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Métodos Volumétricos (Alcalinidade, DBO e DQO) INSTITUTO FEDERAL DO CEARÁ/Campus Maracanaú Departamento de Química e Meio Ambiente Engenharia Ambiental Análises Químicas e Físicas Ambientais Prof. Bruno César ALCALINIDADE ALCALINIDADE • É a medida da capacidade de uma amostra em neutralizar ácidos; • Íons bicarbonatos (HCO3 -) representam a principal forma de alcalinidade. Sua formação se dá a partir da ação do CO2 sobre materiais básicos do solo: CO2 + CaCO3 + H2O → Ca(HCO3)2 • Outros sais de ácidos fracos, como boratos (BO3 -), silicatos (SiO4 2-) e fosfatos (PO4 3-), podem interferir na alcalinidade; • Dentre as muitas espécies que podem contribuir para a alcalinidade da águas, a principal influência é causada por 3 classes especiais: – Hidróxido (OH-); – Carbonatos (CO3 2-); – Bicarbonatos (HCO3 -) ALCALINIDADE • MÉTODO DE DETERMINAÇÃO: – Consiste numa titulação de neutralização com ácido forte (H2SO4), sendo seu resultado expresso em termos de CaCO3; – Para amostras em que o pH é maior que 8,3, a titulação á feita em duas etapas: • 1ª) condução da titulação até pH 8,2; • 2ª) condução da titulação até 4,5 Quando a amostra possui pH abaixo de 8,3 uma única titulação é requerida (pH = 4,5); – A escolha do pH 8,3 se refere ao ponto de equivalência da corversão do carbonato a bicarbonato: CO3 2- + H+ → HCO3 - – O uso do pH 4,5 é devido ao ponto de equivalência da conversão do bicarbonato a ácido carbônico: HCO3 - + H+ → H2CO3 CURVA DE TITULAÇÃO DE ALCALINIDADE Alcalinidade à Fenolftaleína (pH = 8,3) Alcalinidade total (pH = 4,5) VA VM LmgCaCOdeAlcalinida SOHSOH 50000 )/( 42423 VA = Vamostra MH2SO4 = 0,02 M VH2SO4 = Volume de ácido adicionado ALCALINIDADE • CÁLCULO DAS ESPÉCIES PROMOVEDORAS DE ALCALINIDADE: – Hidróxido: • Está presente se a alcalinidade à fenolftaleína é maior que metade da alcalinidade total; • É calculada a partir do pH, usando-se a constante de ionização da H2O: KW = [H +][OH-] • Sabendo-se que uma concentração de OH- de 1 mol/L é equivalente a 50.000 mg/L de CaCO3, tem-se: Alcal. OH- = 50.000 x 10(pH – 14) – Carbonato: • Está presente quando a alcalinidade à fenolftaleína não é zero mas é menor que a alcalinidade total; • A alcalinidade a fenolftaleína representa toda a alcalinidade ao OH- mais a alcalinidade ao CO3 2: Alcal. CO3 2- = 2(Alcal. Fenolftaleína - Alcal. OH-) – Bicarbonato: • É a subtração da alcalinidade total menos as contribuições do OH- e CO3 2-: Alcal. HCO3 - = Alcal. Total – (Alcal. CO3 2- + Alcal. OH-) ALCALINIDADE • Amostragem e estocagem: – Coletar as amostras em frascos de polietileno ou de vidro borossilicato e estocar a baixas temperaturas; – Os frascos devem ser preenchidos por completo (tranbordamento) e bem lacrados, afim de que se evitem contaminações por gases externos; – Devido ao fato de que algumas amostras podem conter atividade microbiana, analisar o mais rápido possível. Preferencialmente dentro de 6 horas. ALCALINIDADE • EXERCÍCIO: Calcule a alcalinidade total e em termos de OH-, CO3 2- e HCO3 - de uma amostra com pH inicial de 10,0, sendo que para 100 mL de amostra necessitou-se de 2,6 mL de H2SO4 0,02 M para se atingir a alcalinidade a fenolftaleína e 15,5 mL para determinação da alcalinidade total. DEMANDA BIOQUÍMICA DE OXIGÊNIO “DBO” DBO • Definição: – Teor de oxigênio requerido por microorganismos para decomposição da matéria orgânica sobre condições aeróbias; – O ensaio de DBO é usado para determinar o potencial poluidor de amostras em termos de O2 necessário se as mesmas fossem descarregadas em cursos d’água natural nas quais existem condições aeróbias; – O teste de DBO é essencialmente um bioensaio envolvendo a determinação do oxigênio consumido por microorganismos que utilizam a matéria orgânica presente na amostra. DBO • Para se processar como uma análise quantitativa, as amostras devem estar protegidas do ar (prevenção de reaeração); Frasco de DBO DBO • É necessário que as condições ambientais sejam favoráveis