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MEDICINA LEGAL

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MEDICINA LEGAL
Perícia Médico-legal
Conjunto de procedimentos médicos e técnicos que tem como finalidade o esclarecimento de um fato de interesse da Justiça. Utilização de meios técnicos e científicos. 
Pode ser realizada sobre o fato (percipiendi) ou sobre outra perícia (deducendi).
Percipiendi: ótica quantitativa e qualitativa; analisa alterações e perturbações;
Deducendi: fatos pretéritos
Ambos os tipos apresentam:
Parte objetiva: alterações e perturbações encontradas nas lesões/imutáveis, realçada na descrição. Pode levar a raciocínios divergentes;
Parte subjetiva: valorizada na discussão.
Finalidade da perícia = produzir prova. 
Laudo: peça escrita. 
Obs.: atestado de médico particular não substitui laudo, exceto no caso previsto no §1º, art 77 da lei 9099/95.
Perícia criminal: regulada pela lei 12.030/09.
Obs.: nas ações penais o laudo médico-legal não é sigiloso. Nas ações penais privadas apenas o juiz nomeará perito.
Perícia: realizada por perito oficial, portador de diploma de curso superior. Na sua falta pode-se contar com 2 pessoas idôneas.
Perícia complexa: pode designar mais de um perito. Abrange mais de uma área de conhecimento.
Perícia civil: juiz nomeia perito e partes tem 5 dias para indicar assistentes e apresentar quesitos. Prazo para apresentar laudo: fixado pelo juiz, até 20 dias antes da audiência. Assistentes entregarão parecer 10 dias após.
Prova: elemento demonstrativo da autenticidade ou da veracidade de um fato. Seu objetivo é formar a convicção do juiz.
	Prova proibida
	Prova ilícita
	Prova ilegítima
	Obtidas por meios contrários à norma 
	Agride regra de direito material
	Quando afronta princípios da lei processual
Avaliação da prova:
Sistema legal ou tarifado
Sistema da livre convicção
Sistema da persuasão racional: é o que adotamos. Ao julgador não se pede uma certeza absoluta, senão que ele encontre a solução mais racional e juridicamente mais correta para a lide. Não pode ele operar com meras probabilidades ou conjecturas.
Modelos mais convincentes de valoração racional de uma prova:
O que é baseado na utilização de meios ou recursos matemáticos (probabilidade matemática) – deduz-se a partir de dados estatísticos. Mais usado no processo criminal;
O que é baseado em esquemas de confirmação (probabilidade indutiva) – deduz-se através da probabilidade lógica. Mais usado no processo civil.
Na prova médico-legal exige-se identificar e justificar. Quanto mais justificada for a prova, mais credibilidade ela impõe. A justificativa é uma garantia das razões do convencimento pericial.
Corpo de delito
Falta ou omissão do exame leva à nulidade do processo.
É a base residual do crime, sem o que ele não existe. Tem sentido somático ou psíquico, composto de elementos percebidos pelos sentidos ou pela intuição humana. Não representa apenas os elementos físicos, mas todos os elementos acessórios que estão conectados a determinado fato delituoso característico da infração penal.
Corpo de delito ≠ corpo da vítima: este é apenas um dos elementos sobre o qual o exame pericial buscará os vestígios materiais que tenham relação com o fato delituoso.
Corpo de delito direto: quando realizado pelos peritos sobre vestígios de infrações existentes.
Corpo de delito indireto: quando, não existindo esses vestígios materiais, a prova é suprida pela informação testemunhal.
Obs.: ambos os exames de corpo de delito, direto e indireto, possuem o mesmo valor.
Devem ser considerados:
Corpus criminis: pessoa ou coisa sobre a qual se cometeu a infração;
Corpus instrumentorum: coisa material com a qual se cometeu o fato e em que serão apreciados natureza e eficiência;
Corpus probatorum: elemento de convicção; conjunto de todas as provas materiais de um crime.
Doutrina entende que exame feito por um só perito é insuficiente como valor probante no curso de uma apreciação pericial, pois omite a afortunidade do contraditório.
Ninguém está obrigado a ser submetido a qualquer tipo de exame pericial sem sua permissão. Mesmo que se trate de matéria de ordem pública, ainda assim a averiguação da verdade não pode nem deve se sobrepor aos direitos e ao respeito que se impõe ao examinado que venha a se omitir ou se deixar examinar.
Presença de advogado em locais de exame = capítulo II, art. 7º, VI, c, da lei 8906/94.
Cadeia de custódia de evidências: registro em documento da movimentação dos elementos da prova quando do seu envio, conservação, análise nos laboratórios. Objetivo: proteger a identidade e a integridade da amostra, evitando resultados alterados por má-fé ou de forma acidental.
Blanco: Todo exame de corpo de delito é uma perícia, mas nem toda perícia é exame de corpo de delito
Peritos
Deveres de conduta do perito:
Deveres de informação
Atualização profissional
Abstenção de abusos
Vigilância, cuidado e atenção
Responsabilidade do perito: caso não proceda com observância a norma legal poderá responder civil, penal e administrativamente.
Em tese:
Perito civil: auxiliar da justiça – presta compromisso a cada designação
Perito criminal: servidor público – compromisso está implícito com a posse no cargo público
Responsabilidade civil: art 147, CPC. Requisitos: dano, culpa, nexo causal.
Responsabilidade penal: art 342 – falsa perícia.
Direitos dos peritos
Recusar o encargo – deve ser justificado em prazo legal (5 dias da intimação ou impedimento superveniente). Sempre por motivo legítimo (art 146, §único, CPC);
Proteção contra desobediência ou desacato (art. 139, CPC e art. 327, CP);
Honorários – somente em ações civis
Desempenho livre da função: art. 429, CPC
Reserva de prestar esclarecimentos: tem o direito de prestar esclarecimento apenas à autoridade competente quando devidamente intimado e no devido prazo legal.
Complemento – aula do Blanco
Trabalho do perito: examinar o local do fato, incluindo o cadáver = perinecroscopia.
Perito ARRECADA os vestígios e a autoridade policial APREENDE, sendo encaminhados ao instituto de perícia para serem examinados.
Perícias
*Também aula do Blanco
De retratação: visum et repertum: descrever o que vê – autos e laudos (perpetua a materialidade do delito)
De opinião: parecer
Retrospectiva: com base em informações recebidas diz o que aconteceu
Prospectiva: diz o que vai acontecer
Locais de perícia: pode ser interno ou externo, idôneo (bem preservado) ou inidôneo (quando local foi alterado), mediato ou imediato.
Documentos
Notificações: comunicações compulsórias feitas pelos médicos às autoridades competentes.
Atestados: declaração pura e simples, por escrito, de um fato médico e suas possíveis consequências. Finalidade de resumir de forma objetiva e simples o que resultou do exame feito no paciente, sua doença ou sanidade. É um documento particular, elaborado sem compromisso prévio e independente de compromisso legal, fornecido por qualquer médico no exercício regular da profissão. Para fins de licença, dispensa, justificativa de falta em serviço. Pode ser, quanto a sua procedência ou finalidade: administrativo, judiciário, oficioso. Quanto ao conteúdo ou veracidade, pode ser: idôneo, gracioso/complacente/de favor, imprudente e falso.
Obs.: médico que concede conscientemente atestado de óbito falso, alterando assim a verdade no Registro Público, comete crime de falsidade ideológica em documento público e não falsidade de atestado médico.
Prontuários: constitui-se não só na anamnese do paciente, mas todo acervo documental padronizado, organizado e conciso, referente ao registro dos cuidados médicos prestados, assim como dos documentos pertinentes a essa assistência.
Relatórios: descrição mais minuciosa de uma perícia-médica a fim de responder à solicitação da autoridade policial ou judiciária. Se é realizado por perito chama-se laudo. Se é ditado a escrivão diretamente recebe nome de auto. É constituído de:
Preâmbulo: hora, data, local exato em que é feito o exame, nome da autoridade que a requereu e da que a determinou, nome, títulos e residência dos peritos, qualificação do examinado;Quesitos: ações penais possuem quesitos oficiais;
Histórico: registro dos fatos mais significativos que motivaram o pedido de perícia ou que possam esclarecer e orientar a ação do legisperito. Essa parte do laudo deve ser creditada ao periciado. Ainda que a prática médico-legal não tenha o caráter de ato de investigação ou de instrução, mas de prova, o histórico inclui-se hoje na moderna concepção pericial como um instante de indiscutível necessidade. Algumas autoridades o julgam plenamente dispensável.
Descrição: parte mais importante. É necessário que se exponham todas as particularidades que a lesão apresenta, não devendo ser referida apenas de forma nominal. Deve ser completa, minuciosa, metódica e objetiva, não chegando jamais ao terreno das hipóteses.
Discussão: serão postas em discussão as várias hipóteses, afastando-se ao máximo das conjecturas pessoais, podendo-se, inclusive, citar autoridades recomentadas sobre o assunto. Diagnóstico lógico a partir de justificativas racionais.
Conclusão: análise sumária daquilo que os peritos puderam concluir após o exame minucioso
Respostas aos quesitos: respostas de forma sintética e convincente, afirmando ou negando.
Pareceres: quando perito é chamado a intervir em ação em andamento e a questão de fato é pacífica, mas apenas o mérito médico-legal é discutido, cabe-lhe apenas emitir suas impressões sob a forma de parecer e responder os quesitos formulados pelas partes. É igual ao relatório sem a descrição. Discussão e conclusão são os pontos mais importantes.
Antropologia Médico-Legal
Identidade: conjunto de caracteres, que individualiza uma pessoa ou uma coisa, fazendo-a distinta das demais. É um elenco de atributos que torna alguém ou alguma coisa igual apenas a si próprio.
Arbens diferenciava semelhança, igualdade e identidade. Semelhança teria relação de qualidade; igualdade uma relação de quantidade e identidade a essência de uma coisa ser ela mesma.
Identidade objetiva: aquela que nos permite afirmar tecnicamente que determinada pessoa é ela mesma por apresentar um elenco de elementos positivos e mais ou menos perenes que a faz distinta das demais.
