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Capacidade e interdição

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CAPACIDADE E INTERDIÇÃO
1. - Capacidade e Interdição
1.1. - Noções introdutórias
Todo brasileiro possui personalidade jurídica, o que significa dizer que está apto a
adquirir direitos e contrair obrigações. Esta prerrogativa constitui a chamada capacidade de
direito, que só pode ser exercida autonomamente quando cumulada com a capacidade de fato.
De um modo geral, o quadro pode ser resumido da seguinte forma: todos fazem jus a
direitos inerentes a sua condição como indivíduo, mas eventualmente podem não estar aptos a
reivindicar tais direitos por conta própria, não deixando de fazer jus a nenhum deles por isso.
A incapacidade só ocorre nas hipóteses legais previstas, e só pode ser declarada
judicialmente, por meio de um procedimento denominado interdição.
O fato de a pessoa não apresentar condições para administrar e defender os próprios
interesses não significa que ficará prejudicada. Uma vez que o indivíduo não apresente o
adequado discernimento para os atos da vida civil, o juiz declarará sua incapacidade, nomeando
alguém próximo à pessoa para representá-la. Este representante recebe o nome de curador.
O curador limitar-se-á à representação e defesa de tudo que disser respeito à pessoa do
interditado. Administrará seus bens, assinará documentos em substituição ao interditado, poderá
sacar valores de pensão, salário, ou qualquer outra movimentação financeira referente ao
interditado, dentre outras prerrogativas.
1.2. - Da ação de interdição
O pedido de interdição pode ser feito a qualquer momento em que estejam presentes as
suas condições. Além disso, a pessoa não recupera a capacidade com o passar do tempo, a menos
que seja feito um novo pedido específico para isso.
Até que seja declarada a enfermidade que legitime a interdição, os atos praticados pelo
interditando apenas poderão ser invalidados se for comprovado sua falta de discernimento no
momento da realização daquele ato.
Por não transitar em julgado, o pedido poderá ser renovado posteriormente com base em
novos fundamentos, bem como poderá ser revogado por ação própria no futuro.
1.3. - Natureza
A ação de interdição é considerada uma ação de estado declaratória, ou seja, cuja decisão
apenas reconhece um estado preexistente. No caso, se for provado que a pessoa não possui
capacidade de fato, então o juiz através de uma sentença, designará um curador e, a partir de
então, todos os atos praticados pelo interditado serão considerados nulos.
A capacidade é um atributo de estado da personalidade, e as hipóteses de sua restrição
são consideradas como sendo de ordem pública.
1.4. - Situações que não configuram incapacidade
Restrições para prática de atos específicos - por exemplo, o falido que não poderá iniciar
novo empreendimento até ser reabilitado;
Pessoas portadoras de deficiência física - de forma alguma são considerados inaptos para
reger sua própria vida, a menos que se enquadrem nas mesmas hipóteses válidas para todas as
outras pessoas;
Senilidade - a idade avançada não prejudica a capacidade da pessoa idosa por si só.
Apenas quando houver doença ou circunstância que lhe prejudique o discernimento que poderá
vir a ser interditada;
Doença grave - se não afetar as faculdades mentais, a pessoa poderá outorgar simples
procuração para atos específicos (ou apenas confirmá-los posteriormente).
1.5. - Incapacidade absoluta e relativa
A lei prevê hipóteses em que a pessoa deverá ser representada ou apenas assistida,
conforme o grau de dificuldade que apresente para zelar pelos próprios interesses.
Logo, a incapacidade pode ser absoluta, quando houver inaptidão total para os atos da
vida civil, ou relativa, quando houver restrições quanto a alguns elementos ou forma de defendê-
los. O Código Civil enumera taxativamente as hipóteses de incapacidade:
Art. 3º. - São absolutamente incapazes de exercer
pessoalmente os atos da vida civil:
I - os menores de dezesseis anos;
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não
tiverem o necessário discernimento para a prática desses
atos;
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem
exprimir sua vontade.
Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à
maneira de os exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que,
por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental
completo;
IV - os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada
por legislação especial.
Os relativamente incapazes devem estar quase sempre assistidos quando da prática de
qualquer ato da vida civil, sob pena de o ato vir a ser anulado (Código Civil, art. 171, I).
O menor entre 16 e 18 anos não pode se aproveitar de sua incapacidade relativa, para tirar
proveito em qualquer negócio.