à sobrevivência dos microorganismos: – Ausência de substâncias tóxicas; – Presença de nutrientes necessários ao crescimento da biomassa (N, P e elementos traço); • Os organismos predominantes responsáveis pela decomposição da matéria orgânica em águas naturais são formas nativas do solo; • O teste de DBO pode ser considerado como um processo de oxidação úmida no qual os microorganismos atuam como meio de oxidação da matéria orgânica em CO2 e H2O. DBO • DBO5: – Teoricamente, um tempo infinito é requerido para a completa oxidação biológica da matéria orgânica; – Para pressupostos práticos, a reação pode ser considerada completa em 20 dias; – Entretanto, 20 dias é um período muito longo para se obter resultados; – Experiências mostram que grande parte da porcentagem da DBO total é obtida em 5 dias; – O teste de DBO é realizado num período de incubação de 5 dias. DBO • Influência de bactérias nitrificantes: – Culturas microbianas derivadas do solo ou de efluentes domésticos contém grande número de bactérias saprófitas e outros organismos que utilizam a matéria orgânica carbonácea para oxidação; – Algumas vezes, as amostras também possuem bactérias autotróficas nitrificantes, as quais oxidam a matéria orgânica não-carbonácea; – Estas bactérias podem oxidar o nitrogênio na forma de amônia (NH3) para nitrito (NO2 -) e nitrato (NO3 -) a teores que induzem a sérios erros da DBO: 2NH3 + 3O2 → 2NO2 - + 2H+ + 2H2O 2NO2 - + O2 + 2H + → 2NO3 - + 2H+ DBO • A oxidação de nitrogênio inorgânico pode diminuir o oxigênio dissolvido; • Pelo fato desta população microbiana não se desenvolver com eficácia dentro de 8 - 10 dias de incubação, foi escolhido 5 dias como período padrão. dias D B O ( m g O 2 /L ) DBO carbonácea DBO combinada Pode-se diminuir, ou até mesmo inibir, a população nitrificante pelo uso de agentes específicos como o azul de metileno, ou um pré-tratamento como a cloração. Determinação de Oxigênio Dissolvido • Métodos de determinação: • Método titulométrico (Winkler): – O oxigênio é imediatamente fixado após a amostragem por reação com Mn2+ através de uma mistura alcalina de iodeto/azida: Mn2+ + 2OH- + 1/2O2 → MnO2(s) + H2O – A azida serve para prevenir a interferência de íons nitrito (NO2 -) que possam oxidar o Mn2+; – As amostras devem ser coletadas com o frasco completamente cheio para prevenir mais difusão de O2 do ambiente externo ao da amostra; – Após transporte ao laboratório, a amostra é acidificada com H2SO4 ou H3PO4; MnO2 + 2I - + 4H+ → Mn2+ + I2 + 2H2O – O iodeto liberado pode ser titulado com tiossulfato de sódio usando amido como indicador: I2 + 2S2O3 2- → S4O6 2- + 2I- • Métodos de determinação: • Método Eletrométrico: – Utiliza-se o medidor de oxigênio dissolvido (oxímetro) equipado com um eletrodo com membrana seletiva à difusão de O2; – A corrente gerada pela célula eletroquímica é proporcional à taxa de difusão de O2 através da membrana, a qual é proporcional a concentração de O2 na amostra; As reações envolvidas são: -Catodo: 1/2O2 + H2O 2e - → 2OH- -Anodo: Pb + 2OH- → PbO + H2O + 2e - Determinação de Oxigênio Dissolvido Determinação da DBO • Método Direto: • Utilizadoem amostras com DBO5 < 7 mg O2/L; • É realizado com a determinação titulométrica ou eletrométrica do oxigênio dissolvido antes e depois da inoculação; • Não há diluição da amostra. Determinação da DBO • Método da Diluição: – Se baseia no fato de que a taxa de degradação bioquímica da matéria orgânica é proporcional ao teor de matéria orgânica não oxidado a um certo tempo: -dC/dt = KC – A taxa em que o O2 é consumido na diluição da amostra está numa razão direta ao percentual de diluição da mesma; – Fatores para controle das condições ambientais de análise: • Ausência de materiais tóxicos; • pH favorável; • Presença de nutrientes necessários; • Temperatura padrão (20 ºC); • Presença de uma população nativa de microorganismos nativa da amostra. Determinação da DBO • Método da diluição: – Efluentes domésticos possuem a característica de conter um teor