Identidade subjetiva, tida como a sensação que cada indivíduo tem de que foi, é e será ele mesmo, ou seja, a consciência da sua própria identidade, ou do seu “eu”.
Identificação
Processo pelo qual se determina a identidade de uma pessoa ou de uma coisa, ou um conjunto de diligências cuja finalidade é levantar uma identidade.
Em qualquer perícia sua técnica é realizada em 3 fases:
Um primeiro registro em que se dispõe de certos caracteres imutáveis do indivíduo e que possa distingui-lo dos outros;
Um segundo registro dos mesmos caracteres, feito posteriormente, na medida em que se deseja uma comparação;
A identificação propriamente dita, em que se comparam os dois primeiros registros, negando ou afirmando a identidade procurada.
Os fundamentos biológicos ou técnicos que qualificam e que preenchem as condições para um método de identificação ser considerado aceitável são:
Unicidade/individualidade: determinados elementos sejam específicos daquele indivíduo e diferentes dos demais;
Imutabilidade: características que não mudam e não se alteram ao longo do tempo;
Perenidade: consiste na capacidade de certos elementos resistirem à ação do tempo e que permanecem durante toda a vida e até após a morte como, por exemplo, o esqueleto;
Praticabilidade: processo que não seja complexo tanto na obtenção como no registro dos caracteres;
Classificabilidade: este requisito é muito importante, pois é necessária certa metodologia no arquivamento, assim como rapidez e facilidade na busca dos registros.
Ex. de questão cobrando esses requisitos:
Prova: FUNCAB - 2009 - PC-RO - Delegado de Polícia – r
Identidade médico-legal é o conjunto de características apresentadas por um indivíduo que o torna único. Assinale a opção INCORRETA acerca da identificação médico-legal. 
a) O sistema de identificação dactiloscópica de Vucetich é um processo de grande valia e de extraordinário efeito, porque apresenta os requisitos essenciais para um bom método: unicidade, praticabilidade, imutabilidade e classificabilidade; só não apresenta o requisito de perenidade.
b) Identificação médico-legal pode ser realizada em um indivíduo vivo ou em cadáver, inteiro, espostejado ou reduzido a ossos.
c) Na identificação médico-legal, são considerados os seguintes parâmetros: idade, sexo, raça, estatura e peso, pois, partindo-se do geral, chega-se ao particular, ao indivíduo.
d) Características ocasionais, tais como a presença de tatuagens, calos de fraturas ósseas e próteses dentárias, ósseas ou de outros tipos, não possuem valor para a antropologia forense.
e) Medidas de dimensões de ossos longos e comparações com tabelas podem dar ideia da estatura de indivíduos quando vivos.
Gabarito: D
Parte inferior do formulário
Identificação do vivo ou cadáver é mais fácil. Esqueleto é mais difícil, fundamenta-se em criteriosa investigação da espécie, raça, idade, sexo, estatura e principalmente das características individuais. Dessas as mais importantes são os dentes, mas para tanto é necessário existir previamente uma ficha dentária bem assinalada.
É importante diferenciar reconhecimento de identificação. O primeiro significa apenas o ato de certificar-se, conhecer de novo, admitir como certo ou afirmar conhecer. É uma afirmação laica de um parente ou conhecido, sobre alguém que se diz conhecer ou de sua convivência. Já o segundo é um conjunto de meios científicos ou técnicas específicas empregadas para que se obtenha uma identidade. É um procedimento médico-legal cuja finalidade é afirmar efetivamente por meio de elementos antropológicos ou antropométricos que aquele indivíduo é ele mesmo e não outro.
Identificação Médico-Legal
Exigem-se não só conhecimentos e técnicas médico-legais como também entendimento de suas ciências acessórias. Sempre feita por legistas. Pode ser efetuada quanto:
Espécie: distinção entre animais e humanos. Pode ser levado a efeito nos seguintes elementos:
Ossos: a distinção é feita o início pelo exame de suas dimensões e caracteres que os tornam diferentes. Microscopicamente a diferença é dada pela análise da disposição do tamanho dos canais de Havers que são em menor número e mais largos no homem, com até 8 por mm². Finalmente pelas reações biológicas, usando-se provas de anafilaxia, fixação do complemento e soroprecipitação.
Sangue: primeiro para saber se é sangue utiliza-se a técnica de procura dos cristais de Teichmann ou pela técnica de Addler.
	
	Cristais de Teichmann
	Técnica de Addler
	Reagente
	Ácido acético glacial
	Benzidina
	Positivo
	Cristais cor de chocolate
	Aparece cor azul-esverdeada que se transforma rapidamente em azul intenso
Depois se passa a identificação específica. Método mais seguro é albuminorreação ou processo de Uhlenhuth – consiste em colocar o sangue pesquisado em contato com soro preparado com diversos animais. A consecução do soroprecipitante para antígeno humano dá-se com soro sanguíneo humano recente.
Raça: tipos éticos fundamentais. Para Ottolengui são 5:
Caucásico: pele branca ou trigueira, cabelos lisos ou crespos, louros ou castanhos, íris azuis ou castanhas, contorno craniofacial anterior ovoide ou ovoide-poligonal, perfil facial ortognata e ligeiramente prognata.
Mongólico: pele amarela, cabelos lisos, face achatada de diante para trás, fronte larga e baixa, espaço interorbital largo, maxilares pequenos e mento saliente.
Negroide: pele negra, cabelos crespos em tufos, crânio pequeno, perfil facial prognata, fronte alta e saliente, íris castanhas, nariz pequeno, largo e achatado, perfil côncavo e curto, narinas espessas e afastadas, visíveis de frente e circulares.
Indianos: não se afigura como um tipo racial definido. Estatura alta, pele amarelo-trigueira, tendente ao avermelhado, cabelos pretos, lisos, espessos e luzidios, íris castanhas, crânio mesocéfalo, supercílios espessos, orelhas pequenas, nariz saliente, estreito e longo,barba escassa, fronte vertical, zigomas salientes e largos.
Australóide: estatura alta, pele trigueira, nariz curto e largo, arcadas zigomáticas largas e volumosas, prognatismo maxilar e alveolar, cintura escapular e pélvica estreita, dentes fortes, mento retraído, arcadas superciliares salientes e crânio dolicocéfalo.
Elementos de caracterização racial:
- forma do crânio: 
	Visto de cima para baixo
	Dolicocrânios (forma longa)
	Braquicrânios (formas curtas)
	Mesocrânios (formas médias)
	Diante para trás
	Esternocrânios (crânio alto e estreito)
	Tapinocrânios (baixo e largo)
	Metriocrânios (forma intermediária)
	Vistos lateralmente
	Hipsicrânios (altos)
	Platicrânios (baixos)
	Mediocrânios (intermediários)
- índice encefálico: 
	Dolicocéfalos 
	Mesaticéfalos 
	Braquicéfalos 
	Igual ou inferior a 75
	75 a 80
	Superior a 80
- índice tibiofemural = 
Brancos – inferior a 83
Negros – superior a 83
- índice radioumeral = = 
- negro: superior a 80
- branco: inferior a 75
- ângulo facial: determinação do prognatismo. É dado por uma linha que passa pelo ponto mais saliente da fronte e pela linha nasal anterior e por outra linha que vai da espinha nasal anterior ao meio da linha médioauricular conseguindo aproximadamente um ângulo de 76,5 para brancos, 72 para amarelos e 70,3 para negros.
- anatomia dentária: em relação a cúspide do primeiro molar inferior: forma mamelonada (branco), estrelada (negro), intermediária (amarelo).
Sexo: 
Sexo morfológico: configuração fenotípica
Sexo cromossomial: definido pela avaliação dos cromossomos sexuais e pelo corpúsculo fluorescente. Masculino (46 xy e tiver corpos fluorescentes), feminino ( 46 xx e ausência de corpos fluorescentes)
Sexo gonodal: masculino é portador de testículos e feminino de ovários.
Sexo cromatínico: determinado pelo corpúsculo de Barr que se encontra no nucléolo das células dos organismos femininos.
Sexo da genitália interna: masculino quando houve desenvolvimento dos ductos de Wolff e feminino ductos de Muller.
Sexo da genitália externa: masculino presença de pênis e escroto e feminino de vulva, vagina e mamas.
Sexo jurídico: designado no registro civil.
Sexo de identificação ou psíquico ou comportamental: identificação que o indivíduo faz de si próprio. Também chamado de sexo moral.
Sexo médico-legal: constatado por perícia médica nos portadores de genitália dúbia ou sexo aparentemente duvidoso.
No cadáver mutilado ou em fase de putrefação avançada: abrir cavidade abdominal.
No esqueleto: discriminação dos ossos: crânio, mandíbula, tórax e pelve.
	Homem
	Mulher
	Esqueleto maior, mais resistente e extremidades articulares maiores, crânio tem espessura óssea mais pronunciada, processos mastoideos mais salientes, rebordos superorbitários rombos, articulação frontonasal angulosa, apófises estiloides longas e grossas e mandíbula mais robusta. 
	Fronte é mais vertical, glabela menos pronunciada, arcos superciliares menos salientes, rebordos superorbitários cortantes, articulação frontonasal curva, apófises estiloides curtas e finas, mandíbula menos robusta. 
	Côndilos occipitais são longos, delgados e em forma de sola de sapato.
	Côndilos occipitais são curtos, largos e em forma de rim.
	Tórax: cone invertido, cintura escapular mais larga
	Tórax: ovoide, predominância de cintura pélvica
	Pelve: consistência óssea mais forte, rugas de inserção mais pronunciadas, dimensões verticais predominam sobre as horizontais.
	Pelve: diâmetro transversal supera altura da bacia, ângulo sacrovertebral é mais fechado e saliente para diante.
No estudo do dimorfismo sexual também se tem utilizado a distância entre foramens infraorbitários. Ainda no crânio pode-se determinar o sexo pelo índice de Baudoin 
Tem-se observado que no sexo masculino o comprimento e a largura mandibular são 0,5 cm a mais que os femininos e que estes apresentam os ramos da mandíbula mais largos e o ângulo mandibular mais aberto.
