos administrados por inalação, 
geralmente são absorvidos parcialmente, podendo ocorrer efeitos locais sistêmicos, o 
que pode ser minimizado por modificação química do fármaco. 
Administração cutânea 
É usada quando é necessário um efeito local na pele. Entretanto, pode haver uma 
absorção apreciável, causando efeitos sistêmicos. A maioria dos fármacos é contudo, 
muito pouco absorvida pela pele intacta. Entretanto diversos inseticidas 
organofosforados, que precisam atravessar a cutícula dos insetos para exercer seu 
efeito, são absorvidos pela pele, ocorrendo intoxicação acidental em trabalhadores 
rurais. 
As apresentações transdérmicas, nas quais o fármaco é incorporado em um adesivo 
para sua aplicação na pele, são de uso cada vez mais frequente e diversos fármacos —
estrógenos por exemplo para a terapia de reposição hormonal, estão disponíveis nessa 
apresentação. Esses adesivos produzem uma taxa estável de liberação do fármaco, 
evitando o metabolismo pré-sistêmico. Entretanto, esse método só é apropriado para 
fármacos lipossolúveis, sendo relativamente caro. 
 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
35 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
 
Resposta terapêutica  concentração de princípio ativo (PA) no local de ação 
 Concentração no local depende: 
- Quantidade absorvida 
- Velocidade de distribuição no local de ação 
- Quantidade eliminada pelo organismo 
 
As moléculas do fármaco movem-se pelo organismo de duas maneiras: 
 Fluxo de massa (na corrente sanguínea) 
 Difusão (molécula por molécula, cobrindo distâncias curtas) 
 
A natureza química do fármaco não importa para sua transferência por fluxo de massa. 
O sistema cardiovascular proporciona um sistema rápido de distribuição a longa 
distância. Por outro lado, as características de difusão diferem muito entre os diversos 
fármacos. Em particular, a capacidade de atravessar barreiras hidrofóbicas é 
fortemente influenciada pela lipossolubilidade. A difusão aquosa também faz parte do 
mecanismo geral de transporte dos fármacos, pois é esse o processo que aproxima ou 
afasta as moléculas dos fármacos das barreiras não aquosas. A velocidade de difusão 
de uma substância depende principalmente de seu tamanho molecular, e não tanto de 
seu peso molecular. Muitos fármacos têm um peso molecular na faixa de 100 -1000 
PM e, as variações na velocidade de difusão aquosa exercem apenas um pequeno 
efeito no comportamento farmacocinético global. Para a maioria dos propósitos, 
podemos considerar o organismo como uma série de compartimentos interligados, de 
conteúdo bem homogeneizado, sendo a concentração do fármaco uniforme dentro de 
cada um deles. É o movimento entre os compartimentos, que geralmente envolve a 
passagem por barreiras não aquosas, que determina onde e por quanto tempo um 
fármaco estará presente no organismo depois de administrado. 
As membranas celulares formam as barreiras entre os compartimentos aquosos do 
organismo e as moléculas pequenas a atravessam de quatro maneiras principais: 
 Por difusão direta através dos lipídeos, se o fármaco for lipossolúvel 
 Por difusão através de poros aquosos formados por proteínas especiais 
(aquaporinas) que atravessam os lipídeos, se fármaco for hidrossolúvel 
 Combinando-se com uma proteína transportadora na membrana, que se liga a 
uma molécula em um lado da membrana, muda de conformação, e a libera do 
outro lado 
 Por pinocitose 
 
