Buscar

As bandeiras são as responsáveis pelo aumento territorial do território português no continente

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATOGROSSO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
DEPARTAMENTO DDE SEVIÇO SOCIAL
As bandeiras são as responsáveis pelo aumento territorial português no continente. O sucesso das bandeiras dependia do “capitão do arraial”, que era o líder da bandeira e que muitas vezes mantinha junto de seu grupo seus familiares para ajudarem-no no comando. Provavelmente, as bandeiras têm esse nome devido ao costume dos tupiniquins de levantarem bandeira para sinalizar guerra. Os bandeirantes eram tropas mal equipadas para adentrar o sertão e que enfrentavam desconfortos, fome e perigos durante a jornada. A palavra sertão faz menção a um lugar físico e ideológico, um território distante, desconhecido e sem leis. Faziam parte da bandeira o capelão, que fornecia apoio espiritual, e de acordo com o número de pessoas na bandeira havia também o escrivão e, para dividir os índios capturados havia o alferes-mor. Mestiças e índias acompanhavam o grupo como escravas. A tropa era composta principalmente por escravos indígenas que auxiliavam a tropa combatendo e capturando outros indígenas. Outra parte importante do grupo era o mestiço, de pai branco e mãe indígena, ou mameluco, que auxiliava a bandeira fornecendo conhecimentos aprendidos com os índios e de suma importância para adentrar e sobreviver no sertão. Entre os séculos XVI e XVIII as bandeiras partiram sertão adentro em busca de escravos e riquezas. O sertão então começa a ser descoberto de fato, e as populações indígenas desses locais começam a fazer alianças com os colonizadores para aumentar sua capacidade bélica e derrotar grupos inimigos, e dessas batalhas originavam então enorme número de escravos que iam para as mãos dos bandeirantes. No entanto, os membros da companhia de Jesus tentavam impedir a escravização dos índios direcionando os já capturados para aldeias missionárias, o que gerava tensão entre Coroa, jesuítas e bandeirantes. Os jesuítas pressionaram a Coroa até que conseguissem a “Lei sobre a Liberdade dos Gentios”, que garantia o direito indígena de ser livre, salvo os que ofereciam resistência armada. Os bandeirantes possuíam diversos tipos de armamentos, incluindo armas de fogo, armas brancas e arco flecha, sendo preferido o ultimo. Para defesa contra flechas usavam gibão recheado por algodão. Outra dificuldade dos bandeirantes era a baixa resistência dos índios ao contágio por doenças trazidas da Europa, pois era mais difícil transportá-los e comercializá-los. No final do século XVI, a enorme necessidade de mão de obra fez com que as bandeiras se estendessem pelo território, visando as comunidades indígenas no sul e sudoeste de São Paulo, devido a cultura parecida com as quais os bandeirantes já estavam aproximados. Para conquistar os índios, utilizavam do escambo, depois viria a escravidão. Antônio Raposo Tavares comanda a primeira grande bandeira, que parte de São Paulo com 900 paulistas e 2000 guerreiros tupis e ataca aldeias e missões espanholas e também em regiões onde hoje se localizam o Mato Grosso do Sul e o Rio Grande do Sul. Para Luiz Felipe de Alencastro, os bandeirantes capturaram cerca de 100 mil índios nessa região. Em uma batalha no rio Mboboré os índios saem vitoriosos, pois foram armados pelos jesuítas. Essa vitória indígena sinaliza o fim das expedições nessa região. As condições de vida dos bandeirantes sempre foram péssimas, a fome era companheira em quase todas as expedições, em alguns casos extremos havia a morte. Deste modo, os bandeirantes comiam o que lhes era apresentado pela natureza, e nisso os mamelucos tinham vital importância, e quando encontravam roças de comunidades indígenas as saqueavam e depois as destruíam. As bandeiras diminuem de tamanho, mas aumentam em número, eram de dois tipos: as familiares e as de contrato com “armadores”, fornecedores de escravos indígenas e armamentos. Em 1690, com a descoberta de ouro em Minas Gerais, o bandeirantismo deixa de ser a principal atividade econômica de São Paulo, já que boa parte dos bandeirantes parte para a possibilidade de enriquecimento, enquanto outra parte vai combater no Nordeste. Os escravos indígenas fazem parte então da história de São Paulo, com um papel ativo de fato, pois sua presença torna a sociedade colonial uma sociedade com técnicas, saberes e práticas indígenas. Isso até que a elite paulista se consolidasse e marginalizasse os índios, além de negociar junto à Coroa portuguesa o direito de escravizar os indígenas. Certos autores afirmam que os índios que iam para São Paulo eram vendidos para outros pontos, enquanto que documentos apontam que os índios eram de primordial importância nas lavouras e ocupações de territórios. Os índios compunham também uma força militar ligada aos seus donos, e a Coroa se aproveita disso no combate à inimigos. Os sertanistas vão para a luta com seus escravos sob a promessa de pagamento com terras, e após a vitória os sertanistas se estabelecem nessas terras, povoando-as. As bandeiras então trocam o objetivo de apresamento pelo de extermínio de índios. Já no século XVIII têm início a criação da imagem heroica dos bandeirantes, para afirmar a capacidade de liderar dos paulistas. A cultura do café propicia enorme crescimento econômico para a elite paulista, porém estes são desejosos de poder político, e para adquiri-lo aderem ao movimento republicano. O advento da república não traz aos paulistas o poder esperado, então em 1932 encontram um motivo para poderem se alçar ao poder, pois Getúlio Vargas, alçado ao poder após a derrubada do presidente Washington Luís, não instala democracia no país, Os paulistas então formam a Frente Única para clamar pela volta do regime constitucionalista em luta armada. E o meio que encontram para unir os paulistas sob uma identidade foi enaltecer os bandeirantes, colocá-los como heróis e bravos homens que enfrentaram o desconhecido para aumentar o tamanho do território. A partir daí, paulista era todo aquele que estivesse se estabelecido em São Paulo. A imagem dos bandeirantes era usada em papéis avulsos, propagandas, poemas, músicas, tudo para estimular os paulistas a se unirem em prol do bem de São Paulo. A derrota dos paulistas não destruiu a imagem construída. Ainda hoje, quando se trata da ocupação de territórios pouco povoados essa imagem é utilizada, assim como quando se trata de brigas por territórios, geralmente com indígenas, homens de porte parecido com o que se imaginaria de um bandeirante se fazem presentes. Essa imagem está presente no imaginário popular e dificilmente será alterada.

Outros materiais