Idade: na vida intrauterina é feito pelo aspecto morfológico do feto ou embrião, pela sua estatura e pelos raios x. Do 1º ao 3º mês crescem 6cm/mês e do 4º em diante 5,5cm/mês. 
Na determinação da idade consideram-se os seguintes elementos: aparência, pele (rugas), pelos, globo ocular (elemento mais significativo – arco senil), dentes, radiografia dos ossos, suturas do crânio, ângulo mandibular. 
Estatura: no vivo é obtida com o indivíduo em pé, no cadáver com uma régua especial. Quando se tem só ossos longos usa-se a tábua osteométrica de Broca ou nas tabelas de Etienne-Rollet, de Trotter e Gleser, de Mendonça, de Lacassagne e Martin.
Sinais individuais: há certos sinais particulares que, mesmo não identificando uma pessoa, servem para excluí-la. Desta forma, todo e qualquer sinal apresentado por alguém é útil para ajudar na busca de sua identificação.
Malformações: características relevantes num processo de identificação quando se lhe faltam outros requisitos de maior valia.
Sinais Profissionais
Biótipo: hoje só tem relevo para psiquiatria.
Tatuagem
Cicatrizes: tem interesse não apenas quanto à identificação, mas também no que se refere a fatos ocorridos anteriormente. Podem ser traumáticas, por ação de agentes mecânicos, por queimaduras ou por ação de cáusticos, patológicas e cirúrgicas.
Identificação pelos dentes
A identificação pela arcada dentaria é algo relevante principalmente quando se trata de carbonizados ou esqueletos.
Sistema odontológico de Amoedo: levantamento completo do arco dentário e os assinalamentos de cada peça dentária, formando um conjunto individualizador. 
A identificação pelos dentes, levando em conta os requisitos de um bom método, no que diz respeito a cada uma das peças dentárias, não seria esse bom método. No entanto, no seu conjunto de caracteres, pode-se dizer que satisfaz, principalmente diante de certas circunstâncias. Pode-se dizer que a arcada dentária é a caixa preta do nosso corpo.
Outro elemento muito significativo nesse estudo é a valorização do conjunto dos dentes, caracterizado pelo que se chama de arcos dentários. São importantes na identificação de vítimas ou autores, nas lesões apresentadas por dentadas.
Arco dentário: sua curva representativa é sempre de elipse, excepcionalmente de parábola ou elipse alongada. V ou U são mais raras ainda.
A diferença entre o arco superior e inferior é feita através do estudo da oclusão que é o estado em que se encontram os dentes quando os maxilares superior e inferior estão fechados. O raio de curvatura do arco superior é maior do que do inferior. Outros elementos considerados são os pontos incisivos e a relação de inclinação dos molares.
Palatoscopia/rugoscopia palatina
Processo pelo qual pode-se obter a identificação humana inspecionando as pregas palatinas transversas encontradas na abóbada da boca. Consiste na reprodução que a impressão deixa nas saliências existentes no palato, que são facetas imutáveis. De acordo com a disposição dessas rugas chamadas inicial, complementar, subinicial ou subcomplementar, recebem elas a designação de números e letras e, depois de impressas em material próprio, de acordo com cada fórmula, terão seu destino em fichas para arquivamento. 
Queiloscopia
Em situações muito especiais, podem-se utilizar os sulcos da estrutura anatômica dos lábios, através de suas impressões quando os lábios estão com pintura ou batom comum (impressões visíveis) ou por meio de impressões deixadas pelos lábios cobertos apenas pela saliva (impressões latentes). Idealizado pelo norte-americano Lemoyne Snyder. Seu emprego é mais significativo na investigação criminal.
Identificação por sobreposição de imagens
Também conhecido por método de Piacentino ou craniofotocomparativo e consiste na identificação individual por demonstração fotográfica utilizando-se a superposição de negativos de fotos do indivíduo, tiradas em vida, sobre as do esqueleto do crânio. Não é um método de grande segurança. É usado quando falharem os mais significativos.
Os pontosmais importantes para a presumível identificação devem ser: arcadas orbitárias, espinha nasal, meato acústico externo, ângulo nasofrontal, dentes incisivos, prognatismo, forma do nariz e bordas alveolares.
Identificação pelo pavilhão auricular
Pavilhão auricular apresenta características individuais que persistem pela vida inteira e, por isso, na ausência de outros elementos mais significativos pode constituir um conjunto valioso na identificação humana. 
Os elementos mais importantes para se alcançar uma identidade são o contorno posterior e o superior, a forma da concha, a separação em relação ao plano lateral da cabeça e as suas dimensões, alterações e deformações.
A técnica deve basear-se na ampliação de fotografias, numa escala, do pavilhão auricular anteriormente registrado ou pela montagem de transparências raiadas em mm e numa mesma escala. Deve-se lembrar que as impressões da orelha esquerda são diferentes da direita.
Identificação por radiografias
Entre as comparações as que prestam melhor a uma identificação são as radiografias da fae em que possam ser analisados os seios frontais e maxilares.
Superposição craniofacial por vídeo
É relativamente recente e se baseia na superposição de fotografias ampliadas e radiografias do crânio.
Impressão digital genéticas do DNA
O polimorfismo do DNA é sem dúvida a prova mais avançada de que se dispõe no momento em termos de identificação, mas isso não quer dizer que a coincidência de um padrão de uma tira encontrada numa mancha de sangue, por exemplo, seja de modo inquestionável uma identificação confirmada. E mais: nunca iniciar um processo de identificação com uma metodologia mais sofisticada, principalmente quando se leva em conta a carência dos setores especializados. Só em última instância ela deve ser utilizada.
Identificação pelo registro de voz
O fundamento da prova está na comparação do registro da frequência da voz, na qual se encontram, entre outros, o número de vibrações por segundo e a excursão máxima e mínima da onda, desde a posição de repouso, a partir da comparação de palavras idênticas.
Identificação judiciária
A identificação judiciária ou policial independe de conhecimentos médicos e sua fundamentação reside, sobretudo, no uso de dados antropométricos e antropológicos para a identidade civil e caracterização dos criminosos, quer primários, quer reincidentes. Esse processo é efetuado por peritos em identificação.
Processos antigos: 
o ferrete foi talvez o 1º processo de identificação usado pelo homem. Consistia ele em marcar as pessoas com ferro em brasa.
Outro processo antigo foi a mutilação
Outros processos:
Assinalamento sucinto
Fotografia simples
Retrato falado
Sistema antropométrico de Bertillon: universalmente conhecido com o 1º método científico de identificação. Embasava-se ele em dados antropométricos, em descrição, e sinais individuais.
Sistema geométrico de Matheios: alicerça-se nas medidas de regiões fixas da face depois de uma certa idade. Todo trabalho é levado a cabo sobre fotografias.
Sistema dermográfico de Bentham: marcar cada um ao nascer
Sistema craniográfico de Anfosso
Sistema otométrico de Frigério: imutabilidade e pluralidade de formas dos pavilhões auriculares
Sistema oftométrico de Capdeville: detecção da cor e na medida dos olhos
Sistema oftalmoscópico de Levinsohn: fotografia do fundo de olho
Sistema radiológido de Levinsohn: radiografia do metacarpo e metatarso
Sistema flebográfico de Tamassia: imutabilidade individual e nas múltiplas ramificações venosas do dorso da mão por meio de fotografias
Sistema flebográfico de Ameuille: valeu-se do levantamento fotográfico dos ramos venosos da fronte
Sistema palmar de Stockes e Wild: registro dos delineamentos dos sulcos palmares
Sistema onfalográfico de Bert e Viamay: variabilidade formal da cicatriz umbilical
Sistema poroscópico de Locard: individualização e imutabilidade dos poros com que se abrem na pele as glândulas sudoríparas
Fotografia sinal ética de Bertillon: fotografar de frente e de perfil o indivíduo na redução fixa de 1/7
Sistema dactiloscópico de Vucetich
Sistema dactiloscópico de Vucetich
lançado em 1891, instituído oficialmente no Brasil em 1903, convertendo-se no método exclusivo e mais eficiente da ciência da identidade,, disputando a primazia de excelência com a impressão digital genética do DNA.
Vucetich definiu dactiloscopia como ciência que se propõe a identificar as pessoas, fisicamente consideradas, por meio das impressões ou reproduções físicas dos desenhos formados pelas cristas papilares das extremidades digitais.
Desenho digital: conjunto de cristas e sulcos existentes nas pontas dos dedos. Um dos elementos mais importantes é o delta (pequeno ângulo ou triangulo formado pelo encontro dos 3 sistemas de linhas).
A impressão digital põe à vista 2 ou 3 sistemas lineares: nuclear, basilar, marginal e na união deles o delta.
O nuclear é representado por linhas colocadas entre as basilares e as marginais.
O marginal é constituído pelas linhas superiores que se sobrepõe ao núcleo. 
E o basilar é composto pelas linhas que ficam na base da impressão digital, abaixo do núcleo.
A presença de 1, 2 ou nenhum delta numa impressão digital estabelece os 4 tipos fundamentais do sistema de Vucetich:
Verticilo: 2 deltas e 1 núcleo
Presilha externa: 1 delta a esquerda do observador e 1 núcleo voltado em sentido contrário
Presilha interna: 1 delta a direita do observador e 1 núcleo voltado em sentido contrário
Arco: ausência de deltas e apenas os sistemas de linhas basilares e marginais. Não tem núcleo.
Representação: letras maiúsculas para polegares e números para outros dedos (VEIA)
Verticilo – V – 4 
Presilha externa – E – 3	X = defeito
 Presilha interna – I – 2 	O = amputação
Arco – A – 1 
A impressão do polegar da mão direita denomina-se fundamental e é a base da classificação do sistema.
O método é realizado pelo estudo dos pontos característicos. Se se evidenciam 12 pontos característicos idênticos, numa e noutra impressão, em mesma localização e sem nenhuma discrepância, a identidade é estabelecida. Os pontos mais comuns são: o ponto, a cortada, a bifurcação, a forquilha e o encerro.