Dessas vias, a difusão através de lipídeos e o transporte mediado por transportadores 
são particularmente importantes em relação aos mecanismos farmacocinéticos. A 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
36 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
difusão através de aquaporinasé provavelmente importante na transferência de 
gases, como o dióxido de carbono, mas os poros têm um diâmetro muito pequeno 
para permitir a passagem da maioria das moléculas de fármacos. Já a pinocitose 
parece ser importante para o transporte de macromoléculas, como a insulina, mas não 
para moléculas pequenas. 
Difusão através de lipídeos: As moléculas apolares (nas quais os elétrons estão 
distribuídos uniformemente) se dissolvem livremente na camada lipídica da 
membrana, difundindo-se prontamente através das membranas celulares. O número 
de moléculas que atravessam a membrana por unidade de área em um certo tempo, é 
determinado pelo coeficiente de permeabilidade (P) e, pela diferença de concentração 
nos dois lados da membrana. As moléculas permeantes devem estar presentes em 
número suficiente na membrana e ser móveis dentro dela para que ocorra uma 
passagem rápida. Assim, dois fatores físico-químicos contribuem para solubilidade e 
difusibilidade da membrana. Consequentemente, existe uma estreita correlação entre 
a solubilidade lipídica e a permeabilidade da membrana celular as diversas 
substâncias. Por essa razão, a solubilidade lipídica é um dos determinantes mais 
importantes das características farmacocinéticas de um fármaco, permitindo-nos 
prover diversas propriedades—como a taxa de absorção intestinal, a penetração no 
cérebro e outros tecidos e o grau de eliminação renal, a partir do conhecimento de sua 
lipossolubilidade. 
Katzung: 
Permeação 
 
A permeação do fármaco se sucede por vários mecanismos. A difusão passiva em um 
meio aquoso ou lipídico é comum, mas há processos ativos no movimento de muitos 
fármacos, em especial daqueles cujas moléculas são grandes demais para difundirem 
de imediato. 
 
Difusão aquosa: ocorre dentro dos maiores compartimentos aquosos do corpo e por 
meio de junções apertadas da membrana epitelial e do revestimento endotelial de 
vasos sanguíneos, por poros aquosos que – em alguns tecidos – permitem a passagem 
de moléculas tão grandes. A difusão aquosa de moléculas de fármacos em geral é 
dirigida pelo gradiente de concentração do fármaco em permeância, um movimento 
ladeira abaixo descrito pela Lei de FICK. Moléculas de fármaco que estão ligadas a 
grandes proteínas do plasma não permeiam a maioria dos poros aquosos vasculares. 
Se o fármaco possui carga, seu fluxo também é influenciado por campos elétricos. 
 
Difusão Lipídica: a difusão lipídica é o fato limitante mais importante para permeação 
do fármaco por causa do grande número de barreiras lipídicas que separam os 
compartimentos do corpo. Como essas barreiras lipídicas separam compartimentos 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
37 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
aquosos, o coeficiente de partição lipídica/aquosa de um fármaco determina quão 
rapidamente a molécula se move entre os meios aquoso e lipídico. No caso de ácidos 
fracos e bases fracas, a capacidade de se mover do aquoso para o lipídico ou vice-versa 
varia com o pH do meio, porque moléculas carregadas atraem moléculas de água. 
 
Portadores especiais: existem moléculas portadoras especiais de muitas substâncias 
importantes para a função celular e grandes demais, ou demasiado insolúveis em 
lipídeos, para que se difundam passivamente através de membranas, por ex: 
peptídeos, aminoácidos e glicose. Essas moléculas portadoras provocam movimento 
por transporte ativo ou difusão facilitada e, ao contrário da difusão passiva, são 
seletivas, saturáveis e passíveis de inibição. Visto que são ou se parecem com 
peptídeos, aminoácidos ou açúcares de ocorrência natural, vários fármacos podem 
usar essas portadoras para atravessar a membrana. Muitas células contêm portadoras 
de membrana menos seletivas, especializadas na expulsão de moléculas estranhas. 
 
