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Poderes da Administração Hierárquico, disciplinar, regulamentar, e de políciaA

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Poderes da Administração: hierárquico, disciplinar, regulamentar, e 
de polícia. 
Poder de Polícia: conceito. Polícia judiciária e polícia administrativa 
Francisco Mafra. 
Sumário: Introdução: Poderes da Administração. Poder hierárquico. Poder disciplinar. 
Poder regulamentar. Poder de polícia. Conceito. Polícia administrativa. Polícia 
judiciária. Características. Conclusões. 
Introdução: Poderes da Administração. (1) 
Os poderes de que dotada a Administração Pública são necessários e proporcionais 
às funções à mesma determinada. Em outras palavras, a Administração Pública é 
dotada de poderes que se constituem em instrumentos de trabalho. 
Os poderes administrativos surgem com a Administração e se apresentam conforme 
as demandas dos serviços públicos, o interesse público e os fins aos quais devem 
atingir. São classificados em poder vinculado e poder discricionário, segundo a 
necessidade de prática de atos, poder hierárquico e poder disciplinar, de acordo com 
a necessidade de se organizar a Administração ou aplicar sanções aos seus 
servidores, poder regulamentar para criar normas para certas situações e poder de 
polícia, quando necessário se faz a contenção de direitos individuais em prol da 
coletividade. 
Poder hierárquico. 
Poder hierárquico é o de que dispõe o Executivo para organizar e distribuir as funções 
de seus órgãos, estabelecendo a relação de subordinação entre os servidores do seu 
quadro de pessoal. Inexistente no Judiciário e no Legislativo, a hierarquia é privativa 
da função executiva, sendo elemento típico da organização e ordenação dos serviços 
administrativos. 
O poder hierárquico tem como objetivo ordenar, coordenar, controlar e corrigir as 
atividades administrativas, no âmbito interno da Administração Pública. Ordena as 
atividades da administração ao repartir e escalonar as funções entre os agentes do 
Poder, de modo que cada qual exerça eficientemente o seu cargo, coordena na busca 
de harmonia entre todos os serviços do mesmo órgão, controla ao fazer cumprir as 
leis e as ordens e acompanhar o desempenho de cada servidor, corrige os erros 
administrativos dos seus inferiores, além de agir como meio de responsabilização dos 
agentes ao impor-lhes o dever de obediência. 
Pela hierarquia é imposta ao subalterno a estrita obediência das ordens e instruções 
legais superiores, além de se definir a responsabilidade de cada um. Do poder 
hierárquico são decorrentes certas faculdades implícitas ao superior, tais como dar 
ordens e fiscalizar o seu cumprimento, delegar e avocar atribuições e rever atos dos 
inferiores. 
Quando a autoridade superior dá uma ordem, ela determina, de maneira específica, 
os atos a praticar ou a conduta a seguir em caso concreto. Daí é decorrente o dever 
de obediência. 
Já a fiscalizar é o poder de vigiar permanentemente os atos praticados pelos seus 
subordinados. Tal se dá com o intuito de mantê-los de acordo com os padrões legais 
regulamentares instituídos para a atividade administrativa. 
Delegar é conferir a outrem delegação originalmente competente ao que delega. No 
nosso sistema não se admitem delegações entre os diferentes poderes, nem de atos 
de natureza política. 
As delegações devem ser feitas nos casos em que as atribuições objeto das primeiras 
forem genéricas e não fixadas como privativas de certo executor. 
Avocar é trazer para si funções originalmente atribuídas a um subordinado. Nada 
impede que seja feita, entretanto, deve ser evitada por importar desprestígio ao seu 
inferior. 
Rever os atos dos inferiores hierárquicos é apreciar tais atos em todos os seus 
aspectos para mantê-los ou invalidá-los. 
MEIRELLES destaca subordinação de vinculação administrativa. A subordinação é 
decorrente do poder hierárquico e admite todos os meios de controle do superior sobre 
o inferior. A vinculação é resultante do poder de supervisão ministerial sobre a 
entidade vinculada e é exercida nos limites que a lei estabelece, sem retirar a 
autonomia do ente supervisionado. (2) 
Poder disciplinar. 