Registro inicial de identificação (recém-nascido)
Com o advento da lei 8069/90 – ECA, ficam os hospitais e estabelecimentos de atenção a saúde da gestante, públicos ou privados, na obrigação de manter pelo prazo mínimo de 18 anos os meios capazes de identificar o recém-nascido, mediante registro de sua impressão digital plantar e a impressão digital da mãe, sem prejuízo de outros procedimentos recomentados pela autoridade administrativa competente. Muitos admitem até que tais providências sejam tomadas também em relação ao natimorto. O ECA ainda prevê punição ao funcionário responsável que não identificar corretamente, por ocasião do parto. 
O registro inicial do recém-nascido é a da tomada de impressão plantar/plantograma/papilograma, antes do corte do cordão umbilical ou quando o médico assistente achar conveniente, seguindo a técnica de Preller que considera apenas o registro das impressões da região tenar (na base do 1º dedo do pé).
Tecnologias recentes
DNA – uma das técnicas mais conhecidas é a do PCR, capaz de em uma só célula permitir a identificação individual ou a determinação da paternidade e maternidade, quando se deparam com os padrões preestabelecidos. 
A identificação por meio das impressões plantares dos recém-nascidos, a partir do confronto das impressões digitais da mãe, vem acumulando cada vez mais certas dúvidas em face da limitação técnica ao interferir negativamente sobre a identificação, principalmente pelo embotamento dos sulcos plantares devido a edemas, prematuridade, maceração, impregnação de induto sebáceo, mecônio ou sangue, além dos equívocos e da negligência das impressões.
Traumatologia
Estuda lesões e estados patológicos, imediatos ou tardios, produzidos por violência sobre o corpo humano, nos seus aspectos do diagnóstico, do prognóstico e das suas implicaçõeslegais e socioeconômicas. Estuda também as diversas modalidades de energias causadoras desses danos.
As energias dividem-se:
Ordem mecânica
Ordem física
Ordem química
Ordem físico-química
Ordem bioquímica
Ordem biodinâmica
Ordem mista
Ordem mecânica
São aquelas capazes de modificar o estado de repouso ou de movimento de um corpo produzindo lesões em parte ou no todo. Os meios mecânicos vão desde armas propriamente ditas (punhais, revólveres, soqueiras), armas eventuais (faca, navalha, foice, facão, machado), armas naturais (punhos, pés, dentes), até os mais diversos meios imagináveis.
As lesões podem ter suas repercussões externa ou internamente. Podem ter como resultado o impacto de um objeto em movimento contra o corpo humano parado (meio ativo), ou o instrumento encontrar-se imóvel e o corpo humano em movimento (passivo) ou os dois se acharem em movimento (ação mista).
Esses meios atuam por pressão, percussão, tração, torção, compressão, descompressão, explosão, deslizamento e contrachoque.
Classificam-se em:
Perfurante – lesão puntiforme
Cortante – lesão cortante
Contundente – lesão contusa
Perfurocortante – lesão perfurocortante
Perfurocontundente – lesão perfurocontusa
Cortocontundente – lesão cortocontusa
Instrumentos perfurantes
Tem aspecto pontiagudo, alongado e fino de diâmetro transverso reduzido, com características bem próprias. Exemplos mais comuns: estilete, sovela, agulha, florete, furador de gelo. Atuam por pressão ou percussão, afastando as fibras do tecido e, muito raramente, seccionando-as. As feridas são chamadas de puntiformes ou punctórias pela exteriorização em forma de ponto. Características: abertura estreita, de raro sangramento, de pouca nocividade na superfície, e às vezes de grande gravidade na profundidade e, por fim, quase sempre de menor diâmetro que do instrumento causador, graças a elasticidade e à retratatibilidade dos tecidos cutâneos.
O trajeto dessas feridas é representado por um túnel estreito que se continua pelo tecido lesado. O ferimento de saída, quando isso ocorre, é em geral mais irregular e de menor diâmetro que o de entrada.
Quando o instrumento é de médio calibre, a forma das lesões assume aspecto diferente. Obedecem as leis de Filhos (Edouard Filhos) e Langer (Karl Ritter Von Langer):
1ª lei de Filhos: as soluções de continuidade dessas feridas assemelham-se às produzidas por instrumento de 2 gumes ou tomam aparência de “casa de botão”
2ª lei de Filhos: quando essas feridas se mostram numa mesma região onde as linhas de força tenham um só sentido, seu maior eixo tem sempre a mesma direção
Lei de Langer: na confluência de regiões de linhas de força diferentes, a extremidade da lesão toma o aspecto de ponta de seta, de triângulo ou mesmo quadrilátero.
Em seu trajeto, os instrumentos perfurantes podem produzir ferimentos que terminam em fundo de saco, numa cavidade, ou podem transfixar um segmento, redundando assim em 2 orifícios: um de entrada e um de saída, além de um trajeto. Orifício de entrada tem o formato de ponto, reduzida dimensão e pouco sangrante. Orifício de saída é parecido com o de entrada, mas com bordas discretamente evertidas.
Não se pode estabelecer o comprimento do meio perfurante pela profundidade de penetração.
Instrumentos cortantes
Agem através de um gume mais ou menos afiado, por um mecanismo de deslizamento sobre os tecidos e, na maioria das vezes, em sentido linear. A navalha, a lâmina de barbear e o bisturi são exemplos.
As feridas são chamadas cortantes ou fusiformes. Tem como características:
Forma linear: devido à ação cortante por deslizamento
Regularidade das bordas (deve-se ao gume mais ou menos afiado)
Regularidade do fundo da lesão: mesmo motivo anterior
Ausência de vestígios traumáticos em torno da ferida: em virtude da ação rápida e deslizante e, ainda, pelo fio de gume que não permite uma forma de pressão mais intensa. Não se observam escoriações, equimoses ou infiltrações hemorrágicas nas bordas ou em volta da ferida
Hemorragia quase sempre abundante: devido à fácil secção dos vasos, além disso, há maior retração dos tecidos superficiais, deixando o sangramento se processar livremente
Predominância do comprimento sobre a profundidade: deve-se à ação deslizante, à extensão usual do gume, ao movimento em arco exercido pelo braço do agente e ao abaulamento das muitas regiões ou segmentos do corpo. A extensão da ferida é quase sempre menor da que realmente foi produzida, graças à elasticidade e a retração dos tecidos moles lesados. Exceção: regiões onde os tecidos são mais ou menos fixos como palmas das mãos e planta dos pés
Afastamento das bordas das feridas: devido à elasticidade e tonicidade dos tecidos e é mais acentuado onde os tecidos cutâneos são mais solicitados pela ação muscular. A retração dos tecidos é um fenômeno exclusivo das lesões in vivo e depende do coeficiente de elasticidade de cada tecido. A maior retração é a da pele, seguindo de forma descendente na tela subcutânea, nos vasos sanguíneos, nos músculos e no tecido fibroso
Cauda de escoriação: o instrumento cortante, agindo por deslizamento e seguindo direção de semicurva, deixa ao final do ferimento uma cauda de escoriação. Tem grande importância no diagnóstico da direção do ferimento, na diferença entre homicídio e suicídio, na forma de crime e na posição do agressor.
Vertentes cortadas obliquamente
Centro da ferida é sempre mais profundo
As paredes da ferida são lisas e regulares, a não ser quando atingidos planos superpostos de estrutura e elasticidade diferentes
Perfil de corte de aspecto angular, quando o instrumento atua de forma perpendicular ou em forma de bisel quando o instrumento atua em sentido oblíquo ao plano atingido.
Obs.: aspecto angular: abertura para fora, ou seja, bem afastadas na superfície e seu término em ângulo agudo, numa legítima forma de V.
O prognóstico desses ferimentos é, em geral, de pouca gravidade, a não ser que sejam eles profundos e venham a atingir vasos ou nervos e até mesmo órgãos, como no esgorjamento, levando a vítima em muitas ocasiões à morte. 
No tocante às causas jurídicas das feridas devem-se levar em conta outros dados como o número de lesões, regiões atingidas, direção, profundidade e regularidade.
Conjunto de lesões:
Esquartejamento: dividir o corpo em partes por amputação ou desarticulação
Castração
Decapitação: separação da cabeça do corpo. Observam-se com mais frequência as decapitações post mortem
Haraquiri: feridas profundas na parede abdominal. As lesões mais comuns nesses episódios são o amplo ferimento, grandes hemorragias, eventrações e eviscerações
Esgorjamento: longa ferida transversal do pescoço, de significativa profundidade, lesando além dos planos cutâneos, vasculonervosos e musculares, órgãos mais internos como esôfago, laringe e traqueia. Nos casos de suicídio quando o indivíduo é destro o ferimento se dá da esquerda para direita e sua localização é mais anterolateral esquerda e termina ligeiramente voltada pra baixo. Sua profundidade é maior no início da lesão. As lesões de faringe e traqueia no suicídio são menos graves. Na maioria das vezes a mão da vítima que segura a arma está suja de sangue. Podem haver várias marcas no pescoço traduzidas por tentativas frustradas principalmente quando elas são paralelas e próximas umas das outras. A morte se verifica por hemorragia pela secção dos vasos do pescoço; por asfixia devido a secção da traqueia e aspiração do sangue e por embolia gasosa, por secção das veias jugulares.
Instrumentos contundentes
Sãos os maiores causadores de danos. Sua ação é quase sempre produzida por um corpo de superfície e suas lesões mais comuns se verificam externamente, embora possam repercutir na profundidade. Agem por pressão, explosão, deslizamento, percussão, compressão, descompressão, distensão, torção, fricção, por contragolpe ou de forma mista. Geralmente tem superfície plana que pode ser lisa, áspera, anfratuosa ou irregular. Geralmente são sólidos.
A contusão pode ser ativa, passiva ou mista.As lesões produzidas sofrem uma incrível variação, entre elas temos:
Rubefação: não chega a ser uma lesão. Caracteriza-se pela congestão repentina e momentânea de uma região do corpo atingida pelo traumatismo, evidenciada por uma mancha avermelhada, efêmera e fugaz que desaparece em minutos
Escoriação: tem quase como resultado a ação tangencial dos meios contundentes. Pode ser encontrada isolada ou associada a outras modalidades de lesões contusas mais graves. Define-se como o arrancamento da epiderme e o desnudamento da derme, de onde fluem serosidade e sangue. Para Simonin: erosão epidérmica; para Dalla Volta: abrasão.
