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2 - Farmacocinética e Farmacodinâmica 1 📃 2 - Farmacocinética e Farmacodinâmica Introdução Quando se trata de farmacologia, é importante compreender algumas propriedades dos medicamentos que são fundamentais para o sucesso do tratamento. Para se apropriar deste conhecimento, é essencial o estudo da farmacocinética e da farmacodinâmica. A farmacocinética é a área da farmacologia responsável pelo estudo do caminho percorrido pelo medicamento no corpo, indo desde administração, absorção, distribuição, biotransformação até a excreção. Já a farmacodinâmica é o estudo da ação do medicamento no sítio de ligação, para que seu efeito desejado seja alcançado. 💡 DICA FarmacoCinética é a ação do Corpo sobre a droga. FarmacoDinâmica é a ação da Droga sobre o corpo. 2 - Farmacocinética e Farmacodinâmica 2 Farmacocinética 💡 ALGUNS CONCEITOS Absorção: processo pelo qual o agente terapêutico é transportado para o plasma sanguíneo (pode ser direta ou indiretamente). Distribuição: processo através do qual o fármaco deixa a corrente sanguínea, passando para os tecidos (seja no interstício ou no interior das células). Biotransformação: processo de metabolização do fármaco, podendo ocorrer no fígado ou nos tecidos. Excreção: processo de eliminação do fármaco e seus metabólitos. Geralmente ocorre através da urina, das fezes ou da bile. Vias de Administração A escolha adequada da via de administração é fundamental para a adesão terapêutica e para a eficácia do tratamento. Com este objetivo, alguns critérios devem ser levados em conta: Extensão do efeito desejado (local ou sistêmico); Propriedades (lipo ou hidrossolubilidade) e forma (suspensão, solução, drágea, cápsula, comprimido) do fármaco; Necessidade de início de ação rápido; Idade do paciente; Tempo de tratamento. Via Oral Esta é a via de administração mais comum, sendo a opção para fármacos líquidos e sólidos. Entre os líquidos estão as soluções e as suspensões, que têm seu uso priorizado para crianças, idosos e pacientes com sonda nasogástrica. Entre os sólidos há o comprimido, a drágea e a cápsula O comprimido consiste em um pó (contendo o princípio ativo) compactado. Já a drágea se diferencia do comprimido por conter uma película externa que impede a degradação dos seus componentes no estômago, ou seja, na drágea, o objetivo é que o princípio ativo seja absorvido apenas no intestino delgado. A 2 - Farmacocinética e Farmacodinâmica 3 cápsula também possui um revestimento externo, porém este consiste em um material gelatinoso que objetiva facilitar a deglutição. Via Sublingual Esta é uma via que oferece algumas vantagens quando comparada à via oral, entre elas: absorção muito mais rápida, evita metabolização hepática de primeira passagem, fração biodisponível maior e efeito mais rápido. Via parental Esta via é definida como a introdução de medicamentos diretamente em um compartimento ou cavidade do corpo, de forma a evitar as barreiras orgânicas (pele e mucosas). É utilizada principalmente em pacientes inconscientes ou pouco colaborativos, que estejam com intolerância à dieta oral (náuseas, vômitos) e quando se deseja início rápido do efeito terapêutico. Entre as desvantagens estão: requer pessoal treinado e, geralmente, ambiente hospitalar, além de serem métodos mais invasivos. Esta via é subdividida em: Via intravenosa IV A injeção IV é vantajosa para administrar fármacos que podem causar irritação quando administrados por outras vias, porque o fármaco se dilui no sangue rapidamente. Porém, diferentes dos fármacos usados no trato gastrointestinal, os que são injetados por via IV não podem ser retirados por meio de estratégias como a ligação a carvão ativado. Via intramuscular IM Fármacos administrados por via IM podem estar em soluções aquosas que são absorvidas rapidamente ou em preparações especializadas de depósito que são absorvidas lentamente. Via subcutânea SC Essa via de administração, como a IM, requer absorção por difusão simples e é um pouco mais lenta do que a via IV. A injeção SC minimiza os riscos de hemólise ou trombose associados à injeção IV e pode