Faculdade de punir internamente as infrações funcionais dos servidores, o poder 
disciplinar é exercido no âmbito dos órgãos e serviços da Administração. É 
considerado como supremacia especial do Estado. 
Correlato com o poder hierárquico, o poder disciplinar não se confunde com o mesmo. 
No uso do primeiro a Administração Pública distribui e escalona as suas funções 
executivas. Já no uso do poder disciplinar, a Administração simplesmente controla o 
desempenho dessas funções e a conduta de seus servidores, responsabilizando-os 
pelas faltas porventura cometidas. 
Marcelo CAETANO já advertia: 
"o poder disciplinar tem sua origem e razão de ser no interesse e na necessidade de 
aperfeiçoamento progressivo do serviço público."(3) 
O poder disciplinar da Administração não deve ser confundido com o poder punitivo 
do Estado, realizado por meio da Justiça Penal. O disciplinar é interno à 
Administração, enquanto que o penal visa a proteger os valores e bens mais 
importantes do grupo social em questão. 
A punição disciplinar e a penal têm fundamentos diversos. A diferença é de substância 
e não de grau. 
Poder regulamentar. 
Poder regulamentar é o poder dos Chefes de Executivo de explicar, de detalhar a lei 
para sua correta execução, ou de expedir decretos autônomos sobre matéria de sua 
competência ainda não disciplinada por lei. É um poder inerente e privativo do Chefe 
do Executivo. É, em razão disto, indelegável a qualquer subordinado. 
O Chefe do Executivo regulamenta por meio de decretos. Ele não pode, entretanto, 
invadir os espaços da lei. 
MEIRELLES conceitua que regulamento é ato administrativo geral e normativo, 
expedido privativamente pelo Chefe do Executivo, por meio de decreto, visando a 
explicar modo e forma de execução da lei (regulamento de execução) ou prover 
situações não disciplinadas em lei (regulamento autônomo ou independente). 
Poder de polícia. Conceito. 
MEIRELLES conceitua: "Poder de polícia é a faculdade de que dispõe a Administração 
Pública para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos 
individuais, em benefício da coletividade ou do próprio Estado”. (4) 
Explica o autor que poder de polícia é o mecanismo de frenagem de que dispõe a 
Administração Pública para conter os abusos do direito individual. 
Já em relação à polícia sanitária, não há como se medir o seu campo de atuação. (5) 
Podemos falar a respeito das situações de perigo presente ou futuro que lesem ou 
ameacem lesar a saúde e a segurança dos indivíduos e da comunidade. Amplo é o 
poder discricionário decorrente em virtude da amplitude própria do bem a ser 
protegido pelo Estado. 
DI PIETRO explica que o poder de polícia do Estado pode agir em duas áreas de 
atuação estatal. São as áreas administrativa e judiciária. (6) 
Polícia administrativa. 
A polícia administrativa tem um caráter preventivo. Seu objetivo será não permitir as 
ações antissociais. Entretanto, a diferença não é absoluta. A polícia administrativa 
protege os interesses maiores da sociedade ao impedir, por exemplo, 
comportamentos individuais que possam causar prejuízos maiores à coletividade. 
DI PIETRO se utiliza da seguinte opinião de Álvaro Lazzarini para distinguir a polícia 
administrativa da polícia judiciária: 
"a linha de diferenciação está na ocorrência ou não de ilícito penal. Com efeito, quando 
atua na área do ilícito puramente administrativo (preventivamente ou 
repressivamente), a polícia é administrativa. Quando o ilícito penal é praticado, é a 
polícia judiciária que age". 
A polícia administrativa é regida pelo Direito Administrativo, agindo sobre bens, 
direitos ou atividades. 
A polícia administrativa é dividida entre diferentes órgãos da Administração Pública. 
São incluídos aqui a polícia militar e os vários órgãos de fiscalização comoos das 
áreas da saúde, educação, trabalho, previdência e assistência social. (7) 
Polícia judiciária. 
A polícia judiciária é de caráter repressivo. Sua razão de ser é a punição dos infratores 
da lei penal. 
A polícia judiciária se rege pelo Direito Processual Penal. Ela incide sobre pessoas. 
A polícia judiciária é exercida pelas corporações especializadas, chamadas de polícia 
civil e polícia militar. (8) 
Características. 