Viciados de todo gênero cujo objeto de compulsão prejudique seu discernimento podem
ser declarados relativamente incapazes.
Pródigos são aqueles que gastam compulsivamente todos os seus recursos de forma
descontrolada.
1.6. - Emancipação
Quando o menor adquire prematuramente a capacidade de fato. Uma vez concedida não
pode ser revogada.
O Código Civil, em seu art. 5º, enumera algumas hipóteses que permitem ao menor ser
investido de capacidade de fato plena, antes de completar 18 anos.
Pela concessão dos pais ou responsáveis, pelo casamento, exercício de emprego público
efetivo, colação de grau em ensino superior, ou desde que tenha estabelecimento próprio ou
renda a partir de relação de emprego.
1.7. - Intervalos de lucidez ou falta de lucidez
Após decretada a interdição, ainda que a pessoa alterne momentos de plena saúde mental
e debilidade flagrante, seus atos não poderão ser considerados válidos, para garantir estabilidade
na forma com que é visto por terceiros. Desta forma, resguardam-se os direitos destes terceiros e
ainda protege-se o próprio interditado do risco de vir a ser prejudicado.
Já nos casos de perda transitória da capacidade, devemos considerar causas cuja
reincidência e habitualidade, justifiquem a medida de proteção da interdição. Situações isoladas,
desde que comprovadas, podem ensejar anulação de atos específicos.
1.8. - Aspectos processuais
Quem pode requerer a interdição?
O Código Civil dispõe que poderão pleitear em juízo a interdição: os pais ou tutores, o
cônjuge, e na sua falta qualquer parente, ou o Ministério Público, este somente em caso de
doença mental grave, quando não promoverem a interdição os demais legitimados, ou quando
estes forem incapazes (Código Civil, arts. 1.768 e 1.769).
Quem pode ser curador?
Segundo o Código de Processo Civil:
Art. 1.775. O cônjuge ou companheiro, não separado
judicialmente ou de fato, é, de direito, curador do outro,
quando interdito.
§1o Na falta do cônjuge ou companheiro, é curador
legítimo o pai ou a mãe; na falta destes, o descendente que
se demonstrar mais apto.
§ 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem
aos mais remotos.
§ 3o Na falta das pessoas mencionadas neste artigo,
compete ao juiz a escolha do curador.
A função de curador não é obrigatória, e a pessoa deve ser capaz de atender as exigências
necessárias à incumbência.
Competência
A competência para a ação de interdição é do foro do domicílio do interditando, por
aplicação da regra geral do art. 94 do CPC.
Valor da causa
No pedido de interdição não há como mensurar o valor econômico da decretação da
interdição de uma pessoa, diferente de uma Ação de Execução, que você sabe qual o valor do
título que está instruindo a inicial.
Citação
O Código de Processo Civil exige a citação do interditando.Contudo, também esclarece
que o Oficial de Justiça pode atestar a impossibilidade de o fazê-lo. Sendo assim, é conveniente
que se requeira a citação por meio de Oficial neste caso.
Avaliação pelo próprio juiz
Excepcionalmente para este procedimento, o juiz deverá argüir o interditando, de modo a
confirmar seu estado e definir os limites de sua incapacidade.
Efeitos da sentença
Caso o pedido de interdição seja julgado procedente, os atos praticados pelo interditado a
partir daquele momento serão considerados nulos. Contudo, o pedido poderá abranger período
anterior, desde que hajam elementos suficientes para justificar tal medida.
1.9. - Documentação necessária à propositura da ação:
Tanto do autor do pedido como do interditando:
- Procuração;
- RG e CPF;
- Certidão de nascimento (ou casamento, se for o caso);
- Comprovante de residência;
- Extrato, contracheque ou demonstrativo de renda.
Do interditando:
- Atestado e receitas médicas;
- Registro de bens (imóvel, carro, títulos, etc);
- Certidão de nascimento dos filhos.
1.10. - Curatela provisória
Pode ocorrer de no caso concreto haver risco à demora do julgamento. Quando isso
acontecer, a parte poderá requerer a nomeação de curador provisório até o provimento final.
1.11. - Extinção da curatela
A interdição não termina por decurso de prazo. O código civil determina que o pedido
poderá ser feito pelo próprio interditado, sendo que o juiz designará perito para avaliá-lo, antes
de restituir-lhe a capacidade que perdera.

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