proporcionar efeitos lento, constante e prolongado. Via retal: Esta via é uma alternativa à via oral para pacientes comatosos, nauseados e para crianças. Os medicamentos administrados por esta via podem ter ação local ou sistêmica, podendo ser na forma de enema ou de supositório. Os enemas são soluções ou suspensões utilizadas principalmente para realização de exames radiológicos contrastados, enquanto os supositórios podem ser usados para estimular a evacuação. Um aspecto relevante desta via é que, caso não se deseje que haja metabolização hepática de primeira passagem, o enema ou o supositório 2 - Farmacocinética e Farmacodinâmica 4 deve ser inserido em região mais baixa. Isto porque, nesta região, a absorção do medicamento se dá pelas veias hemorroidárias média e inferior, que drenam para a circulação sistêmica. Já na região retal mais alta, a absorção ocorre através da veia hemorroidária superior, que drena para a circulação portal, o que submete o medicamento à metabolização hepática de primeira passagem. Outras Vias Há várias outras vias que são utilizadas em casos específicos, entre elas: tópica, transdérmica, inalatória, vaginal, intra-arterial, epidural, peridural, intraóssea, intrassinovial e intratecal. Absorção Enquanto na via IV a absorção é completa 100% da dose administrada chega à circulação sanguínea), nas demais vias esta absorção é parcial, o que reduz a biodisponibilidade do medicamento Fatores que influenciam na absorção de fármacos no trato gastrointestinal pH Os fármacos, em geral, são bases ou ácidos fracos. Assim, cada um destes compostos sofre uma influência diferente pelo pH do ambiente da absorção. Um fármaco atravessa a membrana plasmática mais facilmente se ele estiver não ionizado, ou seja, a absorção é mais efetiva quando há predomínio das formas não ionizadas sobre as formas ionizadas. Um fármaco ácido terá absorção melhor em meio ácido, uma vez que, nesta situação, há predomínio da sua forma não ionizada que é absorvida mais facilmente. Já um fármaco básico, a absorção será melhor em meio básico, já que haverá deslocamento da equação em direção à forma não ionizada, que atravessa a membrana mais facilmente. Desta forma, deduz-se também a localização da absorção dos fármacos. Os ácidos serão absorvidos prioritariamente no estômago, já que o suco gástrico é ácido. Enquanto isso, os fármacos básicos serão absorvidos, em sua grande parte, no intestino delgado, após ser misturado ao suco pancreático (básico). Fluxo de sangue no local da absorção 2 - Farmacocinética e Farmacodinâmica 5 O fluxo sanguíneo do local é diretamente proporcional à absorção, dessa forma, como o fluxo de sangue para o intestino é muito maior do que o fluxo para o estômago, a absorção no intestino é maior do que a que ocorre no estômago. Superfície disponível para absorção Quanto maior a superfície de contato com o fármaco, maior a sua absorção, de forma que, quando comparado ao estômago, o intestino delgado leva vantagem por possuir células com borda em escova e microvilosidades, o que torna sua superfície mil vezes maior. Tempo de contato com a superfície de absorção Quando o fármaco é deslocado muito rapidamente pelo trato gastrointestinal, este não é bem absorvido. Por outro lado, quando a passagem do fármaco do estômago para o intestino é retardada, a absorção também não será tão efetiva. Expressão da glicoproteína-P A glicoproteína-P é uma proteína transmembrana transportadora de várias moléculas, entre elas alguns fármacos. No intestino delgado, ela atua levando os fármacos de volta ao lúmen intestinal. Desta forma, em regiões em que há uma super expressão desta proteína, a absorção é menor. Mecanismos de Absorção Difusão passiva Transporte que ocorre por meio de osmose, ou seja, é promovido através do gradiente de concentração, de forma queo fármaco passe da região de maior concentração (lúmen intestinal) para a de menor concentração (citosol das células entéricas). Neste mecanismo não há uso de transportador, os fármacos hidrossolúveis atravessam a membrana através de poros aquosos, enquanto os lipossolúveis atravessam por meio da sua dissolução