apreciável de nutrientes necessários, como N e P; – Alguns efluentes industriais são deficientes em um destes ou em ambos elementos; – A água de diluição deve compensar esta deficiência; – Em amostras que não contém população microbiana, adiciona-se à água de diluição cepa provinda de um sistema de tratamento biológico da amostra em estudo; – Quando não for possível, o efluente doméstico apresenta bons resultados como “semente”. DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÊNIO “DQO” DQO • Utilizado na mensuração do grau de poluição de efluentes domésticos e industriais; • O princípio da análise é a determinação da quantidade total de oxigênio requerida para a oxidação da matéria orgânica a CO2 e H2O; • Umas das principais limitações da DQO é a sua incapacidade em diferenciar entre matéria orgânica biologicamente oxidável ou inerte; • Os valores de DQO são sempre maiores que os de DBO; • A principal vantagem do teste de DQO é o curto tempo de análise (~ 3 horas) em relação a DBO (5 dias). DQO • DQO por Dicromatometria: – Dentre os diversos agentes oxidantes que foram estudados para serem aplicados neste ensaio, o K2Cr2O7 foi escolhido como o mais prático, desde que ele é capaz de oxidar uma grande variedade de substâncias orgânicas, quase que completamente, para CO2 e H2O; – O K2Cr2O7 é um reagente relativamente barato que pode ser obtido com alto grau de pureza; – O íon dicromato (Cr2O7 2-) é um agente oxidante extremamente potente em solução de caráter fortemente ácido: CnHaOb + cCr2O7 2- + 8cH+ → nCO2 + (a + 8c)/2H2O + 2cCr 3+ Onde: c = (2/3)n + (a/6) – (b/3) DQO • Determinação da DQO: – A determinação da DQO é realizada via titulação de retorno (retrotitulação); – Adiciona-se um certo excesso de agente oxidante para garantir que toda matéria orgânica seja oxidada; – O excesso de dicromato é mensurado com solução redutora de íons Fe2+ (sulfato ferroso amoniacal); – A solução de Fe2+ sofre lenta oxidação pelo oxigênio da água, sendo necessária sua padronização cada vez que for utilizá-la; DQO • Determinação da DQO: – A padronização da solução ferrosa é feita com solução de dicromato: 6Fe2+ + Cr2O7 2- + 14H+ → 6Fe3+ + 2Cr3+ + 7H2O – Para visualização do ponto final utiliza-se ferroína como indicador; – O resultado de DQO é expresso em termos de mg O2/L. – Semi-Reações de redução envolvidas: Cr2O7 2- + 14H+ + 6e- → 2Cr3+ + 7H2O O2 + 4H + + 4e- → 2H2O – O número de mols de O2 requeridos para a oxidação é 1,5 vezes o número de mols de dicromato utilizado. DQO • Determinação da DQO: – Testes em branco são necessários para mensurar possíveis interferentes que não sejam da amostra; – Os principais interferentes são compostos alifáticos de cadeia reta, halogênios; nitritos e espécies inorgânicas redutoras; – Os compostos alifáticos de cadeia reta são mais bem oxidados quando se adiciona prata como catalisador; – A prata reage com halogênios formando precipitados pouco oxidáveis; – O íon cloreto gera uma interferência positiva: Cr2O7 2- + 6Cl- + 14H+ → 2Cr3+ + 3Cl2 + 7H2O – As dificuldades com os haletos podem ser contornadas pela adição de Hg2+, que irá formar complexos com os mesmos; – A interferênica devido ao nitrito é reduzida pela adição de ácido sulfâmico. DQO • Cálculos: – A determinação do teor de matéria orgânica pela DQO é realizada de maneira indireta, haja vista que a execução do método visa determinar o quanto de agente oxidante restou ao final da reação. . .. 2 8000)( )/( 222 Am FeAmFebrFe V NVV LOmgDQO .2 2 72 2 72 2 PadFe OCrOCr Fe V VN N RELAÇÃO DQO/DBO BIODEGRADABILIDADE • A relação DQO/DBO fornece informações acerca da biodegradabilidade de uma amostra; Relação DQO/DBO Biodegradabilidade < 2,5 Facilmente biodegradável 2,5 < DQO/DBO < 5,0 Exigência de cuidados na escolha do processo biológico para que se tenha uma remoção desejável de carga orgânica > 5,0 Recalcitrante. Processo biológico é pouco eficiente. Oxidação química aparece como processo alternativo
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