Escoriação típica é aquela que atinge apenas a epiderme. Quando a derme é atingida já passa a ser uma ferida. Não cicatriza, não deixa marcas, a regeneração é por reepitelização.
Nas escoriações post mortem não há formação de crosta. O leito da escoriação é seco, descorado, apergaminhado.
Escoriações ungueais ou rastros escoriativos ungueais no pescoço ou em volta das asas do nariz, são importantes instrumentos na suposição homicida. Nas coxas, nas mamas, nos genitais externos, nas nádegas, supõe-se parte da agressão sexual.
Equimose: infiltração hemorrágica nas malhas dos tecidos. Em geral são superficiais, mas podem surgir nas massas musculares, nas vísceras e no periósteo. Quando se apresenta em forma de grãos recebe o nome de sugilação; quando em forma de estrias é chamado de víbice. Petéquias são as pequenas equimoses, quase sempre agrupadas e caracterizadas por um pontilhado hemorrágico.
Nem sempre surgem de imediato ou nos locais do traumatismo.
A forma das equimoses significa muito para os legistas já que as vezes imprime com fidelidade a marca dos objetos que lhe deram origem. Ex.: marca de pneu – estrias pneumáticas de Simonin.
Quando produzida por objeto cilíndrico como bastões, cassetetes, bengalas, deixa duas equimoses longas e paralelas, conhecidas como víbices.
	Tonalidade
	Dias
	vermelha
	1º dia
	violácea
	2º e 3º
	azul
	4º ao 6º
	esverdeada
	7º ao 10º
	amarelada
	12º em diante
	
	15º a 20º desaparece
O valor cronológico dessas alterações é relativo. O tempo de duração e por consequência a implicação na modificação da tonalidade das equimoses variam de acordo com a quantidade e a profundidade do sangue extravasado, com a elasticidade do tecido que pode ou não facilitar a reabsorção, com a capacidade individual de coagulação, com a quantidade e o calibre dos vasos atingidos e com algumas características das vítimas como idade, sexo, estado geral, etc.
Equimoses da conjuntiva ocular não sofrem a sucessão de tonalidades em virtude de ser a conjuntiva muito porosa e de oxigenação fácil. Essa se mantém de colorido vermelho até sua total reabsorção. 
A sucessão de tonalidades tem como explicação a transformação da hemoglobina extravasada das hemácias em hematina e globina. A primeira vai se reduzindo aos sesus produtos finais de decomposição – hematoidina e hemossiderina.
Há também o estudo histológico da evolução da equimose – Módica, em Viena.
O diagnóstico diferencial deve ser feito com o livor hipostático. A equimose apresenta sangue coagulado, presença de malhas de fibrina, infiltração hemorrágica, presença em qualquer lugar do corpo, sangue fora dos vasos, rotura de vasos e mais particularmente de capilares, sinais de transformação de hemoglobina e ausência de meta-hemoglobina. O livor hipostático mostra exatamente o oposto.
Hematoma: maior extravasamento de sangue de uma vaso bastante calibroso e a sua não difusão nas malhas dos tecidos moles. Formam-se no interior dos tecidos, verdadeiras cavidades, onde surge uma coleção sanguínea. Pelo tato percebe-se a sensação de flutuação. 
Em geral faz relevo na pele, tem delimitação mais ou menos nítida e é de absorção mais demorada que a equimose
Bossa sanguínea: diferencia-se do hematoma por apresentar-se sempre sobre um plano ósseo e pela sua saliência bem pronunciada na superfície cutânea. Muito comum nos traumatismos do couro cabeludo. Vulgarmente conhecido como galo.
Ferida contusa: lesões abertas cuja ação contundente foi capaz de vencer a resistência e elasticidade dos planos moles. São produzidas por compressão, pressão, percussão, arrastamento, explosão e tração. Apresentam as seguintes características
Forma estrelada, sinuosa ou retilínea (mais raro);
Bordas irregulares, escoriadas e equimosas
Fundo irregular
Vertentes irregulares
Presença de pontes de tecido íntegro ligando as vertentes
Retração das bordas da ferida
Pouco sangrantes, pois a compressão exercida pelo meio esmaga a luz dos vasos
Integridade de vasos, nervos e tendões no fundo da lesão
Ângulo tendendo a obtusidade
Fraturas: decorrem de mecanismos de compressão, flexão ou torção e caracterizam-se pela solução de continuidade dos ossos. Podem ser diretas quando se verificam no próprio local do traumatismo e indiretas quando provém da violência numa região mais ou menos distante do local fraturado.
Pode ser ainda fechada (subcutânea) ou aberta (exposta). Quanto à extensão classificam-se em completas e incompletas.
Quanto a orientação: transversais, longitudinais, oblíquas, espiraladas, em hélice, em passo de parafuso, em galho verde, em T, em Y.
Diagnóstico deve ser orientado pela dor local espontânea e aumentada com os movimentos e pela palpação, redução dos movimentos, deformidades, execução de movimentos anormais, sensação pela palpação de ossos crepitando e raio X.
Luxações: deslocamento de dois ossos cujas superfícies de articulação deixam de manter suas relações de contato que lhes são comuns. Podem ser completas ou incompletas, fechadas ou expostas.
Entorses: lesões articulares provocadas por movimentos exagerados dos ossos que compõe uma articulação, incidindo apenas sobre os ligamentos.
Rotura de vísceras internas: circunstâncias que condicionam ou agravam essas lesões = força do traumatismo, região atingida, condições fisiológicas especiais, certas condições patológicas. Pode ser por compressão, pressão, percussão, tração e explosão.
Vísceras mais comumente atingidas: fígado, baço, rins, pulmão, intestinos, pâncreas, suprarrenais.
Teorias que explicam o mecanismo das roturas:
Pressão hidráulica: aplicada aos órgãos ocos (lei de Pascal)
Hipercurvatura: sempre transversal nas faces anterior e posterior das vísceras encurvadas e será longitudinal se o traumatismo for em sentido lateral (sinais de Vinokurova)
Modificações de forma
Prolapso de vísceras internas: efeito de uma violenta pressão sobre o abdome ou tórax.
Lesões produzidas por artefatos explosivos: as lesões produzidas podem ser por ação mecânica e por ação da onda de explosão.
Lesões por martelo: quando a ação é em sentido perpendicular a fratura é perfurante ou fratura em vazador ou fratura em saca-bocados de Strassmann. Também pode ocorrer afundamento parcial e uniforme com inúmeras fissuras em formas de arcos e meridianos (sinal do mapa-mundi de Carrara). Quando tangencialmente produz fratura de forma triangular – sinal de terraza de Hoffmann.
Encravamento: produzida por penetração de um objeto afiado e consistente em qualquer parte do corpo. Quase sempre acidental.
Empalamento: forma especial de encravamento
Lesões por achatamento: também chamadas por esmagamento. Provenientes de violenta ação por pressão ou compressão sobre o corpo ou parte dele. Apresentam escoriações de arrastão, feridas contusas com desgarramento de retalhos de pele, hematomas, fraturas costais, cranianas, membros superiores e inferiores e roturas viscerais.
Lesões por arrancamento
Lesões por cinto de segurança
Lesões produzidas por explosão de airbags
Lesões por atropelamento terrestre
Balística
Ferimento de entrada
	Encostado
	Curta distância
	Longa distância
	Forma irregular, dentiada ou com entalhes
	Forma arredondada ou elíptica
	Diâmetro menor que o projétil
	Câmara de mina de Hoffmann
	Orla de escoriação
	Forma arredondada ou elíptica
	Sinal de Benassi
	Bordas invertidas
	Orla de escoriaçãoSinal de Werkgaertner
	Halo de enxugo
	Halo de enxugo
	Sinal de Shusskanol
	Halo ou zona de tatuagem 
	Aréola equimótica
	
	Orla ou zona de esfumaçamento
	Bordas reviradas pra dentro (invertidas)
	
	Zona de queimadura
	
	
	Aréola equimótica
	
	
	Zona de compressão de gases
	
Ferimento de saída
forma irregular 
bordas reviradas para fora (evertidas)
maior sangramento
não há orla de escoriação nem halo de enxugo nem a presença dos elementos químicos resultantes da decomposição da pólvora (carboxi-hemoglobina, nitratos, enxofre)
maior infiltração gordurosa (prova histológica de Okros – no ferimento de entrada por esse critério há presença de um anel de fibras colágenas)
Métodos de análise de resíduos de disparo
*Esse tópico não é do livro do França.
Ordem física
Estudam-se as lesões produzidas por uma modalidade de ação capaz de modificar o estado físico dos corpos e de cujo resultado podem surgir ofensa corporal, dano à saúde ou morte. As mais comuns são: temperatura, pressão atmosférica, eletricidade, radioatividade, luz e som.
Temperatura
Suas modalidades são o frio, o calor e a oscilação de temperatura.
Frio: pode atuar de maneira individual ou coletiva e sua natureza jurídica ocorre no crime, suicídio e, mais habitualmente, no acidente.
Na ação generalizada do frio não existe uma lesão típica. A perícia deve orientar-se pelos comemorativos, dando valor ao estudo do ambiente e, ainda, aos fatores individuais da vítima, tais como fadiga, depressão orgânica, idade, alcoolismo e certas perturbações mentais. A ação do frio leva a alterações do sistema nervoso, sonolência, convulsões, delírios, perturbação dos movimentos, anestesias, congestão ou isquemia das vísceras, podendo advir a morte quando tais alterações assumem maior gravidade.
O diagnóstico de morte pela ação do frio é difícil. Têm-se alguns elementos como: hipóstase vermelho-clara, rigidez cadavérica precoce, intensa e extremamente demorada, sangue de tonalidade menos escura, sinais de anemia cerebral, congestão polivisceral, repleção das cavidades cardíacas, espuma sanguinolenta nas vias respiratórias, erosões e infiltrados hemorrágicos na mucosa gástrica (Sinal de Wishnewski) e na pele poderão ser observadas flictenas semelhantes às das queimaduras.