na bicamada lipídica. Difusão facilitada Transporte realizado através de proteínas transmembranas transportadoras, que, ao sofrerem mudanças conformacionais, permitem a internalização dos fármacos nas células entéricas. Este é um transporte que, apesar de ocorrer 2 - Farmacocinética e Farmacodinâmica 6 por meio de transportadores, também é promovido através do gradiente de concentração e, assim, não requer gasto de energia. Transporte ativo Através deste mecanismo, proteínas transportadoras transmembranas efetuam a passagem dos fármacos contra o gradiente de concentração, ou seja, do ambiente de menor concentração para o de maior concentração, o que faz com que este seja um transporte que demanda gasto de energia. Esta, por sua vez, é proveniente da hidrólise do trifosfato de adenosina ATP. Endocitose Este mecanismo de passagem é reservado para fármacos que são excepcionalmente grandes. Devido a esta desproporção do tamanho, as moléculas são englobadas pela membrana plasmática e internalizadas por meio de uma vesícula. Biodisponibilidade A biodisponibilidade é definida como a fração da dose administrada que efetivamente é absorvida e chega à corrente sanguínea. Geralmente é expressada em percentual. Desta forma, caso 100 mg de determinado fármaco seja administrado por via oral e apenas 50 mg chegam inalterados à corrente sistêmica, a biodisponibilidade é de 50%. Alguns fatores influenciam na biodisponibilidade dos fármacos. Entre eles: Biotransformação hepática de primeira passagem Na absorção a partir do trato gastrointestinal, primeiro o fármaco entra na circulação portal para depois entrar na circulação sistêmica. Se o fármaco é rapidamente biotransformado no fígado ou na parede intestinal durante esta passagem inicial, a biodisponibilidade reduz, ou seja, a quantidade de fármaco inalterado que tem acesso à circulação sistêmica diminui. Solubilidade do fármaco Para que o fármaco seja bem absorvido, ele deve ser levemente hidrofóbico, possuindo alguma solubilidade em soluções aquosas. Isso porque, fármacos hidrofílicos não possuem a capacidade de atravessar as membranas lipídicas e os fármacos extremamente hidrofóbicos são totalmente insolúveis nos líquidos aquosos do organismo e, portanto, não têm acesso à superfície das células. 2 - Farmacocinética e Farmacodinâmica 7 Instabilidade química Fármacos que facilmente sofrem alterações na sua estrutura química, a partir da interação com o suco gástrico ou com enzimas, têm menor absorção e menor biodisponibilidade. Natureza da formulação do fármaco O tamanho da partícula, o tipo de sal, o polimorfismo cristalino, o revestimento entérico e a presença de excipientes podem influenciar a facilidade da dissolução e, por isso, alterar a velocidade de absorção. Distribuição O processo de passagem do fármaco do plasma sanguíneo ao interstício e, então, para as células teciduais depende principalmente do débito cardíaco e do fluxo sanguíneo regional, da permeabilidade capilar, do volume do tecido, do grau de ligação do fármaco às proteínas plasmáticas e tissulares e da hidrofobicidade relativa do fármaco. Biotransformação O objetivo da biotransformação é transformar, por ação do fígado, os fármacos lipossolúveis em metabólitos hidrofílicos, para que seja possível a excreção pela via renal. As reações de biotransformação dos fármacos consistem em dois grupos gerais de reações. Estes são denominados reações de fase I e fase II. As reações da fase I, no geral, consistem em oxidações, reduções e/ou hidrólises a fim de transformar as moléculas lipofílicas em moléculas mais polares. Após esta fase, o fármaco metabolizado pode ter sua atividade aumentada, reduzida ou inalterada. Estas reações podem ou não ser mediadas pelo citocromo P450, sendo mais comum o envolvimento deste sistema. As reações de fase II, por sua vez, consistem em conjugações entre o metabólito resultante da fase I e um substrato endógeno (como ácido glicurônico, ácido sulfúrico, ácido acético ou aminoácido), de forma a produzir um composto hidrofílico e, em geral, inativo. Há fármacos que fogem desta linha cronológica de metabolização. Por exemplo, alguns