As características do poder de polícia que costumam ser apontadas são, segundo 
Maria Sylvia Zanella DI PIETRO, a discricionariedade, a auto-executoriedade e a 
coercibilidade. (9) 
A discricionariedade é uma liberdade existente ao administrador para agir quando a 
lei deixa certa margem de liberdade para a escolha da oportunidade ou da 
conveniência de agir, ou, como diz DI PIETRO, "o motivo ou o objeto", do ato a ser 
realizado. Quando a Administração Pública tiver que decidir "qual o melhor momento 
de agir, qual o meio de ação mais adequado, qual a sanção cabível diante das 
previstas na norma legal. Em tais circunstâncias, o poder de polícia será 
discricionário”. (10) 
Pode-se dizer, no entanto, que o poder de polícia pode ser discricionário ou vinculado. 
(11) 
Outra característica é a auto-executoriedade. Ela é a possibilidade de a Administração 
utilizar seus próprios meios para executar as suas decisões sem precisar recorrer ao 
Poder Judiciário. 
Como opina DI PIETRO: 
"Pelo atributo da auto-executoriedade, a Administração compele materialmente o 
administrado, usando meios diretos de coação. Por exemplo, ela dissolve uma 
reunião, apreende mercadorias, interdita uma fábrica”. (12) 
Finalmente, o poder de polícia tem como característica a coercibilidade 
indissociavelmente ligada à auto-executoriedade. 
Lembra a autora: "O ato de polícia só é auto executório porque dotado de força 
coercitiva”. (13) 
Conclusões. 
Em primeiro lugar, pressupõe-se que todos são iguais perante a lei. No Brasil, desde 
1988, realmente o são. Entretanto, o povo brasileiro conquistou o direito de viver uma 
democracia republicana, onde os esforços do governo devem se dirigir ao 
atendimento do bem, comum. Isto porque o povo é o soberano nas relações sociais e 
políticas que se sucedem dentro do nosso conjunto de leis em vigor, de leis que devem 
ser observadas. 
Há de se considerar que os poderes da administração o são em razão mesmo da 
organização política e social estabelecida a partir da nossa Constituição. O poder de 
polícia é aquela capacidade, é aquele poder que o Estado tem de delimitar a utilização 
das liberdades individuais em prol do bem comum. 
Dentro do contexto atual, de que vivemos dentro de um Estado de Direito, há de haver 
um verdadeiro respeito às leis pelo Poder Público para que prevaleçam as raízes, os 
próprios pensamentos sobre os quais foi elaborado o modelo de Estado adotado em 
nossa Constituição. 
São notórios os exemplos de desrespeito à lei por parte de órgãos e agentes públicos 
em prejuízo não só aos indivíduos que fazem parte das relações onde o poder é 
verdadeiramente desviado, mas também a toda a nação brasileira. 
Todos os nossos esforços devem ser efetivados no sentido de que tais desvios sejam 
detectados, e que se punam os responsáveis. 
 Bibliografia: CAETANO, Marcelo, Do Poder Disciplinar, Lisboa, 1932; DI PIETRO, 
Maria Sylvia Zanella, Direito Administrativo, São Paulo: Atlas, 2004; MEIRELLES, Hely 
Lopes, Direito Administrativo Brasileiro, São Paulo: Malheiros, 1999. 
Notas: 
1 - MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, São Paulo: Malheiros, 
1999. 
2 - MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, São Paulo: Malheiros, 
1999. 
3 - Do Poder Disciplinar, Lisboa, 1932, p.25. 
4 - MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, São Paulo: Malheiros, 
1999, p.115 
4 - MEIRELLES (1999:125). 
6 - (2004:112). 
7 - (2004:113). 
8 - (2004:112). 
9 - (2004:113) 
10 - (2004:113). 
11 - (2004:114). 
12 - (2004:114). 
13 - (2004:115). 
 
Informações Sobre o Autor: Francisco Mafra. 
Doutor em direito administrativo pela UFMG, advogado, consultor jurídico, palestrante 
e professor universitário. Autor de centenas de publicações jurídicas na Internet e do 
livro “O Servidor Público e a Reforma Administrativa”, Rio de Janeiro: Forense, no 
prelo.

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