A ação localizada do frio, também conhecida como geladura, produz lesões muito parecidas com as queimaduras pelo calor e tem sua classificação em graus:
1º grau: caracterizado pela palidez ou rubefação local e aspecto anserino da pele;
2º grau: pelo eritema e formação de bolhas ou flictenas de conteúdo claro e hemorrágico 
3º grau: necrose dos tecidos moles com formação de crostas enegrecidas, aderentes e espessas
4º grau: gangrena ou desarticulação
Calor: Pode atuar de forma difusa ou direta.
Calor difuso = ocorre de duas maneiras:
Insolação: proveniente do calor ambiental em locais abertos ou raramente em espaços confinados concorrendo para tanto além da temperatura, raios solares, ausência de renovação do ar, a fadiga, o excesso de vapor d’água. A interferência do sol não desempenha maior significação nessa síndrome segundo se julgava anteriormente. Há de se levar em conta também alguns fatores intrínsecos como estado de repouso ou atividade, patologias preexistentes, principalmente as ligadas aos sistemas circulatório e respiratório, metabolismo basal, hipofunção paratireoidiana e suprarrenal do indivíduo.
Intermação: excesso de calor ambiental, lugares mal arejados, quase sempre confinados ou pouco abertos e sem a necessária ventilação, surgindo, geralmente de forma acidental. Alguns fatores como alcoolismo, falta de ambientação climática, vestes inadequadas, são elementos consideráveis.
Os sintomas variam de caso para caso. Nos resultados letais não se encontram características iguais. Podem apresentar secreção espumosa e sanguinolenta das vias respiratórias, precocidade da rigidez cadavérica, putrefação antecipada, congestão e hemorragia das vísceras (coup de chauleur). Diagnóstico é feito pelos antecedentes, pela análise das condições locais e pela ausência de outras leões sugestivas de causa mortis.
Calor direto = tem por consequência as queimaduras advindas das ações chamas, do calor irradiante, dos gases superaquecidos, dos líquidos escaldantes, sólidos quentes, raios solares. São lesões produzidas geralmente por agentes físicos de temperatura elevada, que agindo sobre os tecidos produzem alterações locais e gerais cuja gravidade depende da extensão e profundidade.
A classificação das queimaduras em ML toma como princípio a profundidade das lesões ao contrário do critério clínico que se baseia na área corporal atingida que utiliza a regra dos noves de Pulaski e Tennisson.
Classificação em graus:
	Hoffmann (melhor e mais usada)
	Dupuytren
	1º grau: eritema simples, edema e dor (sinal de Christinson)
2º grau: vesículas ou flictenas com interior líquido e amarelo-claro, seroso, rico em albuminas e cloretos (sinal de Chambert)
3º grau: coagulação necrótica dos tecidos moles; incide até os planos musculares; mais facilmente infectadas e menos dolorosas (geralmente produzidas por chamas ou sólidos superaquecidos)
4º grau: carbonização do plano ósseo
	1º grau: eritema
2º grau: flictenas
3º grau: desorganização da epiderme com comprometimento da camada de Mapighi
4º grau: destruição total da pele
5º grau: formação de escaras negras
6º grau: carbonização
Sinal de Montalti – fuligem nas vias respiratórias.
É importante que a perícia leve em conta alguns fenômenos que podem confundir como bolhas de putrefação, soluções de continuidade da pele e do panículo adiposo, disjunção dos ossos do crânio, fratura dos ossos longos e coleção hemática no espaço extradural, pois estes são próprios dos queimados por alta temperatura.
Nas queimaduras oriundas de líquidos e gases superaquecidos as lesões não são tão profundas quanto as produzidas pelas chamas e os cabelos não se chamuscam nem se carbonizam. As oriundas de sólidos superaquecidos mostram-se de dimensões limitadas, podem deixar a marca dos objetos e sua profundidade depende da intensidade térmica produzida. As motivadas pelas chamas dirigem-se de baixo para cima e pelos líquidos de cima para baixo.
Morte imediata: estaria justificada pela exsudação plasmática aguda com diminuição do volume circulatório (teoria humoral) ou pela desintegração das albuminas cujo efeito é semelhante ao choque anafilático.
Morte tardia: apresenta no transcurso de vários dias um processo infeccioso, sendo o mais comum a broncopneumonia além de hemorragia intestinal, de processo hepatotóxico e de insuficiência renal aguda.
Temperaturas oscilantes: interessa aos casos de acidentes de trabalho bem como às doenças profissionais.
Pressão atmosférica
Quando alterna para mais ou para menos do normal pode importar em danos à vida ou à saúde do homem. Portanto, merece a consideração da perícia médico-legal.
Diminuição da pressão atmosférica: a p.a. normal corresponde a uma coluna de mercúrio de 760mm ao nível do mar ou também 1036kg/cm² o que equivale a 1 atmosfera. A medida que subimos essa pressão diminui e o ar fica rarefeito. Há diminuição de O2 e CO2 e a composição do ar altera o fenômeno da hematose. Sintomas mais comuns: cefaleia, dispneia, anorexia, fadiga, insônia, tonturas e vômito. 
Anoxia: explicado pela diminuição da pressão parcial do oxigênio no interior dos alvéolos. Isso força o coração a trabalhar mais no sentido de compensar a carência de O2 .
Aumento da pressão atmosférica: sofrem esse tipo de ação os mergulhadores, escafandristas e outros profissionais que trabalham debaixo d’água ou túneis subterrâneos. O aumento da p.a. ao mesmo tempo que acarreta uma patologia de compressão caracterizada pela intoxicação por O2 , nitrogênio e CO2 , produz também uma patologia de descompressão, proveniente do fenômeno da embolia, consequente à maior concentração dos gases dissolvidos no sangue = barotraumas.
Eletricidade
Natural ou cósmica e artificial ou industrial.
Anatural quando agindo letalmente sobre o homem denomina-se fulminação e quando provoca apenas lesões corporais chama-se fulguração. 
Obs.: concursos que utilizam o livro do Hygino como bibliografia, como é o caso do RJ, a ação da eletricidade natural recebe o nome de fulguração independentemente se leva ou não a morte.
As lesões externas tomam aspectos arboriforme, cognominadas de sinal de Lichtenberg. Podem surgir outras alterações como queimaduras, hemorragias musculares, rotura de grossos vasos e até mesmo do coração, fraturas ósseas, congestão e hemorragia dos globos oculares, congestão polivisceral, fluidez do sangue, distensão dos pulmões e equimoses subpleurais e subpericárdicas.
A eletricidade artificial tem por ação uma síndrome chamada eletroplessão. As lesões superficiais dessa forma alteram-se de acordo com a corrente de alta ou baixa tensão. A mais típica é conhecida como marca elétrica de Jellinek, embora nem sempre esteja presente. Constitui-se numa lesão da pele, tem forma circular, elíptica ou estrelada, de consistência endurecida, bordas altas, leito deprimido, tonalidade branco-amarelada, fixa, indolor, asséptica e de fácil cicatrização. Pode apresentar também a forma do condutor elétrico. As lesões por corrente elétrica no couro cabeludo são semelhantes às da pele, porém verificam-se grandes perdas de tecido. Quanto aos pelos só as pontas ficam chamuscadas. Por meio de raspagem do local onde se encontra essa lesão é possível identificar em laboratório a presença de metais fundidos pela ação local da corrente elétrica e com isso ter a composição química do condutor.
Quando a eletricidade é de alta tensão dá margem às lesões mistas, ou seja, à marca elétrica e à queimadura. 
	Marca elétrica
	Queimadura elétrica
	Representa exclusivamente a porta de entrada da corrente elétrica podendo passar despercebida ou ausente.
	São resultantes do calor de uma corrente, tem forma de escara pardacenta ou escura, apergaminhada, bordas nítidas, sem área de congestão, nem tampouco presença de flictenas. 
Pode ser cutânea, muscular, óssea e até visceral, dependendo do efeito e da lei de Joule (o calor desenvolvido por uma corrente elétrica é proporcional à resistência do condutor, ao quadrado da intensidade e ao tempo durante o qual passa pelo condutor).
Piga classificou as queimaduras elétricas cutâneas em 3 formas:
- tipo poroso: com aspecto das imagens histológicas do pulmão.
- tipo anfratuoso: parecido com esponja rota e gasta
- tipo cavitário: em forma de crateras com zonas de tecidos carbonizados. 
Há também lesões muito graves que vão desde a amputação de membros até secção completa do corpo. Algumas vezes se encontram nos pés a lesão denominada de saída. 
Outro ferimento superficial é a metalização elétrica = destacamento da pele com fundo de lesão impregnado de partículas da fusão e vaporização dos condutores elétricos. Podem surgir também os salpicos metálicos = incrustação de pequenas partículas de metal distribuídas de forma dispersa.
A ação da eletricidade cósmica de forma fatal pode criar dúvidas, pois nem sempre a vítima apresenta lesões tegumentares, mas tão somente lacerações das vestes devido à explosão do raio. Uma das lesões típicas é a queimadura nos locais próximos de objetos metálicos como fivelas, medalhas, etc. Na maioria das vezes esses metais ficam imantados. As lesões produzidas por raios tem variações as mais distintas que vão desde as figuras arborescentes até as queimaduras mais ou menos profundas, semelhantes àquelas produzidas por eletricidade artificial. A necropsia revela sempre sinais de asfixia, a não ser que a vítima, arremessada a grande distância venha a morrer de traumatismo indireto.
Quem sobrevive pode apresentar depois surdez quase sempre unilateral. Podem apresentar também sérias lesões no aparelho visual.
A etiologia da morte é justificada por 3 teorias:
Morte pulmonar: por causa dos edemas no pulmão, enfisema subpleural, congestão polivisceral, coração mole contendo sangue escuro e líquido, hemorragias puntiformes subpleurais e subpericárdicas, congestão da traqueia e dos brônquios, com secreção espumosa e sanguinolenta.
Morte cardíaca: provocada pela contração fibrilar do ventrículo alternando-lhe a condução elétrica normal.