entram diretamente na fase II, outros passam apenas pela fase I (já que se tornam suficientemente polarizados para serem eliminados pelos 2 - Farmacocinética e Farmacodinâmica 8 rins após esta fase) e outros, como a isoniazida, passam primeiro pela fase II e depois pela fase I. Excreção A excreção, ou depuração, dos fármacos pode ser por via renal, fecal (sejam os fármacos ingeridos por via oral e não absorvidos ou fármacos que foram secretados diretamente no intestino ou na bile), pulmonar ou através do leite das lactantes. A via de excreção mais comum é a renal e para que os fármacos sejam eliminados na urina, três processos são fundamentais: filtração glomerular, secreção tubular ativa e reabsorção tubular passiva. Na filtração glomerular, os fármacos livres (não ligados à albumina) atravessam as fendas dos capilares do plexo glomerular, chegando ao espaço de Bowman. Apesar de a lipossolubilidade e o pH não afetarem este processo, a velocidade de filtração glomerular e a ligação a proteínas plasmáticas, como a albumina, podem reduzir a quantidade de fármaco que passa para o filtrado glomerular no espaço de Bowman. A parte dos fármacos que não foi filtrada sai dos glomérulos por meio da arteríola eferente. Esta, por sua vez, forma um plexo em torno dos túbulos proximais, através do qual ocorre secreção ativa dos fármacos. Dessa forma, há proteínas transportadoras transmembranas que fazem o transporte de cátions e ânions mediante gasto de energia ATP. É importante ressaltar que prematuros e recém-nascidos não têm esse mecanismo secretor tubular totalmente desenvolvido e, assim, podem reter certos fármacos. 2 - Farmacocinética e Farmacodinâmica 9 Ao chegar no túbulo contorcido distal, a concentração do fármaco aumentou a ponto de exceder a do espaço perivascular, o que gera a reabsorção passiva (por osmose). Porém, apenas os fármacos neutros difundem-se para fora do lúmen e volta à circulação sistêmica. Desta forma, é possível reduzir a reabsorção e, consequentemente, aumentar a excreção de fármacos através da manipulação do pH. Usando a mesma lógica do deslocamento do equilíbrio de reação, entende-se que ácidos fracos podem ser eliminados em maior quantidade alcalinizando a urina, enquanto a eliminação de bases fracas pode ser aumentada pela acidificação da urina. Outro fator que minimiza esta reabsorção é a biotransformação que os fármacos sofrem, pelo fígado, em metabólitos mais polares. Caso essa metabolização não ocorresse, os fármacos lipossolúveis se difundiriam facilmente para fora do lúmen e voltariam para a corrente sanguínea, o que reduziria drasticamente a sua eliminação pela urina. Meia-vida Alguns fármacos são eliminados mais rapidamente que outros. Esta velocidade é determinante para a meia-vida, que é definida como o tempo necessário para que a concentração plasmática do fármaco reduza à metade. Algumas situações clínicas podem aumentar a meia-vida, entre elas: diminuição do fluxo sanguíneo renal ou hepático; diminuição na capacidade de extrair o fármaco do plasma, como na doença renal; e diminuição da biotransformação, por exemplo, quando outros fármacos inibem a biotransformação ou na insuficiência hepática. Na prática, isso significa que muitos medicamentos requerem ajuste da dose em caso de insuficiência hepática ou renal. Há também situações em que há redução da meia-vida: aumento do fluxo sanguíneo hepático; aumento da biotransformação; e menor ligação às proteínas plasmáticas. FarmacodinâmicaLocal de ação 2 - Farmacocinética e Farmacodinâmica 10 Depois de terem sido administrados, absorvidos e distribuídos aos tecidos orgânicos, os fármacos encontram o seu local de ação: os receptores celulares, estejam eles presentes na superfície ou no interior das células. Assim, a interação fármaco-receptor nas células-alvo produz o efeito terapêutico desejado, enquanto que esta mesma interação em outras células causa os efeitos colaterais. Em contrapartida, a depender da via de administração e das propriedades do fármaco, este pode atuar apenas em uma área específica do corpo. Mecanismos de ação Os mecanismos de ação, através dos quais os