 
Endocitose e exocitose: poucas substâncias são tão grandes ou impermeáveis que só 
podem entrar nas células por endocitose, processo pelo qual a substância liga-se a um 
receptor da superfície celular, é engolfada pela membrana da célula e carreada para 
dentro da mesma por compressão da vesícula recém-formada dentro da membrana. A 
substância pode ser liberada dentro do citosol por ruptura da membrana da vesícula. 
O processo inverso (exocitose) é responsável pela secreção de várias substâncias pelas 
células. 
Parâmetros farmacocinéticos 
1. Absorção 
 Mecanismos comuns de transporte 
Alguns medicamentos têm tantas semelhanças com substâncias endógenas que 
passam pelas barreiras como se fossem os mesmos. Isto pode levar a ocorrência de 
potenciais de ação em locais indesejados. 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
38 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
 Via de administração pode possuir barreiras com características 
diferentes. 
 
Via Oral  Sofre absorção 
Via Endovenosa  Não sofre absorção 
Via Sublingual  Mais rápido que a via oral, pois a barreira é mais tênue. 
 
Parâmetros que podem interferir na absorção por via oral 
Ocorre pouca absorção até que o fármaco chegue ao intestino delgado. Ácidos e bases 
fracas são bem absorvidos, ácidos e bases fortes são pouco absorvidos. Em outras 
palavras, fármacos com 3 < pKa < 10 são melhores absorvidos no intestino. 
Pode-se utilizar a via oral para se realizar um efeito local do fármaco ou um efeito 
sistêmico. Por esta via, há 100 % de possibilidade do fármaco sofrer efeito de primeira 
passagem. Cerca de 75% de um fármaco utilizado são absorvidos em 1 a 3 horas 
depois de utilizado por esta via. Os fatores que influem nesse tempo: 
 Motilidade gastrointestinal quando elevada (acima da velocidade de contração 
fisiológica), diminui o tempo de contato dos fármacos com a parede do TGI, o 
que dificulta a absorção desses fármacos. A motilidade aumenta o caráter 
ácido do meio. 
Ex: doenças do tratogastrointestinal (úlceras): aumentam a motilidade, e no caso se a 
droga tiver um caráter ácido, isto fará com que haja aumento da absorção. 
 pH 
 Presença ou não de alimentos 
 Fatores físico-químicos: caráter ácido ou básico do fármaco 
 
DA  droga com caráter ácido 
DB  droga com caráter alcalino (básico) 
 
Um fator complicador importante em relação à permeação da membrana é o fato de 
que muitos fármacos são ácidos ou bases fracas, existindo, portanto, tanto na forma 
não ionizada quanto na forma ionizada; a razão entre as duas formas, varia com o pH. 
Para um ácido fraco e uma base fraca, a reação de ionização é (considerando a 
primeira passagem pelo estômago): 
 DA = HA 
HA ----------------- H+ + A- (prevalece a forma não dissociada/não ionizada) 
 DB = HB 
HB ----------------- H+ + B- (prevalece a forma dissociada/ionizada) 
 
 
Gabriela Carvalho Abreu 
39 RESUMO FARMACOLOGIA 
 
Em ambos os casos, a espécie ionizada, apresenta uma solubilidade lipídica muito 
baixa, sendo virtualmente incapaz de se difundir através de membranas, exceto onde 
existe um mecanismo específico de transporte. A lipossolubilidade de uma espécie 
sem carga, depende da natureza química do fármaco: para muitos fármacos, a espécie 
sem carga é suficientemente lipossolúvel para permitir uma rápida difusão através da 
membrana, mas existem exceções em que mesmo a molécula sem carga é 
insuficientemente lipossolúvel. Isso se deve geralmente, a presença de grupos ligantes 
de hidrogênio que fazem com que a molécula sem carga fique hidrofílica. Por isso 
existem fármacos que necessitam de receptores. 
A ionização afeta não apenas a velocidade com a qual os fármacos atravessam as 
membranas, mas também a distribuição de equilíbrio das moléculas dos fármacos 
entre os compartimentos, pois presume-se que a forma não ionizada possa atravessar 
a membrana e consequentemente atingir concentrações

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