Morte cerebral: hemorragia das meninges, hiperemia dos centros nervosos, hemorragia das paredes ventriculares do cérebro, do bulbo, dos cornos anteriores da medula espinhal e edema da substância branca e cinzenta do cérebro, lesões estas com que sempre se defronta a necropsia.
Essas causas variam conforme a intensidade da corrente:
Alta tensão, acima de 1200 volts: morte cerebral, bulbar e cardiorrespiratória
Tensões de 1200 a 120 volts: morte é por tetanização respiratória e asfixia
Abaixo de 120 volts: por fibrilação ventricular e parada cardíaca.
Perícia: nos casos de eletroplessão deve buscar a existência de marcas elétricas, pelas alterações respiratórias, cardíacas e encefálicas e pela ausência de outros tipos de lesões que justifiquem a morte. Depoimentos de testemunhas. Busca das lesões de entrada e saída.
Sinal de Piacentino: intenso pontilhado hemorrágico nas regiões cervicais e dorsais e na face lateral do tórax em forma de micropápulas cianóticas.
Radioatividade
Tem seu motivo nos raios X, no rádio e na energia atômica.
Raio X: são de implicações médico-legais mais assiduamente e podem perpetrar lesões locais e gerais. Locais: radiodermites. Gerais: incidem sobre órgãos profundos, principalmente gônadas. 
Radiodermatites podem ser agudas ou crônicas:
Agudas: as de 1º grau, geralmente temporárias, apresentam 2 formas: depilatória e eritematosa. Essa fase dura cerca de 60 dias e deixa mancha escura que desaparece muito lentamente. As de 2º grau, de forma de pápulo-eritematosa, são representadas geralmente por ulceração muito dolorosa e recoberta por crosta soropurulenta. Tem cicatrização difícil, deixando em seu lugar uma placa esbranquiçada de pele rugosa, frágil e de características atípicas. As de 3º grau, de forma ulcerosa, estão representadas por zonas de necrose, de aspecto grosseiro e grave. São conhecidas por úlceras de Röentgen.
Crônicas: podem ser locais e apresentar forma úlcera-atrófica, teliangiectásica ou neoplásica. Essa última também chamada de câncer cutâneo dos radiologistas ou câncer röentgeniano. Podem ser ainda de efeitos gerais compreendendo várias síndromes: digestivas, cardíacas, oculares (úlcera de córnea e cataratas), ginecológicas, esterelizantes, cancerígenas, sanguíneas e mortes precoces.
Rádio: pode ter ação externa ou interna.
Arma nuclear: efeitos de ordem traumática (explosão), térmica (queimaduras) e radioativa.
Luz e som
Podem comprometer gravemente os respectivos órgãos dos sentidos, produzindo lesões e perturbações de ordem funcional que em muitas ocasiões implicam perícia médico-legal.
Luz: pode levar a cegueira total.
Som: alterações no aparelho auditivo; epilepsia acustogênica.
Ruído: fenômeno físico vibratório, audível, de características indefinidas e frequência desarmônica.
Barulho: qualquer tipo de som indesejável e inútil.
TTS: perda auditiva temporária.
Ruído aceito pela legislação: 85 decibéis
Perícias: feita por anamnese, otoscopia e testesaudiométricos.
Energias de ordem química
Estuda-se todas as substâncias que por ação física, química ou biológica, são capazes de, entrando em reação com os tecidos vivos, causar danos à vida ou à saúde. Podem agir externa (cáusticos) ou internamente (venenos).
Cáusticos: substâncias que, de acordo com sua natureza química, provocam lesões tegumentares mais ou menos graves. Podem resultar em efeitos coagulantes ou liquefacientes:
Coagulantes: desidratam os tecidos e lhes causam escaras endurecidas e de tonalidade diversa. Ex.: nitrato de prata, acetato de cobre e cloridrato de zinco.
Liquefaciente: escaras úmidas, translúcidas, moles e tem como modelo a soda, a potassa e amônia.
A gravidade da lesão varia de acordo com a quantidade, concentração e natureza do cáustico. Seu prognósticodepende do seu desdobramento por infecção, cicatrizes retráteis ou lesões mais graves como a cegueira. A diferença das escaras, se produzidas em vida ou post mortem nem sempre é fácil. E a identidade da substância é feita pelo aspecto das lesões e por reações químicas. 
	Substância
	Aspecto 
	Ácidos
	Escaras secas e de cor variável:
-sulfúrico = esbranquiçada
- nítrico = amarelada
- clorídrico = cinza-escuras
- fênico = esbranquiçada
	Álcalis 
	Escaras úmidas, moles e untosas
	Sais 
	Escaras geralmente brancas e secas
A identidade também pode ser feita quimicamente:
- ácido sulfúrico: com cloreto de bário a 10% dando precipitado branco
- ácido nítrico: com paradifenilamina mostrando cor azul
- ácido clorídrico: com nitrato de prata resultando em cor esbranquiçada que enegrece com luz
- potassa: com cobaltinitrito sódico dando precipitado amarelado.
Quando tais lesões são criminosas os locais mais afetados são face e regiões do pescoço e tórax. Essas formas de lesão ficaram conhecidas com vitriolagem. 
Quando produzidas após a morte não tem propriamente a forma de escara, mostram-se apergaminhadas e de tonalidade marrom-escura. Sob o ponto de vista histológico não apresentam reação vital através dos exames histoquímicos e histológicos.
Venenos: nada mais difícil que definir veneno. Entre os elementos da resistência individual que alteram a maior ou menor ação maléfica do veneno, citem-se a idade, o sexo, a tolerância adquirida, as condições hepáticas, estado de repleção do estômago, entre outros. Pode-se conceituar veneno como qualquer substância que introduzida pelas mais diversas vias no organismo,mesmo homeopaticamente, danifica a vida ou a saúde. Classificam-se em:
- Quanto ao estado físico: líquidos, sólidos e gasosos.
- Quanto à origem: animal, vegetal , mineral e sintético.
- Quanto às funções químicas: óxidos, bases, ácidos e sais (funções inorgânicas), hidrocarbonetos, álcoois, acetonas e aldeídos, ácidos orgânicos, ésteres, aminas, aminoácidos, carboidratos e alcaloides.
- Quanto ao uso: doméstico, agrícola, industrial, medicinal, cosmético e venenos propriamente ditos.
O percurso do veneno através do organismo tem as seguintes fases: penetração, absorção, distribuição, fixação, transformação, eliminação, mitridatização, toxidade, intolerância, sinergismo e equivalente tóxico.
Vias de penetração: oral, gástrica, retal, inalatória, cutânea, subcutânea, intramuscular, intraperitoneal, intravenosa, intra-arterial e intratecal. A orogastrointestinal é a mais usada.
Absorção: gastrointestinal é a mais comum e a pulmonar a mais grave. A velocidade depende da solubilidade, concentração, superfície de contato e via de penetração.
Transformação: processo pelo qual o organismo tenta se proteger através de reações cujos resultados são derivados mais solúveis, menos agressivos e mais fáceis de serem eliminados.
Distribuição: veneno penetra na circulação.
Eliminação: veneno é expelido seguindo as vias naturais.
Mitridatização: caracterizado pela elevada resistência orgânica aos efeitos tóxicos dos venenos.
Toxidade: propriedade que tem determinada substância de causar internamente, por efeito químico, um dano a um organismo vivo.
Intolerância: exaltada sensibilidade a pequenas doses de veneno.
Sinergismo: ação potencializadora dos efeitos tóxicos decorrentes da ingestão simultânea de várias substâncias venenosas.
Equivalente tóxico: quantidade mínima de veneno capaz de, por via intravenosa, matar 1kg do animal considerado.
Envenenamento
Conjunto de elementos caracterizadores da morte violenta ou do dano à saúde ocorridos pela ação de determinadas substâncias de forma acidental, criminosa ou voluntária.
Alguns fazem distinção entre intoxicação e envenenamento:
Intoxicação: quadro caracterizado por reações do metabolismo interno, de origem acidental e estudado juntamente com as energias de ordem bioquímica;
Envenenamento: caráter quase sempre intencional, de origem exógena e rotulado como produzido por uma energia de ordem química.
O envenenamento pode ser agudo ou crônico, apresentando manifestações e importância bem diferentes. Porém, evidencia-se em ambos manifestações inespecíficas (próprias da síndrome geral de adaptação) e manifestações específicas (identificadas por fenômenos da patologia orgânica para cada grupo de venenos.
Diagnóstico
Critério clínico: análise dos sintomas e sinais apresentados e na marcha progressiva do envenenamento em relação aos antídotos ministrados.
Critério circunstancial: conclui a partir de circunstâncias ligadas ao evento e, em virtude disso, é também chamado de critério histórico ou policial. Baseia-se no estudo do local de mote, testemunhas, presença de determinadas substâncias, etc.
Critério anatomopatológico: geralmente utilizado nas lesões produzidas por substâncias cáusticas cuja ação corrosiva é mais grave do que os efeitos do envenenamento.
Critério físico-químico ou toxicológico: tem por princípio isolar, identificar e dosar no material examinado as substâncias tóxicas suspeitas por meios qualitativos e quantitativos específicos. Embora seja bem completo não é, por si só, definitivo.
Critério experimental: comum quando os meios químicos-analíticos se mostram ineficazes, como na suspeita de envenenamento ofídico. Experimenta-se em laboratório e analisa sintomas.
Critério médico-legal: mais importante, vez que é a síntese de todos os outros e um raciocínio lógico, tomando como subsídio de sua dedução dos demais dados disponíveis e a ausência de outras lesões que possam justificar o envenenamento. Os subsídios mais valiosos são a análise toxicológica ou físico-química e os achados anatomopatológicos colhidos da vítima. 
Nos mortos o diagnóstico deve ter como base a perinecroscopia, a necropsia e exames complementares.
Síndrome de body-packer
Conhecida também como mula ou correio, é usada para aqueles que conduzem no interior de seus organismos (estômago e intestinos) drogas ilícitas. Diferente do body pusher que transporta nos orifícios naturais.
Essa síndrome por alguns efeitos, os mais graves quando do rompimento de pequenas bolsas ou cápsulas contendo droga no interior do estômago ou intestino. O diagnóstico no vivo da presença dessas cápsulas é feito por estudo radiológico do abdome. Na necropsia, além da presença do material nota-se um aumento e dilatação dos intestinos e estômago.