fármacos desencadeiam um efeito, são diversos, mas obedecem, de forma geral, a um mesmo conjunto de etapas. A etapa inicial é ligação do fármaco ao receptor, formando o complexo fármaco-receptor FR. Este, por sua vez é responsável por desencadear o processo de transdução, ou seja, uma série de reações em cascata por meio de segundos mensageiros, que resulta em uma resposta intracelular específica. Há receptores intracelulares e receptores de membrana (transmembrana). Entre estes estão os canais iônicos disparados por ligantes, receptores acoplados à proteína G e receptores ligados a enzimas. A formação do complexo FR com cada um destes receptores dá origem a reações diferentes. Canais iônicos transmembrana disparados por ligantes (receptores ionotrópicos) Os canais iônicos disparados por ligantes são responsáveis pelo controle do fluxo de íons através das membranas celulares. Este controle se dá por meio 2 - Farmacocinética e Farmacodinâmica 11 da sua interação com ligantes. Quando os fármacos se ligam, os canais se abrem e permitem a entrada ou a saída de íons, gerando alterações no potencial de membrana, o que pode desencadear, por exemplo, despolarizações ou hiperpolarizações das células. A resposta a estes receptores é bastante rápida (milissegundos)e diversas funções são intermediadas por meio deles, incluindo a neurotransmissão, a condução cardíaca e a contração muscular. Localização: Membrana Efetor: Canal iônico Acoplamento: Direto Estrutura: Organização oligomérica de subunidades circundando um poro central Exemplos: Receptor nicotínico da acetilcolina, receptor GABA tipo A e 5 HT3 Receptores transmembrana acoplados à proteína G Esses receptores são constituídos de um peptídeo que tem sete regiões que se estendem através da membrana, sendo que o seu domínio extracelular contém a área de fixação do ligante. A proteína G é composta por subunidades: a subunidade α (que se liga ao trifosfato de guanosina GTP ou difosfato de guanosina GDT e a subunidade βγ. Quando é ocupado pelo ligante (fármaco), o receptor passa a interagir com a proteína G no lado intracelular, ativando-a. Assim, a subunidade α tem seu GDP substituído pelo GTP. Ocorre a dissociação da proteína G, e ambas as subunidades α-GTP e a subunidade βγ interagem com outros efetores celulares. da adenililciclase pelas subunidades α-GTP, a qual resulta na produção de monofosfato de adenosina cíclico AMPc) - um segundo mensageiro que regula a fosforilação de proteínas. As proteínas G também ativam a fosfolipase C, que é responsável pela geração de dois outros segundos mensageiros, o trifosfato-1,4,5 de inositol IP3 e o diacilglicerol DAG. O IP3 é responsável pela regulação das concentrações de cálcio intracelular livre, bem como de outras proteínas, enquanto o DAG ativa várias enzimas, como a proteína quinase PKC, no interior da célula, levando a uma série de efeitos fisiológicos. Efeitos estes que, em geral, duram de vários segundos até minutos. 2 - Farmacocinética e Farmacodinâmica 12 Localização: Membrana Efetor: Canal ou enzima Acoplamento: Proteína G Estrutura: Monomérica ou oligomérica compreendendo sete hélices transmembrana com um domínio intracelular acoplador de proteína G Exemplos: Receptor muscarínico da acetilcolina, adrenoceptores, receptores de neuropeptídeos e de quimiocinas, e receptores ativados por protease Proteínas G Possuem função de reconhecer os GPCRs (receptor acoplado à proteína G ativados e transmitir a mensagem para os sistemas efetores que geram uma resposta celular. Existe uma variação molecular dentro das subunidades alfa, das quais mais de 20 foram identificadas. Quatro classes principais de proteína G são de importância farmacológica, são eles: Gs: Muitos receptores para aminas e outros (ex: catecolaminas, histamina, serotonina). Es�mula a adenilil-ciclase, aumentando a formação de AMPc; Gi: Como para Gs, e também receptores opioides e canabinoides. Inibie a adenilil-ciclase, diminuindo a formação de AMPc; Go: Como para Gs, e também receptores opioides e canabinoides. Efeitos limitados da subunidade alfa. Não ativam a atividade de segundos mensageiros; Gq: Receptores de aminas, peptídeos e prostanóides. Ativa a fosfolipase C, aumentando a produção dos segundos mensageiros inositol trifosfato e diacilglicerol. As subunidades Beta possuem receptores associados a todos os GPCRs. E além dos efetores principais das subunidades alfa, também: a�vam canais de potássio, inibem canais de cálcio controlados por voltagem, ativam as GPCR quinases, ativam a cascata de proteína quinases ativadas pro mitógenos. Receptores ligados a enzimas 2 - Farmacocinética e Farmacodinâmica 13 Estes receptores são compostos por diversos complexos de subunidades, que possuem, inclusive, ação enzimática citosólica. Quando o fármaco se liga ao domínio extracelular, o receptor sofre alteração conformacional, passando da sua forma quinase inativa para a ativa. O receptor ativado se autofosforila e fosforila os resíduos de tirosina em proteínas específicas. A introdução de um grupo fosfato pode modificar de modo substancial a estrutura tridimensional da proteína-alvo, atuando como um interruptor molecular que ativa múltiplas vias sinalizadoras. Este mecanismo ocorre, por exemplo, com os receptores de insulina e a duração da resposta a estes receptores é da ordem de minutos até horas. Localização: Membrana Efetor: Proteína quinase Acoplamento: Direto Estrutura: Hélice transmembrana única ligando o domínio extracelular do receptor ao domínio da quinase Exemplos: Insulina, fatores de crescimento, receptores de citocinas 2 - Farmacocinética e Farmacodinâmica 14 Receptores intracelulares O ligante destes receptores deve ser suficientemente lipossolúvel para que este se difunda pela membrana plasmática e chegue até os receptores que estão localizados dentro das células. Uma vez formados os complexos FR, os alvos primários são os fatores de transcrição (localizados no núcleo da célula), que levam à transcrição do DNA em RNA e à tradução do RNA em uma série de proteínas. Devido à modificação da expressão gênica e, por isso, da síntese proteica, as respostas celulares só são observadas após um tempo considerável 30 minutos ou mais), e a duração da resposta (horas ou dias) é muito maior do que dos outros receptores. Exemplos de receptores intracelulares são os receptores de hormônios esteroides e tireoidianos. Localização: Intracelular Efetor: Transcrição gênica 2 - Farmacocinética e Farmacodinâmica 15 Acoplamento: Via DNA Estrutura: Monomérica com domínios de ligação ao receptor e domínios de ligação ao DNA separados Exemplos: Receptores de esteroides Alguns aspectos da transdução de sinais A transdução de sinais tem dois aspectos relevantes: a capacidade de amplificar sinais pequenos e a proteção da célula contra a estimulação excessiva, por meio da dessensibilização dos receptores aos seus ligantes. Efeito A intensidade da resposta é proporcional ao número de complexos FR, ou seja, a intensidade do efeito depende da concentração do fármaco no local do receptor que, por sua vez, é determinada pela dose do fármaco administrado e por fatores característicos do perfil farmacocinético do fármaco, velocidades de absorção, distribuição e biotransformação.Potência A potência é definida como a medida da quantidade de fármaco necessária para produzir um efeito de uma dada intensidade. Para a determinação da potência analisa-se a concentração do fármaco que produz 50% do efeito máximo. Entre dois fármacos A e Z, se para alcançar metade do efeito máximo, o fármaco Z requer concentração maior que o fármaco A, pode-se afirmar que o fármaco A é mais potente que o Z, já que uma concentração inferior é capaz do mesmo efeito. Eficácia A eficácia diz respeito à habilidade do fármaco de provocar a resposta farmacológica quando interage com um receptor, ou seja, um fármaco é mais eficaz que outro quando possui efeito terapêutico máximo superior ao outro. Aulas e Material de Apoio Aula Vias e Sistemas de Administração - Sanarflix Aula Absorção de Fármacos - Sanarflix 2 - Farmacocinética e Farmacodinâmica 16 Super Material: Farmacocinética e Farmacodinâmica - Sanarflix Livro de Farmacologia Katzung - 12ªed): Capítulos 2 e 3
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