No estudo histopatológico pode-se evidencia congestão vascular generalizada e extensas zonas hemorrágicas ou congestas da mucosa gastrointestinal. Demais órgãos abdominais apresentam-se congestos e hiperemiados. 
No vivo, quando se percebe a rotura das cápsulas verifica-se a hipertermia, sudorese, agitação, convulsões, arritmias do tipo fibrilação auricular, bradicardia ou taquicardia, náuseas, vômitos e epigastralgia.
Energias de ordem físico-química
São aquelas que impedem a passagem de ar às vias respiratórias e alteram a composição bioquímica do sangue, produzindo o fenômeno da asfixia, que alteram a função respiratória, inibindo a hematose podendo em consequência levar até a morte.
Asfixia
Literalmente significa sem pulso. Expressão científica mais correta seria anoxemia ou hipoxemia. Sob o ponto de vista médico-legal é a síndrome caracterizada pelos efeitos da ausência ou baixíssima concentração do O2 no ar por impedimento mecânico. Ou a perturbação oriunda da privação, completa ou incompleta, rápida ou lenta, externa ou interna, do oxigênio. 
Fisiopatologia e sintomatologia
Na respiração normal exige-se que no ar respirável contenha oxigênio em quantidade aproximada de 21%, orifícios e vias respiratórias permeáveis, elasticidade do tórax, expansão pulmonar, circulação sanguínea normal, volume circulatório em quantidade e qualidade suficiente para transportar oxigênio aos tecidos e pressão atmosférica compatível com a fisiologia respiratória.
Quando no ar o O2 atinge 7% surgem distúrbios relativamente graves, sobrevindo a morte se essa taxa é em torno de 3%.
Pode-se afirmar que nas síndromes hipoxêmicasou anoxêmicas existem causas externas e internas. As asfixias mecânicas tem como causa frequente o obstáculo na troca gasosa pulmonar devido a causas externas. Quando as situações de dificuldade de oxigenação tem causa em outros locais do organismo que não o aparelho respiratório a asfixia é de causa interna.
As anoxias podem ser:
De ventilação ou anóxica: verifica-se quando a concentração de O2 diminui no ambiente e a hemoglobina do sangue arterial atinge baixos níveis de concentração; quando há uma compressão das vias respiratórias; quando há alterações na dinâmica respiratória e quando há dificuldade nas trocas gasosas alveolares. Insuficiente oxigenação do sangue nos pulmões.
Anêmicas: diminuição qualitativa e/ou quantitativa da hemoglobina como nos casos de intoxicação pelo CO ou venenos meta-hemoglobinizantes, nas anemias crônicas ou nas grandes hemorragias. (diminuição da capacidade de oxigenação do sangue)
De circulação e de estase: decorrente de alterações que afetam a grande e a pequena circulação = insuficiência circulatória periférica, embolia das artérias pulmonares e na coarctação da aorta. Há transtornos circulatórios que dificultam a chegada de sangue oxigenado aos capilares.
Tissular ou histológica: queda da tensão diferencial arteriovenosa de O2 ou quando ocorre a inibição de enzimas oxidantes celulares – intoxicação por ácido cianídrico e/ou pelo hidrogênio sulfurado. Mecanismos tóxicos impedem o aproveitamento do O2 pelos tecidos.
Quanto à retenção de CO2:
Anoxia com acapneia = sem acúmulo de CO2 – asfixias mecânicas
Com o aumento da frequência respiratória há perda de CO2 e sangue se torna mais alcalino. Verificam-se transtornos psíquicos, sensoriais e motores e com frequência hiper-reflexiva. Produzem-se poliglobulia e irritabilidade dos centros nervosos, ainda com a consciência mantida. Depois a respiração vai diminuindo até surgirem o aumento da pressão arterial e a diminuição dos batimentos. Seguem-se os espasmos musculares, convulsões, inconsciência.
Anoxia com hipercapneia = presença de CO2 – mal das montanhas
efeitos diferentes com acapneia em sua fase inicial, embora no final as alterações e transtornos sejam semelhantes. Consome-se todo o oxigênio existente nos pulmões e sangue ao mesmo tempo que o CO2 progressivamente se acumula.
Cronograma nas asfixias
1ª fase: cerebral – aparecimento de enjoos, vertigens, sensação de angústia e hipotemias. Por volta de 1:30mim ocorre a perda de conhecimento de forma brusca e rápida e surge bradpneia taquisfigmia. (1 a 2min)
2ª fase: excitação cortical e medular – convulsões generalizadas e contrações dos músculos respiratórios e da face, além de relaxamento dos esfíncteres com emissão de matéria fecal e urina. Há também presença de bradicardia e aumento da pressão arterial. (1 a 2min)
3ª fase: respiratória – lentidão e superficialidade dos movimentos respiratórios e pela insuficiência ventricular direita, o que contribui para acelerar a morte. (1 a 2min)
4ª fase: cardíaca – sofrimento do miocárdio quando os batimentos são lentos, arrítmicos e quase imperceptíveis ao pulso. (3 a 5min)
Asfixias mecânicas em geral
Existem certos sinais que em conjunto permitem desde logo um diagnóstico, porém nenhum é constante e, muito menos, patognomônico.
Sinais externos: tem valor desigual e alguns deles de muito pouco valor como:
Manchas de hipóstase: precoces, abundantes e de tonalidade escura, variando a tonalidade nas asfixias por CO.
Congestão da face: sinal mais constante, mais frequente em asfixias por compressão toráxica. Deve-se fazer a diferença entre a congestão da face e as manchas de hipóstase, por posições especiais do cadáver como nos afogados que submersos ficam de cabeça pra baixo.
Equimoses externas: na pele são arredondadas e de pequenas dimensões não ultrapassando as de uma lentilha, formando agrupamentos principalmente na face, tórax e pescoço, de tonalidade mais escura nas partes de declive. Nas mucosas são mais frequentes na conjuntiva palpebral e ocular, lábios e raramente na mucosa nasal. Essas equimoses são muito importantes para o diagnóstico post mortem na asfixia mecânica ainda que possam surgir em outras formas de morte. Elas não se desenvolvem nem de imediato nem muito tardiamente, mas em algumas horas depois da morte.
Alguns fenômenos cadavéricos atípicos: livores em decúbito são mais extensos, mais escuros e mais precoces, esfriamento do cadáver se verifica em proporção mais lenta, rigidez cadavérica mesmo sendo mais lenta mostra-se intensa e prolongada, putrefação é muito mais precoce e mais acelerada que nas demais causas de morte.
Outros de valor muito relativo como:
Cogumelo de espuma: bola de finas bolhas de espuma que cobrem a boca e as narinas e se continua pelas vias respiratórias inferiores. É mais comum nos afogados, mas pode surgir em outras formas de asfixia mecânica, no edema agudo no pulmão e nos casos de morte precedida de grandes convulsões.
Projeção da língua e exoftalmia: achados comuns, mas não esquecer que os cadáveres putrefeitos na fase gasosa ou enfisematosa também apresentam exoftalmia e projeção da língua. 
Sinais internos:
Equimoses viscerais: também conhecidas por manchas de Tardieu, por terem sido por esse autor em 1847 num caso de infanticídio. São equimoses diminutas (tamanho de cabeça de alfinete) localizando-se na pleura visceral, mais notadamente nos sulcos interlobares e bordas dos pulmões, pericárdio e pericrânio e, nas crianças, no timo. São de tonalidade violácea, número variável, às vezes esparsas ou em aglomerações. Mais comuns na infância e adolescência e mais raras no adulto e velho. Teoria mais aceita para explicar seu aparecimento é o aumento da pressão arterial.
Aspectos do sangue: em geral o sangue é escuro e líquido, não se encontrando no coração os coágulos cruóricos (negros) e fibrinosos (brancos). Tonalidade do sangue é negra (exceção morte por CO – sangue acarminhado). A fluidez não constitui sinal patognomônico de asfixia. Outras modificações no sangue: viscosidade diminuída (concentração de CO2), alteração do pH, queda do ponto crioscópico nas cavidades esquerdas do coração (aumento da taxa CO2). Sinal de Palmiere, aumento do coeficiente cloro-globular-cloro-plasmático (mudança da concentração de CO2 sanguíneo), Sinal de Tarstano, hiperglicemia asfíxica na agonia e comprovada depois da morte.
Congestão polivisceral: fígado e mesentério são os que se apresentam mais congestos, sendo que o baço, na maioria das vezes se mostra com pouco sangue.
Distensão e edema dos pulmões: além da acentuada distensão, os pulmões apresentam relativa quantidade de sangue líquido finamente espumoso.
Classificação
A classificação de Afrânio Peixoto é a que mais se aproxima do critério médico-legal dividindo as asfixias mecânicas em 3 grupos:
Asfixias puras: manifestadas pela anoxemia e hipercapneia
Asfixia em ambientes por gases irrespiráveis:
Confinamento
Asfixia por CO
Asfixia por outros vícios de ambientes
Obstaculação à penetração do ar nas vias respiratórias:
Sufocação direta – obstrução da boca e narinas ou das vias respiratórias mais inferiores
Sufocação indireta – compressão do tórax
Transformação do meio gasoso em meio líquido – afogamento
Transformação do meio gasoso em meio sólido ou pulverulento – soterramento
Asfixias complexas: constrição das vias respiratórias com anoxemia e excesso de CO2 interrupção da circulação cerebral e inibição por compressão dos elementos nervosos no pescoço
Constrição passiva do pescoço exercida pelo peso do corpo – enforcamento
Constrição ativa do pescoço exercida pela força muscular – estrangulamento
Asfixias mistas: se confundem e se superpõe, em graus variados, os fenômenos circulatórios, respiratórios e nervosos – esganadura.
Asfixia em espécie
Por confinamento: tipo de asfixia mecânico-pura, caracterizado pela permanência de um ou mais indivíduos num ambiente restrito ou fechado, sem condições de renovação do ar respirável, sendo consumido o O2 pouco a pouco e CO2 acumulado gradativamente.

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